O MIRANTE | 13 JUNHO 2013 | 3
DIVULGAÇÃO
MIRAR O CAMPO…
RADIOGRAFIA AGRÍCOLA DA REGIÃO
Na região, a agricultura está cada vez mais competitiva e orientada para o mercado.
UM NOVO VALE DO TEJO? Luis Vasconcellos e Souza* A ideia de que Portugal pode vir a dispor, a curto prazo, dum novo Vale do Tejo é muito entusiasmante! Pensar que o país pode dentro de poucos anos aumentar em 15-20% o seu PAB (Produto Agrícola Bruto) é um grande repto aos agricultores portugueses. O chamado Alqueva pode vir a ser, pela sua dimensão e pelas suas condições, uma zona com uma produ-
ção agrícola da dimensão do Vale do Tejo, mas com a virtude de poder vir a ser planeada e gerida duma forma moderna e competente. Tomaram os outros setores produtivos nacionais terem perante si um desafio destes! Tomaram as outras zonas do país terem uma hipótese de desenvolvimento como esta! A AGROMAIS JÁ ACEITOU O REPTO! *Presidente da AGROMAIS
A NOSSA MAÇAROCA Jorge Durão Neves *
No Norte do Vale do Tejo, e desde que o pousio ou set-a-side deixou de ser obrigatório, houve uma reconversão de áreas e uma reorientação para culturas de regadio, nomeadamente milho e culturas hortícolas, acentuando a importância da região para o conjunto do Valor da Produção agrícola nacional. Analisando os dados dos últimos anos constata-se que os agricultores direcionam, de forma muito rápida, as suas culturas para as tendências de mercado e se adaptam com versatilidade às condições climatéricas, sobretudo com a aposta em tecnologia moderna de
regadio. Disto é exemplo a evolução anual, entre outras, das culturas do milho, das culturas praganosas, das hortícolas, da batata e da cebola. Por outro lado, é absolutamente notável a adaptabilidade ambiental dos agricultores da Região; a inclusão de zonas de proteção junto de linhas de água, a regularização de captações agua e a monitorização na utilização de água de rega, são disso exemplo. Esta rápida adaptação só foi possível com elevados níveis de formação e de informação. O facto de mais de 65% dos agricultores terem tido a frequência de, pelo menos, uma ação de formação profissional agrícola muito tem contribuído para o sucesso da região e do setor.
COMO VAI O MUNDO DA MAÇAROCA
• A OCDE e a FAO preveem um crescimento mais lento da produção agrícola mundial 1 A produção agrícola mundial crescerá, em média, 1,5% ao ano durante a próxima década, em comparação com um crescimento anual de 2,1% entre 2003 e 2012.
Uma reduzida expansão das terras agrícolas, um aumento dos custos de produção, a crescente escassez de recursos e o aumento das pressões ambientais são os principais factores por detrás desta tendência. Apesar disso, a oferta de produtos agrícolas crescerá ao ritmo da procura mundial.
NOTAS DE MERCADO Cebola
Bruno Estevão*
A cebola de dias curtos que se está a colher desde Março até à data, apresenta, na sua generalidade, fracas produções e calibres heterogéneos, principalmente devido à elevada precipitação ocorrida em Março/ Abril. Apesar de ainda se comercializar cebola de conservação espanhola e francesa, a oferta de cebola nova nacional tem vindo a aumentar no último mês, e a tendência será para continuar a aumentar. Atualmente, a maioria da cebola já apresenta a devida consistência para comercialização em sacos de 1 ou 2 kg. Os preços ao produtor estão estáveis, mas o aumento da oferta de cebola nova nacional e também a crescente concorrência de cebola nova espanhola importada a preços inferiores, podem levar a uma ligeira descida de preço nas próximas semanas. A fraca conservação, característica típica deste tipo de cebola, não se apresenta esta campanha como um problema visto não se prever dificuldade de escoamento em virtude da boa procura. * Departamento Técnico AGROMAIS
SABIA QUE… • Em Portugal existiam, em 2011, 43.972 empresas agrícolas?
