Suplemento Restauração

Page 1

Festival de Gastronomia de Santarém começa a 23 de Outubro O Festival Nacional de Gastronomia, em Santarém, que este ano decorre de 23 de Outubro a 8 de Novembro, na Casa do Campino, tem duas principais novidades: um concurso do petisco e a iniciativa “Jovem Talento da Gastronomia”. No concurso do petisco, os 13 restaurantes presentes vão apresentar vários petiscos e quem os consumir recebe um cupão no qual faz uma apreciação sobre o que

comeu que depois vai servir de base para o júri decidir o vencedor. Cada restaurante apresenta um acepipe, uma fatia de pão e um copo de vinho ou uma lambreta (copo pequeno de cerveja) ao preço de 3,50 euros. Incluído nesta iniciativa estão demonstrações ao vivo dos cozinheiros, que permitem ao público aprender a confeccionar as especialidades apresentadas. Quanto ao jovem talento,

em cada dia (excepto nos dias 23, 26 e 27 de Outubro) um jovem sub-chefe ou chefe de cozinha ou estudante apresenta um prato confeccionado ao vivo no átrio da Casa do Campino. As demonstrações decorrem entre as 19h00 e as 20h00 e a missão destes profissionais é “traçar as linhas entre os sabores portugueses e as novas técnicas culinárias”.

Economia SUPLEMENTO

Sofisticação suíça funde-se com comida tradicional portuguesa XII “Lagares de Azeite” e “Trinitá” são dois restaurantes a descobrir em Santo Estêvão

O MIRANTE 15 de Outubro de 2009

RESTAURAÇÃO

Sabe tão bem a nossa comida e faz-se tão pouco pela sua divulgação A gastronomia é cultura e as questões culturais não podem ficar única e exclusivamente a cargo dos empresários de restauração II

Taberna do Alfaiate é ponto de paragem de actores, políticos e apresentadores IX A casa foi aberta pelos Espírito Santo há 120 anos e continua nas mãos da família

“Caldeira das Caralhotas” fabrica o tradicional pão de AlmeirimVII Profissionalmente falando

De empregado de mesa a dono do restaurante IV

Juntar os sabores madeirenses com tradição gastronómica ribatejana VI

Três Dimensões

Restaurante Central, em Perofilho, Santarém, é gerido por Ana Maria Câmara e Ricardo Câmara

Empresário de restauração

Pata Choca há ano e meio a servir boas refeições VIII

José Ferreira V

Na terra da sopa de pedra foi criada a sopa de pedra especial Zézano aberto há ano e meio junto à praça de toiros em Almeirim X


II | SUPLEMENTO RESTAURAÇÃO

15 Outubro 2009 | O MIRANTE

Sabe tão bem a nossa comida e faz-se tão pouco pela sua divulgação A gastronomia é cultura e é injusto entregar a defesa desse património aos restaurantes

A

gastronomia é uma questão cultural. E as questões culturais não podem ficar única e exclusivamente a cargo dos empresários da restauração. A eles cabe-lhes um papel importante, é certo. Mas é a outras entidades que cabe a promoção e divulgação. Na Lezíria do Tejo, Vale do Tejo e Médio Tejo há uma multiplicidade de saberes, sabores e conhecimentos que é urgente proteger e exaltar. E há produtos locais em vias de extinção que merecem mais que aquilo que tem sido feito. É interessante ter na região uma oferta diversificada. A cozinha internacional é uma forma de interculturalidade. Mas quem vem à região tem que encontrar algo diferente. Algo nosso. Só assim sabe mais sobre quem nós somos. Sobre o que aqui temos que nos diferencia. Tem sido interessante o esforço de algumas câmaras municipais para promover a gastronomia local. Os Sabores do Toiro Bravo em Coruche. O Tomate

