PERSONALIDADES DO ANO 2011

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SUPLEMENTO ESPECIAL PERSONALIDADES DO ANO 2011 - Este suplemento faz parte integrante da edição nº 1025 deste jornal e não pode ser vendido separadamente

SEMANÁRIO REGIONAL - DIÁRIO ONLINE

Foi uma festa de casa cheia. Os amigos responderam ao convite. Os amigos dos distinguidos não quiseram faltar. Empresários, gestores, membros do Clube de Leitores, autarcas, deputados e dirigentes de vários organismos marcaram presença. O MIRANTE trabalha em todos os concelhos do distrito de Santarém e nos concelhos de Azambuja e Vila Franca de Xira no norte do distrito de Lisboa. Muitos convidados percorreram longas distâncias para estar connosco. E no dia seguinte foi dia de trabalho.


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23 FEVEREIRO 2012 | O MIRANTE

Personalidades do Ano são quem nos obriga a estar à altura das nossas responsabilidades

Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares fez o elogio público dos que com ele subiram ao palco

Manuel Jorge de Oliveira (ao centro) com o presidente da Câmara da Golegã, Veiga Maltez e Alberto Bastos, director editorial de O MIRANTE

Catarina Marcelino recebe o prémio das mãos de Orlando Ferreira, administrador da Rodoviária do Tejo e Hermínio Martinho, director da empresa Tecnovia

Em Tomar, no cine-teatro Paraíso, os distinguidos por O MIRANTE não se ficaram pelos agradecimentos e palavras de circunstância. Alguns discursos foram mobilizadores. Outros inspiradores. Álvaro Pinto Correia, prémio Vida fez a surpresa de ler em palco o essencial da linha editorial de O MIRANTE, publicado na sua primeira edição, a 16 de Novembro de 1987: “Quem nos conhece sabe que somos persistentes, que não voltamos as costas ao que se tornou difícil e que não fazemos o elogio da mediocridade”.

-Teatro Paraíso, em Tomar, enchendo a casa. A cerimónia foi abrilhantada com a actuação dos músicos da Associação Canto Firme de Tomar. O governante, braço direito do actual primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, confessou que não gosta de receber distinções. Só aceitou receber o prémio e conceder uma entrevista a O MIRANTE

O MIRANTE voltou a reconhecer o mérito das grandes personalidades e obras da região: o árbitro de futebol, as meninas campeãs dos trampolins, a jovem que leva o fado aos quatro cantos do mundo e o cavaleiro tauromáquico que gosta de ajudar os melhores. Álvaro Pinto Correia, prémio Vida, declarou aos 79 anos que está disposto a continuar a trabalhar. Os políticos aplaudiram. Os premiados na área da Cidadania e Associativismo também. As Personalidades do Ano distinguidas pelo Jornal O MIRANTE simbolizam as grandes obras e pessoas da região e do país. “São aqueles que trabalham direc-

tamente para os outros e nos obrigam a saber estar à altura das nossas responsabilidades”. As palavras são do ministro dos Assuntos Parlamentares e presidente da Assembleia Municipal de Tomar, Miguel Relvas, que discursou ao receber o prémio Personalidade do Ano, na cerimónia que decorreu ao final da tarde de quinta-feira, 16 de Fevereiro, no Cine-

com a condição de que fosse conduzida pelo actual director, Alberto Bastos, e pelo director-geral, Joaquim António Emídio, que o entrevistaram há 20 anos de forma a que a coerência das suas palavras fosse confirmada. O prémio de política foi para o presidente da Câmara Municipal de Benavente, António José Ganhão (CDU), que

O presidente do IEFP, Octávio Oliveira, e a presidente da Câmara de Rio Maior, Isaura Morais, entregam o prémio ao Choral Phydellius


