2011-04-14 - ESPECIAL CONSTRUÇÃO, IMOBILIÁRIO E DECORAÇÃO

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Dívida dos municípios às empresas de construção atingiu os 830 milhões A dívida global das câmaras municipais às empresas de construção já ascende a 830 milhões de euros e, segundo a Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas (FEPICOP), a tendência é para agravamento da mesma, já que o prazo de pagamento pelas obras efectuadas é, em média, de sete meses. Segundo informação da FEPICOP pu-

blicada no seu site na Internet, os prazos de recebimento pelos serviços prestados aos municípios mantém-se nos 208 dias, apesar de a lei impor os dois meses como limite máximo para pagamento das obras públicas. “Esta situação é tanto mais grave em período de crise económica e de dificuldades financeiras por parte das empresas, como o que se vive actualmente”, acentua

a mesma fonte. A FEPICOC considera ainda que “se a administração local saldasse as suas contas às construtoras no prazo legalmente estipulado, isto traduzir-se-ia, certamente, num maior desafogo da tesouraria das empresas, com reflexos muito positivos ao nível do emprego e dos investimentos e, consequentemente, da produção do sector”.

ECONOMIA

O MIRANTE 14 de Abril de 2011

Especial Construção, Imobiliário e Decoração

Maioria das famílias que paga crédito à habitação consegue cumprir Zélia Branco

Luís Lopes

Frederico Gameiro

Tomé Correia

Nelson Justino

José Castelo

Impacto da subida da taxa de juro deverá custar entre 12 e 20 euros por mês

VII

EMPREGOS

José Grilo

Ulisses Rodrigues

O MIRANTE foi ouvir administradores de seis empresas da nossa região que, de uma forma ou de outra, estão dedicados à àrea da construção, imobiliário e decoração


II | ESPECIAL CONSTRUÇÃO, IMOBILIÁRIO E DECORAÇÃO

14 Abril 2011 | O MIRANTE

Maioria das famílias que estão a pagar créditos à habitação consegue cumprir Impacto da subida da taxa deverá custar entre 12 e 20 euros por mês

CRÉDITO. Agravamento da prestação será suportável

Especialistas dizem que o incumprimento no crédito à habitação se tem mantido razoavelmente estável, o que confirma que a habitação é a última coisa que deixa de ser paga.

O

impacto da subida da taxa directora do Banco Central Europeu nas Euribor deverá agravar entre 12 e 20 euros a prestação mensal do crédito à habitação, mas os analistas não pre-

vêem um aumento do incumprimento das famílias. De acordo com uma simulação feita pela Deco para a agência Lusa, no caso de um crédito de 100 mil euros a 30 anos para contratos com taxa Euribor a seis meses de 1,483 por cento (média de março) e um ‘spread’ (margem de lucro do banco) de 0,3 por cento, o aumento será de 12,41 euros. Assim, este empréstimo, que actualmente ronda os 358,86 euros euros mensais sobe para 371,27 euros. Estas contas admitem que haja um reflexo directo de um aumento da taxa de juro directora nas Euribor,

ainda que a variação destas últimas seja diferenciada. Para as mesmas condições, se o ‘spread’ for de 1,4 por cento (semelhante ao cobrado nos contratos de 2010 e mesmo alguns de 2009, quando os bancos começaram a abrandar a concessão de crédito) a prestação mensal passa de 415,32 para 428,81 euros, um aumento de 13,49 euros. Já no caso de um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, o aumento será de 18,62 euros se a este estiver associado um ‘spread’ de 0,3 por cento e 20,24 euros com um ‘spread’ de 1,4 por cento. Caso o empréstimo seja indexado à Euribor a três meses (cuja taxa média de Março foi 1,176 por cento), quem tem casa própria poderá ver aumentar a prestação mensal entre 12,10 e 19,79 euros. Questionada sobre a possibilidade de crescimento do incumprimento das famílias no crédito à habitação em função de novos aumentos nas prestações mensais, a economista do BPI Teresa Gil Pinheiro afasta esse cenário. “O impacto deve ser moderado tendo em conta que as taxas Euribor ainda estão em níveis baixos face aos seus níveis históricos”, disse à Lusa a economista, que lembra que “o incumprimento no crédi-

to à habitação se tem mantido razoavelmente estável, o que confirma que a habitação é a última coisa que deixa de ser paga”. De facto, a média anual das taxas Euribor a seis meses foi de 3,23 por cento em 2006, 4,35 por cento em 2007, 4,71 por cento em 2008, 1,44 por cento em 2009 e 1,08 por cento no ano passado. Actualmente, a Euribor a seis meses, principal indexante do crédito à habitação em Portugal, está acima dos 1,5 por cento, enquanto a de três meses está perto dos 1,3 por cento e a 12 meses ultrapassa os 2,025 por cento. Também para João Lourenço, responsável pela área de equity research do Caixa-Banco de Investimento, o efeito nas famílias não será imediato, já que as Euribor já vêm registando um movimento de subida.“No mercado as taxas Euribor já vêm antecipando esta subida do BCE. Não deve haver um impacto significativo nas taxas com a alteração da taxa de juro de referência”, afirmou.