Azeite e Alho de Santarém. O Feijão com Todos e o Congresso da Sopa em Tomar. O Festival do Cabrito em Torres Novas. O mês do Sável e da Lampreia na Barquinha. Mas é pouco porque se resume a um curto espaço de tempo e porque a divulgação, salvo honrosas excepções, é fraca. Receia-se gastar para mais tarde colher frutos. E quem não investe não tem retorno. O Festival Nacional de Gastronomia enveredou por outros caminhos. Segundo os seus responsáveis internacionalizou-se. É uma estratégia desastrosa vista na perspectiva da divulgação do que é nosso. Quem o organiza não está ao serviço da gastronomia tradicional da região. É um acontecimento que tanto pode ocorrer em Santarém como em Faro ou Valença do Minho. Não serve a nossa gastronomia. Não serve a nossa cultura. Serve os estômagos de umas centenas de convidados. A maior parte das vezes prejudica os restaurantes locais. Quando o viajante chega às nossas cidades e vilas procura o que é genuíno. O que não tem nos locais de onde vem. Paisagens, monumentos, museus, artesanato, gastronomia. Os empresários da restauração não podem limitar-se a pagar impostos e a receber visitas da ASAE. Os que dão atenção aos produtos locais e ao património gastronómico, correndo riscos, têm que ser reconhecidos como verdadeiros agentes culturais. Têm que ser vistos como parceiros a esse nível

.


O MIRANTE | 15 Outubro 2009

SUPLEMENTO RESTAURAÇÃO| III


IV | SUPLEMENTO RESTAURAÇÃO

15 Outubro 2009 | O MIRANTE

Profissionalmente falando

De empregado de mesa a dono do restaurante António Carlos Martins começou a trabalhar aos 18 anos e actualmente é o proprietário do restaurante “O Forno”, em Almeirim O dono de “O Forno”, um dos restaurantes de Almeirim mais famosos pela sopa de pedra, trabalha ao lado dos funcionários todos os dias, seja no grelhador ou a servir à mesa, a sua primeira actividade quando ingressou no mercado de trabalho. António Carlos Martins começou por ser empregado de mesa e chegou a dono do restaurante “O Forno” em Almeirim. Começou a trabalhar aos 18 anos depois de acabar o 11º ano de escolaridade. Já não tinha vontade de continuar a estudar e queria trabalhar para ganhar dinheiro e a sua independência. Namorava então com a filha do dono do restaurante, Henrique Oliveira, e à falta de emprego noutras áreas foi trabalhar para o restaurante na zona da praça de toiros. Começou por servir à mesa, uma coisa que ainda gosta de fazer apesar de ser patrão, porque adora o contacto com as pessoas. Depois casou com a filha do proprietário e com o restaurante, onde passa todo o dia a fazer tudo o que for necessário. A mulher, Elisabete Martins, trabalha a seu lado. É ela que faz todos os doces que são servidos aos clientes. Mas apesar de estarem juntos no trabalho, muitas vezes nem têm tempo para conversar um com o outro. A cozinha é como uma linha de montagem de uma fábrica. Cada um tem determinadas funções e não pode atrasar-se, senão implica com o trabalho do outro e o serviço atrasa-se. Há seis anos, quando o sogro começou a perder as forças para controlar o barco com dezenas de funcionários, António Martins adquiriu o restaurante. Mas não assumiu uma postura de patrão. Continua a trabalhar diariamente ao lado

dos empregados. Quem entra no “Forno” costuma ver António, conhecido também por “Tó”, no grelhador que debita um calor que parece que assa a nossa própria carne. É um serviço duro, mas o dono do restaurante diz que “já está habituado”. Mas também faz as contas dos clientes, serve à mesa, tira cafés. Faz tudo o que for preciso, para além da gestão da empresa, das idas aos bancos, da papelada que é preciso organizar, das compras… António levanta-se às oito da manhã. Chega ao restaurante às 09h30. Prepara os almoços, amanha os peixes, corta a carne. Vai ao banco fazer depósitos. Recebe os fornecedores. Assim que entra não tem um minuto para descansar. Depois de tomar o pequeno-almoço, só volta a comer por volta das 16h30, quando se senta à mesa com os empregados para almoçar. O momento é aproveitado para se falar do trabalho, analisar o que correu bem e mal e preparar-se o serviço para o jantar. “Passamos aqui dias inteiros que muitas vezes nem sabemos o que está a acontecer lá fora, o que se passa no mundo, ficamos alheados da realidade”, confessa. Raramente consegue sair do restaurante antes da uma da manhã. E duas vezes por semana, depois dessa hora, ainda vai ao Mercado Abastecedor da Região de Lisboa fazer as compras de peixe. Chega a casa por volta das quatro e meia da manhã. Às vezes, nesses dias, apetecia-lhe ficar a dormir, mas cumpre os horários à risca e levanta-se às 08h00. “Porque não posso deixar as 28 pessoas que trabalham comigo sem apoio”, justifica. Até há cerca de um ano, António trabalhava os sete dias da semana, mas agora já tem um dia de folga à terça-feira, que aproveita para estar em família e para ir visitar o filho que está no quarto ano de Medicina Dentária, em Lisboa. Por ano não tem mais que dez dias de

