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02 JUNHO 2011 | O MIRANTE

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Presidente da Câmara de Abrantes garante festa animada mas sem o foguetório final Situação económica que o país atravessa levou autarquia a reduzir despesas a metade Artistas da terra vão mostrar que são capazes de animar o povo mas não têm os palcos todos só para eles. Jorge Palma e DJ Alvim, Dazkarieh e Kumpania Algazarrasão são alguns dos convidados especiais porque em alturas de crise há que dar algum alento às gentes. De fora fica o fogo de artifício, guardado para quando começarem a chegar melhores notícias.

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irgem Suta, Aurea, Projecto Amar, The Kaviar e Hyubris são algumas das bandas que vão actuar, entre 10 e 14 de Junho, nas tradicionais festas do concelho de Abrantes. Assumidamente feitas com “a prata da casa”, numa altura em que a crise levou a Câmara de Abrantes a ponderar se deviam ou não avançar para a sua realização. Um dos cortes mais consideráveis, e que levou a câmara a poupar cerca de 15 mil euros, foi no fogo-de-artifício. Também o concerto final este ano é mais “intimista” com Jorge Palma a actuar no dia 13 de Junho, seguindo-se uma noite animada pelo DJ Alvim. “Entendemos que o tempo é de austeridade e de contenção mas, que ainda assim, devemos proporcionar alguns momentos de descontracção aos nossos cidadãos pelo que decidimos manter as festas num registo mais curto e simples”, disse Maria do Céu Albuquerque, presidente da autarquia. “Decidimos trazer as nossas bandas todas e fazer um concerto especial com Jorge Palma e DJ Alvim. Mas temos nomes com alguma projecção que abrilhantam estas noites em concertos dispersos pelo centro histórico”, explicou. As festas têm início no dia 10 de

Sons da casa, do mundo e da Orquestra Ligeira do Exército Este ano, a autarquia decidiu convidar todas as bandas de Abrantes para actuar nas festas do concelho, não só para poupar mas também como forma de incentivar os músicos a prosseguirem com o seu projecto. “Compramos-lhe o espectáculo porque é uma forma de os ajudar. Não foi só para poupar. Temos que valorizar o que é nosso”, disse Maria do Céu Albuquerque durante a apresentação do cartaz. No dia 10 de Junho, pelas 22 horas, sobem ao Palco Cem Sons, na Praça Barão da Batalha, os “Virgem Suta”. Já no palco “Músicas

Junho, feriado nacional, dia em que tem lugar a abertura da exposição da 3.ª Antevisão das Colecções do Museu Ibérico de Arqueologia e Arte. No dia 10 de Junho, a “Bandinha da Alegria” inaugura no Largo 1.º de Maio, pelas 10 horas, a Feira de Artesanato, que este ano assinala o 30.º aniversário. Folclore, tasquinhas e actividades desportivas, como Downhill Urbano e competições de carrinhos de rolamentos, são os restantes ingredientes deste fim-de-semana prolongado de festa em Abrantes. As crianças também não são esquecidas, pelo que no sábado, 11 de Junho, a partir das 19 horas, no Largo João de Deus, podem visitar o “Espaço Criança” onde podem brincar nos insufláveis, fazer pinturas faciais ou assistir a um espectáculo de palhaços. “Penso que conseguimos criar um programa atractivo com menos custos que em anos anteriores. Não vamos ter fogo-de-artifício mas vivemos em tempos de contenção e sinto que os nossos cidadãos vão compreender esta medida”, disse Maria do Céu Albuquerque, presidente da autarquia que, sem revelar valores, admitiu que o orçamento foi reduzido em cerca de 50 por cento comparativamente ao ano passado. Na terça-feira, 14 de Junho, Dia da Cidade, o dia começa nos Paços do Concelho com o hastear da bandeira ao que se segue uma homenagem aos colaboradores da autarquia que se aposentaram e também aos que fizeram 25 anos de serviço. Cerca do meio-dia é inaugurado o “Mercado Criativo” que vai funcionar nas instalações desactivadas do antigo mercado diário (ver outro texto). No final deste dia, decorrem as cerimónias oficiais do Dia da Cidade, destacando-se a actuação do Orfeão de Abrantes e a apresentação do Programa de Regeneração Urbana para reabilitação do centro histórico, pelas 21 horas, nos Claustros da Biblioteca

