FEIRA DO CAVALO E DE SÃO MARTINHO - GOLEGÃ

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Câmara de Coruche adjudica colocação de 18 óleões no concelho A empresa Dieselbase vai ser responsável pela recolha e reutilização dos 18 óleões que vão ser colocados no concelho de Coruche para receberem aquela matéria de casas particulares e comerciais. A empresa foi escolhida no seguimento de concurso público lançado pela autarquia. De acordo com o vereador da Câmara de Coruche Francisco Oliveira (PS), a empresa terá também a

responsabilidade de comunicar à autarquia, no prazo máximo de 48 horas, se os óleões estão no limite da sua capacidade. Recorde-se que câmara promoveu o projecto, patrocinado pela empresa Teagel, que adquiriu os óleões. Vão ser colocados 18 óleões, mais do dobro do rácio de oito que eram estimados para o concelho de Coruche de acordo com a sua população e

área, realçou Francisco Oliveira. “Agora que começam a ser construídas as estações de tratamento de águas residuais um pouco por todo o concelho, é bom que as pessoas deixem de despejar os óleos alimentares usados nos lavatórios, nas sanitas e noutros sistemas de escoamento, prejudicando o funcionamento das estações de tratamento”, concluiu.

Economia Rita Pereira apadrinhou abertura da loja SportRox em Santarém Roupa prática, informal e confortável para qualquer situação X

O MIRANTE 05 de Novembro de 2009

Cavalos, água-pé e cultura durante a Feira de São Martinho na Golegã Um encontro de gentes diversas num acontecimento que tem três apelidos nobres com um nome popular à cabeça. O nome próprio é Feira. Os apelidos são Cavalo, Cavalo Lusitano e S. Martinho II

Três Dimensões

Dina Mendes

36 anos, empresária, Alhandra VII Empresa da Semana

Power Battery comercializa todo o tipo de baterias Empresa nasceu há dois anos pela mão de Nuno Paim V Profissionalmente falando Objectivo primário da Pétalas e insolvência é a liquidação Um passatempo que se Cheiros uma tornou profissão nova florista que das empresas falidas depois da reforma Para o advogado Luís Martins, se o mesmo espalha aromas processo entrar em quatro comarcas Adelaide Lagarto produz trajes em miniatura para vestir em Santarém IX obtêm-se quatro interpretações diferentes VI folclóricos a sua colecção de bonecas VIII


II | FEIRA DO CAVALO E DE SÃO MARTINHO - GOLEGÃ

05 Novembro 2009 | O MIRANTE

O retorno a um ancestral ponto de encontro de muitas e variadas gentes Feira do Cavalo e de S. Martinho na Golegã de 6 a 15 de

Estes são apenas alguns exemplos ao acaso. E há exposições e colóquios. “Elites Políticas e Culturais na 1ª República: o Legado Patrimonial de Carlos e José Relvas no Ribatejo”, na Quarta-feira, dia 11, às 10h00 no Equospolis. Workshop “O papel da nutrição no Desenvolvimento de Patologias Locomotoras nos Equinos”, sexta-feira, dia 13 pelas 10h00, também no no Equospolis. O tradicional desfile dos Romeiros de S. Martinho, no dia dedicado ao Santo é às 17h00, pelas ruas da Vila. Termina com a bênção na Igreja Matriz. Andar com o desdobrável do programa da feira no bolso é aconselhável

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a Golegã há um encontro de gentes diversas num acontecimento que tem três apelidos nobres com um nome popular à cabeça. O nome próprio é Feira. Os apelidos são Cavalo, Cavalo Lusitano e S. Martinho. De 6 a 15 de Novembro decorrem em simultâneo a Feira de S. Martinho, a XXXIV Feira Nacional do Cavalo e a XI Feira Internacional do Cavalo Lusitano. A Feira de S. Martinho não ostenta idade. É uma feira de sempre. Uma feira do povo. Típica, genuína. Lugar de compra e venda de todos os produtos. Espaço de convívio à volta de petiscos e água-pé. A essa feira vai-se com o entusiasmo de quem busca emoções e experiências. Abrem-se todos os sentidos e entra-se de