férias repartidos por dois períodos, até porque o restaurante não fecha para férias. Quando era mais novo, o actual proprietário de “O Forno” pensou em desistir, mas agora, aos 46 anos, não se vê a fazer outra coisa. Reconhece que nesta actividade se ganha dinheiro, mas para isso é preciso trabalhar muito. E “se fizermos conta às horas de trabalho, às coisas de que se tem que abdicar, às vezes o lucro não compensa”. O segredo do restaurante, que nos fins-de-semana tem que contratar mais gente para atender as muitas pessoas que procuram a cidade atraídas pela Sopa de Pedra, é servir em quantidade, em qualidade e com rapidez. Apesar do passa-palavra e de não faltarem clientes, António considera que o município e investidores privados deviam criar con-

“Até há cerca de um ano, António trabalhava os sete dias da semana, mas agora já tem um dia de folga à terça-feira, que aproveita para estar em família e para ir visitar o filho que está no quarto ano de Medicina Dentária, em Lisboa”

dições na zona da praça de toiros para que as pessoas que vão almoçar ou jantar aos restaurantes pudessem passar algum tempo e ficassem a conhecer outros produtos tradicionais da terra

.

GABINETE DE ASSINATURAS

Nome__________________________________________________________Nasc.____-____-____

o mirante

Se estiver interessado em fazer uma assinatura basta enviar a importância de 15.50  (em cheque ou outra modalidade) para O O MIRANTE MIRANTE, Secção de Assinaturas, Rua 31 de Janeiro n.º 22 Ap. 389 - 2005-188 Santarém. Assinatura anual Europa 70E; Resto do Mundo 110E

Se desejar outras informações, contacte-nos através dos telefones: 243 305 080 — 249 769 160 — 263 271 085 ou do e-mail: assinaturas@omirante.pt

Profissão____________________Telef.__________________E-mail____________________________ Morada_________________________________________________________________________

Localidade_______________________________________ Cód. Postal__________________________ Nova Assinatura

Renovação


SUPLEMENTO RESTAURAÇÃO | V

O MIRANTE | 15 Outubro 2009

Três Dimensões

José Ferreira

VER VÍDEO www.omirante.pt

47 anos, empresário de restauração, Tancos Trabalho na restauração por acaso. Nasci em Constância, morava nas Madeiras (Vila Nova Barquinha) e sempre que ia para Lisboa, onde trabalhava e estudava, via este empreendimento ao abandono pelo que surgiu a ideia de o reactivar. Já tinha trabalhado na hotelaria, quer no serviço de atendimento de mesas em casamentos, quer em discotecas como barman. Avancei com mais dois sócios, há 17 anos, para este projecto. Lembro-me que, na altura, fizemos um estudo de mercado, por telefone, que demonstrou que podíamos apostar. Estive a trabalhar em Lisboa até aos 28 anos. Frequentei o curso de Gestão de Empresas no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), que não cheguei a concluir. Trabalhei na área da gestão de stocks e compras e também numa empresa de importação automóvel. Gosto muito da capital e vou a Lisboa quase todas as semanas mas cada coisa no seu lugar. Gosto de viver em Tancos. Estar à frente de um restaurante requer um grande envolvimento pessoal. Faço um balanço positivo mas confesso que se pudesse voltar atrás não seguiria a mesma actividade. Quando idealizamos as coisas pensamos que conseguimos conciliar o trabalho com a vida pessoal mas na prática não é bem assim. Tenho que estar aqui quase a tempo inteiro. Mas não estou

arrependido. Faço de tudo um pouco no restaurante. Faço o serviço de mesa que é o que mais me cativa dado o contacto com o cliente. Também faço o serviço de gestão e compras. O gestor tem que participar em todas as áreas. Mas é importante saber desligar. Tendo as pessoas certas na equipa e sabendo geri-las de forma correcta penso que conseguimos descentralizar as

tempo de uma forma sadia. Gosto de ski, jogar golfe, futebol e uns jantares com os meus amigos e família. De agarrar nas minhas canoas e distrair-me um bocadinho em águas incertas e de viajar sem um itinerário definido. É uma forma de descarregar as minhas catarses e trazer uma nova ideia para o restaurante. Nunca distingui completamente o lazer da parte profissional.

