PMENEWS MAIO 2011

Page 1

NEWS PME

Especial SOLUÇÕES DE SEGURANÇA E VIGILÂNCIA Pág. VIII

ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DOS JORNAIS OJE, O MIRANTE E VIDA ECONÓMICA

SEXTA-FEIRA, 27 DE MAIO DE 2011

CGD lança instrumentos de apoio às exportadoras ▲

INTERNACIONALIZAÇÃO

A CAIXA Geral de Depósitos (CGD) está a apoiar as empresas com vocação exportadora, “como factor decisivo de sustentabilidade para o tecido empresarial nacional e para a economia do País”, salientou ao PME NEWS fonte oficial da instituição. O acesso a créditos documentários e remessas documentárias de exportação é um dos mais importantes instrumentos disponibilizados pelo banco público e visa “reforçar a segurança das operações, reduzindo-lhes a margem de desvio e risco”.

No primeiro caso, garante-se “o bom pagamento ao exportador” com condições especiais em África (PALOP) e Ásia (China). Em ambos os casos, “poderão antecipar-se receitas de exportação – com menores prazos de recebimento e maior possibilidade de fundos para novas exportações”. Paralelamente, a Caixa promove um conjunto de acordos e linhas concessionais que visam apoiar a exportação nacional de bens de capital e serviços para mercados emergentes ou em vias de desenvolvimento, integrando-as nos planos de desenvolvimento local e garantias partilhadas com os seus respec-

Anubis expande no Reino Unido ▲

INTERNACIONALIZAÇÃO

A ANUBISNETWORKS, empresa portuguesa especialista em soluções de segurança IT, para Internet Service Providers, operadores de telecomunicações e empresas, está a abrir o seu segundo escritório no Reino Unido em Reading, concretizando mais um passo na sua estratégia de internacionalização. O primeiro escritório da AnubisNetworks no Reino Unido foi aberto em 2010, seguindo-se a entrada na Alemanha e em Espanha. “Prevemos que num futuro próximo possamos continuar a aumentar a nossa presença internacional”, afirmou ao PME NEWS, o CEO da AnubisNetworks, Francisco Fonseca. Líder de mercado em segurança informática de correio electrónico em Portugal, a AnubisNetworks conquistou o seu primeiro grande cliente internacional, um operador global de telecomunicações móveis com mais de 120.000 colaboradores, em 2009. Este negócio tornou imperativo a conquista de novos mercados, permitindo acom-

panhar o crescimento Internacional da empresa. “A conquista deste negócio foi fundamental para se avançar com a estratégia de internacionalização da AnubisNetworks. A consolidação da nossa presença no mercado português e o facto de oferecermos soluções tecnológicas a nível global, leva-nos a enveredar por uma estratégia de internacionalização para vários países”, salienta Francisco Fonseca. O reconhecimento desta bem sucedida estratégia de internacionalização veio recentemente, com a atribuição do prémio ‘Business Internationalisation Award’, entregue pelo UK Trade & Investment. A AnubisNetworks foi fundada em 2006 e é uma empresa privada de capital nacional, que surgiu pelas mãos de especialistas em segurança informática e serviços de correio electrónico. Tem como missão contribuir para tornar a Internet um local seguro para estar e comunicar. Entre os seus principais accionistas encontram-se o grupo de promotores e a InovCapital.

tivos Estados – nomeadamente em projectos de infra-estruturas. Também com “claro efeito na contenção do risco”, a CGD celebrou acordos com instituições supranacionais em mercados de risco mais elevado. Em alternativa, a empresa pode ainda recorrer às linhas Trade Finance (com abertura de cartas de crédito ao importador, orientam-se para a exportação de mercadorias e permitem eliminar o risco de recebimento, bem como proceder ao adiantamento das cartas de crédito) que lhe permitem negociar condições de pagamento com fornecedores ao mesmo tempo que garan-

tem o total recebimento das suas exportações – não só para África, como também para a Ásia; América, Europa Central e Europa Oriental. Como forma de atender à exposição às mudanças das taxas de câmbio e taxas de juro locais, a Caixa disponibiliza igualmente garantias e avales bancários na ordem externa. A Caixa está presente em 23 países, que são responsáveis por cerca de 80% das exportações nacionais. A sua rede de 450 agências é reforçada por um vasto conjunto de acordos multilaterais com bancos supranacionais como o BEI, BERD, IFC, KFW e CEB.

A direcção da AEBA, presidida por Manuel Pontes (Coveni), inclui conhecidos empresários portugueses, com realce para Luís Portela (BIAL), Filipe Vila Nova (Salsa Jeans), José Manuel Fernandes (FREZITE) e Pedro Silva (Ricon).

ENTREVISTA

INOVAÇÃO: Polisport internacionaliza cadeirinha “Bilby”

Enrique Santos O presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola defende que é importante que as marcas portuguesas se “espanholizem” ou se internacionalizem ao máximo e que os produtos e serviços oferecidos ao mercado espanhol representem um valor acrescentado claramente perceptível em Espanha Págs. VI e VII

FIBERSENSING

A DESIGNER Vanda Amor junto da cadeira porta-bebés “Bilby”, desenhada pela Grandesign para a marca Polisport. Este acessório inovador está a ser comercializado por esta PME porFoto DR tuguesa em vários países, entre os quais França, Alemanha, Suécia e Japão.

Empresários do Baixo Ave projectam incubadora A PROMOÇÃO de uma incubadora de empresas regional e multissectorial constitui um dos projectos prioritários da nova direcção da Associação Empresarial do Baixo Ave (AEBA), cuja estratégia passa igualmente por uma “forte aposta na consultoria e formação”.

PUB

A criação da incubadora insere-se no objectivo estratégico de “reforço da competitividade do tecido empresarial do Baixo Ave, criando mecanismos de suporte para as empresas competirem no mercado global”. A AEBA foi constituída em 2000 por

um conjunto de 17 empresários, tendo vindo a assumir uma importância crescente na região. Actualmente, reúne mais de meia centena de empresas, tendo registado um volume de negócios superior a dois milhões de euros em 2010.

Esta PME portuguesa vai fornecer a sua tecnologia de sensores de Bragg em fibra óptica ao projecto internacional ITER Pág. V

EMPREENDEDORES Conheça os negócios das start ups Sakprojecto, Korange e Waydip, vencedoras da 2º edição do concurso da Associação Industrial da Região de Viseu Pág. x e XII


SEXTA-FEIRA 27 de Maio de 2011

II

NOTÍCIAS

Isabel Neves & Associados faz parceria ibérica ADVOGADOS A SOCIEDADE de advogados portuguesa Isabel Neves & Associados, especializada no apoio à criação, consolidação e desenvolvimento de empresas, estabeleceu uma parceria com a sua congénere espanhola Área Global Abogados & Consultores. Esta parceria tem como objectivo a criação de uma plataforma ibérica para responder, em especial, ao mercado das PME nos dois países. “A crescente procura por parte de clientes espanhóis motivou-nos para estreitar laços de cooperação com profissionais desse país”, tendo levado à “constituição formal de uma parceria com uma sociedade de advogados que partilhasse a nossa visão e

filosofia e que tem grande experiência junto de empresas de média dimensão com presença internacional”, explica a advogada Isabel Neves. A responsável pela firma portuguesa salienta em comunicado que “esta plataforma ibérica distingue-se de outros escritórios estabelecidos em Portugal e Espanha” justamente pelo seu posicionamento para PME, uma vez a concorrência dá “resposta a outro tipo de mercado e empresas, em especial grandes multinacionais”. As duas sociedades contam com uma equipa de profissionais dedicados a diferentes disciplinas legais, com o objectivo de oferecer “um aconselhamento de qualidade que responde com a maior precisão às necessidades dos clientes”.

