CONSTRUÇÃO, DECORAÇÃO E IMOBILIARIO

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Trabalhar mais e melhor porque parar é morrer

Pedro Esteves, 39 anos, Go Imobiliária, Santarém

“Com menos imóveis em carteira acompanhamos melhor os clientes” Pedro Esteves diz ser um homem de desafios que não vira a cara à luta por isso não é de estranhar que tenha aceite a proposta de ficar a gerir a Go Imobiliária, onde trabalhava como comercial. Iniciou o projecto há cerca de quatro meses e não está arrependido. De um espaço na Estrada de São Domingos, no centro de Santarém, a imobiliária passou para um gabinete no Alto do Bexiga. O objectivo de cortar custos foi alcançado. “Reduzi a despesa em 50 por cento. Actualmente o nosso negócio está muito concentrado na internet e não se justificava termos um espaço tão grande e onde não era muito fácil estacionar”, explica o empresário. O também presidente da Junta de Freguesia de Alcanhões conta que começou a sua actividade como comercial na década de 90 quando trabalhou nos mercados do Alentejo e Algarve em representação de uma marca de lingerie. Quando a filha nasceu saturou-se das constantes viagens e tomou uma decisão. “Pensei

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Como se vive e trabalha em tempos de vacas magras? Cada um tem a sua receita. Cada um arranja a sua estratégia de acordo com a experiência e a ousadia. Cerrar os dentes e andar ou abrir o peito e arriscar? Não há receitas. Cada empresário é um empresário e cada empresa uma empresa. Em vez de lamentos o que mais se ouve é determinação. Quem está no mundo dos negócios tem o risco por companhia. Agora e sempre. Diversificam-se ofertas, alargam-se horários, revêem-se os preços. Se os devedores pagassem a 60 dias, pelo menos... se os bancos não se fechassem, outro galo cantaria. Gente de trabalho que nunca fez outra coisa na vida se não trabalhar, pode recear o futuro mas não baixa os braços por isso.

que tinha que haver outra coisa para vender que ficasse mais perto de casa”, conta. Foi ao vender um apartamento seu que sentiu o “bichinho” daquele negócio e percebeu que podia dar-se bem no sector. Na altura o mercado ainda estava em alta e decidiu arriscar. Numa época mais complicada como a que atravessamos, Pedro Esteves garante que é muito importante uma pessoa erguer-se ainda mais e ir à procura de trabalho. “Não vale a pena termos muitos imóveis e querer tudo de uma vez. É preferível termos menos e trabalharmos com mais atenção e dedicação para acompanharmos o cliente”, realça. Não se imagina a fazer outra coisa porque é mesmo isto que lhe dá prazer fazer.

me a Nossa Senhora do Castelo, padroeira de Coruche), herdou o negócio iniciado pelo seu pai há 47 anos. Aos cinco anos já ajudava a montar a loja, situada no centro da vila. Depois do pai falecer, há onze anos, ficou à frente da loja. Nunca trabalhou noutra área e nem se imagina a fazê-lo. Do que mais gosta é do contacto com o público. E tem veia de artista. Faz e emoldura quadros e arranjos florais e realiza trabalhos por medida. Basta o cliente pedir o que quer que, se estiver ao seu alcance, como diz, faz. Há uns tempos fez mudanças na loja com o objectivo de se tornar mais competitiva. Passou a vender artigos mais baratos e optou também pelos têxteis. “Foi uma mudança muito vantajosa. Tenho artigos mais baratos e percebi que os mais novos não olham tanto para a qualidade. Gostam de comprar coisas baratas e que possam trocar de tempos a tempos. Aumentei as vendas significativamente”, afirma, acrescentando que o facto da loja estar localizada no centro da vila e de ter artigos que não se vendem nos hipermercados são vantagens para o seu negócio.

Maria do Castelo, 52 anos, Casa Pandaio, Coruche

Para transformar uma casa num lar Na Casa Pandaio, em Coruche, é possível encontrar tudo ou quase tudo para decorar uma casa. Desde candeeiros de todas as cores e feitios, passando por cortinados e edredões até à loiça e utensílios para a cozinha e outras divisões da casa. Nesta loja não falta nada. A gerente, Maria do Castelo, (que deve o seu no-

