FESTA DA AMIZADE- SARDINHA ASSADA - BENAVENTE

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16 JUNHO 2011 | O MIRANTE

Toiros, sardinhas, pão e vinho na Festa da Amizade em Benavente Vila ribatejana cumpre a tradição na 43ª edição do evento foto arquivo O MIRANTE

De 23 a 26 de Junho todos os caminhos vão dar a Benavente. A tradição da Festa da Amizade/Sardinha Assada volta a cumprir-se na vila ribatejana pela 43ª edição.

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epois do lançamento dos 43 morteiros, a assinalar a 43ª edição da Festa da Amizade/Sardinha Assada de Benavente, ao início da noite de sábado, 25 de Junho, acender-se-ão os fogareiros. Por volta das 22h00 terá início a distribuição das sardinhas, pão e vinho na festa. Trata-se de um dos momentos mais altos do evento que vai animar a vila ribatejana de 23, quinta-feira, a 26 de Junho, domingo. Às 22h45 têm início os espectáculos musicais com Banda Kremlin (palco 1), Banda Nice (palco 2) e Banda HD (palco 3). Às 00h45 será feita a nomeação

Varandas e montras premiadas Na quinta-feira, 23 de Junho, às 20h00, decorre o concurso de varandas que vai premiar a varanda mais original no âmbito da 43ª edição da Festa da Amizade/ Sardinha Assada de Benavente. A atribuição dos prémios está marcada para 24 de Junho, às 12h00. O concurso de montras, com

dos Sardinheiros 2012 que prosseguirá a tradição no próximo ano. A música é também um prato forte da festa que na quinta-feira, às 22h00, no palco 3 recebe um espectáculo de sevilhanas. Uma hora depois sobe ao palco João Paulo. Às 22h00 de sexta-feira há o desfile de fanfarras com várias corporações de bombeiros. Segue-se, às 0h00, um espectáculo musical com Banda Giga, no palco 1. E porque os toiros ajudam a fazer a festa o feriado de 23 de Junho, quinta-feira, primeiro dia do evento, começa com um Encierro com três toiros pelas ruas da vila, às 17h30, a decorrer nas ruas Combatentes da Grande Guerra, Rua Dona Franscisca Montanha, Avenida Francisco J.C. Lopes e Avenida Ma-

prémio para as três melhores, vai ser realizado no dia 24 de Junho, sexta-feira, às 17h00. A cerimónia de atribuição de prémios ao concurso de montras decorre sábado, às 11h00. Às 21h30 de quinta-feira abre a tasquinha para comércio de t-shirts e artigos de barro alusivos à festa, que na sexta-feira vai funcionar a partir das 20h30. Às 22h15 de sexta-feira abre o espaço «Sardinlovers», junto ao Pavilhão da Casa do Povo, que volta a abrir à mesma hora no sábado.

nuel Lopes de Almeida. Às 18h00 haverá largada de dois toiros na manga. Às 00h30 há jogo surpresa com duas vacas no recinto da picaria. Para sexta-feira, às 18h00, está marcada a largada de dois toiros na manga. À 1h00h há Encierro com três toiros pelas ruas da vila, a decorrer nas mesmas ruas. Meia hora depois são largados dois toiros na manga. A concentração de campinos, jogos de cabrestos e cavaleiros amadores está