• Perspectivas mundiais 2013/2014 2 As projecções do Conselho Internacional de Cereais apontam para uma produção mundial de milho de 945 milhões de toneladas, (mais 10% do que em 2012/2013) e para um incre• EUA – Sementeiras de milho3 Segundo um estudo realizado pela Universidade de Iowa, as sementeiras tardias de milho não implicam
• O valor da Produção Agrícola em Portugal, ascende a cerca de 7 mil milhões de euros?
Fonte: International Grains Council
mento do consumo de 6%, em alimentos compostos e utilizações industriais. Prevê-se, em 2013/2014, existências ao final da campanha muito mais confortáveis que na campanha anterior, sobretudo nos Estados Unidos, onde as existências poderão duplicar. necessariamente uma degradação do rendimento. O factor determinante para a produtividade são as condições meteorológicas no período da polinização.
A SEGUIR ATENTAMENTE:
• Ritmo de avanço das sementeiras nos EUA • Condições meteorológicas para as sementeiras no continente europeu * Diretor Geral da AGROMAIS 1 OECD-FAO Agricultural Outlook 2013-2022 (www.oecd.org/site/oecd-faoagriculturaloutlook) – Jun13 2 International Grains Council (www.igc.int) – 31 May 2013 3 Offre & Demande Agricole (www.oda-agri.com) – 05.06.2013
NOS PRÓXIMOS DIAS…
Mário Antunes*
• 48% dos produtores agrícolas nacionais têm mais de 65 anos?
Obrigações Legais do sector Agrícola
Obrigação Legal
Data
Junho 2013
Realização de análises de solo e água (Z. Vulneráveis) O registo de fertilizações e aplicações de Agroquímicos Atualização ao gasóleo agrícola A realização de aceiros nas parcelas não cultivadas
Nas Sementeiras Durante 2013 Com a Alteração Até 30 Jun 13
Fontes: IFAP, MAMAOT
Outros prazos a não esquecer
Outros prazos
Data
MAIO / Junho 2013
PRODER – início de projetos PRODER – início de projetos
6 meses após contratação Conforme compromisso da contratação
Fontes: IFAP, MAMAOT
* AGROTEJO
FALE CONNOSCO… Agradecendo, desde já, os simpáticos comentários à nossa página, queremos reforçar o nosso empenho em “dialogar” com quem nos lê. Envie-nos a sua sugestão, o seu elogio, a sua reclamação, o seu alerta ou o seu pedido de informação, para mirante@agromais.pt. Bem hajam!
O MIRANTE | 23 MAIO 2013 | 3
DIVULGAÇÃO
MIRAR O CAMPO… UM DESAFIO!
Luis Vasconcellos e Souza*
Com os 25 anos da AGROMAIS passámos uma geração e, isso mesmo leva-nos a ter consciência de que uma nova geração de associados se perfila. Muitos deles são filhos, sobrinhos ou netos dos que assistiram ao princípio da AGROMAIS. Longe vão os tempos em que nos cafés da Golegã, dos Riachos e da Chamusca (naquele tempo as ideias discutiam-se nos cafés, nos almoços, nas associações,…) se discutia o interesse e a vantagem que uma cooperativa comercializadora de produtos agrícolas te-
ria para os produtores. Começámos, nessa altura, pouco mais do que cento e cinquenta agricultores; hoje somos muitos mais e a forma de comunicarmos tem vindo a mudar. Entre nós, temos conseguido comunicar, ainda que nem sempre o suficiente, mas com a sociedade que nos rodeia e que nos observa, não o temos feito tanto quanto devíamos. É sobretudo a pensar nessas pessoas que nos veem de fora, e que por vezes se interrogam a nosso respeito, que resolvemos iniciar esta parceria com o semanário O Mirante. O futuro dirá se tivemos razão! *Presidente da AGROMAIS
EMPARCELAMENTO - A FRAGMENTAÇÃO António José Godinho de Carvalho*
O objetivo principal de um projeto de emparcelamento integral é a reestruturação fundiária, aumentando a área das parcelas, visando uma maior rentabilidade das explorações agrícolas, podendo, também, contemplar a construção de diversas infraestruturas que melhorem o potencial agrícola dos terrenos. No perímetro do Projeto de Emparcelamento Rural Integrado de Azinhaga, Golegã e Riachos existe um conjunto de estrangulamentos que afetam as explorações agrícolas: a reduzida dimensão da parcela agrícola (na sua maioria excessivamente compridas e demasiadamente estreitas) e o facto de a exploração ser constituída por várias parcelas dispersas. Neste perímetro, estão identificados 536 proprietários e 1508 prédios, sendo muitos deles atravessados por estradas e linhas de água, o que determina um número ainda maior de parcelas. A área média/prédio ronda os 2,5 ha e o nº médio de prédios/proprietário é de 2,8 prédios, o que se traduz em 7,0 ha de área média/proprietário. A estes indicadores, acresce o fato de quase 23% dos proprietários serem em compropriedade.
