FESTA EM HONRA DE NOSSA SENHORA DE OLIVEIRA E NOSSA SENHORA DE GUADALUPE_SAMORA CORREIA

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18 AGOSTO 2011 | O MIRANTE

Seis dias de música, dança e festa brava em Samora Correia Festas em Honra de Nossa Senhora de Oliveira e Nossa Senhora de Guadalupe decorrem de 18 a 23 de Agosto Ruth Marlene vai ser a rainha da música em Samora Correia, concelho de Benavente. As entradas de toiros, os encierros e as corridas garantem o resto da animação das Festas em Honra de Nossa Senhora de Oliveira e Nossa Senhora de Guadalupe que decorrem de 18 a 23 de Agosto.

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cantora popular Ruth Marlene é a estrela musical de mais uma edição das Festas em Honra de Nossa Senhora de Oliveira e Nossa Senhora de Guadalupe que decorrem de 18 a 23 de Agosto, em Samora Correia, no concelho de Benavente. O espectáculo está marcado para a noite de domingo, a partir das 23h00. Uma hora antes o duo Daniel Matos vai assegurar a animação. Um concerto com as bandas da Sociedade Filarmónica União e Progresso Madalense e Sociedade Filarmónica União Samorense está marcado para o primeiro dia de festa, quinta-feira, 18 de Agosto, às 22h00. Uma hora depois soa o som do grupo “Ritmo Certo”. Na sexta-feira, às 22h00, há arraial popular como grupo “Jat’digo” e a partir da 1h00 espectáculo com David Antunes and the Midnight band.

O festival de folclore arranca no sábado a partir das 21h00. Participam o Grupo Etnográfico Samora e o Passado (Samora Correia); Grupo Folclórico do Centro Cénico da Cela (Alcobaça); Grupo Folclórico “As varinas de Ovar” (Ovar); Grupo de Danças e Cantares de São Pedro de Maceda (Ovar); Rancho Folclórico Ceifeiras e Campinos da SFUS (Samora Correia) e Rancho Folclórico de Avis (Avis). Sábado é noite da sardinha assada. Os fogareiros acendem-se e às 21h30 começam a ser distribuídas as 25 mil sardinhas, o pão e o vinho. Haverá animação de rua com a banda taurina “Os Marialvas” e o cavalinho musical da SFUS. Às 22h00 há fado amador na Fonte dos Escudeiros e a partir das 23h00 arraial popular com o grupo “Madeira Show”. Toiros nas ruas A primeira entrada de toiros com campinos e lavradores a cavalo está marcada para as 19h00 de 18 de Agosto, quinta-feira. Volta a repetir-se na sexta-feira à mesma hora. Às 10h00 de 19 de Agosto, sexta-feira, realiza-se um encierro com os toiros da corrida de homenagem póstuma ao forcado Rogério Domingos, que está marcada para as 22h00 de sexta-feira. No sábado, às 10h00, há prova de condução de jogos de cabrestos e prova de perícia de campinos no terreno cedi-

Cortejos, procissões e missas Na quinta-feira, às 21h00, há cortejo de cavaleiros amadores (trajados a rigor) a acompanhar as imagens de Nossa Senhora de Guadalupe desde a capela do Porto Alto e de São João Baptista e desde a capela dos Arados até à Igreja Matriz de Samora Correia com a participação da banda da SFUS. Às 21h30 realiza-se a procissão do Senhor Jesus da Igreja da Misericórdia para a Igreja Matriz acompanhada com a banda da SFUS. Às 19h00 de sexta-feira há missa na Igreja Matriz de Samora Correia. À mesma hora no sábado realiza-se outra missa. No domingo a concentração de campinos e cavaleiros amadores trajados a rigor para o cortejo de Nossa Senhora de Alcamé, junto à Residencial São Lourenço, é as 15h30. Meia hora depois sai o cortejo com a participação das bandas de música.

