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Fersant regressa em paralelo com Feira Nacional de Agricultura

02 JUNHO 2011 | O MIRANTE foto arquivo O MIRANTE

Certame empresarial em Santarém aposta nos seminários e nos contactos internacionais A 22.ª Feira Empresarial da Região de Santarém realiza-se de 4 a 12 de Junho no Centro Nacional de Exposições, em Santarém.

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esenvolver um conjunto de workshops e seminários que levem público e empresários a partilhar informações, estabelecer contactos e fomentar negócios na região com as comitivas brasileira e moçambicana que visitam certame são alguns dos objectivos da organização da 22.ª edição da Fersant - Feira Empresarial da Região de Santarém. O evento, que migrou de Torres Novas, realiza-se pelo segundo ano consecutivo em Santarém, paralelamente com a Feira Nacional da Agricultura/Feira do Ribatejo, no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), de 4 a 12 de Junho. Vão estar em exposição na nave B do complexo 121 stands de 71 expositores, os mesmos de 2010. Uma dezena de empresários brasileiros das zonas de Brasília, Goiás e Pará vão estar presentes na Fersant e em visitas institucionais à região. Segundo a presidente da Nersant - Associação Empresarial da Região de Santarém, entidade que promove a Fersant, procuram intercâmbio negocial nas áreas da agricultura, agro-indústria e pecuária. “O mesmo acontece com a comitiva moçambicana e a sua associação empresarial que virá da região da Beira, que procura novos mercados e que pode gerar também o interesse dos nossos empresá-

Ciclo de seminários discute projectos inovadores, financiamentos e empreendedorismo A Fersant conta nesta edição com um ciclo intenso de seminários distribuídos por seis dias. O primeiro realiza-se dia 4 com a sessão de encerramento do projecto MovePME, pelas 15h00. No dia 6, destaque para a presentação de estudos sectoriais realizados pela Nersant relativos aos sectores agro-industrial, construção civil, madeira e mobiliário, metalomecânica e minerais não metálicos (10h30). Às 11h30 fala-se sobre tecnologias disponíveis naqueles sectores. As energias renováveis, a eficiência energética e as novas práticas ambientais estão em destaque nos seminários de terça-feira, 7 de Junho, a partir das 10h30. À tarde é apresentado o projecto de certi-

rios, principalmente na área da construção civil, comércio e indústria agro-alimentar”, salientou Salomé Rafael. Durante a apresentação da Fersant 2011, o director geral da Nersant, António Campos, lembrou que vão estar representados este ano empresários de 17 dos 21 concelhos do distrito. “De Torres vem o segundo maior número de representantes, seguido de Abrantes, maioritariamente da indústria e dos serviços, e registamos um terço de novos expositores. Como é óbvio, o maior número é de Santarém”, explanou António Campos. Balanço positivo da experiência em santarém O balanço da presença da Fersant na Feira Nacional de Agricultura é considerado positivo, motivo para continuar. “Os empresários perceberam que aqui têm mais visibilidade. Temos o mesmo número de empresas que em 2010 e um nível bastante interessante de participação de empresários de Torres Novas e de Abrantes, que nunca tiveram preconceitos em relação a Santarém. Na Feira da Agricultura temos público que vem ver a agricultura e aproveita para ver as empresas. Esta é uma parceria a manter”, sublinhou Salomé Rafael. Pelo CNEMA, Vasco Gracias referiu que o centro de exposições é um parceiro da Fersant na divulgação da região em termos económicos. “É um local demasiado grande para ser apenas de um concelho ou de uma freguesia, tem que ser aproveitado por Santarém e por todo o distrito”, salientou

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ficação de respostas sociais junto das Instituições Particulares de Solidariedade Social, realizado pela Nersant (16h00). As vantagens da certificação e da propriedade industrial, bem como os casos de sucesso inovadores na região são falados ao longo da manhã de dia 8, onde o destaque cabe à presentação dos projectos EmpCriança e EmpEscola, no âmbito do Fórum Empreendedorismo. Será a partir das 14h30. Os programas Apoiar Micro e PAECPE, mecanismos de apoio à criação de empresas, bem como os financiamentos disponíveis, são temas de quinta-feira, 9 de Junho, onde à tarde se abordam os mecanismos inovadores de financiamento, como o capital de risco, apoio à fusões e aquisições, casos de sucesso e vantagens. No dia 10 de Junho, Dia de Portugal, serão apresentados estudos de mercado realizados em Angola, Brasil, Espanha, França e Moçambique, e debatida a marca territorial Ribatejo. Todos os seminários vão ter lugar no auditório Nersant da nave B do CNEMA.