NET lança espaço de partilha para empreendedores

Vodafone procura start ups na área da internet móvel EMPREENDEDORISMO DECORRE até 12 de Junho o prazo de entrega de candidaturas ao concurso Vodafone Mobile Clicks que visa “encontrar e premiar as melhores start-ups com projectos na área de Internet Móvel a nível europeu”. A formalização das candidaturas é feita online. Os cinco melhores candidatos identificados nesta fase nacional do concurso terão de apresentar os seus projectos a um júri numa sessão que se realizará dia 26 de Julho na sede da Vodafone Portugal. O júri, constituído por dois representantes da Vodafone Portugal e quatro elementos nacionais e internacionais (Pedro Oliveira – director da “Exame Informática” e Stuff Portugal, Mário Valente – partner da Maverick SGPS e gestor do fundo de risco Seed Capital, Rudy de Waelle – criador da Mobile 2.0 Europe e Yuri VanGeest – fundador do Mobile Monday e TEDx de Amesterdão), privilegiará factores como originalidade e

inovação, viabilidade técnica e financeira, valor para os utilizadores e qualidade da equipa de gestão. Desta ronda sairá o finalista português, que se juntará aos seis finalistas dos restantes países na final do Vodafone Mobile Clicks 2011, que decorrerá de 14 a 16 de Setembro no festival PICNIC, em Amesterdão. A Vodafone Portugal participa nesta iniciativa pelo segundo ano consecutivo, tendo o vencedor da final do ano passado sido o representante português: a CardMobili. A edição de 2011 vai contar com um número recorde de sete países participantes (Alemanha, Espanha, Holanda, Irlanda, Portugal, Reino Unido e Turquia) que irão, cada um, seleccionar uma start-up para participar na final internacional, de onde sairão os três vencedores. A Vodafone vai atribuir um total de 225 000 euros em prémios, estando reservados 150 000 euros para o primeiro classificado, 50 000 euros para o segundo e 25 000 euros para o terceiro.

BIODIVERSIDADE 2011: BES premeia as PME mais sustentáveis do ano

A NET – Novas Empresas e Tecnologias, Business and Innovation do Porto (BIC Porto) está a disponibilizar gratuitamente um espaço de “coworking” nas suas instalações aos empreendedores que participem no EIBTnet, programa de apoio à criação de Empresas Inovadoras e de Base Tecnológica, apoiado pelo ON2 – O Novo Norte, que decorre até 31 de Março de 2012. Trata-se de um open space partilhado, o que, segundo a NET, “traz a vantagem da sinergia de conhecimentos, troca de experiências e criação de parcerias”. Aí, o empreendedor dispõe de “um posto de trabalho onde desenvolve o seu projecto, o plano de negócios e todas as actividades inerentes à criação ou consolidação da sua empresa”.

A AEP – Associação Empresarial de Portugal está a organizar uma missão empresarial ao México, que terá lugar na Cidade do México de 3 a 8 de Julho. Segunda maior economia da América Latina, com uma expectativa de crescimento de 4% para os próximos dois anos, bem como um aumento do consumo privado, a economia mexicana reveste-se de grande atractividade para a internacionalização dos produtos e serviços nacionais, destaca a AEP na sua página oficial. A missão ao México insere-se no projecto de promoção de Portugal e das empresas exportadoras portuguesas nos mercados internacionais, que a AEP definiu como prioridade.

Geosolve debate engenharia e construção CONSTRUÇÃO

CIFIAL quer reforçar posição nos EUA TORNEIRAS

O PRESIDENTE DO BES, Ricardo Salgado, com Macedo Vieira, administrador da Lipor, premiada com uma menção honrosa no BES Biodiversidade 2011. O concurso, que foi vencido, ex aequo, pelos projectos de um banco de dados de extractos naturais desenvolvido pela Bioalvo e de conservação de pastagens ricas em leguminosas da empresa Fertiprado e do Instituto Nacional de Recursos Biológicos, atribuiu também uma menção honrosa ao projecto Planeta Vivo. Foto Victor Machado

Bcp premeia microempresário

FÓRUM

MICROCRÉDITO

O FÓRUM Excelência Portugal 2011 realizar-se-á a 27, 28 e 29 de Junho no Museu do Oriente, em Lisboa, reunindo três eventos: o 36.º Colóquio da Qualidade, a Conferência BPM (Business Process Management) Lisbon 2011 e o 2.º Encontro SPQS (Sociedade Portuguesa de Qualidade em Saúde). O encontro é organizado pela Associação Portuguesa para a Qualidade (APQ).

EXPORTAÇÕES

A GEOSOLVE e o grupo ISQ vão realizar, nos dias 31 de Maio, no Taguspark em Lisboa, e 1 de Junho, no Porto, um seminário prático sobre a realização de ensaios de carga dinâmica em estacas. O encontro destina-se preferencialmente a engenheiros civis ou outros técnicos de formação superior a desenvolver actividades na área da construção, estudantes de Engenharia e de áreas relacionadas com a construção.

INOVAÇÃO

Junho é mês de “excelência na qualidade”

AEP promove PME nacionais no México

O MICROEMPREENDEDOR Nelson Verdades foi o vencedor do prémio pecuniário de 45 mil euros lançado pelo Millenniumbcp a quem apresentasse o melhor projecto de negócio, no âmbito do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. Em comunicado, o Millenniumbcp informa que o negócio de Nelson Verdades consiste na concretização de um escritório de arquitectura em

Almada e que, dada a sua deficiência, o microempreendedor “pretende desenvolver todos os projectos e prestações de serviço na área da consultoria e remodelação de espaços, no sentido de proteger as pessoas portadoras de deficiência, que representam 10% da população nacional”. Além do prémio, o micoempreendedor poderá ainda usufruir de uma linha de financiamento complementar concedida ao abrigo das regras de microcrédito do Millennium bcp.

O microcrédito é considerado um instrumento eficaz no combate à pobreza e à exclusão social, por ser um instrumento potenciador do empreendedorismo, da redução da subsídiodependência e do combate ao desemprego. Através do microcrédito, segmento em que é líder em Portugal, o Millennium bcp já apoiou a criação de 2075 negócios, que geraram aproximadamente 3205 novos postos de trabalho.

A CIFIAL, empresa portuguesa que fabrica e comercializa soluções completas de banho (torneiras, cerâmicas, mobiliário) e sistemas integrados para portas (ferragens, puxadores, fechaduras, controlo de acesso electrónico) reforçou a sua posição no mercado dos Estados Unidos da América através da introdução de novas linhas de ferragens e da apresentação de novos produtos de banho. Os novos produtos foram apresentados na KBIS – Kitchen & Bath Industry Show, maior evento mundial de exposições internacionais dedicadas à cozinha e indústria de banho (40 mil visitantes e 600 expositores), que se realizou em Las Vegas. O objectivo da Cifial é adequar e alargar a oferta de produtos no mercado norte-americano para aumentar a sua quota de mercado, que actualmente já representa 55% da facturação da empresa, salienta Luís Marques, presidente da Cifial USA, em comunicado de imprensa.

Ficha Técnica O Suplemento faz parte integrante dos jornais OJE, O Mirante e Vida Económica Director Luís Pimenta Editora-executiva Helena Rua

Redacção Almerinda Romeira e Vítor Norinha

Fotografia Victor Machado

Gestores de Contas Alexandra Pinto – 217922096 Isabel Silva – 217 922 094

Arte Carlos Hipólito Marta Simões

Director comercial João Pereira – 217 922 088 jpereira@oje.pt

Tiragem total 81 000 exemplares


NACIONAL

SEXTA-FEIRA 27 de Maio de 2011

III PUB

TRANSPORTES: 3.o carril para permitir bitola europeia

“Transportes – novos caminhos para crescer” é o título do último livro do especialista em inovação e empreendedorismo e colaborador do Oje, Jack Soifer (na foto ao fundo), escrito em co-autoria com Luís Silva e António Aguiar. A apresentação do livro, prefaciado pelo presidente da TAP, Fernando Pinto, e pelo antigo ministro da Indústria e Energia, Mira Amaral, foi feita na Sociedade de Geografia, em Lisboa, por este último. Os autores defendem a realização de pequenos investimentos nas infraestruturas de transportes já existentes de forma a melhorá-las e aproveitá-las. Entre as sugestões destes especialistas em transportes e inovação está a de fazer do aeroporto da Portela, em Lisboa, um “hub” para integrar e interligar os vários meios de transporte; aproveitar a infra-estrutura do Montijo para transportes de baixo custo e de carga e fazer um terceiro carril em algumas linhas ferroviárias, de forma a permitir Foto Victor Machado a introdução da bitola europeia.