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O MIRANTE | 23 FEVEREIRO 2012 cumpre o nono mandato à frente da autarquia aos 66 anos. Só o limite de mandatos o impede de voltar a candidatar-se. O autarca prometeu guardar a distinção na “gaveta esquerda do coração onde guarda as melhores coisas da sua vida” que lhe dão forças para continuar a trabalhar pelo bem estar das populações. Partilhou a distinção com amigos que o ajudaram a crescer enquanto ser humano e autarca e não esqueceu funcionários, dirigentes e vereadores. No feminino, também na área da política, a premiada foi Lucília Vieira. Depois de acumular uma vasta experiência no Instituto de Emprego e Formação Profissional, onde assumiu cargos de direcção, chegou à Câmara de Ourém em 2009. “Procuro desempenhar o meu papel com rigor, tomar decisões com equidade e justiça, como acho que todos devemos fazer”, discursou. Agradeceu a Octávio Oliveira, o primeiro “grande chefe” com quem aprendeu muito do que sabe, aos profissionais do centro de emprego, à equipa na câmara, à família e a Sandra, o seu braço direito na empresa. Dedicou o prémio à mãe. Manuel Jorge de Oliveira, cavaleiro tauromáquico com mais de 30 anos de carreira, nascido em Azambuja e a residir no Cartaxo, sentiu-se lisonjeado por receber o prémio da tauromaquia já que toda a vida viveu rodeado de cavalos e toiros. Declarou-se defensor das tradições portuguesas e mesmo no estrangeiro sempre o seu país. “Nunca neguei nada daquilo que somos e os resultados têm sido positivos tanto que muitos estrangeiros são aficionados”, ilustrou. A Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, premiada pelo trabalho na área do associativismo, foi fundada em 28 de Março de 1877 com o objectivo de manter uma banda filarmónica e implementar uma biblioteca. O representante da direcção da Sociedade agradeceu o prémio dirigido a toda a instituição, incluindo directores, funcionários e sócios da associação. O representante da associação agradeceu o prémio entregue à colectividade que representa também o reconhecimento pelo “papel que o movimento associativo tem desempenhado ao longo das décadas acompanhando as transformações sociais do país”. Júlio Clérigo, presidente do Choral Phydellius, confessou-se surpreso pelo facto de ver reconhecido o mérito cultural da associação que nunca se colocou em bicos dos pés. “Se alguém nos viu no meio da multidão foi porque nós lá estávamos”. O dirigente lembrou uma frase de São Paulo para ilustrar a filosofia do Choral Phydellius que soube junto dos mais variados estratos sociais angariar gente para construir o projecto. “Fiz-me fraco com os fracos, fiz-me grande com os grandes e fiz-me pobre com os pobres para ganhar alguns deles”, citou lembrando que vale a pena dedicar a vida a uma causa por um caminho que trilham há 55 anos. O prémio Vida coube a Álvaro Pinto Correia, 79 anos, engenheiro de formação, que desempenhou funções como secretário de Estado da Construção Civil e da Habitação e Urbanismo, foi administrador da Caixa Geral de Depósitos e administrador não executivo da Sociedade

Direcção da Gualdim Pais com a vereadora da Câmara de Tomar, Rosário Simóes e o presidente da Câmara da Chamusca, Sérgio Carrinho Hidroeléctrica de Cahora Bassa. “Toda esta vida foi longa. Fui chamado a fazer muita coisa e digo com muita franqueza que tudo o que fiz foi com muito gosto. Ainda estou disponível para fazer mais coisas”, disse aproveitando para elogiar o jornal. Tirando do bolso um papel, leu as palavras que o fundador de O MIRANTE e actual director-geral, Joaquim António Emídio, escreveu na primeira edição, saída a 16 de Novembro de 1987: “Quem nos conhece sabe que somos persistentes, que não voltamos as coisas ao que se tornou difícil e que não fazemos o elogio da mediocridade”. Álvaro Pinto Correia confirmou que este tem sido o lema do jornal e dos jornalistas de O MIRANTE. “É um jornal informativo de grande qualidade. O informativo passa a formativo por dar informação de qualidade, actualizada e independente. Ajuda a formar as pessoas que o lêem que ficam munidas de informação para tomar as decisões quando têm que as tomar”, enalteceu.