Cláudio Pereira, 36 anos, Prolarme, Almeirim

“Insegurança fez aumentar a venda de sistemas de videovigilância” Cláudio Pereira está à frente da empresa há cerca de quatro anos. A Prolarme oferece uma vasta gama de serviços e produtos aos seus clientes desde sistemas de alarme anti-roubo, sistemas de alarme de incêndio, sistemas de vídeo /vigilância, domótica, automatismos, instalações e projectos de electricidade, instalações e projectos de exaustão e extracção de ar, instalação de sistemas de videoporteiro e de intercomunicadores, projectos de exaustão e extracção de fumos para estabelecimentos comercias entre outros. O serviço mais procurado são as câmaras de vigilância. “As pessoas sentem-se menos seguras e por isso apostam na compra destes equipamentos”, refere. Cláudio Pereira justifica o sucesso da Prolarme com o facto de andarem sempre a par das novas tecnologias e terem sempre muitas ideias. Com uma equipa de três funcionários, a Prolarme orgulha-se de, ao contrário de outras empresas do mesmo sector, não cobrar mensalidades aos clientes. Cobra apenas pelo equipamento e pela instalação. Estas alterações têm, segundo Cláudio Pereira, “trazido” mais clientes e maior eficiência nos sistemas. “O facto de sermos uma empresa pequena faz com que consigamos oferecer um bom serviço a preços baixos e com elevada qualidade”, realça.

Francisco Santos, 60 anos, FSantos, Biscainho

Baixaram preços para se manterem competitivos Francisco Santos avisa, no início da conversa, que na actual situação não consegue evitar ser um “bocadinho” pessimista. Há cerca de 35 anos fundou a FSantos Lda, no Biscainho, concelho de Coruche, que se dedica ao nivelamento de terrenos para agricultura com sistema laser. Complementarmente realiza escavações e terraplanagens na área da construção civil. O empresário começou a trabalhar aos onze anos numa oficina do ramo. Gosta do que faz e só lamenta que o país tenha chegado à situação actual de ruptura. A filha trabalha consigo e o filho tem uma empresa que opera no mesmo ramo. “Os tempos que correm estão muito


O MIRANTE | 27 OUTUBRO 2011 difíceis e tenho medo do que aí vem”, confessa. Para ultrapassar os momentos menos bons desceu os preços para valores de há uma década. “Só assim conseguimos ser competitivos e ter trabalho”, explica. Apesar das dificuldades não teve necessidade de despedir ninguém. Anima-se um pouco quando refere que o balanço geral é positivo embora os últimos cinco anos o façam duvidar se tanto “trabalho” e “sacrifício” terão valido a pena. Além da FSantos possui a imobiliária BiscoInvest.

oito anos e começou por funcionar na Portela das Padeiras, em Santarém, mas,há aproximadamente dois anos mudou para a Zona Industrial para poder ter mais espaço. Hélder Brilhante iniciou-se no ramo aos 16 anos durante as férias de Verão. Ainda regressou à escola mas acabou por se dedicar apenas ao trabalho. O empresário diz, em tom de brincadeira, que se compara às formigas. Trabalha no Verão para compensar a diminuição de trabalho que acontece sempre no Inverno. Com uma equipa de três funcionários garante que nunca pensou mudar de ramo de actividade. O seu lema é procurar ter sempre uma atitude positiva.

Hélder Brilhante, 39 anos, empresário do ramo das tintas, Santarém

“Temos que ter sempre pensamento positivo” A empresa Hélder Brilhante dedica-se à venda de todo o tipo de tintas e materiais necessários utilizados na pintura. Vende tintas de alta decoração e também para construção. Além disso, também vende produtos para impermeabilização de terraços, piscinas e tanques. A empresa em nome individual foi criada há cerca de

Edgar Godinho, 35 anos, gerente da “Laborline”, Tomar

“Minimizar constrangimentos e perdas de tempo” Diz que é o primeiro a entrar na empresa e o último a sair. Edgar Godinho é o gerente da

CONTRUÇÃO, DECORAÇÃO E IMOBILIÁRIO | 7 “LABORLINE”, empresa localizada em Linhaceira, Tomar, especializada na prestação de serviços e consultadoria, nomeadamente nas áreas da Engenharia, Saúde, Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho e Segurança e Higiene Alimentar. “Não é fácil trabalhar numa zona onde o desenvolvimento urbano e empresarial quase parou e a oferta de mercado é maior que a procura”, começa por dizer o nosso interlocutor. Por este motivo, sublinha a necessidade de satisfazer o cliente, “minimizando constrangimentos e perdas de tempo”. Esta tem sido a aposta da LABORLINE, que tem vindo a implementar novos serviços de forma a dar resposta conjunta às suas necessidades, fidelizando o cliente e respondendo prontamente às suas exigências. Apesar dos custos inerentes aos serviços prestados terem grande peso, o empresário optou por manter inalteradas as tabelas de preços. “Com o incremento de mais serviços, tendo a possibilidade de dar resposta a todas as obrigações legais dos clientes, os novos produtos tem vindo a ter uma boa aceitação”, complementa. Edgar Godinho aponta que teve que alargar a área de intervenção da sua empresa para tentar atingir os objectivos traçados no inicio do ano. Já pensou em mudar de ramo mas uma experiência de 12 anos na área da Construção Civil e de 8 anos na área da Segurança e Higiene no Trabalho “é toda

