Especial Mação

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02 Julho 2009 | O MIRANTE

Paulo Gonzo, Roberto Leal e Just Girls cantam na Feira Mostra de Mação Programa com muita animação entre sexta-feira e domingo no Largo da Feira

O transporte na vila é assegurado por um comboio turístico que faz o seu percurso durante o horário da feira permitindo aos habitantes que se desloquem para o recinto sem levar carro

destaque para as actuações do Grupo Cantares da Serra, pelas 21h00. O popular cantor luso-brasileiro Roberto Leal encerra as festas que culminam com o tradicional fogo-de-artifício. Segundo a autarquia, o transporte na vila é assegurado por um comboio turístico que faz o seu percurso durante o horário da feira permitindo aos habitantes que se desloquem para o recinto sem levar carro. Existe ainda a possibilidade de se realizarem visitas ao Museu de Arte Pré-Histórica e do Sagrado do Vale do Tejo que vai estar aberto ao público durante o horário da feira. Para o presidente da Câmara de Mação, Saldanha Rocha (PSD), este evento já se afirmou “como o espaço privilegiado de reunião e convívio dos habitantes do concelho e dos concelhos vizinhos”, disse o autarca na conferência de imprensa de apresentação do certame CERTAME. Para o presidente da Câmara de Mação, Saldanha Rocha (ao Centro) este é um espaço privilegiado de convívio

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aulo Gonzo, Roberto Leal e Just Girls são os artistas musicais convidados para abrilhantarem os dias de festa na XVI Feira Mostra de Mação que se realiza entre os dias 3 e 5 de Julho no Largo Infante D. Henrique, mais conhecido como Largo da Feira, no centro da vila. Além da música, a gastronomia, o artesanato e as actividades económicas do concelho vão estar em destaque. A Feira Mostra do Concelho de Mação comemora, este ano, duas décadas de existência. Entre 1989 e 2005 designouse Feira Mostra. Há quatro anos passou

a denominar-se Feira do Artesanato e Gastronomia. A XVI Feira Mostra de Mação começa pelas 18h15 de sexta-feira, 3 de Julho, com a arruada da Filarmónica União Maçaense no Cine-Teatro Municipal. Segue-se o lançamento do livro “Guia do Munícipe” no mesmo local com a actuação do Coro Infantil de Mação. A inauguração oficial realiza-se às 19h30 com uma visita aos stands expositores e à Feira do Livro. Às 20h00 tem início a taça do concelho em Futsal no polidesportivo do Cerejal e que tem a duração de 24 horas. A apresentação do livro “Fernando

foto arquivo O MIRANTE

Lopes-Graça – Andamentos de uma Vida”, de autoria do arquitecto Ricardo Cabrita está marcada para as 21h00 no stand da Feira do Livro. A noite termina com a actuação da girls-band portuguesa Just Girls. A festa prossegue no sábado com a Taça de Futsal que termina às 20h00. O grupo de cantares “Os Maçaenses” actua pelas 21h00. À mesma hora decorre, no stand da Feira do Livro, a apresentação do livro “O Último Bandeirante”, de autoria do jornalista Pedro Pinto. Paulo Gonzo é o artista convidado na noite de sábado. No último dia da XVI Feira Mostra

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O MIRANTE | 02 Julho 2009

Faltam pessoas para Mação ser um concelho perfeito Concelho debate-se com a desertificação e o envelhecimento da população “Isto é um local privilegiado”

“É de animação que o concelho precisa”

João Brízida, 46 anos, Mação, Gerente de Artes Gráficas

José Henrique de Matos, 49 anos, Mação, Gerente de Restaurante

João Brízida vive em Mação por opção. Apesar de ter nascido na vila foi viver ainda em criança para Lisboa. Há nove anos decidiu regressar. O bulício e o stress fizeram com que optasse por um local mais calmo. Garante que Mação é uma vila muito atractiva e com muitos espaços de lazer. Falta apenas mais indústria para fixar as pessoas. “Se não fosse a falta de postos de trabalho aposto que as pessoas não saíam daqui. Isto é um local privilegiado”, afirma. João Brízida destaca as muitas actividades culturais da vila nomeadamente aeromodelismo, música, teatro e dança. “Os jovens não se podem queixar de falta de coisas para fazer. E ainda

José Henrique de Matos considera que falta muita coisa a Mação a começar pelas pessoas. Proprietário do restaurante Casa Velha, no centro da vila, o empresário é um dos que mais se ressente com a desertificação. “Nos últimos quatro anos o concelho sofreu uma diminuição enorme de população. A maioria, sobretudo os mais jovens, foi embora porque aqui não existiam condições para consolidar as suas vidas profissionais e pessoais”, diz. “É urgente criar empregos, espaços de lazer, jardins, creches, um hospital. Sem isso será difícil fazer com que as pessoas regressem às suas origens”, reforça. José Matos considera que a

por cima são actividades muito interessantes e importantes para a aprendizagem cultural”, diz. O empresário gosta de todas as festas que se realizam em Mação e não perde uma. É das poucas oportunidades que tem para rever e conviver com os amigos no final de um dia de trabalho. “Sabe bem aproveitar o bom tempo que faz nesta altura para ficar na rua até mais tarde a conversar com os amigos e a ouvir música”, revela.

