Festa do vinho - Cartaxo

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Recolha de embalagens de produtos químicos para a agricultura desceu em 2009 Quase um terço das embalagens dos produtos químicos utilizados na agricultura já é recolhido e tratado num centro especializado na transformação de resíduos perigosos. Porém, Portugal ainda está longe da meta de 60 por cento, marcada para 2011. Das 730 toneladas de embalagens de produtos fitofarmacêuticos para agricultura colocadas no mercado anualmente, em 2009 foram

recolhidas 201 toneladas ou cerca de 30 por cento do total, segundo dados da Valorfito, o sistema responsável por esta tarefa. O compromisso de Portugal, no âmbito da União Europeia (UE), é que a recolha de resíduos perigosos atinja “60 por cento em 2011”, o que será “muito difícil” no que respeita a embalagens de produtos fitofarmacêuticos, avançou o director geral

da Valorfito. No entanto, os dados sobre a situação actual “têm sido considerados pela Agência Portuguesa do Ambiente muito positivos”, segundo Armando Murta. “Os objectivos eram, à partida, demasiado elevados, porque temos ainda muitos agricultores numa faixa etária de 55 e 60 anos ou mais que estavam habituados a outras práticas”, explicou o responsável.

Economia

O MIRANTE 29 de Abril de 2010

Festa do Vinho

Festa do Vinho do Cartaxo de 29 de Abril a 2 de Maio Debate sobre as alterações no sector do vinho e cursos de iniciação à prova de vinhos. Música com Charruas, Jorge Manuel, Tunas Académicas e Folclore e tradição com desfile de campinos e tourada. II

Quando os garrafões eram revestidos com vime e não havia vinho embalado em vácuo Luís Mendes Pedro chegou a tratar de três mil garrafões na casa agrícola onde trabalhava IV

Garrafão em ferro forjado com cinco metros de altura V Três Dimensões

Paula Almeida e Silva X O vinho tinto e o pénis…dos ratinhos V

classificados xXIII

Um brinde à música dos anos sessenta João e Carlos Sardinha, enólogos de profissão, músicos por paixão V

Companhia das Lezírias aposta na internacionalização dos seus vinhos Empresa agrícola do Estado é a maior exploração agropecuária do país VIII


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Festa do Vinho do Cartaxo de 29 de Abril a 2 de Maio Debate sobre as alterações no sector do vinho e cursos de iniciação à prova de vinhos Música com Charruas, Jorge Manuel, Tunas Académicas e Folclore e tradição com desfile de campinos e tourada.

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seminário “As Mudanças do Mundo do Vinho” a realizar no auditório Municipal da Quinta das Pratas dia 30 de Abril, sexta-feira, a partir das 15h00 é um dos momento de reflexão sobre o sector do vinho inserido na Festa do Vinho do Cartaxo, que decorre de 29 de Abril a 2 de Maio, domingo. Durante o certame realizar-se-ão dois cursos de Iniciação à Prova de Vinhos (Dias 1 e 2 de Maio às 17horas no Pavilhão Interior) e uma “Prova Conduzida de Vinhos” orientada pelo Enólogo Aníbal Coutinho. A Festa do Vinho é uma organização conjunta do município do Cartaxo, da Associação de Municípios do Vinho e da Rede Europeia de Cidades do Vinho. É uma forma de o Cartaxo consolidar o

título que se auto-concedeu de Capital do Vinho e de promover os vinhos da região através do conhecimento, do convívio e do divertimento. A inauguração é na quinta-feira, 29, pelas 18h00. Duas horas mais tarde realiza-se a cerimónia da Bênção do Vinho, a que se segue uma actuação de duas Tunas Académicas do Politécnico de Santarém (Scalabituna e Tuna Feminina Scalabitana da ESSE). Todos os dias da Festa do Vinho encerram com espectáculos musicais. Os artistas são do concelho do Cartaxo. Todos eles com um percurso de anos. O cantor Jorge Manuel, de Pontével, assinala os seus dez anos de carreira em cima do palco, no sábado, dia 1 de Maio. Os Charruas tocam no dia anterior, sexta-feira. Um espectáculo cuja primeira parte será feita pelos Smashed Head. No último dia, domingo, actua o Grupo de Cavaquinhos da Sociedade Filarmónica Cartaxense. Para além dos espectáculos nocturnos há dois momentos musicais vespertinos. Sábado actua o grupo de

foto arquivo O MIRANTE

música popular Cantares d’Aldeia e no domingo realiza-se um Festival de Folclore com os ranchos do concelho. Os touros e os campinos não podiam faltar numa festa tradicional do Ribatejo.