Visão Legal RUI TAVARES CORREIA SÓCIO DA ABREU & MARQUES E ASSOCIADOS

O arresto como forma de protecção do crédito

A

crise que tanto se debate apenas veio agudizar uma situação que já antes era bastante comum: a dificuldade de tornar efectiva na prática a cobrança de créditos. Com efeito, a necessidade de recorrer à acção declarativa de condenação para, na maior parte dos casos, obter título que permita iniciar diligências executivas sobre o património do devedor e que os procedimentos expeditos de cobrança de créditos, como a injunção, não conseguem evitar e a morosidade das próprias acções executivas, que pesem embora as reformas efectuadas, se mantém, fazem com que, muitas vezes, o credor se veja perante a ausência ou quase ausência de bens do devedor que possam responder pela dívida. Há já bastante tempo, porém, que se encontra consagrado na lei processual um procedimento cautelar destinado a evitar tas situações. O arresto, que denomina não apenas esse procedimento cautelar, mas também a apreensão provisória de bens que no seu âmbito é feita, destina-se exactamente a evitar que o titular de um crédito perca a sua garantia patrimonial. O credor, para obter o seu decretamento, terá de demonstrar indiciariamente o crédito que detenha e o risco de perda da garantia patrimonial. Se a demonstração do crédito se revela, as mais das vezes, de relativa facilidade, sendo para tal irrelevante a natureza desse crédito e não sendo necessário que antes tenha sido objecto de reconhecimento judicial, maiores dificuldades levanta a prova do perigo de perda da garantia patrimonial. Historicamente, são duas as situações que levam a tal demonstração: a dissipação de bens por parte do devedor e a iminente ou actual mas não declarada insolvência do devedor. Ambas exigem que o credor efectue uma investigação sobre o devedor de modo que possa alegar as situações de facto que as demonstrem. Não obstante tais dificuldades, a celeridade do procedimento, em que é sempre dispensada a audiência prévia do devedor – que apenas será ouvido depois da apreensão dos bens, se esta tiver lugar – tornam o arresto a medida adequada para evitar a demora decorrente do reconhecimento judicial dos créditos.

A sua empresa vai acelerar.

Abasteça no Banco Popular.

www.pmepower.com


IV

SEXTA-FEIRA 27 de Maio de 2011

ANÁLISE

A EDUCAÇÃO É A CHAVE MESTRA PARA A SAÍDA DA CRISE! Estratégia FILIPE CASTRO SOEIRO PROFESSOR DA NOVA SCHOOL OF BUSINESS & ECONOMICS E MEMBRO DO BOARD OF DIRECTORS DA APBA

T

alentos, todos temos! Mas é preciso ter vontade de desenvolver, de aprender e de trabalhar, trabalhar muito para vencer o desafio da crise! Não há verdadeira gestão da mudança sem uma aposta clara na Educação! A competitividade de um país passa, e muito, pela Educação dos seus recursos humanos. Parece um paradigma quase irrefutável o de que o talento e o valor dos recursos humanos de um país, de uma organização, de um projecto, de uma equipa, ou até do seu líder são essenciais para a sua competitividade e para o seu sucesso. Mas será que passamos da teoria à prática? O que Portugal tem feito, ou melhor, o que é que não tem, em termos de políticas e de medidas para a Educação? Para começar, Portugal investe menos em educação do que a média dos países da OCDE (Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Económico), conforme publicado em 2007 e em 2010. Números recentes indicam que por cada aluno no sector público, Portugal investiu cerca de 5200 euros por ano, que comparam com cerca de 6400 euros, que representam a média dos países da OCDE, ficando-se pelo 15.º lugar (e não ultrapassa os 5,6% do PIB, abaixo da média que é 6,2%), o que é manifestamente insuficiente para apostar nas pessoas, nas empresas e nos referenciais de responsabilidade e meritocracia. Contrariamente, países como os Estados Unidos, a Áustria e a Suíça estão no “podium” e tiveram níveis de investimento na Educação entre os 11 100 e os 10 100 euros por ano, por aluno, apresentando níveis de competitividade muito mais elevados. É necessária visão estratégica! A Educação tem de ser enquadrada num âmbito integrado com a inovação, a produtividade e a competitividade dos sectores e dos nichos em que Portugal é ou pode ser naturalmente diferenciador. Mas, ao invés, o investimento do Estado português naquele sector diminuiu em relação ao que se registava há 15 anos, representando 11,6% do total da despesa pública por-

tuguesa, valor abaixo da média da OCDE, que foi de 13% (2010). Paradoxalmente, a despesa pública portuguesa aumentou muito significativamente e já em 2009, representava cerca de 51% do PIB. O 7.º lugar da União Europeia! Portugal gastou muito mais do que devia e gastou onde não devia! Ao invés dos sectores da Educação, da Investigação e Desenvolvimento e da Inovação, este aumento da despesa concentrou-se nos custos de funcionamento da máquina da Administração Pública, essencialmente em despesas correntes, em subsídios e em pagamentos de juros de dívida pública, o que representou mais de 90%. Mas a qualidade dos serviços públicos em Portugal é baixa, desde os seus processos administrativos à justiça.

A educação tem de ser enquadrada num âmbito integrado com a inovação, a produtividade e a competitividade dos sectores e dos nichos em que Portugal é ou pode ser diferenciador O que Portugal precisa é que se invista com critério na Educação. No âmbito do ensino superior, de acordo com um modelo integrado e em rede de “clusters”, focando o desenvolvimento e a competitividade territorial (sectores e nichos), considerando as vantagens competitivas regionais, as empresas locais e as habilitações e capacidades dos recursos humanos, nomeadamente dos que estão desempregados (50,8% são jovens com habilitações superiores). Um dos referenciais-chave deste “cluster” deve ser a potenciação de massa crítica de recursos e de competências, ligando várias re-

giões que representem acessibilidade económica relevante com escala e impacto internacional e que, simultaneamente, tenha presente a cadeia de valor integrada no que respeita às actividades de educação, de investigação e desenvolvimento, de apoio à protecção de propriedade intelectual, à comercialização das inovações e ao investimento por parte das empresas, das sociedades de capitais de risco e dos “business angels”. Essa rede de “clusters” deveria privilegiar a partilha de recursos e a diminuição radical dos custos fixos de suporte a essas actividades, transformando custos fixos em variáveis, alinhando oferta e procura, ao mesmo tempo Portugal resolveria o problema de sobrecapacitação e da deslocalização de institutos politécnicos e de universidades periféricas que não aproveitam sinergias, nem economias de escala. Por outro lado, existem exemplos excelentes de internacionalização por parte de algumas universidades com bastante peso específico, mas é necessário ganhar mais massa crítica e indexar os níveis de orçamentação aprovados aos resultados e ao mérito conseguidos. Transversalmente, é preciso desenvolver novos programas de educação, mais práticos e internacionais, com enfoque no empreendedorismo e na inovação, desde a escola primária, passando pelo ciclo básico até às universidades, premiando a criatividade, estimulando a iniciativa e o exemplo. É necessário também tolerar o fracasso, se o mesmo envolver empenho e dedicação, e corresponder à etapa intermédia do processo empreendedor e inovador! Sem essa cultura, não fomentamos a iniciativa! Quanto às crianças e aos jovens, é preciso também rever os processos de aprendizagem, que são demasiado piramidais e autocráticos, e adoptar modelos pedagógicos dinâmicos assentes no lúdico e na descoberta mútua! A capacidade de criar produtos inovadores de um país depende disso! E recentrar o desenvolvimento neurocognitivo e neuromotor nas actividades da escola, especialmente nos ciclos primário e básico, com programas em que

actividade motora desportiva esteja, de facto, interligada com a perspectiva multidisciplinar, devolvendo a possibilidade das crianças se relacionarem com as capacidades de pensar os limites e riscos do seu próprio corpo e da sua interacção com o território e com os outros, na sala de aula e no recreio, no ginásio, que é determinante para estimular o autoconhecimento, a aprendizagem, a iniciativa, a relação com os outros, e a capacidade de superação de si mesmas! A prioridade é elevada, pois a taxa de abandono escolar em Portugal é superior a 35%! Um país que não promove processos de estimulação cognitiva e motora nas suas crianças e nos seus jovens cria gerações de “gestores totós”, autocráticos e sem verdadeira capacidade de liderança empresarial, além dos problemas óbvios de saúde, de obesidade e excesso de peso, que representam já 30% em Portugal. O “benchmark” internacional mostra que escolas e universidades estrangeiras de topo já estão a introduzir essas metodologias na formação e no coaching de alunos e de executivos com excelentes resultados! O problema é sério! Entre os 25 e os 34 anos, Portugal apenas consegue que 30% da sua população aceda ao ensino superior. Mas pior, dos que chegam, 54 000 licenciados, mestres e doutorados vão para o desemprego (INE 2010) e parte dos restantes e dos melhores talentos foge para os países estrangeiros em busca de melhores oportunidades. Criar e reter talentos, precisa-se, mas para isso é necessário apostar na Educação, segundo uma visão integrada, como um dos pilares essenciais do nosso desenvolvimento económico, social e cultural. Filipe Castro Soeiro é professor convidado da NOVA School of Business & Economics, especialista em inovação, empreendedorismo e em negócios internacionais, membro do Board of Directors da APBA – Associação Portuguesa de Business Angels e da GEW – Global Entrepreneurship Week, apoiada pela Kauffman Foundation, e co-autor de Lucrar na Crise.

