Festas Vialonga

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ESPECIAL FESTAS NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO - VIALONGA| 21

O MIRANTE | 13 Agosto 2009

Romana e Bonga animam noite de sábado em Vialonga A

cantora Romana, Bonga e as suas bailarinas e o grupo Trio Odemira animam a noite de sábado, 15 de Agosto, segundo dia das festas de Vialonga que decorrem naquela freguesia do concelho de Vila Franca de Xira de 14 a 16 de Agosto. Os espectáculos arrancam a partir das 22h30. Os festejos em honra de Nossa Senhora da Assunção começam na sexta-feira com uma missa vespertina, pelas 18h00. O arraial abre às 20h00, seguindo-se uma arruada pelo grupo de percussão “Amarantinos”, às 21h00. A festa prossegue em dois palcos separados. No palco 1, dedicado à música popular, o conjunto “Setúbal Trio” abre a noite pelas 21h30. Uma hora depois arranca a noite de variedades com o cantor romântico Toy, Simara e as suas bailarinas, a banda brasileira “Arco Íris” e o regresso, ao final da noite, do conjunto de Setúbal. Já no palco 2 a noite é preenchida

pela música tradicional portuguesa. O grupo “Monte Serves” actua pelas 21h30, seguindo-se pelas 22h15, um espectáculo com o grupo “Folha Verde”. O Grupo de cantares da Associação para o Bem estar Infantil de Vialonga (ABEIV) actua pelas 23h00, ficando o encerramento da noite a cargo de Belito Campos. Para sábado, às 9h00, está marcada a 8.ª légua de Vialonga. Às 11h00 há missa em honra de Nossa Senhora da Assunção e às 13h00 tem lugar a distribuição dos prémios da prova da légua, num convívio organizado na Mata do Paraíso. Pelas 17h00 o culto religioso regressa com as vésperas e adoração. Uma hora depois sai da Igreja de Nossa Senhora da Assunção a procissão solene. O arraial abre de novo pelas 20h00 com dois palcos alternativos. O grupo “Artiduo” actua pelas 21h30 e garante música depois da actuação dos artistas principais. No palco 2 o lugar é do fado. João Paulo, Carla Arruda, António Grôu,

Paulo Renato, Micael Sendas, Vítor Marceneiro, Luísa Godinho, Rodrigo Palma, Tatiana, e Raimundo Tereso são os fadistas que vão actuar. José Manuel Timóteo acompanha à guitarra e Jacinto Caminho à viola. O último dia de festa, domingo, arranca com duas missas, pelas 09h30 e 11h00. Segue-se uma prova de Cavalhadas na várzea de Vialonga. O arraial abre pelas 20h00. O palco 1 recebe, a partir das 21h30, uma noite de folclore com o grupo de bombos “Os Baionenses” e os ranchos folclóricos da casa do povo de Vialonga e ADCS do parque Residencial, Santa Eulália. O grupo de bombos “Os Amarantinos” fecha a noite popular. No palco 2 os sons que abrem a noite são africanos. O grupo “Raízes de Cabo Verde” actua pelas 18h00, seguindo-se pelas 19h00 o batuque da Associação de Africanos do concelho de Vila Franca de Xira. O grupo de hip hop “Swat Badking” actua pelas 21h00. Às 21h30 chegam os

Romana é uma das convidadas artistas Filipe Osíris, com bailarinas, e Sérgio Rossi. O encerramento das festas vai acontecer no espaço do mercado levante com um espectáculo piromusical a partir da meia noite.

Vialonga é uma terra em crescimento que precisa de mais espaços de lazer

Faltam espaços de lazer em Vialonga António Henriques, fotógrafo, 62 anos O mais interessante em Vialonga são as pessoas, diz o fotógrafo António Henriques, 62 anos. “São elas que me permitem trabalhar, que me sustentam”. Residente há 12 anos na freguesia, onde já trabalha há 22, considera que há muito a melhorar na área do lazer. É preciso investir em algo que faça com que as pessoas “se sintam bem quando saem de casa”. Em termos de segurança a freguesia poderia melhorar. “Temos a Guarda que a partir de certa hora desaparece das ruas”. António Henriques considera que nos últimos anos a vila tem crescido, mas se chegar mais gente “serão bem-vindos”. O profissional de fotografia teme no entanto que a situação económica do país atrase a evolução de Vialonga.