O dia escolhido pela organização foi o sábado, primeiro de Maio. O desfile de campinos pelas ruas da cidade é a partir das 11h30. A Corrida de Touros está marcada para as cinco da tarde

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Quando os garrafões eram revestidos com vime em vez de plástico e não havia vinho embalado em vácuo Luís Mendes Pedro chegou a tratar de três mil garrafões na casa agrícola onde trabalhava Nas grandes quintas o trabalho dos cesteiros era fundamental e mais fundamental ainda quando havia muita produção de vinho.

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Cláudia Gameiro

o tempo em que o plástico ainda não era rei e a agricultura era o sector económico mais importante do país o trabalho de cesteiro era bem conhecido e reconhecido. Homens que faziam cestos e canastras de verga e, com o mesmo material entrançado, revestiam os garrafões usados para guardar vinho. Luís Mendes Pedro, agora na casa dos oitenta anos, foi cesteiro na Quinta da Cardiga, entre a Golegã e Vila Nova da Barquinha. Entrou primeiro para fazer o transporte do leite, mas não tardou a passar para o empalhamento de garrafões, ofício que aprendera em pequeno com o pai. “O forte da Cardiga era o vinho em garrafões e garrafa. Era vendido para todo o país e também para o estrangeiro. Trabalho não faltava. Chegámos a ter três mil garrafões para empalhar ou reparar”, conta. O material utilizado era apenas a verga, criada nos vimeiros dos terrenos da Quinta. Luís Pedro trabalhava inicialmente com o irmão. A certa altura o trabalho era tanto que o cesteiro tinha 14 funcionárias a trabalhar com ele. Com a chegada do plástico, foi o próprio cesteiro que anunciou ao patrão que a verga ia acabar. “Ele não acreditou mas permitiu que eu tirasse a carta de condução de ligeiros e pesados e colocou-me como motorista de uma camioneta com reboque, emprego que me valeu o sustento até chegar a reforma”, conta. Mas cesteiro uma vez, cesteiro toda a vida. Agora não trabalha para nenhum patrão e o que faz já não é para uso

GOSTO. Luís Mendes Pedro trabalha demora uma hora a empalhar um garrafão diário mas para decoração. Luís Pedro é artesão e mostra a sua arte em vias de extinção em escolas, lares de idosos e na televisão. “A Júlia Pinheiro convidou-me uma vez para ir até à Madeira conhecer outros artesãos da mesma arte mas eu recusei por ter medo de andar de avião. Hoje lamento a oportunidade perdida”, confessa. De boné na cabeça, avental azul para proteger a roupa, rodeado de vimes, Luís Pedro vai contando como se faz. “O vime é apanhado geralmente em Janeiro e é guardado em terra ou água até Abril,

foto O MIRANTE

quando começa a ganhar folha. De seguida, é descascado numa máquina própria. Nas antigas tinha que se dar à manivela mas as modernas fazem tudo sozinhas (risos). Enquanto a verga preta deve ser seca e ficar de molho 12 dias, a verga branca, utilizada para enfeitar, amacia em pouco mais de três horas. Estando o material bem mole, pode começar-se o trabalho”. Um garrafão de cinco litros demora uma hora a empalhar. Mas há vasilhas maiores cujo revestimento pode levar um dia. Luís Pedro faz sobretudo cestas