A NOSSA MAÇAROCA
Jorge Durão Neves *
NOTA PRÉVIA: Esta coluna nasce com o objetivo de condensar um conjunto de informações, que consideramos relevantes e atuais, relativas aos mercados agrícolas mundiais, particularmente ao mercado do milho. Pretende-se, não fazer futurologia mas, com base num conjunto de dados credíveis e fidedignos, traçar, em cada momento, uma perspetiva de como poderão evoluir os mercados, partilhando essa informação com os leitores mais interessados sobre o tema. A imprevisibilidade dos fatores que influenciam os mercados, com as ocorrências climáticas à cabeça, poderá tornar este comentário mais arriscado do que o comentário político, mas o desafio está aceite. COMO VAI O MUNDO DA MAÇAROCA
• Brasil – Colheita de inverno de milho bate recorde1 Os agricultores brasileiros apostaram alto e estão prestes a retirar do campo mais uma produção recorde de milho de inverno. A colheita de 40,6 milhões de toneladas faz da “safrinha” uma “safrona”, capaz de elevar os stocks a 16 milhões de toneladas, volume jamais atingido. Ao todo, o Brasil vai colocar 76,88 milhões de toneladas de milho no mercado, considerando as produções de verão e inverno. Com uma procura interna de 52 milhões de toneladas, o milho da “safrinha” deverá começar a ser escoado para o exterior a partir de agosto e setembro, na mesma época em que os Estados Unidos e todo o hemisfério norte começam as suas colheitas.
• EUA em destaque2 As projeções do governo norte-americano mostram que o país pretende recuperar os prejuízos sofridos com a seca do ano passado. No seu relatório de maio, o USDA estima que a área de milho cobrirá 36,2 milhões de hectares, com um potencial de produção de quase 360 milhões de toneladas. A expectativa para a produção mundial aponta para um acréscimo de cerca de 109 milhões de toneladas (mais 13% relativamente a 2012/2013) e stocks finais ao nível mais alto da última década, com a previsão de colheitas recordes nos EUA, UE, China e Ucrânia. Os EUA encerrarão a campanha comercial 2013/2014 com stocks duas vezes e meia superiores aos da campanha anterior, no pressuposto, ainda, que o consumo interno crescerá quase 12% e as exportações quase 70%. • EUA – Sementeiras de milho3 As sementeiras americanas de milho situavam-se num nível de 28%, no passado dia 12 de Maio. Continua a ser um atraso importante, cerca de 20% abaixo da média dos últimos 5 anos. No entanto, a melhoria prevista das condições
FALE CONNOSCO…
Esta deficiente estrutura fundiária, influi negativamente na versatilidade e sustentabilidade da exploração agrícola, não permitindo a redução dos custos de produção, nem a adoção de técnicas mais eficientes de regadio e de aplicação dos diferentes agroquímicos, condicionando fortemente a modernização de uma vasta área agrícola de regadio de elevado potencial. * Presidente da AGROTEJO
O desafio de comunicar com a sociedade só fica verdadeiramente conseguido se formos capazes de manter um “diálogo” com quem lê o que escrevemos e vê, ou sente, o que fazemos. Por isso, quisemos criar um espaço neste jornal que facilite a comunicação com as nossas organizações. Queremos receber a sua sugestão, o seu elogio, a sua reclamação, o seu alerta ou o seu pedido de informação. Escreva-nos para mirante@agromais.pt. Bem hajam!
NOTAS DE MERCADO
Batata de consumo
Bruno Estevão* O mercado da batata de consumo, dada a pouca informação credível disponível e a constante entrada de novos operadores, é um setor bastante instável.