Lucília Vieira ladeada pelo presidente da Associação Portuguesa de Imprensa, João Palmeiro e o deputado Vasco Cunha

Álvaro Pinto Correia (à direita) recebe o prémio das mãos de José Eduardo Carvalho, presidente da Associação Industrial Portuguesa e Joaquim Emídio, director geral de O MIRANTE


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23 FEVEREIRO 2012 | O MIRANTE

O árbitro, as meninas que saltam e a jovem que canta o fado

As gémeas Ana e Andreia Robalo com o presidente da Câmara de Coruche, Dionísio Mendes e Salomé Rafael, presidente da Nersant

Joana Amendoeira com o director do centro de Saúde da Chamusca, Artur Barbosa, e Eugénio de Almeida, presidente do Politécnico de Tomar

Impulso revolucionário precisa-se quando parecemos todos embalagens de supermercado “Às vezes parece que o país parou no tempo e que somos quase todos embalagens dos supermercados Continente e Pingo Doce. Não é o caso das pessoas e das instituições que distinguimos”. O director-geral de O MIRANTE, Joaquim António Emídio, assinalou o início de mais uma cerimónia de entrega dos prémios Personalidade do Ano lamentando que falte “impulso criativo, revolucionário no bom sentido da palavra, que já teve dias bem melhores e protagonistas muito mais entusiastas”. Joaquim António Emídio dispensou os “paninhos quentes” no discurso e foi realista: “Isto está mau para os jornais e para a comunicação social em geral. Apesar da assinatura de O MIRANTE

ser das mais baratas do mundo, o pessoal está a cortar-se nas despesas e lê o jornal no café ou na taberna poupando uns trocos com a assinatura. Isto para não falar nas receitas da publicidade que, como todos sabem, é a primeira medida de contenção nas empresas em tempo de crise ou maiores dificuldades”, constatou. Como é que em tempos de vacas magras é então possível subir a um palco e partilhar desta forma tão despudorada os efeitos da crise que se atravessa? “O MIRANTE é um jornal que faz a diferença na forma como pratica o jornalismo de proximidade e sustenta-se numa empresa que se organiza na prática das melhores regras de gestão”,

Catarina Marcelino, a directora técnica da Fundação Madre Luiza Andaluz, instituição de Santarém que acolhe crianças do sexo feminino abandonadas ou provenientes de famílias disfuncionais, levou para casa o prémio cidadania mas recebeu-o declarando humildemente que mais não fez do que o seu trabalho para o merecer. “Acho muito bonito que um jornal valorize coisas tão simples. Nós devíamos ser assim. Eu, o árbitro, as meninas que saltam e a que canta o fado. É a nossa vida e só faz sentido se for vivida com entrega”. Catarina Marcelino sublinhou que o

André Gralha recebe o prémio das mãos do presidente da Câmara de Tomar, Carlos Carrão, e do presidente da Câmara de Almeirim Sousa Gomes justificou. Há dez anos o jornal era dos maiores beneficiários do país de um sistema de apoio do Governo ao envio de jornais pelo correio designado Porte Pago. Hoje continua a editar e a enviar as edições pelo correio mas saiu por vontade própria do sistema depois de ter negociado com os CTT melhores preços no mercado. Ainda a troika era uma ameaça já se falava alemão na redacção de O MIRANTE e nos outros departamentos onde se aprende todos os dias a organizar e reorganizar para não perder o mercado da publicidade como o anterior Governo perdeu as eleições e o actual se vê grego para levar a água ao seu moinho, disse Joaquim António Emídio. “Há quatro anos, quando a crise começou a fazer-se sentir, fizemos uma parceria com o Expresso que nos garante uma distribuição semanal de

dez mil exemplares pelos leitores sem um cêntimo de custo. Para quem não sabe o grande desafio de uma publicação não é só a constituição de uma boa redacção nem a impressão do jornal mas sim os custos e a eficiência da distribuição”, confidenciou. Organizar a iniciativa e premiar personalidades e instituições é uma forma de mostrar trabalho enquanto “maior elo de ligação entre uma vasta região que está para lá e para cá do Tejo mas também às portas do Oeste ou paredes meias com o Alentejo”. “Temos muito orgulho em distinguir as pessoas e as instituições que ajudam a fazer a diferença e são parceiros deste trabalho e desta vontade leonina de mostrar serviço para que não nos chamem nomes feios como nos tempos de má memória que ainda hoje limitam a nossa vida democrática e nos afastam dos melhores padrões de cultura e civismo europeus”, concluiu.