ESPECIAL CONSTRUÇÃO, IMOBILIÁRIO E DECORAÇÃO | III

O MIRANTE | 14 Abril 2011

Uma empresa da nova geração com os olhos postos no mundo MVGameiro Construções com sede em Caxarias no concelho de Ourém A MVGameiro Construções tem 15 funcionários e encontra-se actualmente a fazer a ampliação e reconstrução do quartel dos Bombeiros Voluntários de Caxarias. Apesar de um percurso curto no sector da construção civil, o empresário Frederico Gameiro já viveu alguns desafios interessantes na sua carreira profissional. Um deles foi uma casa de arquitectura moderna no concelho de Ourém. Um edifício cheio de pormenores e com equipamentos nem sempre fáceis de encontrar. “Foi um trabalho bem conseguido. Um misto entre arquitectura moderna e antiga com recurso a materiais que não são comuns”. Frederi-

co Gameiro lembra o caso das pedras decorativas do interior, algumas das quais tiveram que vir do estrangeiro. A empresa, sedeada em Casais de Abadia, Caxarias, no concelho de Ourém, vira-se agora para mercados internacionais, analisando as oportunidades que espreitam em Marrocos ou em Angola. A MVGameiro é uma empresa familiar que renasce pelas mãos da nova geração. Frederico Gameiro começou por trabalhar com o pai, encontrando-se a terminar o curso de engenharia civil. Actualmente mais de metade das encomendas são reconstruções, ou injecções de betão. A empresa tem procurado al-

A casa sem telhados e com escadas suspensas A “João Branco & Filhos” tem clientes de várias gerações da mesma família

A “João Branco & Filhos, Lda” é uma empresa de construção civil de Abrã, concelho de Santarém. Reconhece-se como uma estrutura local, que procura sobretudo trabalhar pela sua zona de origem. Talvez por isso, em muitos casos, o nome vá passando de pais para filhos e a firma já foi a construtora de moradias de várias gerações da mesma família. A empresa nasceu pela mão de João Branco mas hoje são também os filhos que dirigem o negócio. A filha, Zélia Branco, refere que a maior parte do trabalho é a construção de moradias particulares.

Zélia Branco gosta de desafios, obras que coloquem à prova as capacidades da empresa. Uma das que se recorda foi a construção de uma moradia em Santarém na linha da arquitectura moderna, sem telhados, com muitas janelas e escadas suspensas. “Foi uma obra interessante pela diferença do que é tradicional”, comenta. Este tipo de casa, explica, acaba por não ficar muito diferente, em termos de orçamento ou de trabalho, que as tradicionais. Apenas têm que ser mais bem isoladas. Os clientes, comenta, estão hoje “mais

guma formação naquela área uma vez que é um sector mais específico. A empresa pode ser contactada pelos números 249098819/919584625, e-

-mail geral@mvgameiro.com ou fax 249574179. Tem uma página na Internet, www.mvgameiro.com e está no facebook.

exigentes. Nota-se mais critério e o desejo de experimentar novos materiais”, explica. Muitas vezes é a própria Zélia Branco que os acompanha às lojas para escolher os materiais dos acabamentos, de modo a que tudo saia de acordo com a estrutura já montada. “Oriento conforme as necessidades”.

A “João Branco & Filhos” tem 25 funcionários. Para Zélia Branco, o objectivo passa por levar a firma no mesmo caminho que tem seguido até hoje, cumprindo com os pagamentos aos que consigo trabalham. A empresa pode ser contactada pelos números 243400483/962435740 ou pelo fax 243400483.


IV | ESPECIAL CONSTRUÇÃO, IMOBILIÁRIO E DECORAÇÃO

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O forno de padeiro que ninguém conseguia arranjar A “Jodiscas” tem soluções para quase tudo e quando não tem arranja Antigo funcionário público, José Castelo desistiu desse estilo de vida e decidiu investir na área das construções. Afirma que a sua empresa, a “Jodiscas”, “trata de quase tudo” e se não tem o conhecimento necessário não tem receio de contactar parceiros de confiança para ajudar nos seus trabalhos. Já trabalhou por todo o país, fazendo serviços para empresas como a PT Comunicações. Faz desde restauro, manutenção, reparação, pintura, carpintaria, electricidade, canalização, ladrilho, alvenaria, isolamentos, bricolage, entre outros. José Castelo confessa que o trabalho que lhe dá menos prazer é como armador de ferro. Queima as mãos quer seja