para colocar a lenha ou para enfeitar e muitas em miniatura, utilizadas com frequência em casamentos. Não obstante, garrafões que empalhe e leve para vender na feira esgotam com facilidade, recebendo bastantes pedidos. Com tantos anos de experiência é natural que diga que empalhar garrafões “não tem nada de complicado”. Para quem assiste não é essa a ideia que passa. Em redor do gargalo da base de vidro prendem-se nove a 11 vergas de vime, criando-se um pequeno esqueleto. De seguida, com uma verga mais fina, faz-se o entrançado, passando ora por cima ora por baixo da estrutura inicial. Chegado ao fim do gargalo, torna-se a juntar mais verga ao esqueleto, possibilitando assim um entrançado mais espesso. Depois é só usar a imaginação, criando-se desenhos pelo corpo do garrafão conforme for do agrado do cliente. A base é feita à parte e depois enlaçada. As asas têm de ser bem torcidas antes de serem presas à restante estrutura. Para quem acha que é fácil fica o convite para experimentar. O cesteiro está rendido aos materiais modernos. Quando se lhe pergunta onde o vinho se conserva melhor, não hesita. É no “bag in box”, sacos estanques revestidos a alumínio onde o vinho é embalado em vácuo e que são vendidos dentro de caixas de cartão com uma torneira de plástico. “São os melhores recipientes para o vinho porque não entra ar quando nos servimos e o vinho não azeda”, justifica. “Eu hoje sou patrão de mim mesmo. Recebo as encomendas e contacto com pessoas de vários pontos da região. Trabalho no horário que quero. Os meus netos não se interessam muito por este ofício que está em vias de extinção mas tem encontrado jovens com jeito e vontade de aprender. Acho que isto não tem dificuldade nenhuma mas, como em tudo, é preciso vocação e muita dedicação”

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Garrafão gigante pode ser visto até 18 de Maio

É um garrafão de vinho em ferro forjado com cinco metros de altura que recebe os visitantes da exposição da artista plástica Joana Vasconcelos, no Museu Colecção Berardo, no Centro Cultural de Belém em Lisboa. A peça, intitulada “Sr. Vinho”, e adquirida pela Câmara Municipal de Torres Vedras para instalar na cidade, está colocada no Jardim das Oliveiras. A exposição termina dia 18 de Maio. De acordo com o atelier da artista, as grades de ferro que dão a forma ao garrafão possuem padrões de vedações e guar-

das de varandas tradicionais, enfatizando o papel social, económico e religioso do vinho na sociedade portuguesa. A exposição, a primeira mostra antológica do trabalho de Joana Vasconcelos, chama-se “Sem Rede” e vai reunir ao todo 35 obras, com enfoque nos últimos 15 anos da carreira. No espaço estarão várias obras emblemáticas da artista nascida em Paris em 1971, incluindo “A Noiva”, um grande lustre criado com tampões higiénicos femininos que atraiu a atenção internacional na Bienal de Veneza de 2005.

V festa do vinho CARTAXO O vinho tinto e o pénis…dos ratinhos Um estudo de uma investigadora, divulgado no início do mês, conclui que o consumo continuado de vinho tinto pode estabilizar os vasos sanguíneos do pénis. Esta é a parte boa da notícia que tem um mas… Para realizar a sua investigação, Delminda Neves, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, usou durante seis meses três grupos de ratos: um que teve como bebida exclusiva vinho tinto, outro que só bebeu soluções de álcool em concentração equivalente à presente no vinho e, por fim, um outro que esteve a água. A conclusão foi que “os polifenóis (antioxidantes) presentes no vinho tinto podem, de facto, promover a estabilização dos vasos sanguíneos existentes no tecido eréctil do pénis”, disse a investigadora à Lusa. O mas da notícia é o facto de os resultados obtidos não poderem, por si só, ser extrapoláveis para os humanos, porque nesta situação o vinho tinto surgiu como única variável, enquanto que no ser humano o vinho tinto pode sempre surgir associado a outros alimentos. Contudo, salientou, o estudo – que teve como objectivo analisar “que tipo de influência têm aspectos nutricionais no sistema vascular - “é um modelo válido na avaliação dos efeitos dos polifenóis presentes no vinho tinto, na expressão dos factores de crescimento e manutenção vascular”.

