Alpiagra -Festas

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II | ALPIAGRA

03 Setembro 2009 | O MIRANTE


ECONOMIA | III

O MIRANTE | 03 Setembro 2009

Presidente da câmara diz que seria interessante tirar a Alpiagra da zona urbana Aproveitar a festa para promover o concelho, o seu património, a sua cultura e a sua economia A presidente da Câmara de Alpiarça, Vanda Nunes, fala nas alterações no sector da agricultura para justificar alterações introduzidas na Alpiagra e sugerir outras.

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que é que a Alpiagra tem de diferente este ano? Temos procurado ao longo dos anos, com imaginação e persistência, melhorar aquilo que a Alpiagra tem para oferecer a quem nos visita. A feira, os espectáculos, os espaços mais agradáveis, mais bonitos. Este ano dá-se mais um passo nesse sentido. Além do espaço do picadeiro, do espaço jovem, vamos ter um espaço dedicado ao desporto com várias actividades dinamizadas pelas colectividades do concelho. Vamos ter também um espaço maior dedicado às crianças. E em relação ao sector agrícola? A Alpiagra começou por ser uma feira agrícola e comercial mas a realidade hoje é outra. Sabemos a evolução que a agricultura teve. É difícil hoje ter uma grande exposição de máquinas agrícolas, por exemplo. Porque é que não se promove por exemplo o melão de Alpiarça na feira? Nós tivemos alguns contactos com alguns produtores. Acontece que neste período em que a feira decorre a venda de melão já está a decrescer. Tentámos depois isso com a agricultura biológica. Não seria de equacionar uma alteração na data da feira para no futuro poder ter também o melão? A venda que existe de melão em Alpiarça justificaria uma feira do melão autónoma que fosse muito bem divulgada. Não quer dizer que na Alpiagra não existisse também alguma representatividade do sector. Parece-me também importante e já fiz alguns contactos nesse sentido, que os produtores no próximo ano possam ser ajudados para colocarem os seus produtos nas grandes superfícies. O que falta é união, congregação e planificação da actividade, porque sem isso não conseguem vender os seus produtos. A Alpiagra foi de alguma forma afectada pela crise? O programa da feira não é muito diferente dos outros anos, e estamos em período eleitoral. Temos tido uma

preocupação em tentar que o certame se rentabilize. Que consiga ter rendimentos para cobrir os seus custos. A feira tem muito de produção caseira, muito do trabalho dos nossos funcionários. Gastamos dinheiro na publicidade, nos espectáculos… Quer dizer que no futuro devem ser cobradas entradas? Não. O que temos procurado fazer é conseguir pagar os espectáculos na totalidade através de patrocínios. Este ano foi possível trabalhar desse modo? Confesso que temos tido mais dificuldade. Alguns dos patrocinadores que tínhamos noutros anos baixaram o valor dos seus patrocínios. E ao nível de expositores? A crise faz com que os pequenos empresários procurem este tipo de feiras onde o custo é mínimo em vez de certames de maiores dimensões e é isso que tenho sentido. Nos últimos oito anos este foi o primeiro ano em que tivemos de dizer não a quatro restaurantes, por exemplo. Este modelo da feira ainda faz sentido? Há oito anos que participo na organização. Aprendi com pessoas que sempre estiveram ligadas a esta área. No futuro tem que se desenvolver a ideia de aproveitar a festa para promover o concelho, o seu património, a sua cultura, a sua economia. A ideia de mudar a feira para outro local ainda é válida? Neste momento o espaço da feira não pode estender-se. Estamos num espaço urbano e temos muito a ganhar se mudar para fora da malha urbana, porque o barulho incomoda as pessoas, sobretudo para uma zona de passagem em que as pessoas ao verem a feira parem para a visitar. Não quer dizer que isto seja uma prioridade, mas é aceitável que a feira se possa realizar num espaço mais alargado com pavilhões e espaços de exposição mais adequados. Alpiarça tem capacidade para ter duas feiras, a Alpiagra e a Feira do Vinho, em dois períodos diferentes? São duas iniciativas diferentes. A Feira do Vinho do Ribatejo tem uma vocação mais regional. Existe espaço para as duas feiras, mas incrementando o mais possível a Feira do Vinho, ligando-a ao seu objectivo principal que é a promo-

foto O MIRANTE

ção do vinho do Ribatejo. Na vigência do meu mandato procurei que as feiras evoluíssem, agora no futuro caberá aos que vierem decidirem. Tem havido uma abertura à presença de empresas e entidades de outros concelhos, como Almeirim.