Nasceu em Constância em 1962. Actualmente vive e gere desde há 17 anos o Restaurante “Almourol” em Tancos, no concelho de Vila Nova da Barquinha, num local com uma vista panorâmica para o Tejo e a aldeia do Arripiado. Define-se como uma pessoa humilde e trabalhadora. É divorciado e não tem filhos. Não tem lemas de vida. Apenas tenta fazer o melhor que sabe a cada dia que passa. nossas funções. Felizmente tenho uma equipa de seis pessoas que conseguem que a unidade esteja a funcionar sem que eu esteja presente. A média de idades dos elementos da minha equipa é de trinta e pouco anos. Obrigo-me a ter o meu tempo de lazer fora daqui. É fundamental para que consiga trazer novas ideias para o restaurante e também para que me sinta bem ao cimo da terra. Tento gerir o meu Patrocínio -

As pessoas quando vêm ao restaurante querem algo mais do que comer. Acho que nos diferenciamos também pelo atendimento que procura ser eficaz, rápido, também humilde e personalizado. Os clientes querem uma pequena atenção, um miminho, uma pequena conversa. Não temos um serviço muito elaborado, de cinco estrelas. Sou muito exigente comigo próprio e com as pessoas que trabalham comigo. Sou uma pessoa que gosta de ter o seu tempo privado. Sou profissional e aquilo que faço quero-o fazer o melhor possível. Trabalho em média 13 horas por dia e descanso um dia por semana. Não costumo tirar férias prolongadas.

O produto base com o qual confeccionamos as refeições tem que ter qualidade. Este é um local de lazer, onde as pessoas vêm sobretudo para visitar o Castelo de Almourol mas penso que não vêm ao restaurante pela paisagem mas sim porque comem bem. Temos o cuidado de apostar nos produtos da nossa terra, do Ribatejo, mas sempre com um patamar de boa qualidade. Na gastronomia temos, na altura própria, a lampreia e o sável. Temos ainda a sopa de peixes, enguias, peixe vá-

- Associação Empresarial da Região de Santarém

rio do rio, cabrito, coelho e uma ementa própria de bifes e de bacalhaus.

Não tenho lemas de vida. O lema é viver a vida o dia-a-dia o melhor possível, tanto ao nível profissional como pessoal. Esforço-me todos os dias para fazer o melhor possível. Em todas as áreas. Às vezes sobra pouco tempo para a família, por isso defendo que temos que partilhar com os nossos aquilo que é nosso. Elsa Ribeiro Gonçalves

• Tel.: 249 839 500 • Fax: 249 839 509 • geral@nersant.pt


VI | SUPLEMENTO RESTAURAÇÃO

15 Outubro 2009 | O MIRANTE

Juntar os sabores madeirenses com tradição gastronómica ribatejana Restaurante Central, em Perofilho, Santarém, é gerido por Ana Maria Câmara e Ricardo Câmara Do Central pode dizer-se que é um restaurante internacional. Ana Maria Câmara é natural da África do Sul. O marido, Ricardo Câmara é madeirense de gema. Estão há sete anos em Perofilho e a ementa da casa reflecte as suas vivências.

S

e quer provar uma típica espetada madeirense feita à base de carne de vitela, milho frito e bolo do caco (pão especial com manteiga de alho), experimentar os vários pratos de peixe e de carne para grelhar ou, nos fins-desemana, deliciar-se com pratos de bacalhau e cozido à portuguesa, convém conhecer o Restaurante Central, em Perofilho, arredores de Santarém. Para o encontrar, saindo de Santarém, basta seguir pela Estrada Nacional 114 até aos semáforos no Perofilho e virar à direita para a rua da Liberdade. Pouco mais de um quilómetro depois encontra o restaurante à esquerda, à beira da estrada. Se no exterior o estacionamento

foto O MIRANTE

próprio garante lugar para 30 a 40 viaturas, a sala de refeições do restaurante central tem capacidade para 86 pessoas de forma confortável e espaçosa. Mas o melhor vem da cozinha. Da

ementa constam peixes como o salmão, dourada, peixe-espada preto, chocos e lulas, quanto aos pratos de carne há grelhadas mistas de porco, carne de vitela e, algumas vezes, borrego. O