Verão ou Inverno e nunca conseguiu apreciar o ofício, mesmo quando lho tentaram ensinar. De resto não há desafio que não aceite, ajudado sempre pela imaginação e criatividade que marcam o seu trabalho. Uma das situações mais difíceis que enfrentou foi a de arranjar um forno de padeiro, conta. “Depois de já ter passado por vários profissionais, o proprietário entregou-me o serviço. E o forno foi arranjado. As mãos iam mexendo e as coisas resolveram-se”. Pelo menos nos dois anos seguintes o forno nunca mais avariou. “Eu também evoluí com os tempos”, refere. Vai fazendo as formações que pode e procura muita informação na in-

Os maiores desafios estão na arquitectura antiga à portuguesa Construtora “Justino e Maximiano” no Biscainho, Coruche

A empresa de construção “Justino e Maximiano” nasceu no Biscaínho, Coruche, em 2002. Nelson Justino, um dos impulsionadores trabalhava desde 1996 a título individual. Já leva 29 anos no sector e não está arrependido. Gosta de aprender e confessa que o que lhe dá mais prazer são os trabalhos mais complexos. Um deles foi uma moradia na sua rua onde teve a oportunidade de fazer de tudo, desde a estru-

tura ao jardim. “Vimos nascer tudo. O terreno só tinha árvores. O jardim da casa tinha a sua originalidade, uma vez que era redondo e dentro da própria moradia”. Toda a montagem do espaço foi trabalhosa, mas foi um desafio para a equipa da “Justino e Maximiano”. “Gosto de quanto mais complicados os trabalhos, melhor. É esse desafio que me dá muito gozo. Casas de linhas modernas toda a gente faz mas

ternet, sobretudo sobre as novas tecnologias que utiliza na sua área. “Procuro materiais mais rápidos, limpos e que fi-

cam mais baratos ao cliente”, explica. Para contactar a “Jodiscas” basta ligar para o número 936286098.

as casas mais antigas têm outros pormenores, dão mais trabalho”, refere Nelson Justino. Reconhece que a altura não é a melhor para o sector da construção civil, mas a empresa vai-se mantendo, sobretudo com a construção de moradias e alguns trabalhos pequenos. Presta serviços em Coruche, Benavente, Montijo ou Montemor, em diferentes áreas da

construção civil, como remodelações, demolições, construções, aterros, ou mesmo montagem de estruturas metálicas. Refere que o grande desafio da sua empresa foi todo o investimento que fez em equipamentos, carros e ferramentas. Para contactar a “Justino e Maximiano” pode usar os números 243689026/934602500 ou 968577670.


ESPECIAL CONSTRUÇÃO, IMOBILIÁRIO E DECORAÇÃO | V

O MIRANTE | 14 Abril 2011

Toneladas de tinta para um quarteirão inteiro do Chiado Tomé Correia da “Ribatintas” e a sua ligação à marca Hempel É com frequência que Tomé Correia, da “Ribatintas” passa pelas obras para as quais vendeu tintas para ver o resultado da sua aplicação. “É uma curiosidade profissional. Dá-me conhecimentos para poder aconselhar futuros clientes”, explica. A maior obra de que tem memória, para a qual forneceu tintas, foi para um quarteirão inteiro do Chiado, em Lisboa. “Gastaram lá várias toneladas de tinta”, afirma. A “Ribatintas” nasceu de uma delegação da marca de tintas Hempel em Santarém. Na empresa multinacional dinamarquesa desde 1981, Tomé Correia aceitou o desafio de dirigir uma loja de revenda quando a Hempel decidiu acabar com as delegações de fábrica. Para os cli-

entes, quase nada mudou. O empresário diz que uma das grandes vantagens da Hempel é a relação qualidade-preço. Em tempos de crise, afirma que o objectivo é ir mantendo o negócio, continuando a geri-lo como até ao momento e aguardar que melhores tempos cheguem. A empresa presta serviços no distrito de Santarém e numa parte de Lisboa e Leiria. Vende diferentes tipos de tintas, para construção civil, indústria metalo-mecânica e marítima, assim como acessórios de pintura. Para contactar a “Ribatintas” pode aceder-se à página electrónica (www.ribatintas.pt), pelo e-mail geral@ribatintas.pt, pelos telefones 243326626/917591906 ou pelo fax 243326211.