Temos tido a presença de outras câmaras municipais. É importante diversificar. Esta coisa de funcionarmos por capelinhas não deve existir. Este ano vamos ter nas tasquinhas, além da gastronomia ribatejana, a do Alentejo, do Algarve e das Beiras

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IV | ALPIAGRA

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Não se esqueçam da aldeia do Patacão! O projecto turístico da aldeia do Patacão, em Alpiarça, foi uma ideia lançada pelo presidente da câmara, Joaquim Rosa do Céu, que nunca saiu do papel. Os habitantes de Alpiarça não querem

aquele património a degradar-se. Quanto à Alpiagra também estão todos de acordo. É importante para a vila e deve ser cada vez melhor.

“Câmara não pode deixar morrer a festa”

“A minha festa de aniversário era sempre no Patacão”

“Alpiagra deve inovar para atrair mais gente”

“Não vou perder o concerto da Kátia Guerreiro”

Madalena Freilão, 48 anos, Alpiarça, Técnica de Óptica Ocular

Filipe Pereira, 25 anos, Almeirim, Estudante

Catarina Agostinho, 34 anos, Alpiarça, Gerente de Restaurante

É com muita pena que Madalena Freilão não vai visitar a Alpiagra este ano uma vez que vai estar de férias durante essa semana. Se estivesse por Alpiarça não ia querer perder os espectáculos com Herman José, Quim Barreiros e Charruas. A Técnica de Óptica Ocular acha importante que se realizem estas festas para as pessoas saírem da rotina do dia-a-dia e aproveitarem as noites quentes de Verão. Madalena Freilão consome muitos produtos da terra onde vive uma vez que o marido é produtor de melão e o sogro produz vinho. Produtos da terra não faltam lá em casa. “Sempre que vou ao supermercado com a minha filha ela não me deixa comprar nada que não seja nacional”, conta. Em relação às casas do Patacão, Madalena Freilão considera que deviam ser preservadas dado que é um património histórico do concelho. “É uma pena deixarem morrer aquela zona. Quando era mais nova comemorava o meu aniversário juntamente com o de dois amigos, juntávamos dezenas de pessoas e fazíamos uma grande festa junto ao Tejo a que chamávamos o “Penicão”. Era espectacular”, recorda.

Natural de Almeirim, Filipe Pereira, está actualmente a trabalhar no estabelecimento comercial do pai em Alpiarça. O jovem costuma visitar a Alpiagra sobretudo durante o fim-desemana. Nesses dias aproveita para se divertir com os amigos. Defende que a Alpiagra já foi muito melhor do que é actualmente. “A Feira de São Martinho, na Golegã, e a Feira da Ascensão, na Chamusca, são mais apelativas e chamam mais gente talvez porque sejam melhor organizadas. A organização da Alpiagra devia inovar e criar coisas novas que chamem mais gente”, afirma, acrescentando que compreende que a falta de dinheiro não ajuda. Filipe Pereira diz que sempre que lhe calha ter que fazer compras dá preferência aos produtos nacionais. Quando vai jantar com os amigos aos restaurantes faz questão de consumir vinhos da região sobretudo de Almeirim. O jovem acha que a zona do Patacão devia ser restaurada e ser criado um local onde se possa praticar actividades desportivas.