Talents 2012 oferece INESC-ID lidera investigação participação em feira de Design paga pela Comissão Europeia DECORRE até dia 20 de Outubro o prazo de candidatura ao programa “Talents”, que visa apoiar a participação de 35 jovens designers europeus na Ambiente, Feira Internacional dedicada aos sectores “dining”, “living” e “giving”. A mostra especial “Talents” está inserida na Ambiente, que se realizará em Frankfurt de 10 a 14 de Fevereiro de 2012, com a participação de cerca de 4300 expositores internacionais. “Através do programa “Talents”, jovens designers no início da sua carreira têm a possibilidade de apresentar gratuitamente o seu trabalho a um vasto público profissional”, salienta em comunicado a organizadora do certame, Messe Frankfurt. Durante o certame, os jovens talentos têm

a oportunidade de contactar com a imprensa internacional especializada, com fabricantes e com distribuidores de todo o mundo. Os jovens criativos podem concorrer ao “Talents” em três áreas diferentes: artigos para mesa, no “Dining – hall 4.0”, artigos para a casa, no “Loft – hall11.0” e joalharia e acessórios pessoais, no “Carat – hall 9.3”. Aos jovens designers que tenham sido seleccionados para integrar o “Talents”, a Messe Frankfurt oferece gratuitamente o stand que inclui tapete, instalação eléctrica, iluminação, bilhetes de expositor e convites, segurança durante o período nocturno, o registo no catálogo oficial do “Talents”, material para promoção, produção de brochura e poster, divulgação junto da imprensa.

O INESC-ID, Laboratório de Investigação associado ao Instituto Superior Técnico (IST), lidera o projecto Cloud TM, uma investigação que visa a criação e a avaliação de uma plataforma para o desenvolvimento de serviços em ambientes de “computação em nuvem”, financiada pela Comissão Europeia, no âmbito do programa FP7, que engloba um investimento de 1,7 milhões de euros. Segundo explica o IST, o “Cloud TM visa desenhar, implementar e avaliar uma plataforma para o desenvolvimento de serviços em ambientes de computação em nuvem”, de forma a resolver um problema crítico relacionado com o desenvolvimento de aplicações distribuídas de larga escala, a gestão de acessos concorrentes a objectos partilhados.

Neste âmbito, o projecto Cloud TM propõe-se “oferecer um modelo de programação simples e intuitivo para a implementação de serviços em ambientes de computação em nuvem”; “minimizar os custos de monitorização e administração, automatizando a alocação de recursos da nuvem”; e “maximizar a capacidade de escala e eficiência dos serviços do utilizador”. O consórcio conta com a colaboração de investigadores do grupo de Sistemas Distribuídos e do grupo de Engenharia de Software, coordenado por Paolo Romano do INESC, sendo também integrado por uma equipa de investigadores da Universidade de Roma La Sapienza, pela software open source Red Hat e pela Algorithmica.


SEXTA-FEIRA 27 de Maio de 2011

ACTUALIDADE

V

FIBERSENSING GANHA CONTRATO AO ITER Esta start up portuguesa vai fornecer a sua tecnologia ao projecto científico ITER, que visa o desenvolvimento de uma fonte de energia nova com base na fusão nuclear

Redes de Bragg (gratings) em fibra óptica armazenadas em stock (utilizadas nos sensores). Representam a tecnologia de base da FiberSensing

O ITER é um projecto científico cujo propósito é o “desenvolvimento de uma fonte de energia nova, limpa e sustentável, através da produção e comercialização da energia de fusão nuclear (o processo que ocorre no núcleo do Sol), procurando ser uma alternativa às convencionais fontes de dependência energética”. A fusão nuclear, ao que explica a FiberSensing, é um processo de produção de energia que consiste na fusão dos núcleos de dois átomos leves, como, por exemplo, o hidrogénio, o hélio, o deutério ou o trítio, para formarem elementos mais pesados, com redução da massa dos reagentes. A fusão nuclear é o processo responsável pela produção da energia do Sol e das outras estrelas. O Sol recorre à sua imensa massa e à

força da gravidade para produzir as reacções de fusão. As principais vantagens deste processo, salienta a FiberSensing, são que a energia de fusão nuclear não emite partículas tóxicas para a atmosfera (ao contrário das energias fósseis), nem produz resíduos nucleares nocivos ao ser humano (ao contrário da energia nuclear actual). Rui Lousa, CEO da empresa, salientou ao PME NEWS que “a participação neste projecto inovador à escala mundial e de grande dimensão científica é mais um reconhecimento objectivo da capacidade da tecnologia dos sensores de Bragg em fibra óptica, bem como uma demonstração cabal da capacidade das empresas portuguesas em competir com sucesso nos mercados internacionais.”

A FiberSensing, fundada em 2004, é uma empresa tecnológica portuguesa, que se dedica ao desenvolvimento e produção de sistemas avançados de monitorização baseados em sensores de Bragg em fibra óptica. Entre os seus accionistas encontra-se a InovCapital e o INESC Porto – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto –, além do grupo de fundadores da empresa, investigadores do INESC Porto. Considerando a elevada sofisticação da tecnologia que fabrica, a empresa apostou na internacionalização, assumindo desde o início da sua actividade um posicionamento global, ao submeter com êxito vários projectos nacionais e internacionais ou através de parcerias com vários grupos internacionais de referência.

Rui Lousa, CEO da FiberSensing

Actualmente, a FiberSensing opera a nível internacional com parceiros espalhados pelos quatro continentes e mais de 100 clientes em todo o mundo, maioritariamente nos EUA, Brasil, Espanha, Alemanha, Suíça, França, Grécia, Itália, Hungria, Taiwan e Colômbia. Os principais mercados de actuação são os sistemas de monitorização para infra-estruturas de produção e distribuição de energia, as grandes obras de engenharia civil e geotécnica e as indústrias aeronáutica e espacial. Entre os projectos de maior referência recentemente desenvolvidos e participados pela Fibersensing destacam-se os contratos com a AIRBUS, com a ESA (Agência Espacial Europeia) e agora com o ITER. PUB

O NOVO SERVIÇO EXCLUSIVO DA PROSEGUR

PATRULHAS DE INTERVENÇÃO RÁPIDA

Ligue já

A nova segurança que actua antes da ocorrência

808 22 23 22 www.prosegur.pt

ALVARÁS 24 A), B), C), D) E E) DO MAI • 04/2011

A

FiberSensing, empresa tecnológica portuguesa, integra o consórcio que ganhou o contrato para o fornecimento de sensores ópticos e unidades de medição optoelectrónicas ao ITER (International Fusion Energy Organization), revelou ao PME NEWS Rui Lousa, CEO da empresa. O contrato assinado entre o consórcio constituído pela FiberSensing e a Smartec (empresa suíça do grupo Roctest) e o ITER visa assegurar “o fornecimento de um sistema de grande escala para a monitorização das bobinas supercondutoras do reactor de fusão nuclear ITER, bem como o desenvolvimento e qualificação de tecnologia-chave para o subsistema de monitorização e controlo da nova geração de reactores nucleares”.

Sensor de deformação embutido em betão armado numa ponte na Áustria, para monitorização da deformação da estrutura


VI

SEXTA-FEIRA 27 de Maio de 2011

ENTREVISTA

ENRIQUE SANTOS, PRESIDENTE DA CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA LUSO ESPANHOLA

“É IMPORTANTE QUE AS MARCAS PORTUGUESAS SE “ESPANHOLIZEM” OU SE INTERNACIONALIZEM AO MÁXIMO”

Estima-se que tenham presença permanente em Espanha cerca de 500 empresas participadas por capital português. A maioria está em Madrid e opera no comércio e serviços financeiros. Com a 8ª posição no ranking dos principais fornecedores de Espanha, Portugal exporta sobretudo veículos automóveis, máquinas e aparelhos mecânicos. A radiografia é da Câmara de Comércio e Indústria Luso Espanhola. Por Almerinda Romeira (texto) e Victor Machado (fotos) Quantas empresas portuguesas estão instaladas em Espanha? Calcula-se que tenham presença permanente em Espanha cerca de 500 empresas participadas por capital português. Na Câmara fizemos recentemente um estudo e identificámos 400 empresas, que facturaram, em 2009, mais de 11 milhões de euros com mais de 21 mil postos de trabalho.

tor da construção e engenharia cada vez com maior presença no mercado espanhol.