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O MIRANTE | 23 FEVEREIRO 2012

“Os municípios não são ilhas isoladas” António José Ganhão defendeu a intermunicipalidade como caminho a seguir

Miguel Relvas recebe o prémio Personalidade do Ano das mãos do amigo Duarte Nuno Vasconcelos e Joaquim Emídio, director geral de O MIRANTE prémio que recebeu é de todos com quem trabalha já que só foi possível “porque existe uma fundação Luísa Andaluz, porque existem meninas, porque existe uma congregação, porque existe uma família e muitos amigos. A directora recordou um pensamento de Luísa Andaluz para quem um “doce programa de vida é “fazer o bem à imitação do mestre divino, tornar felizes os que nos rodeiam”. André Gralha, premiado no desporto masculino, agradeceu o prémio e elogiou O MIRANTE pela audácia de distinguir um árbitro de futebol, classe que tem sido falada nos últimos tempos a nível nacional não pelas melhores razões. “Um árbitro de futebol é normalmente assobiado e a maior parte das vezes criticado”, discursou agradecendo a instituições, como o Inatel, a Associação de Futebol de Santarém e a Federação Portuguesa de Futebol. Dedicou o prémio aos amigos e à família, em particular ao pai e tio, também árbitros. As irmãs gémeas Ana e Andreia Robalo, prémio desporto no feminino, vi-

ce-campeãs do mundo em duplo mini trampolim no Campeonato do Mundo de Ginástica de Trampolins e Tumbling, que se disputou em Inglaterra, integram o Clube de Trampolins de Salvaterra de Magos mas vivem na aldeia da Fajarda, concelho de Coruche. Agradeceram à família e à Câmara Municipal de Coruche que ajudou a pagar algumas viagens ao estrangeiro em que as atletas representaram Portugal, bem como à Câmara de Salvaterra, dirigentes associativos, treinadores e amigos que as ajudaram a enfrentar as vicissitudes de uma lesão ou o medo de falhar um salto. Joana Amendoeira, 29 anos, prémio cultura feminino, é considerada um dos novos rostos do fado embora já pise os palcos há muitos anos e seja uma intérprete sobejamente conhecida em Portugal. A fadista de Santarém, que consolidou a sua carreira internacional em 2011, agradeceu a O MIRANTE a entrega aos artistas ribatejanos e dedicou o prémio a todos “os intervenientes do universo do fado do Ribatejo que dão cartas em todo o país e no mundo”.

O premiado António José Ganhão com o secretário de estado, Feliciano Barreiras Duarte e o Administrador da CIMLT, António Torres Os municípios não podem ser os bodes expiatórios da crise ou os maus da fita até porque de acordo com as contas públicas de 2010 não contribuíram em um cêntimo para o défice público do país. Quem o garante com clareza é o presidente da Câmara Municipal de Benavente, António José Ganhão (CDU), vice-presidente do conselho directivo da Associação Nacional dos Municípios Portugueses e membro do conselho de administração da empresa intermunicipal Águas do Ribatejo. “Há situações a corrigir mas é com o aprofundamento da proximidade que podemos concretizar melhor o plano de contingência perante a situação grave que o país atravessa”, defendeu apelando ao contributo de todos para que seja possível seguir os caminhos que são necessários para que o país ultrapasse a situação. “Sou

daqueles que não desistirá. Sou daqueles que não baixará os braços perante as dificuldades”, garantiu. O autarca, premiado na área da política, tem desbravado com outros presidentes de câmara os caminhos da intermunicipalidade fundamentais para que os recursos de um país pobre sejam melhor geridos. “Os municípios não são ilhas isoladas. Não terminam na extrema onde se colocam os marcos dos respectivos municípios. Não podemos continuar a cometer erros. Cada Plano Director Municipal consagrou uma área industrial. Os fundos comunitários foram canalizados para lá e hoje muitas dessas áreas industriais são cemitérios”, exemplificou aludindo à nova estratégia de colaboração entre municípios vizinhos e de investimentos comuns que deseja ver, finalmente, implementada.