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do Mundo”, na Praça Raimundo Soares, pelas 23 horas, actuam os “Kumpania Algazarra”. No Largo 1.º de Maio, no Palco Jovem, actuam a partir da meia-noite, os “Kwantta”. No sábado, 11 de Junho, as actuações são de Áurea (Palco Cem Sons, 22 horas), Monte Lunai (Palco Músicas do Mundo, 23 horas) e The Kaviar + DJ Nuno Calado (Palco Jovem, 24 horas). No domingo 12 de Junho, têm lugar as actuações de “Projecto Amar” (Palco Cem Sons, 22 horas), “Dazkarieh” (Palco Músicas do Mundo) e Hyubris (Palco Jovem, 24 horas). A 13 de Junho actuam Jorge Palma e DJ Alvim, pelas 22h30, no Palco Jovem. Finalmente, a 14 de Junho, um concerto da Orquestra Ligeira do Exército, pelas 22h30, no Palco Jovem no Largo 1.º de Maio encerra o programa das festas de Abrantes deste ano.


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Já se navega em banda larga no centro histórico de Abrantes Investimento de cerca de 145 mil euros destinado a estimular actividade empresarial

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empre que vinha a São Miguel do Rio Torto, Abrantes, Rui Lopes, a morar em Coimbra, sentia que estava mais longe do mundo, uma vez que não tinha acesso à internet. Um problema que passou a estar resolvido, bastando agora ao estudante levar o portátil até uma das praças do centro histórico de Abrantes onde, desde segunda-feira, 30 de Maio, já se navega gratuitamente e sem restrições devido à implementação de uma plataforma digital de banda larga. “Pelo menos para ver os emails já dá”, desabafou o Rui na página de Facebook da presidente da autarquia, Maria do Céu Albuquerque. O investimento ronda os 145 mil euros e incidiu na criação, gestão e implementação de uma plataforma digital de banda larga com tecnologia ‘WiMAX’, de acesso livre a todos os comerciantes e clientes do centro histórico. O projecto, co-financiado em 65 por cento, pelo Programa Operacional da Região Centro, foi dinamizado pela Associação Centro Comercial Ar Livre de Abrantes e tem o objectivo de dinamizar a zona e, simultaneamente, estimular a actividade empresarial. “A esta dimensão penso que somos um caso único na nossa região”, disse Maria do Céu Albuquerque que estreou o sistema com uma ligação “Skype” ao acordeonista abrantino André Natanael Teixeira que está a viver em França. “Estamos aqui a iniciar uma nova era da

comunicação nas praças do centro histórico de Abrantes criando a possibilidade de todos os cidadãos poderem aceder, via wireless, à internet”, disse. Os locais onde foram implementados os pontos de acesso são o Jardim da República, a Praça Barão da Batalha, a Praça Raimundo Soares, o Largo Dr. Ramiro Guedes, a Rua Luís de Camões, a Rua Nossa Senhora da Conceição, a Praceta do Chafariz e a Rua Monteiro Lima. Para Maria do Céu Albuquerque, que também preside ao Abrantes Fórum - Associação Centro Comercial Ar Livre. Este projecto pretende constituir-se como um factor de atractividade, levando mais gente às compras no casco histórico da cidade. A rede informática vai também estar disponível para os comerciantes e pretende fidelizar um universo potencial de 50 mil clientes” do comércio ali instalado. De modo a captar as camadas mais jovens, a autarca anunciou que no sábado, 4 de Junho, realiza-se um evento denominado “Digital Day”, através do qual a Associação Centro Comercial Ar Livre vai procurar incentivar os jovens a ‘apropriarem-se’ do centro Histórico enquanto “espaço privilegiado de lazer e de consumo”. Na ocasião do lançamento desta plataforma digital, a presidente da autarquia, acompanhada por

COMUNICAÇÃO. Presidente da Câmara estreou o sistema com uma chamada “Skype” para França um grupo de jovens “embaixadores” fez ainda distribuição do novo Roteiro Primavera -Verão

divulgando quais os estabelecimentos agregados ao Centro Comercial Ar Livre de Abrantes.