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Feira Nacional da Agricultura dedicada à floresta Programa musical com nomes como Rui Veloso, Pedro Abrunhosa e Xutos & Pontapés

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48.ª edição da Feira Nacional da Agricultura (FNA), que decorre de 4 a 12 de Junho em Santarém, tem por tema “A Floresta” e vai procurar sensibilizar para a importância do sector agrícola no actual contexto de crise. A FNA, que será marcada por numerosos seminários que vão debater temas actuais do sector e que prossegue na aposta da aproximação dos produtores aos consumidores, terá este ano uma forte presença de maquinaria e de empresas que comercializam factores de produção, havendo uma área de exposição e de campos de demonstração maior que em 2010. Tendo em conta que 2011 é “Ano Internacional das Florestas”, o tema vai dominar a feira, estando o espaço dos claustros do CNEMA reservado à fileira florestal, “que vai apresentar produtos inovadores”, disse Luís Mira, administrador do Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), na apresentação do certame. Os encontros técnicos agendados abordarão temas como “o futuro da PAC” (Política Agrícola Comum), o futuro dos jovens agricultores e do programa Leader após 2013, a valorização dos subprodutos da fileira do azeite, as alterações aos apoios nas florestas e “montado e cortiça”. Este ano os concursos de vinhos, azeite e mel foram alargados aos queijos e enchidos, que terão “forte presença” no certame, estando a iniciativa “Show Cooking” preenchida, depois do esforço dos últimos dois anos para proporcionar um espaço em que é possível degustar pratos sofisticados acompanhados dos vinhos nacionais. O certame continua a ser marcado pelos concursos de animais (bovinos, equinos, suínos), apresentando diversas iniciativas características da região e ligadas ao cavalo e ao touro. O cartaz de animação apresenta nomes como Rui Veloso (4 de Junho), Camané (5

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de Junho), Deolinda (9 de Junho), Pedro Abrunhosa (10 de Junho) e Xutos e Pontapés (11 de Junho). Um bilhete de entrada na feira custa 5 euros. Há ainda à venda cadernetas de 10 bilhetes com um custo de 35 euros, que podem ser adquiridas nos locais autorizados até 3 de Junho, e livres-trânsito com um custo de 18 euros que é pessoal e intransmissível e permite visitar a feira a qualquer hora e várias vezes por dia. No dia 6 de Junho, segunda-feira, a entrada na feira é gratuita O parque de estacionamento é gratuito tal como a entrada para crianças até aos 11 anos, inclusive

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O fotógrafo que fez todas as edições da Feira do Ribatejo no centro da cidade Olavo Aires e o pai foram os únicos que fotografaram a primeira feira a seguir ao 25 de Abril

A grande afluência de pessoas animava Santarém. Ao contrário de hoje, em que a feira está no Centro Nacional de Exposições, afastada do centro urbano, na altura havia uma grande ligação à cidade.

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lavo Aires é o fotógrafo que fez todas as edições da Feira do Ribatejo desde o primeiro dia em 1953 no Campo Infante da Câmara no centro da cidade. Tem centenas de milhar de imagens que contam pequenas histórias deste certame iniciado por Celestino Graça e que na época atraia multidões das redondezas. A primeira feira, recorda, foi uma grande agitação para a cidade com muita gente a acorrer ao recinto para ver a maquinaria e os animais. Havia rebanhos de ovelhas que vinham pelas estradas até ao recinto e todo o tipo de animais como porcos, vacas, cavalos… “Era um acontecimento carregado de tipicidade feito à base da carolice”, diz lembrando que não foram precisos