Catarina Agostinho aproveita os fins-de-semana e os dias em que há programação para crianças – é mãe de dois filhos pequenos – para visitar a Alpiagra. A gerente do restaurante “Tertúlia” gosta de assistir aos espectáculos e visitar o artesanato. Kátia Guerreiro é a artista que lhe desperta mais interesse no cartaz deste ano. No seu restaurante faz questão de ter produtos de Alpiarça para os dar a conhecer às pessoas que vêm de fora. “Faço questão de ter vinho de Alpiarça, depois vinho da região e, claro que, também tenho os outros. Os produtos confeccionados também são comprados aos comerciantes da terra. Recorda-se de, na adolescência, ir de bicicleta passear até ao Patacão. “A autarquia devia pegar no slogan que criou para o concelho ‘Alpiarça vila tranquila, vida de qualidade’ e aproveitar para requalificar o local. A qualidade e tranquilidade passam pela natureza e aquele espaço é um dos locais onde estávamos mais perto da natureza. Deviam criar um bom projecto, sustentado, que levasse as pessoas para lá”, afirma.

Daniel Coelho, 32 anos, Alpiarça, Empresário Daniel Coelho é um frequentador habitual da Alpiagra embora confesse que já não tem tanta disponibilidade para ir todos os dias ao recinto das festas como antigamente. Mas gosta de lá dar um saltinho para petiscar e beber uns copos com os amigos. Gosta de assistir aos concertos e considera que este ano o cartaz foi muito bem escolhido. “A autarquia não pode deixar morrer estas festas porque são essenciais para a vila e também para o concelho. É importante que se vá melhorando ano após ano”, afirma. Quando era mais novo ia muitas vezes com os amigos brincar para junto do Tejo e subiam às casas do Patacão. “Naquela altura ainda não estavam em risco de ruir”, explica, acrescentando que apesar da situação financeira do país não ser a melhor, a autarquia podia apostar na criação de uma praia fluvial com zona de lazer para as pessoas descontraírem e passearem. O empresário confessa não ligar muito se os produtos que compra no supermercado ou os que consome nos restaurantes são de Alpiarça ou não. “Escolho mais pelos preços do que pela região”, conclui.


ALPIAGRA| V

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“Patacão está abandonado” Neuza Varanda, 26 anos, Alpiarça, Animadora Cultural A Animadora Cultural é uma adepta da Alpiagra. “Traz muita gente à terra o que, de alguma forma, ajuda financeiramente o comércio”, diz. Durante a semana de festa Neuza Varanda aproveita para conviver com os amigos e assistir aos espectáculos. A jovem gosta dos artistas convidados e vai fazer por não perder o concerto de Kátia Guerreiro, uma fadista de quem gosta particularmente.

Conta que no último estágio que realizou abordou o tema dos avieiros e as casas do Patacão que há vários anos estão ao abandono. “Aquela zona está muito mal aproveitada e é uma pena que a autarquia não se lembre de um espaço que faz parte da história da terra e deveria ser melhor explorado”, defende. Quanto aos produtos da região, Neuza Varanda gosta de os consumir, mas não tem que se preocupar em comprá-los. Só bebe vinho nos restaurantes e é o namorado que escolhe a marca. Melão só come o que é produzido no concelho porque amigos e vizinhos lho oferecem com regularidade.

“Um espaço de lazer no Patacão” Herlander Lopes, 45 anos, Alpiarça, Empresário Ramo Automóvel Herlander Lopes não falha um dia do certame da Alpiagra. Empresário do ramo automóvel é também proprietário do café “Pau de Canela” no centro da vila. Durante a semana de festa fecha o estabelecimento mais cedo e vai com a família petiscar à feira e rever os amigos que não vê com tanta regularidade durante o ano. Sempre que vai a restaurantes e supermercados opta por produtos da

“Descomprimir depois de um dia de trabalho” Fernando Tomé, 44 anos, Alpiarça, Empresário de Mármores Fernando Tomé tem a vantagem de morar mesmo ao lado da Alpiagra. Por isso não é de estranhar que dê lá um saltinho todos os dias para tomar um café e visitar os stands. “No primeiro dia é novidade e vamos às tasquinhas, ao pavilhão das máquinas agrícolas e dos automóveis. Depois é uma rotina onde aproveitamos para descomprimir depois de mais um dia de trabalho”, explica. Para o empresário esta feira é um ponto de encontro entre