do por Pedro Casquilho, frente à sede da ARCAS. Para as 15h30 está marcada a concentração de campinos, marialvas e cavaleiros amadores trajados a rigor, ranchos folclóricos e convidados junto às bombas de gasolina. O desfile etnográfico, desde a Avenida “O Século” até ao largo “25 de Abril”, começa às 16h00. Uma hora depois decorre a homenagem ao campino 2011 que vai prestar tributo a José Carlos Semeador (José Moleiro). Às 18h30 há passagem de toiros na Avenida “O Século”, seguida de largada no largo 25 de Abril. Os toiros voltam a sair à rua às 2h00 com campinos e lavradores a cavalo. Domingo, 21 de Agosto, dia da padroeira, há prova de campo às 10h30 com maneio de gado bravo. Inclui marcação de bezerros, no terreno frente à ARCAS, e uma prova com prémio para campinos e cavaleiros. No Dia do Emigrante, 22 de Agosto, a entrada de toiros realiza-se às 19h00. O arraial popular está marcado para as 22h00, na Praça da República, com o grupo “Sentido Obrigatório”. A corri-

da é às 22h00 com concurso de pegas e prémio para a melhor lide. Na madrugada de 23 de Agosto, terça-feira, as largadas decorrem às 2h00 da manhã. Terça feira, às 22h00, realiza-se ainda o espectáculo “Emoções Ibéricas” com cavalos, sevilhanas e fogo na Praça de Toiros.


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A atracção fatal pelos toiros As festas de Samora Correia são em honra de duas Santas, Guadalupe e Nossa Senhora da Oliveira mas por muito milagreiras que aquelas divindades possam ser, não conseguem dar protecção a tantos e tão variados espontâneos que saltam para a frente dos toiros bravos a todo o momento para mostrarem a sua coragem e os seus dotes de toureiros e forcados amadores. A componente taurina das festas faz das mesmas uma das “mais bravas” e também “mais perigosas” da região.

Emídio Salvador, 46 anos, sócio-gerente de empresa de construção civil, Porto Alto

Festas promovem encontro com emigrantes

Cristina Amaro, 58 anos, empresária, Benavente

Laura Cruz, 47 anos, comerciante, Porto Alto

Medo de sair quando um toiro anda à solta

Comer sardinha assada de calças de ganga e ténis

“Quando vim morar há 20 anos para Benavente fiquei espantada quando vi que estavam a dar vinho e sardinha nas ruas. Não acreditei porque ninguém dá nada a ninguém”, começa por contar Cristina Amaro, natural de Mafra. Só conseguiu ir uma vez, há muitos anos, às festas de Samora Correia. Não regressou por falta de vontade, mas porque sai sempre muito cansada do trabalho. “Há dois anos que não tenho férias. Entro sempre às 7h00 ou antes e só saio às 20h00”, revela a proprietária do Ribaleitão. As largadas de toiros não lhe dizem muito e quando sabe que anda um toiro à solta nas ruas tem sempre medo de sair. “Embora eu não aprecie as touradas, gosto muito de reparar nos miúdos que desde pequenos já trazem o toiro no coração”, conta. Mesmo não indo às festas, admite que são muito importantes para trazerem animação especialmente as pessoas que não têm oportunidade de ir de férias e estão desejosas que chegue este período para poderem viver o toiro.

Nascida e criada no Porto alto, Laura Cruz lembra-se de ir sempre com um vestido novo para as Festas de Samora Correia e só regressar a casa de manhã. Os tempos mudaram, mas a comerciante continua a ser presença assídua nas Festas de Samora Correia. Vai de calças de ganga e ténis comer a sardinha assada e aguenta-se ainda até às três ou quatro da manhã, assegura. O que mais a aflige são as largadas de toiros à noite. “Vejo muitos jovens com excesso de álcool a provocarem o toiro e como sou mãe fico sempre com um aperto no coração”, revela. O desfile etnográfico e a componente religiosa da festa em honra da Nossa Senhora de Oliveira e da Nossa Senhora da Guadalupe são o que mais a cativa. Estes dias servem também para se encontrar com os amigos de longa data e colocar a conversa em dia. Mantém a tradição de ir sempre à quermesse comprar uma rifa para contribuir com um donativo para a comissão de festas. “Samora Correia já não vive sem estas festas e, em tempos de crise, são óptimas para trazer algum ânimo a toda a gente”, conclui.

Paula Nunes, 44 anos, Cabeleireira, Samora Correia

Descontracção reina nas festas de Samora Correia Natural de Coruche, mas a viver há mais de uma dezena de anos em Samora Correia, Paula Nunes aprecia muito o à vontade das gentes de Samora Correia.