E porque os toiros ajudam a fazer a festa o feriado de 23 de Junho, quinta-feira, primeiro dia do evento, começa com um Encierro com três toiros pelas ruas da vila, às 17h30 marcada para junto às piscinas muncipais, às 9h00 de sábado, 25 de Junho. Às 10h00 inicia-se o desfile pelas ruas da vila em direcção ao Largo do Calvário. A organização avisa que só faz parte do desfile quem estiver devidamente trajado a rigor. Às 10h30 há missa campal em memória dos campinos falecidos. Às 11h00 há provas de condução de cabrestos e às 12h00 picaria à vara larga com um toiro para campinos e um toiro para amadores cedidos por Fernando Palha. O almoço para campinos e amadores está marcado para as 13h30 no auditório Nossa Senhora da Paz. A festa prossegue às 15h00 com homenagem ao campino João Preceito e ao ganadero José Dias. Às 17h45 de sábado há entrada e passagem de um toiro pelas ruas da vila. Às 18h30 serão largados quatro toiros em recinto alargado. O Rancho Típico Saia Rodada desfila pelas ruas da vila a partir das 20h30 e actua no palco 2 (antes dos morteiros). A noite de sábado termina à 1h00 com um Encierro com três toiros pelas ruas da vila e com uma largada de quatro toiros à 1h30 em recinto alargado. A animação pelas ruas está garantida até de madrugada. Domingo, 26 de Junho, último dia da festa, é o “Dia da Ressaca”. Às 15h00 haverá Encierro com três vacas (partida na Rua Fernando de Oliveira Cavaleiro, passando pela Rua Dr. Ruy de Azevedo, finalizando no recinto da Picaria) e uma largada de dois toiros no recinto da picaria, que será finalizada com uma surpresa

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O MIRANTE | 16 JUNHO 2011

RIGOR. Os participantes no desfile não descuram os pormenores dos seus trajes

Os homens a cavalo e os trajes com tradição que desfilam na Festa da Amizade No dia 25 de Junho pode integrar o cortejo quem aparecer trajado a rigor em Benavente Seja com colete encarnado ou com abotoaduras douradas de família, campinos e cavaleiros vão voltar a perfilar-se em Benavente para seguir em direcção ao Largo do Calvário, no dia 25 de Junho. Na Festa da Amizade integra o desfile quem vier por bem e, já agora, quem estiver trajado a rigor.

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Ana Santiago

icardo Oliveira já perdeu a conta às vezes que envergou o colete encarnado, ligeiramente desbotado pelo sol, no tradicional desfile da Festa da Amizade/ Sardinha Assada de Benavente. O tractorista, que trabalha para a Associação dos Beneficiários da Lezíria Grande, veste o traje de campino desde os dez anos, altura em que começou a guardar gado para ajudar a mãe, trabalhadora do campo, a criar os dois irmãos. Trajou-se pela primeira vez de campino quando trabalhava na Quinta da Foz em Benavente. Também passou pela Herdade da Adema. Desfila, imponente, trajado de campino, na égua “Maria” cedida pela Casa Prudêncio Silva Santos, no Porto Alto, onde agora colabora. Sente-se a perpetuar as tradições dos homens de colete encarnado. Mais do que isso: sente-se um deles. O traje - camisa branca, colete, jaqueta, barrete, meia branca e sapatos - foi comprado em Vila Franca de Xira na

Casa Sónia. Tudo por 400 euros. Um investimento para alimentar a alma. Já teve três ou quatro ao longo da vida. Tem 29 anos e só por duas vezes integrou o desfile como cavaleiro. Não se vestiu à campino porque andou desligado das lides de vacas e toiros e quis ser fiel às suas convicções. O fato à portuguesa, camisa branca, colete e a jaqueta, calça de cós alto e chapéu de aba larga, comprou-o numa loja de Elvas e custou-lhe 500 euros. Vestiu-o os dois anos seguidos com ligeiros arranjos. Também há quem compre fato de cavaleiro e peça um cavalo emprestado para desfilar uma vez por ano e o capricho fica dispendioso. A paixão pelos toiros e cavalos leva regularmente Ricardo Oliveira à Casa Prudêncio onde está por influência do amigo e maioral Lúcio Perinhas. Chega a ajudar a transportar cabrestos em altura de corridas de toiros. Não recebe