cabrito assado é um prato que se serve mais durante a época de Verão. Se as espetadas madeirenses são procuradas por clientes de várias localizações, de Santarém a Lisboa, passando por Almeirim, Alpiarça ou Torres Novas, Ana Maria Câmara e Ricardo Câmara não esqueceram pratos que são muito apreciados pelos ribatejanos. Entrecosto com arroz de feijoca, favas com entrecosto, dobrada e feijoada à portuguesa estão presentes nas refeições diárias do restaurante Central. Uma refeição dessas, que inclui bebida, pão, azeitonas e café fica por 6,5 euros, o que pode chegar a sete euros se incluir a sobremesa. A garrafeira é composta por vinhos tintos e brancos do Ribatejo, Alentejo e Douro. Para o cliente que não tem tempo de preparar o almoço o restaurante Central tem serviço de take-away de toda a ementa. Ana Maria Câmara, natural da África do Sul, e Ricardo Câmara, madeirense de gema, vivem há sete anos em Perofilho. Aproveitaram a disponibilização de um terreno para montar o restaurante Central há três anos. “Tem havido altos e baixos, como é natural, mas fomos muito bem-vindos a Perofilho e temos sempre vindo a tentar servir cada vez melhor o cliente”, refere Ana Maria Câmara. O restaurante Central, que também possui café na sala ao lado de onde sai pão todos os dias, está aberto das 07h30 às 22h30, de quinta a terça-feira, encerrando às quartas-feiras. Aos domingos à noite também não serve jantares. Pela ampla sala de refeições são ali também realizados jantares para grupos, festas, baptizados, jantares de Natal, entre outras organizações

.


SUPLEMENTO RESTAURAÇÃO | VII

O MIRANTE | 15 Outubro 2009

“Caldeira das Caralhotas” acumula experiência de três décadas no fabrico do tradicional pão de Almeirim Um nome que se presta a ditos brejeiros mas que ninguém dispensa Emília David começou há três décadas a vender pão de porta em porta numa bicicleta e ainda hoje molda a massa que leva ao forno de lenha.

C

omeçou por vender pão montada numa bicicleta. Levava-o embrulhado num pano e ia pedalando pelas ruas empedradas de Almeirim para ajudar a sustentar a família. Passados 30 anos, Emília David ainda amassa os ingredientes que vão dar origem às típicas caralhotas da cidade dos restaurantes. A Caldeira das Caralhotas, na rua de Moçambique, 21, junto à praça de touros, tem hoje um aspecto mais moderno. Teve sempre um aspecto típico, com objectos de barro, mas as novas exigências em matéria de higiene fizeram mais metálica através do aço inoxidável dos alguidares ou das bancadas, onde apenas escapa uma banca de pedra. “Os antigos compravam pão para a semana inteira. No rebordo dos alguidares de barro ficavam restos de massa, chamados borbotos, que rapados e amassados formavam caralhotas que as famílias davam aos mais novos”, conta Emília David. As mãos e o amor com que faz a massa são, para Emília David, o segredo das caralhotas. A rotina mantém-se. Começa por volta das quatro ou cinco da manhã e só acaba quando confecciona caralhotas que cheguem para encher quatro sacas de farinha. As caralhotas são procuradas por todo o tipo de clientes. De pessoas bem conhecedoras das suas qualidades a turistas de todo o país. “Alguns até brincam com

o nome do pão. “Uns pedem por meia dúzia de caralhinhos, outros meia dúzia de caralhões”, graceja Emília David. Mas se a habitual caralhota se come bem com uma bifana no meio, Emília David foi sempre à procura de novas soluções para o típico pão. Criou as caralhotas com farinheira, com chouriço e com um misto de enchidos. Uma novidade mais doce é a caralhota recheada com maçã, nozes, canela e açúcar. Emília David confecciona ainda para os mais gulosos broas de Almeirim, de amêndoa, de milho com batata-doce, de café e de noz, a par dos bolinhos da avó Emília, feitos à base de farinha de milho, azeite, açúcar, canela, nozes e passas. O marido de Emília David, Nuno Teixeira, e o seu genro, Eduardo “Papagaio”, são os seus braços direitos na casa. Mãe de seis filhos e avó de nove netos, Emília David espera que a arte que começou tenha precursores. A Caldeira das Caralhotas encerra às segundas-feiras, funcionando de terça a domingo, entre as 10h30 e as 20h00. A casa fornece pão para restaurantes e outras casas mas é o cliente particular quem mais ordena. O pão que há 30 anos era vendido a particulares por 10 escudos, é hoje comercializado a 45 cêntimos por unidade

.

