GALARDÃO 2011

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O MIRANTE SEMANÁRIO REGIONAL - DIÁRIO ONLINE

Seis histórias de sucesso de empresários que sobreviveram em tempo de crise

SUPLEMENTO ESPECIAL

GALARDÃO EMPRESA DO ANO 2009 faz parte integrante da edição n.º 1009 deste jornal e não pode ser vendido separadamente

O MIRANTE e NERSANT premiaram dinamismo em mais uma edição do Galardão Empresa do Ano

Seis premiados. Seis histórias de sucesso em tempos de crise. O momento é dos mais difíceis que o país já atravessou e por isso os empresários são hoje os novos navegadores. Destacam-se onde há um nicho de negócio bem explorado. Seja na área do vidro, engenharia, hotelaria, fabrico de material didáctico, rações ou panificação.


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Seis histórias de sucesso de empresários que sobreviveram em tempo de crise O MIRANTE e Nersant premiaram dinamismo em mais uma edição do Galardão Empresa do Ano Seis premiados. Seis histórias de sucesso em tempos de crise. O momento é dos mais difíceis que o país já atravessou e por isso os empresários são hoje os novos navegadores. Destacamse onde há um nicho de negócio bem explorado. Seja na área do vidro, engenharia, hotelaria, fabrico de material didáctico, rações ou panificação.

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distinção. António Marto emocionou-se ao receber o prémio carreira empresarial

elogio. Representante das Rações Zêzere diz que os colaboradores contribuem para o sucesso da empresa

eis histórias de sucesso de empresários que tiveram a audácia de desenvolver um projecto e resistiram mesmo em tempo de crise. A imagem, deixada pelo secretário de Estado da Economia, António Almeida Henriques, diz respeito aos premiados do Galardão Empresa do Ano, uma iniciativa de O MIRANTE realizada em parceria com a Nersant - Associação Empresarial da Região de Santarém. A cerimónia da décima primeira edição decorreu na noite de quinta-feira, 27 de Outubro, durante um jantar com mais de duas centenas de pessoas que decorreu no Hotel Lux, em Fátima, concelho de Ourém. “Este é talvez o momento mais complexo que o nosso país já atravessou ao longo dos seus quase oito séculos de história mas nós somos os novos navegadores”, comparou. António Almeida Henriques acredita que de cada um dependerá a solução do problema do país. “As grandes reformas fazem-se em momentos de crise. Crise significa ameaça mas também significa oportunidade”. Para vencer a crise Deborah Barbosa, representante da Sociedade Panificadora Costa e Ferreira, com sede no Alto da Serra, concelho de Rio Maior, distinguida com o prémio empresa do ano, apelou a que se apoiem as empresas para que pos-

Uma crise sem fronteiras

confiança. Eduardo Gomes, distinguido com o prémio jovem empresário está convicto que a sua empresa vai resistir neste momento menos bom do país

“A crise é um tempo em que uns choram e outros vendem lenços. É uma frase em que nos devemos inspirar para ultrapassar os obstáculos com que nos vamos confrontando”. A sugestão foi deixada pelo presidente da Câmara Municipal de Ourém, Paulo Fonseca, anfitrião da cerimónia do Galardão Empresa do Ano, dinamizado pela Nersant e O MIRANTE, “dois marcos fundamentais na vivência quotidiana da região”. “É a primeira vez que ocorre na história uma crise sem fronteiras. Uma

sam continuar a produzir. “A empresa tem crescido ao longo destes quase vinte anos. Trabalhamos todos os dias do ano 24 horas por dia e empregamos quase 120 colaboradores”, testemunhou. O representante da Rações Zêzere, Jorge Fernandes, PME do ano, sediada em Gravulha, Águas Belas, no concelho de Ferreira do Zêzere, agradeceu e elogiou aos colaboradores que contribuem para o sucesso da empresa. “Numa altura em que o que vende é a crise e o desemprego é gratificante sentir que alguém se lembra de premiar o mérito também”, disse o empresário que considera que não é só com subsídios que se apoiam as empresas. Na capital do ovo a ideia lançada pelo presidente de câmara de fazer a maior omolete do mundo para o Guiness é bem acolhida. O empresário José Simões, da Trisca, no Entroncamento, prémio microempresa do ano, frisou num discurso divertido a relevância da formação para o sucesso de um negócio. “Há dez anos a minha empresa esteve quase a falir. Pensei para mim próprio que não percebia nada do negócio. Decidi apostar na formação”, resumiu o empresário da firma especializada em material didáctico. Luísa Fernandes, sócia gerente da JM Fernandes, na Lapa, no concelho do Cartaxo, que construiu ao lado do marido, recebeu o prémio mulher empresária e agradeceu à família e à equipa. Dedicou a distinção às mulheres empresárias que acumulam ainda as funções de mãe e de esposas. “É-nos realmente difícil conciliar todas os afazeres. É necessário muito amor, muita dedicação e resiliência”. O jovem empresário, Eduardo Russo Gomes, director da Lusiprojecto, Santarém, explorou uma nova oportunidade de mercado na área dos serviços de engenharias ligados às edificações. “Apesar da conjuntura económica e da inserção da Lusiprojecto num dos sectores mais afectados estamos convictos de que a aposta na formação, no rigor, cumprimento dos prazos e oferta de novos serviços nos permitirá resistir”. António Marto, empresário do sector hoteleiro, em Fátima, concelho de Ourém, galardoado com o prémio carreira empresarial, lembrou os presentes e os ausentes num discurso emotivo e parco em palavras. “Sabe o que é que o meu pai costuma dizer? Que já falou muito ao longo da vida”, confidenciou a filha

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crise na aldeia global. Uma crise que não permite aos governos sucessivos socorrerem-se dos instrumentos monetários, por exemplo, para poderem estancá-la, corrigi-la e inverter a sua tendência. É fácil perceber que estamos em cima de um barril de pólvora mas temos que ser positivos”. Fátima, altar do mundo, terra mais conhecida no mundo que o próprio Portugal, sofre de um problema de sazonalidade. É visitada por cinco milhões de pessoas por ano de Maio a Outubro. “Cada turista é factor de ajuda ao grande problema financeiro que temos em Portugal. Temos que apostar nos sectores onde podemos crescer”, concluiu.