Festas ajudam ao negócio

António Catarino, 80 anos, Mação, Comerciante

Proprietário do Café César, junto ao recinto de festas, César Marques não perde pitada do arraial e dos concertos. Aproveita para dar uma volta e rever alguns amigos, mas o seu posto é atrás do balcão uma vez que, afiança, estes são sempre bons momentos para o negócio.

Para António Catarino ainda falta muita coisa em Mação para tornar a vila mais atractiva. Proprietário de uma loja de ferragens, diz que o comércio está estagnado. “Simplesmente não tenho clientes. Uma vez ou outra lá aparece alguém que precisa de algo, mas é muito raro. Ainda não fechei a loja porque é uma forma de estar entretido”, afirma. Há alguns anos que António Catarino não vai às festas. A saúde já não permite que vá sozinho. Mas o comerciante recorda os tempos de juventude em que aproveitava para estar com

ra importante criar mais postos de trabalho para o concelho se desenvolver e haver dinheiro para investir. Helena Matias acredita que

as festas da vila têm um papel muito importante na divulgação do concelho. “Vêm pessoas de fora assistir aos espectáculos e ficam a conhecer a terra. A câmara deve apostar cada vez mais na qualidade das festas porque isso reflecte-se em todo o concelho”, reflecte. Helena Matias confessa que há uns anos deixou de visitar as festas e também nunca foi muito de

“Preciso do sossego do campo” Helena Matias, 66 anos, Ortiga, Doméstica Helena Matias é uma apaixonada pela terra onde nasceu e cresceu. A doméstica que dá uma mãozinha no restaurante do marido, junto à barragem de Belver, não troca a sua terra por nenhuma cidade do mundo. “Vivi mais de sete anos na Alemanha, mas preciso do sossego do campo. Não há nada como ouvir o chilrear dos pássaros a meio da noite”. Apesar de gostar de sossego, a doméstica conside-

realização de festas em Mação é uma aposta que deve continuar e, se possível, aumentar de qualidade de ano para ano. O gerente e cozinheiro do restaurante não perde um dia de festas. O convívio e os petiscos com os amigos fazem-no ficar até bem tarde no Largo da Feira. “É de animação que o concelho precisa pois é isso que traz os jovens e pessoas de fora a Mação. É urgente colocar Mação no mapa de destino com interesse”, conclui.

“Uma oportunidade para dançar com as moças”

César Marques, 70 anos, Mação, Comerciante César Marques considera Mação uma vila perfeita ou não fosse a localidade onde nasceu. As necessidades prendem-se com investimentos que precisam ser feitos mas o concelho é pequeno e o dinheiro que vem também não é muito. “Há que criar pequenas indústrias onde as pessoas possam trabalhar. Quem viu Mação há 60 anos como eu vi nem imagina como as coisas eram diferentes. Havia o triplo das pessoas. Mas isso não se deve só à fuga dos filhos da terra. A vida mudou e hoje as pessoas já não têm tantos filhos”, adianta.

“É urgente a criação de empresas”

os amigos a beber e a petiscar. “Era também uma oportunidade para podermos dançar com as moças da terra. Sempre com o máximo respeito, as mães estavam sempre a supervisionar”, recorda, acrescentando que este ano, se a filha vier a Mação durante as festas, é capaz de ir lá dar um saltinho para rever os amigos.

sair, mas gostava de ir às festas quando era mais nova. Era uma oportunidade para ver as amigas, colocar a conversa em dia e ouvir música.

Florinda Ferreira, 59 anos, Ortiga, Comerciante Para Florinda Ferreira faltam pessoas no concelho de Mação para este ser perfeito. Proprietária de uma mercearia em Ortiga há 34 anos, a comerciante nunca viu o negócio tão mau. “Os fregueses desapareceram porque não há nada que os prenda à terra”, lamenta. Florinda Ferreira recorda o movimento nas lojas de Ortiga há duas décadas. Havia o dobro dos estabelecimentos comerciais e as pessoas compravam. “Desde que construíram o hipermercado em Mação que o comércio tradicional morreu. As pessoas deixaram de confiar nos produtos que vendemos”. Para a comerciante é urgente a criação de empresas que tragam postos de trabalho senão o destino de Ortiga e Mação é passarem a ser mais duas localidades do interior sem pessoas. Em relação às festas de Mação, Florinda Ferreira considera que são importantes pois trazem pessoas de fora para ver os espectáculos e isso é bom para o desenvolvimento. Há alguns anos que deixou de visitar as festas da vila, mas quando era nova gostava de ir. “Ia ver os artistas cantar, conversar com os amigos e comer uma fartura, era muito divertido”, recorda.


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