“Nos dias de festa visto umas calças de ganga, uma t-shirt e ténis para me poder até sentar no chão. Ninguém liga muito à maneira de vestir e andam todos descontraídos”, repara. Todos os anos costuma ir às festas de Samora e aprecia muito as largadas, embora não tenha coragem para entrar na arena. Não aprecia sardinha assada, mas gosta sempre de ter uma em cima de uma fatia de pão para absorver o molho. Nestes dias costuma receber a visita de alguns familiares e amigos de Lisboa para irem todos juntos às festas. Um passeio, um petisco ou uma bebida fazem sempre parte do itinerário. Há 10 anos a seguir estas festas, nota que o nível se vai mantendo e assegura que as pessoas de Samora Correia são completamente “loucas” por estes arraiais. Paula Nunes foi muito bem acolhida por toda a gente de Samora Correia e já sente a terra como sua.

Chegar a casa com os sapatos cheios de areia durante as festas de Samora Correia já é uma tradição para Emídio Salvador. Embora não se aproxime muito dos toiros, faz questão de saltar para dentro da arena. Gosta particularmente das largadas que se realizam à noite. “Às vezes já o sol está alto e nós ainda lá estamos”, deixa escapar. Samora Correia é terra que, na sua opinião, já tem um espaço natural para as largadas. Também não perde uma tradicional ida à barraca das quermesses para contribuir com um donativo, acabando sempre por deixar lá o prémio. Estas festas que se realizam no mês de Agosto são uma excelente oportunidade para rever alguns amigos que estão a trabalhar no estrangeiro e costumam passar este período em Portugal. Mas este ano, Emídio Salvador tem muita pena de não poder marcar presença. “A festa apanha sempre o dia 15 de Agosto e este ano só começam a 18 de Agosto. Como já tinha as férias marcadas, não vou poder ir. Sei de muitos emigrantes que também vão ficar de fora e estão chateados”, revela.

João Pernes, 60 anos, estofador, Porto Alto

Ver as largadas de toiros de longe João Pernes não costuma ir às festas porque o tempo é escasso e, por isso, não sabe ainda se conseguirá visitar a Festa em Honra da Nossa Senhora de Oliveira e da Nossa Senhora da Guadalupe. “Das poucas vezes que vou, do que mais gosto é de beber um copo com os amigos”, revela o estofador que acaba sempre por regressar cedo a casa. Não é muito adepto das largadas e prefere ficar sempre a ver ao longe. “Se me aproximo tenho sempre a tentação de ir para dentro da arena e costuma-se dizer que quem tem calos não se mete em apertos. O melhor é nem me aproximar!”, diz. Uma coisa de que gosta é de comprar uma ou outra lembrança. Mesmo em tempos de crise, assegura que é importante manter todas as festas porque conferem identidade às terras e geram sempre muito movimento.


4 | Festas em honra de nossa senhora da Glória - Glória do ribatejo

Santos e Pecadores e José Malhoa nas Festas de Glória do Ribatejo Festas em honra de Nossa Senhora da Glória realizamse entre 19 e 22 de Agosto Santos e Pecadores, José Malhoa e Santamaria são as principais atracções das tradicionais festas em honra de Nossa Senhora da Glória que este ano decorrem entre os dias 19 e 22 de Agosto, em Glória do Ribatejo, concelho de Salvaterra de Magos. O certame arranca na sexta-feira, 19, pelas 21h00, com distribuição gratuita de sardinha, pão e vinho. Meia hora

foto arquivo O MIRANTE

mais tarde tem início o primeiro festival de Ranchos do Concelho de Salvaterra de Magos. O Rancho Folclórico Regional de Foros de Salvaterra, Rancho Folclórico Os Lusitanos de Marinhais, Rancho Folclórico da Casa do Povo de Glória do Ribatejo, Rancho Folclórico do Granho, Rancho Folclórico As Janeiras de Glória do Ribatejo, Rancho Folclórico da Casa do Povo de Salvaterra de Magos e o Rancho Folclórico da Várzea Fresca são os grupos que participam no festival. A noite continua com os concertos dos grupos Los Camaias (22h30), Nó (00h00) e os R12 (01h30). Caminhada pelas ruas da vila, passeio de BTT e jogos de futebol das velhas glórias são algumas das actividades em que é possível participar e assistir durante a manhã de sábado, 20 de Agosto. Destaque para o lançamento de pára-quedistas no campo dos Carvalhos (14h30), baile com Daniel Matos (21h30) e concerto de Tributo aos Xutos (22h30). A noite termina com o concerto da banda portuguesa Santos e Pecadores (01h00). No domingo, dia 21, pelas 08h30, está marcado o peditório pelas ruas da aldeia para recolher donativos para a comissão de festas deste ano. Pelas 16h00 realiza-se a missa solene na igreja paroquial seguindo-se, pelas 17h30, a tradicional procissão em honra de Nossa Senhora da Glória que todos os anos leva centenas de visitantes à aldeia ribatejana.