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23 FEVEREIRO 2012 | O MIRANTE

Há um limite para os sacrifícios ou vale tudo em nome do equilíbrio das contas públicas? O MIRANTE ouviu alguns convidados sobre a situação que se vive em Portugal. A pergunta colocada foi a seguinte: “A primeira prioridade do Governo é o equilíbrio das contas públicas. Para atingir esse objectivo estão a ser tomadas

medidas que afectam os cidadãos e todos os dias são anunciados novos sacrifícios. Sendo este objectivo considerado essencial para o país tudo deve ser subordinado a ele? Qual o limite que o Governo deve impor a si próprio?”

Luís Arrais, administrador da Scalabisport

Jaime Ramos, presidente da Câmara do Entroncamento

“Espero que valham a pena os sacrifícios que nos estão a ser impostos”

Não sendo economista, o presidente da empresa municipal que gere o complexo desportivo de Santarém sempre vai dizendo que, pelas informações que lhe vão chegando, não existe outro caminho senão o da austeridade. Segundo Luís Arrais todas as pessoas gostariam de estar a passar por uma situação de maior conforto do que a que se vive actualmente mas entende que o resultado terá de ser positivo. “Vamos ter de fazer estes sacrifícios para depois obtermos a recompensa que é termos as contas em dia, um dos grandes problemas que Portugal atravessa”, refere. Admite que exista um limite para os sacrifícios implementados mas defende que o Governo não tem outras medidas para encarrilar o país. “Sou funcionário público e estou a sofrer como toda a gente. Espero que valham a pena os sacrifícios que nos estão a ser impostos”, conclui.

Francisco Vieira

Ilídio Lopes, presidente Escola Superior de Gestão de Santarém

Maria Celeste Sousa - directora da Escola Secundária de Santa Maria do Olival (Tomar)

“Os sacrifícios que estão “Temos que começar a ser pedidos não vão a olhar mais para as resolver o problema” pessoas do que para os números”

O presidente da Escola Superior de Gestão de Santarém, Ilídio Lopes, não acredita que as medidas que estão a ser tomadas pelo Governo para equilibrar as contas públicas estejam a ajudar o país. “Todos os sacrifícios que estão a pedir aos portugueses são precisamente contrários ao que é preciso realizar para promover o relançamento económico. Precisávamos de outras medidas que não passassem pela retracção do consumo que conduz necessariamente a uma retracção do crescimento que depois tem consequências a nível nacional e europeu”, considera. Ilídio Lopes acha que o Governo deveria aplicar estas medidas a toda a sociedade e não centrar-se apenas nos funcionários públicos. A justiça, a saúde ou a educação são alguns sectores fundamentais que estão a ser descurados, na opinião do presidente, e que contribuem para agudizar os desequilíbrios sociais.

“Sinto desmoronarem-se as condições de alguns dos nossos alunos”

À frente da Câmara do Entroncamento, Jaime Ramos considera que a economia precisa de um estímulo a par das medidas de austeridade que estão a ser postas em prática pelo Governo. Reconhece que o objectivo de consolidar as contas públicas é fundamental mas considera que as câmaras municipais têm de ter as mesmas concessões que estão a obter algumas empresas públicas. “Acima de tudo ao nível de empréstimos, para que possamos pagar aos fornecedores que estão credores há mais de 90 dias”, exemplifica. Sobre se os sacrifícios devem ter um limite, Jaime Ramos diz que a população ainda vai sofrer mais medidas de austeridade mas considera que se tem de começar a olhar mais para as pessoas do que para números. “Temos de ajudar a economia e as pequenas empresas, sempre na perspectiva das pessoas, que são a mola real da economia desta país. Mas também tenho feito sentir entre os meus colaboradores que se estamos a fazer sacrifícios agora é para que de futuro eles não venham a ser ainda maiores”, realça.

A directora da Escola Secundária de Santa Maria do Olival, em Tomar, diz que a maior parte das medidas que o governo está a tomar para equilibrar as contas são essenciais mas considera que há limites que devem ser considerados. “Todos temos consciência que a nossa situação financeira é grave e que são necessários sacrifícios para conseguirmos uma situação de equilíbrio mas não vale tudo para atingir esse objectivo”, afirma. Maria Celeste Sousa sente, como funcionária pública que é, as medidas de austeridade e chama a atenção para a necessidade de traçar alguns limites. “Não se pode exigir demasiado. As pessoas com mais possibilidades devem descontar, ao contrário de quem aufere um salário mais baixo e mal tem dinheiro para as suas necessidades mais básicas. “No meu trabalho já sinto um certo desmoronamento em relação às condições de alguns dos nossos alunos. Isso preocupa-me imenso e temos projectos já em marcha para podermos compensar a nível alimentar os alunos que mais precisarem”, informa.