amigos. Fernando Tomé apenas lamenta que em muitos dos expositores não estejam comerciantes do concelho. “A maioria é do distrito o que impede que as pessoas da terra não possam divulgar o seu trabalho. A câmara devia ter o cuidado de dar primazia às pessoas da terra”, considera. O empresário faz questão de comprar tudo em Alpiarça no comércio tradicional. Diz que os produtos têm mais qualidade e é uma forma de ajudar as pessoas da terra. Costumava ir ao Patacão quando era mais novo mas deixou de frequentar o local uma vez que está cada vez mais degradado. “Deviam aproveitar e fazer um projecto em grande com um bar junto ao rio”, opina. Mecânica Geral - Pintura - Bate Chapas Estofador - Electricista C/ Aparelho Descodificação da Gama VW, Audi, Seat, Skoda Zona Industrial, lote 66 - Areias - 2090-242 Alpiarça Tel. 243 558 157

“O meu vinho preferido é o da Gouxa” Manuel Ervideira, 61 anos, Paço dos Negros, Bate-chapas Natural de Paço dos Negros, concelhos de Almeirim, Manuel Ervideira estabeleceu o seu negócio de bate-chapas em Alpiarça há cerca de 45 anos. O facto de trabalhar em Alpiarça e viver em Paço dos Negros não lhe permite frequentar com muita regularidade a Alpiagra. “Vou uma vez por outra, mas poucas vezes. Estou todo o dia a trabalhar e quando regresso a casa já vou cansado e não saio de casa. E ao fim-de-semana ocupo-me com a vindima por isso é complicado visitar a feira”, confessa. Apesar de não ser frequentador assíduo da Alpiagra reconhece que todas as festas são importantes para o desenvolvimento e divulgação dos produtos da região. “Dá nome à terra, desenvolve o comércio e traz muitas pessoas de fora

zona e quando vai de férias leva melões da terra e oferece às pessoas que vai conhecendo na praia. “É uma outra forma de divulgar os nossos produtos e o que Alpiarça tem de melhor”, explica. Natural de Almeirim, mas a residir em Alpiarça há vários anos, Herlander Lopes diz conhecer as Casas do Patacão mas só a parte exterior. O empresário sugere que aquela zona poderia ser um ex-libris do concelho se fosse requalificado. “Se as casas fossem arranjadas e se colocassem cafés e restaurantes junto ao Tejo seria uma zona linda. Atrairia muita gente de fora”, considera.

que vêm conhecer o certame”, diz. Manuel Ervideira não é apreciador de melão, mas o vinho compra sempre os das adegas cooperativas da região. O preferido é o vinho da Gouxa. O bate-chapas afirma que só conhece as casas do Patacão, situadas à beira do rio Tejo, de passagem, nunca as visitou. Mas lamenta que estejam ao abandono e que não exista um plano de recuperação das mesmas.


VI | ALPIAGRA

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Herman José, Quim Barreiros, Kátia Guerreiro e muito mais na Alpiagra H

erman José, Quim Barreiros, Kátia Guerreiro, Angélico e Os Charruas são os artistas convidados que vão animar as noites da Alpiagra que decorre de 4 a 13 de Setembro, no Largo da Feira, em Alpiarça. O certame arranca sexta-feira, 4 de Setembro, pelas 18h30, com a actuação da Banda da Sociedade Filarmónica Alpiarcense 1º de Dezembro e do Rancho Folclórico da Casa do Povo de Alpiarça durante a sessão oficial de abertura da XXVII Feira Agrícola e Comercial de Alpiarça. A noite prossegue com um Festival de Sevilhanas, às 21h30, com a actuação dos grupos Trianas (Santarém) Las Guapas, (Alenquer) e as Sevilhanas Rocieras (Alcochete). A noite termina com picaria no recinto instalado para as actividades taurinas. A quinta edição do Passeio de Carros Antigos, organizado pela Associação de Carros Antigos de Alpiarça, está prevista começar no sábado, às 10h00. A concentração é feita junto aos Bombeiros Municipais. As tardes de fim-de-semana são dedicadas às crianças, com animação infantil no Espaço “Palmo e Meio” (16h30). No sábado, às 17h30 realiza-se a Prova de Vinhos no Centro de Provas