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segredo. José Simões, da Trisca (Prémio Micro Empresa) diz que formação é um dos segredos do sucesso

“Os pequenos e médios empresários são o motor da economia”

Os pequenos e médios empresários são o grande motor da nossa economia e os grandes obreiros de qualquer sociedade. A frase é do director geral de O MIRANTE, Joaquim António Emídio, que admite que o país vive um processo muito agressivo mas inevitável de mudança. “Não sei se vou desiludir muita gente mas não sinto angústia pelo trabalho acrescido que a crise está a provocar. Estava mais preocupado se as condições do país se mantivessem da forma que permitiu que os Berardos da vida, por serem amigos dos políticos e dos banqueiros, se mantivessem na mó de cima”, referiu não escondendo que é “visceralmente contra a sociedade capitalista que põe e tira o que está em cima da mesa quando sacia a fome independentemente da fome dos outros”. Num momento em que os problemas da imprensa são discutidos como a gene-

ralidade dos problemas do país, com especial turbulência por causa das televisões e da fraca economia que não chega para sustentar os grandes jornais, O MIRANTE está entre os dez maiores jornais do país com maior tiragem e maior sustentabilidade. “Temos uma vantagem em relação aos outros. Estamos muito mais próximos dos nossos leitores e dos nossos anunciantes e não nos assustamos com a crise nem vamos fazer coro com os profetas da desgraça”. Joaquim António Emídio lembra que O MIRANTE tem uma só agenda. “Fazemos um jornal para o nosso público e não fazemos um jornal para os leitores de uma determinada classe política ou empresarial. A primeira coisa que aprendemos neste ofício é que se o produto não for bom para consumo dos leitores acaba endividado e descredibilizado e nunca passará da cepa torta”.

A dívida do Estado ao sector privado bastaria para dinamizar a economia A presidente da direcção da Nersant, Salomé Rafael, aproveitou a presença de um elemento do Governo para falar das dificuldades sentidas pelos empresários no que diz respeito à falta de financiamento bancário, às candidaturas do QREN e às dívidas do Estado ao sector privado. A oportunidade foi aproveitada para deixar também algumas propostas. Para minimizar o problema do financiamento bancário, que se não for resolvido levará ao encerramento de milhares de empresas, a Nersant propõe a criação de um fundo de obrigações participantes. A ideia é reforçar a estrutura de capitais permanentes das empresas. Poderia ser gerido pela Sociedade Portuguesa de Garantia Mútua e pelo IAMPEI. “Na próxima revisão de memorando deveria ser garantida uma situação específica de financiamento às

empresas que não podem esperar mais”, sugeriu Salomé Rafael. A presidente do Nersant pediu ainda que as regras de acesso ao QREN sejam simplificadas. As dívidas do Estado ao sector privado foram igualmente abordadas. “É fundamental que as entidades públicas regularizem as suas dívidas às empresas fornecedoras. A quantia em dívida, no valor de 2,3 mil milhões de euros, seria o bastante para voltar a dinamizar a economia”, avaliou. Salomé Rafael congratulou-se pelo facto da iniciativa conjunta da Nersant e de O MIRANTE ter “tão grande aceitação” apesar da conjuntura depressiva em que o país mergulhou. “Gostaria de falar em crescimento mas seria uma utopia neste contexto. Neste momento trata-se apenas da sobrevivência de milhares de empresas”.

apelo. Representante da Costa e Ferreira diz que é importante que se apoiem as empresas para que possam continuar a produzir

mérito. Luísa Fernandes recebeu o prémio mulher empresária das mãos de Paulo Varanda, novo presidente da Câmara do Cartaxo As várias edições de O MIRANTE, a tiragem, o aumento da equipa de profissionais e as parcerias fazem do jornal, mais do que um caso de estudo, um projecto jovem e cheio de futuro. “Temos tanta confiança no que dizemos e realizamos que fazemos questão de dividir tudo o

Secretário de Estado diz que há verbas do QREN para distribuir Os fundos comunitários disponíveis no âmbito do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional) podem ser uma tábua de salvação para alguns empresários. O secretário de Estado da economia e desenvolvimento regional, António Almeida Henriques, lembrou que o Governo está a reprogramar as verbas para ajudar os empresários a superar a crise. “Nós temos neste momento 15 mil milhões de euros que ainda não estão executados. 74 por cento desse dinheiro está alocado a projectos, mas alguns não terão capacidade para

que temos com os outros. O Galardão Empresa do Ano é em parceria com a Nersant a nossa iniciativa mais feliz e grandiosa porque nos aproxima de uma outra forma com a comunidade em que vivemos e trabalhamos”.

sair do papel porque são de iniciativa pública e o Estado não vai ter capacidade para avançar com contrapartida nacional para os poder desenvolver. Também há projectos do sector privado que neste momento não estão a ser desenvolvidos”. A reprogramação estratégica que está a ser feita no QREN pretende apoiar a economia e apoiar infra-estruturas que possam dinamizar a economia. “É a única disponibilidade que o Governo tem para poder mexer a economia”, sublinha o governante que considera que é importante aproveitar a oportunidade. A porta do Ministério da Economia, sublinha, é uma porta aberta às empresas. “Às vezes podemos não ter dinheiro, mas se ouvirmos as pessoas e as ajudarmos a ultrapassar algumas dificuldades estamos a contribuir para a resolução de alguns problemas”, concluiu.


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Eduardo Russo Gomes cansou-se de esperar por emprego e fez a sua empresa Ainda esteve na função pública mas o gosto pelo risco falou mais alto e ele “voou” Sempre se imaginou a trabalhar numa pequena empresa. Cansado de esperar por um emprego, Eduardo Russo Gomes resolveu abrir um escritório na agência imobiliária do pai. Hoje lidera a Lusiprojecto, uma empresa especializada nas medições e ensaios acústicos. Não dispensa o exercício físico e durante o Verão gosta de ir ver uma corrida de toiros.

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m 2005, Eduardo Russo Gomes saiu da Universidade de Coimbra com a mensagem que o seu destino e o dos colegas deveria passar por uma grande empresa. Mas o jovem engenheiro civil de 26 anos entendia que o tecido empresarial passava maioritariamente pelas pequenas e médias empresas. É assim que regressa a Santarém, a terra que o viu nascer e crescer, cheio de vontade de começar a trabalhar e pronto a aproveitar todos os contactos desenvolvidos ao longo dos anos. Traz consigo todo o conhecimento teórico adquirido ao longo do curso. Só precisava de descobrir como o colocar em prática. Não encontrou qualquer facilidade em associar-se a alguma empresa e resolveu começar sozinho do zero. Montou um escritório na agência imobiliária do pai e em 2006 surgem os primeiros trabalhos relaciona-

objectivo. Eduardo Gomes pretende que empresa atinja ponto de equilíbrio adequado ao mercado disponível em Santarém dos com pequenas obras. Pouco tempo depois surge a possibilidade de realizar um estágio profissional na Câmara Municipal de Santarém. Não deixou escapar a oportunidade que lhe permitiu crescer a nível pessoal e profissional. Mesmo assim, Eduardo Russo Gomes descobre que a sua vocação não passava pela câmara e resolve juntar-se em finais de 2007 ao irmão que tinha criado a Lusiprojecto,

Receitas para enfrentar a crise O mundo mudou muito nos últimos tempos e os nossos empresários vão sentindo na pele as consequências dessa mudança. O que ontem eram verdades absolutas, como a facilidade no acesso ao crédito bancário, hoje são factos questionáveis. Os novos problemas exigem respostas diferentes e para se pegar a crise de caras é preciso engenho, arte e gosto pelo risco. A internacionalização e a criação de novos ramos de negócio são duas das opções encaradas como fundamentais para se atravessar os tempos difíceis que se vivem e que estão para durar. Outra é cortar nos custos. O MIRANTE foi ouvir alguns empresários que estiveram na cerimónia de entrega dos prémios Galardão Empresa do Ano realizada em Fátima.