Diogo Serrão assim fará, tal como manda a tradição. Esta é uma regra de ouro para o cavaleiro. Aparecerá por isso na sua jaleca clara, para afastar o calor, se o tempo estiver de feição. O colarinho da camisa, que já vai para 20 anos, será unido com quatro abotoaduras douradas (mais duas em baixo) que herdou do pai, professor de equitação

dinheiro pelo trabalho que faz. O mesmo acontece com cada participação na festa de Benavente. “Assim se vê quem corre por gosto sem precisar de ter nada em troca”, desabafa. Mesmo assim o desfile chega a juntar 200 cavaleiros, campinos e outros elementos trajados e à procura de convívio. É esse ingrediente que leva todos os anos Diogo Serrão, 56 anos, criador de cavalos, a Benavente. Percorre outras festas do Ribatejo com as montadas da Quinta da Charnequinha, na Torre do Bispo (São Vicente do Paúl - Santarém), onde reside, mas a participação na Festa da Amizade tem um gosto especial. A vila ribatejana abre as portas no desfile de sábado, 25 de Junho, em direcção ao Largo do Calvário, a quem vier devidamente trajado. Diogo Serrão assim fará, tal como manda a tradição. “Ou se vai bem trajado ou mais vale aparecer à civil”, desvenda. Esta é uma regra de ouro para o cavaleiro.

Aparecerá por isso na sua jaleca clara, para afastar o calor, se o tempo estiver de feição. O colarinho da camisa, que já vai para 20 anos, será unido com quatro abotoaduras douradas (mais duas em baixo) que herdou do pai, professor de equitação. As calças, também com duas décadas, estarão perfeitamente engomadas. Se o tempo torcer o nariz, o cavaleiro amador, amante das tradições ligadas à festa, vestirá a jaleca de abafo azul apesar de avisado pela esposa de que a peça de roupa, de tão gasta, não resistirá a outra limpeza. É uma relíquia que usa desde os 16 anos. O tempo passou mas não pelo físico do criador de cavalos que mantém o corpo dos seus tempos de juventude. As botas serão as velhinhas castanhas mas mesmo assim de se lhe tirar o chapéu. Os cavalos e éguas, como a “Uva”, que trouxe à feira da agricultura, levantam poeira a que não conseguem escapar os cavaleiros mais rápidos. Ainda assim as piores nódoas costumam cair nas alvas meias dos campinos, a que se seguem as pragas rogadas pelas mulheres dos homens de colete encarnado, a quem cabe normalmente a árdua tarefa de as lavar a tempo do próximo desfile.


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Mesmo em tempo de crise há sempre alguém que resiste São pessoas positivas as que O MIRANTE entrevistou. Têm consciência da gravidade da actual situação mas não baixam os braços nem desistem. É em tempos de dificuldades que se vê a têmpera das gentes. E a avaliar pelas respostas que nos deram, as gentes do concelho de Benavente são determinadas e lutadoras. E no meio da luta não esquecem os momentos de convívio proporcionados por festas como a Festa da Amizade.

Alfredo Galveia, 67 anos, empresário

“Muita cabeça e os pés bem assentes no chão”

Emídio Salvador, 46 anos, empresário

“É preciso sermos positivos” “O pessimismo não resolve a crise”. A opinião é de Emídio Salvador, empresário do Porto Alto, que garante que a crise tem uma solução: trabalhar mais. “Sei que a crise existe mas tenho esperança que ela vá passar. É preciso sermos positivos. Temos de puxar e andar para a frente”, refere. A sua empresa dedica-se

ao ramo da construção mas ultimamente tem apostado mais nas renovações. Por dia trabalha perto de 12 horas e faz de tudo, desde a escrita à vistoria das obras. “Este ano estou a pensar tirar férias como sempre faço, é uma pausa para recuperar. Vou para o sul do país, nada de muito excêntrico”, diz. Na opinião de Emídio Salvador as festas populares servem para mostrar o orgulho das gentes da terra e devem continuar a realizar-se, apesar de todos os problemas.