Dom Vinho. À noite sobe ao palco um dos melhores humoristas portugueses, Herman José, que actua no palco Alpiagra (22h00). As actividades de domingo começam com um concurso de Pesca Infantil na Albufeira dos Patudos, (09h00). A noite é dedicada ao Fado com o Grupo Formas de Fado a interpretar o espectáculo “Fado Sem Tempo”, no Pavilhão de Espectáculos (22h00). Na segunda-feira, 7, destaque para a prova de vinhos às 19h00 e o espectáculo OTL (Ocupação de Tempos Livres), pelas 22h00, no Pavilhão de Espectáculos. Na noite de 8 destaque para a actuação do coro do Orfeão e uma sessão de fados, às 22h00. No final do concerto a actriz Madalena Vaz que interpreta a personagem Madalena da serie juvenil da TVI, Morangos com Açúcar VI, vai estar presente na Alpiagra para uma sessão de autógrafos. A noite termina com picaria (22h30) e porco no espeto no Espaço Jovem (23h00). Um Road Show – Prevenção e Segurança Rodoviária, organizado pelo Governo Civil de Santarém, às 15h00, marca o arranque do sexto dia do certame (quarta-feira, 9). Às 21h30, na praceta das tasquinhas, actuam o

Rancho Académico Infantil de Santarém e o Rancho do México. O popular cantor português Quim Barreiros promete muita diversão durante o seu concerto com previsto para as 22h00. Na sexta-feira, 11, sobem ao palco os Charruas e Amigos. No sábado, 12, a tarde é dedicada aos idosos, que vão conviver no Pavilhão de Espectáculos a partir das 14h30. À noite é a vez de Angélico (ex-D’ZRT) animar crianças e jovens fãs do cantor. Os apreciadores das famosas motorizadas italianas podem assistir ao primeiro Passeio de Vespas “Alpiagra”. O passeio, que começa pelas 10h00, é organizado pelos Vespáguias do concelho de Alpiarça. Para as 17h30 está marcada a apresentação oficial da Escola de Música “O Mundo da Música” seguindo-se a actuação da Banda da Sociedade Filarmónica Alpiarcense 1º Dezembro. A noite termina com o XXVII Festival de Folclore. O último dia da Alpiagra arranca com XI Grande Prémio Piscatório das Vindimas (08h00) que se realiza na Albufeira dos Patudos. Uma hora mais tarde começa o Raid Cicloturístico “Jacinto Reis”com concentração no recinto da Feira. José Cláudio,

Quim Barreiros

foto arquivo O MIRANTE

Catarina Brilha, Fernando António, Sofia Henriques e Sandrina Rodrigues são os protagonistas do III Festival de Acordeão (16h00). A fadista Kátia Guerreiro encerra a XXVII edição da Alpiagra actuando no Pavilhão de Espectáculos, às 22h00.


ALPIAGRA | VII

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Sociedade Filarmónica Alpiarcense 1º Dezembro actuou pela primeira vez em 1895 Músicos da banda orgulham-se de actuar todos os anos na inauguração da Alpiagra

ACTUAÇÃO. Banda actuou na procissão de Vale Cavalos (Chamusca) no domingo

Banda da Sociedade Filarmónica actua mais uma vez na abertura da Alpiagra e renova o convite para a inscrição de crianças na escola de música.

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Ana Isabel Borrego

Sociedade Filarmónica Alpiarcense 1º Dezembro (SFAD) foi fundada no dia 1 de Dezembro de 1931, mas existem registos de actuações da banda em 1895. Depois desta data foi mudando de nome até ser registada, há 77 anos, com o nome actual. A banda da SFAD conta actualmente com cerca de três dezenas de elementos. O seu