A zona velha da Formação vila já devia ter profissional levado “uma volta” para ajudar a José Lopes Ribeiro, empresário, integrar jovens 43 anos O empresário José Lopes Ribeiro, 43 anos, natural da freguesia de Vialonga, onde trabalha desde sempre, considera que a evolução da vila, que tem crescido de dia para dia, é um dos aspectos mais positivos da sua terra. O empresário, que começou a ganhar a vida como pintor de automóveis, sublinha no entanto que Vialonga “é sossegada”. Na sua opinião é uma terra simpática à portas de Lisboa com condições para todo o tipo de desenvolvimento. Há coisas a mudar, ressalva. “A zona velha da vila já devia ter levado uma “volta” há vários anos”, reclama acrescentando que faltam infra-estruturas para os grupos desportivos”. E é fácil perceber porque são precisas. “Quanto mais ocupadas estiverem as pessoas menos problemas sociais existem”.

João Bento, magarefe, 33 anos

“Vialonga é um bom sítio para viver, é sossegado”, opina João Bento, 33 anos. O magarefe, que dirige uma empresa na área da charcutaria, realça que na freguesia é complicado arranjar trabalho. Considera que devia apostar-se mais na indústria ao invés em vez de permitir o desenvolvimento de mais empresas de logística. João Bento defende que é necessário fortalecer a economia local. “Vialonga é uma zona crítica do ponto de vista social, mas não podemos discriminar”, salienta. A aposta na formação profissional, para “obrigar os jovens delinquentes a trabalhar”, e a integração de alguns em casas de correcção são soluções defendidas para combater “o ponto negro de Vialonga”.

As pessoas são o bem mais valioso da freguesia

Aspectos negativos estão nos espaços públicos

Vanda Castanheira, cabeleireira, 40 anos

José Mota, empresário, 59 anos

A cabeleireira Vanda Castanheira, 40 anos, elege “as pessoas” como o bem mais valioso da freguesia de Vialonga. “São humildes e trabalhadoras”, descreve. Para a cabeleireira os aspectos piores da freguesia passam pelos acessos a equipamentos de primeira necessidade, como o actual centro de saúde. O acesso fazse através de escadas ou em alternativa por um percurso que é demasiado longo. Entre os aspectos a melhorar na freguesia, Vanda Castanheira aponta o aproveitamento do antigo Hospital da Flamenga. A cabeleireira considera que o espaço devia ser “renovado” para apoiar a actual unidade de saúde de Vila Franca de Xira, o que se encontra em vias de acontecer.

É uma “cidade” no campo, diz sobre Vialonga José Mota, 50 anos. O empresário, que escolheu Vialonga para trabalhar, realça o “sossego” da freguesia e o facto de se encontrar “perto do nó de Alverca” como pontos mais positivos. “Até se encontra cavalos a pastar”, descreve. As condições também são favoráveis à instalação de negócio. José Mota já notou a diferença. “Aqui os espaços custam metade em relação a Póvoa de Santa Iria”, refere. Os pontos mais negativos da freguesia de Vialonga estão nos “espaços públicos”. José Mota mostra, nas traseiras de um prédio, as ervas daninhas que crescem no passeio e denuncia que mais abaixo uma valeta se vai degradando à passagem de camiões carregados de inertes por “falta de manutenção”.


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13 Agosto 2009 | O MIRANTE

A última taberna de Vialonga O casal Faneca dirige taberna e mercearia onde o vinho e os petiscos ditam as horas

foto O MIRANTE

ANTIGA. A taberna está na posse da mesma família há mais de um século.

“Casa de convívio” com mais de 120 anos ainda recebe apreciadores do vinho a copo. Uma viagem à Vialonga de outros tempos.