* Diretor Geral da AGROMAIS 1 Agrolink (www.agrolink.com.br)–07.05.2013 2 USDA-FAS (www.fas.usda.gov) – Grain: World Markets and Trade Report – May2013 3 Offre & Demande Agricole (www.oda-agri.com) – 15.05.2013 4 AGPM (www.agpm.com) – Lettre Marché - Semaine 20/2013
NOS PRÓXIMOS DIAS…
Obrigações Legais do sector Agrícola Obrigação Legal MAIO 2013 As alterações ao pedido Único (RPU) Realização de análises de solo e água (Z. Vulneráveis) O registo de fertilizações e aplicações de Agroquímicos Atualização ao gasóleo agrícola A realização de aceiros nas parcelas não cultivadas
Mário Antunes*
Data Até 31 Mai 13 Nas Sementeiras Durante 2013 Com a Alteração Até 30 Jun 13
Fontes: IFAP, MAMAOT
Outros prazos a não esquecer Outros prazos MAIO / Junho 2013 PRODER – início de projetos PRODER – início de projetos
Data 6 meses após contratação Conforme compromisso da contratação
Fontes: IFAP, MAMAOT * AGROTEJO
Produtores com grandes áreas, sem escoamento garantido e sem capacidade de armazenamento, tendem a desregular um mercado, só por si, já pouco regulado. Nesta campanha é incontestável que as condições climatéricas irão afetar as produções, prevendo-se uma
A AGROMAIS RECONHECE O MÉRITO Ao abraçar um projeto de longo prazo na região do Alqueva, a AGROMAIS, reconhece a importância do papel social que representa junto das comunidades locais e do trabalho que pode, e deve, desenvolver na promoção dos valores que defende, nomeadamente da excelência e da competência. Assim, à imagem do que tem feito na Chamusca e na Golegã, a AGROMAIS patrocinou o prémio do Quadro Valor e Excelência para o melhor aluno do 12.º ano da Escola EB2,3 José Gomes
meteorológicas poderá facilitar os trabalhos. Alguns operadores estimam que a superfície semeada à data de 19 de maio será de 60 a 65%, permitindo igualar o ritmo do último quinquénio. Se assim for, o risco de substituição de superfícies de milho por soja será substancialmente reduzido. • Europa – Maior produção?4 A produção de milho no continente europeu poderá crescer mais de 15 milhões de toneladas relativamente à última campanha. Se esta produção se concretizar (UE: + 7Mt; Ucrânia: +5 Mt; Sérvia: +3,5 Mt), a estrutura de trocas de milho na Europa será estruturalmente diferente do ano passado, com uma pressão crescente das origens fora UE (Ucrânia e Sérvia). A SEGUIR ATENTAMENTE: • Ritmo de avanço das sementeiras nos EUA • Condições meteorológicas para as sementeiras no continente europeu
Ferreira, em Ferreira do Alentejo. O prémio foi atribuído, no passado dia 17 de Maio, à aluna Ida Alexandra Fadinho Monteiro, que atualmente frequenta o curso de biotecnologia na Universidade de Évora, numa cerimónia presidida pelo Presidente da Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo, Dr. Aníbal Reis Costa. Para além do reconhecido mérito do seu percurso académico, a Ida tem um percurso pessoal que demonstra enorme perseverança e vontade de vencer. Desejamos-lhe muito sucesso!
produtividade inferior e calibres mais pequenos. Adicionando este facto a uma, também expectável, produção inferior nos principais países produtores europeus, prevê-se um preço em alta para esta campanha. * Departamento Técnico AGROMAIS
SABIA QUE…
• Em Portugal, existem 305.266
explorações agrícolas explorando 3.668.145 hectares? • O complexo agroflorestal nacional tem um peso de 5,4% do PIB e 13,2% do emprego? • 52% das explorações dependem da disponibilidade da água para rega? • Portugal foi o 5º país da União Europeia com maior rentabilidade no sector agrícola, por trabalhador, em 2012? • Para alimentar uma população estimada de 9 mil milhões de pessoas em 2050, há a necessidade de aumentar a produção da agricultura em 70%?