Não são santos mas são da Glória e tocam nas festas da sua terra com muito gosto Banda do “Punk Agricultor” troca de vocalista e prepara-se para lançar novo álbum

O nome é no mínimo curioso. Chamam-se R12 e são da Glória do Ribatejo, no concelho de Salvaterra de Magos. A banda que em Junho alcançou o terceiro lugar no Concurso Nacional de Bandas do Entroncamento vai actuar nas Festas em Honra de Nossa Senhora da Glória que se realizam entre os dias 19 e 22 de Agosto, em Glória do Ribatejo. Desde o início da formação da banda, em 2006, só falharam um ano nas festas da terra que os viu nascer para a música. O concerto nas festas da Glória, sexta-feira, 19, vai ser um concerto especial para a banda uma vez que marca a despedida do vocalista Ricardo Modesto que será substituído por Tiago Cardoso que será apresentado nessa noite. Depois disso os R12 querem parar por uns tempos com os concertos. O objectivo é compor novas músicas e lançar um novo álbum antes do final do ano. Cláudio Marques (bateria), Tiago Lopes (guitarra), Mário Abade (baixo), Marcelo Silva (guitarra) e Tiago Cardoso (vocalista) são os elementos dos R12. Têm em comum a paixão pela música. Punk, Punk Rock, Metallica, Ska são os estilos de música que gostam de ouvir

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e de tocar. Todos compõem e é em grupo que decidem as versões finais de cada canção. Nem sempre é fácil chegar a um consenso mas com cedências de todas as partes chegam a bom porto. Só cantam em português. Os grupos Tara Perdida, Mata Ratos e Pesticida são as suas referências a nível nacional. The Clash são uma das bandas estrangeiras preferidas. Os R12 já têm um álbum editado e duas EP’s (gravação longa demais para ser considerada um single e muito curta para ser classificada como álbum). Todos em edição de autor. O álbum lançado em 2008 chama-se Boletim Agricultor. Um nome engraçado que se deve ao facto do grupo ter chamado ao single de promoção “Punk Agricultor”. “Chamamos Punk Agricultor porque somos de um meio rural e lembramo-nos que seria uma ideia engraçada e foi por isso que chamamos o álbum de Boletim Agricultor, para não esquecermos as nossas raízes”, explica Cláudio Marques, baterista da banda. Este álbum foi a rampa de lançamento do grupo que os tornou conhecidos no circuito underground. Foram considerados pela crítica do blog Billy-News o melhor

O último dia de festa começa com a actuação da Sociedade Filarmónica de Muge, pelas 14h30. Às 15h00 realiza-se uma prova de ciclismo seguindo-se as tradicionais cavalhadas, pelas 17h30. À noite baile com Duo Madeira Show (21h30), actuação da banda Bandalizmu (22h00), House Shakers (22h30) e Rodies (00h00). Os Santamaria sobem ao palco às 00h30. As festas encerram com o baile animado por Manuel Monteiro e José Foguete.

álbum alternativo de 2008. “O primeiro álbum e as críticas muito positivas levou-nos a tocar em locais onde nunca pensávamos conseguir como a festa do Avante, a recepção ao caloiro em Santarém e uma mini digressão no Algarve. Depois de termos sido considerados melhor álbum do ano começamos a tocar muito pelo país fora”, explica Cláudio Marques a O MIRANTE. Tanto o álbum como as duas EP’s lançadas são edição de autor uma vez que, dizem, as editoras só apostam em música comercial que sabem que vão vender. O investimento é grande e o retorno não é muito em termos de venda de CD’s mas compensa porque lhes abre as portas para os concertos. E isso dá retorno financeiro. Com a internet torna-se tudo mais fácil. “A internet é um meio de divulgação muito poderoso onde colocamos as nossas músicas e quem gosta ouve directamente do computador. Com a última EP já nem lançamos CD, colocamos directamente na internet e quem quer faz o download gratuito. Queremos é que a nossa música seja conhecida para que surjam convites para concertos”, refere Marcelo Silva.