foto arquivo O MIRANTE

peito aberto. A primeira aventura é a da descoberta de um local para estacionar, principalmente nos dias em que a maré humana enche. Fins-de-semana e dia de S. Martinho pedem meças a qualquer paciência mais paciente. É preciso manter a calma e pensar nos quilómetros que se vão percorrer a pé como aquela caminhada que devíamos dar diariamente e não damos. Quem chega ao centro da vila chega ao cerne da questão. Depois as opções ficam a cargo das vontades. Ver os cavalos, comprar castanhas, beber água-pé, apreçar um par de botas ou um chapéu à lavrador…não há programa oficial. Não há espartilhos nem, horários. A Feira Nacional do Cavalo e A Feira Internacional do Cavalo Lusitano têm direito a programa. Cada dia tem as suas

actividades e os seus locais próprios. Por vezes há coisas que se repetem. A maioria dos momentos é única. Sexta-feira, dia 6, na Quinta de Santo António, a partir das 11h00, Concurso completo de Atrelagem. Sábado, dia 7, 21h00, Largo do Arneiro (Picadeiro Central) Campeonato de Portugal de Saltos em Liberdade. Quarta-feira, dia 11, dia de S. Martinho, Espectáculo do Centro Equestre da Lezíria Grande. Homenagem a Mestre Nuno Oliveira, a partir das 21h30. Sábado, dia 14, 22h00 no largo do Arneiro (Picadeiro Central) – Finais do Torneio Internacional de Horseball. Uma hora antes a Reprise da GNR. Domingo, dia 15, último dia da Feira, a despedida a cargo do Carrossel da Escola Prática de Cavalaria (ver texto nesta edição) e da Reprise da Escola Militar.


FEIRA DO CAVALO E DE SÃO MARTINHO - GOLEGÃ | III

O MIRANTE | 05 Novembro 2009

Principal problema é a mobilidade dos militares responsáveis

EXERCÍCIOS. Treinos duram em média quarenta e cinco minutos

foto O MIRANTE

Escola Prática de Cavalaria apresenta Carrossel na Feira Nacional do Cavalo Depois de um interregno de três anos os militares voltam à Golegã dia 15 Apresentação encerra o programa da edição deste ano e os responsáveis esperam voltar para a edição de 2010.

A

pós três anos de interregno – que coincidiu com a mudança de Santarém para Abrantes – o Carrossel da Escola Prática de Cavalaria volta a apresentar-se ao público no próximo domingo, 15 de Novembro, pelas 17h30, no Largo do Arneiro, na Feira do Cavalo, na Golegã. O carrossel é composto por oito cavaleiros – seis oficiais e dois sargentos - e oito cavalos – quatro brancos e quatro pretos - que apresentam um esquema de saltos previamente estudados. O MIRANTE visitou a Escola Prática de Cavalaria de Abrantes e assistiu a um treino de preparação para apresentação do carrossel ao público. O antigo campo de futebol da Escola deu lugar ao campo de obstáculos. A areia torna o piso mais macio para que os cavalos não se magoem. Ao centro está colocado o muro de obstáculos e ao lado duas sebes que servem para treinar os saltos. No dia da apresentação na Feira da Golegã cavalo e cavaleiro vão estar vestidos a rigor. Os equinos vão estar entrançados com ligaduras brancas em cada pata e uma tabela de xadrez

na garupa. Os militares vão vestir o uniforme cinzento, considerado o uniforme número um, utilizado em ocasiões de gala. O treino começa com o aquecimento dos cavalos em redor do campo. É ao som de música clássica que os animais vão treinando os esquemas que aprenderam. Voltas sozinho, acompanhado de outra equipa, cruzamentos sozinho e acompanhado de outra equipa, e ainda saltos em cruzamento com outra equipa cavalo/homem. Sempre que o cavalo não faz o exercício correctamente ou mostra algum desinteresse ou preguiça é imediatamente incentivado pelo colega de equipa com uma festa na cabeça e palavras de ânimo. O carrossel é precisamente um trabalho de equipa. “Os cavalos são trabalhados para que todos os exercícios sejam apresentados de modo natural. Os exercícios podem ser considerados com um grau de dificuldade baixo, mas se tivermos em conta a necessidade de coordenar e ligar os movimentos entre equipas já exige uma bom nível de destreza por parte dos cavaleiros e alguma vontade em saltar por parte dos cavalos”, explica o Tenente-Coronel Paulo Zagalo. Integram o carrossel os militares da Escola Prática de Cavalaria de Abrantes que se encontram melhor preparados para montar a cavalo. Os cavalos pertencem à piara que a escola dispõe.