uma empresa especializada na área de medições e ensaios acústicos. Pouco tempo depois o irmão decide sair para se dedicar a outros projectos e o engenheiro civil assume a liderança da empresa em Agosto de 2009. A Lusiprojecto desenvolve a sua actividade no âmbito do licenciamento de obras de edificação e urbanização, fiscalização de obras e coordenação de

À descoberta do Brasil e de Angola Empresa de referência nas áreas do software de gestão e consultoria informática, a Risa não atravessa “problemas tão graves” como os de outros sectores de actividade, nomeadamente a construção civil e obras públicas. “Paradoxalmente vamos admitir mais pessoas, isto pode parecer um contra-senso”, diz o administrador João Artur Rosa. Mas nem tudo são rosas. “As questões financeiras e de tesouraria da minha empresa em 35 anos de existência nunca tiveram um nível tão ruim como o actual”. Tudo devido às dificuldades de fi-

segurança. A especialização na área de medições e ensaios acústicos, motivou o aparecimento de um departamento específico, designado como ScalAcústica Laboratório de Acústica. A Certicasa, desenvolve a sua actividade no Diagnóstico, Avaliação Imobiliária e Certificação de Edificações ao nível energético. É uma empresa que está acreditada pelo Instituto Português de Acreditação (IPAC). Para o jovem empresário, a criação de valor passa pelo desenvolvimento de parcerias fortes com outros agentes económicos. Fomentar o empreendedorismo em redor, apresentar um leque diversificado de serviços e apostar na formação regular de todos os colaboradores são alguns dos princípios que norteiam a empresa. O empresário não gosta de rotinas. Tanto pode chegar ao escritório às 7h00 da manhã como às 11h00. É de manhã que resolve os trabalhos mais importantes da empresa. Aproveita o almoço para tratar de assuntos com clientes. Muitas vezes o dia de trabalho termina só lá para as 23h00. Durante o fim-de-semana o telemóvel não toca tantas vezes e o engenheiro civil aproveita para continuar a trabalhar nos assuntos que exigem maior concentração. Garante que mesmo o tempo de descanso é usado para pensar em estratégias que permitam lutar pela sobrevivência do projecto. Há três anos casado com a fadista Maria Azóia, tem um filho de um mês e meio. Treina duas vezes por semana rugby no Rugby Clube Santarém. Também gosta de praticar natação ou andar de bicicleta. Embora já tivesse sido um acérrimo aficionado, continua a gostar de assistir a umas corridas de toiros durante o Verão. Não pretende que a Lusiprojecto seja uma empresa muito grande, mas que atinja um ponto de equilíbrio adequado ao mercado disponível na cidade de Santarém. Expandir o negócio para Moçambique ou Cabo Verde é outro dos sonhos para o qual trabalha diariamente

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Estado não paga e a solução é reduzir pessoal João Artur Rosa - Risa - Vila Moreira (Alcanena) nanciamento junto da banca e ao dinheiro que tem para receber dos clientes. A Risa está numa fase de crescimento, com a procura de novos mercados que se reflecte nos negócios recentes no Brasil e em Angola. “As coisas estão a correr bem em termos de trabalho, mas se não recebo como é que posso continuar a trabalhar?”, questiona.

O administrador da construtora EcoEdifica, empresa dedicada às obras públicas e engenharia civil, diz que, fundamentalmente, a sua resposta para a crise é cortar postos de trabalho. O engenheiro civil queixa-se da demora que o Estado leva a pagar as obras contratadas e executadas e que, face a essa realidade, não tem outra alternativa. “O banco não empresta um cênti-

Mário Correia - EcoEdifica Torres Novas mo, cortou totalmente, o Estado não paga, só tenho uma solução, é parar a empresa”. Mário Correia diz que os cerca de 150 trabalhadores “estão a ir aos poucos até chegar a zero”. E reforça: “Não temos hipóteses de continuar a trabalhar assim como isto está!”.


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Mergulhar no mundo empresarial pela mão do marido Luísa Fernandes é o rosto da empresa de vidros e alumínio JM Fernandes Luísa Fernandes tinha apenas 28 anos quando mergulhou no negócio dos vidros apoiando o marido Joaquim Manuel Fernandes. A aventura dos dois empreendedores deu frutos. A empresa, sediada na Lapa, concelho do Cartaxo, tem 12 trabalhadores e já deixou marcas em grandes projectos.

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uísa Fernandes, 48 anos, é a prova de que atrás de um grande homem está sempre uma grande mulher. A empresa de vidros e alumínio JM Fernandes tem o nome do marido, Joaquim Manuel Fernandes, mas o empresário e criativo tem a seu lado desde o primeiro momento a esposa, um dos pilares da empresa actualmente instalada na Lapa, no concelho do Cartaxo. O casal criou a empresa há vinte anos. Ele tinha 27 e ela 28 anos. À experiência profissional de Joaquim Manuel Fernandes, que trabalhava desde os 14 anos na vidreira do Cartaxo, juntou-se a multifacetada Luísa Fernandes. Abriram a primeira loja, no lugar de uma antiga oficina, em Aveiras de Cima, concelho de Azambuja. “Foi uma aventura mas nessa idade não se tem medo”, confirma Luísa Fernandes à distância de duas décadas. Joaquim Manuel Fernandes tinha saído da empresa onde trabalhava há 14 anos e com o dinheiro da indemnização compraram os primeiros materiais. Luísa Fernandes estava então desempregada. Já tinha trabalhado em armazéns de vinho e possuía o diploma de cabeleireira. Agarrou o desafio com todas as forças. Tornou-se no rosto da empresa e aprendeu a cortar vidro. Nunca deixou um cliente enrascado.