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FESTAS EM HONRA DE NOSSA SENHORA DA GLÓRIA - GLÓRIA DO RIBATEJO |

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As festas da Glória são tão boas que mesmo as bebedeiras em vez de dar zaragatas reforçam amizades Ouvir falar as gentes da Glória do Ribatejo da sua terra e das suas festas é ouvir declarações de amor em catadupa. E assim como os apaixonados destacam todas as particularidades da sua amada, também os entrevistados de O MIRANTE percorrem as qualidades inigualáveis do que é seu. Até as bebedeiras, dizem, são tão boas,

tão boas, que em vez de redundarem em zaragatas ajudam a reforçar amizades. Claro que todos querem mais e melhor e por isso falam em mais espaços verdes e estradas alcatroadas. Talvez seja por isso que alguns dizem para não se esbanjar o dinheiro todo em folguedos.

Maria do Carmo Ricardo, 53 anos, Empregada de Balcão, Cocharro

Celestino Nunes, 55 anos, Reformado, Glória do Ribatejo

António Pereira, 59 anos, Cabeleireiro, Glória do Ribatejo

Cristóvão Oliveira, Técnico Oficial de Contas, 49 anos, Glória do Ribatejo

“As pessoas da Glória são muito unidas”

“Não são os grandes artistas que trazem os visitantes”

“Sorteio do automóvel devia ser substituído por prémios mais pequenos”

“É importante que o orçamento das festas não aumente”

Maria do Carmo Ricardo não vai a muitas festas mas adora as da Glória do Ribatejo ou não vivesse nesta freguesia ribatejana. Não vai todos os dias ao recinto das festas porque o trabalho não o permite. Mas nos tempos livres gosta de ir ver o que há de novo. “Sempre dá para distrair um bocadinho de um dia inteiro de trabalho”, diz. Empregada de balcão num estabelecimento perto do recinto das festas Maria do Carmo afirma que estes são os melhores dias do ano para o negócio, juntamente com a época do Natal. Maria do Carmo gosta especialmente das festas da Glória porque, diz, apesar de nestes dias ser servida muita bebida não existem zaragatas. “As pessoas são muito unidas e nem é preciso polícia no local. Nunca assisti a brigas o que é de louvar”, realça. Defensora de música popular portuguesa, a empregada de balcão vai tentar ir à porta do café para ouvir “algumas músicas” de José Malhoa. Na sua opinião as festas devem continuar embora o investimento deva diminuir. Os tempos, diz, não estão para grandes investimentos. “Não se tem dinheiro faz-se uma festa mais pequena. Os artistas mais conhecidos levam muito dinheiro por isso podemos optar por artistas que animem a festa mas que cobrem menos dinheiro. Os tempos não estão fáceis para se gastar muito dinheiro”, esclarece.

Agora que está reformado Celestino Nunes diz que “corre” todas as festas do concelho e como bom gloriano que é garante que não vai perder mais uma edição das festas da terra onde nasceu e sempre viveu. À semelhança de anos anteriores conta ir à festa todos os dias. Alguns dos quais começa logo de manhã no recinto das festas onde se encontra com os amigos. “Comemos umas bifanas e bebemos umas imperiais para começar bem o dia mas não podemos abusar porque a idade e a saúde não perdoam”, diz bem-disposto. À tarde dorme a sesta para aguentar a ‘noitada’. Celestino Nunes não prescinde do convívio com os amigos. O reformado confessa que às vezes está no recinto só para não estar em casa a “chatear a mulher”. Defende que a festa deve continuar mas não concorda com a contratação de artistas que vão ganhar “balúrdios” por pouco mais de uma hora de espectáculo. “Não são os grandes artistas que trazem os visitantes, é o convívio. Era preferível ter um artista da região que anime a festa na mesma e não ganha tanto dinheiro”, afirma. Na sua opinião faz falta mais policiamento nas ruas da Glória. “Devia haver mais controlo das coisas que se passam sobretudo à noite”. Defende a continuidade da procissão, uma tradição muito antiga e que atrai muita gente de fora.

António Pereira mora a dois passos do recinto das festas e por isso diz que é quase obrigado a lá dar um ‘saltinho’ todos os dias. Confessa que vai às festas da Glória sempre que pode e aproveita para beber umas imperiais e petiscar com os amigos. É rapaz para ir assistir ao concerto de José Malhoa. “Tem músicas do meu tempo e gosto muito de ouvir música popular portuguesa”, confessa. Apesar das dificuldades financeiras que o país atravessa António Pereira afirma que as festas da Glória devem continuar de modo a manter viva a tradição. Deve-se, no entanto, começar a “apertar” a bolsa e não gastar tanto. O automóvel que todos os anos se sorteia durante as festas era das primeiras coisas com que o cabeleireiro acabava. “Podia-se substituir o carro por prémios mais pequenos mas simbólicos. Não há necessidade de se gastar tanto dinheiro com isso”, refere acrescentando que a procissão é algo do qual não se pode prescindir uma vez que, na sua opinião, é a parte “principal” da festa. António Pereira lamenta o estado em que estão algumas ruas da freguesia e se mandasse mandava alcatroá-las. “A estrada que vai da Glória para o Cocharro está num estado lastimável. Colocar um tapete de alcatrão não é assim tão caro”, afirma.