Estacionar à sombra dos painéis solares “Templarluz” trilha o caminho das energias renováveis

Na “Templarluz” tudo lembra as energias renováveis. Até o parque de estacionamento foi concebido com o aproveitamento da sombra de painéis solares. “É a coisa mais fora do comum que temos aqui montada para demonstração”, diz Luís Lopes, responsável pela empresa. Fora do comum foi também um pedido que chegou um dia de Cabo Verde. “Pediram-nos um orçamento para um hotel só com painéis fotovoltáicos e baterias. Acabaram por desistir da ideia porque é um investimento muito grande - cerca de meio milhão de euros. É algo que só compensa para sistemas pequenos”, explica. A “Templarluz”, em Tomar, nasceu voltada para as instalações eléctricas, mas a crise tem feito a empresa redireccionar a sua oferta para a energia fotovoltáica e eólica. Um sector que tem beneficiado

com a legislação em vigor que aposta nas energias renováveis. Somos das maiores empresas da região a montar estes sistemas” afirma Luís Lopes. A empresa foi fundada em 1995 pelo pai de Luís Lopes, continuando a ser uma empresa familiar. A “Templarluz” actua sobretudo na região, desde Tomar, Santarém até Leiria. À empresa são pedidos sobretudo sistemas de aquecimento e sistemas de microgeração. “Fazemos principalmente moradias particulares. Nas obras públicas a concorrência é enorme e nem sempre vale a pena”, comenta. Todos os técnicos têm formação específica na área. A firma tem página electrónica (www.templarluz.com) e pode ser contactada pelo e-mail luís.lopes@ templarluz.com ou pelos telefones 249302297/914287422.


VI | ESPECIAL CONSTRUÇÃO, IMOBILIÁRIO E DECORAÇÃO

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Ser criativo e original defendendo sempre o bom-nome A firma “José Ricardo Rodrigues & Filhos”, em Carvalhal de Aroeira, Torres Novas, dedica-se a remodelações e pinturas. Uma empresa que vingou pelo “bom-nome” do seu fundador e que resiste hoje, com os filhos, através desse prestígio. Assim o defende Ulisses Rodrigues, filho de José Ricardo Rodrigues, sublinhando ainda que a qualidade do trabalho está na satisfação do cliente, não tendo medo de arriscar mesmo que desconheça qual o método de trabalho. “Para mim o desafio maior é quando o cliente me pede uma coisa que não sei fazer e eu digo que faço”, confessa. O passo seguinte é informar-se, procurar perceber qual o desejo do cliente e deixá-lo satisfeito com o resultado final. Por norma, é colocado à prova quando lhe pedem desenhos específicos, além da pintura normal, ou determinados tipos de

“José Inácio M. Grilo” uma empresa que gosta de desafios Quando perguntamos a José Grilo qual foi o maior desafio que a sua empresa, a “José Inácio M. Grilo” já enfrentou ele não consegue indicar apenas um. “Somos postos à prova todos os dias”, responde. Após alguma insistência acaba por mencionar uma obra, pelo simples facto de ter sido algo que nunca tinha feito antes. “Foi uma ponte em Santarém. Estivemos sempre acompanhados por um engenheiro. Era um trabalho que nunca tinha feito. O desafio foi criar uma ponte em curva com cofragem metálica. O meu desafio desde sempre é o de aprender”. Sedeada na zona industrial da Chamusca, a “José Inácio M. Grilo” dedica-se à construção civil e à venda de materiais de construção e de jardim. Existe desde 1999 e resultou de uma sociedade entre José Grilo e a esposa. Em tempos de crise, nem sempre é fácil lidar com clientes e com os atrasos nos pagamentos. “Procuro sempre levar as coisas a bem, evitar discussões”, refere. A empresa já fez trabalhos de Lisboa a Fronteira, no Alentejo. “Procuramos sempre os melhores materiais e é nessa base que trabalhamos. Normalmente vamos ao encontro do que o cliente gosta”. A “José Inácio M. Grilo” pode ser contactada pelo e-mail josé.inacio.grilo@ sapo.pt ou pelos telefones 249760769 ou 933361370/382.

pintura decorativa. Um desses exemplos foi uma chávena desenhada na parede do café “Arroba” em Torres Novas, que mostra com satisfação. O cliente indicou-lhe o desenho pretendido e a partir daí pintou-o directamente na parede, à mão. “Não aparecem muitos trabalhos destes. Quando faço normalmente é quando vejo que o cliente quer arriscar, mas não sabe

bem o que quer. São aquelas pessoas que gostam da inovação, viram determinado estilo numa revista”. A “José Ricardo Rodrigues & Filhos” usa sobretudo as tintas “Dyrup” e “Fabrilac”, nas quais tem mais confiança e gosto na qualidade. A firma tem e-mail (josericardorodrigues@sapo. pt), mas o contacto preferencial é por telefone, pelos números 249811539/917268828.


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