Personalidades do Ano 2011

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SEMANÁRIO REGIONAL - DIÁRIO ONLINE pub

AS NOTÍCIAS E AS PESSOAS QUE

SUPLEMENTO ESPECIAL RETROSPECTIVA 2011 - Este suplemento faz parte integrante da edição nº 1024 deste jornal e não pode ser vendido separadamente

MARCARAM Relembramos neste suplemento alguns dos principais acontecimentos ocorridos na área de abrangência de O MIRANTE no ano passado. A crise tocou tudo ou quase tudo. Mas nem sempre venceu. Nesta página mostramos também aqueles que não se vergaram ao destino como é o caso das Personalidades do Ano eleitas pela redacção de O MIRANTE.

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Álvaro Pinto Correia

Vida

“Acredito que vamos ultrapassar a crise mais cedo do que esperávamos”

Álvaro Pinto Correia, engenheiro civil de formação, reformou-se no sector bancário Aos 79 anos Álvaro Pinto Correia mantém um dinamismo de fazer inveja a qualquer jovem. Continua a trabalhar porque sente energia no corpo e leveza no espírito. O engenheiro civil de formação, que acabou ligado à banca, pai de três filhas e avô de oito netos, é um optimista por natureza e acredita que a crise vai passar mais depressa do que se faz crer. Aos 79 anos continua a trabalhar com grande dinamismo. Qual é o segredo? Parar é morrer. Como me sinto bem de saúde e a cabeça ainda funciona vou continuando as minhas actividades apesar de estar reformado da Caixa Geral de Depósitos. Sou o presidente da Assembleia Geral do Banco Alimentar Contra a Fome de Santarém, por exemplo. A gente tem sempre tempo para aquilo que gosta de fazer. Continuo muito ligado à terra. Todos os fins de semana 6

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são passados em Santarém. Isto apesar de estar em Lisboa há muitos anos… As pessoas que são de Lisboa não têm terra. Abracei esta cidade porque foi aqui que exerci a minha actividade. Tal como aconteceu em países africanos. Qual foi o episódio mais caricato

Um exemplo de dinamismo aos 79 anos São precisas muitas folhas em branco para descrever com rigor o vasto currículo de Álvaro João Duarte Pinto Correia. Nasceu em Tremês, concelho de Santarém, a 4 de Junho de 1932. Tem 79 anos mas continua com um dinamismo invejável. Formou-se em engenharia civil pelo Instituto Superior Técnico, em Lisboa. Foi professor universitário até que ingressou no mundo da banca. Chegou a administrador da Caixa Geral de Depósitos. Passou pela área dos seguros e teve uma carreira internacional. Foi coor-

que viveu em África? Lembro-me que uma vez fomos à Beira, em Moçambique. Éramos oito pessoas para participar numa reunião. Quando entrámos no hotel uma senhora disse-nos que a reunião era no último andar. Entrámos e o elevador parou a meio. O chão começou a deslocar-se e as pessoas

denador da comissão de negociações da dívida de Angola e administrador da Sociedade Hidroeléctrica de Cahora Bassa, Moçambique. Preside à administração da Fundação Cidade de Lisboa onde cumpre rigorosamente um dia de trabalho. Na região é presidente do Conselho Geral da Nersant (Associação Empresarial da Região de Santarém) e do Conselho de Administração da Parquiscalabis (Parque de Negócios de Santarém). A sua participação estende-se ainda a instituições de cultura, educação e solidariedade. Integra a Fundação Passos Canavarro e é presidente da mesa do Banco Alimentar da Luta Contra a Fome de Santarém. Fez parte dos órgãos sociais da Santa Casa da Misericórdia de Santarém, Casa da Europa do Ribatejo e ajudou a fundar a Escola Profissional

quase entraram em pânico. Eram pessoas importantíssimas. Apanharam um susto valente. Felizmente tudo acabou bem duas horas depois. É verdade que África é o futuro? Se aqui há pouca possibilidade de emprego essa é uma hipótese. É um mercado que pode ser explorado desde que as pessoas não se convençam que é chegar a África e abanar a árvore das patacas, como fizeram em tempos. Tem que se ir com capital para investir e arranjar parcerias. Passou-lhe pelas mãos a questão do aeroporto quando estava perspectivado para a Ota. Agora fala-se da Portela mais um e estão a ser estudadas possibilidades… Não será uma boa solução atamancar. Vale a pena equacionar o novo aeroporto e tentar avançar quando for possível. Este aeroporto está dentro da cidade e não corresponde às necessidades. Em 2017 pode estar saturado. Já não falta muito. Que expectativa tem sobre os jovens e recém formados? Gostava que ficassem no país, sobretudo aqueles que são bons. Vejo com tristeza que os mais qualificados abandonam o país. São esses que lá fora mais facilmente se empregam. Precisamos aqui de todas as pessoas válidas para atravessar a crise. É mais fácil iniciar hoje uma carreira do que era no seu tempo? É muito mais difícil. No meu tempo nos cursos técnicos, nas medicinas e nas economias a pessoa formava-se e tinha emprego. Quase que podia escolher. Hoje isso não acontece. Mas há a ideia de que tudo está mais facilitado. Não estou de acordo com isso. Para entrar em medicina ou economia exigem-se médias altas que poucos têm. A determinada altura começou a valorizar-se o ensino superior em detrimento do profissional. Quase que acabou mas hoje está a voltar-se ao ensino profissional. Fizeram-se cursos superiores que não têm qualquer finalidade e as pessoas não arranjam emprego. O ensino superior dá uma boa formação de base mas se

do Vale do Tejo. Nos anos 70 passou pelo Governo como secretário de Estado da Construção Civil e da Habitação e Urbanismo. É Comendador da Ordem de Mérito Agrícola e Industrial, Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e possui a Menção Honrosa de Cidadão de Mérito da Freguesia de Tremês. Tem ainda os títulos honoríficos de Ribatejano e Escalabitano Ilustre. É casado e pai de três filhas. A esposa, também ribatejana, é educadora de infância. Tem oito netos. Diz com orgulho que o mais velho se prepara para entrar para a faculdade. Durante a semana está em Lisboa. A sua numerosa família reúne-se com frequência aos fins de semana na Quinta da Besteira, na Portela das Padeiras, em Santarém.


não tiver aplicação não serve de muito. Chegou a ser mandatário da candidatura do Presidente da República em Santarém. Como digeriu o comentário de Cavaco Silva sobre a reforma que não chegaria para pagar as despesas? O senhor Presidente da República tem tido uma actividade meritória. Mesmo que a frase tenha sido infeliz, que o foi, temos que olhar para o conjunto do seu trabalho e, esse sim, tem sido muito positivo. Chocou-o a manifestação dos cidadãos a pedir uma moeda para o presidente? Chocou-me profundamente. A iniciativa também foi uma infelicidade e possivelmente orquestrada por alguns partidos políticos. De qualquer forma é triste saber que no país existem pessoas na miséria… É preocupante. Sobretudo pessoas que trabalharam uma vida. Dá-se conta de idosos em situação mais vulnerável? Sim. Sobretudo pela minha ligação ao banco alimentar. Há pessoas da classe média que passaram a viver em situação de pobreza. Recorrem a estes organismos para sobreviver. Há casais que perderam o emprego. Felizmente apesar da crise as pessoas estão muito sensibilizadas para o problema, continuam a contribuir e a ser muito solidárias para o Banco Alimentar. Há quem diga que o pior da crise ainda está para vir. Partilha dessa opinião? Sou um optimista por natureza. As medidas que o Governo tomou, depois de andarmos muito tempo a esconder uma situação difícil, são medidas pesadas para a maioria mas que acredito que vamos conseguir ultrapassar isto mais cedo do que esperávamos. Em 2013 somos capazes de estar já numa situação mais aliviada. Preocupa-o a situação dos empresários da região? Preocupa-me muito por causa da falta de apoio da banca. Como baixou muito

Resumir o currículo profissional de Álvaro Pinto Correia é um acto de injustiça. Natural de Tremês, Santarém, é formado em engenharia civil pelo Instituto Superior Técnico, foi secretário de Estado da Construção Civil e da Habitação e Urbanismo no VI Governo Constitucional, é Comendador da Ordem de Mérito Agrícola e Industrial e Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Chegou a administrador da Caixa Geral de Depósitos. Foi também coordenador da comissão de negociações da dívida de Angola e administrador da Sociedade Hidroeléctrica de Cahora Bassa. É presidente do Conselho Geral da Nersant (Associação Empresarial da Região de Santarém). a liquidez os bancos têm dificuldade em apoiar os empresários como até determinada altura o fizeram . O tecido empresarial tem condições para se aguentar? Vão aguentar-se os muito bons. O resto terá dificuldade. Uns não pagam porque não lhes pagaram. Gera-se um ciclo vicioso. Considera errado que a determinada altura grande parte dos portugueses tenha comprado casa sem equacionar rendimentos? Na altura em que resolveram comprar casa a banca facilitou-lhes demais os empréstimos já que até permitiu que com o dinheiro para a casa se comprasse a mobília e electrodomésticos. As pessoas compravam porque era igual pagar uma mensalidade ao banco ou pagar uma renda. É o Estado invertido. Quando estive no Governo em 1977 quis fazer uma revisão da leis das rendas quando não havia ainda inflação e se o tivesse feito na altura nunca teríamos chegado aqui. Não foi feita. Paciência. O que se fez agora veio melhorar um pouco o

mercado do arrendamento. Acha que vai inverter-se esta tendência? Acho que as pessoas vão começar a alugar mais casas. Sobretudo no início de vida. Antigamente compravam casa e isso prendia os casais a determinada localização. Penso que o arrendamento vai ser melhor até para questões de mobilidade. O senhor em Lisboa vive num apartamento? Vivo num apartamento arrendado. Em Santarém temos coisas de família que herdámos e que procuramos manter. Quando aluguei casa isso era muito comum. As poupanças das pessoas com alguma capacidade financeira eram canalizadas para prédios. Compravam-nos, alugavam-nos e viviam disso. Isso também está ultrapassado. Moro nessa casa há 45 anos. Como é a sua vida na capital? Gosto muito de ir ver os concertos das grandes orquestras à Gulbenkian. É o meu hobbie favorito. Como temos uma parte agrícola da família para gerir ao fim de semana vou para Santarém.

O que tem na parte agrícola? Uva para vinho, uva de mesa, pomar de nozes, e milho. Temos quem lá trabalhe e eu asseguro a gestão. É saudosista em relação ao tempo em que se vivia da agricultura? Hoje a agricultura que tem alguma dimensão continua a ser forte. É um caminho a seguir porque a este nível dependemos muito do exterior. O Ministério da Agricultura está a fazer grandes apostas no país e acho que vamos conseguir dar a volta. Como se dá com as novas tecnologias? Não estou adaptado e devo dizer que nunca me preocupei muito com isso. Nesta idade não quero frustar-me por não tentar trabalhar com as novas tecnologias. O senhor tem acompanhado a emancipação das mulheres. Acha que a evolução foi demasiado rápida? Não. Quando estava na universidade tive uma única colega de curso. Hoje as mulheres têm grande actividade profissional. Passaram a ser muito mais activas e independentes. Felizmente. Anda de fato e gravata. Custa-lhe? Não me custa nada. Habituei-me. Hoje vejo muita gente andar sem gravata. Até a senhora ministra da Agricultura tentou que os seus colaboradores deixassem de usar. São daquelas medidas que servem para descontrair. Quando vou para Santarém não coloco a gravata mas é outro ambiente… Quando se fala dos homens ribatejanos fala-se de marialvas… Haverá marialvas no Ribatejo como haverá marialvas em outros sítios do país. Eu gosto de tauromaquia e no entanto nunca andei a pegar toiros (risos).

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Personalidade do Ano

Miguel Relvas

“O país vai empobrecendo e não podemos enriquecê-lo com o discurso da ilusão” Miguel Relvas tem sido corajoso na defesa das políticas do Governo Corre todas as frentes de batalha dando o peito às balas dos opositores do governo. A sobreexposição mediática faz dele o alvo principal de todas as criticas mas ele sabe que a sua missão é fulcral. Sente-se que ao dar a cara pelos assuntos mais polémicos quer atrair sobre si todas as atenções, criando condições para que os restantes elementos do executivo se concentrem no seu trabalho. Mudou de número de telemóvel quando tomou posse como ministro? Nunca mudei de número de telemóvel. As mudanças que possam ter acontecido com o meu número foram decorrentes de alterações de indicativos feitos pela operadora. E só tenho um número de telemóvel. Continua a dormir pouco? Entre cinco e seis horas. É suficiente. Quando foi a última vez que pegou num cigarro? Há seis anos. Por vezes tenho saudades mas se eu pegasse num cigarro nunca mais parava. Fujo disso! Uma 8

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das melhores coisas que fiz na vida foi ter deixado de fumar. Ainda tem tempo para ler? Leio. Principalmente relatórios (riso). Continuo a ler o que lia. Ensaios históricos...jornais, revistas, estas últimas no ipad bem como alguns jornais. Sente que as pessoas o olham de maneira diferente? Eu sou a mesma pessoa. Não me deixo iludir pela sacralização do poder. Procuro levar uma vida normal. Ainda hoje às 7 da manhã estava a entrar no ginásio. Falo com as mesmas pessoas

Militância total É o super-ministro do actual Governo, para o bem e para o mal. Pode não se concordar com as ideias que defende mas será justo reconhecer que Miguel Relvas não vira a cara à luta. Foi o grande obreiro da vitória do PSD nas últimas eleições depois de ter conquistado o partido a nível das bases. É o homem de confiança de Pedro Passos Coelho ao qual está ligado em termos pessoais desde os tempos da JSD onde se filiou nos anos 80. Desde a adolescência que está ligado

que falava antes. Tenho mais responsabilidades mas tenho vida para além da política. Dá atenção ao seu índice de popularidade? Não. Não ligo muito a isso. O nome de dois amigos da política que tenha há muito tempo. Como O MIRANTE é do distrito de Santarém refiro dois de lá, o Octávio Oliveira (director do IEFP) e o Vasco Cunha (presidente da Comissão Distrital de Santarém do PSD e deputado). Mas tenho muitos outros amigos na política. Considera-se uma pessoa afortunada. Considero mas para se ter sorte na

à política e ao PSD. Conhece o partido de Norte a Sul do país como a palma das suas mãos. Foi deputado em sete legislaturas consecutivas. Foi secretário de Estado da Administração Local, entre 2002 e 2004. Apesar de residir em Lisboa manteve sempre uma estreita ligação com Tomar onde passou parte da adolescência e com o distrito de Santarém. Faz parte da história da JSD e do PSD distritais que liderou muitos anos. Foi Secretário-Geral da JSD entre 1987 e1989 e Secretário Geral do PSD entre 2004 e 2005 e entre Março de 2010 e Junho de 2011. É presiden-

vida é preciso muito trabalho. Um pouco por todo o lado multiplicam-se as manifestações contra o encerramento de extensões de saúde e contra a falta de médicos. Não é sensível a isso? Temos que racionalizar. Não podemos multiplicar infra-estruturas. Temos que ter bons cuidados de saúde primários mas temos que racionalizar. Não é uma questão de querer ou não querer. É uma questão de necessidade. O país não tem capacidade. Nós no próximo ano vamos gastar com o Serviço Nacional de Saúde 7 mil milhões mas vamos pagar de juros da dívida pública portuguesa 9 mil milhões de euros. É assustador, pagarmos mais de juros do que o que gastamos com a saúde. O cidadão comum quer saber é se vai ter médico ou não. O país vai empobrecendo e não podemos enriquecê-lo com o discurso da ilusão. O discurso da ilusão levou-nos à situação que tínhamos em Junho do ano passado, em que estávamos na bancarrota. Não tem uma quota parte de culpa pelo estado a que isto chegou? Sei que se fosse hoje não teria defendido um hospital em Torres Novas, um hospital em Tomar e um hospital em Abrantes. Não é possível. Gastámos o que tínhamos e o que não tínhamos. Este não é um tempo de os políticos se preocuparem com a popularidade. É um tempo de meter a mão na massa e resolver os problemas. Já lá vai o tempo em que os autarcas eram o exemplo da aplicação dos dinheiros públicos? Os autarcas em Portugal, em matéria de visão de futuro, nunca foram capazes de serem ousados. Olham demasiado para a realidade do seu concelho. Se há sector conservador, é o poder local. As voltas que o mundo dá. Logo os autarcas que o senhor sempre elogiou. São conservadores na visão que estão a ter da nossa sociedade. Ainda não se convenceram que Portugal está numa situação particularmente difícil. Que Portugal esteve na bancarrota. Que tem que se fazer cortes. E não estão a fazê-los? As autarquias em Portugal estão a cortar menos que o Estado Central está

te da Assembleia Municipal de Tomar desde 1997. Miguel Fernando Cassola de Miranda Relvas nasceu em Lisboa a 5/9/1961 e foi para Luanda apenas com 3 meses de idade tendo regressado a Portugal em 1974. É optimista por natureza e diz não compreender como sendo a vida tão difícil há pessoas que insistem em complicá-la ainda mais. Diz-se um cliente do lado positivo da vida, é licenciado em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Lusófona é cidadão honorário da cidade brasileira do Rio de Janeiro.


O MIRANTE escolheu como Personalidade do Ano, na sua área de abrangência, o ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares e presidente da Assembleia Municipal de Tomar, Miguel Relvas. A escolha teve em conta o papel desempenhado por Miguel Relvas na vitória eleitoral do PSD, por maioria absoluta, nas eleições de 5 de Junho de 2011, o facto de ser o braço direito do actual primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, de quem é amigo há longos anos e o seu empenhamento corajoso e determinado em áreas sensíveis da governação. a cortar. É uma realidade. Ainda não se adaptaram a este novo tempo. Nós chegámos ao fim da linha. Deixámo-nos encostar à parede. E temos que sair da circunstância em que estamos. Não podemos continuar a vender ilusões. O Governo tem tido a atitude de querer mudar. A maior parte das autarquias ainda não. O que tem que ser feito? Temos que estimular as capacidades intermunicipais. Não é preciso fazer a fusão de municípios ou extinguir municípios para que muitas das competências que estão nos municípios possam ser delegadas nas entidades supramunicipais ou nas Áreas Metropolitanas e o mesmo se passa com competências da administração central. Isso é possível mas há muito que se fala nisso e nada tem sido feito. Em Portugal é tudo impossível até ser feito. Tomar, Torres Novas e Abrantes, por exemplo, deviam ter uma perspectiva de gestão de uma grande cidade mas multiplicam equipamentos. Não são capazes de ter uma política global e de complementaridade. A multiplicação de investimentos que foi feita com fundos comunitários gera um enorme acréscimo de despesas com a sua manutenção. É a lógica eleitoral a funcionar. Enquanto cada autarca tiver que se preocupar com os votos dos seus eleitores, isso vai acontecer. Os eleitores pressionam para terem um pavilhão igual ou maior do que o do concelho vizinho. Já não vai acontecer com tanta facilidade. Sabe o que mudou? Acabou-se o dinheiro. Hoje as autarquias já não podem recorrer ao crédito. A banca não lhes empresta dinheiro. Os municípios têm que fazer uma gestão mais racional e não aumentar as suas dívidas. Enquanto deputado, há uma década atrás, defendeu a criação de novos concelhos como Fátima ou Samora Correia e foram deputados do PSD e do CDS/PP que propuseram, por exemplo, a criação de uma nova freguesia no Entroncamento que

É o seu último mandato? É. Já o tinha dito e mantenho. No final do mandato completo 16 anos como presidente da assembleia municipal. Está na hora de sair. Em Tomar, o acordo que existia entre o PSD e o PS acabou. Está a

acompanhar a situação de perto? Hoje não acompanho de perto essa questão política. Preocupa-me mas não tenho tempo. * Excerto da entrevista publicada na edição de 5 de Janeiro de 2012 de O MIRANTE

é um dos concelhos mais pequenos do país em termos de área. Agora trabalha para agregar freguesias e extinguir algumas. É verdade. Mas hoje nunca o faria. O caminho hoje é outro. Está em curso uma reorganização administrativa. Não podemos continuar com o discurso do passado porque estaremos condenados ao fracasso. Não se poupará muito dinheiro com a fusão ou extinção de freguesias. O que se vai conseguir é uma racionalização da gestão e uma melhoria do serviço prestado às populações. A escala e a dimensão trazem resultados melhores. As próximas eleições autárquicas vão ser feitas já em novos moldes? É inevitável. Vamos ter já uma nova lei das finanças locais. Vamos ter já um novo modelo de organização territorial. Uma nova lei eleitoral. Algumas autarquias poderão ter de abdicar de fazer obras programadas mesmo com candidaturas ao QREN em andamento ou já aprovadas? Algumas vão ter que fazer isso. O tempo das rotundas passou. Quem continua a olhar para o futuro a pensar fazer obra de fachada está completamente desenquadrado. O país chegou a este estado por causa disso. Hoje o investimento tem que ser muito bem pensado. Os municípios têm que investir nas pessoas. Na capacidade de ajudar a gerar riqueza. Não podemos continuar com o actual modelo. Porque insiste em manter o seu lugar na Assembleia Municipal de Tomar, onde é presidente? É um cargo que desempenho com satisfação. Não gostaria de ouvir dizer que, por ser ministro, me tinha afastado da terra e das pessoas. Pela assembleia passam os problemas do cidadão comum e eu gosto de estar ali. Eu não sou como aqueles políticos que quando chegam a determinadas funções deixam de conhecer as pessoas que conheciam. Eu não sou ministro. Eu estou ministro. Hoje estou. Amanhã não sei se estarei.

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Lucília Vieira

Política Feminino

“A função pública pode funcionar bem se tiver pessoas capazes de a gerir” A vereadora da Câmara de Ourém diz que todas as organizações têm “ninhos” de pessoas empenhadas em destruir quem trabalha Quando chegou à Divisão de Urbanismo, descobriu uma realidade kafkiana. Pessoas e empresas com processos de contra-ordenação a correr por terem iniciado obras sem licença e os pedidos de licenciamento das mesmas a acumularem-se no serviço durante anos e anos, à espera de um despacho. Resistiu muitos anos mas acabou por aceitar desempenhar um cargo político. Como a convenceram a aceitar? Para mim a gestão pública é ajudar a resolver os problemas das pessoas e contribuir com soluções para a produção de riqueza e de emprego. Sou natural e residente em Ourém e tenho andado pelo distrito de Santarém a desempenhar cargos públicos e a tentar mudar o que está ao meu alcance. Fui convidada pelo Paulo Fonseca (fomos colegas de escola) e todos os que fizeram parte da lista achavam que o concelho precisava de se livrar de políticos muito preocupados com festas e romarias para passar a ter gestores, de facto, da coisa pública. Qual é a realidade de Ourém? 10

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Acompanhei os indicadores de emprego durante mais de dez anos consecutivos. Em Ourém a situação era de quase pleno emprego. Temos a sorte de ter uma base económica muito diferenciada e isso só se consegue quando as pessoas são muito dinâmicas. Mas há tantos entraves

Determinada e... independente Nasceu no Olival, em Ourém, a 31 de Outubro de 1963. Nunca pensou ser funcionária pública mas é neste sector que trabalha há mais de 20 anos. Dirigiu os Centros de Emprego de Torres Novas, Santarém e Tomar e Centro de Formação de Tomar antes de assumir funções como vereadora da Câmara de Ourém, após as eleições de 2009. Assume com orgulho o seu percurso profissional. Estudou em Ourém, concluiu o 12.º ano em Leiria, tirou o curso superior de Gestão de Empresas em Évora e fez uma pós-graduação em Administração Pública. O Centro de Emprego de Torres Novas foi o seu primeiro trabalho após terminar o curso, em 1990. Tomou posse, como directora, a 5 de

que quem consegue criar uma empresa é quase um herói. Dou-lhe um exemplo de como se trava a iniciativa privada. Quando cheguei há câmara descobri que havia cerca de 1500 processos de obras acumulados. Muitos deles eram relativos à aplicação de contra-ordenações a pessoas que

Agosto de 1992 e esteve no cargo até 2000. Considera-se uma pessoa apaixonada por grandes projectos e desafios e quando se entusiasma com alguma tarefa perde a noção do tempo. Diz que quando está num lugar e sente que tem “a casa já arrumada” está na altura de ir para outra. Gosta de liderar, criar equipas e relacionar-se com as pessoas. É exigente consigo própria e com as pessoas que a rodeiam. Considera que o exemplo tem que vir de cima. Diz que se houvesse menos políticos e mais operacionais dedicados à causa pública, o país estaria melhor. Reconhece o papel dos partidos políticos mas não é filiada em nenhum porque quer continuar a pensar pela sua cabeça sem ter que ser obrigada, por solidariedade, a dizer que sim quando quer dizer não. Quase todos os dias leva trabalho para casa. Tem uma óptima relação

tinham começado obras sem licença. Comecei a analisar aquilo tudo e descobri que a maioria daquelas pessoas tinham entregue os pedidos de licenciamento mas que os mesmos estavam parados. A mesma câmara não pode ser “Maria patroa” e “Maria criada”. De que modo a sua faceta de empresária intervém no seu trabalho de vereadora? Faz-me entender as suas dificuldades e preocupações. Por exemplo, nunca tiro férias entre Junho e Setembro porque tenho a Divisão de Obras à minha responsabilidade. Os dias são maiores e mais solarengos e há pessoas que querem construir nesta altura do ano, nomeadamente emigrantes que estão de férias. Depois, duas vezes por semana limpo todos os processos que há na secção de obras. É um compromisso que tenho comigo mesma. Neste momento, os processos já foram reduzidos a 600. Vou muitas vezes ao terreno ver situações que me levantam dúvidas para as esclarecer e tomar a decisão mais justa. Chegou ao Instituto de Emprego e Formação Profissional da mesma forma que chegou a vereadora? Por influência de alguém próximo? Quando comecei a trabalhar, há vinte e tal anos, nunca pensei trabalhar na função pública. Achava que não funcionava. Felizmente o meu amigo Octávio Oliveira (actual presidente do Instituto de Emprego e Formação Profissional), que muito prezo, convenceu-me a fazer um estágio no Centro de Emprego de Torres Novas e mostrou-me que a função pública pode funcionar se tiver pessoas capazes de a gerir. Tive a sorte de trabalhar no IEFP que foi uma casa premiada como entidade pública de excelência a nível nacional. As organizações são tão grandes quanto maiores conseguirem ser as pessoas que lá trabalham. E uma câmara municipal não é excepção. E na Câmara de Ourém há pessoas capazes? Claro que há. Mas também existem aqueles “ninhos”, que há em todas as organizações, que tentam destruir as pesso-

com os quatro irmãos e com a mãe de quem herdou a determinação. Gosta de viajar com amigos e tem duas empresas de criação animal. Considera que a principal riqueza de Ourém, a par da sua excelente localização geográfica é ter pessoas muito trabalhadoras que, geneticamente, são empreendedoras. Não se imagina a viver numa grande cidade. No seu gabinete de trabalho tem um quadro com o Castelo de Ourém, que a acompanhou para todos os lugares onde trabalhou no distrito de Santarém. Gosta muito de conduzir e já fez várias viagens de carro pela Europa, com amigos. Criou duas empresas, a primeira das quais em 1998, ligadas ao ramo da criação animal. O seu escape, ao fim-de-semana, é o contacto com os animais. Nas férias, só atende chamadas da família, da secretária ou do presidente da Câmara.


