FICOR 2011

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26 MAIO 2011 | O MIRANTE

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Investimento de Coruche na promoção da cortiça e do montado de sobro já está a dar resultados Presidente da câmara, Dionísio Mendes, fala num bom momento para os produtores do concelho foto arquivo O MIRANTE

Queremos ser os maiores do mundo em tudo e mais alguma coisa mas quando somos os maiores do mundo em sectores como a cortiça parece existir algum alheamento. É por isso que Coruche construiu o observatório da Cortiça há três anos e faz desde então uma feira que é única no mundo. O presidente da Câmara mantém o entusiasmo inicial e a aposta vai-se reforçando com novas parcerias e investimentos.

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m sobreiro demora uns bons trinta anos até começar a dar cortiça. Quanto tempo será necessário para extrair algo desta aposta do município neste sector? Muito menos tempo do que demora um sobreiro a dar cortiça. Vamos fazer pelo terceiro ano a Ficor e já se nota a sua importância, não só localmente mas sobretudo ao nível da fileira da cortiça. Esta é uma Feira única no mundo dedicada à cortiça, ao montado de sobro e a tudo o que lhe está associado e por isso lhe chamamos, com toda a propriedade Feira Internacional da Cortiça. Coruche tem indústria ligada à cortiça, nomeadamente à produção de rolhas, mas a sua maior riqueza está ao nível da produção. Ao nível do montado de sobro. E esta feira dá grande visibilidade a essa realidade. Pretende mostrar aquilo que é o montado de sobro e aquilo que é a actividade dos produtores florestais. Aquilo que, no fim de contas, tem a ver com todo o ecossistema do montado que é um ecossistema único no mundo e que para além de ser, do ponto de vista produtivo de grande rentabilidade económica, está hoje identificado como um dos ecosistemas mais equilibrados em termos de fauna e flora. Temos um papel pioneiro mas tínhamos essa obrigação porque, historicamente, somos o maior produtor de cortiça a nível mundial. O Observatório, aproveito para lembrar, foi uma oportunidade que surgiu com o programa Valtejo. O cidadão comum não se apercebe ainda da importância estratégica da cortiça para o nosso país e muitas vezes desconhece o facto de sermos o maior produtor mundial. Isso é verdade. Daí o nosso esforço para divulgar e promover este sector. Este ano o período em que decorre a Ficor foi alargado para haver mais tempo para determinadas actividades. De

30 de Maio a 1 de Junho, vamos levar jovens estudantes das nossas escolas e de escolas de outros concelhos, nomeadamente de Politécnicos, Universidades e Escolas Profissionais a visitar herdades para que percebam melhor e se interessem pelas virtualidades do ecossistema e da importância económica que a cortiça tem para Portugal e para as nossas exportações. A esse nível, por exemplo, houve um aumento de 11 por cento nos primeiros dois meses deste ano. Deve ser o único produto português que cresce tanto. E cresce numa altura de crise. Há um ambiente positivo à volta da cortiça e da extracção de cortiça e fala-se também num crescimento em termos de pagamento aos produtores para este ano. Falar de cortiça já não é apenas falar de rolhas. É um produto que tem cada vez mais visibilidade noutros sectores, nomeadamente na moda, joalharia, mobiliário, no sector automóvel... Não sabemos muito sobre o que é genuinamente português. Não sabemos assim tanto e não damos a devida importância à cortiça. Mas ela é um produto estratégico para o nosso país e para o concelho de Coruche em particular. E tem futuro, até porque do ponto de vista ambiental é do mais amigável que há. O ecossistema do sobreiro é equilibrado do ponto de vista da fauna, da flora, do sequestro de carbono, etc. Face ao metal ou plástico a cortiça ganha dez a zero porque não tem contra-indicações e é super amigável do ponto de vista ambiental. Há receptividade em relação às visitas promovidas durante a Ficor? Este ano, durante a Feira, teremos entre nós um grupo de americanos que trabalha na embaixada e uma delegação de uma dezena de eurodeputados de vários países, ligados à área da agricultura. Por outro lado as pessoas estão ávidas do contacto com a natureza. Querem ver o observatório, ir ao montado. No domingo, dia 29, vamos realizar visitas ao montado de diversas maneiras. Desde visitas em balão de ar quente, bicicletas Todo-o-Terreno, passeios a pé, percursos de orientação, actividades de extracção de cortiça, reportagens fotográficas. Vamos levar as pessoas a partilhar um ambiente saudável e equilibrado. Como está a decorrer a implementação de alguns projectos anunciados para o Observatório da Cortiça? Já temos o observatório aberto diariamente e temos a funcionar lá um centro de investigação que é o CETCOR - Centro Tecnológico da Cortiça. Trata-se de um centro de investigação aplicadao à cortiça que tem sede em Vila da Feira e tinha uma delegação no Montijo que entretanto encerrou


O MIRANTE | 26 MAIO 2011 Tendo em conta que 2011 foi declarado pela ONU Ano Internacional das Florestas, este será o tema dominante do certame, que aliará a promoção do sector à divulgação das boas práticas ambientais e sustentabilidade ecológica garantida pela exploração do montado e abriu esta delegação em Coruche no edifício do observatório da cortiça onde tem um espaço administrativo e uma área para a investigação. Este é um ponto de partida desejado por nós para termos uma área de investigação voltada para as questões que se colocam aos produtores de cortiça Estão a desenvolver outras parcerias com quem? Temos parceria com o Instituto Superior de Agronomia e com a Universidade de Évora. Estas duas entidades fazem com alguma regularidade encontros, visitas, trabalhos de investigação. Tanto uma como outra têm trabalhos de campo aqui na área do concelho de Coruche e vêm com regularidade ao terreno verificar os ensaios, colher amostras e servem-se do observatório como retaguarda técnica. Neste momento está entre nós uma equipa de investigadores alemães que está a estudar o montado de sobreo numa herdade, em parceria com o Instituto Superior de Agronomia. Os componentes desse grupo vão ficar três semanas. Estão alojados em Coruche, fazem diariamente esse trabalho de campo e vão com regularidade ao Observatório da Cortiça. Não há qualquer parceria com o Instituto Politécnico de Santarém, nomeadamente através da Escola Superior Agrária? Essa parceria é desejável e estamos disponíveis para a estabelecer. Estamos a fazer investimentos, com o apoio de fundos comunitários em equipamento