Américo Oliveira


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O MIRANTE | 23 FEVEREIRO 2012

Octávio Oliveira, presidente do Instituto de Emprego e Formação Profissional

Dionísio Mendes - presidente da Câmara Municipal de Coruche

José Eduardo Carvalho, presidente da Associação Industrial Portuguesa

Padre Mário Duarte, Paróquia de Santa Maria dos Olivais (Tomar)

Cumprir o objectivo das contas públicas sem esquecer a economia e o emprego

“Tem que se dar esperança às pessoas e fazer crescer a economia”

“O povo tem percebido os governantes mas convém não esticar a corda”

O presidente do Instituto de Emprego e Formação Profissional considera que o equilíbrio da equação entre pôr as contas públicas em dia e honrar os compromissos assumidos por um lado, e a criação de emprego e criação de condições de equidade que não faça disparar o nível do desemprego, é a chave para alcançar os objectivos. Octávio Oliveira admite que os compromissos assumidos e algumas das medidas têm uma expressão negativa do lado do emprego e da economia mas que cabe fazer, neste início de ano, os reajustamentos necessários à realidade. “Encontrando um conjunto de medidas que minorem os problemas do desemprego e estimulem a actividade económica. O programa Estímulo 2012 tem como objectivo estimular as empresas para a criação de postos de trabalho. É neste equilíbrio de medidas que têm a ver com as contas públicas e outras com o estímulo à actividade económica que se tem de fazer o balanceamento”, defende o presidente do IEFP. Quanto ao papel da entidade que dirige, defende que deve encontrar soluções para empregados e desempregados, melhorando o seu nível de qualificação, para voltarem ao mercado de trabalho e ao serviço da economia e da sociedade.

O presidente da Câmara Municipal de Coruche, Dionísio Mendes, reconhece que é importante equilibrar as contas públicas, desde que não se fique também escravo dessa obrigação. “A economia deve continuar a ser o motor da sociedade e devemos continuar a reforçar a actividade económica através do apoio às pequenas e médias empresas, por exemplo. O sistema bancário precisa de voltar a injectar dinheiro na economia”. O autarca verifica que o país está a ficar “paralisado”, o que gera desemprego, contestação social e um mau estar e desânimo muito grande. Na sua opinião os sacrifícios não podem ser só pedidos aos funcionários públicos e deve-se nesse sentido procurar um maior equilíbrio. “Tem de se dar esperança às pessoas e criar condições para que a economia cresça. O desenvolvimento económico trará menos desemprego, especialmente para os mais jovens que terminam as suas licenciaturas e continuam sem respostas”. Dionísio Mendes aconselha, contudo, os portugueses a manterem a esperança que tudo vai melhorar.

“Não sei se será possível conter a despesa pública sem haver despedimentos da administração pública e local”

Ilídio Lopes, Eduarda Reis e Luís Arrais

Nas palavras de José Eduardo Carvalho o Governo tem um desafio complicadíssimo e complexo que é, ao mesmo tempo, reduzir a despesa pública e reformar o Estado colocando ainda a economia a crescer. “É uma tarefa muito complicada. Será que é possível reduzir despesa pública sem haver despedimentos na administração pública e local? É um caso a pensar seriamente”, deixa no ar o presidente da Associação Industrial Portuguesa e ex-presidente da Nersant - Associação Empresarial da Região de Santarém. Considera que as medidas de austeridade aplicadas são as correctas para o momento que se vive e que não podíamos passar sem elas mas interroga-se sobre a sua duração. “Quanto tempo é que isto demorará? Isso depende de um conjunto de factores, que tem mais a ver com a componente externa do que interna mas existe um consenso generalizado de que há necessidade de mais tempo e de um reforço do apoio da ajuda externa. Para isso temos que cumprir os compromissos assumidos, nos períodos acordados”. Quanto a medidas para libertar a economia, José Eduardo Carvalho defende uma flexibilização do período de desavalancagem financeira que os bancos fazão repercutir nas empresas, que não estão preparadas para tal.