competência. Luísa Fernandes é a responsável pela área comercial, administrativa e financeira da empresa A empresa tem crescido desde 1991 com passos pequenos sustentados. Só muitos anos depois de abrirem o espaço na Lapa se aventuraram, em 2008, a construir o actual edifício moderno e envidraçado em tons de vermelho que é visível da via rápida entre o Cartaxo e Aveiras de Cima. Luísa Fernandes é a responsável pela área comercial, administrativa e financeira da empresa. Joaquim Manuel Fernandes, o criativo que domina a técnica, está mais ligado à produção como no início. A cobertura em vidro do edifício sede da Parque Expo, a fachada da Portugália no Cais do Sodré e os vidros com sistema de correr do Club House Belas Club de Campo são algumas das

obras que a empresa tem desenvolvido. Valorizam tanto a produção de um candeeiro criativo como a participação num grande projecto arquitectónico. A empresa tem actualmente 12 trabalhadores. A palavra crise ouve-se mais fora do que dentro da firma. O volume de negócios é de 700 mil euros. A chave do sucesso resume-se a uma palavra: trabalho. Luísa Fernandes continua a manter a mesma energia que a fez acreditar no projecto no início. E nem as dificuldades, como o recente assalto às instalações da empresa e um prejuízo de 56 mil euros, a fazem abrandar. Viaja regularmente entre Milão e Düsserdorf para conhecer as últimas novidades no meio. Em parceria com uma

empresa a JM Fernandes está a desenvolver um projecto inovador que permite colocar imagem de televisão em vidros. Além de sócios, Luísa Fernandes e o marido são almas gémeas. Estão casados há 26 anos. Foram viver na altura para um quarto na casa da mãe de Luísa Fernandes, na Lapa. O primeiro projecto do casal foi recuperar uma casa do avô de Joaquim Manuel Fernandes, no Cartaxo, onde residem. Desmancharam paredes e foram construindo aos poucos. “A vida é para se viver assim. Se comprarmos tudo de uma vez as coisas deixam de ter graça”. A empresa surgiu igualmente como um projecto sustentável idealizado com os pés bem assentes na terra. “Quando iniciámos o projecto os juros estavam a 28 por cento. O meu primeiro carro foi comprado assim. Os bancos não emprestavam dinheiro. Tínhamos que trabalhar e economizar para poder comprar”, conta. Tem duas filhas com 25 anos e 18 anos. Estão ambas em Lisboa. Uma trabalha e a outra estuda. Quando a filha mais velha era pequena chegou a dormir no carro com uma manta à espera que os pais acabassem o trabalho. “É necessário muito amor, dedicação e resiliência para levar isto por diante”, reconhece. Luísa Fernandes admite que é mais difícil à mulher impor-se no mundo empresarial mas considera que elas têm desbravado caminho conseguindo manter o equilíbrio entre a família e o trabalho. O marido faz mergulho e conseguiu que Luísa Fernandes tirasse o curso há pouco tempo. A experiência superou as melhores expectativas e lá em baixo a empresária consegue atingir uma grande paz. Ao fim de semana andam de bicicleta e fazem caminhadas a dois. Luísa Fernandes gosta de ir ao cinema e ao teatro. Detesta fazer compras. Não gosta de perder tempo e é indecisa nas escolhas. Raramente se maquilha ou vai ao cabeleireiro. Não tem empregada doméstica mas a mãe, já reformada, ajuda-a em casa. As tarefas domésticas são uma das actividades que elege para aliviar o stress. O marido também participa. Adora cozinhar. O casal almoça e janta em casa todos os dias. A sua casa, garante, é o melhor restaurante do mundo

Cortar nos custos e procurar novos negócios

Resposta foi criar quase 100 empregos

O empresário do ramo imobiliário diz que o sector “está completamente parado”. Francisco Mendes revela que o que têm vindo a fazer desde há algum tempo é uma “completa redução de custos”, designadamente com pessoal e instalações, e também equacionar mudanças dentro do sector e até de ramo actividade. “Tem que se inovar e procurar novas alternativas, apesar de serem poucas nos tempos que correm. Temos alguns projectos em mente mas ainda é cedo para falar sobre eles”, conclui.

O empresário do ramo dos curtumes afirma que as medidas que tomou para combater a crise foi meter 95 pessoas a trabalhar este ano, reconhecendo que está um pouco contra o ciclo da economia onde a crise é palavra de ordem. “Nos curtumes tivemos muito trabalho este ano. O grupo está a funcionar bem e não tem problemas com a banca”, garante António Cruz Costa, afirmando que o grupo empresarial quer continuar a estar entre os melhores.

Francisco Mendes Só No Campo - Santarém

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António Cruz Costa - Inducol - Amiais de Cima (Santarém)


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O primeiro hoteleiro de Fátima Investimento de António Marto na restauração foi inspirado nas aparições Ninguém da família Marto viu a virgem Maria em Fátima mas houve quem vislumbrasse no acontecimento uma possibilidade de negócio. António Marto foi uma espécie de visionário empresarial. Teve a seu lado uma esposa operacional que complementou o seu lado reservado. Aos 82 anos continua a trabalhar e também tem os filhos a trabalhar com ele.

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ntónio Marto é o mais antigo hoteleiro de Fátima. Após as aparições de Nossa Senhora de Fátima aos pastorinhos os pais do empresário deslocaram-se de Lombo de Água nos arredores da cidade, para montarem um café perto da Cova da Iria com serviço de refeições e uma loja de artigos religiosos. Os milhares de peregrinos que se deslocavam a Fátima precisavam de alojamento e a família começou a alugar quartos. Pouco tempo depois surge a ideia de construir um hotel, o primeiro na freguesia do concelho de Ourém. O então Hotel Fátima começou a ganhar forma. António Marto, considerado um visionário para a época, queria um hotel com as melhores condições e contactou o arquitecto Ernesto Korro-

Missão. António Marto sempre apostou num serviço de excelência que agradasse aos clientes di de origem Suíça, que se naturalizou português e que assinou mais de 400 projectos em Portugal. Korrodi foi uma grande influência na vida de António Marto que trabalhou com os pais e irmãos no hotel. Algum tempo depois de casar criou o seu próprio hotel, o Santa Maria, que também foi projectado por

Korrodi há 45 anos. Em 2000 a unidade sofre uma profunda remodelação e passa a quatro estrelas e a disponibilizar 120 quartos. Em 2010 volta a receber obras e disponibiliza 173 quartos. Homem reservado, de gabinete, tido pelos colaboradores como exigente mas justo, sempre primou por apresen-

tar um serviço de qualidade. Ele era o estratega e a mulher, Fernanda Marto, a operacional que garantia o funcionamento do hotel. António Marto, nascido em 15 de Agosto de 1929, começa a expandir o negócio e em 1982 adquire um edifício onde instala o Hotel São José também em Fátima. Nesse mesmo ano incentivado pelo filho que estava a terminar o curso de gestão, decide comprar o Hotel Roma em Lisboa. Depois constrói no ano 2000 o Hotel Marquês de Pombal também na capital, uma unidade de quatro estrelas com 120 quartos. António Marto foi um dos fundadores da Associação dos Directores dos Hotéis de Portugal. Não é de ficar à espera que as oportunidades apareçam. Trabalha para que as coisas aconteçam. Andou a promover os seus hotéis quase de porta em porta, directamente nas agências e operadores turísticos, andou em feiras internacionais. Sempre quis ter os filhos ao seu lado dando-lhes sociedades nas empresas. Há colaboradores que o acompanham desde o tempo em que abriu o Santa Maria. Aos 82 anos continua a trabalhar. Tem casa de habitação mas vive no Hotel Roma por uma questão prática. António Marto é sobretudo um humanista que tem um grande sentido prático da vida. Sempre preferiu a qualidade à quantidade. A sua aposta sempre foi num serviço de excelência que agradasse aos clientes. Há alguns que frequentam por exemplo o Hotel Santa Maria há anos. António Marto dá um grande valor à palavra e tudo o que combina cumpre à risca. É um homem de ir em frente e quem o conhece diz que nunca voltou atrás num negócio com fornecedores ou clientes