Manteve-se afastada da política anos a fio mas sempre ligada à gestão pública através dos cargos de direcção que desempenhou no Instituto de Emprego e Formação Profissional. Aceitou o convite do seu antigo colega de escola para integrar a lista do PS à Câmara de Ourém em 2009 porque, como natural do concelho, sentiu que podia contribuir para a melhoria das condições da população. Foi escolhida para Personalidade do Ano na área da Política Feminina por encarnar um certo estilo feminino de desempenho de funções. Não procurou o protagonismo através de discursos vibrantes. Arregaçou as mangas e num ano deu despacho a um milhar de processos alguns dos quais ganhavam pó há vinte anos. as que querem trabalhar. Onde está a encontrar resistência? Na luta para acabar com o papel. Há muita gente que gosta de papéis. Mas vou conseguir. Penso que se tudo for informatizado evita-se a duplicação. Em organização administrativa, isto é indispensável. A Divisão de Urbanismo é uma das que está na minha competência e só não começamos já a receber processos em suporte digital porque os técnicos necessitam de dois monitores: um para ver os desenhos e outro para ir folheando o processo. Nesta casa só vai haver um sítio para entradas e outro para saídas. É uma mudança radical. Eu gosto de coisas difíceis. Não pedi este pelouro ao meu presidente mas senti que os meus colegas não estavam muito interessados em ficar com ele. Para mim, a Divisão do Urbanismo é a cara da Câmara. Se estiver oleada e a funcionar bem, de acordo com a lei, proporcionamos o crescimento. Eu própria já me desloquei várias vezes à CCDR (Comissão de Coordenação Regional) para resolver

processos que tinham 10, 15 anos e, paulatinamente, temos conseguido. Tem havido muitas alterações a nível dos recursos humanos? Transferi pessoas de serviços onde estavam em excesso para serviços onde havia deficiência. A câmara, nestes dois últimos anos, perdeu 116 pessoas, entre contratos que terminaram e aposentações. Entraram dez pessoas, a sua maioria técnicos superiores pois existia um desequilíbrio em relação ao número de assistentes operacionais. Não quer dizer que sejam melhores mas têm a obrigação de o ser, porque recebem o salário para isso. Temos que saber fazer mais com menos. Como é que organiza o seu tempo? Chego à câmara entre as nove e as nove e um quarto. Inicialmente, chegava sempre às oito da manhã porque tinha aquela ideia de pôr os processos em dia mas ultimamente tenho optado por levar papéis para casa porque ali estou liberta da confusão dos telefones. Por outro lado também atendo muita gente sem marcação porque se é para resolver

temos que agir prontamente. Um assunto que se deixa arrastar é um problema que se cria. As coisas chatas que tenho para fazer são normalmente as primeiras que faço para não pensar mais nelas. Muitas vezes temos que cortar o mal pela raiz. O que é mais gratificante para si nesta função de vereadora? Gosto de fazer coisas. De mudar coisas. De ver as coisas a mudar e sentir que intervim nessa mudança. Gosto de sentir que contribui para a criação de emprego, que ajudei a gerar riqueza ou uma organização a crescer. É isso que me dá ânimo. Quais são já as marcas da sua presença em dois anos e dois meses de mandato? Eu acho que o que é mais visível foi a alteração na forma de tratar e despachar as obras particulares. Felizmente a minha chefe de Divisão, a Dra. Célia Reis, também tem uma visão diferente das coisas. Nós temos obrigação de conhecer muito bem a lei. E temos obrigação de ajudar quem tem mais dificuldade e encaminhar as pessoas no bom sentido. Depois, também destaco o regulamento intermunicipal que está a ser desenvolvido em comum na Associação de Municípios da Área Metropolitana de Leiria (AMLEI), que penso que vai dar frutos. E se ganhar a batalha do papel, vamos produzir mais com menos custos, beneficiando a transparência para o cidadão. Já fez inimigos na política? Já, mas não relevo. Não tenho tempo para perder tempo com coisas que não merecem. Se há mentiras tenho que ir ao fundo da questão. Não alimento fofocas, intrigas, tricas ou admito que ponham na minha boca palavras que não disse. Estou aqui é para trabalhar não para me preo-

cupar com minudências. Que visão tem para Ourém? Gostava muito que esta fosse uma “mega cidade” nesta região do país. Não uma cidade em altura mas em dimensão, com muita qualidade de vida.. Acho que o concelho de Ourém ganha muito se vier a envolver-se ainda mais com Fátima, que é conhecida mundialmente. Como é que é a Lucília Vieira fora da autarquia? Sou uma pessoa bem disposta, alegre, amiga do seu amigo, que gosta de se divertir. Sou muito aventureira. A minha empresa de criação de animais é também o meu escape. Tenho milhares de coelhos e sinto-me muito bem no campo. E depois tenho a minha família. O meu pai emigrou para França onde faleceu em 2009. Somos cinco irmãos e tenho a minha mãe que é o grande pilar da família. A minha forma de estar e de ser devo-os à minha mãe. Conseguiu educar-me na verdadeira acepção da palavra. Como é que ocupa as suas férias? Gosto muito de viajar. Já viajei pela Europa toda. Normalmente, tenho um carro alugado à minha espera no aeroporto onde desembarco. Tenho a sorte de ter um grupo de amigos que me acompanha nessas viagens. Agarramos num mapa e vamos à descoberta do país, sem roteiros nem horários. Andamos pelo campo, falamos com as pessoas. Aprende-se muito com essa experiência. Desde que estou na câmara tenho pena de já não o poder fazer tantas vezes. É uma mulher vaidosa? Nada. Sou uma mulher muito prática. Não perco muito tempo a ver-me ao espelho.

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Politíca Masculino

“Ser sensato e não perdoar o erro é fundamental para exercer o poder” António Ganhão diz que vai continuar a servir o concelho de Benavente enquanto lhe restarem forças É um dos autarcas portugueses há mais tempo no poder e boa parte do desenvolvimento do concelho de Benavente tem o seu cunho. Enfrentou os lobbies da construção da região para evitar que a terra se transformasse num dormitório de Lisboa e assume que ninguém pode dizer que está preparado para ser presidente de câmara. António José Ganhão venceu um cancro e voltou ao trabalho quando ainda devia estar numa cama. Diz que quer trabalhar enquanto puder, porque parar é morrer. Foi eleito pela primeira vez como presidente de câmara a 2 de Janeiro de 1980. Qual foi a primeira coisa que fez no gabinete? Estava ansioso por conhecer os cantos à casa e começar a desenvolver tra12

RETROSPECTIVA 2011 - 16 FEVEREIRO 2012

balho com critérios e respeito pelas prioridades da altura, que eram o trabalho e a educação. Foi um dia em que senti como se me tivesse caído em cima um peso enorme. Esse peso foi diminuindo à medida que fui desbravando caminho. Ninguém dirá que está preparado para assumir um cargo com a responsabilidade deste, muito exigente, no primeiro dia que toma posse. Eu não estava nervoso mas estava ansioso. O que é que ainda o faz correr? O prazer que a vida nos dá de podermos fazer o que gostamos. A mim sempre me fez correr o gosto pelo trabalho. Tudo aquilo que nós fazemos tem reflexo na vida dos cidadãos, seja a crítica ou o elogio. Uma das coisas que aprendi dos meus anos de professor foi a usar a pedagogia. Acredito que a política é melhor se formos pedagógicos e servirmos a população numa base de entendimento. Mesmo que as coisas não sejam do nosso agrado e que por vezes nos tragam dissabores. Já foi criticado por pedir opinião à oposição? Já, mas penso que ao longo destes anos, nove mandatos, a população en-

António José Ganhão

tendeu sempre a minha forma de exercer este lugar e isso vê-se nos resultados eleitorais. Nunca hostilizei a oposição, sempre procurei que a imagem da câmara fosse de transparência, quer para a oposição quer para os cidadãos. Não trabalhamos apenas em função de objectivos concretos, trabalhamos também para a democracia, que é um processo que se constrói todos os dias e que nunca está consolidada. Quando agarrou a Câmara de Benavente o concelho era muito rural. Hoje aposta nos serviços. Foi uma boa aposta? Benavente nos anos 80 tinha uma base económica muito frágil, muito ligada à agricultura, porque não podemos ignorar este excelente naco de terra que possuímos e que é muito competitivo, sobretudo ao nível das produções de arroz e tomate. Havia muita indústria ligada ao ramo de metalomecânica ligeira e alfaias agrícolas. A crise de 83/85 deitou abaixo tudo aquilo que não tinha viabilidade financeira. Foi uma oportunidade de construir de novo o concelho. Passámos a ser uma zona de desconcentração populacional e industrial da grande Lisboa. Tornou-se hoje no concelho de maior crescimento na lezíria do Tejo e somos a segunda repartição de finanças do distrito em termos de cobrança de impostos. A primeira é Abrantes porque tem a central do Pego. Diversificámos a nossa base económica e isso fez crescer o emprego. Mas não cresceu muito em termos populacionais. Nós não queremos crescer mais depressa, é a nossa estratégia de desenvolvimento. Não podemos permitir que

nos transformem em mais um dormitório da grande Lisboa. O dormitório traz sempre consigo uma problemática social para a qual temos de estar preparados. Analisámos na cintura de Lisboa um crescimento dos problemas sociais, associados à grande urbe. Um conjunto de pessoas mais desfavorecidas que são guetizadas. No concelho crescemos à medida da nossa base económica. Em termos de planeamento urbanístico apostámos em baixas densidades. Herdei de 1975 situações que ficaram como exemplo daquilo que não podemos fazer. Prédios enormes e fora de contexto. Enfrentou lobbies da construção. Havia interesses instalados e tive de dizer aos investidores que, se queriam construir em Benavente, teriam de arranjar alternativa aos caixotes de Lisboa e Setúbal. Nós gostávamos de ser alternativa e oferecer um segundo andar sem elevador onde as pessoas tivessem mais qualidade de vida. Esteve preso três dias por participar numa manifestação em Lisboa. Foi nessa altura que se tornou comunista? Foi nessa altura que eu consciencializei a importância da participação política. Foi numa manifestação de estudantes. Reclamávamos contra a ditadura. Vinha no elevador da glória e quando saí para o Príncipe Real fui agarrado por dois homens que me encostaram uma pistola aos rins e me disseram que estava preso. Não fui sujeito a qualquer tortura que não fosse a psicológica. Para quem tem 18 anos estar naquele local é muito traumatizante. Ao sair disseram-me que iam continuar atrás de mim. Que me iam chamar outra vez. É o pior. Ficamos com um complexo de perseguição, de que estamos a ser vigiados. Cada vez que a campainha da porta tocava eu pensava que era a PIDE. Serviu na guerra como especialista de minas e armadilhas. O que aprendeu com ela? Que temos de aprender rapidamente a ser sensatos e a não perdoar os erros. Isso é verdade em tudo na vida. Até na política. Enquanto comunista como vê o


actual estado do país? Fico profundamente triste. As pessoas podem estar desiludidas e têm esse direito, com o que têm sido os actos e as acções dos políticos, que conduziram o país a uma situação muito grave. Mas não há outro modelo que seja superior em direitos que não seja a democracia, que não pode ser apenas económica, tem de ser também social e cultural. Hoje vivemos uma ditadura do capital, que não tem rosto, esconde-se por detrás de biombos muito escuros sem nenhuma transparência. Temo que a democracia esteja em perigo. Estamos a caminhar para aquilo que assustou quem, como eu, nasceu no pós-guerra e acompanhou a evolução do Mundo. Como vão os jovens olhar para esta geração de políticos? Como alguém que não soube governar e que comprometeu o seu futuro. A história repete-se e o sentimento de muitos jovens é de revolta, por terem o seu futuro comprometido porque a gente que nos tem governado é gente

Um copo de vinho, um cigarro e meio pacote de pevides É um “ritual sagrado” para António Ganhão: diariamente sai do gabinete, senta-se num café da vila e come meio pacote de pevides, acompanhadas por um copo de vinho. Depois fuma um cigarro. Aquele ritual ajuda-o a limpar a mente e a pôr a conversa em dia com os amigos. Falam de futebol, carros, mulheres. Coisas de homens. É sportinguista, gosta de acelerar e é casado. Tem dois filhos. Nasceu a 11 de Janeiro de 1945 embora no bilhete de identidade conste o dia 2 de Março. A mãe alterou a data de nascimento para não pagar uma multa por se ter atrasado a registá-lo.

António José Ganhão (CDU) cumpre o seu nono mandato à frente da Câmara Municipal de Benavente. Aos 66 anos só a lei o impede de se voltar a candidatar. Apesar de ser autarca há mais de três décadas não estagnou e é um interlocutor respeitado não só pelos seus pares como pelos sucessivos titulares da pasta da administração local dos diversos governos. Humanista por natureza e um exemplo de diálogo e moderação é vice-presidente do conselho directivo da Associação Nacional dos Municípios Portugueses e membro do conselho de administração da empresa intermunicipal Águas do Ribatejo.

incapaz e incompetente, que se serviu do poder e serviu os amigalhaços e não quis saber do nosso futuro. Na sua infância, teve tempo para ser menino? Sim, menino pobre mas feliz. Consegui ter tempo para brincar com os rapazes da minha rua. O primeiro dinheiro que consegui juntar, 22 escudos e 50 centavos, dei à minha mãe. Tinha os meus 11 anos. Esse dinheiro teve pa-

É o mais novo de oito irmãos. Adora o mar que viu pela primeira vez aos 11 anos, em São Pedro do Estoril, com um tio que também lhe pagou os estudos. Em 1964 entrou para o curso de química na faculdade de ciências de Lisboa mas não concluiu por ter sido mobilizado para a guerra do Ultramar, onde comandou uma brigada de minas e armadilhas. Foi enquanto cumpria a missão em África que casou. Um casamento apressado por causa de uma gravidez indesejada. Infelizmente a criança morreu à nascença. Foi professor de ciências durante nove anos em Benavente e durante um ano em Coruche. Em 1976 candidatou-se pela primeira vez às eleições autárquicas, que perdeu por 35 votos. Quatro anos depois venceu por maioria absoluta. Diz que a culpa do PCP nunca ter sido poder a nível nacional se deve ao facto de não ter conseguido passar a

ra mim um significado muito grande. Já pensou o que vai fazer quando acabar o mandato? Tenho a certeza que não irei trabalhar para outra causa que não seja a causa do poder local. Não quero parar. Passei por uma fase muito complicada na minha vida e quando saí da cama do hospital disse para mim mesmo que o trabalho tinha de ser a melhor terapia. Terei de continuar ocupado e o poder

sua mensagem. Garante estar tranquilo com as contas da câmara porque nunca gastou mais do que aquilo que podia pagar. Recuperou recentemente de um cancro na próstata e diz que a vergonha é o principal aliado da doença. Poucas semanas depois de ter sido operado voltou ao trabalho, apesar de visivelmente debilitado. Gosta de ouvir Beatles, Ray Charles e Aretha Franklin. Considera Pedro Barroso um dos grandes trovadores do seu tempo. A divisão de casa onde passa mais tempo é na cozinha. Não porque saiba cozinhar mas porque é lá que fuma os seus cigarros e consulta a Internet, onde já tem perfil nas redes sociais. Lê sobretudo jornais e há dois anos e meio que não vai ao cinema. Orgulha-se de ser rigoroso com as horas e irrita-se com a falta de pontualidade. Gosta de comer em casa e só sai

local tem muito por onde se trabalhe mesmo que não se esteja em funções. Já escolheu o seu sucessor? Não sou monárquico e entendo que a escolha do futuro candidato da CDU pertence ao colectivo. Não deixarei de emitir as minhas opiniões. Considero que há pessoas preparadas e o Carlos Coutinho é uma delas, mas há outras pessoas que também têm competência. Mas não vou expressar a minha opinião porque isso poderia ferir susceptibilidades. O que quer deixar feito em Benavente antes de sair? Concluir quatro obras estruturantes. O processo de requalificação das duas escolas de Samora Correia, o lar para crianças deficientes do Centro de Recuperação Infantil de Benavente e as novas creches de Benavente e Samora Correia. Se isso acontecer o fundamental dos objectivos deste mandato estarão cumpridos. Acima de tudo vou levar comigo boas memórias de todo este tempo.

ocasionalmente para restaurantes. Convive em duas tertúlias do concelho: o Sindicato de Samora Correia e a Oficina das Artes em Benavente. Não anda de transportes públicos, tem médico de família e não pensa deixar de fumar. Tem uma passadeira em casa onde gosta de fazer exercício e diz que em Benavente o que fazia falta era uma linha de comboio, para escoar mercadorias. A visita da Judiciária ao seu gabinete no último ano foi um evento que o revoltou, pela forma como o assunto foi abordado a nível nacional. Além do cargo de presidente da Câmara de Benavente António Ganhão é também vice-presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses e da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo, sendo também administrador da empresa intermunicipal Águas do Ribatejo.

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Ministra diz em Vila Franca que sucesso das mulheres obriga a roubar tempo à família Trabalhar 16 horas por dia e fazer sacrifícios são condições para que as mulheres cheguem ao topo. “Nada se conquista por decreto”. Palavras da ministra da cultura, numa conversa de mulheres em Vila Franca, que tal como a vereadora Conceição Santos defende as quotas como um “mal necessário” 27

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EDIÇÃO VALE TEJO - 02 Dez 2010

Avenida Combatentes da Grande Guerra, n.º 57 2600-131 Vila Franca de Xira  919 886 516 - R. Câmara Pestana, n.º 44 2140-086 Chamusca  249 769 160 e-mail: omirante@omirante.pt

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Vialonga, Alverca e Castanheira são as freguesias com mais crianças em risco

O menino de Alhandra que apresenta um programa de televisão Gonçalo Morais é actor do grupo de teatro “Esteiros” e toca na banda da freguesia 23

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EDIÇÃO VALE TEJO - 29 Dez 2010

S E M A N Á R I O Semanário - Ano XXIII - N.º 965 - Preço: 0.60  - Director: Alberto Bastos Avenida Combatentes da Grande Guerra, n.º 57 2600-131 Vila Franca de Xira  919 886 516 - R. Câmara Pestana, n.º 44 2140-086 Chamusca  249 769 160 e-mail: omirante@omirante.pt

Em tempo de crise comer sopa de legumes da horta e poupar no vestir

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PMENEWS A UNIVERSIDADE de Coimbra, a farmacêutica Bluepharma e a empresa de capital de risco do Estado, InovCapital, assinaram um acordo de licenciamento de tecnologia e de financiamento com a Luzitin, empresa que vai liderar a próxima fase de desenvolvimento de “uma promissora investigação no âmbito do tratamento de diversos tipos de doenças oncológicas”. O objectivo é o desenvolvimento pré-

clínico e clínico de um fármaco para utilização em terapia fotodinâmica. Estima-se que o novo medicamento seja cerca de 100 vezes mais eficaz do que os actualmente disponíveis. As signatárias do acordo explicam que, quando estiver disponível no mercado, o novo medicamento “será administrado ao paciente e posteriormente ‘activado’ através de um laser de radiação infravermelha, levando à morte das células neoplásicas”. Será, então, “possível obter um efeito terapêutico mais eficaz e com menos efeitos secundários” do que o actualmente atingido pelos fármacos existentes. “Espera-se que o desenvolvimento deste medicamento venha a contribuir para um aumento da esperança e da qualidade de vida dos doentes com cancro: a terapia fotodinâmica apresenta variadas vantagens, nomeadamente uma baixa toxicidade, uma acção dirigida e efeitos secundários reduzidos”, salientam as signatárias do acordo em comunicado.

SEXTA-FEIRA, 17 DE DEZEMBRO DE 2010

VIGILÂNCIA E SEGURANÇA PARA PME Págs. VIII e IX

Especial

Após a validação do conceito técnico e de experiências em animais, seguemse agora ensaios clínicos em humanos, pelos quais será responsável a empresa Luzitin, uma nova spin-off de bas

Luzitin lidera desenvolvimento de fármaco para cancro

Contabilidade mal organizada gerou equívocos mas associação já recorreu. António Lameiras, o presidente, diz que emagreceu seis quilos em quinze dias e que vai deixar a colectividade assim que resolver o problema 5

Confusão nas contas da AREPA leva fisco a pedir mais 100 mil euros de impostos

Mãe Maria e os seus cinco filhos foram almoçar fora na véspera de Natal ao restaurante panorâmico de Alhandra. Pouco depois chegou um pai dedicado, servente de profissão, que lutou para que os filhos não fossem parar a uma instituição. Uma mãe solteira, hoje solitária, chorou as lágrimas de todos os dias frente ao Tejo. No dia 24 de Dezembro um restaurante de Alhandra pôs a mesa para receber 50 convidados. Bacalhau gratinado com vista para o Tejo. 16

Mãe Maria e os seus cinco filhos foram almoçar fora na véspera de Natal

Quando a pensão é baixa não há muito por onde poupar. Quem se habituou a viver toda a vida em clima de contenção sabe como subsistir com os euros contados. O MIRANTE esteve em Santo Estêvão a ouvir contar histórias que são exemplos em tempo de crise 15 Entrevista

O técnico que encontrou na formação dos Guarda-Redes a essência do futebol

População de Manique desiludida com obras de recuperação do Palácio

Espaço com 76 lugares foi construído há seis meses mas continua encerrado 18

Utentes da estação de comboios querem estacionamento a funcionar

António Pinheiro, 60 anos, ensina os jogadores a agarrar a bola no Grupo Desportivo de Vialonga 32

Estavam prometidos 100 mil euros para a intervenção, mas a obra ficou por 45 mil 37

Comunidade chinesa do Porto Alto quer segurança Morte a tiro de um comerciante no dia 19 desencadeou uma manifestação frente à GNR de Samora Correia 25

mais exportador, tendo em conta as especificidades do nosso País e do seu corebusiness, que é um pequeno nicho de mercado”, explica Miguel Pina Martins sobre as orientações estratégicas da empresa. A diversificação de produtos tem sido uma prioridade da empresa, tendo em conta a quantidade já significativa de referências ao nível do brinquedo científico puro. Com efeito, o seu portfólio inclui já 26 brinquedos, dez dos quais são novidade este Natal. Entre as novidades, destaque para produtos 100% nacionais onde se encontram puzzles científicos como o mapa da Europa, o corpo humano e o sistema solar. Criada em 2008 com o objectivo de se tornar uma empresa de referência no mercado dos kits, brinquedos científicos e formação, com vista a proporcionar a todos um contacto com as Ciências Experimentais, a Science4you prevê fechar o ano de 2010 com um crescimento entre 25% e 50%, podendo a facturação atingir os 300 mil euros.