À

Ricardo Leal Lemos

s oito da manhã já se trabalha na taberna do Ti’Anselmo. O estabelecimento, que carrega nas paredes mais de 120 anos de história, é uma das casas comerciais mais antigas da freguesia de Vialonga e recebe logo pela manhã aqueles que não passam sem a aguardente ou vinho para o “mata-bicho”. O fado soa na rádio enquanto ao longo da manhã se vão juntando velhos conhecidos de copos e conversas. No balcão de pedra, com base em madeira, os clientes vão pousando os copos de tinto e petiscando pastéis de bacalhau e tortilha. “Esta é uma casa de convívio”, conta Glória Faneca, 65 anos, proprietária. “Aqui os clientes sentem-se mais à vontade. Mas os velhotes vão morrendo e os jovens já não querem aparecer”, conta. A ascensão dos cafés e das grandes superfícies tirou à taberna e à mercearia, logo ao lado, parte do movimento. Os bonés com as insígnias de clubes de futebol pendurados num cordão deixam perceber um dos temas de conversa mais

comuns. À direita de quem entra, fica pendurado um quadro com a foto de Tiago da Silva Serrano, marido da primeira proprietária da taberna, Ti’Quites. “A casa nem é do meu tempo. Era de uma parente do meu marido. Eu estou aqui há 42 anos”, conta Glória Faneca. Enquanto Glória tomava conta da taberna e da mercearia, o marido Anselmo Faneca, 70 anos, trabalhava nos transportes de longo curso. “Quando me reformei, aos 65 anos, vim para aqui fazer companhia à minha esposa”. A vida na taberna passa com a calma de quem já viveu muito. “Vai-se entretendo o pessoal e conversando”, conta Anselmo. Saudades, para muitos dos visitantes e para o casal, surgem quando se fala no vinho a copo retirado da pipa. Os barris partiram muito recentemente por obrigações impostas pelas novas leis e pela ASAE. Mas a nostalgia permanece. “Com os barris, o vinho vendia-se melhor, era mais tradicional e não tão filtrado. Mais puro. Este nunca será tão bom”, garante Glória. Agora, os clientes continuam a ir buscar vinho de garrafa vazia na mão, mas o néctar sai de sacos prateados introduzidos em caixas de papelão. Dos tempos antigos Glória recorda tardes e noites acaloradas. “Quando os clientes chegavam do trabalho e começavam a beber quatro ou cinco copos, às vezes

ficavam mais para lá do que para cá. Era um algazarra. Mas agora têm cuidado, e se forem conduzir, ainda mais”. Com o tempo o espaço foi sendo preenchido com novos produtos, tal como a mercearia. Os aperitivos fritos acompanham os petisco e as guloseimas de antigamente. Mas à hora de almoço, ao fim-de-semana, as entremeadas na brasa e as sardinhas são assadas religiosamente. A inovação também chegou às bebidas alcoólicas, mas a casa do Ti’Anselmo tem um cunho de tradição. Há cerca de doze anos, um cliente, Abel, pediu para ir acrescentando ingredientes a um copo de ginja. O “cai-bem”, feito de ginjinha, gasosa, sumo e casca de limão, nasceu ali passou a ser bebida da casa, para quem “tem a caldeira quente” ou “não gosta muito de beber vinho”, conta Glória. Nos dias de calor, “sai muito bem”, diz Anselmo. Com a chegada da hora do almoço o sol já ilumina a maior parte da taberna. Os clientes pensam em partir rumo a casa, voltando ao final do dia ou ao anoitecer. Se for noite de jogo de futebol a casa só fecha quando a bola deixar de girar no relvado. Caso contrário, às dez da noite, já todos descansam. “Já trabalhei muito. Os novos agora que trabalhem até tarde”, graceja Glória

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O MIRANTE | 13 Agosto 2009

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foto O MIRANTE

O grupo etnográfico que persegue a história Rancho Folclórico da Casa do Povo de Vialonga busca o rigor da tradição na música e na dança Nasceu em 1982 como um rancho infantil e tornouse no mais emblemático da freguesia já com crianças e adultos. O Rancho Folclórico da Casa do Povo de Vialonga vai actuar nas festas da vila e aspira a integrar a Federação do Folclore Português.