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Sem trabalho não vamos a lado nenhum

Internacionalização é o caminho a seguir

Acesso a financiamento é uma questão crucial

A melhor forma de enfrentar a crise e os tempos difíceis é ter forças para trabalhar. A sentença é de José Júlio Eloy, administrador da AgroRibatejo, empresa de comercialização de máquinas e equipamentos para a lavoura e para terraplanagens. “Sem trabalho não vamos a lado nenhum, já se sabe há muito José Júlio Eloy - AgroRibatejo - Santarém tempo, mas agora é pior. Estamos a travessar uma crise muitíssimo grande e estamos a ver se nos aguentamos”. O empresário queixa-se que os seus clientes não têm trabalho e isso reflecte-se nas vendas. “O Estado não lança obras, não há estradas, terraplanagens”. Mesmo assim a AgroRibatejo mantém-se à tona. “Temos muitos clientes. Os grandes estão muito aflitos, sem trabalho. Dos pequenos lá aparece um trabalho aqui, outro acolá, lá se vão defendendo e nós vamos com eles”.

O administrador da Ribatel, empresa que trabalha nas áreas das telecomunicações, telemetria e sistemas de segurança, diz que a empresa está a enfrentar as dificuldades com pragmatismo e alguma audácia. “Temos em curso projectos de internacionalização com os produtos que desenvolvemos e estamos já com projectos piloArmando Rosa - Ribatel - Santarém to no Brasil. Com uma das principais empresas brasileiras de distribuição de gás estamos neste momento a apostar na telemetria na área dos combustíveis e de gás”. Armando Rosa diz que se não for assim vai ser muito difícil sobreviver. “A internacionalização é a única resposta possível neste momento para sobreviver, porque não há mercado em Portugal nem se antevê também grande mercado na Europa. No Brasil esperamos que em 2012 as coisas corram bem”.

Apoiar as empresas nas áreas da formação e internacionalização e tentar encontrar alternativas para as ajudar em termos de financiamento são receitas que o presidente da comissão executiva da Associação Empresarial da Região de Santarém - Nersant, considera funAntónio Campos - presidente da damentais para comissão executiva da Nersant as tornar mais Torres Novas aptas a atravessar a crise. “A grande questão que as empresas nos colocam é a do financiamento. Essa é uma questão que compete muito ao Governo e nós já apresentámos um estudo com situações alternativas que podem ser implementadas”, afirma António Campos.


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A brincar a brincar se faz um caso de sucesso A Trisca tem vindo a crescer e não é a crise que a consegue travar Um dos desejos de José Simões e Manuel Amado, sócios gerentes da empresa, é participarem na maior feira de material didáctico que se realiza todos os anos em Nuremberga, na Alemanha. Mas isso só vai acontecer quando estiverem a trabalhar nas novas instalações na Zona industrial do Entroncamento.

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udar de instalações para a Zona Industrial do Entroncamento é o principal objectivo da Trisca, para continuar a crescer como tem acontecido todos os anos. A empresa, gerida pelos sócios José Simões e Manuel Amado, é especializada no fabrico e distribuição de produtos em espuma para o mercado escolar. O rés-do-chão de uma moradia, com vegetação à volta, esconde as instalações da empresa. As várias divisões foram transformadas em salas de corte e enchimento. O ano passado construíram um armazém ao lado da casa onde funciona a empresa mas até esse já se tornou pequeno para as encomendas que surgem diariamente. A empresa começou a dar os primeiros passos em 1995 numa loja no centro do Entroncamento onde vendiam material escolar e também jogos didácticos, onde fizeram sucesso. Mais tarde, contrataram costureiras e começaram a fabricar fantoches e material para dramatização. “A empresa tinha mão-de-obra intensiva mas produzíamos artigos que

tinham pouca rentabilidade. Dava muito trabalho e não podíamos vender muito caro”, explica José Simões, sócio-gerente da Trisca. O crescimento da empresa começou a fazer-se a partir de 2001 quando um cliente sugeriu que criassem produtos em espuma. Aceitaram o desafio e perceberam que podiam ter ali uma “vocação”. Desde 2005 que a empresa cresce cerca de 25 por cento por ano. Em 2010 facturaram cerca de 320 mil euros e este ano vão facturar aproximadamente 400 mil euros. Com as novas instalações vão ter condições para contratar novos funcionários. Actualmente a empresa conta com uma equipa de seis funcionários. A Trisca produz todo o tipo de material em espuma para jardins-de-infância, atelier de tempos livres, bibliotecas e escolas do primeiro ciclo. Sofás, almofadas, pufes, tapetes e estruturas para sentar. Trabalham exclusivamente em espuma forrada com tela colorida. A empresa dispõe de uma rede de distribuidores por todo o país que dão a conhecer os seus produtos através dos catálogos da Trisca junto das escolas e creches. Em 2005 apostaram na internacionalização e começaram a exportar para Espanha onde já têm alguns clientes. Também exportam para França embora as despesas de transporte tornem aquele país menos atractivo. Angola é outro país no qual têm apostado. José Simões diz que este é um mercado em expansão e que têm boas perspectivas de crescimento. Um dos objectivos é participarem na maior feira de material didáctico que se realiza todos os anos em Nuremberga, na Alemanha. Mas isso só vai acontecer

segredo. José Simões diz que qualidade dos produtos é factor chave para o sucesso quando tiverem as novas instalações. “Não podemos arriscar a ir à Alemanha expor o nosso material e no dia seguinte termos um volume de encomendas para o qual não temos capacidade de resposta”, explica José Simões. Para os empresários o facto de serem fabricantes dos seus produtos é uma mais-valia uma vez que, em Portugal, a maioria das empresas que trabalha na área do material didáctico são importadores. José Simões salienta que os clientes reconhecem a qualidade com que trabalham. São os próprios que desenham e concebem o material em função do que existe no mercado a nível mundial. Se os clientes quiserem os produtos são feitos ao seu gosto. Continuar a conquistar novos mercados e alargar a abrangência a outros países europeus é outro dos objectivos da Trisca. Para José Simões, o segredo

Investir mais é a solução

Controlar custos e adaptar preços

“Para enfrentar a crise tenho que investir mais”, diz Carlos Henriques, do grupo El Galego, que explora vários restaurantes e cafetarias em Santarém e ainda um talho e um restaurante na Póvoa de Santarém. “A solução é investir. Isso é o que o nosso grupo tem feito e é o que vai continuar a fazer para tentarmos ser os melhores”, reforça Carlos Henriques, sócio-gerente da empresa que tem criado postos de trabalho e aberto novos estabelecimentos nos últimos anos, um pouco em contraciclo com a tendência dominante na área da restauração. Quanto a 2012, as perspectivas não são muito risonhas. “Acredito que com a alteração do aumento do

O responsável pelo Hotel Dom Gonçalo, em Fátima, diz que já “há largos anos” está habituado a viver com dificuldades de mercado e com diferentes conjunturas, com a empresa a adaptar-se à realidade de cada período. “Neste momento é mais uma situação dessas, em que temos de puxar pela imaginação, controlar bastante os custos e adaptar os preços ao mercado. De uma forma geral penso que as coisas irão correr bem”. Jorge Heleno refere que a indústria hoteleira tem um grande potencial e é um sector onde Portugal consegue posicionar-se correctamente e vender para exportar. “À partida estamos confiantes no futuro. O mercado de Fátima é um nicho muito particular.