A ideia que se tem é de que a maioria são grandes empresas. Isso corresponde à realidade? É natural que os grandes investimentos sejam da responsabilidade dos grandes grupos económicos portugueses, como a EDP, a Galp, a Cimpor, a Sovena, a Sonae, Amorim, até porque arrastam outros investimentos de menor dimensão. De referir também a banca com a Caixa Geral de Depósitos, o Banco Espírito Santo e o grupo Banif. Nos últimos anos, outros grupos têm vindo a apostar fortemente no mercado espanhol como é o caso do grupo Delta, Renova, Luís Simões, Barbosa e Almeida, CIN, Logoplaste e Bial, assim como empresas de base tecnológica como a Ydreams, Altitude, Newvision e um outro grupo do sec-

Quais as regiões de Espanha mais procuradas pelas portuguesas? Sem dúvida a Comunidade Autónoma de Madrid. Absorveu cerca de 33% do total do investimento português em Espanha, conta com mais de 170 empresas portuguesas em sectores como o comércio grossista (21%), Serviços Financeiros (20%) e Logística (12%).

Quais os sectores de actividade mais atractivos para as portuguesas? Cerca de 74% do investimento português em Espanha realizado na última década (2000 a Setembro de 2010) está concentrado no sector do Comércio e Serviços Financeiros.

Há linhas de crédito de apoio às exportações para Espanha? Há outros apoios preferenciais? Como sabe, no âmbito europeu os apoios públicos às exportações não existem. É a banca comercial a principal fonte de financiamento das exportações. O que existe por parte das

diversas entidades públicas são programas de incentivos dirigidos principalmente às PME’s de promoção e aumento da competitividade da oferta exportadora portuguesa. Desde já convido as empresas que queiram informação sobre apoios e incentivos à exportação que nos contactem e com todo o gosto daremos seguimento ao pedido, tanto com informação especializada como propiciando os contactos adequados. O que é que uma PME que queira ir para Espanha deve saber? Desde logo ter uma estratégia clara para o mercado espanhol e para isto é fundamental conhecer e estudar a fundo as características do mercado (legislação, incentivos, etc.), as idiossincrasias e os hábitos e atitudes do mercado de consumo, nalguns aspectos bem diferentes do mercado português. É importante que as marcas portuguesas se “espanholizem” ou se internacionalizem ao máximo e naturalmente que os produtos e serviços oferecidos ao mercado espanhol representem um valor acrescentado claramente perceptível em Espanha.

Convido as empresas que queiram informação sobre apoios e incentivos à exportação que nos contactem. Daremos seguimento ao pedido, tanto com informação especializada como propiciando os contactos adequados A dimensão geográfica e demográfica do mercado espanhol e o alto grau de descentralização política e económica das 18 Comunidades Autónomas são factores que devem ser tidos em conta. No caso de Portugal, a proximidade geográfica com a Galiza, Castilla y León, Extremadura e Andaluzia apresenta vantagens competitivas em relação a outras regiões espanholas.


ENTREVISTA Penso que a contratação de consultores especializados podem ajudar a tomar as decisões acertadas no momento de entrar no mercado espanhol e outro aspecto importante prende-se com a contratação de gestores, que deve igualmente ser cuidada. Quais são as vantagens competitivas do mercado espanhol em relação aos demais mercados? As vantagens são enormes e de diversa dimensão, desde logo a proximidade geográfica que beneficia o transporte, simplifica a logística e permite internacionalizar sem desconcentrar e por tanto reduzir custos. Outro factor sem dúvida importante é o cultural, apesar das diferenças os usos são parecidos, a língua perceptível, a legislação e as práticas comerciais similares. Por outro lado, o mercado espanhol não é desconhecido para os empresários portugueses que o conhecem através das suas visitas frequentes às feiras espanholas, viagens turísticas ou profissionais. Existe por outro lado uma oferta de serviços de empresas locais, algumas portuguesas já instaladas que oferecem serviços de grande qualidade e que servem de plataforma de apoio à entrada de empresas portuguesas, veja-se o caso de escritórios de advogados, transportes, entidades financeiras sólidas e com produtos atractivos, seguros, entre outros. Qual o peso das exportações portuguesas para Espanha em 2010? O que significam esses números comparativamente a há 30 anos? Que razões explicam o crescimento do peso do comércio entre os dois países nas últimas três décadas? Ainda não disponho dos dados definitivos de 2010 das vendas portuguesas para Espanha, mas deverão fechar o ano nos 8,4 mil milhões de euros, o que significa que a Espanha continua a ser o principal cliente de Portugal, absorvendo cerca de 27 % do total das exportações portuguesas. Para ter uma noção do crescimento das exportações portuguesas, em 1986 Portugal vendia para Espanha cerca de 789 milhões de euros. Sobre a evolução das relações económicas e comerciais diria que apesar de nos finais dos anos 70 estas relações começarem a dinamizar, ainda no âmbito do acordo da Espanha com a EFTA da qual Portugal era membro, foi a partir da integração dos dois países na então CEE em 1986 que se inicia um novo período de crescimento e dinamização das relações bilaterais, aproveitando a liberalização dos regi-

A integração de Portugal e Espanha na então CEE, em 1986, iniciou um novo período de crescimento e dinamização das relações bilaterais, aproveitando a liberalização dos regimes aduaneiros, a livre circulação de pessoas, bens e capitais mes aduaneiros, a livre circulação de pessoas, bens e capitais e uma nova atitude de proximidade e cooperação. Quais os três produtos que mais exportamos para Espanha? Nos últimos anos têm sido os veículos automóveis, as máquinas e aparelhos mecânicos e as matérias plásticas e transformados. A fundição (ferro e aço) tem tido um peso também importante oscilante entre o terceiro e quarto lugar no ranking. Quanto pesam as importações portuguesas de Espanha? No período de Janeiro a Outubro de 2010, últimos dados oficiais a que tive acesso, o mercado espanhol importou de Portugal produtos e serviços no valor de 7.014,2 milhões de euros, o que representa cerca de 3,6 % do total das importações espanholas que neste período atingiram os 195.355,3 milhões de euros. Portugal situa-se, assim, na 8.ª posição no ranking dos principais fornecedores de Espanha. Qual o peso do investimento directo espanhol em Portugal? Em que sectores de actividade se concentra mais? Os últimos dados do investimento bruto estrangeiro em Portugal indica que entre Janeiro a Setembro e Outubro de 2010 os investi-

SEXTA-FEIRA 27 de Maio de 2011

VII

Nos últimos anos, alguns grupos económicos e até PME’s têm alcançado dimensão suficiente para competir fora, crescendo no mercado ibérico, aproveitando as tais vantagens competitivas mentos espanhóis representaram cerca de 13,1% do total dos investimentos brutos em Portugal, o quarto maior investidor. De referir que não está contabilizado uma importante operação no sector da fabricação de bebidas, outros sectores neste período foram a construção, transporte e logística e serviços financeiros. Numa perspectiva mais abrangente diria que a presença espanhola em Portugal que supera as 2.000 empresas está presente em quase todos os sectores de atividade com maior incidência na construção, alimentação, têxteis, banca, segurança, turismo, combustíveis e energia e imobiliário. Qual é o contributo das empresas espanholas para o PIB e o emprego em Portugal? Não lhe posso dar dados actuais, mas têm certamente um peso muito relevante na criação de riqueza e postos de trabalho. No final de 2007, e de acordo com o nosso estudo detalhado de um universo de 807 empresas com capital maioritariamente espanhol conclui-se que as mesmas facturaram 16 mil milhões de euros e empregavam 82 mil pessoas. Que papel está reservado à Península Ibérica enquanto eixo de desenvolvimento europeu? O mercado ibérico será aquilo que Portugal e Espanha souberem e forem capazes de fazer, nada está reservado. Num processo de globalização dos mercados, a construção de um mercado ibérico tem todo o sentido e é um processo natural de desenvolvimento dos mercados. Nos últimos anos alguns grupos económicos e até PME’s têm alcançado dimensão suficiente para competir fora, crescendo no mercado ibérico, aproveitando as tais vantagens competitivas a que fiz referência anteriormente.