A crise é uma preocupação grande para Alfredo Galveia. O proprietário da “Farmácia Mendes” no Porto Alto, Samora Correia, confessa estar alarmado com a actual situação da economia nacional mas mostra-se esperançado na retoma. “A farmácia abriu em 1986 e tem vindo sempre a evoluir, mesmo com todas as circunstâncias dos altos e baixos da saúde da região. Temos avançado com os pés bem assentes no chão

e com muita cabeça”, diz. Alfredo Galveia dedica boa parte do seu dia à farmácia. “Fazemos muito atendimento ao público, procuramos servir as pessoas o melhor possível, resolvendo-lhes problemas que muitas vezes deveriam ser resolvidos pelos médicos e enfermeiros, que aqui no Porto Alto não há”, lamenta. Quanto a férias, confessa que este ano não deve “sair” mas vai parar uns dias para descansar. Não é um grande apreciador das festas mas garante que ajuda sempre no que pode porque, refere, “é um evento importante aqui da região”.

Luís Braga, 56 anos, empresário

“É preciso muita ginástica” O agravar da crise económica tem obrigado a liderança da Sociedade das Silveiras, em Samora Correia, a fazer uma gestão mais rigorosa do dia-a-dia. “Preocupa-me muito e temos sentido grandes dificuldades. Temos fé que as coisas melhorem mas esta actividade está muito complicada. É preciso muita ginástica para ter as contas equilibradas, até mesmo na coudelaria temos sentido uma diminuição da venda de

cavalos”, lamenta Luís Braga. Constituída em 1944 a sociedade tem-se dedicado à produção leiteira, agro-pecuária e agricultura. “Em 2000 adquirimos uma propriedade que era do toureiro Vitor Mendes onde hoje produzimos gado”, refere. A coudelaria tem ganho vários prémios nos últimos anos. “Mesmo com todo este trabalho vou passar férias, devo ir para a zona alentejana”, confessa Luís Braga. Quanto às festas populares diz que são indispensáveis. “Gosto de ir sempre que posso. Gosto do ambiente. E é bom encontrar os amigos e conviver”.


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Ilda Arvano, 58 anos, empresária

“Tenho esperança nos jovens e na sua capacidade” Os jovens são o futuro e serão eles o principal motor de desenvolvimento do país para superar a crise. A opinião é de Ilda Arvano, empresária do Porto Alto, Samora Correia. “Já passei por várias crises no passado e conseguimos sobreviver a todas elas. A crise actual preocupa-me mas estou cheia de esperança no futuro e na gente nova, porque até aqui não se vislumbra nenhuma luz ao fundo do

túnel”, lamenta. A sua empresa dedica-se à venda de sacos e especialmente na criação de fardamentos para empresas, creches e serviços públicos. Chega a trabalhar 14 horas por dia para manter o negócio. “Nunca costumo tirar as férias que as outras pessoas. Tiro por vezes uns fins-de-semana prolongados mas nunca muito longe porque os clientes podem precisar de mim”, explica. Ilda gosta das festas de Samora Correia, defende a sua importância e garante que está sempre presente. “Vou lá sempre, não quer dizer que lá esteja a toda a hora mas gosto de ir e ver”, refere.

Carlos Samora, 55 anos, empresário

“A restauração continua a ser um bom negócio” A actual conjuntura económica não é algo que incomode Carlos Samora, proprietário do restaurante a Coudelaria, no Porto Alto, Samora Correia. “Felizmente por aqui ainda não sentimos muito a crise e a restauração ainda vai sendo um bom negócio. Tudo parte também da qualidade e da simpatia com que recebemos os clientes que tratamos como amigos”, justifica. Diz que trabalha perto de 20 horas por dia no restaurante. “Trabalhamos

a sério para podermos ter êxito. O restaurante que dirige está integrado no espaço da centenária Companhia das Lezírias, fundada em 1836. A ementa tem várias ofertas diárias mas a principal é uma lista fixa com destaque para as carnes bravas. Carlos Samora confessa que vai gozar férias este ano para carregar as baterias e que gosta das festas populares embora este ano não deva participar. “Estamos aqui agarrados ao trabalho e sem hipótese de estarmos presentes, mas adoraria ir”, refere. Considera que as festas são importantes para preservar a tradição.


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