Carlos Henriques grupo El Galego - Santarém IVA sobre o sector da restauração a vida vá ser mais complicada para o sector, mas criando condições e investindo vamos tentar ultrapassar” mais esse obstáculo.

Em 2005 apostaram na internacionalização e começaram a exportar para Espanha onde já têm alguns clientes. Também exportam para França embora as despesas de transporte tornem aquele país menos atractivo. Angola é outro país no qual têm apostado

do sucesso é estar sempre actualizado em relação às novidades e desenvolver estratégias de expansão. A qualidade dos produtos é, também, um dos factores chaves para o crescimento gradual que têm vindo a ter

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Jorge Heleno - Hotel Dom Gonçalo - Fátima Nós já há vários anos que temos vindo a trabalhar este mercado e estamos agora a colher os frutos de todo esse trabalho de longo prazo e de grande esforço e dedicação”, conclui.


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Inovação tecnológica e funcionários motivados Jorge Fernandes explica o sucesso da Rações Zêzere Num momento em que o mercado está em recessão a empresa está a crescer, estimando-se um acréscimo de 20% nas vendas em relação ao ano anterior. Números que se explicam pela produção de qualidade a baixos custos. A Rações Zêzere dá trabalho a 46 pessoas.

O

s resultados de excelência da empresa que apresentamos nos próximos momentos fizeram com que seja uma repetente no Galardão Empresa do Ano, iniciativa que O MIRANTE leva a cabo em conjunto com a Associação Empresarial do Distrito de Santarém. A Rações Zêzere, sedeada em Gravulha, Águas Belas, no concelho de Ferreira do Zêzere, conquistou o Galardão Empresa do Ano 2008. Volta agora à ribalta para arrecadar o prémio de melhor Pequena e Média Empresa (PME) 2009. Muito mudou neste curto espaço de tempo e mudou para melhor devido ao vector inovação que leva a que os seus produtos se distingam no mercado, não só pela qualidade como pela sua apresentação: não se encontra nenhuma embalagem de rações no mercado que tenha no exterior fotografias coloridas dos animais a que se destinam como aqui acontece. A Rações Zêzere celebra este ano 30 anos no mercado, apesar de só há apenas meia dúzia de anos vender ao público em geral, pois destinava-se

apenas a consumos das explorações dos sócios da empresa. Fabrica rações e cereais para coelhos, pintos, frangos, galinhas, patos, perus, avestruzes, suínos, bovinos, ovinos, caprinos e cavalos. A base do seu sucesso, revela Jorge Fernandes, presidente do conselho de administração, assenta na capacidade de perceber, em cada momento, as exigências do mercado. O recurso à tecnologia inovadora e a corrente satisfação dos funcionários fazem o resto. Produzir mais com menos é a máxima da empresa. Com apenas três funcionários - dois na parte de Embalagem, um na Sala de Comando - assegura-se o funcionamento de duas fábricas, construídas com apoios comunitários e apetrechadas com tecnologia avançada. Uma unidade fabrica Rações, a outra, fabrica uma Mistura de Cereais, para que o cliente final veja o cereal depois de limpo e tratado. Três turnos de três homens asseguram que diariamente sejam descarregados 20 semi-reboques, o que representa uma produção de 12 mil toneladas de rações por mês. Nos últimos dois anos, a Rações Zêzere cresceu em recursos humanos, infra-estruturas, tecnologia, produção, e, obviamente, em lucro. Para além de um logótipo diferente, a Rações Zêzere tem novas embalagens de plástico com pegas, que proporcionam mais comodidade ao consumidor que as adquire nas grandes superfícies comerciais, e produtos flocados de grande qualidade, feitos a altas temperaturas, que permitem uma melhor digestão pelos animais. Num momento em que o mercado está em recessão a empresa está a cres-

crescimento. A empresa obteve, em 2010, vendas de 27 milhões de euros cer, estimando-se um acréscimo de 20% nas vendas em relação ao ano anterior. Em 2010 obteve vendas de 27 milhões de euros. Este ano, a empresa estima atingir os 40 milhões de euros. Números que se explicam pela qualidade dos produtos e produção de qualidade a baixos custos. E se em 2008 a empresa assegurava 31 postos de trabalho conta agora com 46 colaboradores, muitos deles na área da investigação e certificação de qualidade. A Rações Zêzere faz parte de um grupo que inclui diversas empresas ligadas ao ramo agro-alimentar como a Sicarze, Zêzerovo, Uniovo, Agropefe e Agrozel e outras ligadas ao ramo imobiliário como a Conzel, Tomargest, Globalfer e Zarty´s. Tem negócios na área da distribuição alimentar em Angola e na área da construção civil no Brasil e

Estado demora a pagar mas é ágil a cobrar

Vale mais não vender do que vender e não receber

Jorge Pisca, patrão da Signatus, que se dedica às áreas da estampagem e gravação diz que o principal problema com que se debate na gestão da sua empresa é a de cobrar a tempo e horas pelo trabalho executado. Designadamente aos organismos do Estado, com quem trabalha muito. “O Estado paga tarde mas é muito ágil a cobrar”, considera. Uma situação que gostaria de ver ultrapassada, já que acaba por minar a economia afectando a saúde financeira das empresas. Por isso pede aos políticos que comecem a levar mais em atenção o valor dos empresários.