O MIRANTE | 02 JUNHO 2011 muitos anos para que a feira tivesse representação internacional. Os americanos e os brasileiros marcavam forte presença na feira e traziam espectáculos e bandas dos seus países para animar o recinto. A fama foi crescendo e em pouco tempo chegavam ao Campo Infante da Câmara centenas de excursões de todo o país. “Era um mar de gente”. Muitos traziam as cestas com farnéis e a cidade era palco de enormes piqueniques. Lembra-se também quando foi instituída a “noite do vinho” em que eram distribuídas sardinhas assadas e vinho gratuitamente. A grande afluência de pessoas animava a cidade. Ao contrário de hoje, em que a feira está no Centro Nacional de Exposições, afastada do centro urbano, na altura havia uma grande ligação à cidade. O comércio nos dias em que decorria a feira estava aberto todo o fim-de-semana e as lojas faziam bons negócios. Olavo Aires recorda que os restaurantes estavam sempre cheios. No Central, no centro histórico, faziam-se filas de muitos metros para almoçar. Olavo e o pai Júlio Figueiredo Aires trabalhavam dia e noite para imprimir as fotografias que hoje são documentos históricos. Fotografavam para vender mas também para os jornais como “O Século”, “O Primeiro de Janeiro”, entre outros. Olavo e o pai são os únicos fotógrafos que fizeram imagens da primeira feira a seguir à revolução do 25 de Abril de 1974. “Na altura correu o boato de que metiam bombas na feira e quando esta começou não apareceu ninguém para

FERSANT / FEIRA DA AGRICULTURA | 5 fotografar além de nós”, recorda. Dos caixotes de fotos a preto e branco vai retirando pedaços de memórias, como aquelas em que aparecem Marcelo Caetano ou o Presidente da República Américo Tomás… Há fotos de americanos, de turistas de vários países. Olavo e o pai tinham o exclusivo das fotografias das embaixadas dos países representados na feira, o que lhe permitiu fazer grandes conhecimentos. “Faziam-se grandes amizades”, realça. Nos primeiros anos havia na feira bandas de música, ranchos folclóricos nacionais e depois de outros países, acordeonistas. A Orquestra Típica Escalabitana tinha sempre concertos. Mas também havia passagens de modelos, gincanas de automóveis e chegaram a realizar-se corridas de cavalos com apostas. Olavo Aires ainda fez os dois primeiros anos da feira no CNEMA porque lhe pediram, mas depois não quis fazer mais. Vai todos os anos à feira na Quinta das Cegonhas mas como visitante. Diz que se perdeu um elemento importante da feira que era a ligação à cidade, o que considera ser “um desastre”.

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Falta de representações estrangeiras é um retrocesso que marca a Feira Nacional da Agricultura José Andrade, José Miguel Noras e Ludgero Mendes dão as suas opiniões sobre este certame

José Andrade

José Miguel Noras

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ausência de representações de outros países na Feira Nacional de Agricultura em Santarém constitui um retrocesso na importância do certame que se realiza em simultâneo com a Feira do Ribatejo e que este ano decorre de 4 a 12 de Junho no Centro Nacional de Exposições. José Manuel Andrade, que já dirigiu o certame, não tem dúvidas que a presença de representantes estrangeiros era “fundamental para divulgar a produção nacional e apoiar o desenvolvimento da agricultura portuguesa”. Pelo que considera ser um “aspecto negativo” a perda de contactos com os estrangeiros que há uns anos vinham a Santarém. Nesse sentido aponta também o ex-presidente da Câmara de Santarém, José Miguel Noras, realçando que uma feira que já teve presentes países como França ou Alemanha “devia refundar-se olhando sem saudosismos esse passado em que a feira era na realidade um marco

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Ludgero Mendes da maior referência no plano ibérico e europeu”. E acrescenta que se devia fazer um esforço para que os estrangeiros sentissem que valia a pena serem visitas assíduas de Santarém. Ludgero Mendes, presidente do Grupo Académico de Danças Ribatejanas e vereador socialista na Câmara de Santarém, acrescenta que neste aspecto “há um retrocesso”, apesar de ter vindo a ser feito um esforço de dar mais tipicidade ao certame. Sendo a maior manifestação do concelho, também há um aspecto que se tem vindo a perder, como a ligação à cidade. Um “divórcio”, nas palavras de Ludgero Mendes, que “tarda em ser remediado”. “A feira tem um peso grande no espírito das pessoas de Santarém que a visitam sobretudo à noite, mas isso não elimina o facto de haver um divórcio entre o CNEMA (entidade organizadora) e a câmara”, que até é a segunda maior accionista da entidade a seguir à Confederação dos Agricultores de Portugal

