FESTA DOS TABULEIROS - TOMAR

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30 JUNHO 2011 | O MIRANTE É o “Cortejo dos Rapazes” no domingo, 3 de Julho, que vai captar a maior atenção durante o próximo fim-desemana. Tem início pelas 10h00, a partir da Mata dos Sete Montes, e conta com a participação de crianças do ensino pré-escolar

TRADIÇÃO. De quatro em quatro anos a cidade enche-se de milhares de pessoas

Em Tomar não há festa como esta Quinta do Bill, Tony Carreira e Deolinda no cartaz musical da Festa dos Tabuleiros Na sexta-feira, 8 de Julho, inicia-se o fim-de-semana principal da festa com o cortejo do mordomo a realizar-se ao final da tarde, seguindo-se a abertura, já de noite, das ruas populares ornamentadas que podem ser visitadas pela população.

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Festa dos Tabuleiros começa no sábado, dia 2 de Julho, com várias actividades. A partir das 09h00 tem lugar uma exposição de automóveis antigos, junto

Filarmónica Fraude actua a 9 de Julho Os espectáculos musicais vão ser uma constante na festa. Este ano todos os concertos realizam-se no Estádio Municipal de Tomar. A abrir com a prata da casa, os Quinta do Bill” actuam na sexta-feira, 8, pelas 22h30. Também actua a banda tomarense “FH5”. No sábado, 9 de Julho, é a vez de Mickael Carreira actuar, pelas 22h30. Uma hora antes, mas no Cine-Teatro Paraíso, actua a Filarmónica Fraude. No domingo, dia do Cortejo principal, a atracção é o popular cantor Tony Carreira que dá um

à piscina municipal Vasco Jacob, organizada pelo Automóvel Club de Tomar. À mesma hora tem lugar um torneio de vólei, no Mouchão Parque, e um torneio de ténis no Complexo Desportivo de Tomar. Pelas 10h00, arranca a edição do Tomar BRniCKa Lego Fan Event”, no Pavilhão Municipal Cidade de Tomar. Nesse mesmo dia vão ser inauguradas algumas exposições de alunos das escolas básicas de Tomar. Às 15h30, é inaugurada uma exposição de fotografia de António Passaporte, dividida pela Galeria IPT, na av. Cândido Madureira, pela Casa dos Cubos e pela Casa Vieira Guimarães intitulada “Num dia… mui-

concerto a partir das 22h00. O espectáculo de encerramento da Festa dos Tabuleiros está a cargo dos Deolinda que actuam no Estádio Municipal na segunda-feira, 11 de Julho, pelas 22h00. Outros sons mais alternativos vão soar, sempre a partir das 22h00, no Coreto da Várzea Pequena. No sábado, 2 de Julho, por exemplo, tem lugar um concerto de música dos anos 80, animado pelos DJ Paulino Coelho da RR; DJ M. Graça e DJ Hang The DJ’s. Aliás, a animação musical no Coreto da Várzea Pequena, denominada “Noites do Coreto”, vai ser uma constante em quase todos os dias em que decorre a festa.

tos dias…! Pelas 21h00, destaque para o desfile dos ranchos folclóricos no âmbito do 27.º Festival Nacional de Folclore, desde a Rua Marquês de Pombal até à ponte velha. Mas é o “Cortejo dos Rapazes” no domingo, 3 de Julho, que vai captar a maior atenção durante o próximo fim-de-semana. Tem início pelas 10h00, a partir da Mata dos Sete Montes, e conta com a participação de crianças do ensino pré-escolar, que levam um cestinho, e do 1.º ciclo que já levam um tabuleiro à sua dimensão. Este é sempre um momento de especial emoção para pais, familiares e outros visitantes que se encontram a assistir. Os meninos descem a Av. Cândido Madureira, contornam a rotunda Alves Redol em direcção à Rua Everard (Levada)