SCIENCE4YOU VAI ABRIR EM LONDRES A SCIENCE4YOU, empresa portuguesa que produz, desenvolve e comercializa brinquedos científicos, vai abrir sucursais na capital do Reino Unido e em Espanha, revelou ao PME NEWS o CEO, Miguel Pina Martins. A abertura em Londres ainda não está marcada, mas tudo aponta ao início de 2011. A abertura desta sucursal segue-se à entrada da Science4you em Espanha, no ano passado, e constitui o reforço da aposta desta PME nacional na internacionalização. Em Espanha, onde comercializa os seus produtos através de parcerias com lojas como a FNAC e El Corte Inglés, tudo indica que o escritório se irá localizar em Madrid. A aposta para 2011 é, sem dúvida, a exportação, sendo certo que, neste momento, além de Espanha, a Science4you já exporta os seus produtos para Angola e o Brasil. “O cariz da Science4you é cada vez

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Distribuição de O MIRANTE

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EDIÇÃO LEZÍRIA TEJO - 03 Mar 2011

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PME

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DOSSIÊR PORTIC

mais visí-

de informação. Este Quatro empresas é o resultadosuecas

Missão Empresarial a Oresund Quatro empresas suecas MISSão estão em negociações EMPRESaRIal com PME portuguesas para a criação de parcea oRESunD rias na área das tecnologias

QUINTA-FEIRA, 24 QUINTA-FEIRA, 03DE DEFEVEREIRO MARÇO DEDE2011 2011

para acelerar acelerar expansão expansão

beActive beActive abre abreààCaixa CaixaCapital Capital para

milhões do Bei para PMe

BEI e Fernando Ulrich, presidente assinatura do contrato. Foto/DR do BPI pouco depois

FinAnCiAMento BPi tem 200

XINTERNACIONALIZAÇÃO InternacIonalIzação que, este ano, foi transformada transformada na beActive Internatio-mercado dos EUA, aproveitando nanalbeActive aproveitando e será responsável a sua A CAIXA forte ligação à Sony CAPITAL, através do seu International dos “fortes pela presença A Caixa incentivos tivos existentes e daa sua Capital, atravésfundo Pictures existentes forte ligação beActive Television, nesses Caixa Empreender+, no mercado anglo-saxónico. países ao apoio será à Sony empresa responsável Pictuadquiriu umado a à produção pela presença res qual seu fundo Caixa Empreender+, países aodeapoio par- Já este ano, a empresa a beActive tem um acordo com nesses conteúdos ticipação Television, à produaudiovisuais de 10% do capital social empresa com ade disabriu escritório tribuição. beActive no mercado e multi-plataforma”. da be- daem ção de adquiriu conteúdos Londres e, segundo nos anglo- qual a beActive Active, umaportuguesa empresa participação revelou de saxónico. de conteúA beActive, audiovisuais um “A entrada datem acordo e multi-plataforma”. Já este“prepara-se Nuno Bernardo, que Nuno Bernardo ano, a empresa dos Caixa 10%multi-plataforma, Capital do capital social para abrirde distribuição. que há da dois anos abriu nas aumentar a velocidade vem ape- idealizou, começou a sua beAcuma empresa escritório trilhou no Brasil um processo de internacionaliactividade em Londres da expan- A em tive, empresa focada na beActive, e,pro- “A Fevereiroque são entrada portuguesa de segundo Nuno internacional dução audiovisual”. de 2003, da Caixa zação, que tem vindo em Berda beActive, Lisboa, com Capital nos revelou posicionardo a consolidar. conteúdos apenas idealizou, Ber- vemnando dois colaboradores, a empresa A isto junta-se a Nuno começou a apenas A operaçãomulti-plataforma, comoa um aumentar player in“teve como objectivo nardo, parceria que a ternacional “prepara-se para velocipelo Aitec, um dos mais financiada sua actividade que há dois beActive de conteúdos multi-plataprincipal em Fevereiroantigos tem com a empresaabrir anos trilhou financiar da um prode gruo processo canadia-dade internacional 2003,pos de incubação empresa de ex- uma formaexpansão e uma empresa no Brasil na The e criação de emprepansão Nightingale cesso de focada com know-how sasem Lisboa, com internacional Company, internacionalização, parceriada ebeActive, apenas iniciado em naque portugueses. posicionando estrutura para produção já resultou 2008, estabelecer acordos audiovisual”. a dois afirmou na produção das sériesempresa que tem vindoaoa PME de colaboradores, NEWS Nuno The Line A empresa beActive financiada consolidar. co-produção comocom umempresas Bernardo, CEO e fundador player interA isto junta-se e Living ainparceria criou e produinternacioYour Carque pelo Aitec, para anacional da beActive. HBO. A operação “teve como ziu até um agora nais”, explicou dos mais vários antigosde entreconceitos de conteúdos A beActive Nuno Bernardo. objec- a beActive tem com adquiriu, em 2010, tenimento, uma a empresa plataforma tivo principal A presença da beActivemulti- grupos de incubação distribuídos Ainda este ano a empresa empresa financiar a nível intere criação na Irlanda e uma empresa nos merca- nacional, como pro-foi canadiana que, esteoano, pretende dos irlandês, Theo Nightingale de expandir-se para é o caso do “Diário cesso de expansão internacional brasileiro e com portugueses. mercado dos EUA,know-how canadiano empresas e estrutura Company, parceria permite-lhe presente em mais de duas de para esta-incen- A Sofia”, usufruir dos que já re- belecer iniciado em 2008, afirmou empresa “fortes nas acordos de co-produção de países.beActive criou dezeao sultou na produção das e produziu até agora PME NEWS Nuno Bernardo, séries com empresas vários internacionais”, conceitos CEO The Line e Living in e fundador da beActive. Your Car explicou FINANCIAMENTO: de entretenimento, Nuno Bernardo. BPI tem 200 milhões para a HBO. distribuídos a nível do BEI A beActive adquiriu, para PME A presença da beActive internacioem Ainda este ano a empresa nos nal, como é o 2010, uma empresa na caso do “Diário mercados irlandês, brasileiro Irlanda pretende expandir-se e de Sofia”, presente para o canadiano permite-lhe em mais de usufruir duas dezenas de países.

Ipbrick entra na Suécia IPBRICK chega à e Dinamarca eSuécia Dinamarca

dedicada aos sectores living A Tendence abre as suas e giving. 26 a 30 de Agosto de 2011 portas de na cidade de Frankfurt e inclui no seu programa, à semelhança do ano anterior, inclui no

Através do programa “Talents”, designers em início de carreira têm a possibilidade de apresentar gratuitamente o seu trabalho a um vasto público

cionados, “oferece gratuitamente” o stand que, entre outro, inclui instalação eléctrica, iluminação,tapete, segurança durante

dos

devem encarar a gestão caPItal HUMano

Tempo-Team Randstad Serviços explicamPág. VII porque é que as PME

FInancIaMento

X InternacIonalIzação des, tornando soluções estão emvelnegociações A iPortalMais, empresa de altíssima de uma missão portugue- complexidade com PMEempresarial em soluções muito saINTERNACIONALIZAÇÃO portuguesas que desenvolveu e organizada “Transformámos POR ALMERINDA ROMEIRA comercializa a simples”, explica Raul tecnologia para a criação as dificuldades Oliveira. do LiEM MALMÖ IPBRICK, deverá de parcerias pela Portic, começar nux Aem no início oportunidades, tecnologia IPBRICK tornando a vender o seu software já é comersoluna área deste das tecnologias de altíssima complexidade A IPORTALMAIS, Suécia e ções mês, à região de cializada empresa na através em soluportuguesa na Dinamarca distribuidores muito simples”, de que já no desenvolveu início do segundo ções de informação. explica Raul Oliveie comercializa Oresund,Este numa vintena de países a Sillicon a tec- ra. semestre nologia entre os quais IPBRICK, deste deverá ano, revelou começaraoa vené o resultado OJE Espanha, Valley europeia, A tecnologia França, mais visível der Alemanha, software Raulo seu entre IPBRICK Oliveira, já é comercialiItália, CEOnaeSuécia e na desta fundador Dina- zada Holanda, atravésArgélia, marca de uma missão já no início do segundo de distribuidores a Dinamarca e a Suécia Austrália,numa tecnológica Angola, semestre tena de países, vinsedeada no Porto. deste ano, revelou Canadá e EUA.entre os quais ao PME NEWS Raul A estes empresarial organizada paísesEspanha, Os primeiros juntarOliveira, Alemanha, Itália, contactos Págs. CEO e fundador com vista França, se-ão muito desta Argétecnolóem breve Holanda, à comercialização Austrália, Angola, a Dinamarca gica pela Portic, no início IV, V e VI sedeada no Porto. do IPBRICK, uma lia, Canadá e e a Suécia. estes países juntar-se-ão, muito EUA. A Os primeiros plataforma decontactos deste mês, comunicações com vista em breà região de queà comercialização Dinamarca haver eaaprimeira FINANCIAMENTO Suécia. venda, vai do IPBRICK, uma pla- ve, a “Até permite a implementação Oresund, individual, ser“Até taforma de haver transferir a Sillicon a primeira venda, vai preciso comunicações que A comunidade permite preciso a tecnologia, ser em simultâneo, de aou implementação de várias situações transferir a tecnologia, Valley europeia, individual, certificar ou em si- ocertificar parceiro e formá-lo”, entre tem como as de parceiro e oformá-lo”, multâneo, comunicações Business Angels várias situações unificadas Raul Olireferiu como as veira, Raul Oliveira, referiu a Dinamarca comunicações acrescentando (incluindo comunicações e a Suécia unificadas (incluindo queacrescentando este é um pro43 milhões de voz, co- cesso que este de municações que demora é um processo de voz, Facebook e Twitcerca de que facebook e twitter), seis meses. demora Págs. IV,euros segurança, mail cerca V e VI Criada ter), segurança, para investir, cerca dehá de 10 anos por iniciatiseis mail e ferramentas meses. numa e ferramentas groupware altura groupware professor foram es- va deste foram estabelecidos universitário, que há em que o financiamento em Co- usouCriada tabelecidos 10 anos por inicapitais cerca depara penhaga em Copenhaga e Malmö por Raul Oliveira e Malmö o seu lançaciativaadestepróprios du- mento, professor por Raul rante universitário, IPBRICK a missão bancário começa Oliveira emprega empresarial durantedaa Portic já 50 pessoas, missãoà maioritariamente que usou capitaisjovens região escandinava próprios empresarial A comunidade para (idade de Oresund. o seu da Portic média a fechardea torneira na à região escan- empresa lançamento, O IPBRICK é uma “tecnologia é 28 anos), a IPBRICK tendo facturado dinava de Oresund. com 50 Business Angels tem de 4 milhões de euros emprega jáceruma gestão pessoas, simples e funcional”, nasci- ca em 2010. maioritariamente O IPBRICK jovensRecentemente, mudou-se para da da é uma do “simplificação” “tecnologia 43 milhões de euros Pág. VII instalações(idacom prias de média na empresa é 28 sistema operapró- O BANCO Europeu umaLinux. tivo no centro anos), gestão simples e funcional”, de Investimento concedeu tendo da cidade um empréstimo de 200 milhões do para financiar projectos para CAPITAL facturado cercahistórico Porto. numaHUMANO de 4 milhões de euros ao BPI investir, nascida da “simplificação” altura de investimento de PME. deIV, euros VER PÁGS. V E VI BEI, e Fernando Magdalena Álvarez Arza, do sistema em 2010. Recentemente Ulrich, presidente do BPI, vice-presidente emdo que oEgor, financiamento operativo Linux. “Transformámos mudou-se O Banco celebram a assinatura do Hays, Michael Page, contrato. Europeu de Investimento as para instalações próprias Fotobancário DR concedeu um empréstimo dificuldades do Linux em no centro ao BPI para financiar começa de 200 milhões de euros Ray oportunida- histórico da cidade Human projectos de investimento do Porto de PME. Na foto, Magdalena Arza, vice-presidente do a fechar a torneira Capital e Álvarez

Messe Frankfurt abre portas ao design português Messe Frankfurt abre portas ao design português

recursos humanos profissional. seu programa uma mostra o período nocturno,Egor, remAnaMesse Tendence re- Hays, Michael Page, – Feira Internacional específica Frankfurt, gisto no catálogo oficial Em comunicado, a Messe maior ternacional para jovens dedicada designers aos da Feira, Ray como uma prioridade. Frankfurt mainternacionais. organizador de feiras de sectores designers refere que, aos jovens designers selec- terial para promoção e produção de Human Capital e negócios living e giving. internacionais. brochura e poster. da Alemanha e referência Através do programa “Talents”, designers seleccionados, “oferece Tempo-Team Randstad Pág. VIII munA Tendence abre as suas dial do sector, lançou gratuitamente” o stand portas designers em o concurso que, entre Serviços explicam início de carreira “Talents”, que visa seleccionar de 26 a 30 de Agosto de 2011 na têm a possibilidade de apresentar outro, inclui tapete, instalação porque é que as PME jovens designers internacionais, cidade de Frankfurt e inclui no seu gratuitamente eléctrica, o seu trabalho a um durante iluminação, segurança devem encarar a programa, à semelhança portugueses incluídos gestão do ano vasto público o período nocturno, repara parti- anterior, profissional. inclui no seu programa dos recursos humanos ciparem na Tendence gisto no catálogo oficial Em comunicado, a – Feira In- uma mostra da Feira, Messe material para específica para jovens promoção e produ- como uma prioridade. Frankfurt refere que, aos jovens ção de brochura e poster. Pág. VIII

A MESSE Frankfurt, maior organizador de feiras de negócios da Alemanha e referência mundial do sector, lançou o concurso “Talents”, que visa seleccionar jovens designers internacionais, portugueses incluídos para participa-

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João Paulo Amaral ia para um treino num carro conduzido pelo pai, que vai responder por um crime de homicídio por negligência 14

O drama de um jovem de Almeirim e as mensagens para a namorada minutos antes de perder a vida num acidente Cresce a contestação interna a Rosa do Céu na Entidade Regional de Turismo Vice-presidentes sentem-se “verbos de encher” nas questões importantes 29

Contratação de médicos estrangeiros está a passar ao lado dos centros de saúde

Eleições para direcção da Escola de Gestão de Santarém envoltas em confusão 27

Jorge Faria está há quase cinco anos num cargo cujo mandato é de três anos

Políticos locais têm informações primeiro que os directores que gerem a saúde e são responsáveis pelas contratações 4

Adega da Chamusca vai à praça por quase dois milhões Venda dos imóveis visa satisfazer o pagamento de dívidas VII ECO NEWS O MIRANTE vai ser distribuído esta semana pela Postcontacto no Concelho de Coruche, a exemplo do que já acontece na maioria dos concelhos. Agradecemos aos assinantes que nos dêem informações sobre a qualidade do trabalho de distribuição, nomeadamente os dias de entrega, ligando para 243305080 ou escrevendo para assinaturas@omirante.pt.

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R E G I O N A L EDIÇÃO VALE TEJO - 29 Jul 2010

S E M A N Á R I O

O MIRANTE Semanário - Ano XXIII - N.º 942 - Preço: 0.60  - Director: Alberto Bastos -

Avenida Combatentes da Grande Guerra, n.º 57 2600-131 Vila Franca de Xira  919 886 516 - R. Câmara Pestana, n.º 44 2140-086 Chamusca  249 769 160 e-mail: omirante@omirante.pt

Moradores da Urbanização da Perdigueira reclamam colocação de barreiras acústicas Pagamento de assinaturas de

Particular oferece cama a jovem com paralisia que dormia no chão

Em causa a manutenção da conduta aérea Substituto é ex-colega do ministro na Universidade de Castelo do Bode que divide a vila 4 de Évora e autarca do PS no Alentejo 23

EPAL e Câmara Governo afasta Vítor de Azambuja Barros para aumentar em rota de colisão rentabilidade da Companhia

Mulheres toureiras já havia. E algumas já tinham pegado toiros meio a brincar, meio a sério. Agora, em Benavente, um punhado de bravas raparigas juntou-se e formou um grupo de…forcadas. 9

Ruído proveniente da auto-estrada do norte perturba a vida de centenas de pessoas. Um ruído ensurdecedor. Só quem não vive aqui é que não faz ideia. Não é um ruído alto. Parece um curto-circuito que nunca pára, confessa uma das moradoras para dar conta do drama de várias famílias cujo protesto já dura há anos mas nunca encontrou boa receptividade por parte dos responsáveis 21 O MIRANTE até final de Julho Os assinantes de O MIRANTE, com a assinatura em atraso, que receberam via CTT o respectivo recibo, podem fazer o pagamento da assinatura através das estações de correio, multibanco ou payshop até ao final do mês de Julho. A alternativa é o pagamento nas nossas redacções ou nas papelarias e quiosques espalhados pela região.

Entrevista

Um homem da festa brava que nunca enfrentou um toiro Francisco Morgado comenta corridas na TV e chegou a fazer relatos de touradas em directo na rádio. O público de Vila Franca encontra sempre razões para não ir aos toiros, diz nesta entrevista 30

Populares reclamam na GNR dinheiro do espectáculo cancelado dos anões forcados Organização não conseguiu reunir dinheiro para pagar aos artistas 22

Estava há duas semanas e meia a dormir no chão da sala. Recebeu agora de um particular uma cama de ferro articulada 14

Ofícios tradicionais continuam vivos

Um correeiro, um cesteiro e um artesão de artigos em cortiça. Uma reportagem em Marinhais por altura das festas 39

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EMPREGO IV

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Personalidades do Ano 2005 a 2011

XV ECO

Libertar a criatividade com as “Estátuas Vivas” de Tomar

O quadro sobre a “Abolição da Escravatura” foi o terceiro mais votado pelo público que esteve em Tomar para ver a segunda edição do Festival “Estátuas Vivas”. A iniciativa, marcada pela criatividade está a afirmar-se como uma importante manifestação de cultura popular e para além dos especialistas na arte de fingir de estátuas, acolhe a participação de estudantes da cidade que queiram experimentar a técnica. Numa cidade com tradições não surpreendeu que o primeiro prémio fosse para o quadro “Tertúlia Tomarense”, que representava o músico Fernando Lopes-Graça à conversa com o seu amigo Nini Ferreira. 35

Postos móveis para compensar fecho de extensões de saúde em Ourém

Presidente da autarquia teme que aumente para 20 mil o número de pessoas sem médicos de família e reivindica a criação de postos médicos móveis 18

O M RAN

Tomar volta a ser capital das estátuas vivas

Iniciativa realiza-se no fim-de-semana de 9 a 11 de Setembro e coloca 37 estátuas vivas a apresentar 18 quadros de cenas da história de Portugal. O assassinato do rei D. Carlos ou o 25 de Abril são alguns dos que os visitantes podem ver. 2

R E G I O N A L EDIÇÃO MÉDIO TEJO - 01 Set 2011

S E M A N Á R I O

O MIRANTE Semanário - Ano XXIII - N.º 1000 - Preço: 0.75  - Director: Alberto Bastos -

Rua 31 de Janeiro, n.º 22 2005-188 Santarém  243 305 080 R. Câmara Pestana, n.º 44 2140-086 Chamusca  249 769 160 e-mail: omirante@omirante.pt

Escola de Polícia vai expulsar alunos por falsificação a um mês de serem agentes

Criança estava a passar na rua e ficou ferida com gravidade. Cristiano e Lucinda Mendes, Teve alta após uma semana internada no Hospital de Dona de Aboboreira, foram Estefânia. Caso está no Ministério Público 9 auxiliados por três jovens 15

Direcção já contactou as escolas secundárias e verificou que estes não tinham o 12º ano e houve até quem nem tenha andado na escola indicada no certificado de habilitações 4

edição

em França com ligação à região 4

Bombeiros de Espite Ataque de cão perigoso Fogo deixa e Freixianda recebem a criança de três anos casal de idosos desfibrilhadores sem casa deixa marcas Oferta de associação de emigrantes portugueses Suplemento nesta

1.000 MILÉSIMA EDIÇÃO MILÉSIMA EDIÇÃO MILÉSIMA EDIÇÃO MILÉSIMA EDIÇÃO MILÉSIMA EDIÇÃO MILÉSIMA EDIÇÃO MILÉSIMA EDIÇÃO MILÉSIMA MILÉSIMA EDIÇÃO MILÉSIMA EDIÇÃO MILÉSIMA EDIÇÃO MILÉSIMA EDIÇÃO MILÉSIMA EDIÇÃO MILÉSIMA EDIÇÃO MILÉSIMA MILÉSIMA EDIÇÃO MILÉSIMA EDIÇÃO MILÉSIMA EDIÇÃO MILÉSIMA EDIÇÃO MILÉSIMA EDIÇÃO MILÉSIMA EDIÇÃO MILÉSIMA EDIÇÃO MILÉSIMA

O M RANTE

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jornalismo de proximidade R E G I O N A L EDIÇÃO MÉDIO TEJO - 15 Set 2011

S E M A N Á R I O

O MIRANTE Semanário - Ano XXIII - N.º 1002 - Preço: 0.75  - Director: Alberto Bastos -

Rua 31 de Janeiro, n.º 22 2005-188 Santarém  243 305 080 R. Câmara Pestana, n.º 44 2140-086 Chamusca  249 769 160 e-mail: omirante@omirante.pt

Colónia Balnear da Nazaré assaltada e vandalizada

Ribeira da Boa Água em Torres Novas continua boa só de nome

Torneiras, canalizações, talheres, roupa de cama, portas e cadeiras foram alvo dos ladrões 7

Quinhentos euros de coima ou encerramento de loja para quem expõe artigos nos passeios da cidade 6

Regulamento quase pronto para pôr comerciantes de Fátima na linha

Suspeitos, que actuavam na zona de Torres Novas e Alcanena, foram detidos pela Judiciária 2

Marcavam encontros sexuais com outros homens para os roubarem

Na página da convocatória foram registadas 451 confirmações de presença mas nem 50 pessoas apareceram. O apelo foi feito através de uma página criada na rede social “facebook” chamada “Luta em honra de Cristiano Lopes e Carlos Andrade”, dois jovens que faleceram após o carro em que se deslocavam se ter despistado na sequência de uma perseguição de que terão sido alvo e que está a ser investigada 2

Manifestação de carácter xenófobo convocada através do facebook reduzida a concentração envergonhada

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Poluição pode dever-se a detritos acumulados durante dezenas de anos junto às margens da ribeira 9

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Entrevista

Autorizado pelos CTT a circular em invólucro fechado de plástico - Envoi fermé autorisé par les PTT Portugais Autorização - Autorisation - DE01072009GRC PME - Pode abrir-se para verificação postal

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Carlos Matias treina ginastas de trampolins em Salvaterra e Santo Estêvão para as grandes competições internacionais 38

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R E G I O N A L

EDIÇÃO VALE TEJO - 22 Dez 2010

S E M A N Á R I O

O MIRANTE

Semanário - Ano XXIII - N.º 964 - Preço: 0.60  - Director: Alberto Bastos -

Entrevista SUP. GUIA AUTARCAS E AUTARQUIAS

O economista Augusto Mateus diz que autarcas percebem que têm vantagens na colaboração intermunicipal mas continuam a esbanjar recursos em projectos locais porque trabalham num quadro concelhio de rivalidades com os vizinhos. A Sociedade de Consultores do ex-ministro da Economia tem trabalhado com câmaras do distrito de Santarém e o diagnóstico é claro. A lógica eleitoral continua a ter demasiado peso nas decisões.

Municípios continuam a perder oportunidades por causa da lógica da “recompensa eleitoral”

Avenida Combatentes da Grande Guerra, n.º 57 2600-131 Vila Franca de Xira  919 886 516 - R. Câmara Pestana, n.º 44 2140-086 Chamusca  249 769 160 e-mail: omirante@omirante.pt

“Vamos todos passar uns anos de sangue, suor e lágrimas”

Mira Amaral diz que o Ribatejo tem um potencial agrícola único e fala sobre os tempos difíceis que se vivem 36

O homem que treinou José Mourinho

Educação e acessibilidades são prioridades para 2011 em Benavente

Centro Escolar de Porto Alto é uma das obras que vai avançar no concelho 23

O M RANTE

São os rostos do poder autárquico da região. Presidentes de câmara presidentes das assembleias e vereadores, municipais e presidentes de quatro centenas de das juntas de freguesia. cidadãos eleitos democraticamente Cerca defenderem as populações para representarem e dos vinte e três concelhos Não são conhecidos nem onde O MIRANTE trabalha. mediáticos como ministros que lidam com os problemas ou deputados mas são eles do nosso quotidiano. vilas. Nas cidades. E Nas pequenas aldeias. é a eles que recorremos Nas quando temos problemas resolver. Através desta iniciativa de O MIRANTE para ganham outra visibilidade. visibilidade que merecem pela sua dedicação à A causa pública.