Enrique Santos apresenta-nos a Câmara de Comércio e Indústria Luso Espanhola Esta Câmara de Comércio ostenta o estatuto de Cámara Oficial de Espanha em Portugal, contando igualmente com o reconhecimento por parte do governo português de Entidade de Utilidade Pública. É também membro fundador da Federação de Câmaras de Comércio Espanholas na Europa e foi recentemente condecorada pelo Rei D. Juan Carlos de Espanha com a Placa de Honor Ordem Isabel a Católica, pelo importante papel desempenhado no estreitamento das relações económicas entre os dois países. Por outro lado, a sua história de cerca de 40 anos, acompanhando de perto e, nalguns casos, tendo sido parte interveniente em alguns dos acontecimentos que tornaram possível a aproximação dos mercados, confere-lhe um conhecimento e uma experiência a tal ponto que tem vindo a ser considerado um importante interlocutor junto das autoridades dos dois países em questões relacionadas com o comércio e as relações económicas entre Portugal e Espanha. A Câmara, por outro lado, conta actualmente com cerca de 1.000 empresas associadas e como referi anteriormente temos sido testemunhas da espectacular evolução nos últimos anos e neste sentido temos realizado um esforço muito importante de adaptação às novas exigências, melhorando os serviços e diversificando a oferta dos mesmos, apoiando e facilitando aos empresários e quadros de ambos os países os seus negócios com o mercado vizinho, proporcionando informação, formação e assessoria, promovendo iniciativas que criem negócios, como por exemplo missões empresariais, seminários, conferências, difundindo oportunidades de negócios, etc. Editamos uma revista mensal bilingue “Actualidade Economia Ibérica” de venda livre e com uma implantação cada vez maior junto das empresas espanholas e portuguesas e publicamos diversas obras de consulta (guias) relacionadas com o investimento ou características de mercados. Dispomos de uma página web que comporta informação útil para as empresas que se interessem por esta temática, como por exemplo, as actividades da Câmara, feiras, estatísticas, contactos de interesse, oportunidades comerciais, bolsa de trabalho e noticias relacionadas com as relações luso espanholas, etc. Destacaria também a formação que há vários anos mantém um intenso calendário de cursos dados por especialistas em diferentes áreas (gestão, vendas, marketing, espanhol dos negócios, comercio externo, etc.) e de referir que acolhemos nas nossa instalações diversas agências de promoção espanholas que durante um período de tempo realizam diferentes acções de promoção dirigidas aos empresários das suas respectivas regiões e elaboram informação sectorial sobre o mercado português.

PUB


VIII

SEXTA-FEIRA 27 de Maio de 2011

ESPECIAL

SOLUÇÕES DE SEGURANÇA E VIGILÂNCIA PARA PME A segurança é uma preocupação cada vez maior das empresas, à qual o mercado responde com soluções inovadoras na área da segrança privada, vigilância humana, sistemas de alarme, logística de valores e protecção contra incêndios

Sisvend adere ao Facebook e LinkedIn

Ladrões sem visão A solução ActiFog, que a Prosegur está a lançar no mercado português, é profundamente inovadora: impede assaltos através de névoa xxxxx

Este é o primeiro passo da celebração de 15 anos de negócios em Portugal e antecede o anúncio, através destas mesmas redes sociais, do grande lançamento do ano da empresa previsto para finais deste ano, início de 2012 Marineuza MarineuzaCôrte Côrte Real, Real, marketingmanager managerda da Sisvend Sisvend marketing

A Prosegur entra no mercado dos nebulizadores com uma nova solução de segurança: O ActiFog. Trata-se de uma inovação que impede o assaltante de ver aquilo que está a roubar no interior de um espaço, dando tempo útil à polícia para se dirigir ao local. Este equipamento de segurança, que se destina exclusivamente ao segmento empresarial, protege através de uma densa névoa – inofensiva, produzida a partir de água e glicol – que elimina totalmente a visibilidade, não deixando quaisquer resíduos. Além da dispersão de névoa e respectivo impedimento imediato do assalto, a Prosegur é também alertada da intrusão através do disparo do sistema, procedendo à gestão do sistema com as autoridades. A presença do ActiFog será mais notória em estabelecimentos que movimentem elevados montantes de dinheiro ou artigos de valor elevado como: joalharias, lojas de artigos de luxo, locais de exposição de obras de arte e locais que contenham cofre ou armazéns. “A Prosegur tem vindo a investir na inovação e está focada em adaptar os seus produtos à realidade do mercado. Daí complementar as actuais soluções de segurança da empresa”, diz Rodrigo Neves, gestor de Produto & Inovação.

A Sisvend, empresa de segurança prova evidente de manipulação, que há 15 anos opera em Portugal, aderiu às redes sociais, com a criação e divulgação de páginas no Facebook e LinkedIn. Marineuza Côrte Real, marketing manager da Sisvend, disse ao PME NEWS que a empresa acredita que as redes sociais lhe permitirão divulgar de “uma forma mais directa e pedagógica os benefícios e objectivos da segurança prova evidente de manipulação, um sector ainda muito dominado por alguma falta de informação”. Desenvolvendo soluções para assegurar negócios e operações desde 1996, a Sisvend é líder do seu sector em Portugal, tendo 55% de quota do mercado, uma carteira de mais de 2000 clientes empresariais, infra-estruturas próprias de logística e impressão, uma forte presença em Espanha através da sucursal Sisvend SLU, e obtido um crescimento de 25% em 2010. Uma fatia de 9% do seu volume de negócios já corresponde a exportações para fora da Comunidade Europeia. “O segredo destes 15 anos está no rigor, qualidade e inovação que fazem da empresa um parceiro de referência”, salienta Marineuza Côrte Real, acrescentando que por isso tem “mantido a relação de longo prazo com os seus principais clientes e fornecedores”. Nos próximos anos, refere a marketing manager, fazendo jus à sua missão empresarial de “trabalhar para nichos de mercado onde realmente possamos conhecer os nossos clientes ajudando-os a crescer e a prosperar”, a empresa continuará a sua “estratégia de diferenciação pelo conhecimento aprofundado das operações dos seus clientes e sectores de mercado, investindo principalmente na qualidade e eficiência das suas soluções, no design de novos produtos e em estratégias de cross-selling”. Ciente de que desenvolver o mercado é difícil, e mais difícil ainda é manter a posição de liderança, a Sisvend tem outros planos que já estão a ser implementados desde 2010 e que ainda em finais deste ano ou no início de 2012 lançará com pompa e circunstância. “Fica aqui a promessa de que sairá com a antecipação de um mês, em exclusivo nas nossas páginas do Facebook e Linkedin. Assim convidamo-los a subscrevê-las”, salienta Marineuza Côrte Real.

Combate ao crime Empresa líder do mercado português, onde pontifica há 30 anos, a Prosegur está a lançar no mercado outro serviço especialmente vocacionado para as pequenas e médias empresas (PME), mas com abrangência ao segmento residencial: as Patrulhas de Intervenção Rápida. Este novo serviço de vigilância presencial e itinerante permite o acesso directo e em tempo real ao lugar de localização independentemente de qual for a parte do País. Até à data os sistemas de segurança actuam, por norma, após as ocorrências. “Com esta nova opção, o cliente pode decidir o grau de segurança de que necessita e as zonas que devem receber as visitas periódicas”, sublinha o director de Marketing da Prosegur em Portugal, Francisco Carvalho. Esta operativa de segurança é composta por 120 vigilantes e 45 viaturas que estarão à disposição dos cerca de 50 mil clientes da Prosegur. Este serviço tem dois objectivos claros, primeiro a resposta rápida a eventos de alarmes dos clientes empresariais, ou residenciais e segundo dissuadir eventuais assaltos via rondas e patrulhas por diversas áreas públicas e privadas. Diferentes pontos de risco tais como as zonas comuns, acessos, jardins e zonas de jogo para crianças, instalações desportivas (piscinas, espaços desportivos…) são igualmente verificados exaustivamente prevenindo as intrusões ou roubos nas instalações, as sabotagens e actos de vandalismo e as inundações, incêndios ou descuidos de manutenção. A indústria, hotéis, escolas, instalações desportivas passam também a usufruir destes serviços de forma a prevenir as intrusões ou roubos nas instalações e zonas de acesso. “Este serviço de segurança foi inteiramente adaptado às necessidades dos nossos clientes, a um preço acessível. Pode ser combinado com outros serviços de segurança, e a capacidade de reacção é imediata”, salienta Francisco Carvalho. A Prosegur prevê que cerca de 20% do seu portefólio de clientes venha a aderir a esta solução como resultado de uma maior necessidade demonstrada de proteger o património privado e público. A Prosegur presta serviços de consultoria de segurança, vigilância activa, telecontrolo e televigilância, protecção anti-intrusão, protecção contra incêndios, tratamento de valores, gestão de ATM e logística de valores. Em Portugal conta com 12 delegações e cerca de 7500 colaboradores. A Prosegur integra o grupo com o mesmo nome, que está presente em 13 países, com uma equipa de 55 000 colaboradores, uma rede de 500 delegações e uma frota superior a 2200 veículos blindados