Legenda

foto O MIRANTE


VIII | SUPLEMENTO RESTAURAÇÃO

15 Outubro 2009 | O MIRANTE

Restaurante Pata Choca há quase ano e meio a servir boas refeições em Santarém Maria João Correia é agora a única sócia-gerente do restaurante/pronto a comer

Q

uase ano e meio passou desde que o restaurante/pronto-a-comer Pata Choca abriu na rua Vasco da Gama, em Santarém, e os clientes já elegeram a casa como ponto de passagem

foto O MIRANTE

e paragem para pequenos-almoços, almoços, lanches, petiscos e jantares, ou simplesmente para levar comida para casa. Servir comida caseira é ponto da honra do estabelecimento, agora

unicamente gerido por Maria João Correia. Grão e feijão são demolhados, carne e peixe têm qualidade, hortaliças e saladas são frescas e não vêm do congelador, sem esquecer o saboroso pão caseiro. À mesa a mistura desses ingredientes resulta na confecção de pratos como arroz à Pata Choca (arroz de pato), cozido à portuguesa (às sextas), feijoada à transmontana, bife à casa ou mão de vaca com grão, para citar pratos mais tradicionais. Os mini-pratos, em que a pessoa escolhe peixe ou carne e acompanhamento, ficam por 3,5 euros. O prato normal custa 4,9 euros e a pessoa tira o que quiser. Há vários tipos de sopa. Sopa de peixe às segundas, canja às quartas, sopa de pedra, de legumes, entre outras sopas ao longo da semana. Há ainda os petiscos como pataniscas ou caracóis, os salgados feitos na casa e os coscorões confeccionados de vez em quando, sem deixar de passar pela novidade dos chocolates quentes e dos café com natas. A Pata Choca conta com oito colaboradores entre o serviço de balcão e cozinha. As refeições são repartidas por duas salas com capacidade total para 60 pessoas, uma das quais mais recente para fumadores. Para os dias quentes como os que têm acontecido em Outubro a esplanada é uma boa opção para tomar qualquer refeição. “Espero continuar a receber clientes como até aqui, com mais ou menos

afluência conforme a altura do mês, mas que não deixam de optar pela Pata Choca. Desde os clientes mais velhos que já nos conhecem bem mas também muitos outros que trabalham nesta zona da cidade. Tem valido a pena”, conta Maria João Correia

.


SUPLEMENTO RESTAURAÇÃO | IX

O MIRANTE | 15 Outubro 2009

Taberna do Alfaiate é ponto de paragem de actores, políticos e apresentadores de televisão A casa foi aberta pelos Espírito Santo há cento e vinte anos e continua nas mãos da família Um caso de adaptação aos tempos que comprova a competência de quatro gerações da mesma família. Hoje é um moderno e sofisticado restaurante.

A

Taberna do Alfaiate, na aldeia da Lapa, concelho do Cartaxo, é ponto de paragem preferido de muitos actores, apresentadores de televisão e políticos portugueses que apreciam o ambiente calmo e discreto de que ali podem desfrutar. O estabelecimento abriu portas ao público em 1889 num espaço mais pequeno que fica do outro lado da rua. Começou por ser mercearia, taberna e salsicharia. No local onde é hoje o restaurante existia uma adega. O negócio que começou no bisavô do actual proprietário, João Espírito Santo, foi passando de geração em geração. A mercearia e taberna passou a chamar-se Taberna do Alfaiate quando a avó de João Espírito Santo casou com o seu avô, que era alfaiate de profissão mas ficou à frente do negócio. Quando o seu filho pegou no negócio decidiu ficar apenas com a vertente de taberna. Uma forma de escoar o vinho que produzia. João Espírito Santo era director de produção na área de componente para indústria de mobiliário e a sua esposa Maria da Conceição era contabilista. Quando questionado sobre o que os levou a mudar de vida repentinamente explica que existem coisas que são impossíveis de explicar. “Decidimos fazer obras na adega e na taberna para depois vendermos ou alugarmos ambos os espaços. Quando as obras ficaram prontas a minha esposa decidiu largar o emprego do qual estava saturada e decidiu ficar a tomar conta do