Obra deveria ter ficado pronta em Agosto mas o mau tempo do último Inverno atrasou os trabalhos 9

Novo Centro de Saúde de Vila Franca só abre no primeiro trimestre de 2011

Balneários de Alverca vão ser recuperados

Duas entidades especializadas em segurança no trabalho apontaram falhas aos balneários masculinos 25

Alcatrão tapou escoadouros em A-dos-Loucos

Junta de freguesia colocou novo tapete mas não cuidou o problema do escoamento das águas 14

Nesta Edição

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R E G I O N A L

EDIÇÃO VALE TEJO - 25 Ago 2011

S E M A N Á R I O

O MIRANTE Semanário - Ano XXIII - N.º 999 - Preço: 0.75  - Director: Alberto Bastos Avenida Combatentes da Grande Guerra, n.º 57 2600-131 Vila Franca de Xira  919 886 516 - R. Câmara Pestana, n.º 44 2140-086 Chamusca  249 769 160 e-mail: omirante@omirante.pt

XVII ECO

Henrique Cardoso nasceu em 1926, em Samora Correia, concelho de Benavente e foi um dos últimos músicos a tocar na antiga Estalagem do Gado Bravo, local de divertimento de ricos e famosos. Por lá passaram Paul McCartney e Amália Rodrigues. Por lá pernoitaram muitos adúlteros sob a capa do anonimato. 15

Esgotos de 50 mil habitantes continuam a poluir o rio Tejo

Utentes continuam a ficar presos no elevador da estação de Azambuja

EMPREGO

Piscinas de Azambuja fechadas há um ano e ainda não se fala de obras

Utilizadores de bicicletas defendem a criação de uma pista exclusiva para velocípedes 14

Peões e ciclistas andam às avessas no caminho pedonal entre Alhandra e Vila Franca

Plano de reestruturação económico-financeira será apresentado em assembleia geral no próximo dia 7 8

Cercipóvoa vai pedir empréstimo de 700 mil para viabilizar o futuro

Situação causa com regularidade transtornos a pessoas com mobilidade reduzida, deficientes e crianças 2

João Banha Oliveira, 29 anos, já residiu em Vila Franca mas vive agora na Alemanha depois de um estágio na América 18

Novos emigrantes viajam com cursos superiores e conhecimento de línguas

Saneamento das três freguesias a sul do concelho de Vila Franca não está ainda ligado à ETAR de Alverca. Uma das estações elevatórias já está a ser construída e ligará os esgotos do Forte da Casa e de Vialonga. A estação da Póvoa de Santa Iria ainda está em projecto 5

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Reabertura do espaço remodelado estava anunciada já para o próximo mês de Setembro 22

Picaram o ponto num outro departamento da autarquia de Benavente para não perderem o dia 2

Seis funcionários que não fizeram greve passaram o dia à porta da câmara

Três funcionárias da Fundação CEBI foram homenageadas na quinta-feira, 25 de Novembro, dia em que a instituição comemorou o 42º aniversário. Olga Fonseca, Ana Machado e Aida Jesus entraram na CEBI há 20 anos como estagiárias e ali cresceram profissionalmente. Guardam memórias que davam para “encher vários baús” e garantem que o maior reconhecimento é ver o sorriso dos utentes. 16

Reconhecer o trabalho de quem trabalha com gosto

Comissão de Protecção de Crianças e Jovens sinalizou 900 casos no concelho de Vila Franca de Xira. O agravamento da crise económica pode ser um dos motivos para o aumento dos casos de maus tratos 9

A história do homem que fintou a morte

Primeira sessão do julgamento do caso que opõe a seguradora ao jornal por causa de um acidente 14

Testemunhas da Victoria não identificam notícias prejudiciais de O MIRANTE

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Vítor Costa continua a recuperar de um acidente que quase o deixou paralisado 15

Unidade de Cuidados Continuados vai potenciar crescimento do concelho Projecto que vai nascer na freguesia do Forte da Casa permitirá criar 81 novos postos de trabalho 22

Quem um dia quis ser toureiro voltou à arena na Praça de Azambuja Antigos e actuais praticantes reuniram-se em convívio promovido pela Poisada do Campino 37

Clube de Leitores Quem disse que a publicidade não é informação? 20

Encerramento de lar nas Cachoeiras deixa uma dezena de idosos sem tecto 4

O único troço vigiado por câmaras situa-se próximo das antigas escolas da Armada 18

Vandalismo em rua Videovigilância de Vila Franca de Xira proibida no assusta moradores passeio ribeirinho Agressões e apedrejamentos a pessoas e automóveis são frequentes na Rua 2 de Abril 4

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R E G I O N A L

EDIÇÃO LEZÍRIA TEJO - 05 Mai 2011

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O MIRANTE

Semanário - Ano XXIII - N.º 983 - Preço: 0.75  - Director: Alberto Bastos -

Rua 31 de Janeiro, n.º 22 2005-188 Santarém  243 305 080 R. Câmara Pestana, n.º 44 2140-086 Chamusca  249 769 160 e-mail: omirante@omirante.pt

Moita não paga dois milhões em obras sem projecto nem concurso

Antigo presidente da Câmara de Alpiarça defende mulher e pai numa assembleia da Fundação José Relvas 25

Comerciantes vão para o convento das Donas durante obras no mercado

Semanário Regional • EDIÇÃO MÉDIO TEJO

Director: Alberto Bastos | 12/01/2012 • ANO XXIV • N.º 1019 • 0.75  | omirante@omirante.pt R. 31 de Janeiro, 22 , 2005-188 Santarém | 243 30 50 80 | R. Câmara Pestana, 44, 2140-086 Chamusca

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O campeão distrital mora no Cartaxo. Foi um campeonato disputado até à última jornada. Até ao último apito do árbitro. O Sport Lisboa e Cartaxo tinha mais dois pontos que o Clube Desportivo de Torres Novas e ambas as equipas jogavam fora. As duas venceram os jogos. O novo campeão mora no Cartaxo. 34

“Revolução sexual de Salvaterra de Magos começou com a Nacional 118”. José Rodrigues Gameiro começou a trabalhar aos treze anos. Na altura era permitida a utilização de mão de obra infantil. Ao longo da vida teve diversas profissões mas a sua ocupação principal foi sempre escrever sobre a sua terra natal. Tem livros online e só lamenta que a câmara municipal não lhe ligue nenhuma. 33

Rotundas em Santarém construidas sem projecto nem concurso em véspera de eleições ganhas pelo PSD ao PS. Câmara não tem enquadramento legal para pagar obras feitas no mandato do socialista Rui Barreiro 15

Mãe da criança apresentou reclamação e Centro de Saúde de Almeirim abriu processo 14

Médica e enfermeira deixam criança sem assistência por terem medo de carraças

Rosa do Céu em defesa da família no projecto contra a pobreza

Em causa estão críticas ao discurso que o presidente da câmara fez no dia 25 de Abril 30

Veiga Maltez apresenta queixa-crime “caricata” contra autarca

Requalificação do mercado municipal de Santarém deve durar oito a nove meses 20

GUIA DE RESTAURAÇÃO

NESTA EDIÇÃO

Mário Costa, da Believe, afirma que região de Santarém é excelente para investir X ECO

“Teimosia dos empresários pode levá-los à ruína”

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“Castelo” onde BPN queria fazer hotel de luxo está à venda na Internet

Autarcas da oposição alertam para a situação e criticam sistema já implementado 9

Obras para melhorar segurança de passageiros na estação do Entroncamento estão atrasadas

“Ó puto… queres ser deputado?” é o título do livro de José Soares que vai ser lançado sábado em Tomar. O maestro defende que quem quer ser bom cidadão não pode estar sujeito à “ditadura” de um qualquer partido porque ela castra o sentido crítico e promove a carneirada. Tem em tribunal um processo contra a Câmara de Santarém que, no tempo de Rui Barreiro, acabou com o protocolo para a constituição da Orquestra Pedro Álvares Cabral. 8

Maestro conta em livro as fífias dos políticos

Projecto Chiva-Som foi anunciado em 2001, em Torres Novas, como um projecto único na Europa, pelo então presidente da SLN, Oliveira Costa, e o representante do BPN, Luís Caprichoso, mas nunca saiu do papel 5

Tragédia comove aldeia de Árgea

Pai, mãe e filho de três anos encontrados mortos na cama 2

Éguas mortas a tiro pela calada da noite no Pinheiro Grande

Dois animais morreram no local, um outro teve que ser abatido e os veterinários vão tentar salvar um quarto 4

Bombeiros de Ourém com quartel remodelado e três novas viaturas

Situação financeira da associação humanitária está estabilizada apesar do receio de cortes orçamentais 16

NESTA EDIÇÃO

GUIA DE RESTAURAÇÃO

4

Missionários de Fátima vão receber os 3,5 milhões desviados das suas contas

Instituto Missionário da Consolata foi alvo de burla por parte de ex-funcionário do BPN 5

Fogo em cobertor eléctrico provoca morte a idoso em Torres Novas

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PORTE PAGO

Especial Restauração

Uma Europa com dignidade mínima 8 ECO

XIV ECO

EMPREGO

VII

A cidade de Tomar recebeu milhares de visitantes que encheram as ruas e praças para ver de perto um desfile único que só se realiza de quatro em quatro anos. O primeiro-ministro não faltou ao convite. A Festa dos Tabuleiros termina sempre com a distribuição de pão, carne e vinho aos pobres, um gesto simbólico que ganha outro relevo nos dias de hoje. O ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, que é também presidente da assembleia municipal, foi, a par do presidente da câmara, Corvêlo de Sousa, um feliz anfitrião. Durante a festa uma jovem que transportava um dos tabuleiros foi surpreendida pelo pedido de casamento feito pelo seu namorado. 6

A ourivesaria fica na freguesia de Rio de Couros, Ourém, e foi assaltada de madrugada 4

RPP Solar tem 15 dias Ladrões “limpam” para evitar caducidade ourivesaria em Sandoeira

Câmara de Abrantes perde a paciência e diz que este caso “ultrapassa os limites de tudo o que é razoável” 24

R E G I O N A L

EDIÇÃO MÉDIO TEJO - 04 Mar 2010

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O MIRANTE

Semanário - Ano XXIII - N.º 921 - Preço: 0.60  - Director: Alberto Bastos -

Rua 31 de Janeiro, n.º 22 2005-188 Santarém  243 305 080 R. Câmara Pestana, n.º 44 2140-086 Chamusca  249 769 160 e-mail: omirante@omirante.pt

O Festival de Música Inter-Escolas de Ourém reúne anualmente centenas de participantes e dá prémios aos mais empenhados, entre os quais a participação num festival internacional, na Polónia. Mas não são só os prémios que movem alunos, professores e famílias. No fim-de-semana, no Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima, onde decorreu a 16ª edição, estiveram milhares de pessoas. E foi uma grande festa. 39

Responsabilizam açude no Tejo em Abrantes Com esta decisão pretende-se apoiar as pessoas por impedir que peixes e lampreias subam o rio 16 que estão a ser mais afectadas pela crise 4

Pescadores de Ortiga Câmara de Tomar revoltados com prolonga medidas falta de lampreia de apoio social

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R E G I O N A L

EDIÇÃO VALE TEJO - 11 Fev 2010

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O MIRANTE

Semanário - Ano XXIII - N.º 918 - Preço: 0.60  - Director: Alberto Bastos -

Rua Serpa Pinto, n.º130 - 1º andar 2600-262 Vila Franca de Xira  919 886 516 - R. Câmara Pestana, n.º 44 2140-086 Chamusca  249 769 160 e-mail: omirante@omirante.pt

Aumento da violência no Porto Alto preocupa comerciantes e moradores

NESTA EDIÇÃO

NESTA EDIÇÃO

ESPECIAL

CARNAVAL

DIA NAMORADOS

GUIA DE RESTAURAÇÃO

NESTA EDIÇÃO

ESPECIAL

“Deitava-me no chão entre as vinhas e inventava personagens”

Cresceu entre Alhandra e Vila Franca de Xira e começou a fazer teatro no grupo “Esteiros” quando era adolescente. Hoje Maria João Luís é uma das actrizes portuguesas mais conceituadas e assumese como uma “típica ribatejana”. Lamenta que Vila Franca de Xira esteja a perder “vida e identidade”, considera que as autarquias têm um papel fundamental na criação de projectos culturais e afirma que “um país sem cultura é um país miserável”. 32

Moradores do Parque Residencial do Cabo querem mostrar descontentamento e já se fala em manifestação 7

Falta de estacionamento Moradores de Povos deixa municípes à beira revoltados com de um ataque de nervos degradação do bairro

Perdem-se horas a tentar encontrar estacionamento perto das estações de comboio de Vila Franca, Alverca e Póvoa de Santa Iria. Soluções urgentes precisam-se 16

No espaço de uma semana foi assaltada uma bomba de gasolina e um restaurante. Em Benavente foi roubada uma ourivesaria. Populações e comerciantes manifestam sentimento de medo 2, 4

Maria da Conceição foi eleita Mulher do Ano nas Arábias

Comissária de bordo de Vila Franca de Xira é primeira mulher estrangeira a conquistar prémio 27

Retratos de Azambuja pintados com palavras

José Miguel Amador oscila entre a prosa e poesia no livro “Retratos à la minuta” editado pela câmara 29

Polidesportivo das Cachoeiras apresenta sinais de degradação

População manifesta preocupação pelo abandono do recinto 15

Proibida caça nas zonas húmidas

Nova medida divulgada em visita à Lezíria de Vila Franca de Xira 20

Chove na Igreja de Castanheira do Ribatejo

Paroquianos pedem obras urgentes 19

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RETROSPECTIVA 2011 - 16 FEVEREIRO 2012

O M RAN E

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R E G I O N A L

EDIÇÃO MÉDIO TEJO - 14 Jul 2011

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O MIRANTE

Semanário - Ano XXIII - N.º 993 - Preço: 0.75  - Director: Alberto Bastos -

Rua 31 de Janeiro, n.º 22 2005-188 Santarém  243 305 080 R. Câmara Pestana, n.º 44 2140-086 Chamusca  249 769 160 e-mail: omirante@omirante.pt

MatTriad’2011 decorre até 16 de Julho e reúne “crânios” de vários países 22

Instituto Politécnico de Tomar recebe 150 especialistas de Matemática

Uma disputa entre dois politicos com papéis bem diferenciados no poder local 27

João Moura e Luís Albuquerque disputam liderança do PSD/Ourém

Atleta de 86 anos sagrou-se campeão em corta-mato, 5000 e 10.000 metros 33

José Canelo continua a somar títulos mundiais

Desporto

Judiciária deteve casal por crimes de roubo, sequestro e extorsão. A mulher seduzia e atraía homens à sua residência com o falso pretexto que o marido estava ausente 14

Mulher de 40 anos seduzia homens para o companheiro os roubar

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Opinião Paulo Fonseca

PORTE PAGO

XXII ECO

Os restaurantes são um valioso património social e já não conseguimos viver sem eles ECO

EMPREGO XIII

Autorizado pelos CTT a circular em invólucro fechado de plástico - Envoi fermé autorisé par les PTT Portugais Autorização - Autorisation - DE01072009GRC PME - Pode abrir-se para verificação postal

Condenado a pagar indemnização por revelar factos da vida privada da mulher

“Há uma falta de empreendedorismo avassaladora no Ribatejo”

Terreno agrícola passa a terreno para construção no Entroncamento

“O concelho de Ourém tem que afirmar com clareza se interessa ou não ter um clube no futebol profissional” 34

Luís Albuquerque sem condições para se recandidatar

António Marques estudou e jogou hóquei em Tomar e é presidente da Associação Industrial do Minho 32

Adelina Lagarto e advogada condenadas

A cidade alarga o perímetro urbano na freguesia de S. João Baptista 21

Arguidas denegriram a imagem do pai de Esmeralda 15

Pista de autocross de Alburitel espera há anos por legalização

Espaço encontra-se ao abandono, situação lamentada pela Federação 4

A música das escolas de Ourém que anima milhares de pessoas

O homem mostrava uma declaração do hospital para demonstrar que a mulher antes de casar tinha tido um rapaz e que o deu para adopção. Operário fabril que estava a divorciar-se tem que pagar também uma multa de 850 euros 2

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R E G I O N A L

EDIÇÃO LEZÍRIA TEJO - 25 Fev 2010

S E M A N Á R I O

O MIRANTE Semanário - Ano XXIII - N.º 920 - Preço: 0.60  - Director: Alberto Bastos Rua 31 de Janeiro, n.º 22 2005-188 Santarém  243 305 080 R. Câmara Pestana, n.º 44 2140-086 Chamusca  249 769 160 e-mail: omirante@omirante.pt

16

25

28

Tribunal da cidade deu como provado que a recepcionista desviou mais de oito mil euros 8

R E G I O N A L

EDIÇÃO VALE TEJO - 11 Mar 2010

S E M A N Á R I O

O MIRANTE

Unidade de recolha de sangue da unidade de saúde está fechada há quase um ano 19

Hospital de Santarém Condenada funcionária adia cirurgias por falta que desviou dinheiro nas de reservas de sangue Piscinas de Almeirim

De 26 de Fevereiro a 7 de Março, Rio Maior é a capital do convívio, da confraternização e dos encontros de amigos à volta da boa mesa. A Feira das Tasquinhas comemora as bodas de prata e promete momentos de ouro a todos os visitantes. Igor Martinho, chefe cozinheiro do ano 2009, participará em acções de culinária ao vivo. A presidente da câmara, Isaura Morais, também promete mostrar os seus dotes de preparadora de petiscos. 41

A alegria do convívio nas Tasquinhas de Rio Maior

Câmara de Alpiarça condenada a pagar o que Rosa do Céu recusou Fundação José Relvas paga a técnicos de projecto que está parado

Casa Museu dos Patudos não está no roteiro das celebrações do centenário da República “Os ministros não têm ligado nenhuma à agricultura” José Gomes Pereira, 65 anos, director geral da Metalúrgica Benaventense 32

Cartaxo aprova entrega de água e saneamento a empresa privada Só os eleitos da maioria socialista votaram a favor da proposta 31

Investimento da Resitejo depende da assinatura de ministros Central de valorização orgânica tem de estar pronta até fim do ano 27

Funcionária de escola de Almeirim despedida por faltar ao trabalho Câmara decide castigo com base num segundo processo disciplinar 14

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Semanário - Ano XXIII - N.º 922 - Preço: 0.60  - Director: Alberto Bastos Avenida Combatentes da Grande Guerra, n.º 57 2600-131 Vila Franca de Xira  919 886 516 - R. Câmara Pestana, n.º 44 2140-086 Chamusca  249 769 160 e-mail: omirante@omirante.pt

SÁVEL, LAMPREIA E ENGUIA

Rui Barreiro perde mais um processo contra O MIRANTE 19 NESTA EDIÇÃO

ESPECIAL

O M RAN E

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foto O MIRANTE

Moradores não querem lixo na zona industrial de Muge 18

Autorizado pelos CTT a circular em invólucro fechado de plástico - Envoi fermé autorisé par les PTT Portugais Autorização - Autorisation - DE01072009GRC PME - Pode abrir-se para verificação postal

Os sofrimentos de uma mãe, mulher e irmã de toureiros

Autoridades garantem que não há risco para a população de Cruz de Pau 2

Deslizamento de terras ameaça casas em São João dos Montes

Rede social serve para comentar o tempo e combinar patuscadas 30

O que os políticos escrevem no Facebook

Trabalho de Química está a concurso no Instituto Nacional da Água 21

Alunos da Secundária de Azambuja projectam hotel ecológico

Hermínia Silva era estrela da canção portuguesa na década de sessenta 15

Solar de Benavente foi coração do fado no Ribatejo

José Fortes é o responsável pela modalidade no Vilafranquense 31

O mestre que fez de Vila Franca de Xira a capital do Muay Thai

Rosa Maria Banha Vieira Pedro foi homenageada pela tertúlia “El 27” 24

XI ECO

Escorregou em supermercado mas justiça ilibou empresa 17

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Ao atribuir os prémios Personalidade do Ano O MIRANTE dá mais uma prova da sua ligação à região e às pessoas A iniciativa é do jornal mas não teria qualquer receptividade se não correspondesse a um desejo profundo da sociedade Se o que é notícia é tudo o que se destaca por ser fora do vulgar e romper com a normalidade são claramente notícia as pessoas e instituições que não se conformam e que ousam arriscar novos caminhos inspirando muitos outros com a sua dedicação inovação e esforço O MIRANTE sempre se assumiu como um jornal de contrapoder sem que isso significasse ser um jornal do contra Somos o que é a região onde trabalhamos As nossas páginas são escritas pelas pessoas que aqui vivem e trabalham São elas que nos contam o que se passa Que nos relatam as histórias de que é feita a nossa história Apontamos erros mas também procuramos destacar o que está acima da média pela positiva Não somos infalíveis Mas quando se trata de premiar o mérito as nossas escolhas são o nosso cartão de visita Melhor que nós falam as fotografias das Personalidades que enchem esta página

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RETROSPECTIVA 2011 - 16 FEVEREIRO 2012

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Catarina Marcelino

Cidadania

“Emociono-me com a força interior e a grandeza de algumas crianças abandonadas”

Catarina Marcelino é directora da Fundação Madre Luiza Andaluz e é lá que vive entre meninas que lhe chamam “Titi” Tem um percurso de vida ligado à solidariedade social e assim quer continuar mesmo depois de se reformar. Observadora atenta da realidade alerta para novas e preocupantes realidades como o facto de, por vezes, chegarem à instituição de Santarém pedidos de jovens que querem ali viver porque não se sentem bem no seio da sua própria família. É directora da Fundação Madre Andaluz há uma década. Já tinha experiência nesta área? Sim. Antes de vir para a Fundação Madre Andaluz abri um centro de acolhimento em Loulé [Algarve], onde trabalhei durante algum tempo. Vir para esta casa era um grande desafio pessoal. Já conhecia a instituição uma vez que trabalhei no Centro Social Interparoquial que é aqui ao lado. Quando trabalhava no Centro Social visitava as meninas da Fundação Madre Andaluz e cheguei a ser ‘família amiga’ de uma menina, a Marta, que na altura tinha três anos e hoje já tem 21 anos e continuamos a pertencer à mesma família. O que é uma ‘família amiga’? Quando nos tornamos ‘família amiga’ de uma criança visitamo-la na instituição e acompanhamos o seu crescimento e evolução. A Marta ia para minha casa aos fins-de-semana e nas férias e acabou por acontecer uma coisa engraçada: Em vez de a tirar da instituição para viver comigo vim eu trabalhar para a fundação. Como é que se torna uma das ‘criadoras’ da Instituição Casa da Primeira Infância de Loulé? Tenho familiares que vivem em Loulé e o presidente da Casa da Primeira Infância é meu familiar e como ele conhecia o meu trabalho e sabia do meu gosto por esta área de intervenção convidou-me. Estava em Santarém mas não tive medo de arriscar. Estive lá dois anos e depois vim para a Fundação Madre Luiza Andaluz. A Casa da Primeira Infância de Loulé foi uma instituição que me ensinou muito e onde descobri a minha vocação. Como surgiu a oportunidade de trabalhar na Fundação Madre Andaluz? As irmãs, Servas de Nossa Senhora de Fátima, de quem sou muito próxima, convidaram-me para abraçar este projecto. Também conheci a história da Madre Luiza Andaluz e identifiquei-me com ela e fez todo o sentido aceitar o convite. 16

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O que é que a marcou mais ao longo dos dez anos que está à frente da Fundação Madre Andaluz? Marca-me muito a nossa sociedade que permite que estas meninas tenham que vir aqui parar. Aqui dentro o que me enternece mais é sentir que elas quando vêem para aqui ficam desamparadas, sem rede, e assistimos à força interior e grandeza que possuem. Isso é que me comove profundamente sobretudo quando são mais pequeninas. Porque é que decidiu viver na ins-

Dedicação total Catarina Marcelino nasceu em Moçambique há 50 anos e veio para Portugal com 12 anos. Os pais são de Vaqueiros, freguesia do concelho de Santarém, e foi aí que assentaram arreais quando regressaram de África. Estudou em Alcanena até ao antigo quinto ano tendo completado o liceu na Escola Secundária Sá da Bandeira, em Santarém. Educadora de infância, licenciou-se em Educação Especial tendo feito uma pós-graduação em Mediação Familiar. Trabalhou no Centro Social Interparoquial de Santarém e num Centro de Acolhimento em Loulé, no Algarve. É directora da Fundação Madre Luiza Andaluz, em Santarém, há uma década.

tituição? Acho que deve ser o meu karma [risos]. No Centro de Acolhimento de Loulé também era educadora residente. Quando vim trabalhar para a Fundação não vim trabalhar apenas com as meninas mais velhas que viviam aqui e, portanto, quase que era uma exigência que também estivesse presente ao fim-de-semana. E como, de certa forma, tento identificar a minha vida à semelhança da minha mentora espiritual [Madre Luiza Andaluz] e das

A Fundação nasceu há 86 anos, pela mão da madre Luiza Andaluz, uma escalabitana que começou por acolher meninas na sua própria casa na altura da gripe pneumónica e que, com muito esforço e dedicação, fez nascer a instituição que hoje acolhe 20 crianças do sexo feminino, entre os 9 e os 17 anos, num edifício situado no centro histórico da cidade. A Personalidade do Ano na área da Cidadania identifica-se com os ideais de Luiza Andaluz e quer continuar a trabalhar na área social como voluntária, depois de se reformar. Catarina Marcelino não tem filhos. As meninas de quem cuida são a sua família mais próxima. Elas retribuem o afecto e os cuidados tratando-a por ‘Titi’. Para estar mais próximo delas

irmãs optei por viver aqui. É a minha casa e sinto-me muito bem cá. Diz que as meninas e as irmãs da Fundação Madre Andaluz são a sua família, a par da família biológica. Porque é que nunca casou? Fiz uma opção de vida. Desde pequena que sempre quis ser muito livre e quando encontramos um modelo de vida com o qual nos identificamos, como aconteceu com a Fundação Madre Luiza Andaluz, fica tudo mais claro. Podemos sentir-nos felizes e realiza-

vive numa dependência dentro do perímetro da instituição. A Casa da Cerca, assim se chama, é partilhada com três jovens de 15, 16 e 17 anos que já têm alguma autonomia e que estão a preparar-se para sair da Fundação. Apesar de ter um espírito positivo garante que nunca se habituará às injustiças do mundo. Diz que por vezes recebe compensações inesperadas. A da menina que cresceu na casa, que fez questão de ali realizar o seu casamento e que já a nomeou avó do filho que está para nascer ou a visita da jovem muito bonita que usava piercings e não se adaptou bem às regras da instituição mas que um dia fez questão de a visitar para lhe agradecer, olhos nos olhos, o que tinham feito por ela.


das sem casarmos nem termos filhos. Sinto-me realizada a dedicar a minha vida aos outros. Nunca pensou ser freira? Houve uma altura da minha vida, durante esta fase de entrega de vida aos outros, em que achei que podia ser freira, embora tivesse que ser na Congregação da Servas de Nossa Senhora de Fátima, porque é com elas que me identifico. Mas o facto de ter descoberto a minha corrente espiritual numa fase mais tardia fez com que não tivesse avançado com essa ideia. Se fosse mais cedo talvez, mas também sou realizada assim e sinto-me em paz com a vida. Os motivos pelos quais as crianças vêm para esta instituição são os mesmos das crianças que eram institucionalizadas há meio século? Aparentemente são, embora actualmente damos nomes diferentes. Há 50 anos as crianças vinham para a Fundação por carência, pobreza, orfandade, falta de apoios. Alguém que detectava que uma criança não estava bem, pedia e a criança entrava. Às vezes vinha uma filha e depois vinham mais duas ou três. Hoje as meninas chegam-nos por diversos motivos e começamos a ter também aquelas que nos chegam porque elas próprias acham que não estão bem na família e pedem para vir. O grande drama dos dias de hoje e pelo qual as crianças vêm aqui parar é porque a família não lhes dão regras. Como são as regras para quem vive na Fundação Madre Luiza Andaluz? Quando elas chegam digo-lhes sempre que viverão muito bem se quiserem e viverão muito mal se quiserem. Tudo depende delas. Temos algumas

Catarina Marcelino é a directora técnica da Fundação Madre Luiza Andaluz, instituição de Santarém que acolhe crianças do sexo feminino abandonadas ou provenientes de famílias disfuncionais. Educadora de infância de formação, vive na instituição e dedica todo o seu tempo às crianças sendo a sua família mais próxima. A fundação nasceu há 86 anos, pela mão da madre Luiza Andaluz, uma escalabitana que começou por acolher meninas na sua própria casa na altura da gripe pneumónica . A Personalidade do Ano na área da Cidadania é uma ilustre continuadora dos ideais de solidariedade da fundadora e um exemplo de altruísmo. rotinas e essas rotinas transformam-se em regras. Que rotinas são essas? Durante a semana levantam-se às sete da manhã para irem para a escola, regressam para o almoço. Há sempre tarefas partilhadas. Todas limpam o quarto, a cozinha, tiramos as ervas do quintal. Tudo como uma família, todas fazemos tudo. Têm horas de estudo. As regras baseiam-se sobretudo em ter horas para tudo. Porquê? Porque sabemos que quanto mais elas souberem o que vem a seguir mais tranquilas vivem e menos sobressaltos têm. Também não saem sozinhas à noite. As mais velhas aceitam bem essa regra de não poderem saír à noite? Aceitam. Como elas se levantam muito cedo também se deitam muito cedo. Além disso, a maioria vai a casa aos fins-de-semana e isso torna tudo mais tranquilo. Elas aceitam tudo

muito bem. É difícil cortar o ‘cordão umbilical’ quando elas vão embora? Não vou dizer que não crio algumas angústias quando elas seguem o seu caminho fora da instituição. Algumas criam-me dores de estômago sobretudo em determinadas situações em que não acredito muito no sucesso fora da Fundação. Há situações em que durmo mal mas elas sabem que estamos todas aqui para o caso de alguma coisa correr mal. Como é que a Fundação Madre Luiza Andaluz consegue sustentar-se? Essencialmente porque a comunidade é nossa amiga. Temos pessoas que com muita regularidade nos ajudam. Dão-nos laranjas, batatas, muita coisa. Recebemos uma verba da Segurança Social mas é insuficiente para colmatar todas as despesas. Na nossa vida diária contamos muito com a comunidade. O que significa para si a Madre Luiza Andaluz?