Apesar de ter visto o grupo recentemente Cristóvão Oliveira não vai querer perder o concerto dos Santos e Pecadores nas festas de Glória do Ribatejo. O Técnico Oficial de Contas (TOC) aproveita os dias de festa para rever e confraternizar com os amigos que não vivem na aldeia onde cresceram e fizeram amizades. “Muitos desses amigos só vêm à Glória nesta altura do ano e aproveitamos os momentos de maior descontracção para convivermos”, explica. Cristóvão Oliveira defende que a festa deve manter-se mas que deve haver uma preocupação para, pelo menos, “não aumentar” o orçamento. Se fosse responsável pela elaboração do orçamento das festas Cristóvão Oliveira reduziria parte da iluminação e repensava os moldes do fogo-de-artifício. “A festa vive das contribuições e, devido à situação económica do país, estas têm vindo a diminuir por isso é importante repensar todos os gastos nas festas dos próximos anos porque os tempos que se avizinham não são fáceis”, afirma. O TOC elogia a pista para correr e fazer caminhadas recentemente construída na Glória mas lamenta que as estradas da freguesia precisem de ser alcatroadas. “Fazem falta tapetes de alcatrão em todas as estradas que estão uma miséria”, salienta, acrescentando que também o posto médico local deveria ser alvo de reforço.


6 | FESTAS EM HONRA DE NOSSA SENHORA DA GLÓRIA - GLÓRIA DO RIBATEJO

João Oliveira, 69 anos, Reformado, Glória do Ribatejo

18 AGOSTO 2011 | O MIRANTE

Artur Ricardo, 59 anos, Comerciante, Cocharro

“A procissão é o ponto alto da festa”

Dias de festa servem para colocar conversa em dia com os amigos

Os dias em que se realizam as festas em honra de Nossa Senhora da Glória são dias que a ‘malta’ da terra aproveita para se distrair. Quem o diz é João Oliveira que gosta mesmo é de conviver com os amigos apesar de não ser muito “amigo” do petisco nem dos copos. João Oliveira faz questão de marcar presença nas festas sempre que for possível. José Malhoa, Santos e Pecadores, SantaMaria são alguns dos espectáculos musicais que João Oliveira não vai querer perder. Tudo o que meta música o reformado vai querer assistir. A procissão é, na sua opinião, o ponto alto das festas e João Oliveira também vai marcar presença na cerimónia. Concorda que se diminuam os gastos nas festas mas que nunca se acabe com a procissão. “É a parte mais importante da festa e uma tradição muito antiga que se deve manter”, afirma. Se mandasse, construía mais espaços verdes com “muitas” sombras para os mais velhos descansarem e os mais novos brincarem sem precisarem de sair da terra onde vivem.

Artur Ricardo vive no Cocharro, freguesia de Glória do Ribatejo, há cerca de dez anos. Com um café ‘colado’ ao palco onde se realizam os espectáculos musicais vai ser ‘obrigado’ a ouvi-los. Gosta de música popular portuguesa e vai “tentar” assistir ao concerto de José Malhoa. Nos tempos livres tenciona visitar o recinto das festas para ver as “novidades”, embora diga que a idade não perdoa e que agora tem mais vontade de descansar do que passear. Os dias de festa servem para rever e colocar a conversa em dia com os conhecidos com quem não se tem tanto de tempo de falar durante o ano com a agitação do dia-a-dia. Artur Ricardo gosta de assistir à procissão e defende que, apesar das dificuldades financeiras, esta é uma tradição para manter. Na sua opinião falta na freguesia de Glória do Ribatejo espaços verdes e ruas alcatroadas. “É uma questão de gestão e esta câmara, pelos vistos, não aposta no alcatrão”, afirma.

JORNALISTA

(m/f)

OURÉM-TORRES NOVAS

Resposta com carta de apresentação e currículo vitae com fotografia actualizada para jornalistamediotejo@gmail.com


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