espaço mais pequeno, a fazer uns petiscos uma vez que sempre adorou cozinhar”, explica o proprietário. Passados uns anos João Espírito Santo decidiu deixar o emprego e juntar-se à esposa abrindo também o restaurante. “Foi um risco muito grande que podia não ter resultado mas felizmente deu certo e é mesmo isto que gostamos de fazer. Gosto de comunicar com as pessoas e posso fazê-lo ao servir os clientes”, refere. O restaurante é um espaço acolhedor com decoração típica com paredes de pedra antiga e tecto de madeira. Os artigos que enfeitam o espaço levam-nos para as antigas adegas. Os pratos são de barro pintado à mão. Na taberna não falta o passa-copos ainda em pedra e as mesas de madeira. Nas paredes estão as fotos do fundador da taberna e do pai de João Espírito Santo, a tirar vinho de um tonel. Cabrito, porco preto, migas de bacalhau e bacalhau assado no forno com manja (género de açorda) são os pratos mais procurados. Os apreciadores podem desfrutar no final de cada refeição de abafados e aguardente velha, uma produção da casa. Para comprovar a qualidade da cozinha da Taberna do Alfaiate está o primeiro prémio que o restaurante conquistou no concurso nacional de gastronomia em 2002. Cento e vinte anos após a sua fundação a Taberna do Alfaiate adaptou-se aos novos tempos. É agora um moderno e sofisticado restaurante. João Espírito Santo está descansado com o futuro do negócio de família. O filho, Nuno, 31 anos, já ajuda e pretende dar continuidade ao negócio. “O meu filho tem a costela da mãe para a cozinha e tenho a certeza de que vai dar tomar conta do “barco” com toda a responsabilidade e qualidade a que habituamos os nossos clientes”, conclui

.

foto O MIRANTE

GERAÇÕES. Nuno Espírito Santo (à direita) vai assegurar a continuidade do negócio de família


X | SUPLEMENTO RESTAURAÇÃO

15 Outubro 2009 | O MIRANTE

Na terra da sopa de pedra foi criada a sopa de pedra especial Zézano aberto há ano e meio junto á praça de toiros em Almeirim

Junta de Freguesia de Cardosas ANÚNCIO Considerando a necessidade de adaptar o Regulamento e Tabela de Taxas e Licenças em vigor na freguesia de Cardosas ao novo Regime Geral de Taxas das Autarquias, aprovado pela Lei n° 53-E/2006, de 29 de Dezembro. Considerando a necessidade de operar a adaptações ainda antes de decorrer o período de dois anos concedido pela artigo 17 da citada lei. Foi publicado no Diário da República II Série n° 194/0 de 7 de Outubro de 2009 o projecto de regulamento n° 398/2009, relativo ao Regulamento e Tabela de Taxas e Licenças da freguesia de Cardosas, para apreciação pública nos termos do artigo 118° do código do Procedimento Administrativo, pelo período de 30 dias úteis a contar daquela data, encontrando-se o mesmo disponível para consulta na Sede da Junta de Freguesia de Cardosas, sito no Largo Humberto Delgado n° 3 e apresentação de sugestões.

Cardosas, 08 de Outubro de 2009 O Presidente da Junta de Freguesia Ilídio do Carmo Fernandes

Teresa Leal a g ente d e E x ec u ç ã o EDITAL O MIRANTE — Ano XxiI Nº 900 - 15-10-2009 - 1ª PUBLICAçÃO

Q

ualidade na confecção, empenho e inovação são as características que fazem do restaurante Zézano, perto da praça de toiros, em Almeirim, um restaurante muito procurado. Após ano e meio, Andrea Ouro, uma das sócias-gerentes faz um balanço positivo. “O facto de estarmos situados na chamada zona nobre dos restaurantes em Almeirim ajudou no arranque do projecto. Mas, actualmente valemos pelo nosso trabalho e sentimos que as pessoas nos procuram porque apreciam a nossa comida. Já conseguimos fidelizar muitos clientes que frequentam o nosso restaurante com regularidade”, afirma. Bacalhau à Lagareiro, espetadas de porco preto, bife à casa, grelhados, entre outros são alguns dos pratos mais procurados pelos clientes. Mas, restaurante em Almeirim é sinónimo da famosa sopa de pedra. O Zézano gosta de inovar e por isso criou uma sopa de pedra com um segredo que torna a sua sopa única. Como o segredo é a alma do negócio os responsáveis não revelam o segredo. Muito criteriosos em relação aos vinhos que servem, O Zézano disponibiliza uma variada carta de vinhos que vão desde vinhos da região, do produtor e alguns alentejanos. Andrea Ouro explicou a O MIRANTE que os meses de Verão e o primeiro domingo de cada mês, dia da feira mensal em Almeirim, são as altu-