uma vida profissional dedicada a estas áreas” pelo que não se vê a fazer outra coisa. Não vai em choradinhos e diz que não é a crise que o desanima mas a “concorrência desleal no mercado”, que presta serviços a mais baixo custo, sem aptidões, qualificações ou autorizações para tal, diminuindo a probabilidade da angariação de novos clientes e de novos trabalhos. “Há que acreditar que tudo isto mudará um dia. O melhor é olhar em frente e pensar que com muito trabalho e dedicação o nosso esforço será compensado”, refuta.

Agostinho Santos - Constrolândia

Uma empresa que só fecha no Natal, Páscoa e Ano Novo Se há empresa que está sempre à disposição do cliente na região durante todo o ano é a Constrolândia, em Vila Chã de Ourique, às por-

tas do Cartaxo. Só encerra na Páscoa, Natal e Ano Novo. Ligada à comercialização de materiais de construção, funciona como um verdadeiro serviço de desenrasca. “É onde o consumidor vai comprar a lâmpada que fundiu, o cloro para a piscina, a mangueira para o jardim, máquinas, etc”, garante o empresário Agostinho Santos. A opção de abrir aos domingos foi tomada há cinco anos quando começou a crise no sector da construção civil. Graças a isso foi possível manter os vinte colaboradores. Agostinho Santos, que também é sócio-gerente de lojas de construção no Brasil, sente-se bem no Cartaxo. Ali recebe clientes da região mas também de outras localidades de todo o país. O site na internet, em www.constrolandia.pt, ajuda a divulgar a loja. O empresário pensou que o mesmo teria maior impacto mas admite que o mercado da construção é especial a esse nível. O empresário considera-se uma pessoa positiva. Para ele quem mais prejuízo causou ao sector da construção civil foram os bancos.


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Nuno Mendes, 34 anos, Topógrafo, Almeirim

“Em alturas de crise temos que trabalhar com mais afinco”

Nuno Mendes esteve envolvido na construção do novo Estádio da Luz, projecto que o marcou profissionalmente. Apesar de ter sido muito bom para o seu currículo, o empresário esclarece que depois dessa obra ficou com pouca vontade de trabalhar em obras do género. Com uma empresa em nome individual Nuno Mendes tem o seu escritório numa das divisões da sua casa, em Almeirim. Faz medições e levantamentos das áreas e condições de terrenos rústicos e urbanos. Esta é a sua principal actividade. Trabalhava na área da agricultura quando um familiar o desafiou a tirar o curso de Topografia. Há cerca de onze anos que tem a sua

própria empresa. Faz um balanço positivo da sua actividade empresarial e diz que se assim não fosse já tinha desistido. Diz que também sente a crise mas continua a ter trabalho. “Quando o vento sopra todas as árvores abanam. Só temos que nos agarrar com mais afinco para não cairmos e é isso que tenho feito”, explica. O grande problema é na hora de receber. Algumas pessoas têm dificuldade em pagar na hora e é necessário facilitar nos pagamentos. Em alturas de menor volume de trabalho aproveita para fazer prospecção de mercado e concluir trabalhos que em épocas de maior movimento não tem tempo para fazer.

António Montez, 41 anos, Almeirim

Se todos pagassem a tempo e horas estávamos bem

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Portas, janelas, estores, automatismos, portões seccionados. Tudo em alumínio são alguns dos materiais que a empresa de António Montez - com o mesmo nome do proprietário - produz. A empresa situada na zona da Feteira, entre Almeirim e Fazendas de Almeirim, existe desde 1996. O negócio não tem corrido mal e, apesar das notícias negativas que todos os dias inundam televisões e jornais, trabalho não tem faltado. Em Agosto teve mesmo que admitir mais três funcionários. Geralmente a empresa tem mais trabalho de Verão do que de Inverno. Apesar de ser trabalho sazonal é sempre bem-vindo, refere António Montez. Se de início trabalhava apenas com alumínio, agora também faz trabalhos em ferro. Se tudo vai bem em termos de encomendas o mesmo não se pode dizer dos pagamentos. “Temos que facilitar mas mesmo assim já fiquei a perder muitas vezes. Há pelo menos 60 mil euros que sei que não vou reaver. Temos que andar atrás das pessoas porque elas nem sempre nos pagam quando devem”, desabafa. António Montez começou a trabalhar no ramo dos alumínios aos 13 anos. Diz ser uma pessoa que se adapta com facilidade às novidades. Gosta do que faz mas

se por acaso pensasse em mudar de área profissional seria sempre por causa da dificuldade em receber os pagamentos. “Já perdi 60 mil euros que sei que não vou reaver”, conclui.