Escola de Música avança durante mês de Setembro Além da banda, a Sociedade Filarmónica Alpiarcense 1º Dezembro vai arrancar no início de Setembro com a Escola de Música. Neste momento decorrem as inscrições. Uma classe para as crianças que frequentam o pré-escolar e outra para mais velhinhos, dos 9 aos 10 anos. O objectivo é incutir nos jovens o gosto pela música, dar-lhes outra alternativa às diversas ofertas de lazer que têm ao seu dispor. Bruno Ramiro, 32 anos, é o professor e director pedagógico da Escola. Além

foto O MIRANTE

reportório é variado. Vai de temas pop a cha-cha-cha, música religiosa, marchas e passodobles. É no Verão que tem mais actuações um pouco por todo o país. Participa em arraiais, concertos, touradas e procissões, desde o Algarve ao Minho passando pelos Açores. Uma das últimas saídas para longe foi a Cabeceiras de Basto (Trás-os-Montes), há duas semanas, onde actuou numa corrida de toiros. O MIRANTE encontrou-a no último domingo a acompanhar a procissão em honra de Nossa Senhora dos Remédios, nas festas de Vale de Cavalos, concelho da Chamusca. Fernando Sardinheiro, 77 anos, Mário Favas, 75 anos, e João Sardinheiro,

de professor, Bruno Ramiro abraçou, há pouco mais de um mês, o convite feito pela Filarmónica, em conjunto com a autarquia, para ser o Maestro da Banda. Ao tornar-se maestro da Sociedade Alpiarcense, Bruno Ramiro concretizou um sonho de criança. “Dei os primeiros passos como músico nesta banda aos 9 anos. Tocava requinta – instrumento parecido com um clarinete mas mais pequeno. Observava o maestro e sonhava que um dia queria estar a dar aos braços como ele”, conta entre risos. Entretanto estudou no Conservatório e desenvolveu actividades paralelas com outros músicos. Agora concretizou o sonho.

74 anos, são músicos da velha guarda. A família Sardinheiro é uma família de músicos tendo chegado a juntar quatro irmãos na banda. Fernando Sardinheiro, o mais velho dos três músicos, conta que começou aos 15 anos. “Decidi aprender solfejo mas o meu pai não achou graça porque precisava de gente para o trabalho. Na altura era a vindima e a pisa da uva para fazer vinho. Mas levei a minha avante e fui com o meu irmão, o João. Se não tocássemos na banda o porteiro não nos deixava entrar nos bailes. E nós queríamos era dançar com as moças novas”, conta. Mário Favas entrou na banda por influência do pai que assistia com frequência aos ensaios. “Quando chegava a casa assobiava-me todo o reportório das marchas do Maestro Dores ao ouvido. O meu irmão mais velho ainda tentou aprender mas não conseguiu. Eu fui para lhe fazer a vontade e acabei por me apaixonar”, recorda o músico que começou por tocar trombone e contrabaixo e há mais de meio século que toca saxofone alto. O interesse dos jovens pelas bandas já não é como antigamente. O músico lamenta. “Hoje em dia, existem muitas diversões e distracções que nós não tínhamos. Os mais novos preferem ficar em casa na internet ou a jogar computador. Por isso, não os conseguimos convencer a aprenderem a tocar um instrumento”, desabafa.

João Peixinho é uma excepção. Tem 13 anos e toca na Filarmónica 1º Dezembro há sete, desde que decidiu seguir as pisadas do avô, saxofonista na banda. Escolheu tocar clarinete e tudo o que sabe de música aprendeu na Sociedade Alpiarcense. O estudante confessa que às vezes ainda se engana mas disfarça com o truque que lhe ensinaram. “Mexo os dedos e finjo que toco até voltar a acertar com as notas”. João Peixinho quer seguir desporto e garante ir dar o máximo para conseguir conciliar o curso com a música. Sempre na Filarmónica onde deu os primeiros passos. O momento alto da SFAD é a actuação da banda na inauguração da Feira Agrícola e Comercial de Alpiarça, certame conhecido como Alpiagra. “É um grande orgulho para a nossa Sociedade actuar todos os anos na abertura da Alpiagra e dar alguns concertos ao longo da semana. Não podia haver maior reconhecimento da nossa terra”, explica o tesoureiro da Sociedade Filarmónica, António Barbosa.


XXXVI | ALPIAGRA

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