para subirem a Rua Serpa Pinto, terminando na Praça da República. Retomam de novo o caminho para a Mata dos Sete Montes onde os familiares os vão buscar. Pelas 15h30 de domingo é lançado na sede Comissão da Festa (Casa Vieira Guimarães) o livro “Festa dos Tabuleiros de Tomar” da autoria de Isabel Santinho. A tarde é dedicada aos mais pequenos com um programa de animação infantil que decorre no Mouchão Parque. Na segunda-feira, 4 de Julho, destaque para a “Noite de Fado” que se realiza no Mouchão a partir das 21h00. O Cine-Teatro Paraíso recebe, nesse dia, a partir das 21h30, um espectáculo de jazz pela banda “Dixie Gringos”. Na terça-feira, 5 de Julho, o destaque é para o concerto que a Banda Filarmónica Gualdim Pais, a partir das 21h00, no Mouchão. No dia 6 de Julho, a mesma colectividade leva a palco também no Mouchão “A grande festa” uma mostra coreográfica. Na quinta-feira, 7 de Julho, destaque para a actuação do Fanfarra “Drama e Beiço”, pelas 21h00 no Mouchão. O Cine-Teatro Paraíso recebe nesse dia, pelas 21h30, o musical “Ar de Festa” pela Oficina de Teatro e coro da Canto Firme, espectáculo que repete no dia seguinte, à mesma hora. Na sexta-feira, 8 de Julho, inicia-se o fim-de-semana principal da festa com o cortejo do mordomo a realizar-se ao final da tarde, seguindo-se a abertura, já de noite, das ruas populares ornamentadas que podem ser visitadas pela população. No sábado, 9, realizam-se cortejos parciais dos tabuleiros. O cortejo principal tem lugar na tarde de domingo, 10 de Julho. Para segunda-feira, 11 de Julho, está previsto o momento derradeiro da festa que consiste na distribuição do Bodo. Este ano a carne a distribuir vai ser oferecida pelo Continente

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O MIRANTE | 30 JUNHO 2011

“Ensaio de um Musical Aqui há gato” resulta em donativo de dois mil euros para a Festa dos Tabuleiros

GERAÇÃO. Crianças vestiram-se a rigor e mostraram que estão prontas a assegurar o futuro da festa

Festa dos Tabuleiros evocada em final do ano lectivo na Junceira Num paralelismo com o que acontece na cidade, foram inauguradas três ruas ornamentadas na sede dessa freguesia, com desfiles que emocionaram a assistência. Agrupamento de escolas Gualdim Pais, Jardim de Infância, Escola Básica n.º 1 e Lar de São Mateus, na Junceira, Tomar, uniram-se na passada semana para “viver” a Festa dos Tabuleiros comovendo a assistência. Pelas 18h30 já se ouvia o grupo dos Gaiteiros de Carregueiros pelas ruas da sede de freguesia, com o cortejo a ser liderado pelo mordomo da Festa dos Tabuleiros de 2011, João Victal, ladeado pelo presidente da junta, Américo Pereira, e outros convidados. Eram seguidos por muitos pais, encarregados de educação, crianças e espectadores de todas as idades. Num paralelismo com o que acontece na cidade de Tomar, foram inauguradas três ruas ornamentadas: a Rua da Vinha (no Jardim-de-infância), a Rua das Hortênsias (no Lar São Mateus) e a Rua do Olival (na EB1 Junceira). A comitiva ficou surpreendida com o empenho dos professores, auxiliares e alunos, alguns dos quais que trajaram a rigor, evocando o Cortejo dos Rapazes que tem lugar já no domingo, 3 de Julho. Um momento particularmente emocionante foi quando as crianças entraram no átrio do Lar de São Mateus, onde os idosos os aguardavam sentados, batendo palmas à sua passagem. A ideia partiu das professoras Dília Cunha, Rita Casquilho, Eugénia Rocha e Dora Marques que, ao longo do ano lectivo, desenvolveram o plano anual de actividades em redor do tema “Viver a Festa”, que teve como objectivo “tra-

balhar a Festa dos Tabuleiros em toda a sua dimensão”. Desde a confecção do pão, das flores, dos cestos, à plantação do trigo e ao simbolismo de cada elemento os alunos aprenderam, ao longo do ano lectivo, toda a história e tradição de um povo que honra o Divino Espírito Santo sempre que, de quatro em quatro anos, realiza a sua tradicional Festa dos Tabuleiros. Para além das ruas ornamentadas, foram apresentados trabalhos realizados ao longo do ano, não só pelos alunos do Jardim-de-Infância e Escola Básica do 1.º Ciclo como também por toda a comunidade como, por exemplo, utentes do Lar de São Mateus, Associação de Pais e Junta de Freguesia. Destaque para uma representação de um desfile dos tabuleiros em miniatura, onde foram coladas na cara dos bonecos fotos, por exemplo, do mordomo, situação que levou João Victal a reagir com uma gargalhada. “Esta mostra é o resultado de um vasto trabalho realizado quer a nível da pesquisa das tradições e memórias, quer ao nível da reciclagem de materiais em expressão plástica para a confecção das peças que fazem parte da exposição”, referem as dinamizadoras, que agradeceram a todos os colaboradores que foram “incansáveis” na preparação desta iniciativa. A festa de encerramento do ano lectivo na Junceira, que contou com muita música, terminou com a entrega de diplomas e fitas aos alunos finalistas, após o que se entoou o hino da Junceira, uma das dezasseis freguesias do concelho que já vibra com o momento