Luís Filipe Barreira, 44 anos, sócio da “Mira e Barreira”, Chamusca

“Dar ao cliente respostas positivas e imediatas após as encomendas” Tentar dar uma resposta rápida às exigências do cliente, mantendo sempre um bom relacionamento com o mesmo, é um dos objectivos da empresa de construção civil “Mira e Barreira”, sedeada no centro da vila da Chamusca. É este lema que se mantém nestes dias em que os políticos dizem que o mundo muda numa semana. Luís Filipe

Barreira, que gere a empresa com Nuno Mira, diz que sempre tentaram dar o passo à medida da perna, sem grandes mudanças e com atenção ao que os rodeia. Desde restauros, a mudar uma telha, ou fazer uma nova construção, esta empresa apresenta-se como a solução para quem quer fazer obras. “Temos conseguido fidelizar o cliente com o nosso método de trabalho, dando respostas imediatas após as encomendas. Temos que ir para a frente. As pessoas estão a ficar sem dinheiro, os encargos são muitos e sem dinheiro, por mais bom cliente que seja, não se consegue o retorno”, aponta. Diz que gosta do que faz e não pensa em mudar mas confessa que se sente um pouco preocupado com a actual conjuntura económica. “O desafio maior é a gestão financeira da empresa”, sublinha. Para o nosso interlocutor, que trabalha uma média de 12/13 horas por dia, “em obra e depois nas voltas que tem que fazer para reparações”, consegue-se dar a volta à crise rentabilizando melhor o dia de trabalho. “Não é trabalhar mais horas, porque senão as coisas não ficam bem-feitas mas sim trabalhar melhor”, sustenta. Não se sente desmotivado mas não poupa o governo pela política de implantação de medidas de austeridade em detrimento de outras que podiam

José Filipe Batista Salamandras e Fogões a Lenha Montagem em Lareiras já existentes ESTRADA DOS PADEIROS - CASAIS CASTELOS 2350-294 RIACHOS - TEL./FAX: 249 821 303 / TM.: 964 017 044


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O MIRANTE | 27 OUTUBRO 2011 vir a estimular a economia. “Enquanto não limparem o esterco político, Portugal e a Europa, não tem solução”, remata.

tam do catálogo estão expostos à entrada do atelier. Há cadeiras com forro do assento em alcatifa, bancos com pés feitos de tubos de cartão onde os tecidos de venda em loja se enrolam, há gravatas antigas de várias cores que se entrelaçam como forro do assento de uma cadeira e bonecos no topo de mesas de cabeceira feitos de pasta de papel, para dar alguns exemplos. Passado mais de um ano, a matéria-prima não está apenas disponível no ecocentro do Cartaxo, os comerciantes vizinhos do atelier já lhes entregam peças de que se vão desfazer, sabendo que vão ganhar nova utilidade.

Baltazar Silva e Daniela Seabra Atelier Re-Faz

Transformar objectos sem uso em objectos artísticos Mesas, cadeiras e móveis antigos, partidos ou desgastados são alguma da matéria prima do Atelier Re-Faz. A partir dela são feitos artigos artísticos, de decoração e design. A ideia partiu de Baltazar Silva e Daniela Seabra, um casal que depois de uma vida em Lisboa onde já possuía atelier e de uma passagem por Santarém, se fixou no Cartaxo. “Já tínhamos atelier e fazíamos peças de mobiliário artístico. Eu era técnico de reinserção social mas cansei-me de viver com precariedade e quis algo que me fizesse sentir realizado para sustentar mulher e um filho, com um negócio ele próprio sustentável”, conta Baltazar. O atelier fica no centro da cidade. Não está aberto ao público. A venda de artigos é feita via catálogo que está disponível no site (www.re-faz.com), no Facebook ou por telefone. o Re-Faz também executa alguns restauros. Alguns dos artigos finalizados que cons-