“Os cavalos que integram o carrossel da Escola de Cavalaria de Abrantes dão-nos condições para que toda esta actividade decorra com normalidade e brio que pretendemos”, refere o Tenente-Coronel Zagalo. No final do treino, o coronel João Fernandes reúne com os seus homens junto ao campo de obstáculos. Dá indicações do que estava bem e aconselha aquilo que pode ser melhorado nos próximos treinos de modo a que a exibição oficial seja perfeita. O trabalho diário com os cavalos dura, em média, 45 minutos. Os treinos vão realizar-se sempre que possível de modo a que os cavalos não demonstrem qualquer hesitação na apresentação. “Os saltos não podem ser treinados todos os dias porque isso iria massacrar as patas dos animais e seria muito doloroso. Mas existe um treino diário para eles estarem em forma”, explica o Tenente-Coronel Zagalo que também integra o carrossel

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O carrossel da Escola Prática de Cavalaria de Abrantes apresentou-se pela primeira vez em 2004 na Feira da Golegã. A ideia de criar um espectáculo que mostrasse o trabalho dos militares da Escola surgiu depois de conversações com a organização do certame. “O objectivo é apresentar uma escola a cavalo que demonstra através dos mais variados saltos toda a disciplina militar da sua equitação desportiva e de ensino. O cavalo tem um papel muito importante na nossa formação no que respeita à perseverança, estudo, desembaraço físico, à capacidade de decisão e também a forma como nos preparamos para a participação em eventos desportivos em ambientes militares e civis”, explica o Tenente-Coronel Paulo Zagalo. Os responsáveis da Escola Prática de Cavalaria de Abrantes querem continuar com o projecto do carrossel e da escola a cavalo, mas tudo depende da disponibilidade de cavalos e cavaleiros. “O problema é que somos muito voláteis, podemos mudar de local com facilidade. Se o coordenador do carrossel tivesse que sair ficávamos desfalcados. Queremos continuar com o carrossel em função dos convites que surgirem e da disponibilidade de cavalos e cavaleiros. Este modelo obedece a ordens e treinos que não podem ser alterados de um momento para o outro”, afirma o Coronel João Fernandes

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IV | FEIRA DO CAVALO E DE SÃO MARTINHO - GOLEGÃ

Cavalos água-pé e cultura

A Golegã ostenta o título de “capital do cavalo” e atrai milhares de visitantes anualmente, pelo S. Martinho, por causa do nobre animal mas muitos habitantes nunca experimentaram a sensação de montar. A água-pé, outro elemento identificativo da terra, é consumida

Andar a cavalo não é saber montar a cavalo João Martinho, 52 anos, Golegã, Comerciante João Martinho foi moço forcado nos grupos da Golegã, Azambuja e Lusitanos, mas nunca aprendeu a montar um cavalo. Já andou a cavalo, mas como o próprio explica, montar e andar não são a mesma coisa. “Para montar a cavalo é preciso saber e ter lições e andar a cavalo é estarmos em cima do animal e darmos uma voltinhas. Por isso digo que nunca montei”, explica. O comerciante é apreciador de um bom

“Com tanto trabalho nem tempo tenho para ir ver a feira” Maria do Céu Gonçalves, 44 anos, funcionária de restaurante, Golegã Apesar de gostar muito do ambiente que se vive na Golegã durante a Feira de São Martinho, Maria do Céu Gonçalves não tem o hábito de visitar a feira. Funcionária do restaurante Cú da Mula, no centro da vila ribatejana, Maria do Céu diz que esta é a época do ano em que o trabalho aumenta significativamente. Na sua opinião, os cavalos e o convívio com as pessoas são o melhor da feira que considera ser uma tradição reconhecida

“Só andei de burro e parti um braço” Jacinta Coelho, 80 anos, Santarém, Comerciante Jacinta Coelho é proprietária da chapelaria mais procurada pelos visitantes durante a Feira de São Martinho na Golegã. Natural de Portalegre, mas a viver em Santarém há muitos anos, Jacinta Coelho possui a Chapelaria Coelho há oito anos. A comerciante confessa que a Feira da Golegã vale pelo resto do ano. “Aguento o negócio todo o ano por causa das vendas durante a Feira de São Martinho”, explica.