(CAP). Por isso sugere que devia ser retomado o antigo concurso de montras que se fazia no comércio da cidade e lançar por exemplo um concurso de fado antes do início do certame mas que culminasse neste. Nos últimos anos tem-se optado por fazer grandes concertos musicais no recinto e aqui as opiniões dividem-se. José Miguel Noras considera que a feira devia apostar em “diferentes fóruns de reflexão com especialistas nacionais e estrangeiros em ordem a responder às questões que mais importa ultrapassar no futuro em Portugal”. Já Ludgero Mendes entende que os concertos são apelativos para os jovens e que contribuem para uma diversidade de actividades. E reforça esta posição dizendo que “a feira mantém-se no equilíbrio da vertente técnica com a vertente mais tradicional”. Falando das questões ligadas às tradições e à sua representatividade na feira, José Manuel Andrade e José Miguel Noras são da opinião que tem havido alguma descaracterização. “A Feira Nacional de Agricultura cada vez tem menos aspectos ligados à agricultura, passou a ser uma festa de música. O ruralismo era importante preservar”, diz José Manuel Andrade, porque, explicita, “transformar a feira numa mostra dos aspectos técnicos é insuficiente”. José Miguel Noras complementa: “Perdeu-se muito do que era a Feira do Ribatejo”, mais virada para as manifestações típicas da região. Situação da agricultura portugueSa também tem influência Todos estão de acordo que o momento que se vive na agricultura nacional tem influência no certame. “À medida que a nossa agricultura foi paga para ser desmantelada a feira foi acompanhando esse declínio”, sublinha José Miguel Noras. “Infelizmente a Feira Nacional de Agricultura sofreu com a quebra da importância da agricultura portuguesa”, reforça José Manuel Andrade que é também agricultor. Ludgero Mendes defende que se tem que encarar a feira como ela é hoje, realçando que agora até há mais grupos de folclore a actuar no recinto. Mas reconhece que as transformações que tem havido no sector agrícola têm trazido alguns constrangimentos, como o facto de cada vez haver menos campinos. Explica que “a feira é o esforço da representação da actividade agrícola, mas a agricultura é uma vertente que não tem sido potenciada”, porque, salienta José Manuel Andrade, tem havido “erros políticos” neste sector de actividade.


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Cinco euros para entrar na feira é um exagero O preço das entradas na Feira Nacional de Agricultura e Fersant é considerado demasiado elevado pela maioria das pessoas ouvidas por O MIRANTE. O exemplo mais apontado para suportar aquela opinião é o total a pagar por uma família com três ou quatro elementos. Sobre a crise a opinião dominante é a de que pode ser importante

Joaquim Saramago, 66 anos, presidente Adega Cooperativa Alcanhões, Santarém

Preço das entradas é exagerado Joaquim Saramago confessa que a crise não passou pela Adega Cooperativa de Alcanhões no ano em que mais anda na boca dos portugueses e das primeiras páginas da actualidade. “Estamos a vender mais vinho engarrafado que em 2010, o que é bom sinal. Estivemos na Festa

Madalena Apolinário, 52 anos, escriturária, Benfica do Ribatejo

“Poderosos em Portugal deviam pagar a crise” Madalena Apolinário não gostou de ver a Troika em Portugal. Considera que a ajuda externa não seria necessária se fossem os mais poderosos a suportar a crise em Portugal em vez dos mais

do Bacalhau e há que continuar a apostar na qualidade e no marketing”, defende o presidente da adega. Para Joaquim Saramago podem acontecer bons negócios durante uma crise mas há que insistir e procurar essa sorte. É por isso que a adega vai apresentar durante a Feira da Agricultura e durante a Fersant o seu novo vinho de topo, o Cardeal Dom Guilherme Reserva. Sobre a ajuda externa a Portugal recorda o que muitos têm esquecido quando criticam as exigências. “Eles já nos deram as verbas comunitárias que muito desbaratámos”. Quanto à Feira considera que os cinco euros por entrada é um preço exagerado. “Uma família de três ou quatro pessoas fica logo desfalcada. Dois ou três euros seria muito mais razoável”, conclui.

pequenos. “O dinheiro que pedimos lá fora vamos pagá-lo bem caro. Mas enquanto tivermos pessoas com três e quatro reformas e taxas de segurança social para empresas de 23 por cento vamos continuar a ter problemas”, analisa. A trabalhar numa empresa de máquinas agrícola, Madalena Apolinário refere que apesar da crise há sempre vendas no sector. “Temos sempre novidades para dar a conhecer num certame como a Feira Nacional da Agricultura. Às vezes aparecem bons negócios. A agricultura ainda é um sector importante e ainda vai ter peso maior para nos ajudar a sair da crise”, comenta. Considera muito cara a entrada para a feira e admite que muita gente leve farnel porque gasta a maior parte do dinheiro nas entradas.