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DONATIVO. Celeste Sousa entregou o donativo a João Vital na sede da Comissão da Festa A Escola Secundária Santa Maria do Olival (ESSMO) em Tomar, representada pela sua directora Celeste Sousa, entregou na quinta-feira, 16 de Junho, ao mordomo da Festa dos Tabuleiros 2011, João Vital, um donativo de dois mil euros, verba angariada com as receitas do espectáculo “Ensaio de um Musical - Aqui há Gato”. A peça, encenada por Ana de Carvalho, com coreografias de Fausto e Shirin Matias e canções originais e direcção musical de José Morgado, levou cerca de 2500 pessoas ao Cine-Teatro Paraíso, esgotando as seis sessões realizadas. “É um gesto que recebemos com todo o gosto porque representa não só um valor material, que faz sempre muito jeito à Festa, mas pelo valor que demonstra a envolvência das escolas, neste caso a ESSMO, na Festa dos Tabuleiros”, disse João Vital a O MIRANTE, salientando que a envolvência das escolas na festa maior do concelho de Tomar é algo que

a Comissão tem vindo a batalhar nas últimas festas. De há alguns anos para cá que a ESSMO realiza um espectáculo de fim-de-ano, que envolve 200 actores e figurantes. Habitualmente não cobram bilhete, optando por oferecer o espectáculo à comunidade. “Como estamos em ano de Festa dos Tabuleiros, a Ana (de Carvalho) teve a ideia de fazermos uma bilheteira simbólica e que a receita revertesse para a comissão da festa dos tabuleiros. Achei uma excelente ideia e aplaudi”, explicou Celeste Sousa. Ana de Carvalho, encenadora, diz que não há fórmula mágica e que o sucesso da peça deriva do elevado número de participantes e de quem vê o espectáculo, gosta e passa a palavra. “O facto de a sala estar cheia acaba por funcionar como pressão para quem se está a expor em cima do palco, ainda por cima sem experiência, mas ao mesmo tempo é um estímulo”, disse.

Tabuleiros em exposição na Escola Básica dos Templários A Escola Básica com Jardim de Infância dos Templários, em Tomar, inaugura na sexta-feira, 1 de Julho, pelas 21h00, nas suas instalações, a exposição dos mais de 60 tabuleiros e cestinhas que os seus alunos irão levar no domingo, dia 3 de Julho, no “Cortejo dos Rapa-

zes”. A exposição vai estar aberta nessa noite até às 22h30 e ainda durante o sábado, em horário a comunicar. O evento conta com a presença do mordomo da festa, João Victal, divulgou Carlos Trincão, coordenador do estabelecimento de ensino.


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Festa dos Tabuleiros deve continuar a ser de quatro em quatro anos Se a Festa dos Tabuleiros se realizasse anualmente podia haver uma perda de qualidade e grandiosidade da iniciativa mais importante de Tomar. A população tem um grande orgulho na festa e empenha-se para que tudo corra bem. Mesmo quem não usa ou nunca tenha ouvido a expressão “dar o bodo aos pobres”, sabe que a festa termina sempre com a distribuição de alimentos a famílias carenciadas. Quanto às quatro bonecas

de aço que simulam uma silhueta de uma mulher com o tabuleiro à cabeça, colocadas recentemente na rotunda Alves Redol, a principal da cidade, as opiniões dividem-se: uns gostam mas outros confessam a sua indiferença. Em época de crise aproveitámos para perguntar se Portugal estaria melhor se voltasse a ter o escudo como moeda, mas a maioria considera que não é a mudança de moeda que vai resolver os problemas. Ludovico Rosa, 67 anos, professor aposentado

“Crise não é motivo para se regressar ao Escudo”

Fernando Simões, 35 anos, empresário da restauração

Elisabete Costa, 43 anos, cozinheira

“Dar o bodo aos pobres é a expressão da festa”

“Não há melhor maneira de terminar a festa do que a dar o bodo aos pobres”