Foi ainda possível verificar, segundo a investigadora, que a ingestão de bebidas alcoólicas resulta numa menor quantidade de células que acumulam gordura na periferia dos vasos sanguíneos cavernosos, sugerindo, assim, um efeito protector contra a aterosclerose. A investigadora adiantou que as investigações irão prosseguir no sentido de tentar perceber quais os efeitos do vinho tinto no sistema vascular de um idoso, bem como os efeitos de uma dieta com muitas gorduras, dado que a obesidade induz a aterosclerose.


VI

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Um brinde à música dos anos sessenta João e Carlos Sardinha, enólogos de profissão, músicos por paixão

Uma rádio pirata que tocava músicas dos Beatles e um acorde lançado pelos alunos da então escola agrícola de Santarém. Nasciam assim “Os Charruas”. João e Carlos Sardinha - irmãos, antigos alunos, enólogos de profissão - não mais largaram as violas. São do tempo em que não existiam festas académicas nem bebedeiras de cerveja. Era nos bailes que se ouvia música e o vinho era a bebida oficial das festas.

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Ana Santiago

nos 60. Um grupo de alunos da então escola agrícola de Santarém - “Os Charruas” – dava os primeiros passos no mundo da música de ouvidos postos na “Caroline”. A rádio pirata que emitia a partir de um barco, fora das águas territoriais inglesas, num tempo em que a BBC tinha o monopólio da radiodifusão no Reino Unido. A rádio pirata também era sintonizada no Cartaxo. Os irmãos Carlos

e João Sardinha embalavam sonhos ao ritmo da música “ié, ié” na década de sessenta em Portugal. “Fixávamos as músicas, escrevíamos as letras e no outro dia à tarde estávamos a ensaiar aquelas músicas com ‘Os Charruas’. Quando aparecíamos em público a tocar a música toda a gente gostava. Fomos tocando cada vez mais”, conta João Sardinha, um assumido “Charrua” de segunda geração. Quatro anos e meio mais novo que Carlos Sardinha que, à

Abençoado vinho “O meu irmão abraçou a vida do vinho”, diz Carlos Sardinha. E a mesma imagem reflecte-se no espelho. A queda para a arte estará no perfil genético? “Tínhamos na família um chefe dos tanoeiros do Cartaxo que ensinou muita gente. Tio avó. Zé Sardinha. E um bisavô tanoeiro”, lembra João Sardinha. Fizeram os primeiros concursos de vinho na Azambuja e no Cartaxo e integram com orgulho a Tertúlia dos Enófilos do Cartaxo. “Sempre tivemos gratuitamente dois módulos da festa do vinho porque não temos fins lucrativos.

viola, alinhou no quarteto inicial em 1965. Foi assim que surgiram os primeiros temas dos Beatles e Rolling Stones no repertório da banda que sempre manteve os clássicos franceses ou não fosse Portugal influenciado na altura pela cultura francófona. O cantor Salvatore Adamo é referência incontornável. “Tombe La Neige” ou “Inch’Allah” constam do repertório. O segundo tema não vai faltar no espectáculo dos Charruas marcado

Toda a gente vai provar um copo de vinho. É a única entidade a quem a câmara não recebe dinheiro”. A primeira e única bebedeira de João Sardinha foi com vinho tinto, num baile da escola. “Aquilo descontrolou-se, mas jurei para nunca mais e nunca mais aconteceu nada parecido”. O vinho, no tempo em que enólogo era profissão rara, vendia-se a granel. O único engarrafador que havia era a Adega Cooperativa do Cartaxo. “Quem queria consumir vinho em casa ia à taberna. Comprava um garrafão e levava para casa. Hoje o conceito é diferente quer em termos qualitativos quer em