Luís Vasconcelos, 45 anos, gerente da COMET, Moreiras Grandes - Torres Novas

O nosso interlocutor diz que, por este motivo, tem vindo a apostar mais na tecnologia e na mão-de-obra, tendo contratado mais um colaborador há três meses. “Felizmente esta estratégia está a dar resultado. Com a conjuntura económica negativa há algum receio mas penso que temos tudo controlado até Janeiro”, refere. Luís Vasconcelos gosta de pensar positivo mas diz que também trabalha para isso, não tendo um horário estipulado para trabalhar. “Por vezes, e os empregados colaboram, temos que trabalhar fora do horário para dar resposta ao cliente dentro do prazo porque senão vai procurar outro fornecedor que lhe dê essa resposta”, exemplifica. O nosso interlocutor costuma dizer que quando está bom para o patrão, também está bom para os empregados. O contrário é que não. Diz que o crescimento da empresa se deve aos “bons clientes”, aos seus colaboradores e a uma gestão equilibrada onde se medem os passos, pensando antes de agir. Em relação ao futuro, o empresário diz que há que andar para a frente mas atento ao que se passa. “É difícil a gente não andar preocupados mas não pudemos baixar os braços”, atesta.

“Tentamos fazer bem feito e em menos tempo” Todos os serviços relacionados com Serralharia Civil, desde contentores metálicos a ilhas ecológicas, podem ser encomendados na COMET, empresa sedeada numa zona industrial em Moreiras Grandes, Torres Novas. A empresa trabalha para todo o país e com um cliente que exporta 20% do produto para Angola e França começou a laborar em 1993 com dois colaboradores e actualmente emprega 16 postos de trabalho. “Uma vez que a concorrência é grande tentamos fazer o trabalho bem feito e em menos tempo. Dar uma resposta mais rápida ao cliente é a única maneira de o conseguirmos manter”, diz Luís Vasconcelos, gerente da empresa.

José Filipe Baptista, 66 anos, Técnico de Recuperador de Calor, Riachos Torres Novas

“Não ligo às notícias, arregaço as mangas e continuo a trabalhar” Trabalha por conta própria desde que se aposentou, já lá vão doze anos. José Filipe Baptista

sempre soube fazer de tudo um pouco pelo que tanto trabalha em electricidade, como em obras mas é na instalação de recuperadores de calor a lenha (vidros em lareiras) que tem vindo a apostar ultimamente. “Começaram por pedir para montar um ou dois e depois nunca mais parei”, contou o nosso interlocutor que em criança já fazia moedas em chumbo para jogar aos matraquilhos de graça. Tem uma opinião muito crítica sobre as medidas de austeridade que estão a ser implantadas. “Isto é terrorismo. Estão a tentar travar tudo o que é o progresso das pessoas. Não há volta a dar”, refere. A solução passa por não ligar muito às notícias dos jornais e televisões, arregaçar as mangas e continuar a trabalhar. Por isso diz que vive um dia de cada vez, sem medo e que, felizmente, nunca teve falta de trabalho. O facto de nunca ter recusado um serviço e empenhar-se em fazer bem feito contribuiu para que continue a ser chamado pelos clientes, e conhecidos destes, uma vez que apresenta um trabalho de confiança. “Nunca tive medo do trabalho. Só senti a crise em criança, até aos 15 anos, altura em que comecei a trabalhar e a ir para a frente”, testemunha.

Filipe Fonseca, 24 anos, Técnico comercial/administrativo, Olival-Ourém

“Aposta nos serviços de reconstrução e remodelação”

Fundada em 1984 com o objectivo de fabricar artefactos de cimento, tais como blocos de cimento de várias medidas e pavimentos diversos, a “Ima col” sedeada no Olival, em Ourém dedica-se actualmente à prestação de serviços e comercialização de materiais. Filipe Fonseca, um dos rostos desta empresa, considera que o mundo está em constante alteração devido à sociedade de consumismo que se acentuou nos últimos anos. A pensar neste novo paradigma, tem introduzido algumas mudanças na sua empresa que passam pela aposta na venda de materiais mais técnicos, a aposta nos ramos da reconstrução, nos serviços de remodelação, pequenas demolições e serviços. “As obras novas estão a escassear de dia para dia e há uma enorme concorrência para aquelas que começam neste ramo”, alude o empresário. Estas mudanças levam a alguns resultados que, no entanto, ficam sempre aquém dos esperados. Mesmo assim, fica satisfeito por mais pequena que seja a evolução notada. Gosta muito do que faz e trabalha uma média de 11 a 12 horas por dia. Confessa que é um trabalho, por vezes, desgastante mas mesmo assim não desanima com as notícias que todos os dias invadem os canais de televisão sobre as medidas de austeridade e o aperto de cinto. “É difícil não desanimar nestes tempos mas vamos lutando contra as perspectivas e vivendo a “ilusão” de que um dia tudo vai melhorar”, reforça.


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