Grupo de amigas da instituição Madre Andaluz

À frente da Paróquia de Santa Maria dos Olivais, em Tomar, o padre Mário Duarte tem lidado com cada vez mais pessoas em dificuldades para fazer face aos pagamentos mais urgentes, recorrendo a amigos, familiares e à Cáritas. A situação a que chegou o país, com os sacrifícios impostos pelo Governo, leva a que considere que, para já, o povo tem aceite com calma e serenidade as medidas, acreditando em quem está a governar, mas deixa o aviso. “Convém não esticar muito a corda para que aquilo que está a acontecer na Grécia nunca ocorra no nosso país. Todos percebemos que estamos numa situação difícil mas não podem ser sempre os mesmos a pagar. Aquilo que se pretende é que a gestão das contas públicas seja feita tendo em conta o bem dos cidadãos”, alerta. Para Mário Duarte a situação que se vive é fruto de, ao longo dos anos, muita gente ter abusado dos fundos públicos para um tipo de política megalómana, mais própria de países ricos do que de um país de Estado Social. “Construímos demasiados castelos e elefantes brancos e agora pagamos todos as consequências”, analisa.

Sérgio Carrinho e José Manuel Sampaio


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23 FEVEREIRO 2012 | O MIRANTE

Carlos Carrão e Artur Trindade

Joaquim Esperancinha e Fernando Jesus

Álvaro Pinto Correia, esposa e filhas

Mário Albuquerque e José Eduardo Marçal

Augusto Lopes e Rosa Santos

Carlos Carrão e Tiago Carrão

Isilda Aguincha e Jaime Ramos

Jorge Pires e sua esposa Ofélia Sousa

Artur Barbosa e a esposa Filomena Barbosa

Carlos Gorgulho e Joaquim Emídio

Joana Amendoeira e os pais

Rui Manhoso e Francisco Jerónimo


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O MIRANTE | 23 FEVEREIRO 2012

João Pita Soares e Susana Pita Soares

Luís Delgado e António Prelhaz

João Ventura e Rita Ventura

Nuno Serra, Carina João e Vasco Cunha

Carlos Monteiro e Florbela Monteiro

Lucília Vieira e Rosa Nascimento

Jorge Pisca e Paulo Neves

Eugénio Almeida e João Artur Rosa

Isaura Morais e Vanda Nunes

Fátima Galhardo, Dionísio Mendes e Pedro Orvalho

Pedro Ribeiro e Joana Emídio

José Eduardo Carvalho com Álvaro Pinto Correia e família


10 | PERSONALIDADES DO ANO 2011

23 FEVEREIRO 2012 | O MIRANTE

João Filipe e Hermínio Martinho

José Matos Rosa

Paulo Fonseca

Manuel e Maria Helena dos Santos

Hermínio Fonseca

António Vicente

António José Ganhão e sua esposa Maria Ganhão

Manuel Jorge de Oliveira e sua esposa Zulmira Oliveira

Joaquim Sampaio com a esposa Maria Antónia Sampaio e uma amiga da fundação Madre Andaluz

José Veiga Maltez, acompanhado pelos vereadores Rui Medinas, Pires Cardoso e Ana Isabel Caixinha

Alguns elementos do Choral Phydellius

João Victal


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O MIRANTE | 23 FEVEREIRO 2012

João Lourenço

Orlando Ferreira e sua esposa Silvina Pedroso

António Campos, Salomé Rafael e Joaquim Emídio

Feliciano Barreiras Duarte e Duarte Nuno Vasconcelos

Ricardo Gonçalves, Carlos Coutinho e Nuno Serra

Ramiro Matos

Rosário Simões e José Perfeito

André Gralha com alguns dos amigos que o acompanharam

Grupo de pessoas que se juntou à porta do cine-teatro algumas das quais estariam a protestar contra reestruturação do Centro Hospitalar do Médio Tejo

Actuação dos alunos do Curso Profissional de Instrumentistas da Associação Canto Firme


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