para sexta-feira, às 22h30, na Festa do Vinho do Cartaxo. Carlos Sardinha foi tocar viola aos 14 anos para o grupo. O irmão seguiu-lhe os passos com Mário Viegas que ainda integra o grupo. Conseguir comprar um instrumento era difícil. “Hoje qualquer miúdo tem uma bateria. Na altura não era assim. Tínhamos que andar a poupar todos os meses com esse objectivo”. Dos quatro elementos da formação inicial [Carlos Sardinha, João Baptista, João Magalhães] Dany Silva foi o único que seguiu a carreira profissional na música. O grupo arrancou em 1965, a aventura abrandou com a ida para a tropa e com as missões no Ultramar, mas a paixão não morreu. O grupo mantém-se com algumas mudanças. “É numa casa no Cartaxo que fazemos os ensaios e bebemos o nosso copinho de vinho”. O público tornou-se mais exigente e o grupo acompanhou a tendência. Tocam as mesmas músicas, mas com outros instrumentos. O número de elementos em palco varia. “Depende do dinheiro”, explica João Sardinha. “Apesar de sermos amadores não somos a Santa Casa da Misericórdia. Temos as nossas despesas e temos um pianista que vem de Portalegre que gasta dinheiro de gasóleo, portagens e tem que almoçar pelo caminho”. Ensaiam aos domingos, mas nem todos. Apenas quando uma actuação se aproxima. Os ensaios são os suficientes para que a coisa corra bem. O repertório varia consoante os elementos em palco e o sítio do espectáculo. “Não podemos tocar sempre as mesmas coisas no Cartaxo”, justifica João Sardinha. São de um tempo em que não havia festas académicas. Era nos bailes que se ouvia música. Tocavam “Os Skeiks” e o Quarteto 1111 de Paulo de Carvalho, Carlos Mendes e José Cid. “Não tinha nada a ver com os espectáculos de hoje, palcos, milhares de pessoas a ver e a beber cerveja”.

termos de consumo”. João Sardinha lembra-se de pegar na “garrafinha” e ir ao senhor Joaquim Miranda, que morava ao lado, buscar uma garrafa de vinho para o pai beber durante o dia. Hoje escolher um vinho é algo requintado. Pedir que sugiram um vinho é quase impossível. Os dois irmãos dão a cara por uma casa agrícola. “Depende daquilo que estamos a comer, do ambiente e da companhia”. O Ribatejo faz hoje em dia dos melhores vinhos que existem em Portugal. A marca Tejo apareceu para ajudar a vender o produto lá fora. O Ribatejo está bem servido. Palavra de enólogos.


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Nessa altura o que se bebia então? “Bebia-se vinho”, explica João Sardinha. “Vinho. Sempre”, reforça Carlos Sardinha. Mau vinho era o que não existia no grupo. Ou a formação não teria chegado aos dias de hoje. “Foi sempre gente responsável e nunca bebemos em excesso”. Hoje os jovens são levados a outros consumos. Apareceram as discotecas, os bares e os shots. Carlos Sardinha, 60 anos, é enólogo na Agrovia, Quinta da Lapa, Manique do Intendente, há 17 anos. João Sardinha, 56 anos, está na Quinta do Casal Monteiro, Almeirim, há 23 anos. Há cinco anos conseguiram juntar 700 pessoas no aniversário do grupo. Houve choro e ranger de dentes. Pessoas que não se viam há mais de 30 anos. Um arranjo de “Venham mais cinco”, do Zeca Afonso e “O Menino”, uma música tradicional da beira, tocado nos anos 60 pelo grupo Filarmónica Fraude, vão soar no espectáculo de sexta-feira: “Venham mais cinco/ Duma assentada/ Que eu pago já/ Do branco ou tinto/ Se o velho estica/ Eu fico por cá”. Acreditam que os grandes espectáculos são dos artistas daquela época e não do tempo das “músicas de consumo rápido”. Já tocaram com Paulo de Carvalho, Carlos Mendes, Manuel Freire, Vitorino e Carlos Guilherme. “Dá-me a sensação de que eles têm muito gozo em tocar aquelas músicas que não podem tocar agora porque os espectáculos deles não são aquilo”. Sentem a música como o ar que respiram. “Há pessoas que jogam ténis. Outros jogam golfe. Nós juntamo-nos ao domingo à tarde, ensaiamos e tocamos. Bebemos um copo, conversamos, discutimos. Somos muito amigos. É o escape da semana”, resume Carlos Sardinha

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festa do vinho CARTAXO Destaques

Os perfis dos vinhos “Os Perfis dos Vinhos de Portugal” é o tema de uma Prova Conduzida de Vinhos, que terá lugar no Centro de Promoção Vitivinícola da Quinta das Pratas recebe, no dia 1 de Maio, pelas 10h30. A prova será orientada pelo conceituado enólogo Aníbal Coutinho, júri de vários concursos nacionais e internacionais de vinho, autor do primeiro guia de vinhos português com uma selecção, em prova cega, dos melhores vinhos do segmento de consumo diário.