Vale mais não vender do que vender e não receber. A máxima é de Custódio Antunes, proprietário da empresa Móveis Antunes da Golegã que só vende a pronto pagamento. “Se não o fizermos não conseguirmos sobreviver nestes momentos menos bons”, refere o proprietário da empresa que em 2008 venceu o prémio Micro Empresa Galardão do Ano. Em alturas de crise o empresário garante que a solução é trabalhar mais e gastar menos. Além disso, andam a estudar a possibilidade de investir em novos mercados. “O país é muito grande e ainda existem muitos locais para explorar”, diz. Custódio Antunes também sente os efeitos da crise no seu negócio de comércio de todo o tipo de mobiliário. Anda, no entanto, à procura de mais funcionários e essa,

Jorge Pisca - Signatus - Cartaxo “Antes havia a possibilidade de ir com as facturas do Estado à banca e assim conseguíamos um empréstimo para aliviar a tesouraria. Hoje isso já não acontece. A banca hoje está muito mais complicada”, diz.

também em Angola. Na capital do ovo a ideia lançada pelo presidente de câmara, Jacinto Lopes, de fazer a maior omolete do mundo para o Guiness é bem acolhida. As instalações das duas fábricas ocupam actualmente uma extensão de 17 mil m2 mas a tendência será para ampliar as infra-estruturas a cada ano que passa, numa óptica de crescimento sustentável. Neste momento, a empresa está à espera que lhe seja atribuído o símbolo de primeira do mundo a ter produtos certificados para animais de criação, designação que já existe para a alimentação humana. O futuro passa por apresentar no mercado produtos verdadeiramente inovadores, que conquistem os clientes, sempre com o selo de qualidade “Rações Zêzere”

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Custódio Antunes - Móveis Antunes - Golegã garante, nem sempre é uma tarefa fácil. O forte da empresa é fazer aquilo que os outros não fazem. A Móveis Antunes executa trabalhos por medida o que, na sua opinião, é uma enorme vantagem em relação à concorrência. “Estamos sempre a tentar inovar nos produtos que fabricamos para estarmos sempre na vanguarda da modernidade”, conclui.


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03 NOVEMBRO 2011 | O MIRANTE

Pão caseiro de Rio Maior para todo o país Joaquim Costa e Rita Ferreira Costa amassaram o sucesso da Sociedade Panificadora Costa & Ferreira Dos nove fornos a lenha da área de produção, saem 36 mil pães a cada quatro horas, fruto do trabalho de 120 colaboradores portugueses e estrangeiros, 24 horas por dia. As instalações têm uma área de cerca de 25 mil metros quadrados.

A

Sociedade Panificadora Costa & Ferreira, com sede no Alto da Serra, concelho de Rio Maior, é a Empresa do Ano 2009. Com cerca de 20 anos de actividade no ramo da panificação, a empresa produz e fornece pão caseiro pré-cozido para as principais grandes superfícies comerciais dos grupos Sonae, Jerónimo Martins e Mosqueteiros, para norte e do sul país, e para o Carrefour de Espanha, enquanto o pão fresco é distribuído por 40 viaturas da empresa para uma larga faixa da zona centro, entre Setúbal e Coimbra. À frente da empresa estão duas pessoas, marido e mulher, mas em diferentes áreas. Joaquim Costa está ligado à produção, enquanto Rita Ferreira Costa é a cara da empresa junto dos clientes, encarregue da parte comercial. Tudo começou quando já detinha outros negócios, pecuária, avicultura e uma churrasqueira na cidade onde faltava vender pão face à grande procura da clientela. Num espaço alugado em Rio

Maior, abriram uma padaria com os conhecimentos obtidos por Joaquim Costa no fabrico do pão caseiro e daí germinou um negócio que dura há duas décadas no Alto da Serra, local onde nasceu Rita Ferreira Costa, que a empresária se instalou num terreno comprado a um familiar. Actualmente e para dar uma ideia da capacidade produtiva, dos nove fornos a lenha da área de produção, saem 36 mil pães a cada quatro horas, fruto do trabalho de 120 colaboradores portugueses e estrangeiros, 24 horas por dia. As instalações têm uma área de cerca de 25 mil metros quadrados. Uma frota de cerca de 50 viaturas facilita a distribuição do conhecido pão caseiro de Rio Maior de que a Costa & Ferreira é emblema e estandarte. Os produtos mais conhecidos são os pães de quilo e de 450 gramas, mas a gama de produtos da sociedade alargou-se fortemente para as bolas, broas, caralhotas, passando pelos croissants e pães de forma e várias outras opções. Água, sal, fermento e farinha são os únicos ingredientes do pão, garante Rita Ferreira Costa. Do resto trata a linha de produção e nove fornos fabricados no segredo dos deuses para garantir uma sabor únicos e clientes satisfeitos. A Sociedade Panificadora Costa & Ferreira tem conseguido crescer sustentadamente ao longo dos anos. A facturação subiu 13 por cento de 2008 para 2009 e oito por cento de 2009 para 2010. O corrente ano tem sido assinalado pela

mérito. Rita Ferreira Costa ficou honrada com a atribuição do prémio à sua empresa estabilidade das vendas devendo a facturação manter o nível alcançado. A empresa está a tratar da certificação de qualidade do pão de Rio Maior e tem implementado o sistema autocontrolo de segurança alimentar dos seus produtos em requisitos como as instalações, equipamentos de fabrico, viaturas de transporte, plano de higienização, plano de saúde e de formação dos colaboradores, diversos controlos internos, até à qualificação de fornecedores. Há cinco anos a batalhar pela ampliação da capacidade de produção para o dobro, com mais dez fornos, havendo projecto e terreno próprio disponível, a Sociedade Panificadora Costa & Ferreira espera que o plano director municipal de Rio Maior seja revisto brevemente e o investimento possa ser concretizado

em terreno que já está preparado para se avançar. Assim a administração pública acompanhe a vontade dos empresários e ritmo dos empresários. Rita Ferreira Costa considera que a atribuição do galardão Empresa do Ano 2009 é merecido. “Pelo nosso trabalho, empenho e qualidade, fiquei muito honrada, devo tudo ao cliente do dia-a-dia, a esse é que tenho de agradecer por consumir diariamente o nosso pão”, comenta a empresária. Quando não está no Alto da Serra, Rita Ferreira Costa cuida de dois estabelecimentos na cidade. Uma padaria-pastelaria e um restaurante especializado em grelhados, aproveitando para estar em contacto com o público. Os cães abandonados são outra paixão e possui um canil para os tratar

O acordeão de Natanael juntou-se à voz e guitarra de João Chora

André Natanael

A voz e guitarra do consagrado fadista João Chora foi salpicada por sonoridades de acordeão na interpretação do tema “Canoas do Tejo”. O jovem acordeonista André Natanael Teixeira, de 20 anos, fez vibrar o público que se rendeu ao duo durante a cerimónia do Galardão Empresa do Ano. André Natanael Teixeira actuou na cerimónia a convite do fadista. Dedilhou o acordeão a preto e branco e à música juntou gestos e expressões faciais. No final, depois de uma improvisação, ecoou na sala um emocionado “Bravo!”. Natanael nasceu em Abrantes há 20 anos. Desde os dez que toca acordeão. Tocou com grupos de música popular, estudou no Conservatório de Lisboa e de Castelo Branco e desde Outubro de 2009 que está a viver em França com o objectivo de se tornar um mestre na arte de tocar acordeão. Treina cerca de dez horas por dia. É filho único e os seus pais, ambos ligados ao mundo da música, foram os seus primeiros professores. Quer viver exclusivamente da música. João Chora, natural da Chamusca, nasceu para a música. Cantou no coro, tocou piano e guitarra e integrou conjuntos de baile até se tornar num dos fadistas mais conhecidos da região com trabalho quase diário nas casas de fado de Lisboa e em muitos espectáculos pelo país.