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Clima de insegurança não afasta ninguém das festas da cidade A maior parte dos entrevistados por O MIRANTE considera que o dinheiro gasto nas festas da cidade é bem gasto, embora alguns aplaudam a redução dos custos. A preocupação com o clima de insegurança que se vive na cidade não é escondida. Alguns

Maria Otília Carlinhos, 50 anos, Rossio ao Sul do Tejo - Abrantes

“As festas dão muita vida à cidade” Gestora, a par do marido, do restaurante “Vera Cruz” em Rossio ao Sul do Tejo Abrantes, Maria Otília Carlinhos diz que nunca teve motivos para se sentir insegura.

Frederico Marcelino, 27 anos, Rossio ao Sul do Tejo - Abrantes

“Sinto-me perfeitamente seguro em Abrantes” Sente-se “perfeitamente” seguro em Abrantes e considera que existe algum alarmismo

Nunca foi ameaçada ou assaltada. “Gosto muito de dar uma voltinha à noite na cidade. Há quem diga que é muito escura, muito parada mas eu não partilho essa opinião”, refere. Considera que o Conselho Municipal de Segurança, que está a ser organizado pela autarquia, pode vir a tranquilizar a opinião pública. “Penso que pelo menos, ao saberem da sua existência, as pessoas mais idosas vão ter mais vontade de sair de casa”, opina. Por estes motivos não vai deixar de ir às festas do concelho. “Dão muita vida à cidade e trazem muitas pessoas até Abrantes pelo que dinheiro gasto é muito bem empregue. É bom para todos”, sustenta. em redor desta questão. “Aqui há pouco tempo fui a Setúbal e tinha uma colher de um gelado posta na fechadura do carro o que aqui nunca me aconteceu”, conta Frederico Marcelino. O técnico de reparações nunca foi agredido ou ameaçado. Mesmo assim considera que o Conselho Municipal de Segurança pode vir a ser uma solução para o centro da cidade que, já por si, está bastante patrulhado o que não acontece em Rossio ao Sul do Tejo. “Nunca iria deixar de ir às festas por causa da questão da segurança”, atesta, acrescentando que o valor investido nas festas acaba sempre por ter retorno para quem nelas participa.

“Mais policiamento na rua era suficiente”

João Paulo Gomes, 37 anos, fotógrafo, Abrantes

Sente-se seguro em Abrantes embora já tenha ouvido falar de casos que reportam assaltos ou alguma violência. “Até à data a insegurança ainda não me bateu à porta”, refere a sorrir João Paulo Gomes, que tem uma loja na zona do centro histórico de Abrantes. Para o fotógrafo, o Conselho Municipal de Segurança, que está a ser instituído

“Estamos numa fase complicada a nível de assaltos”

Sylvie Alvarez, 27 anos, Abrantes

Administrativa na ClenLab, Catarina Pires confessa que não se sente segura em Abrantes. “Estamos numa fase complicada a nível de assaltos e acho que a vigilância policial não é suficiente”, considera a jovem. Mais patrulhas na rua, durante o dia

não compreendem porque é que ainda não foi neutralizado o grupo que é apontado como responsável por assaltos e agressões. Outros defendem o reforço do policiamento. Seja como for, ninguém vai deixar de ir às festas da cidade por causa disso.