FICOR | 13 laboratorial e no Centro de Documentação, para podermos ter capacidade de acolher novos projectos. Para darmos condições efectivas para o trabalho de investigação. Fizemos também uma candidatura com municípios e outras entidades, nomeadamente com a Associação de Produtores Florestais de Coruche e concelhos limítrofes e estamos a estudar a hipótese de situar a sobroteca no próprio observatório. Uma espécie de biblioteca multimedia dos sobreiros onde se apresentem, por exemplo, as amostras que dão origem aos encontros anuais da chamada plataforma da cortiça. A formação profissional para o sector tarda em arrancar? A ideia é que o CINCORK - Centro

de Formação Profissional da Área da Cortiça, que está sedeado em Santa Maria de Lamas, descentralize alguma da sua formação para o Observatório da Cortiça em Coruche. Para além do montado temos aqui fábricas e haverá uns quinhentos operários corticeiros. Não faz sentido que tenham que se deslocar ao Norte para ter formação. Nós desafiámos o CINCORK e mais recentemente a NERSANT para criarem oportunidades de formação para a área da cortiça e para a área florestal em geral. Muito do trabalho florestal ainda é feito por trabalhadores que adquiriram os seus conhecimentos vendo os outros fazer. Nunca se viu um tirador de cortiça a fazer formação profissional ou um empregado de uma herda-

de que faz a poda dos sobreiros fazer formação. Trabalham por imitação. Por experiência adquirida ao lado dos mais velhos. Há herdades onde estão a decorrer processos de certificação de qualidade e para que isso corra bem é necessário que esses trabalhadores tenham formação profissional. O esforço que a câmara municipal está a fazer ao nível da cortiça é bem compreendido? Não temos tido muitos apoios mas não há incompreensão. O observatório é aceite como uma pedrada no charco. Como uma atitude inovadora. Na fileira da cortiça há unanimidade. Somos bem aceites quer nacionalmente quer internacionalmente

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Feira Internacional da Cortiça quer mostrar aos jovens uma das maiores riquezas naturais do país A FICOR, Feira Internacional da Cortiça, que se realiza de 27 de Maio a 1 de Junho, em Coruche, aposta, nesta terceira edição, na inovação e no envolvimento dos mais jovens. Este ano a Ficor tem mais dois dias, terminando a 1 de Junho, Dia da Criança e Dia Nacional do Sobreiro. A feira prossegue o objectivo de divulgar outros usos da cortiça para além do que tem representado a sua “mais valia”, a rolha, dando evidência ao seu uso na moda, no design, nas artes e na construção civil. Tendo em conta que 2011 foi declarado pela ONU Ano Internacional das Florestas, este será o tema dominante do certame, que aliará a promoção do sector à divulgação das boas práticas ambientais e sustentabilidade ecológica garantida pela exploração do montado. O programa inclui painéis de carácter científico dedicados a profissionais do sector, workshops de culinária associados aos sabores do montado (abertos a todos os visitantes), actividades de natureza (como balonismo e passeios no montado), o desfile de moda

Coruche Fashion Cork e a reunião da comissão executiva da Rede Europeia de Territórios Corticeiros (Retecork), entre outras iniciativas. Confirmando a importância da FICOR, o ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, António Serrano, irá inaugurar a Feira no dia 27 de Maio, na presença do grupo de eurodeputados da Comissão da Agricultura e do Desenvolvimento Rural do Parlamento Europeu. Será também apresentada a Plataforma de Transacção da Cortiça no stand da APFC. O programa da Feira irá manter o seu carácter científico com vários seminários dedicados ao sector. Para o dia 28 de Maio (sábado), está marcado o colóquio “Melhor montado, melhor cortiça”, organizado pela APFC e para dia 30 (segunda-feira), a conferência “Inovar Cortiça”. O CORUCHE FASHION CORK está também de regresso, no dia 27 de Maio, com a presença assegurada de várias figuras públicas da moda e da televisão. Liliana Santos, Sara Barradas, Nuno Pardal, Sara Prata e Santiago Romero, actores da telenovela Espírito Indomá-

vel, têm já presença garantida neste desfile de moda dedicado à cortiça. A manequim e apresentadora Isabel Figueira irá também desfilar por terras coruchenses. A apresentação deste desfile ficará a cargo de Vanessa Oliveira. Tiago Bettencourt & Mantha é o projecto musical que irá animar a noite de sábado, dia 28 de Maio. Um espectáculo gratuito. Depois dos espectáculos a festa promete continuar com o espaço Cork by Night. Durante os seis dias realizam-se vários workshops de enologia e culinária associados aos sabores do montado e abertos a todos os visitantes, workshops de artes decorativas em cortiça, provas de vinho promovidas pela AMVP, actividades de natureza como balonismo e passeios no montado, btt, corridas de galgos, demonstração equestre, visitas à corticeira Amorim e demonstrações de descortiçamento. Destaque ainda para a 7.ª edição da Corrida das Pontes e da Família que este ano se realiza no dia 29 de Maio (domingo) e que reúne todos os anos centenas de participantes.


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