É uma grande referência para mim. Já perspectivava a minha vida um bocadinho nesta linha, de um trabalho virado para os outros e com os outros. Não de cima para baixo mas de igual para igual. E acho que a Madre Luiza Andaluz, num tempo muito diferente do nosso, soube fazer o bem. Acho que Luiza Andaluz ainda é muito actual e identifico-me profundamente com a sua forma de estar na vida. Já tiveram um casamento aqui na instituição. Como foi? Uma das meninas que viveu aqui desde os cinco anos, quando decidiu casar fez esse pedido. A Fundação tinha sido a sua casa e por isso fazia todo o sentido. Eu acabei por ser a madrinha. Agora está de bebé e telefona-me quase todas as semanas. Pergunta-me sempre se estou preparada para ser avó. Eu respondo-lhe que estou sim que estou “à vontade” (risos). Que balanço faz destes dez anos a dirigir a Fundação Madre Andaluz? Tem valido a pena. Daqui a dez anos imagina-se a desempenhar o mesmo cargo? Espero que não. Espero ser só avó e não ‘titi’. Gostava muito de, daqui a dez anos, estar reformada e estar a fazer voluntariado aqui. Sou uma pessoa um bocado aventureira e dez anos é muito tempo. A minha disponibilidade de vida está um pouco entregue a esta congregação de que eu gosto e com a qual me identifico. Se me chamarem para outro projecto nesta área; se me mandarem para algum lado, com certeza que irei, com muito gosto. Sou uma mulher de desafios.

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Tauromaquia

Manuel Jorge de Oliveira

“Ajudar os outros é enriquecer a sociedade”

O cavaleiro tauromáquico Manuel Jorge de Oliveira fica feliz quando os discípulos ultrapassam o mestre Diz que o confronto com a morte lhe deu capacidade para enfrentar a vida. Critica o facilitismo e aqueles que não são capazes de separar o profissionalismo e a exigência de questões familiares e de amizades. Aos 53 anos, o toureiro de mais de mil corridas afirma que o essencial para se vingar na tauromaquia não é a valentia ou o heroísmo mas a inteligência. Empresta os cavalos e o camião para os transportar à cavaleira Ana Rita de Azambuja. É um homem solidário? Trata-se de uma paixão. Quando se encontra alguém com um certo talento, como é o caso da Ana Rita, é importante ajudar. É uma ajuda desinteressada. Se visse que ela não tinha potencial não lhe alimentava o sonho. Mas ela já mostrou várias vezes que tem condições. É também uma forma de mostrar que é preciso apostar nos novos artistas. Temos que fazer as coisas espontane18

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amente. Fui ensinado e educado desta forma. É importante ajudar os que estão a iniciar a carreira e isso valoriza a festa dos toiros. Também é bom para a sociedade que existam pessoas que se destaquem. Se amanhã a Ana Rita, por

Criador de cavalos e mestre de equitação Manuel Jorge de Oliveira é um dos mais reconhecidos cavaleiros tauromáquicos. Nasceu em Azambuja a 23 de Fevereiro de 1959. Começou a montar a cavalo com seis anos e orgulha-se de ter tido como mestres de equitação José Vicente, Dionísio e o mestre Nuno Oliveira. Agora também ele é mestre e desloca-se frequentemente a países como Suíça, Áustria, França e Alemanha para ensinar a arte equestre. Estreou-se como cavaleiro tauromáquico numa vacada a favor dos Bombeiros Voluntários de Azambuja, tinha 10 anos. Mas a sua infância não foram só cavalos e toiros. Também fez desporto. Jogou futebol como juvenil e júnior em Azambuja, onde os

exemplo, for uma figura importante no toureio quem ganha é a tauromaquia e a sociedade portuguesa. E o que é que o Manuel Jorge de Oliveira ganha com isso? Fico contente. De dinheiro felizmente não preciso. O que preciso é de saúde e a alegria de ver alguém a vingar no mundo dos toiros acaba por me dar saúde. As mulheres têm vindo a ganhar relevância na tauromaquia. Isso é importante para a festa? Isto foi toda a vida um mundo de homens. Foi muito difícil para as mulheres entrarem. No entanto penso que

prémios que teve foi as amizades que criou, porque confessa que era mau jogador. “Corria muito mas tinha pouca habilidade”. No karaté teve melhor desempenho. Praticou a arte marcial durante 14 anos no Cartaxo e chegou a sagrar-se vice-campeão regional. Considera que na vida as pessoas devem fazer aquilo que gostam e melhor sabem. E se se dedicarem apenas a isso já têm muito que fazer. Tirou a alternativa de cavaleiro profissional no Campo Pequeno a 2 de Junho de 1977. Ao longo da sua carreira participou em mais de mil corridas e lidou mais de dois mil toiros em Portugal e no estrangeiro. Começou a tourear além fronteiras em 1979 em Sevilha. No mesmo ano apresentou-se na Feira de San Isidro, em Madrid, cortando uma orelha em cada toiro e sair em ombros. Em 1979 e 1982 conquistou em França o

devem ter o cuidado de não deixarem de ser mulheres e dar um toque diferente à corrida de toiros. Não gosto de ver uma mulher usar casaca e tricórnio. A casaca assenta mal no corpo da mulher. Ficavam mais bonitas com um fato de jaqueta. Quantos cavaleiros já ajudou? No mundo inteiro já ajudei umas largas dezenas. E todos eles têm dado nas vistas. O Paulo Jorge Ferreira, por exemplo, está na Califórnia (Estados Unidos) a fazer uma carreira brilhante como cavaleiro tauromáquico. Mas também uma série de cavaleiros fora da tauromaquia. Não partilho da ideia de alguns de que não devemos ensinar muito para que os outros não saibam mais que nós. Eu acho que devemos ensinar tudo o que sabemos. E se amanhã os que ajudamos souberem mais que nós, isso é muito bom sinal. Há muitos cavaleiros profissionais novos. Mas ao longo da sua carreira contam-se pelos dedos de uma mão aqueles a quem concedeu a alternativa? Não estou de acordo com as alternativas que se tiram com a facilidade que existe actualmente. É uma arte muito bonita e difícil e quando se dão alternativas assim em vez de se dar categoria à arte está a tirar-se. Quando se obriga as pessoas a pagar um bilhete para ir para uma praça de toiros tem que haver garantias. Nem toda a gente pode jogar no Benfica ou no Sporting. Há muitos cavaleiros que sendo boas pessoas deveriam levar carreira de amadores e não como profissionais. E de quem é a culpa? Em Portugal mistura-se muito profissionalismo com família e amigos. Eu, que vou muitas vezes ao estrangeiro, não sinto lá isso. Um pai não olha para o filho como pai no plano profissional. Por cá, mesmo nos negócios, ouvimos dizer: “Sou seu amigo veja lá o que pode fazer”. É uma forma de estar na vida, mas na minha perspectiva não é correcta.

“Rojão de Oiro”. Hoje dedica-se mais à criação de cavalos e ao ensino da equitação. A coudelaria - Sociedade Agrícola Oliveira Martins - é uma referência no mundo do cavalo lusitano com muitos animais a tourear no mundo inteiro. Gosta de ler sobre psicologia e história. Nas novas tecnologias diz-se um “zero à esquerda”. Fala cinco línguas. Pode à primeira vista parecer uma pessoa austera, altiva, mas bastam uns minutos de conversa para se perceber que é um homem modesto, que não tem papas na língua e que tem uma grande paixão pelo campo, pelo mundo rural. A Quinta do Açude no Cartaxo, onde vive e tem os cavalos, é a sua vida. É onde passa a maior parte do seu tempo de botas de montar e boina a cobrir os curtos cabelos grisalhos. A propriedade foi comprada após o 25 de Abril, pelo pai, já falecido.


Já participou em mais de mil corridas. Lidou para cima de dois mil toiros. O seu amor à tauromaquia e à equitação não se esgota em si próprio. Preocupado com a continuidade daquelas artes e da festa dos toiros em geral, ensina e ajuda jovens com valor, de forma desinteressada. Manuel Jorge Martins de Oliveira, Personalidade do Ano na área da Tauromaquia nasceu em Azambuja a 23 de Fevereiro de 1959. Começou a montar aos seis anos de idade. Tirou a alternativa como Cavaleiro Tauromáquico no Campo Pequeno, em 1977. Nos últimos anos tem-se dedicado à sua coudelaria e a dar aulas de equitação na Quinta do Açude no Cartaxo, onde reside. O que é que fica de uma carreira com 43 anos? Vivência, aprendizagem… o confronto com a morte que me deu capacidade para enfrentar a vida. A lidar toiros aprende-se a lidar com a vida. A sociedade europeia sucumbiu porque deixou de ter a capacidade de sobreviver. Porque foi nos últimos 30 anos uma sociedade mimada onde tudo era fácil. Em tantos anos de actividade deve ter peripécias que davam para fazer um livro. Houve tantas… Mas uma das melhores que tive ocorreu nos finais dos anos 70. Tinha um cocheiro que era um rapaz muito simpático mas bastante despistado. Num dia em que fui tourear ao Campo Pequeno ele baralhou-se e em vez de levar os que estavam preparados levou quatro que nunca tinham toureado. Quando descobri já não havia tempo de ir buscar os outros. O engraçado é que toureei dois toiros da ganadaria Grave, que são difíceis, e as coisas correram-me muito bem. O que é preciso para se vingar no toureio a cavalo? É essencial ser bom cavaleiro, saber tirar partido do cavalo e prepará-lo fisicamente para a prática do toureio. Há quem diga que ser toureiro demonstra a valentia. Penso que não. Conheço toureiros que não são muito valentes cá fora na vida. A relação homem-cavalo é sobretudo uma questão de inteligência. Não é para os valentes nem para os heróis. A equitação ainda é a principal característica que um toureiro deve ter? A equitação é a defesa do próprio cavalo como animal. É preservar a saúde física e mental do animal. Hoje há cavaleiros que não sabem montar a cavalo e que maltratam os cavalos fisicamente e psicologicamente. E quando se lhes fala de equitação ficam muito assustados e dizem que não vale a pena. Hoje também há a ideia que o toureio é um combate. Está errado. É um entendimento entre um animal feroz e o ser humano. É conhecido pelo toureiro que iniciou a corrente da “Equitação da Poesia”. Faz sentido? Leiam-se os poemas de Garcia Lorca, vejam-se os quadros de Picasso… A morte é extremamente poética. Morrer faz parte da vida. Quando se entra numa praça e se vê o toiro está-se a ver a morte em movimento. O toureiro cria uma relação com a morte que anula a própria morte. À medida que vai envelhecendo e toureando vai descobrindo que a morte nunca existiu. O que existe é a vida. Os filhos e os netos. A mú-

sica, o público, o silêncio do público é poesia. A forma como o cavalo se dirige ao toiro é uma poética eloquente. Além de ter marcado um estilo muito próprio de toureio, também protagonizou em 1988 um feito inédito em Portugal ao tourear numa corrida seis toiros, dois dos quais a pé. Foi uma necessidade de mostrar que tinha coragem? Foi um desafio que fiz a mim próprio. Havia naquele tempo uma polémica em que os toureiros a pé achavam que o toureio a cavalo não tinha o mesmo mérito. Que os cavaleiros lidavam defendidos pelo cavalo. Ora eu entendia que eram duas coisas distintas unidas pelo mesmo fundamento cada qual com o seu mérito próprio. Quis provar isso com o julgamento do público. Mas confesso que também foi uma forma de mostrar alguma arrogância. Às vezes também há necessidade de mostrar arrogância. Não tem pena que várias praças da região tenham um ou dois espectáculos por ano e estejam a degradar-se? Foi sempre assim. As praças que existem nas várias localidades servem para as celebrações ligadas ao mundo rural. As condições das praças também estão ligadas às questões políticas. O grande papel dos políticos é cuidar das coisas. O poder político nos últimos 30 anos tem sido cobarde no sentido de defender os interesses nacionais. Se as praças não são melhores é porque eles não quiseram saber disso para nada, até porque as proprietárias das praças, como as Misericórdias, são controladas pelos políticos. Não é lá grande amigo dos políticos? Conheço as pessoas que têm passado pela Câmara do Cartaxo, mas não falo com eles de política.

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Cultura Feminino

Joana Amendoeira

Carreira no fado começou com um pequeno “suborno” Joana Amendoeira actuou pela primeira vez aos 8 anos e só a convenceram a cantar com a promessa de um brinquedo novo Dedicou a sua vida ao fado ainda era criança e hoje, aos 29 anos, reconhece que é uma das muitas pedras que ajudou a construir o fado como património mundial da humanidade. Senhoras e senhores, directamente do Museu do Fado, em Lisboa, tem a palavra Joana Amendoeira.

T

remeram-lhe as pernas quando cantou pela primeira vez em público? Tremeram muito. Disse que sim mas quando chegou a hora disse que não queria. Tinha oito anos e só me convenceram com um pequeno suborno. Prometeram-me que no dia seguinte iam comigo a uma loja comprar um brinquedo. Foi no Vale de Santarém, numa festa que a minha mãe ajudou a organizar para os doentes de hemodiálise de uma clínica onde trabalhava. Ela é enfermeira. Foi o meu primeiro contacto com o público, a cantar acompanhada com guitarra e viola. Aos 12 anos ganhou a Grande Noite do Fado no Porto. Foi aí que percebeu que nasceu para ser fadista? Sim. A partir dos 11 anos, depois de todo aquele ambiente vivido no coliseu, de estar a ensaiar e a aprender outros fados, do contacto com muitos músicos no Castiço, uma casa de fados que existia em Santarém onde comecei a ensaiar para a grande noite do fado. A partir daí senti que a paixão pelo fado era tão grande que me ia acompanhar toda a vida. Só não tinha consciência que me iria apaixonar ainda mais. Quando descobriu que tinha voz

Alma fadista Joana Amendoeira, 29 anos, é considerada um dos novos rostos do fado embora já pise os palcos há muitos anos e seja uma intérprete sobejamente conhecida em Portugal. A fadista nascida em Santarém consolidou a sua carreira internacional em 2011 e é uma das muitas pedras que ajudaram a erigir o fado como património imaterial da humanidade. O seu último álbum, “Sétimo Fado”, foi editado em Espanha e no ano passado para além de actuações no país vizinho fez ainda ouvir a sua voz em países como Bélgica, Canadá, Hungria, Espanha e Lituânia. A fadista nascida a 30 de Setembro 20

RETROSPECTIVA 2011 - 16 FEVEREIRO 2012

para cantar o fado? Não tinha bem consciência que tinha jeito para cantar o fado, mas sempre me interessei por ouvir fado em casa. Gostava que a minha mãe pusesse os discos de vinil e adorava ouvir Amália, Carlos do Carmo, Hermínia Silva. E notaram que eu tinha um certo requebro fadista na voz, ainda muito infantil e por limar. Brincavam comigo e davam-me fados para eu aprender. Foi tudo muito natural. Os seus pais não lhe diziam para estudar em vez de andar a cantar fados? Isso não foi preciso porque felizmente era boa aluna e tive sempre boas notas mesmo cantando ao fim de semana. Quando tinha 14 ou 15 anos já cantava muitas vezes e tinha os meus pequenos cachês. Na escola viam-na como uma espécie de génio precoce? Primeiro achavam um bocadinho estranho, mas ao mesmo tempo foi engraçado porque puxei os meus colegas para descobrir o fado e começaram a gostar. Embora seja uma jovem que ainda não completou 30 anos, já leva quase 20 anos de carreira. Eu costumo contar a minha carreira a partir do primeiro disco, que foi publicado em 1998. Seja como for são 14 anos de carreira com discos editados. Vai cantar até que a voz lhe doa? Espero que não me chegue a doer. Espero ter uma voz saudável pela vida fora. Quero cantar até saber que é a altura de me retirar. Não ir para além do que muitas vezes vemos. A retirada não deve ser fácil. Compreendo que uma pessoa que passa a vida inteira a cantar, que tem o contacto com o público, que tem essa libertação da alma, tenha dificuldade em enfrentar o momento em que o cor-

de 1982 habituou-se ainda muito nova a ver as luzes da ribalta a incidirem sobre si. Em 1995, com apenas 12 anos, ganhou o primeiro lugar da Grande Noite do Fado, no Porto. Em 1998 publicou o seu primeiro álbum, “Olhos Garotos”, e a partir daí construiu uma carreira com actuações em algumas das principais salas do país e da Europa. É nesse ano que se desloca pela primeira vez ao estrangeiro para actuar, cantando no âmbito do evento “Dias de Portugal”, organizado pelo ICEP em Budapeste, capital da Hungria. Começa então a colaborar regularmente com prestigiadas casas de fado da capital e é convidada para diversas colecções discográficas nacionais.

po já não acompanha o espírito e reconhecer que é altura de parar. Um artista sem público fica órfão. É verdade. Espero saber retirar-me no momento certo, mas ainda falta muito tempo (risos)... Ter na voz a ferramenta de trabalho obriga a cuidados acrescidos? Sim. É preciso ter cuidados. Nunca

Entretanto passa a residir na zona de Lisboa, onde actualmente é fadista residente no Senhor Vinho. Em 2009, a Fundação Amália Rodrigues atribui ao álbum “Joana Amendoeira & Mar Ensemble” o título de melhor disco de fado de 2008. Actuou nos últimos anos também nalgumas das mais conceituadas salas de espectáculos do país, como o Teatro São Luís, o Coliseu do Porto, o Centro Cultural de Belém ou a Arena de Portimão. De voz doce e olhar sereno, Joana Amendoeira, casada recentemente e sem filhos, diz que sente necessidade de cantar. É algo mais forte do que ela. É o seu destino. Gosta de cantar músicas antigas mas também defende

fumei, não bebo bebidas frescas, tenho cuidado com o frio, com as mudanças de temperatura. Basicamente são esses os cuidados. E chá de perpétuas roxas também é muito bom. Nos últimos tempos têm aparecido muitos jovens fadistas. Tem lidado bem com a concorrência? Não os vejo tanto como concorrên-

a criação de novas sonoridades, trabalhando há muitos anos em equipa com o irmão Pedro Amendoeira (guitarra portuguesa), Pedro Pinhal (viola de fado) e Paulo Paz (baixo acústico e contrabaixo). “Dão-me muita segurança no palco. Nem é preciso olhar para nos compreendermos. E apoiamo-nos uns aos outros”, diz. A paixão natural que foi alimentando pelo fado desde a infância levou a que, já na universidade, decidisse suspender o curso superior de Antropologia para se dedicar exclusivamente à sua carreira artística. E assim irá ficar durante muitos anos, pois Joana Amendoeira ainda tem muito para dar ao património que também ajudou a construir.


cia. Vejo mais esse fenómeno pelo lado positivo que é o facto de o fado estar a chegar cada vez mais aos jovens e a interessá-los. Isso é que mantém este género vivo. Penso que estamos a atravessar uma segunda época de ouro, depois da que se viveu nas décadas de 60 e 70. E há lugar para os estilos mais diversos. Há dez anos que estamos a ver este fenómeno a consolidar-se. Por isso se vêem grupos inspirados no fado a aparecer, como os Amália Hoje ou os Deolinda. Isso também quer dizer que o fado está na moda. Há um interesse de fora para dentro e que é muito global, não é só em Portugal. Fica também a sensação que o mercado do fado se tornou apetecível para certos cantores que vêm de outros estilos, como o pop/rock. Já existem alguns casos, como a Ana Moura e a Cuca Roseta. Penso que o fado só sai a ganhar. Por falar em Ana Moura, outra fadista ribatejana da sua geração. Ela já teve o privilégio de cantar com os Rolling Stones. Com que monstro do rock gostaria de fazer um dueto? Um convite desses seria lisonjeador. Gostaria de cantar em dueto com o Michael Bublé, embora não seja propriamente um cantor de rock. Gosto muito de o ouvir, é um cantor extraordinário e que parece ser muito divertido. Grande parte da sua vida profissional é feita à noite. Deitar cedo e cedo erguer é ditado para esquecer? Durante uns anos foi mesmo para esquecer. Agora estou um bocadinho diferente e acordo mais cedo, mesmo continuando a deitar-me tarde. Estou a conseguir disciplinar-me porque é mui-

to importante aproveitar o dia. Foi viver para a zona de Lisboa há alguns anos por necessidade ou por gosto? Adoro viver em Lisboa. Talvez por causa daquele ambiente todo das letras dos fados. Todo esse imaginário que estava dentro de mim levou a que desde muito cedo quisesse viver em Lisboa. Ao ponto de que, acabado o liceu, vim para cá. Santarém não é uma musa inspiradora em termos de fado?

sa faceta? Não é só por cantar Pedro Homem de Melo ou David Mourão Ferreira ou Fernando Pessoa, é porque a poesia no fado é quase tudo. Não é tudo porque a música também é importante. Mas as palavras são aquilo que faz mexer a alma, o coração e transmitir alguma coisa cá para fora. Sente muito as palavras que canta? Sim. Mas não se está sempre com o mesmo estado de espírito e quem canta todos os dias não pode estar sempre

Não é a primeira vez que um prémio Personalidade do Ano é atribuído a alguém da área do fado. Escolher Joana Amendoeira para o receber no ano em que o fado foi classificado como Património Cultural da Humanidade é distinguir não só a excelência da intérprete como os caminhos que soube escolher para chegar onde chegou. A fadista de Santarém tem conseguido inovar sem romper com a essência da canção portuguesa. “Sétimo Fado”, que correu Portugal e o Mundo em 2011, é exemplar a esse nível. Um disco onde instrumentos como o acordeão e o violoncelo soam como se sempre tivessem pertencido ao universo fadista. É também uma das cidades mais bonitas do país e é a minha terra. Estará sempre a par de Lisboa. No Ribatejo existe muito fado e muitos fadistas que começaram a aprender lá. Existem muitos músicos e os maiores deste país também são de lá. Espero um dia fazer um disco dedicado só a fados do Ribatejo. Estou a programar isto para um futuro próximo. Canta letras de grandes poetas portugueses. É uma questão de prestígio ou dá muita importância a es-

quando soube que o fado tinha sido classificado património imaterial da humanidade? Estava no avião e só soube quando aterrei. Vim directa para o Museu do Fado. Celebrei e cantei aqui. Foi uma grande festa. Sente que é uma pedra que faz parte da construção desse património? Sim, sinto-me parte deste edifício que é o fado. A minha vida é toda dedicada ao fado desde pequenina e não podia pensar de outra forma. Ter um irmão no seu grupo de músicos ajuda? Sim, muito. Sinto-me acompanhada de forma diferente pelo meu irmão. Não quer dizer que outros não toquem muito bem para mim ou que não goste de cantar com eles, mas com o meu irmão é uma ligação de sangue mesmo.

no máximo da sensibilidade. Não se torna enfadonho repetir esse exercício todos os dias? Antes pelo contrário. Estamos sempre a descobrir-nos por dentro e a procurar uma forma de ir buscar mais alma. No estrangeiro, a maior parte da audiência não percebe o que canta. Faz questão de lhes explicar de que fala a letra? Sim. Tento explicar em inglês o que vou cantar no fado seguinte. Abriu uma garrafa de champanhe

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Choral Phydellius

Cultura

Um pequeno grupo de cantores de igreja que deu origem a uma grande instituição cultural O Choral Phydellius mantém o coro misto, criou um coro juvenil e ganhou outra dimensão artística com a abertura do conservatório

Júlio Clérigo é presidente do Choral Phydellius há 14 anos e no total tem mais de duas décadas de funções directivas. A sua ligação com a associação começou em 1974 quando entrou para o coro. Os primeiros passos dados no caminho da excelência foram dirigidos pelo carismático maestro José Robert. Mais tarde o Conservatório foi um salto de gigante. O nome da instituição saiu de Torres Novas e correu mundo. Com o passar dos anos, no final de cada actuação do coro, doem-lhe mais as pernas ou a garganta? Há alturas em que cansa estar tanto tempo de pé na mesma posição mas nada que não se aguente. Quanto à voz é tudo uma questão de saber cantar. Há peças com certos requisitos que se não tivéssemos aprendido nenhuma técnica vocal nos afectariam a garganta. Sabe música? Não. Quando vim para o coro não sabia mesmo nada. Agora ao fim de tantos anos já sei qualquer coisa mas não posso dizer que sei música. Tem dois filhos, dois netos, provavelmente muitos amigos. Quando se jun22