Catarina Pires, 22 anos, Abrantes

“Mais polícia de choque na rua” Catarina Pires tem uma opinião muito tácita sobre a questão da segurança. “Não me sinto segura em Abrantes especialmente por causa do que tem acontecido nos últimos tempos”, refere, contando que roubaram a moto do irmão mesmo em frente à sua

casa. Para esta jovem, o Conselho Municipal de Segurança pode vir a ser parte da solução do problema desde que isso passe por colocar mais policiamento nas ruas e até polícia de choque. Deste modo, alguns grupos mais problemáticos poderiam ser dissuadidos das suas intenções. Mesmo assim, Catarina não deixa de ir às festas de Abrantes. “São festas com muita gente e, se por acaso houver confusão, temos que nos afastar e ir embora”, refere a jovem que lamenta que, por questões de insegurança, as duas únicas discotecas em Abrantes tenham encerrado. A jovem considera que o dinheiro gasto nas festas, apesar de estarmos em crise, é bem empregue porque dá um novo ambiente à cidade.

Aposentado, José Silva diz que não se sente seguro em Abrantes e até já presenciou uma cena de pancadaria na Praça Barão da Batalha, onde o entrevistamos. “Há para aqui malfeitores em todos os cantos”,

sustenta o abrantino. A solução para este problema passa por trazer mais polícias para patrulharem não só o centro histórico mas toda a cidade. Defende ainda que os polícias que deviam actuar em Abrantes não deviam ser daqui, por uma questão de se protegerem de represálias. “Podiam vir para aqui os polícias de Torres Novas e vice-versa”, sugere. Mesmo assim diz que participa nas festas apesar de sair do recinto antes destas terminarem porque o ambiente fica mais propício a confusões. O munícipe acha ainda que a crise não justifica a suspensão da festa anual. “Poupem é nas festas que não têm razão de existir. Mas a festa da Cidade, é bom que se faça sempre”, considera.

pela autarquia, poderá tranquilizar a opinião pública face às notícias que têm sido divulgadas pelos Média. “Alguma coisa tem que ser feita e o Conselho Municipal de Segurança pode ser o início de algo. Penso que a presença policial, em maior número de agentes e com mais frequência, era suficiente”, ates-

ta. E não são as notícias que lê ou as histórias que ouve que o demovem de ir às festas. “É um dinheiro bem empregue. As festas fazem parte desta cidade. Mais pequenas ou maiores têm que existir porque revitalizam uma cidade que, muitas vezes está morta”, aponta.

e a noite, seria uma possível solução a adoptarem com vista à diminuição de casos. Para a jovem, o Conselho Municipal de Segurança poderá ser uma solução acompanhada do reforço do número de agentes colocados na rua e que estes, para se protegerem, deviam andar com a cara tapada. Apesar de estar preocupada com a questão de segurança não vai deixar de ir às festas do concelho. “Vou porque vou

acompanhada mas vou ter mais cuidado do que habitualmente, nomeadamente com a escolha do local para estacionar o carro”, refere. Mesmo com crise, defende que as festas devem realizar-se porque é um evento importante para a cidade, “que é muito bonita, do ponto de vista turístico”, acrescenta.

José Silva, 62 anos, Abrantes

“Há malfeitores em todos os cantos”

Filipe Gomes, 49 anos, Abrantes

“Assiste-se a um sistema de impunidade” Com uma porta aberta no centro histórico, de onde já lhe levaram “uns trocos”, Filipe Gomes diz que, mesmo assim, se sente seguro em Abrantes. Considera que o problema da insegurança reside apenas em alguns indivíduos, já referenciados pelas autoridades há alguns anos, mas que continuam a protagonizar as mesmas situações não só na cidade como nas freguesias. Para o munícipe, assiste-se actualmente a um “sistema de impunidade” no qual os infractores são libertos “ora porque são jovens, ou porque vão ser integrados ou porque as provas são inconclusivas”, exemplifica, considerando que a culpa é das leis que regem a justiça portuguesa. Regista com agrado o facto de, há uns tempos para cá, ver algumas brigadas de intervenção na rua que podem, de certo modo, diminuir o número de ocorrências, transmitindo um sentimento de maior segurança à população. Não vai faltar às festas e considera que o facto de existir mais gente na rua aumenta o nível de segurança. Quanto ao dinheiro gasto nas festas é um bom investimento. “Sei que fizeram alguma contenção nas despesas com as festas deste ano mas se não as fizerem a cidade de Abrantes não mexe”, diz.


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