João Chora

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A união que faz a força da família Marto Vencedor do Galardão Carreira Empresarial é adorado pela família

O empresário com a esposa, Fernanda Marto No dia em que o António Marto recebeu o galardão Carreira Empresarial, a esposa, Fernanda Marto, que esteve sempre a seu lado desde que com ele casou em 1954, confessou a O MIRANTE que ao prémio daquele dia juntava de boa vontade o prémio de “excelente marido”, que sempre foi. As filhas, Cristina e Clara Marto, transbordantes de alegria acrescentar-lhe-iam outra distinção: a de “pai super-protector”. Com tantos elogios, o veterano empresário deve ter subido ao palco para receber o galardão com as orelhas bem quentes. “Ele teve sempre uma cabeça fantástica”, refere, orgulhosa a esposa comentando a distinção. “Não sei se há pessoas que merecerão mais do que

As filhas de António Marto Cristina e Clara ele mas estou satisfeita por isso e muito agradecida” afirma. As filhas dizem que foi uma surpresa, não porque o pai não fosse merecedor, mas pela postura discreta que sempre assumiu. “Não gosta de se deixar fotografar, nem gosta de aparecer”, salienta Clara. “Mas foi uma surpresa boa”, afirma a irmã desta. “Temos muito orgulho no meu pai e na minha mãe”, conclui. De sorriso fácil, as duas irmãs dizem que o pai não gosta de falar de si. Prefere entrevistar a ser entrevistado, mas nada que o impeça de ser um homem afável no trato, com uma genuína simplicidade e sentido de humor cativantes. Características de uma personalidade que deixou bem patentes durante os breves

instantes em que esteve à conversa com O MIRANTE à entrada da sala onde decorreu o jantar de entrega dos prémios. Fernanda Marto acompanhou e ajudou a cimentar o sucesso empresarial do marido, no ramo hoteleiro. Enquanto ele tratava dos negócios ela assumia uma panóplia de tarefas que revelavam uma mulher multifacetada. “Ele trabalhava mais na parte de escritório e eu fazia de tudo um pouco: cozinhava, arrumava quartos, estava na lavandaria”, recorda. Os filhos - duas raparigas e um rapaz (recentemente falecido) - vieram firmar os alicerces da união do casal, mas conciliar o atarefado dia-a-dia no hotel com a vida pessoal nem sempre foi tarefa fácil. Fernanda Marto reconhece que “às

vezes os filhos sofriam com isso”. Momentos havia em que se “agarravam à saia da mãe a chorar”, conta. Nestas alturas, e para minimizar o sofrimento das crianças, Fernanda e o marido contavam com o apoio de alguns funcionários “que eram como se fossem da nossa família, e continuam a ser”. Ciente de que nem sempre podiam dar a atenção desejada aos filhos, o casal fazia questão, no entanto, de não abdicar de um conjunto de rotinas familiares, apesar de viverem no hotel. A hora das refeições era sagrada, assim como as férias em família. Depois de longos anos a viver no Hotel Santa Maria, Fernanda Marto quis mudar-se para uma vivenda. “Eu estava um bocado saturada e pedi-lhe para ele fazer uma casa”, recorda. O marido acedeu prontamente ao desejo, mas a vida sofreu nova reviravolta e eis que o casal acabou por não estrear a moradia que Fernanda tanto desejava. Tudo porque os negócios expandiram-se para Lisboa e a mudança para a capital tornou-se inevitável. Fernanda não se mostra angustiada, muito pelo contrário. Em Lisboa continua a viver num hotel, mas procura, tal como sempre fez em Fátima, resguardar um espaço só para a família. Depois de António e Fernanda Marto se mudarem para a capital para acompanhar de perto os novos projectos hoteleiros, coube às duas filhas dar continuidade aos negócios em Fátima, onde tudo começou. Para quem tem no pai - e também mãe - um modelo a seguir, é fácil falar sem hesitações. De ambos, Cristina e Clara herdaram inúmeras competências para os negócios, mas sobretudo a singular capacidade de relacionamento humano. Dizem que António Marto fala mais com o olhar do que por palavras e que é “um pai super-protector, super vaidoso e super orgulhoso das filhas”. Cristina destaca aquele que considera ter sido o principal ensinamento do progenitor. “Ensinou-nos a ser sempre independentes”

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O fado da vida canta-se melhor a dois Maria Teresa esposa e admiradora do jovem empresário do ano A vida de Eduardo Gomes não se resume à gestão da Lusiprojecto. O empresário distinguido este ano com o galardão Jovem Empresário do Ano tem na família um importante pilar no equilíbrio entre estas duas facetas, que tem conseguido conjugar de forma harmoniosa. A esposa, Maria Teresa, é a melhor testemunha disso mesmo e reconhece, como ninguém, o esforço de Eduardo Gomes para não roubar muito tempo aos que lhe são queridos e, ao mesmo tempo, continuar a gerir de forma sustentada a empresa que tanto tempo lhe absorve. Formada em Educação Social, Maria Teresa é, aos 27 anos, uma mulher multifacetada. Há poucos meses que vive embrenhada no papel de mãe, ao qual se dedica, por agora, a tempo inteiro. Antes disso, dedicava-se à formação de adultos, no Centro Novas Oportunidades do ISLA. A par de tudo isso ainda vai conseguindo arranjar tempo para ser fadista amadora. A referência à música é

aqui citada para enaltecer o carácter do empresário. Embora não goste de fado, Eduardo Gomes faz questão de marcar presença na maior parte das suas actuações, sendo mesmo o seu principal admirador e apoiante. A mesma postura tem sido assumida pela esposa em relação à vida profissional dele. Maria Teresa Não participa activamente na empresa mas dá todo o apoio possível ao marido. Em casa, não raras vezes, o assunto é trabalho, mas a educadora social sabe que isso também se deve ao facto de ter acompanhado a empresa desde a sua génese. “Falamos e conversamos muito e eu acredito que ele também gosta de ouvir a minha opinião”, diz. “Como somos de áreas completamente diferentes, acaba por ser enriquecedor para ambas as partes, porque trocamos experiências”. Ao marido atribui inúmeras qualidades, mas destaca muito em particular a forma como se relaciona com os clien-

Elogios. A fadista Maria Azoia, esposa do empresário Eduardo Gomes, diz que o marido sempre foi empreendedor tes, sempre com “muito humanismo”, colocando os interesses daqueles em primeiro lugar. Se o prémio é merecedor? Maria Teresa não tem dúvidas. “Talvez fosse muito mais fácil nesta altura encontrar um emprego em qualquer sítio

e viver descansado, mas não”, afirma. “O Eduardo sempre foi assim, empreendedor, com um espírito de iniciativa muito grande”. Qualidades mais do que suficientes para que o galardão lhe tenha sido bem atribuído.


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03 NOVEMBRO 2011 | O MIRANTE PUBLICIDADE


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