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tam cantam em coro? A minha esposa foi coralista. Entrou para o coro quando eu entrei mas já deixou. Um dos meus filhos ainda passou por aqui quando o Conservatório ainda era uma escola informal de música criada pela vontade de um ex-coralista chamado Gualter Pedro que começou a dar aulas de música aos miúdos. Mas não cantamos juntos em família. Ainda por cima os meus filhos foram estudar para Aveiro e por lá ficaram a trabalhar e a viver. Apesar de não saber música poderia tocar algum instrumento de ouvido. Gai-

A rebentar pelas costuras Foi na Igreja do Salvador, em Torres Novas que começou a história do Choral Phydellius, a 17 de Maio de 1957. Um grupo de amigos que ali cantava nos serviços religiosos decidiu fundar um coro. O nome escolhido é inspirado na ópera Fidélio de Beethoven. Desde a fundação até 1971 o coro foi dirigido pelo Maestro Fernando Cardoso. Nos 37 anos seguintes o Phydellius ganhou relevo nacional e internacional graças ao trabalho artístico do carismático José Robert. A ligação era tão estreita que falar no coro era falar do maestro e falar do maestro era falar do coro.

ta de beiços, guitarra... Também não toco. Só canto e dirijo... não o coro mas a associação. Quando está distraído e começa a cantarolar, canta temas do coro? Nem sempre mas algumas vezes acontece, principalmente canções populares que dão para cantar a solo. Há outras que não dão para isso. Só em grupo. Se estiver a cantar a minha parte de tenor isolada dos outros coralistas, aquilo não soa a nada para ninguém. O coro já actuou em grandes palcos mas também em palcos em que quase

Quando, por motivos de saúde, José Robert se afastou houve quem pensasse que seria difícil manter a qualidade. As dúvidas eram infundadas. Com novos coralistas melhor preparados graças ao conservatório criado em 1983 e sob a batuta de João Branco a qualidade não só se manteve como foi possível ir mais longe em termos de reportório. O Conservatório Musical do Choral Phydellius constituiu-se a partir de uma escola de música criada informalmente nos anos setenta por alguns dirigentes da altura. Actualmente tem 34 professores e é frequentado por mais de trezentos alunos a quem são ministradas aulas de piano, órgão, violino, violoncelo, guitarra clássica, trompete, clarinete, trombone, flauta. Vítor Fer-

não cabiam todos. Nunca caiu ninguém de um palco abaixo? Já actuámos em palcos e estrados em que estávamos ali a fazer algum equilibrismo. E já houve quem caísse do palco abaixo mas nunca ninguém se aleijou. Concertos memoráveis em que tenha participado? Há concertos em pequenas localidades que foram memoráveis devido à reacção do público mas presumo que se esteja a referir a grandes palcos. Tivemos a honra de ser o primeiro coro português a participar no Festival de Coros mistos da Comunidade Europeia. Foi na primeira edição, no Luxemburgo. Actuámos em Nancy para mais de 15 mil pessoas. Fizemos um grande concerto na Sala Molière em Paris. Cantámos em belíssimas salas na Áustria. Em Lyon... Quando estão em palco rogam pragas aos espectadores que dormem ou bocejam? De vez em quando conseguimos dar uma olhadela rápida ao público e já apanhei alguns a dormir ou a abrir a boca mas não nos podemos distrair. Se desviamos os olhos do maestro podemos descarrilar e comprometemos o trabalho de todo o grupo. Nunca foram assobiados? Felizmente não. São mais os aplausos de pé do que as manifestações de desinteresse, felizmente, embora isso não signifique que tenhamos sempre um bom público. Tem alguma forma de aquecimento da voz? Toda a parte do aquecimento é feita em conjunto. É o maestro que dirige também o aquecimento. Não é cada um por si como com os instrumentistas. Tem cuidados com a voz? Fuma? Não fumo mas temos coralistas fumadores. As únicas preocupações que tenho são as normais, principalmente antes das actuações. Não forçar a voz, nomeadamente quando acontece estarmos em ambientes ruidosos e temos que falar mais alto para sermos ouvidos pelos outros. Ter cuidado com as diferenças de temperaturas. Algu-

reira é o director pedagógico. Paralelamente o Choral Phydellius tem mais uma dúzia de professores contratados a fazer o trabalho do ensino da música nas escolas do ensino básico do concelho no âmbito das actividades extracurriculares. A associação tem um orçamento anual superior a meio milhão de euros. Só em ordenados gasta cerca de 35 mil euros mensais. Devido à exiguidade das suas instalações os professores do Choral Phydellius dão aulas na sede do rancho folclórico de Torres Novas, em instalações das piscinas e da biblioteca, nas escolas Maria Lamas e Manuel de Figueiredo, na escola Luís de Camões em Constância e na Sociedade de Montalvo.


mas vezes entre os camarins e o palco temos que atravessar zonas bastante frias. Conheceu a esposa no coro? Não. Já éramos casados quando entrámos para o coro. Entrámos juntos. Nós e mais dois rapazes. Um deles que ainda é rapaz mas mais velho, faz parte da Direcção. O coralista que vai actuar a seguir a um jantar deve comer bem para aguentar e beber uns copos para engrossar a voz? Não é recomendável. Há muitos anos aconteceram algumas situações que nos obrigaram a reflectir sobre isso. Tivemos alguns jantares abundantes antes de irmos para o palco e de vez em quando havia quem, em vez de engrossar a voz ficasse completamente grosso. Nessa altura fazia falta um controle de alcoolemia antes da subida ao palco. São tempos que já lá vão. Agora há outra consciência. Em Portugal canta-se muito mal, não canta? Também! O senhor deve arrepiar-se todo e não é de emoção patriótica quando houve o público a cantar o hino nacional antes de um jogo da selecção de futebol. E não só. É que cantar a solo, desde que se tenha um mínimo de ouvido e uma voz razoável, qualquer pessoa consegue. Mas cantar em grupo é muito difícil. Mesmo muito difícil. Tudo tem que estar afinado e não pode haver vozes a querer sobressair. Basta uma pessoa para estragar tudo. E também há coros que cantam mal? De um modo geral temos bons coros mas há alguns que são...enfim...menos bons. Menos bons... digamos assim. Está no coro há 37 anos. Quantos maestros conheceu? Apenas dois. O José Robert e o maestro João Branco que o veio substituir e que continua connosco. Já não conheci o Fernando Cardoso. O maestro José Robert esteve 37 anos connosco e só saiu por questões de saúde. Este jovem maestro que o substituiu é coralista da Gulbenkian e dirige o coro polifónico de Almada, o Coro de Santo Amaro de Oeiras. Já cá está há quatro anos. São pessoas calmas ou temperamentais? Bom, de vez em quando perdem as estribeiras. Quem não perde. Eu com o passar dos anos cada vez os compreendo melhor. Não é fácil estar a conduzir 40 ou 50 pessoas; estar a dar indicações e haver pessoas distraídas ou a conversar. Isso é das piores coisas que pode haver, principalmente para maestros exigentes como os nossos. De vez em quando lá saíam uns berros que tínhamos que encaixar porque os culpados éramos nós. Como arranja tempo para isto? Já está reformado? Não, tenho 64 anos, ainda trabalho. A

A escassos meses de completar 55 anos de existência o Choral Phydellius de Torres Novas conseguiu atingir um lugar de destaque a nível nacional e internacional, fundado na procura incessante da excelência. Actualmente, para além do coro misto, o Phydellius tem um conservatório por onde passam semanalmente mais de trezentos jovens. O sucesso tem assentado na escolha de colaboradores de grande qualidade mas fundamentalmente no trabalho de dezenas e dezenas de cidadãos anónimos cuja única motivação tem sido uma paixão imensa pela cultura. minha sorte foi ter o azar de ter um negócio que está em crise. Sou representante de máquinas da Indústria Têxtil, basta dizer isto para toda a gente perceber. A grande maioria dos clientes que tinha por todo o país, fechou. Isto dá-me tempo, felizmente, porque agora é impossível fazer a gestão como fazia há vinte anos atrás. Costuma dizer-se que quem corre por gosto não se cansa. Isso é verdade mas actualmente é necessária uma grande disponibilidade para ocupar este cargo dada a dimensão que isto atingiu. O Coral tem ensaios à terça-feira entre as 21h30 e a meia noite e meia. Às quartas-feiras ou quintas há reunião de direcção. À sexta ensaios e depois ainda há todas as outras questões da gestão corrente e os concertos. Efectivamente o Choral Phydellius tem mudado muito. O que não tem mudado muito é o pre-

sidente da direcção. Já tenho 20 anos no cargo. Os últimos 14 todos seguidos. Isto é apaixonante mas precisamos de mais pessoas com disponibilidade. Se o escolhem para presidente... Pois, isso é a velha conversa. Fica lá tu outra vez que nós confiamos em ti e és a pessoa certa, dizem alguns para não terem que se chegar à frente (riso). Devia haver limites de mandatos para o dirigismo associativo como há, por exemplo, para os presidentes de câmaras municipais? Eu voto a favor dessa medida. É uma boa ideia para proteger certos dirigentes

e dar-lhes algum descanso. Sabe o que é um mecenas? Já viu algum? Não. Criámos projectos para serem apoiados em termos de mecenato mas não conseguimos encontrar nenhum mecenas. Mas têm ajudas. Felizmente sempre tivemos amigos. Gente de boa vontade. Benfeitores, chamemos-lhe assim. Tanto a nível monetário, como é o caso da dona Corina Ferreira (uma benemérita natural de Torres Novas que reside em Lisboa) que ajuda não só o Phydellius como muitas outras colectividades de Torres Novas, como a outros níveis como quando trabalhámos para oficializar a escola. Estão a decorrer obras ao lado da vossa sede. O que está a ser feito? As instalações são da Câmara de Torres Novas. Estas onde está o Phydellius e aquelas onde estão a decorrer as obras. Já utilizávamos no passado a parte de baixo daquele edifício e vamos voltar a usá-la após a conclusão das obras. Temos falta de espaço. Este ano recusámos candidaturas por falta de espaço.

Quem quer vencer tem que pedalar muito Júlio Clérigo nasceu na pequena aldeia de Outeiro Pequeno, no concelho de Torres Novas, a 7 de Dezembro de 1947. É presidente da direcção do Choral Phydellius há 14 anos. No total já ocupou aquele lugar durante duas décadas. A sua ligação à associação começou há 37 anos quando foi desafiado por umas primas a integrar o coro. É de uma geração em que se começava a trabalhar muito cedo. Ele começou aos 11 anos. Levantava-se às cinco da manhã para ir de bicicleta para Torres Novas. A partir dos 14 anos começou a estudar à noite, na antiga Escola Comercial e Industrial. Chegava todos os dias a casa para lá da meia noite. Pedalava quilómetros e quilómetros, muitas vezes sozinho, fizesse calor, chuva ou frio. Passou a residir em Torres Novas aos 25 anos, após ter feito o Serviço Militar Obrigatório.

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Desporto Masculino

André Gralha

O único árbitro do distrito de Santarém na primeira categoria nacional A época 2010/2011 foi a melhor de André Gralha que se classificou à frente de alguns colegas internacionais Confessa que nunca se sentiu pressionado por dirigentes de qualquer clube embora não diga o mesmo dos adeptos e principalmente da comunicação social. Reconhece os erros cometidos após os jogos pois essa é a única forma de evoluir. Filho e sobrinho de árbitros cedo percebeu qual era o seu caminho. Nos jogos ainda usa o seu primeiro apito. Entra no campo com o pé direito e benze-se.

Vale a pena ser árbitro de futebol nos tempos actuais? Vale sempre a pena. Mas mais ainda no escalão em que me encontro. É público que hoje em dia um árbitro é muito bem pago. Ganho muito mais na arbitragem, uma ocupação de tempos livres, do que no meu trabalho efectivo. É também compensador na realização pessoal? Sem dúvida que sim. Faço uma coisa que gosto. Hoje sinto-me uma pessoa feliz. É uma missão exigente, cada vez temos que trabalhar mais. Estamos cada vez mais expostos, a comunicação social vasculha totalmente a nossa vida, evidenciam os nossos erros até à exaustão. É necessário termos um bom suporte psicológico para saber lidar com isso. Já teve alguma actuação menos feliz que o deixasse triste ao chegar

Estreou-se na arbitragem aos 15 anos André Miguel Furtado Alves Gralha, nasceu no Entroncamento no dia 6 de Março de 1976 mas logo que saiu da maternidade foi viver para a sua verdadeira terra natal, a Atalaia, Vila Nova da Barquinha. Com 15 anos estreou-se na arbitragem acompanhando o pai na direcção de jogos do Campeonato Distrital do Inatel. Onde depois começou a arbitrar e esteve até aos 17 anos. Oriundo de uma família de árbitros, o pai Fernando Gralha e o tio João Gralha foram árbitros do distrito de Santarém durante muitos anos, André Gralha nunca teve dúvida de que queria ser 24

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a casa? Quando recebemos uma nomeação e quando entramos em campo, vamos sempre com a vontade de dar o nosso melhor. Mas também temos consciência de que somos humanos e temos as nossas falhas. Já me aconteceu chegar ao fim de alguns jogos e ao analisar um determinado lance chegar à conclusão de que não o fiz da forma mais correcta, e fico triste por isso. Sente-se frustrado por não ter conseguido chegar a internacional? Não me sinto frustrado porque tenho consciência de que isso seria muito difícil, para não dizer impossível. Hoje em dia para se chegar a árbitro internacional é necessário dominar muito bem a língua inglesa, tem que se ficar muito bem classificado duas ou três épocas seguidas. Por isso não sinto qualquer frustração. Gosto de ser árbitro, tanto arbitro na primeira divisão, como na segunda, na terceira ou mesmo no distrital, porque o que eu gosto é de arbitrar. É claro que se puder ficar muitos anos na primeira categoria melhor, arbitro outro tipo de jogos, tenho outra exposição e sinto-me muito mais realizado e feliz. O que é mais difícil, chegar à primeira ou garantir a manutenção? É tudo muito subjectivo. Não é fácil chegar ao topo, como não é fácil mantermo-nos lá. É preciso que as pessoas vejam que hoje os árbitros que estão na primeira categoria estão bem preparados e são muito bons. As classificações definem-se nos pormenores e isso torna tudo muito difícil.

árbitro de futebol e chegar ao topo da arbitragem nacional. Ao chegar aos 17 anos fez o curso de árbitro na Associação de Futebol de Santarém e como árbitro estagiário começou a arbitrar jogos das camadas jovens. O primeiro jogo oficial que arbitrou foi um CADE - Linhaceira, que o clube do Entroncamento venceu 31-0 e um jogador, de nome Pêpa, que ainda chegou a jogar no Benfica e a ser uma esperança do futebol português, marcou 25 golos. Muito jovem integrou a equipa de António Vitório, com quem andou durante um ano. No ano seguinte subiu à segunda categoria distrital e foi convidado para fazer parte da equipa de Paulo Inácio, aceitou e andou com ele mais um ano. Andou ainda com Amílcar Mendes. No ano seguinte subiu à pri-

Tem alguma superstição ou algum amuleto que não dispense? Não sou supersticioso. Mas tenho algumas coisas que guardo ou uso com mais assiduidade. Guardei as botas que usei aquando da subida à primeira di-

meira divisão distrital e formou equipa própria e traçou desde logo a meta de subir aos nacionais o mais rápido possível. Cuidou da imagem da sua equipa procurando dois árbitros jovens que se lhe igualassem nas característica físicas. Foi então que encontrou os amigos Hélder Pardal e José Pedro Carapinha, que juntamente com Francisco Conde o ajudaram muito. A sua carreira no distrital foi fulgurante e em 2000 subiu à terceira categoria nacional, e no final da época ficou no nono lugar, situação que lhe deu para subir à segunda categoria nacional. Foi uma subida muito rápida. Manteve-se durante três épocas na segunda categoria. Na época de 2002/2003 foi primeiro classificado e subiu à primeira categoria nacional, onde, por culpa própria, como gosta de dizer, apenas se manteve

visão. Tenho guardado o meu primeiro equipamento e os primeiros cartões que o meu pai me deu. Gosto de usar sempre o meu primeiro apito, e benzo-me e gosto de entrar em campo com o pé direito.

um ano. Como não é de se ficar a lamentar voltou à luta e no ano seguinte voltou a subir ao escalão mais alto da arbitragem nacional, onde se mantém até hoje. A época de 2010/2011 foi efectivamente aquela onde subiu mais alto, conseguiu a sua melhor classificação no quadro dos 25 melhores árbitros nacionais, arbitrou jogos de todos os clubes profissionais e garantiu a continuidade de um árbitro do distrito de Santarém no grupo de elite. Não esquece aqueles que o ajudaram a chegar ao topo, o pai, o tio, Jacinto Guardado, Francisco Conde e todos os que o acompanharam como chefes de equipa ou como auxiliares. Por isso também continua a oferecer a sua ajuda na formação dos árbitros do distrito, é presidente do Núcleo de Árbitros de Futebol do Ribatejo Norte.


Todos os anos recebe novos equipamentos. O que faz aos que ficam de um ano para o outro? Normalmente reparto os equipamentos com os meus colegas do distrital que frequentam o Núcleo de Árbitros de Futebol do Ribatejo Norte, onde sou o presidente. Já trocou alguma vez de camisola com algum jogador? Não. Nunca se proporcionou. O que já me aconteceu foi no final da época passada, no final do jogo Varzim - Arouca, um director do Varzim disse-me que gostava de ter uma camisola minha e eu dei-lhe uma camisola. Os árbitros recebem muitas prendas dos clubes? Não. Actualmente a única coisa que os árbitros têm no balneário é um pequeno lanche. Antigamente ainda havia um galhardete ou uma camisola, ou uma garrafa de vinho. Nada que seja para comprar um árbitro. Ainda tem tempos livres? A minha vida resume-se a três coisas, o trabalho, a arbitragem e a minha família. Já se sentiu magoado com uma crítica? Há dois tipos de crítica, se ela for construtiva e feita com razão, eu aceito-a bem. Se for destrutiva ou coloque em causa a minha honestidade ignoro-a. Às vezes o que me magoa é não ter conseguido fazer tudo bem. Alguma vez o tentaram aliciar para fazer o resultado de um jogo? Não. Nunca me fizeram qualquer abordagem desse género. Se isso acontecesse não tenham dúvidas de que o denunciava de imediato.

André Furtado Alves Gralha tem 35 anos, nasceu e reside na Atalaia, Vila Nova da Barquinha. É árbitro de futebol há 15 anos e ascendeu em 2008 ao escalão máximo da arbitragem nacional. Na época de 2010/2011 esteve em bom plano conseguindo uma classificação que o colocou à frente de alguns dos nomes consagrados da arbitragem, nomeadamente internacionais. O Prémio Personalidade do Ano distingue o mérito do seu trabalho e destaca o empenhamento que revela em ser cada vez melhor naquilo que faz. Mas a pressão é muito forte antes dos jogos? É claro que há sempre alguma pressão. Mas de um modo geral estamos preparados para lidar com essa pressão, que geralmente é feita mais pela comunicação social e por isso nos passa ao lado. Mas nos campos os clubes também fazem alguma pressão? Nunca me senti pressionado por nenhum clube. Normalmente sou bem recebido sem que seja sujeito a qualquer pressão, a não ser a normal pressão do público, mas a essa resisto muito bem. Na Atalaia uma terra pequena, nunca foi abordado de forma agressiva? Nós sabemos bem quem são os nossos amigos. Gosto de viver na Atalaia. Raramente vejo um jogo no café. Mas é normal que às vezes me dirijam algumas críticas. Mas criticas de modo ofensivo nunca me aconteceu. Aos 35 anos continua solteiro a viver com os pais. Tem sido o futebol a impedir a constituição de uma família própria? Não, de forma alguma. É uma casu-

alidade, ainda não aconteceu o clic. Eu dou prioridade ao futebol, mas não foi por causa disso que ainda não constitui família. Mas é uma situação que vai acontecer quando me sentir preparado para isso. Tenho uma família maravilhosa, os meus pais, a minha irmã, a minha afilhada complementam muito

a minha vida fora do futebol. Nunca pensou em ir viver para uma terra maior onde tivesse menos visibilidade? Não. Em princípio a minha vida vai ser feita na Atalaia. Gosto da minha terra e tenho aqui os meus amigos e a minha família, não vejo necessidade de sair daqui. Já comprei um terreno e em breve vou começar a construir a minha casa. Onde e com quem é que treina habitualmente? Actualmente vou treinar duas vezes por semana a Leiria com o preparador físico da Liga e com os colegas do nacional. E normalmente nos outros dias venho descontrair um pouco com um treino mais ligeiro aqui nestas magníficas instalações do Atalaiense.

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Desporto Feminino

Ana e Andreia Robalo

Os trampolins que permitiram às gémeas crescerem mais depressa Ana e Andreia Robalo já chegaram a treinar com temperaturas negativas no pavilhão Têm 19 anos e praticam a modalidade de trampolins desde os 10 anos. Dizem que têm uma vida igual à dos jovens da sua idade embora mais disciplinada. Nos tempos livres gostam de namorar e de sair à noite. Gostariam de ver os trampolins mais valorizados e de terem mais apoios. Quando participam em provas internacionais sem ser pela selecção as despesas são por sua conta. Não gostam de ver alguém a trocar a vossa identidade. Preservam muito a diferença? Andreia - Hoje em dia já não ligamos muito ao facto de sermos gémeas. Antes ainda brincávamos, trocávamos de identidade, mas agora já não. Eu tenho um piercing no queixo, o que ajuda a distinguir, mas ainda levou algum tempo até que as pessoas decorassem (risos). Ana - Somos unidas, mas não somos unha carne com carne. Temos personalidades diferentes. Eu sou muito cala26

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da e reservada ao contrário da Andreia que não se cala. Treinam desde os dez anos a modalidade dos trampolins de segunda a sexta e por vezes aos sábados. Nunca

“Física e Matemática cansam mais que os trampolins” As gémeas Ana e Andreia Robalo nasceram no dia 24 de Março de 1992 na pequena aldeia da Fajarda, em Coruche. São as mais novas de seis irmãos. Nunca ficaram doentes ao mesmo tempo, nem conseguem adivinhar os pensamentos uma da outra. Embora sempre tenham estudado em Coruche, decidiram terminar este ano o 12º ano na Escola Secundária de Salvaterra de Magos para ficarem mais perto do Clube de Trampolins de Salvaterra. Por brincadeira, começaram a treinar aos 10 anos nos Corujas, em Coruche. Um ano depois e tendo em conta a sua espantosa evolução, o treinador incentivou-as a treinarem no Clube de Trampolins de Salvaterra com o professor Carlos Matias. Levantam-se por

pensaram em desistir e ter uma vida igual à dos outros jovens? Andreia - Não, porque temos tempo para fazermos tudo o que os nossos amigos já fazem. É uma questão de organização e gostamos de ter a vida preenchida. Ana - Não temos sempre provas ao fim-de-semana e conseguimos orga-

volta das 6h30 para poderem ajudar a mãe que também sai muito cedo. O dia começa a cuidar dos 20 cães que têm em casa. Depois vão para a escola onde passam o dia. Nos tempos mortos têm explicações e jogam vólei na escola. Por volta das 19h00 começam os treinos que duram até às 21h30. Às vezes também treinam aos sábados no Futebol Clube Estevense, em Santo Estêvão, concelho de Benavente. A mãe é uma figura incontornável no percurso das gémeas já que as acompanha desde pequenas e ainda hoje vai assistir aos treinos todos os dias. Os irmãos vibram com as suas vitórias, especialmente a mais velha. O tempo que dedicam ao treino e as ausências de duas semanas para participarem em provas levam-nas a ter mais dificuldades na escola. Mesmo tendo o estatuto de atletas de alta competição, não conseguem ter o apoio que gostariam por parte dos professores, especialmente em disciplinas como a Física ou a Matemáti-

nizar programas normais nestes dias. Os namorados devem queixar-se de terem uma vida tão ocupada... Andreia - Antes de conhecer o meu namorado já tinha a minha vida assim estruturada e não vou mudar nada por ninguém. Ou gostam de mim assim ou então nada feito (risos) Ana - Também sentimos apoio, o que é muito importante. Fora dos trampolins como é que ocupam os tempos livres? Andreia - Vemos televisão, estamos no computador, estudamos e ao fim-de-semana gostamos de sair à noite. Ana - Também gostamos muito de filmes de terror. Também cometem alguns excessos como muitos outros jovens? Andreia - Se está a falar de beber ou fumar não porque nos conseguimos divertir sem precisar de cometer esses excessos. Ana - Chegamos é muitas vezes a casa já com o dia quase a nascer (risos) Que tipos de cuidado é que têm a nível da alimentação? Andreia - Não comemos tudo o que apetece, mas comemos sempre alguma coisa (risos). Temos de cuidar de nós, mas não é um desporto muito rigoroso que exija um rigor absoluto do peso embora ajude. Têm tido muitas lesões? Andreia - Já ando com uma lesão no joelho há algumas semanas e consigo dar uns saltos mas não podem ser muitos senão fico com dores. Já desmaiei no ar a dar um salto no duplo mini trampolim. Depois fiquei em casa um fim-de-semana e recuperei. Ana - Eu tive aos 15 anos um desvio da bacia, mas resolveu-se. Quando uma perde e outra ganha alguma competição, como é que dividem os sentimentos? Andreia - Gozamos uma com a outra (risos). Ana - É claro que se eu ganho e a

ca. Andreia espera tirar criminologia no Porto para um dia vir a trabalhar na área das autópsias. Já Ana ainda está indecisa entre seguir fisioterapia ou educação física. Esperam continuar a conciliar os treinos com os estudos. São muitos os títulos nacionais e internacionais que conquistaram ao longo dos anos. Andreia sagrou-se Campeã da Europa de Juniores em 2008. Obteve o terceiro lugar no campeonato do mundo de trampolim em 2011 e está integrada no Projecto Esperança Olímpico através do 3º lugar obtido em 2010 no Campeonato do Mundo de Trampolins. Em 2008 foram vice-campeãs da Europa em duplo minitrampolim por equipas. Já este ano, em Janeiro, sagraram-se vice-campeãs do mundo em duplo mini trampolim no Campeonato do Mundo de Ginástica de Trampolins e Tumbling, que se disputou em Inglaterra. São já uma referência da ginástica acrobática em Portugal.