OPINIÃO

Gestão da inovação NUNO NAZARÉ CONSULTING DIRECTOR DA ALMA CONSULTING GROUP

Maioria das empresas desperdiça benefícios fiscais à I&D

O

recentemente divulgado European Innovation Scoreboard 2010 apresenta uma imagem muito positiva da Inovação em Portugal. De facto, Portugal subiu sete posições no ranking entre 2007 e 2010, ocupando actualmente a 15.ª posição no espaço da União Europeia a 27, resultado que nos coloca na liderança dos países “moderadamente inovadores”. Além disso, Portugal foi o país que mais cresceu na União Europeia nesta área e aquele que melhor progrediu nos indicadores relativos à despesa das empresas em I&D. Portugal é também um dos países em que houve um maior crescimento no número de PME que inovam, com mais de 10 trabalhadores. Estes resultados vêm corroborar as conclusões do Barómetro do Financiamento da Inovação 2010 da Alma Consulting Group, estudo europeu cujo objectivo foi medir o impacto dos instrumentos públicos de financiamento à inovação na actividade das empresas. Neste estudo, comprovou-se que, entre as empresas portuguesas participantes, mais de metade referiu ter aumentado o orçamento e os efectivos em I&D entre 2007 e 2009. Entre as empresas portuguesas que participaram no estudo, 81% das quais são PME, foram notórios também os efeitos de estímulo do SIFIDE (Sistema de Incentivos Fiscais à I&D Empresarial) à intensificação das actividades de I&D e à revitalização da economia, sendo que 53% das empresas que beneficiaram do SIFIDE de 2009 pretendem reinvestir o benefício recebido em I&D e 70% vão contratar, em 2011, novos efectivos para actividades de I&D. Face a um panorama tão optimista, não deixa de ser interessante verificar a fraca adesão das empresas com actividades de I&D ao SIFIDE. Segundo o relatório relativo à actividade do SIFIDE, divulgado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), pelo Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais (GPEARI) e pela Agência de Inovação (ADI) em Fevereiro de 2010, foram apresentadas 588 candidaturas a este programa em 2008, à data. Neste sentido, e analisando os dados oficiais do número de empresas que declaram efectuar actividades de I&D, 65% das empresas com potencial continuam sem aderir a este programa, não obstante ser um dos incentivos mais generosos a nível europeu. O SIFIDE permite às empresas usufruir de uma dedução directa à colecta de IRC, podendo recuperar até 82,5% do valor investido em I&D. Este programa incide em projectos já iniciados, em que as deduções têm efeitos imediatos, sendo acumuláveis até seis anos e compatíveis com outros apoios. Desde modo, o peso das despesas inerentes aos projectos de I&D é atenuado e as empresas ficam com mais recursos que poderão reinvestir em novas actividades de I&D, contribuindo assim para o seu desenvolvimento sustentado. Existindo bons indicadores em termos de Inovação e I&D e dispondo de um programa com as mais-valias do SIFIDE, não há razões plausíveis para as empresas portuguesas perderem esta oportunidade de optimizarem os seus recursos, continuando a apostar em I&D e tornando-se assim mais competitivas. As empresas deverão por isso apresentar as suas candidaturas a este programa até ao final de Maio, antes de entregarem a declaração anual de rendimentos, para poderem beneficiar ainda este ano de uma dedução à colecta, em sede de IRC.

SEXTA-FEIRA 27 de Maio de 2011

IX


X

SEXTA-FEIRA 27 de Maio de 2011

EMPREENDEDORISMO

VISEU INCENTIVA EMPREENDEDORISMO As start ups Sakprojecto, Korange e Waynergy venceram a II edição do Prémio Inovação e Empreendedorismo lançado pela Associação Industrial da Região de Viseu (AIRV). Fomos conhecer os pontos fortes das três empresas, como estão a ser financiadas, as dificuldades que sentem e o lugar que a internacionalização ocupa nas suas estratégias. Por Almerinda Romeira

O Concurso O concurso da AIRV pretende difundir e despertar o interesse pelo empreendedorismo, apelar ao surgimento e facilitar a criação de novas empresas com potencial inovador e diferenciador no âmbito da actividade empresarial, científica e tecnológica. Na sua 2.a edição, o concurso, que tem âmbito nacional, recebeu 19 candidaturas e atribuiu uma menção honrosa ao projecto Granipoly, um produto ecológico que resulta do aproveitamento de resíduos de pedreiras.

Sakproject Korange Caneleiras personalizadas para jogadores de futebol Robô para manutenção de espaços verdes (esq. daKorange Korange (esq. p/ p/ dta.) dta.) A A equipa equipa da João Barbosa,Sérgio SérgioPires, Pires, João Duarte Duarte Barbosa, Duarte (EspíritoSanto Santo Duarte Mineiro Mineiro (Espírito Ventures), Fernando Ventures), FernandodedeAlmeida Almeidae e Costa, José José Casal Costa, Casal

Professor Veiga presidente Professor VeigaSimão, Simão, presidente do júri, júri, ao RuiRui do ao centro, centro,ladeado ladeadoporpor Pina (à esq.) e Filipe Simões Pina (à esq.) e Filipe Simões

A

empresa vencedora do concurso tem em fase de concretização um produto inovador que promete revolucionar o mundo do desporto e prevenir o maior receio de um atleta – as lesões. Rui Pina sonhou um dia dar aplicação inovadora aos compósitos, materiais moldáveis de elevada resistência ao choque e extremamente leves. Como mercado de elevado potencial identificou o futebol. Em 2008, juntamente com Filipe Simões, constituiu a Sakproject, um projecto que está em fase de criação e cujo principal produto são caneleiras personalizadas para jogadores de futebol. Filipe Simões disse ao PME NEWS que estas caneleiras equipam, pontualmente, já jogadores um pouco por toda a Europa e em destinos tão remotos como a Arábia Saudita. O passo seguinte na vida da empresa, que, neste momento começa a ter início, é a criação de uma rede europeia de distribuição de produtos. A “introdução de caneleiras personalizadas aumenta não só o conforto que o atleta sente durante o jogo, devido à leveza e ajuste perfeito, como o seu desempenho, dado que o jogador se sente mais protegido e naturalmente mais confiante”, salienta Filipe Simões Não dispondo na fase inicial de laboratórios nem de equipamentos, a Sakproject, segundo conta o empreendedor, contactou diversos la-

boratórios nacionais de pesquisa sobre materiais, tendo também contactado alguns especialistas na área da protecção humana para mais rapidamente perceber “o caminho certo” para “um produto de eleição”. Sendo os promotores deste conceito professores, todo o (imenso) tempo dedicado a este projecto foi conseguido à custa de uma redução significativa do seu tempo de lazer. “É com muito orgulho que assumimos que todo este projecto foi desenvolvido com dinheiro dos próprios promotores”, salienta, lembrando os “anos intensos de trabalho e de investimento financeiro”, que começam agora a gerar “alguma visibilidade e potencial de retorno”. É a prova de que em Portugal um empreendedor tem de fazer um esforço enorme para pôr em prática as suas ideias. Existem mecanismos de financiamento, mas, de acordo com quem bateu a algumas portas, a maioria exige candidaturas extensas e especializadas que, mais uma vez, “obrigam a um investimento de capitais nem sempre existente nas fases iniciais de projectos inovadores”. A Sakproject deixou há muito de ser um passatempo de dois amigos para se tornar uma empresa “com elevado potencial”, que tendo em conta os serviços subcontratados já criou 12 empregos. Neste momento, parte do processo produtivo ainda é assegurado por terceiros através de serviços subcontratados, mas em

breve, estes professores tornados empreendedores esperam vir a realizar toda a produção nas suas instalações. Se o processo de internacionalização correr como esperado, a médio prazo será de esperar a necessidade de cerca de 20 funcionários. “A internacionalização está gravada no ADN da Sakproject”, afirma Filipe Simões, explicando que todo o conceito foi pensado com base em dois pressupostos: “facilitar a recolha de informação tridimensional dos atletas em qualquer ponto do mundo e manter a produção em Portugal”. O primeiro parceiro da Sakproject no exterior operará na Holanda, Bélgica e Luxemburgo, estando já a ser ultimados os pormenores desta parceria, revela.