Fernando Simões concorda com o facto da Festa dos Tabuleiros se realizar apenas de quatro em quatro anos. “A festa é muito bonita e cada vez que a gente acaba uma festa ficamos com vontade de fazer outra. Mas é dispendiosa e trabalhosa para a população e se fosse anual acabava por ficar vulgarizada. Assim, há pessoas que ficam na expectativa”, sustenta. Quanto à ornamentação da rotunda Alves Redol com as bonecas dos tabuleiros diz que “gostou de ver” pelo que deviam lá ficar definitivamente. Formado em Economia, é da opinião que trocar o euro pelo escudo era “um passo atrás” que se dava e não era esta a solução para a resolução da crise. Fernando Simões conhece desde sempre a expressão “dar o bodo aos pobres” e considera que esta é “a expressão” da festa. “Normalmente, na minha actividade, explicamos aos turistas que no último dia é entregue a carne e o pão aos pobres na Praça da República”, explica o empresário que, curiosamente, gere o restaurante com o nome “Tabuleiro”.

Concorda que a Festa dos Tabuleiros se realize de quatro em quatro anos porque “dá imenso trabalho a organizar” e considera que não há melhor maneira de terminar a festa do que a “dar o bodo aos pobres”, nomeadamente a carne, o pão e o vinho. Conhece a expressão mas admite que nunca a empregou em conversas. Elisabete Costa, cozinheira no Restaurante “Convento do Leitão”, confessa que ainda não viu as bonecas colocadas na rotunda Alves Redol mas, pelo que as pessoas lhe dizem, acha que está giro. “Já ouvi críticas é de que em algumas ruas só têm bandeiras até ao meio e os moradores ficam desiludidos com isso”, acrescenta. Contrariamente à opinião dos outros inquiridos, considera que era benéfico para os portugueses voltarem a utilizar o escudo como moeda. “O euro veio dar cabo da economia. Gostava mais do tempo do escudo. As pessoas conseguiam viver melhor”, atesta.

Em tempos de crise Ludovico Rosa diz que as pessoas estão pouco informadas sobre o que levou à situação em que o país se encontra. “As pessoas só sabem que têm que apertar o cinto”. Mas isso, considera, não é motivo para que Portugal saia do Euro, pelo que entende que regressar ao escudo era um “desastre”. O professor sabe que no final da Festa dos Tabuleiros se dá uma peça de carne e pão às pessoas com necessidades e que isso reflecte a expressão “dar o bodo aos pobres” que também já utilizou em conversas. Para Ludovico Rosa a Festa dos Tabuleiros era complicado organizar a festa anualmente a não ser que, tal como no Carnaval do Brasil, assim que terminasse começassem logo a preparar a próxima. “A Festa tem muito mais realce e força de quatro em quatro anos porque, sendo melhor preparada, há possibilidade de ser mais interessante a todos os níveis”, refere. Em relação às bonecas que foram colocadas na rotunda refere que, apesar de ter lá passado de carro, não lhes prestou muita atenção. “Já as vi em fotografias e, na minha opinião, não gosto de ver ali as bonecas. A festa é demasiado séria para ter apenas umas bonecas ali pelo que se devia fazer um estudo sério para encontrar uma solução ou outro símbolo”, opina.


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“A festa representa um investimento muito grande” António Nunes da Silva confessa que não conhece a expressão “dar o bodo aos pobres” mas sabe que a Festa dos Tabuleiros acaba sempre com a distribuição do pão e outros alimentos. António da Silva defende que faz sentido a festa acontecer apenas de quatro em quatro anos. “Está bem assim porque representa um investimento financeiro muito grande. Vale mais termos uma festa bem-feita do que uma menor e que pode dar prejuízo ou criar dívidas”, refere. Diz que já passou pela rotunda Alves Redol mas que nunca reparou

António Nunes da Silva, 51 anos, empresário da construção civil nas bonecas evocativas da Festa dos Tabuleiros que lá foram colocadas. Lamenta é “os milhões” que ali foram gastos pela autarquia

tomarense e que as empreitadas sejam sempre atribuídas a empresários de fora do concelho.

“O escudo trazia-nos muitas vantagens” Já ouviu a expressão “dar o bodo aos pobres” e sabe que consiste em distribuir pelos mais carenciados alimentos angariados com a festa. Em relação à periodicidade da festa, Rosária Nunes, tem uma opinião muito clara: “Se não fosse de quatro em quatro anos já não era a Festa dos Tabuleiros”. Já passou na rotunda Alves Redol e viu as bonecas mas confessa que a sua reacção pautou-se pela indiferença uma vez que pensava que fossem colocados elementos que fossem identificados de forma mais directa com a Festa dos Tabuleiros. Numa altura em que

Rosária Nunes, 32 anos, empregada de papelaria a economia está a passar por maus momentos, a hipótese dos portugueses voltarem a ter o escudo como moeda é encarada com desconfiança por Rosária

Nunes. “Neste momento, não acho que fosse benéfico. O escudo trazia-nos muitas vantagens mas já que mudámos temos que continuar”, disse.