minha irmã perde, fico triste por ela, mas não competimos directamente uma com a outra. Praticam uma modalidade que não é muito conhecida dos portugueses, o que acaba por não trazer muitos apoios ou patrocínios. Isto deve ser um bocadinho desmotivador... Andreia - Se estivéssemos aqui pelo o que os outros acham então já teríamos desistido. Falam tanto na Selecção Nacional de Futebol que muitas vezes só vai aos quartos de final... E depois temos vice-campeãs do mundo e toda a gente acha que é muito fácil. Não imaginam o esforço que está por trás. Ana - E temos jogadores de futebol ou outros atletas que a sua vida é só treinar. Nós temos a nossa vida normal e ainda mais o treino. Para além dos trampolins, também existem muitos outros desportos que não são valorizados e temos atletas tão bons. Chegam ao ponto de pagar para poderem competir? Andreia - Nas provas internacionais temos de pagar para ir receber medalhas por Portugal. Desde a viagem, à alimentação e à dormida. Quando vamos pela selecção não pagamos, mas sempre que vamos pelo clube temos de desembolsar tudo. Ana - Nem sequer temos qualquer apoio do Estado para pagar a mensalidade do clube. Felizmente a minha mãe arranjou um patrocínio e a Câmara de Coruche sempre deu uma ajuda nestas deslocações. Para além disto temos de pagar também do nosso bolso as sabrinas e os fatos de competição. Andreia - Acho que nos representamos mais a nós próprias do que a

As irmãs gémeas Ana e Andreia Robalo, de 19 anos, sagraramse vice-campeãs do mundo em duplo mini trampolim no Campeonato do Mundo de Ginástica de Trampolins e Tumbling, que se disputou em Inglaterra. Foi mais uma conquista importante a juntar a muitos outros títulos conquistados ao longo de uma carreira que começou quando tinham 11 anos de idade, no Clube de Trampolins de Salvaterra de Magos, onde treinam de segunda a sexta. Vivem na pequena aldeia da Fajarda, concelho de Coruche, e são já uma referência da ginástica acrobática em Portugal. Portugal. Não sentem muito apoio por parte da equipa da Selecção Nacional? Andreia - Eles olham mais para nós em termos de provas e resultados. São incapazes de virem a um treino para nos acompanharem ou apoiarem. E o que corre nos treinos não é normalmente o que corre nas competições... Ana - Eu estou sempre a representar antes de tudo o meu clube. Por parte da selecção só existe apoio naquele momento específico. Sentem muito apoio por parte da população da Fajarda onde vivem ou de Salvaterra de Magos onde treinam? Andreia - Na Fajarda algumas pessoas seguem e comentam. Mas não somos muito adeptas de ir aos cafés para sermos conhecidas. Em Salvaterra temos mais amigos e como os trampolins estão muito implementados por cá sentimos mais apoio. Ana - O nosso maior apoio é sem dúvida a nossa mãe que ainda hoje em dia fica à espera uma hora e meia que

o nosso treino acabe. No Inverno costuma chover no pavilhão e as temperaturas chegam aos zero graus. Com melhores condições, pensam que poderiam evoluir ainda mais na vossa carreira de ginastas? Andreia - É claro que melhores condições podem sempre ajudar. Precisávamos de aquecimento. Já aqui treinamos com dois graus negativos. Não estamos sempre a saltar porque o trampolim está sempre a ser usado por mais pessoas e basta parar por um ou dois minutos para arrefecer. Ana - E no Verão passamos por um calor que é insuportável. Este clube mereceria sem dúvida melhores condições. Um dos vossos objectivos era conseguirem o apuramento para os Jogos Olímpicos de 2012. Foi uma desilusão? Andreia - Ficaria triste se não tivesse treinado o suficiente. Este é um desporto que vive muito de um momento que pode correr bem ou não por muito que se treine. Estou já a pensar nos próximos jogos olímpicos.

Ana - Eu cá ando com “perda de saltos”, o que me deixa triste. É como se fosse uma branca. Sei fazer, mas chego à altura e não sai nada. Quase todos os atletas passam por isto e espero que esta minha fase que já dura há um ano passe depressa. Se imaginassem como seria esta vida de alta competição, teriam pensado duas vezes antes de se meterem nelas? Andreia - É claro que sim. Os trampolins deram-nos muita coisa. Já passamos por muitos países como Inglaterra, Dinamarca, Canadá, Rússia, China, Holanda ou Suécia. Conseguimos sempre arranjar um tempo para passearmos pelos sítios onde vamos. Crescemos mais depressa que as outras crianças. Não é fácil ter 11 ou 12 anos e estar noutro país, sem a mãe, com cuidado para não perder o passaporte. Tenho colegas que acho que ainda são umas crianças. Ana - Os trampolins sempre nos deram mais liberdade. Não estamos aqui contrariadas. Gostamos mesmo disto. O nosso maior castigo que sempre pudemos ter era não vir aos trampolins. Quando é que os trampolins vão ficar para trás? Ana - Não existe nenhuma idade para acabar a carreira. Mas eu penso continuar aí até aos 30 anos, depois quero constituir família. Andreia - Quando passarmos para a universidade vamos procurar outros clubes para continuar a treinar. Dos estágios e provas que vamos tendo já conhecemos praticamente todos os treinadores que existem na área. Paro quando deixar de sentir vontade e paixão em treinar.

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Associativismo

Sociedade Filarmónica Gualdim Pais nem outros vamos cobrar isso. Tem uma rotina muito marcada? Passo por aqui o dia. Chego de manhã às nove horas vejo o que há, a correspondência. Depois posso ir ler um livro, um jornal ou beber um café. Tomar é uma cidade suficientemente pequena para voltar rapidamente quando é necessário. Outras vezes, se há reuniões passo cá todo o dia. Esta casa precisaria quase de directores a tempo inteiro. Temos um orçamento de 1,5 milhões de euros e 60 funcionários do quadro, os restantes são de prestações de serviços. Este cenário é compatível com dirigismo amador? O problema aqui é ser bem feito ou mal feito, não com amador ou profissional. Tem que haver conhecimento grande do meio, perceber as coisas, para que em cada momento não estarmos fechados, estarmos abertos a inovações. Começámos a dar aulas de música a 50 crianças do primeiro ciclo sem que elas paguem nada, mas são os nossos potenciais alunos de ensino articulado no próximo ano.

“A minha paixão era não ver este mundo cão em que estamos a viver” Bruno Graça é presidente há mais de vinte anos e diz que o trabalho da Gualdim Pais é difícil de igualar Muito trabalho, muitos projectos concretizados e muita desilusão à mistura. É este o retrato da maior colectividade do concelho de Tomar, traçado por quem melhor conhece os cantos à casa. Uma visão crítica de alguém que não se limita a culpar o Governo e as entidades oficiais mas que põe o dedo nas nossas feridas seculares. “Falta cultura de rigor, qualidade e empenhamento neste país”, declara. Como é que aconteceu ser presidente da Sociedade Filarmónica Gualdim Pais antes do 25 de Abril de 1974? Era estudante do Instituto Superior Técnico de Lisboa e integrava um grupo de jovens de Tomar que lutava contra a guerra colonial e o fascismo. Aos fins-de28

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-semana vínhamos para Tomar, trazíamos máquinas de cinema do cineclube universitário, já havia grupo de teatro, e criámos um centro cultural dentro da SFGP. Os directores de então convidaram-me para a direcção e no ano seguinte fui convidado para ser presidente, que assumi durante mais de um ano, em 1972-1973. O trabalho foi interrompido pela tropa em Angola. Estava lá ainda no 25 de Abril. Era oficial de manutenção por causa do curso de engenharia. No regresso a Portugal entra na política. Andei pela UDP durante muitos anos como dirigente distrital e nacional quando a AD estava no poder. Acabei por estar quatro anos em lista do PS na assembleia municipal. Quando saí da assembleia, em 1986, voltaram a convidar-me para assumir a presidência da Gualdim Pais e tenho sido presidente desde então. Esta ligação à política, à Câmara de Tomar e à Gualdim Pais nunca trouxe

controvérsias? Sempre disse o que pensava. Quando cheguei era dirigente nacional da UDP e militante do PCPR. Mas não se dava bem com o anterior presidente de câmara, António Paiva. Não era com ele, era com as políticas dele que conduziram Tomar à situação em que está hoje. Mas foi no tempo dele que a câmara nos deu o terreno para a creche e jardim-de-infância e para o pavilhão. Sempre dissemos um ao outro tudo o que tínhamos a dizer, de olhos no olhos. Passa muito tempo na sede? Dispenso muitas horas. Quando era professor vinha ao fim de semana, mas sempre tive boa gente a acompanhar-me. Somos 14 directores. Ainda resta um da primeira direcção, o Carlos Joaquim. Uns já faleceram, outros saíram. Ganham-se ou perdem-se anos de vida num lugar como este? Se fazemos as coisas por gosto passamos os anos com satisfação. Não se ganha nada monetariamente, até se perde nalgumas coisas. Se for a Lisboa tratar de algum assunto ou almoçar fora, é óbvio que nem eu

ESCOLAS ARTÍSTICAS EM RISCO COM FINANCIAMENTO SEM REGULAMENTOS A nau Gualdim Pais é para manter em velocidade de cruzeiro, sem grandes aventuras? O grande problema neste momento é o não cumprimento por parte do Estado das suas obrigações. Temos um problema grave que é o ensino articulado porque o ministério não autoriza o pagamento de mensalidades nos cursos de música e dança. O Estado assumiu esse encargo através do Programa Operacional de Potencial Humano, do Quadro de Referência Estratégico Nacional, como se fosse uma qualquer acção de formação. Temos verbas a receber até 30 de Novembro de 2011, devem-nos quase 200 mil euros. É insuportável.


Há salários em atraso? Neste momento temos muitas dificuldades em pagar os vencimentos. Temos algumas linhas de crédito. Esta dívida tem a ver com o que já pagámos até Dezembro, agora simplesmente não temos o dinheiro. Vamos aguentando o barco com alguma engenharia para colmatar as coisas. Ou Governo e POPH assumem as suas responsabilidades ou as escolas artísticas das zonas deprimidas, com acesso ao POPH, vão fechar uma a uma. Pensa ficar muito mais tempo na presidência? Há um conjunto de situações que me leva a pensar seriamente em abandonar todas estas actividades de vez. Tem a ver com um olhar para trás, fazer balanço crítico, do que valeu e não valeu a pena. Tive sempre múltiplas actividades. Neste momento não tenho a paixão que tinha

Difícil de igualar Fundada em 28 de Março de 1877, a Sociedade Filarmónica Gualdim Pais (SFGP) teve por fim manter a actividade regular de uma banda filarmónica que preservou e desenvolveu até à actualidade. Com cerca de 3000 sócios, a popular colectividade de Tomar tomou uma grandeza difícil de igualar. Criou escolas vocacionais de música e de dança que reúnem, no seu conjunto, 480 alunos e 36 professores. A sede social, junto à biblioteca municipal e escola secundária, foi aberta em 1988. Na área desportiva eclodiram nas duas últimas décadas modalidades que têm projectado o nome de Tomar

Não há crise no associativismo. Por vezes há falta de empenhamento, de vontade ou de ideias mas o associativismo está vivo e é um dos pilares de qualquer sociedade porque representa a sua vitalidade e a capacidade dos seus cidadãos. A Sociedade Filarmónica Gualdim Pais de Tomar, fundada em 28 de Março de 1877 com o objectivo de manter uma banda filarmónica e implementar uma biblioteca, foi-se adaptando aos novos tempos e alargando a sua área de intervenção. Para além da banda, tem escolas vocacionais de música e dança, uma secção desportiva com judo, ginástica e natação, creche, jardim de infância e Centro de Actividades de Tempos Livres. quando comecei há 20 anos. Não será olhar demasiado para o próprio umbigo? Se calhar, mas faz sentido que se tenha colocado as escolas de música a serem financiadas pelo POPH sem ter um

pelo país e pelo estrangeiro - o judo, a ginástica e a natação. Movimentam cerca de 300 atletas e desportistas e têm como referências os campeões dos trampolins Nuno Merino e Ana Rente. A oferta social e educacional cresceu nos últimos anos. Em 2002 foi criado o Centro de Actividades de Tempos Livres para 70 crianças, mas a instituição também assegura o funcionamento das actividades de enriquecimento curricular de 30 escolas de I ciclo dos agrupamentos Gualdim Pais e Nuno Álvares Pereira. Em 2009, surgem a creche e jardim-de-infância que albergam 39 bebés e 49 crianças, num edifício de rés-do-chão e primeiro piso, em frente do qual vai ser criado

regulamento como deve de ser? É para acabar com elas? Mais vale dizerem que a partir do dia 31 de Agosto de 2012 não há financiamento para as escolas artísticas e o povo que decida se as quer ou não quer. Essas preocupações desgastam os

um parque infantil. O terreno onde foram erguidos os equipamentos conta com espaço suficiente para a construção do pavilhão gimnodesportivo, a maior ambição da SFGP no momento. O projecto está há muito aprovado na câmara, faltando reunir condições financeiras para que seja uma realidade e dote as modalidades de ginástica e trampolins de recinto à altura, mas também a música e dança de condições que não possuem na actual sede. Em 2011, o Centro de Estudos Superiores de Música e das Artes do Espectáculo foi criado para formar músicos que alimentassem a orquestra, o que está em stand-by. Acções

dirigentes? Em vez de pensarmos no novo pavilhão estamos preocupados com coisas com as quais não devíamos estar preocupados. É o desalento de um povo que deixa que as coisas aconteçam, que lamenta, mas não é capaz de dar um murro na mesa. Apetece-lhe dar um murro na mesa? Apetece-me, não resolvo é problema nenhum. Fico é com a mão aleijada! Somos de demasiados brandos costumes perante as dificuldades e os atropelos? Somos muito pouco rigorosos naquilo que fazemos. Temos uma cultura em que rigor, qualidade e empenhamento são muito ténues. A Gualdim Pais é a sua paixão? A minha paixão era não ver este mundo cão em que estamos a viver.

de formação e workshops de música são agora prioridades do CESMAE. A SFGP tem ainda tempo para organizar anualmente o Tomarimbando - Festival Internacional de Percussão de Tomar durante cinco dias. Com um orçamento de cerca de 1,5 milhões de euros, trabalham para o emblema tomarense mais de 90 pessoas, 60 das quais do quadro e os restantes em prestação de serviço. A SFGP já foi agraciada com medalhas de ouro, entre outras, da Federação Portuguesa de Colectividades de Cultura e Recreio, Federação Portuguesa de Ginástica, Cidade de Tomar e nomeada sócio de mérito da Associação de Patinagem do Ribatejo.

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Mais do mesmo A crise não é de agora nem o mundo começou a mudar repentinamente apenas nos últimos anos. Mas esses argumentos têm as costas largas para desculpar muito do que de errado se foi fazendo na gestão da coisa pública e privada, em suma, do que se foi fazendo no país e na região nestas últimas três décadas. Gastar mais do que o que se produz não pode conduzir uma nau a bom porto. E agora cá estamos todos para pagar as favas. É sob a ditadura da famigerada troika que o país anda a toque de caixa e a nossa região vai a reboque. A crise acentuou-se, o resgate financeiro do país obrigou as autarquias, as empresas e os portugueses a apertar o cinto e começou a vaticinar-se a extinção de freguesias e de municípios. Os governos civis, esses, já foram por água abaixo. Reformas estruturais reclamam-se e protestos adivinham-se à medida que forem anunciadas. A crise nas autarquias reflecte-se nos mais variados sectores. São as empresas que têm menos trabalho e encomendas e se vêem em palpos de aranha para receber das câmaras. São festas e manifestações culturais suprimidas porque não há dinheiro. São clubes desportivos a falir ou a abandonar as competições porque o suporte autárquico acabou. De tudo isso se falou nas páginas de O MIRANTE em 2011. A crise vai-nos obrigar a reconfi-

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gurar a nossa forma de ver e estar na vida e a apostar na prata da casa deixando de lado as megalomanias. Já nos está a obrigar a olhar para a terra de outra forma, como comprovam os vários projectos de hortas sociais que vão nascendo na região para ajudar quem mais necessita. É nestas alturas que urge cerrar fileiras e acicatar o sentido solidário e as manifestações de entreajuda que vão

aparecendo são exemplo disso. Como as cantinas escolares abertas nos períodos de férias escolares, ou as sucessivas campanhas de recolha de roupas e alimentos promovidas pelas mais diversas entidades e instituições. O país e a região necessitam de um sobressalto cívico colectivo. Precisam que nesta galé de escravos da troika e dos ditames dos mercados remem todos para o mesmo lado, para que o barco

A crise vai-nos obrigar a reconfigurar a nossa forma de ver e estar na vida e a apostar na prata da casa deixando de lado as megalomanias não ande às voltas e não saia do sítio. Porque nunca é tarde para (re) começar.


SOCIEDADE

Chegaram as portagens 6 de Janeiro A Ponte D. Luís, entre Santarém e Almeirim fecha totalmente ao trânsito para reparação, três anos depois de uma grande intervenção. Uma situação que deixou a população e comerciantes da Tapada (Almeirim) revoltada. Os autarcas das freguesias da Ribeira de Santarém e Almeirim também contestaram o corte total e queixaram-se de não serem ouvidos. Populações e autarcas consideravam que era possível manter o trânsito alternado numa faixa de rodagem. Na mesma altura O MIRANTE deu a conhecer que os cabos de pré-esforço que garantem a estabilidade do tabuleiro da ponte estavam a provocar fissuras nos pilares aos quais estão amarrados.

13 de Janeiro Uma moradora da Rua Tenente Valadim, em Santarém, teve que mudar de casa por causa do ruído causado pelo funcionamento do sistema de comunicações do comando da GNR. Guiomar Ferreira teve que ir para casa de uma irmã porque já não aguentava o ruído que a estava a deixar desesperada. A moradora

dizia que está com uma depressão que atribui à situação. O comando de Santarém já reportou a situação sete vezes para o comando geral da Guarda, mas ainda ninguém tinha resolvido o problema. A queixosa nunca mais voltou à casa.

20 de Janeiro A CP anunciou a suspensão do serviço de transporte de passageiros entre Coruche e Setil da linha de Vendas No-

vas, reactivado em Setembro de 2009, após cinco anos de interregno. Falta de procura e incumprimento do protocolo por parte dos municípios de Coruche, Cartaxo e Salvaterra de Magos, que tinham em atraso os pagamentos para ate-

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nuar os prejuízos de exploração da linha foram as razões apontadas pela CP. Os autarcas envolvidos ainda vieram dizer que tinham esperança em que o serviço não acabasse, mas os comboios não mais voltaram a circular na linha.

3 de Janeiro Nesta data, quando estava para começar o julgamento, O MIRANTE deu a conhecer que o jovem ciclista, João Paulo Amaral, que perdeu a vida num acidente de carro conduzido pelo pai quando ia para um treino mandou mensagens à namorada a dizer que o progenitor estava alcoolizado e que ia morrer, minutos antes de perder a vida. O pai do jovem foi julgado por homicídio por negligência. O Tribunal de Santarém acabou por condenar o pai do ciclista de Fazendas de Almeirim em um ano de prisão suspensa por igual período. O juiz deu como provado que António Amaral Rodrigues conduzia alcoolizado e com desatenção. Mas considerou que por não ter antecedentes e já ter perdido o filho é suficiente a ameaça de prisão.

24 de Março É assinado o protocolo entre a Câmara de Santarém e o Ministério da Justiça para a instalação nas antigas instalações da Escola Prática de Cavalaria dos tribunais da Propriedade Intelectual, da Concorrência, Regulação e Supervisão e o Tribunal do Comércio. E novas instalações e mais um juízo ao Tribunal do Trabalho da cidade. Em Outubro fica a saber-se que a autarquia entrega a uma empresa as obras de adaptação do edifí-

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cio abdicando das rendas que ia receber do ministério a favor da firma por não ter condições financeiras. Entretanto veio a saber-se que o Tribunal da Propriedade Intelectual já não vem para Santarém. Chegou a estar prevista também a criação de um tribunal da relação na cidade, ideia que também foi abandonada.

14 de Abril Um enfermeiro do Hospital de Santarém acusado de colocar o pénis nas

mãos de duas pacientes foi condenado a quatro anos de prisão, com a pena a ser suspensa por igual período. Apesar da condenação, o tribunal não impôs ao arguido a proibição do exercício da profissão. Após a leitura do acórdão no tribunal da cidade os ânimos exaltaram-se e uma das queixosas de 20 anos de idade foi insultada. Este caso esteve envolto em alguma polémica e um grupo de profissionais do hospital chegou a fazer um abaixo assinado a solidarizar-se com o colega quando o caso estava para jul-

gamento.

2 de Junho Uma auditoria denuncia a gestão despesista e pouca produtividade no Centro Hospitalar do Médio Tejo. A Inspecção Geral de Finanças (IGF) detecta também irregularidades no pagamento de trabalho suplementar a 88 médicos. A falta de entendimento entre os membros da administração é também realçado e considerada irreversível. A IGF recomendou


a implementação de uma estratégia global que centralize os serviços. Entretanto foi nomeada uma nova administração. O novo presidente do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), Joaquim Esperancinha, anunciou um plano de reestruturação com transferências e concentração de serviços que tem sido criticado por autarcas e comissão de utentes da saúde.

21 de Julho Um operário fabril da Golegã que atacou várias mulheres indefesas durante a noite e madrugada para as assaltar foi condenado pelo Tribunal de Torres Novas a 16 anos de prisão por crimes de furto, roubo, sequestro, coacção sexual e detenção de arma proibida. Paulo Fernandes, 34 anos, atacava as mulheres quando estas estacionavam ou saiam dos seus carros ou caminhavam na rua. O condenado atacava nos concelhos da Golegã, Torres Novas, Entroncamento e Chamusca e chegava a obrigar as mulheres a levantarem dinheiro nas caixas multibanco. Neste ano foi detido também um outro homem que atacou raparigas em Chamusca, Golegã e Abrantes e que está agora a ser julgado por crimes de importunação sexual e tentativa de rapto.

24 de Agosto Os médicos da Costa Rica colocados na região estavam a ganhar ordenado mas sem trabalharem há dois meses. Os clínicos não podiam dar consultas porque não tinham ainda regularizado o seu processo junto da Ordem dos Médicos. Só ao fim de cinco meses é que foi dada

autorização para o exercício da profissão nos concelhos de Almeirim, Torres Novas, Entroncamento, Chamusca e Salvaterra de Magos.

altura em que o curso estava para terminar e que iam ser colocados em esquadras da PSP. A Direcção Nacional da PSP decidiu enviar o caso para Ministério Público para procedimento criminal.

A Escola de Polícia em Torres Novas detectou que três alunos tinham falsificado os certificados de habilitações. Os alunos acabaram por ser expulsos numa

8 de Setembro

1 de Setembro

Inicia-se ao fim de oito anos o julgamento do caso do polícia que ficou des-

figurado ao ser atingido por uma peça de comboio. Paulo Monteiro disse na altura a O MIRANTE que já tinha feito 42 operações para reconstruir o rosto. Sem poder trabalhar, o agente ficou sem possibilidade de progredir na carreira e sem lhe ser contado o tempo de serviço. Está a ganhar um ordenado de cerca de 850 euros, praticamente o mesmo do início de profissão. Recentemente foi colocado

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indignado com o facto de a autarquia não lhe ter dado conhecimento.

num serviço da PSP no Porto onde não contacta com o público. O tribunal acabou por condenar já em 2012 três dos quatro funcionários da CP (Comboios de Portugal) que estavam a responder por ofensas à integridade física grave a um ano de prisão, tendo a execução da pena sido suspensa por igual período. Foi ainda decidido o pagamento de 45 mil euros a título de adiantamento da indemnização que há-de ser fixado no futuro.

15 de Dezembro Os trinta e dois Bombeiros Voluntários do Entroncamento que em Outubro pediram a passagem ao quadro de reserva e que por várias vezes afirmaram publicamente que não voltariam ao activo enquanto o presidente da direcção da Associação Humanitária não se demitisse, conseguiram o seu objectivo. Os corpos gerentes demitiram-se e os bombeiros voltaram ao activo, depois de a corporação ter estado praticamente inoperacional durante dois meses. O ano de 2011 teve vários casos polémicos envolvendo bombeiros, como é o caso dos ordenados em atraso nos Voluntários de Salvaterra de Magos e informações que apontam para má gestão da direcção. Os de Azambuja dispensaram sete elementos face às graves dificuldades financeiras que a corporação enfrenta. O comandante de Vialonga e a direcção envolveram-se num braço de ferro e o comandante deixou de aparecer no quartel.

29 de Setembro Nesta altura fica a saber-se que o IC3 na zona de Tomar passa a ser portajado. Tal como já estava decidido para a Auto-Estrada 23 (Torres Novas - Abrantes). A decisão causou surpresa e indignação de autarcas e utentes da estrada. Com o início da cobrança muitos automobilistas passaram a utilizar a Estrada Nacional 110.