“N

ão gosto de folclore nem de ver festivais de folclore, mas gosto de etnografia”. As palavras são de António Carreiro, coordenador do Rancho Folclórico da Casa do Povo de Vialonga, um dos mais emblemáticos da freguesia, e já foram proferidas numa reunião do grupo. O responsável, 42 anos, filho de um dos dirigentes da Casa do Povo de Vialonga, representa o ponto de viragem na história do rancho, que deixou a uniformidade dos trajes dos campinos e ceifeiras, para recriar com rigor as tradições das gentes da terra que o acolhe. O resultado é a ambição de integrar a Federação do Folclore Português. “É preciso garantir a verdade das modas e das coreografias. Fizemos recolhas desde o final dos anos 80 junto de pessoas nascidas em Vialonga sobre as suas tradições e costumes, mas queremos fixar em pauta e em registo audiovisual todas as músicas”, conta António Carreiro a O MIRANTE. O projecto, que dura há vários anos, avançará “quando houver condições”, mas nasceu de um trabalho anterior que levou, em 2002, à reformulação dos trajes

e organização do grupo. “Um rancho que se limite a dançar não tem valor, tem de conseguir transmitir aos mais novos o que os nossos avós faziam, defende o responsável. Foi com a intenção de criar quadros etnográficos e aumentar o rigor histórico das actuações que o rancho se lançou na pesquisa documental. António Carreiro, a convite do pai, João Carreiro, dirigente da Casa do Povo, pesquisou as raízes vialonguenses e acabou por idealizar a recriar a época entre 1886 e 1900. A ideia foi abraçada por pequenos e graúdos, que trabalhavam juntos há vários anos. Na família do coordenador pai e mãe participavam no rancho. O irmão já lá dançara também. “O rancho começou por ser só infantil quando nasceu, em 1982. Em 2002, alguns dos membros da formação original já tinham saído mas tinha chegado mais, até de grupos vizinhos, e passámos a ter dois”, relata António Carreiro. O rancho infantil, de cerca de 10 jovens, mantémse. Com os adultos o total de tocadores e bailadores ascende às quatro dezenas. Em palco o cuidado centra-se nos rituais de antigamente. “Procuramos teatralizar, recriar um baile e as situações sociais para que servia. Quando o rapaz se tenta aproximar da rapariga, a tentativa de a beijar, pedir uma dança e aceitar. E também situações do quotidiano como a apanha da cebola”, explica. Nos

quadros etnográficos que apresenta no festival de folclore que organiza, o rancho já apresentou três ciclos temáticos – pão, vinho e cebola. Defensor de que o folclore é para quem gosta, relata como os membros do rancho ficam satisfeitos quando, de entre os mais velhos entre assistência aos espectáculos, alguém diz: “Era mesmo assim que fazíamos nessa época”. O trabalho de recriação inclui a recolha de objectos e a criação de réplicas, que enchem a sala etnográfica do grupo. “Gostávamos de organizar isto e criar aqui um pólo museológico para que as crianças o visitassem”, conta, apontando para uma sala repleta de alfaias agrícolas e objectos do quotidiano. Sobre a identidade da freguesia que representa, António Carreiro defende a fluidez nas tradições ribatejana e saloia. “As pessoas que fundaram o rancho são da zona de Coruche e daí saiu parte da tradição ribatejana. Mas na época que retratamos, as quintas e as hortas dominavam Vialonga, que já pertenceu a Lisboa, freguesias da Graça e Santa Maria dos Olivais, e durante um ano a Loures”. Das freguesias do concelho de Vila Franca de Xira Vialonga é a mais próxima da tradição saloia e por isso um “parente pobre” do concelho”. Nas actuações os vialonguenses usam trajes ribatejanos e saloios e aquando dos convites para actuar em terras longínquas são apresentados como um rancho ribatejano. Na sua mente são algo dos dois. “Antigamente, o famoso queijo de Arcena, também se zazia em

António Carreiro defende a fluidez nas tradições ribatejana e saloia. “As pessoas que fundaram o rancho são da zona de Coruche e daí saiu parte da tradição ribatejana. Mas na época que retratamos, as quintas e as hortas dominavam Vialonga, que já pertenceu a Lisboa, freguesias da Graça e Santa Maria dos Olivais, e durante um ano a Loures”. Das freguesias do concelho de Vila Franca de Xira Vialonga é a mais próxima da tradição saloia e por isso um “parente pobre” do concelho”. Santa Eulália (freguesia de Vialonga) e o vinho de Bucelas também era extraído das uvas das encostas no Monte Serves. Vialonga não soube puxar a brasa à sua sardinha”. O rancho da casa do povo sabe e sobrevive

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