As mudanças do sector em debate “As Mudanças do Mundo do Vinho” é o tema do seminário organizado em parceria pelo município do Cartaxo, AMPV – Associação de Municípios Portugueses do Vinho e Recevin – Rede Europeia de Cidades do Vinho, no dia 30 de Abril, a partir das 15h00, no Auditório Municipal da Quinta das Pratas. Carmé Ribes, directora-geral da Recevin, e Maria do Carmo Guilherme, da Rota dos Vinhos da Península de Setúbal/Município de Palmela, são as oradoras convidadas a debater o painel “Projectos de enoturismo – uma maisvalia na promoção dos vinhos”. Edite Azenha, vice-presidente do Instituto da Vinha e do Vinho, vai ocupar a mesa do 2.º painel, abordando “A Nova OCM do Vinho”. O seminário está integrado no IX Estágio Internacional para Jovens Viticultores, que este ano está a decorrer

em Portugal, em Arruda dos Vinhos. Este estágio é uma iniciativa da Recevin – associação que representa mais de 70 cidades em Itália, França, Áustria, Grécia, Espanha, Eslovénia, Hungria, Alemanha e Portugal – e inclui a participação de reconhecidos especialistas internacionais do sector. Na sessão de encerramento do seminário serão entregues os prémios do concurso de Vinhos da Campanha 2009/2010 do Melhor Vinho à Produção do Concelho do Cartaxo e da Região do Tejo.

Campinos nas ruas da cidade É no dia 1 de Maio que terão lugar alguns dos momentos mais emblemáticos da tradição e cultura regional. O desfile de Campinos do Cartaxo é um dos mais representativos de todo o Ribatejo, contando com mais de meia centena de campinos a desfilar pelas ruas da cidade no Dia do Trabalhador, às 10h30 e às 15h30. O evento realiza-se desde 1990 e envolve a cerimónia de alocução e bênção dos campinos, que este ano se realiza em frente ao Ateneu Artístico Cartaxense, pelas 11h45. Todos os anos, a comissão organizadora homenageia um ou mais campinos da região. A partir das 17h30 haverá provas de perícia no Campo da Feira. No domingo, dia 2 de Maio, os equídeos regressam às ruas da cidade, para um desfile marcado para as 16h00.

Tourada A cultura tauromáquica é também reforçada com a realização da tradicional Corrida de Touros, no dia 1 de

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Maio, às 17h00, com os cavaleiros João Salgueiro, Vítor Ribeiro e Ana Baptista e os Forcados Amadores de Santarém e Coruche.

Rota do Vinho em todo-o-terreno Inserido na Festa do Vinho, o Passeio TT – II Rota do Vinho realiza-se no dia 2 de Maio, a partir das 9h00. Este passeio de todo-o-terreno turístico vai dar a conhecer os produtores de vinho da região, através de um percurso fora das estradas, com visitas guiadas e provas de vinho, permitindo aos participantes conhecer melhor o concelho e os vinhos que aqui se fazem. Os participantes vão concentrar-se no Complexo Desportivo e Cultural da Quinta das Pratas, às 9h00, para uma visita ao Museu Rural e do Vinho do concelho e uma prova de vinhos na Taberna deste espaço museológico. O passeio contempla visitas à Quinta da Fonte Bela, Quinta de Vale de Fornos e Adega Cooperativa do Cartaxo, terminando no pavilhão Municipal de Exposições, com uma visita aos expositores da Festa do Vinho. O almoço entre os participantes vai ter lugar em Valada do Ribatejo e no final da tarde haverá uma confraternização à mesa das tasquinhas da Festa do Vinho.