20 de Outubro O Governo decide suspender a construção do Estabelecimento Prisional do Vale do Tejo, previsto para o concelho de Almeirim, e em contrapartida optou por ampliar a cadeia de Alcoentre, concelho de Azambuja, poupando assim perto de 45 milhões de euros. As obras neste estabelecimento vão permitir acolher mais 145 reclusos aumentando a lotação dos actuais 513 para 658 presos.

16 de Novembro Um ex-funcionário da Junta de Alcanhões, Santarém, perdeu a vida quando

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29 de Dezembro

foi atingido pelas paredes de um imóvel que ruiu na freguesia quando este passava no local de carro. O prédio que ruiu pertence à rede de lojas Coop que,

em Julho, tinha entrado em insolvência. A Câmara de Santarém demoliu na semana seguinte o que restava do edifício e o director da cooperativa mostrou-se

É conhecido o relatório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil sobre o prédio no Monte Gordo, Vila Franca de Xira, que está a tombar para a via pública. O laboratório concluiu que o prédio pode ruir a qualquer momento e que é preciso fazer obras urgentes no local. O caso já se arrasta há vários anos.


ECONOMIA

Insolvências 6 de Janeiro A Estalagem Vale Manso, unidade hoteleira de cinco estrelas situada junto à barragem de Castelo do Bode, em Abrantes, reabriu ao público na noite de passagem de ano após um investimento de 1,5 milhões de euros. Encerrada desde Fevereiro de 2009 depois de ter entrado em processo de insolvência, a venda da estalagem decorreu de um leilão realizado em Julho de 2010 para pagamento de dívidas tendo a proposta mais alta sido a de 1 milhão e 250 mil euros.

6 de Janeiro A IFM-Platex, empresa madeireira localizada em Valbom, Tomar, que esteve em processo de insolvência em 2010, arrancou com a sua laboração, ainda que a meio gás. O plano de viabilização previa a manutenção de 98 dos 165 postos de trabalho.

13 de Janeiro Em tempos de crise em que os empresários retraem o investimento, o empresário Joaquim Louro contraria a tendência e investe numa nova unidade de linha de montagem de estofos. A fá-

brica, localizada na Zona Industrial de Santarém, emprega cerca de 250 pessoas sendo que produz estofos - sofás e colchões - para exportação.

um milhão de euros mas não apareceu qualquer proposta.

3 de Março

Depois de 15 anos à frente da direcção da Associação Empresarial da Região de Santarém - NERSANT, José Eduardo Carvalho saiu para assumir a presidência da Associação Industrial Portuguesa. Na hora da despedida, o dirigente realçou o

Gorou-se a segunda tentativa de venda das instalações da Adega Cooperativa da Chamusca, que deixou de laborar no Verão de 2007. O preço base era de

10 de Março

facto de a NERSANT ter vivido um dos melhores anos de sempre em termos de resultados económico-financeiros. Salomé Rafael que exercia o cargo de vice-presidente, foi eleita para substituir José Eduardo Carvalho.

14 de Abril A Câmara de Alpiarça decidiu encerrar a empresa municipal Patudos -

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Investimentos Agrícolas - que desde o início nunca teve qualquer tipo de actividade. O executivo municipal confirma que a autarquia tem uma multa para pagar de cerca de 700 euros referente aos segundo, terceiro e quarto trimestres de actividade em 2009. A Patudos _ Investimentos Agrícolas E.M. foi criada em 2005, durante o mandato do presidente Joaquim Rosa do Céu (PS), com “carácter de urgência” para viabilizar economicamente a cooperativa AgroAlpiarça.

12 de Maio Foi anunciada a venda da CACER Cooperativa Agrícola do Centro Ribatejano -, com sede em Almeirim por não ser possível aguentar o passivo que foi acumulando ao longo dos anos. Na altura do anúncio as dívidas ultrapassavam um milhão de euros.

30 de Junho A Federação de Agricultores do Ribatejo (FAR) diz que vai pedir ao Ministério da Agricultura que declare “estado de calamidade pública” para as culturas da vinha e do tomate na Região. As condições meteorológicas, sobretudo as chuvas fortes e o calor intenso que se fizeram sentir nos meses de Abril e Maio, provocaram estragos na região. O pedido não foi atendido.

4 de Agosto

18 de Agosto

O Tribunal de Ourém declarou insolvente a empresa Aquino Construções, S.A.

A Companhia Nacional de Fiação e Tecidos de Torres Novas chegou ao fim e o património da empresa vai ser

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vendido. O destino da fábrica centenária foi decidido pelos credores que reclamam mais de 12 milhões de euros de dívidas e que não aceitaram o plano de reestruturação da empresa que fabricava essencialmente atoalhados

e roupões em tecido turco. Aos 142 trabalhadores, alguns dos quais já tinham pedido a suspensão dos contratos de trabalho por terem salários em atraso, resta agora esperar pela venda do património para receberem or-


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denados e indemnizações pelos anos de trabalho.

de uma carpintaria vizinha e faz parte de um longo processo judicial.

8 de Setembro

3 de Novembro

Uma providência cautelar interposta no Tribunal de Torres Novas voltou a obrigar a organização de agricultores Agromais a suspender a actividade nos secadores de milho que possui em Riachos. Em causa está a alegada poluição da atmosfera provocada pelas carepas do milho (películas avermelhadas que seguram o grão ao carolo) que estes equipamentos, aparentemente, não vedam com eficácia. A nova acção foi movida em 2010 pelo proprietário

Ao fim de 11 anos de lutas burocráticas e administrativas foi inaugurada a Área de Localização Empresarial (ALE) de Rio Maior, situada junto ao nó de acesso à auto-estrada A15. Onze milhões e meio de euros é quanto representa a primeira fase de investimento na ALE de Rio Maior, com 19,76 hectares de área e 21 lotes constituídos, de um projecto global que inclui 65 hectares e 76 lotes.

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POLITÍCA

O ano de Miguel Relvas 21 Abril Em Abril os principais partidos anunciam os seus cabeças de lista às legislativas de Junho de 2011. No círculo de Santarém Miguel Relvas regressa pelo PSD, o PS aposta no então ministro da Agricultura António Serrano e a CDU, o CDS e o BE repetem como número um António Filipe, Filipe Lobo d’Ávila e José Gusmão. O PSD acabou por ser o grande vencedor das legislativas de 5 de Junho, elegendo cinco deputados, o PS ficou-se pelos três, a CDU e o CDS mantiveram o seu representante e o Bloco de Esquerda perdeu o deputado por Santarém.

12 Maio Paulo Caldas assume em Maio que não vai exercer o cargo de presidente da Câmara do Cartaxo até ao fim e prepara a entrega do poder ao seu vice-presidente, Paulo Varanda, para este poder preparar a sua candidatura às autárquicas de 2013. A renúncia ao mandato de Paulo Caldas processa-se no final de Outubro. Paulo Varanda assume a presidência.

2 Junho O Tribunal de Contas chumbou o contrato de venda de 49 por cento do capital

da empresa municipal Águas de Santarém e com isso impede a Câmara de Santarém de encaixar 15 milhões de euros. O presidente da autarquia reconhece que

essa decisão adia por mais alguns meses o alívio da tesouraria” municipal, mas acrescenta que tem “pouco significado” na execução dos projectos de saneamen-

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to básico que estão em curso. É um claro revés político de Moita Flores.

9 Junho O presidente da Câmara Municipal de Ourém, Paulo Fonseca (PS), passa a liderar Turismo de Leiria-Fátima, sem remuneração, acumulando com as funções autárquicas. Um cargo que tem os dias contados, pois o novo Governo anuncia meses mais tarde que essa será uma das regiões de turismo a extinguir.

23 Junho Miguel Relvas, presidente da Assembleia Municipal de Tomar, é empossado como ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares e passa a ser um dos homens fortes do novo Governo PSD/ CDS liderado por Pedro Passos Coelho.

30 Junho O vice-presidente da Câmara de Salvaterra de Magos, César Peixe (BE), renuncia ao mandato, alegadamente por razões pessoais. Na oposição há quem não fique muito convencido. Manuel António das Neves sobe a vereador e é nomeado vice-presidente.

30 Junho Sónia Sanfona fica para a história como a última pessoa a ocupar o cargo de governador civil de Santarém. O novo Governo não nomeia novos governadores e anuncia a extinção desse organismo. Sónia Sanfona volta em Outubro a ocupar o cargo de vereadora da oposição

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na Câmara de Alpiarça, lugar que deixou no início do mandato, no final de 2009, para assumir o cargo em Santarém.

28 Julho Acusações de traição agitam cúpulas da distrital de Santarém do PSD. O te-

soureiro António Campos demite-se por divergências políticas com o presidente Vasco Cunha. Em causa estão ainda divergências no âmbito do processo de escolha dos candidatos a deputados nas últimas legislativas. Vasco Cunha diz que não admite traições. António Campos diz quem quem atraiçoou o partido

foi Vasco Cunha e desafia-o a demitir-se.

22 Setembro Há uma luta pelo poder entre a maioria socialista na Câmara de Almeirim. O presidente da autarquia, Sousa Gomes (PS), reconhece essa realidade a O MIRANTE e


admite que há uma disputa entre o vereador José Carlos Silva e o vice-presidente Pedro Ribeiro. Na cidade fala-se à boca cheia que o polémico José Carlos Silva quer ser candidato à presidência do município nas eleições de 2013, mas confrontado com a situação o autarca remete-se ao silêncio. Pedro Ribeiro, que neste mandato viu as suas competências reforçadas e é apontado pelos militantes do PS como o candidato natural, não quer fazer comentários.

4 de Outubro Divergências insanáveis com o presidente da câmara, Jaime Ramos (PSD), estiveram na origem da demissão do vereador da Câmara Municipal do Entroncamento, João Fanha Vieira (PSD), que exercia, desde o início do actual mandato, o cargo de vice-presidente. Kelly Silva (PSD) assumiu a vaga na vereação, assumindo o cargo a meio tempo.

11 Outubro Os autarcas da oposição na Câmara e na Assembleia Municipal do Cartaxo não comparecem à cerimónia de inauguração do Parque Central do Cartaxo, que contou com a presença do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva. O PSD do Cartaxo alega que a presença de Cavaco Silva “indicia” que a Presidência da República “não estará em posse de toda a informação sobre a real situação económico-financeira da autarquia, cuja dívida ascende a mais de 50 milhões de euros, nem tão pouco sobre um conjunto de processos judiciais” que envolvem o presidente da Câmara do Cartaxo, Paulo Caldas (PS).

1 Dezembro Termina a coligação PSD/PS em Tomar e adensam-se rumores sobre a renúncia iminente do presidente da câmara, que está ausente por doença. Corvêlo de Sousa (PSD) suspende entretanto o mandato por 60 dias o que adensa os rumores de que não voltará ao cargo. Carlos Carrão assume a presidência e oposição une-se contra o orçamento. A crise política em Tomar está instalada.

8 Dezembro A presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha (PS), retira pelouros a dois vereadores da Coligação Novo Rumo (PSD/CDS-PP/MPT/PPM). O terceiro vereador da coligação, João de Carvalho, renuncia ao seu dias mais tarde. Acaba assim o acordo entre a maioria socialista na Câmara de Vila Franca de Xira e a coligação para a governação da autarquia.

O PS fica a partir daí à mercê da oposição.

22 Dezembro

Verifica-se uma reduzida participação popular no referendo que disse não à concessão a privados do estacionamento tarifado no Cartaxo. Campanha teve a particularidade de contar com apelo ao “não” de todos os partidos com assento nos órgãos autárquicos. Executivo municipal garante que vai respeitar a vontade popular.

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CULTURA

O adeus a José Niza no centenário de Alves Redol 3 de Fevereiro Um documentário sobre Alves Redol produzido por Francisco Manso com o apoio da Central de Cervejas, exposições, feiras do livro, colóquios, sessões de leitura e reedição de algumas das obras do autor foram alguns dos destaques das comemorações do centenário do nascimento de Alves Redol anunciados no início do ano na terra Natal do escritor vilafranquense que haveriam de prolongar-se até Janeiro de 2012 em Vila Franca de Xira. Se fosse vivo o mestre escultor Martins Correia, natural da Golegã, teria comemorado em Fevereiro 101 anos. No mesmo dia deveriam terminar doze meses de actividades destinadas a assinalar o centenário do nascimento do artista plástico, anunciadas pelo presidente da Câmara da Golegã, Veiga Maltez (PS), mas que nunca passaram das intenções. A falha foi mais sentida porque chegou a ser equacionada a inauguração de uma escultura criada a partir da representação de um cavalo feito pelo mestre Martins Correia. O presidente da Academia Nacional de Belas Artes, António Valdemar, considera que a “censura” à medalha escolhida para evocar os 100 anos que passam sobre o 5 de Outubro de 1910 é uma “mancha nas comemorações do centenário da República”. O jornalista e investigador falou no Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira a 29 de Janeiro, sobre “A República e a sua expressão simbólica, antes e depois da Revolução de 5 de Outubro de 1910” e terminou abordando a “medalha censurada” do escultor João Duarte - vencedor do concurso alusivo ao centenário da República - mas que não foi editada. A forma triangular, associada à maçonaria, foi uma das razões apontadas para a decisão.

3 de Março A mulher que enfrentou toiros com capote na arena também canta o fado. Ana Maria d’ Azambuja foi homenageada a 5 de Março pela Escola de Fado, secção do Centro Cultural Azambujense, e voltou a subir ao palco para interpretar a canção portuguesa. A homenagem, integrada na VI grande noite ribatejana, animada por danças de salão, fado e fandango, decorreu nas instalações da Associação Cultural “A Poisada do Campino”. A sessão contou com a participação de fadistas amigos da homenageada e de guitarristas.

10 de Março “Maria Lucília Moita - Imenso Mundo de Dentro” é um documentário de silêncios, cumplicidades e olhares poéticos sobre a pintura, poesia, palavra e memória. Mariana Castro e Sílvio Santana filmaram durante um ano um documentário de 50 minutos sobre uma das pintoras naturalistas mais importantes do país, que foi este ano eleita Personalidade do Ano de O MIRANTE na área da Cultura e que viria a falecer ainda nesse ano a 22 de Agosto. 42

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31 de Março Um gravador e um bloco de notas sempre à mão eram as ferramentas imprescindíveis de Álvaro Pina Rodrigues sempre que ia para o terreno recolher material para a pesquisa sobre a cultura e tradição do concelho de Almeirim. A recolha foi feita na década de 50. Quando se deslocava a Fazendas de Almeirim, muitas vezes levava consigo uma bateria para o gravador porque a electricidade ainda não tinha chegado à localidade. Da recolha feita pelo estudioso e apaixonado pela cultura tradicional da terra onde nasceu em 1914 resultou o livro “Cultura Popular em Almeirim” que foi apresentado a 26 de Março no auditório da Biblioteca Municipal Marquesa de Cadaval, em Almeirim. O toureiro Mário Coelho foi surpreendido pelos amigos com uma festa inesperada no dia em que completou 75 anos - 25 de Março. O auditório da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira encheu-se de convidados que felicitaram o matador de toiros nascido na cidade. Mário Coelho agradeceu a festa e confessou que se sente bem com “a bonita idade de 75 anos”. Congratulou-se por gozar de uma memória fresca e ter o “computador humano” a funcionar em pleno. Para não se deixar impressionar com as rugas do rosto decidiu abolir uma peça do mobiliário e revelou que não tem espelhos em casa. A companheira, Helena Guerra, foi cúmplice na organização da festa surpresa.

5 de Maio Júlio Pomar tinha 23 anos quando em 1949 ilustrou um livro de poesia de Sidónio Muralha com música de Francine Benoit. O livro “Bichos, Bichinhos e Bicharocos”, reeditado em 2010 pela editora Althum, foi apresentado no Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca

de Xira. Aos 85 anos o pintor de cabelo e barba brancos confessou que faz um esforço para não mostrar que ainda é um menino.

2 de Junho Manuel da Fonseca contava a vida com as palavras certas. Sentava-se à

mesa com pescadores, camponeses e um copo de vinho e ouvia histórias. Tinha a extraordinária capacidade de ouvir. Não era o escritor com os pezinhos quentes que escrevia aconchegado numa manta a falar de uma pessoa que está a passar frio. Ele tinha que viver as coisas. A exposição “Manuel da Fonseca, por todas as estradas do mun-

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do”, patente no Museu do Neo-Realismo, assinalou o centenário do nascimento do escritor.

22 de Junho O pólo da Fundação José Saramago na Azinhaga, aldeia natal do escritor, recebeu cerca de 7.000 visitantes desde a inauguração, em 2008, sobretudo portugueses, mas também muitos espanhóis e brasileiros interessados em conhecer as origens do Nobel. O pólo da Fundação José Saramago acolhe no piso térreo uma livraria, o cibercafé, os serviços administrativos, e no primeiro andar pode ser visitado um pequeno museu com objectos que pertenceram aos avós maternos do Nobel da Literatura.

30 de Junho O cineasta Fernando Lopes regressou à terra da sua infância para ser homenageado pelo município. O realizador de filmes como “Belarmino” (1964) ou “O Delfim” (2002) viveu até aos 12 anos em Ourém. De passagem pelo concelho para receber a medalha de ouro municipal recordou a O MIRANTE a terra que conheceu nos seus primeiros anos e onde aprendeu a amar o cinema.

11 de Agosto Ana Rita sonhava com uma casaca azul para a noite da sua alternativa. Apareceu ao público em tons de cinza suave. A cor disponível no alfaiate da Amadora onde comprou o fato a prestações. Ainda assim o cinzento brilhou mais do que qualquer outra cor no Coliseu do Redondo na noite de 5 de Agosto que aplaudiu de pé a lide da cavaleira de 22 anos, residente em Vale do Brejo, Aveiras de Cima, Azambuja. O padrinho, Manuel Jorge de Oliveira, concedeu-lhe a alternativa que a consagrou cavaleira profissional.

22 de Setembro Em 2011 o Festival Internacional de Teatro para a Infância e Juventude (FITIJ), que habitualmente se realizava de dois em dois anos em Santarém, passou a chamar-se Teatrinfesta e não teve grupos estrangeiros por não haver dinheiro para suportar as despesas. O programa contou apenas com a participação de grupos nacionais de Santarém, Entroncamento e Ovar. Carlos Oliveira (Chona), da direcção do Teatrinho de Santarém, grupo que organiza o evento, apresentou o programa possível para um evento que conquistou notoriedade a nível nacional.

29 de Setembro E depois do adeus fica a obra do compositor, músico, médico e ex-deputado socialista, do político que se bateu por causas como o serviço nacional de saúde e a divulgação da música portuguesa. José Niza, 73 anos, foi a enterrar no cemitério de Santarém a 24 de Setembro. No último adeus ao homem que escreveu a canção “E depois do adeus”, uma das senhas para a revolução do 25 de Abril, estiveram muitos amigos da luta pela liberdade, das artes, da política e da vida. A despedida de um homem simples, sereno e humanista fez-se ao som de muitas palmas e dessa música popularizada na voz de Paulo de Carvalho, interpretada pela banda da Gançaria (Santarém).

3 de Novembro O MIRANTE foi ao encontro do miúdo que encantou Alves Redol e o inspirou a escrever “Constantino, guardador de vacas e de sonhos”. Constantino Caralinda tem 62 anos. A idade tolda-lhe o físico mas não apaga as memórias de uma infância tornada célebre pelo escritor de Vila Franca de Xira. Guarda boas memórias da infância com Redol e confessa que o escritor “era uma lapa” que não o deixava brincar em paz. 44

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DESPORTO

Boas notícias a nível internacional 13 de Janeiro A jovem invisual Cátia Travessa ficou em segundo lugar no campeonato nacional de karaté. A falta de visão é compensada pela determinação e perseverança. Cátia frequenta o 12º ano da área de Humanidades e ainda não decidiu se quer ser psicóloga, advogada ou enveredar pela actividade política. A jovem invisual pratica artes marciais no clube de Foros de Salvaterra.

3 de Fevereiro O União Desportiva Vilafranquense continua com uma situação financeira complicada e viu penhorado, por parte das Finanças, o pavilhão do clube, situado no jardim Constantino Palha, em Vila Franca de Xira. Apesar do cenário negro o actual presidente, Joaquim Pedrosa, acredita que o UDV vai conseguir dar a volta à crise.

10 de Fevereiro Não há condições de socorro em caso de acidentes nos jogos de futebol jovem. Os clubes são obrigados a ter uma maca no campo para retirar os jogadores lesionados, mas depois não há uma ambulância no local para os transportar para os hospitais. Clubes e bombeiros reconhecem a necessidade de existirem ambulâncias nos campos mas não há dinheiro para pagar o serviço dos bombeiros.

25 de Abril

19 de Maio

O Sport Lisboa e Cartaxo conquistou o título de campeão distrital de futebol. No jogo que decidiu a atribuição do título a equipa da Associação Desportiva Fazendense recusou fazer de “cabeçudo”, por isso, foi preciso sofrer e esperar pelo último apito do árbitro para começar a festa que depois se prolongou pela tarde e noite no Cartaxo.

O Clube Desportivo de Torres Novas bateu a equipa do Sport Lisboa e Cartaxo e conquistou a Taça do Ribatejo. A partida decorreu no Estádio Municipal de Rio Maior, numa tarde onde o sol brilhou e as bancadas do estádio estavam com pouco público mas que chegou para abrilhantar a final da Taça. Foi a primeira vez que os torrejanos venceram este troféu.

5 de Maio

2 de Junho

Edifício administrativo do Estádio de Coruche foi inaugurado e colocado ao serviço do Grupo Desportivo “O Coruchense”. A obra foi concluída ao fim de um longo processo.

A dupla de atletas ribatejanos Nuno Merino / Diogo Ganchinho venceu a final de Trampolim Sincronizado (homens) da Taça do Mundo da Rússia, realizada em São Petersburgo. Depois de terem assegurado um lugar nos oito finalistas

os ginastas lusos estiveram melhor que a concorrência e saltaram para o lugar mais alto do pódio, que além do troféu de ouro, também garantiu um prémio monetário e mais 50 pontos para o Ranking 2011. O Grupo Desportivo e Recreativo de Monsanto juntou o título de Campeão Nacional de Futebol da Terceira Divisão à subida à Segunda Divisão Nacional. Terminando da melhor maneira uma época em cheio. Festa rija dentro e fora do relvado de Alcanena só terminou em Monsanto.

16 de Junho Federação de Atletismo deixou Vera Santos fora do Mundial de Marcha. A

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atleta riomaiorense foi a mais rápida em 2011 e a única portuguesa a fazer os 20 quilómetros abaixo da 1h30m.

2 de Julho Hóquei Clube “Os Tigres” de Almeirim conseguiram o feito de juntar à subida ao escalão maior do hóquei nacional a conquista do título de Campeão Nacional da Segunda Divisão. A equipa almeirinense sagrou-se Campeão Nacional de Hóquei em Patins da Segunda Divisão ao derrotar no Pavilhão Alfredo Bento Calado a equipa do Clube Infante de Sagres por 7-3, suplantando assim o resultado da primeira mão disputado no Porto, onde a equipa nortenha tinha vencido 7-4.

4 de Agosto José Canelo foi o atleta português mais medalhado nos Campeonatos Mundiais de Veteranos que se disputaram de 6 a 17 de Junho, em Sacramento, Califórnia, Estados Unidos da América. Aos 86 anos o atleta do Entroncamento contribuiu com quatro medalhas de ouro para o pecúlio de 19 medalhas alcançadas pela representação e para o 9º lugar colectivo de Portugal.

29 de Setembro O Clube Desportivo de Torres Novas venceu o Sport Lisboa e Cartaxo por 2-0 na final da Supertaça do Ribatejo, Taça Dr. Alves Vieira, e conquistou o troféu. O futebol praticado pelas duas equipas foi de boa qualidade e chegou a entu-

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siasmar os cerca de quatro centenas de adeptos presentes, na noite do dia 21 de Setembro, no Estádio D. Manuel de Mello, em Almeirim.

13 de Outubro Fernando Pombo conquistou a medalha de bronze. Mariana Pombo foi mais além e trouxe a medalha de ouro. Avô e neta representam oficialmente o Núcleo Sportinguista do Concelho da Golegã. Desta vez foram a Gijon (Espanha) defender as cores da Selecção Nacional de Duatlo e não se fizeram rogados. Deram

o melhor de si próprios e Mariana Pombo subiu ao lugar mais alto do pódio e trouxe consigo a medalha de ouro do escalão de cadetes femininos. Fernando Pombo foi terceiro no escalão entre os 60 e os 64 anos e exibe com orgulho a medalha de bronze.

3 de Novembro Mais de dois mil atletas participaram na meia maratona e 5 quilómetros de Almeirim, provas que se realizaram no domingo de manhã. Na prova principal, que apurava a equipa campeã europeia de atletismo

em estrada, Hermano Ferreira da Conforlimpa e Dulce Félix, do Maratona, foram os melhores no sector masculino e feminino, respectivamente. A equipa do Maratona Clube de Portugal sagrou-se Campeã Europeia de Estrada nas duas vertentes.

16 de Novembro Juventude Ouriense suspendeu o hóquei sénior por falta de condições financeiras. Mas o Juventude Ouriense não é apenas hóquei. O clube continua no desporto com equipas de patinagem artística, futsal e natação.


A canoísta do Clube Desportivo “Os Patos”, Francisca Laia, venceu o prémio de Promessa do Ano 2011 da Confederação do Desporto de Portugal, destacando-se como a eleita entre cinco finalistas daquela categoria com base numa votação online (60 por cento) e num júri nomeado (40 por cento).

24 de Novembro A equipa portuguesa de duplo mini trampolim (DMT) composta pelas ginastas Andreia Robalo e Ana Robalo, ambas do Clube de Trampolins de Salvaterra de Magos, Sílvia Saiote e Joana Pereira esteve em bom plano no Campeonato do Mundo de Ginástica de Trampolins e Tumbling, que se disputou em Inglaterra, e conquistaram a medalha de prata, sagrando-se vice-campeã do Mundo.

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