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Sérgio Baptista, 33 anos, empresário

Odete Rovisco, 66 anos, empresária Estalagem Santa Iria

“A essência da festa é a partilha do fruto da terra pelos pobres”

“Gostava mais de ver um Tabuleiro na Rotunda”

O empresário Sérgio Baptista, que gere um sector de cópias, papelaria e um café, considera que era difícil fazer a Festa dos Tabuleiros anualmente devido à sua dimensão. “De dois em dois anos talvez fosse expectável mas não me repugna nada que seja de quatro em quatro anos uma vez que envolve meios e a população da própria cidade de uma forma massiva”, considera, acrescentando que se fosse anual poderia cansar quem ajuda a fazer a festa, todos eles voluntários. “A essência da festa é a partilha do fruto da terra pelos pobres e, com as dificuldades que vivemos nos dias de hoje cada vez tem mais lógica este tipo de iniciativa”, defende Sérgio Baptista, sobre a expressão “dar o bodo aos pobres”. Em relação à hipótese de mudarmos do euro para o escudo revela alguma desconfiança da eficácia da medida. “Sempre que há mudança de moeda há sempre alguém que se aproveita. É uma falácia. Hoje em dia pegam-se em pormenores para justificar muitas situações que tenham real importância que lhe dão. A crise que atravessamos agora é, sobretudo, social”, acredita.

Odete Rovisco já viu as bonecas que foram colocadas na Rotunda Alves Redol para assinalar a Festa dos Tabuleiros e considera que é uma boa forma de divulgar a iniciativa numa zona de passagem. Já lá esteve um tabuleiro colocado, o que para mim era lindo. As bonecas são bonitas mas falta ali mais qualquer coisa”, opina. Avisa que não tem conhecimentos suficientes para aferir se o escudo seria mais vantajoso do que o euro mas sabe que com o escudo os portugueses viviam melhor. Mas não sabe se voltar atrás e, perante a união europeia, isso seria melhor para Portugal. A empresária sabe o que significa “dar o bodo aos pobres” . “Antigamente era o animal que ia no cortejo que se matava para que a carne fosse distribuída mas agora acho que já não é assim”, diz Odete Rovisco, empresária que detém a concessão da Estalagem de Santa Iria, no Mouchão Parque. E considera que a Festa dos Tabuleiros perdia qualidade se fosse realizada anualmente pelo que deve manter-se de quatro em quatro anos. “Se fosse anual nem as pessoas participavam com tanto fervor e amizade”, defende.

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“Se a festa fosse anual dinamizava-se mais o comércio” Pedro Santos diz que, por um lado, era bom que a festa dos Tabuleiros fosse anual porque ajudava a dinamizar, por exemplo, o comércio da cidade mas, por outro, com o trabalho que dá compreende que se realize apenas de quatro em quatro anos. O gerente do Café Paraíso conhece bem a expressão “dar o bodo aos pobres” especialmente por causa da festa dos Tabuleiros. Gosta de ver as bonecas na rotunda Alves Redol, até porque são um símbolo da festa numa das

Pedro Santos, 42 anos, empresário principais rotundas da cidade. Em relação ao facto de voltarmos ao escudo considera que era dar um passo atrás. “Temos é que tentar acompanhar

o barco e não abandoná-lo. Temos que melhorar a nossa competitividade senão nunca mais chegamos lá”, aponta.

“Não é a mudar para o escudo que se resolve a crise” “A festa está muito bem assim, a realizar-se de quatro em quatro anos”, defende Sílvia Teles, empregada da padaria Combatente, acrescentando que é uma festa que dá muito trabalho mas que tudo fica preparado como deve ser. Conhece a expressão “Dar o Bodo aos pobres” e por isso sabe que consiste na distribuição do pão e da carne pelas pessoas mais necessitadas e que acontece sempre no dia seguinte à festa terminar. Gosta de ver as bonecas na rotunda mas considera que deviam ser feitas

Sílvia Teles, 46 anos, empregada de padaria de outro material. “Como são de aço são muito escuras e parecem velhas mas ficam lá bem e já não deviam ser retiradas. Voltar ao escudo é que nem pensar. “Agora já nos habitu-

amos ao euro e teríamos que ensinar novamente aos nossos filhos a usar a moeda antiga. Não é por aí que se resolve a crise”, considera.


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