Conversas na Taberna As Conversas voltaram à Taberna do Museu Rural e do Vinho do Concelho do Cartaxo na quarta-feira, 28 de Abril. Desta vez, o convidado foi o vitivinicultor e armazenista de vinhos Luís Ramos, de 82 anos, que recordou o passado das vinhas, das vindimas e das adegas e abordar o desenvolvimento deste sector que tanto marca o concelho do Cartaxo – Capital do Vinho.


festa do vinho CARTAXO

VIII VIII| ECONOMIA

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Companhia das Lezírias aposta na internacionalização dos seus vinhos Empresa agrícola do Estado é a maior exploração agropecuária do país

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Companhia das Lezírias (CL) exportou, em 2009, mais de 20 por cento da sua produção de vinhos e azeite, numa estratégia de internacionalização que inclui ainda a venda de cavalos, disse o presidente do conselho de administração. Vítor Barros disse que o investimento feito na modernização e ampliação da adega do Catapereiro permitiu a entrada, em Outubro de 2009, dos vinhos CL na cadeia Pingo Doce. O início da actividade vitícola da Companhia das Lezírias remonta ao ano de 1881, ano em que se instalou a vinha na charneca de Catapereiro. Essa área foi crescendo até 1934, ano em que a vinha atingiu o seu máximo expoente - cerca de 400 hectares. As castas dominantes na altura eram o Periquita (Castelão) e o Bastardo. Com o passar dos anos, a vinha foi sendo reestruturada, tendo

foto O MIRANTE

a Companhia das Lezírias actualmente cerca de 120 ha de vinha, dos quais 65% da área é composta por castas tintas e os restantes 35% por castas brancas. Entre as castas tintas, a variedade Castelão é maioritária, seguida pelas castas Trincadeira, Alicante-Bouschet, Aragonez, Touriga-Nacional, Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot, TourigaFranca, Tinta Barroca e Tinto Cão. As castas brancas instaladas são o Fernão Pires, Trincadeira das Pratas, Arinto, Roupeiro, Tália, Verdelho e Vital. Na vinha, tem sido efectuada uma grande reestruturação, sem menosprezar as castas nacionais mas instalando também outras castas que se adaptam bem à região. No site da Companhia das Lezírias pode ser encontrada informação detalhada de cada um dos seus vinhos, desde a geologia do solo onde está implantada

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a vinha e a sua idade, o processo de vinificação, álcool, acidez total, temperatura adequada para ser servido, etc, etc… Valorização da cortiça e criação de central de biomassa Outra aposta da CL, a produção de carne de bovino rica em ómega-3, poderá vir a duplicar muito em breve, tendo em conta que está em negociação a colocação deste produto em mais duas lojas da cadeia Continente, que se juntarão às lojas de Oeiras e Telheiras, que vendem esta carne desde Junho e Setembro de 2009, respectivamente. A Companhia das Lezírias, a maior exploração agropecuária do país detida na totalidade por capitais públicos, ocupando uma área de perto de 20 mil hectares, possui 4 mil cabeças de bovinos, 30 éguas de ventre (num total de cerca de

uma centena de equinos), 6.100 hectares de montado, 130 hectares de vinha, 140 hectares de milho, mais de 40 hectares de olival e 1.100 de arroz (220 dos quais explorados directamente). Com um plano de gestão florestal aprovado, a CL espera concluir em breve a certificação da gestão sustentável da sua floresta, tendo uma auditoria marcada para o início de Maio, o que, nomeadamente, irá valorizar a cortiça produzida pela empresa. Vítor Barros disse que um dos projectos a desenvolver em 2010 será a criação de uma central de biomassa para produção de energia, que poderá criar 12 novos postos de trabalho, além da contribuição para a estratégia de combate aos incêndios e para a produção de energias alternativas. A CL tem em funcionamento uma quinta pedagógica que em 2009 recebeu 6 mil visitas, tendo lançado no início deste ano um projecto de turismo equestre, com “uma pequena escola de equitação para as crianças das escolas” da zona e a possibilidade de passeios a cavalo ou em charrette. Nacionalizada em 1975, a CL foi transformada em sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos em 1989, empregando um total de 96 funcionários. É presidida desde Dezembro de 2005 por Vítor Barros, engenheiro agrónomo que foi secretário de Estado do Desenvolvimento Rural nos Governos de António Guterres, entre 1995 e 2002

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