A

actividade desta empresa de base tecnológica incide na produção de sistemas robóticos autónomos, sem necessidade de intervenção humana. João Duarte Barbosa, CEO (chief executive officer) da Korange – Robotic Systems, conta que o projecto surgiu há cerca de dois anos, com a participação no LabE (Laboratório de Empreendedorismo) da UATec – Unidade de transferência de Tecnologia da Universidade de Aveiro. O objectivo era entrar na competição nacional de criação de empresas Graduate Programme/Mil lennium BCP e culminou com a conquista do segundo lugar. O mesmo lugar obtiveram agora no concurso da AIRV.

Primeiro foi formada a equipa multidisciplinar que iria trabalhar no LabE, só depois, com base nas competências dos seus elementos, se desenvolveu a ideia. E foi assim que, através de um brainstorming nas residências universitárias da Universidade de Aveiro, onde moravam alguns dos promotores, surgiu a ideia do desenvolvimento de um robô para manutenção de espaços verdes, aproveitando o know-how da equipa de engenheiros de electrónica e do seu gosto pela robótica. A partir daqui, a ideia foi sendo trabalhada e desenvolvida, procedeu-se ao estudo de viabilidade da ideia, estratégia e estabelecimento de parcerias que permitissem tornar o projecto forte e com real possibilidade de concretização. Depois da partici-

A equipa Korange A equipa Korange

Pontos fortes O conceito da Sakproject assenta na personalização gráfica de formato, ao alcance de todos. Os materiais de última geração utilizados são elemento fundamental na dissipação das energias geradas no momento dos inevitáveis impactos durante o jogo. Além disso, os jogadores definem exactamente o contorno da caneleira sobre a sua perna e quais as cores e composição gráfica. Contactos: www.sakproject.com filipesimoes@sakproject.com


EMPREENDEDORISMO

Waynergy Pavimento que gera energia eléctrica

O

projecto Waynergy, da empresa Waydip, consiste na criação de “um novo tipo de pavimento”, que “possui no seu interior um sistema inovador”, que “não causa descon-

forto ou esforço adicional a quem o utiliza”, e que “é suficiente” para “permitir a um sistema que está no interior, gerar energia eléctrica”. Francisco Duarte, que lançou este projecto com Filipe Casimiro, con-

O presidentedada O presidente AIRV, João AIRV, João Cotta, Cotta, ladeado pelos ladeado pelos empreededores Filipe empreededores Filipe Casimiro (esq.) e Casimiro (esq.) e Francisco Duarte Francisco Foto/DR Duarte Foto/DR

tou ao PME NEWS que a ideia do projecto surgiu no âmbito de um concurso lançado pela EDP, com vista ao desenvolvimento de soluções que promovessem a eficiência energética em habitações, tendo começado na Universidade da Beira Interior o desenvolvimento do conceito de gerar energia eléctrica a partir do pavimento. No entanto, foi já após terminar o mestrado em Engenharia Electromecânica que os promotores deram continuidade ao projecto, tendo começado a estudar outras tecnologias com maior viabilidade para darem vida à ideia. Como financiaram o projecto? Com a participação em concursos de inovação, tendo vencido o Prémio Inovação EDP Richard Branson e a ISCTE-IUL MIT Portugal Venture Competition (na área de Sistemas Sustentáveis de Energia e Transportes). Em que fase se encontra o projecto? A empresa foi criada há escassos meses, estando ainda a terminar o desenvolvimento dos primeiros dois produtos: “waynergy people” e “waynergy vehicles”. Consiste numa equipa de investigação e desenvolvimento, que se dedica ao desen-

SEXTA-FEIRA 27 de Maio de 2011

volvimento e optimização do projecto “waynergy”, com vista à criação dos produtos atrás mencionados, bem como de outros produtos resultantes de projectos de cariz inovador desenvolvidos pelos promotores, nas áreas de energias renováveis, eficiência energética e ambiente. O que produz? Actualmente, está a terminar o desenvolvimento dos produtos “waynergy people” e “waynergy vehicles”. Estes consistem em soluções para aplicar no pavimento, que captam a energia cinética associada ao movimento de pessoas e veículos, transformando-a em energia eléctrica. Estes produtos podem ser aplicados em zonas de grande afluência de pessoas (“waynergy people” – centros comerciais, estações de transportes públicos, passeios, passadeiras, ginásios, discotecas, escolas, entre outros) ou de grande af luência de veículos (“waynergy vehicles” – estradas, auto-estradas, portagens, estações de serviço, parques de estacionamento, lombas, entre outros), permitindo aos utilizadores gerar a sua própria energia. Que factores diferenciam a Waynergy da concorrência?

XI

Em relação ao projecto Waynergy, os factores que o diferenciam da concorrência são a tecnologia, diferente das tecnologias actuais para gerar energia eléctrica a partir do movimento de pessoas ou veículos, a sua grande aplicabilidade, pois o mesmo sistema pode gerar energia a partir do movimento de uma criança, ou de um camião, dependendo da aplicação pretendida, bem como pode ser aplicado no interior de edifícios ou em zonas exteriores sujeitas a condições climatéricas adversas, a sua fácil implementação, pois o sistema pode ser aplicado por cima do actual pavimento ou em substituição do mesmo. O preço também é inferior ao dos produtos existentes no mercado, conseguindo ainda gerar mais energia por metro quadrado face à concorrência. A internacionalização da empresa está nos vossos propósitos? Sim, através de parcerias internacionais com empresas já estabelecidas nos mercados-alvo, no sector das energias renováveis e da eficiência energética, possuindo já know-how desses mercados, bem como clientes e os canais adequados para implementar os nossos produtos nesses mercados. PUB

Engenharia Electrónica e Telemática de Aveiro) e com a HortiRelva, uma empresa de Viseu de construção e manutenção de espaços verdes, com vista ao desenvolvimento de um produto de completa eficiência e excelência, perfeitamente adaptado às necessidades do mercado. A entrada no mercado está prevista para Maio de 2011.

pação no concurso, entusiasmados com o resultado obtido, os promotores continuaram a melhorar o plano de negócios e procuraram financiamento. Quais foram as principais dificuldades sentidas no arranque do negócio? O projecto como empresa ainda se encontra num estado prematuro (foi constituída em Maio de 2010), sendo a principal dificuldade encontrada até ao momento ter obtido financiamento para arrancar com o projecto e passar ao desenvolvimento de um protótipo funcional, fase em que nos encontramos actualmente. Como o estão a financiar? O financiamento adveio de um programa de incentivo à criação do próprio emprego, promovido pelo IEFP (Instituto de Emprego e Formação Profissional) em parceria com algumas entidades bancárias e uma sociedade de garantia mútua. Em que se fase se encontra a empresa? De momento, a empresa tem três promotores dedicados a tempo inteiro ao projecto e ainda não se encontra em fase de comercialização. O produto que está em desenvolvimento é um robô para manutenção de espaços verdes de pequena e média dimensão (até 700 m2), sem necessidade de intervenção humana. Estamos também a trabalhar em parceria com o IEETA (Instituto de

Que factores a diferenciam da concorrência? O robô utiliza tecnologia inovadora, conjugando vários tipos de sensores para evitar obstáculos, sendo a principal inovação um sistema de localização e planeamento, permitindo situar-se na área de intervenção e determinar o espaço já cortado. A locomoção é feita por motores eléctricos. O produto potencia a rendibilidade das empresas, assim como permite uma maior margem de manobra dos seus recursos, além da comodidade proporcionada, esta última característica em especial para o segmento dos consumidores particulares. A internacionalização está nos vossos propósitos? Sendo um produto inovador no mercado, a internacionalização é naturalmente uma evolução da política comercial da empresa. Contudo, queremos primeiro estabelecer-nos no mercado nacional e só depois apostarmos na internacionalização, primeiro para o mercado ibérico e europeu e posteriormente para mercados de elevado potencial para o nosso produto, como o norte-americano. Na fase inicial, a venda online será um primeiro potenciador para a internacionalização da empresa.

Pontos fortes Os pontos fortes da empresa são a ambição e vontade dos promotores e a sua formação multidisciplinar, a ligação a uma universidade de excelência, principalmente na área da robótica, o estabelecimento de parcerias sólidas, o know-how da equipa de engenharia, o carácter inovador do produto e o carácter transversal da tecnologia desenvolvida. Contactos: http://www.korange.pt


AF_CGD_AEXP_OJEPMEFM_PS_230x305_PI.ai

XII

SEXTA-FEIRA 27 de Maio de 2011

1

4/15/11

7:18 PM

PUBLICIDADE


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.