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vinho que gosta de beber às refeições, mas nesta altura do ano também gosta de beber

internacionalmente. A viver na capital do cavalo há cerca de 30 anos, Maria do Céu Gonçalves confessa que foi nas Caldas da Rainha que experimentou andar de charrete. “Costumo dizer a brincar que tenho os cavalos praticamente à porta de casa e foi nas Caldas que andei de cavalo”, conta. Mas passear de cavalo só mesmo numa charrete. “Tenho medo de cavalos”, confessa. Água-pé é a sua bebida de eleição sobretudo nesta altura do ano. Em relação ao Museu Martins Correia, Maria do Céu chegou a visitá-lo quando este ainda funcionava junto à igreja da vila. Desde que passou para o Equuspolis ainda não teve oportunidade de conhecer

Apreciadora de vinhos de qualidade, Jacinta Coelho conta que bebe diariamente um pequeno copo de vinho à refeição. A comerciante nunca se aventurou a andar a cavalo embora goste muito de apreciar estes animais. “Quando era pequena andei várias vezes de burro na minha terra. Mas depois parti um braço numa queda de burro e ganhei medo”, conta. Jacinta Coelho garante que se fosse mais nova fazia questão de aprender equitação, danças de salão e patinagem artística. Lamenta o facto de ainda não conhecer o Museu Martins Correia até porque conheceu o artista que foi seu cliente. Na sua opinião, a Golegã é uma terra que está bem desenvolvida e à qual não falta nada. “Tem muita qualidade de vida”, diz.

mas há quem prefira outros néctares mais consistentes. No capítulo da cultura as obras do Mestre Martins Correia, natural da Golegã e já falecido, estão em exposição permanente no edifício equuspolis, mas são poucos os que as visitam.

a tradicional água-pé. Sempre que dispõe de tempo livre gosta de visitar a feira com a família e rever os amigos. Para João Martinho a Feira da Golegã é o ponto mais alto do concelho e que dá visibilidade nacional e internacional à capital do cavalo. João Martinho já visitou o Museu Martins Correia, situado no equuspolis, e destaca este como outro ponto importante na divulgação da cultura goleganense. Numa terra que considera acolhedora, João Martinho lamenta a falta de emprego no concelho. “Com mais empresas criávamos mais postos de trabalho o que ajudava no desenvolvimento do concelho”, conclui.

“Em vez da água-pé bebo uma ginjinha ou um abafado” Rita Carrilho, 28 anos, Mediadora Imobiliária, Riachos

o espaço. A funcionária de restaurante gosta do sossego e da terra que escolheu para viver garantindo que não a trocava por outra.

“O Museu Martins Correia é bonito por fora mas nunca lá entrei” Silvino Sousa, 57 anos, Golegã, Proprietário de Restaurante Proprietário do restaurante “A Tijela”, Silvino Sousa confessa ser muito raro visitar a Feira da Golegã uma vez que são dias de maior trabalho, sendo o dia de São Martinho um dos melhores do ano para o seu restaurante. Natural de Trás-os-Montes, Silvino Sousa andou muitas vezes de burro mas nunca se aventurou a montar na garupa de um cavalo. “Na minha terra só havia burros por isso nunca experimentei andar

Rita Carrilho faz questão de visitar a Feira da Golegã todos os anos. Vai com a família comprar castanhas e mostrar os cavalos à filha de 18 meses. A mediadora imobiliária tem a percepção que esta é a melhor semana do ano no concelho e arredores uma vez que os arrendamentos de casas disparam significativamente. Apesar de ter amigos que possuem cavalos, Rita nunca experimentou montar um. “Nunca surgiu a oportunidade”, diz. A mediadora imobiliária confessa não ser muito apreciadora de bebidas alcoólicas. Por isso, quando vai à feira prefere deliciar-se com um pão com chouriço, uma fartura ou castanhas. Mas não dispensa o abafadinho ou a ginjinha que se vendem nas ruas. Rita Carrilho diz ser uma falha grave ainda não conhecer o Museu Martins Correia e aproveita para deixar o alerta. “A Golegã só se foca no cavalo e na Feira de São Martinho esquecendo-se um pouco o rico património que possuem”, diz acrescentando que falta espaços de lazer para sair à noite e mais postos de trabalho.

de cavalo. Depois comecei a trabalhar e perdi a oportunidade. Entre um vinho e uma água-pé Silvino Sousa opta por um bom vinho, mas diz que se a água-pé for de confiança também gosta de saborear. O empresário da restauração nunca teve oportunidade de visitar o Museu Martins Correia, mas pelo que viu diz que a parte exterior e toda a zona envolvente está “muito bonito”. “A autarquia tem-se empenhado em dar a conhecer tudo o que o concelho tem de melhor e as personalidades da região que mais se destacaram”, afirma. Para Silvino Sequeira, o executivo municipal devia apostar na criação de mais indústria no concelho criando mais emprego. O que “prenderia” mais jovens à sua terra.


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