“Gostava de saber o impacto das medidas da Troika em cada sector de actividade”

José Júlio Eloy, 75 anos, administrador Agro-Ribatejo, Santarém

O administrador da Agro-Ribatejo compreende que as entradas para a Feira sejam cinco euros mas reconhece ser um preço elevado para a situação que se vive. “Quando vou a feiras no estrangeiro as entradas custam sempre 15 ou 20 euros. Há que arcar com custos de organização que são sempre elevados”, refere. Diz desconhecer

para fazer a selecção entre empresas e empresários capazes e incapazes. Apesar de tanto se ter escrito e dito sobre as negociações da ajuda externa entre Portugal e a Troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia), quase todos confessam ter dúvidas sobre as condições impostas para o empréstimo.

José Dias Castelo, 47 anos, empresário, Santarém

Paulo Coelho, 43 anos, gestor de após venda, Malhou

“A crise separa trigo do joio”

“Troika passou para o papel medidas que políticos não tiveram coragem de tomar”

“Separa o trigo do joio e premeia o profissionalismo em detrimento de quem faz o seu trabalho com menor qualidade”. É assim que José Dias Castelo entende que são as crises, por isso concorda com a ideia de que nessas alturas podem surgir boas oportunidades de negócio. A situação só fica pior para os desempregados e para quem tem baixos rendimentos, reconhece. Lembra-se bem do tempo em que o FMI entrou em Portugal, em 1985 e diz que na altura deixou de fumar SG Ventile e passou para “Mata Ratos”, sinal dos tempos. “Hoje temos tudo, telemóveis, internet, mínimo de dois carros por família. Mas o pior que temos é a corrupção, políticos que não sabem gerir o país e muita gente a receber rendimentos sem trabalhar enquanto os que precisam recebem pouco”, analisa. José Dias Castelo gostava de perguntar aos elementos da troika se Portugal está mesmo na bancarrota, mas considera que já existe resposta aos problemas: “Temos que nos voltar para a agricultura e pescas que é o que temos!”. Para o empresário não se justificam cinco euros de entrada na Feira Nacional da Agricultura quando até para um stand mínimo a organização já pede uma fortuna.

as medidas concretas que foram impostas a Portugal. “Escreve-se muito, comenta-se muito nos meios de comunicação social e nem sempre ficamos esclarecidos. O que eu gostava de saber é o que devemos esperar para cada sector de actividade”, refere. José Júlio Eloy reconhece que nunca se sabe o que esperar de uma crise mas que no sector da maquinaria agrícola vale sempre a pena expor em certames como a Feira da Agricultura e aguardar por contactos posteriores.

Paulo Coelho costuma visitar a feira da Agricultura para jantar, assistir a um concerto com artista que lhe agrade e ficar para as largadas de toiros. Mas mesmo assim entende que o preço das entradas é exagerado. “Esse custo não deve afectar negócios, porque quem vai para os fazer entra sempre. Se calhar o visitante comum é que se vai inibir de entrar”, comenta o gestor de após venda da Santagri. Acredita que em tempo de crise existe uma selecção natural dos melhores a nível dos mercados e quem resiste é quem já está solidamente implantado . “No sector automóvel a crise faz-se sentir. As pessoas fazem menos quilómetros, assistem menos, compram menos, especialmente nas gamas mais baixas”, observa. FMI, BCE e Comissão Europeia são os actores da troika internacional que Paulo Coelho identifica na ajuda a Portugal. Considera que, no fundo, vieram apenas passar para o papel as medidas que os políticos portugueses sabiam que seriam necessárias mas que nunca tiveram coragem de pôr em prática. “Espero que quem vier a formar governo tenha coragem política para fazer cumprir essas medidas. Mas gostava de perguntar à troika qual é a nossa situação real?”, conclui Paulo Coelho.

Manuel Rafael, 51 anos, presidente Adega Cooperativa da Gouxa, Fazendas de Almeirim

“O sector do vinho tem conseguido saber fugir às crises” As exigências do FMI, Banco Central Europeu e União Europeia são um mal necessário. É essa a sua opinião. Se os elementos da Troika viessem à Feira, gostaria de lhes perguntar “qual é a taxa de juro que o país vai pagar pelo dinheiro emprestado?”, porque andam todos a dizer coisas muito confusas. Manuel Rafael considera que as crises nunca são bem vindas e que as grandes oportunidades de negócio só surgem pontualmente. Ainda assim diz que o sector dos vinhos é daqueles que consegue dar mais escoamento ao seu produto. Sobre o preço das entradas diz que é muito elevado.


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