foto O MIRANTE

ras em que existe mais procura. Além disso, as pessoas também procuram este restaurante para refeições mais rápidas sobretudo ao almoço. “Durante a semana os clientes têm pressa, uma vez que não dispõem de muito tempo para almoçar. Temos sempre um prato do dia que facilita as coisas e uma pessoa consegue ficar despachada em meia hora”, refere a sócia-gerente. O Zézano também serve comida para fora e para quem preferir um petisco mais ligeiro não faltam as bifanas e os pregos. O Zézano pertence à empresa “Desafio de Sucesso, Lda” que está direccionada para o ramo da restauração, refeitórios e catering. A empresa começou no ramo da restauração e, a médio prazo, depois de consolidarem melhor a área de restauração pretende apostar nas áreas de refeitórios e catering

.

N.° do Processo:32/03.7 TBAVZ-C Alvaiázere - Tribunal Judicial - Secção única Exequente:Petroalves - Distribuidor de Combustíveis e Lubrificantes, Lda Executado(s):CÉSAR MANUEL NETO BELCHIOR e outros Valor:3.977,50 Referencia interna: PE/89/2007 Faz-se saber que nos autos acima identificados, encontra-se designado o dia 4 de Novembro de 2009, pelas 14,00 horas, no Tribunal Judicial da Comarca de Alvaiázere, para a abertura de propostas, que sejam entregues até esse momento na Secretaria do Tribunal, pelos interessados na compra dos seguintes bens: UM Rústico, Macieiras, oliveiras, vinha e mato, com a área de 4680 m2, sito em Vale Madeiros,freguesia de Abrã, a confrontar do norte com Augusto Francisco Neto Júnior, sul com Eugênio da Cruz Durão,nascente e poente Estrada, inscrito na matriz predial respectiva da freguesia de Abrã sob o artigo 104, Secção E,descrito na CRP Santarém sob o n° 2206, freg. Abrã, pelo valor base de 3.000,00 Eur. (70% = 2.100,00 Eur.) DOIS Rústico, Hortejo e leitos de curso de água, com a área de 344 m2, sito em Vala, freguesia de Amiais de Baixo,

a confrontar do norte e sul Estrada, Nascente António Lopes da Silva e poente Filomena da Martinha Rafael e Maria Emília Vieira Rafael, inscrito na matriz predial respectiva da freguesia de Amiais de Baixo sob o artigo 304, Secção C, descrito CRP Santarém sob o n° 1317, da freg. Amiais de Baixo, pelo valor base de 1.000,00 Eur. (70% = 700,00 Eur.) TRÊS Rústico, Olival, cultura arvense em olival, cultura arvense de sequeiro e oliveiras, com a área de 5840 m2, sito em Vale de Mar, freguesia de Amiais de Baixo, a confrontar do norte com Estrada, sul e poente limite do concelho administrativo e nascente com António Luís Queirós, inscrito na matriz predial respectiva da freguesia de Amiais de Baixo sob o artigo 271, Secção F, descrito CRP Santarém sob o n° 1318, da freg. Amiais de Baixo, pelo valor base de 3.000,00 Eur. (70% = 2.100,00 Eur.). Será aceite a proposta de melhor preço acima do valor correspondente a 70 % do valor base. É fiel depositário, que o deve mostrar, a pedido: César Manuel Vieira da Silva, residente em Rua Luís de Camões, 71, Amiais de Baixo - Santarém. O Agente de Execução Teresa Leal Cédula Profissional: 2202


SUPLEMENTO RESTAURAÇÃO | XI

O MIRANTE | 15 Outubro 2009

Mercado vegetariano está em expansão mas oferta ainda é escassa Fora dos grandes centros urbanos não é fácil encontrar produtos e serviços dirigidos a esses consumidores

“T

ofu”, “seitan” e “kefir” são palavras que se tornaram banais no vocabulário de muitos portugueses. O mercado de alimentação vegetariana está em expansão, mas o interesse dos consumidores por estes produtos nem sempre é acompanhado pela diversidade de oferta. Tiago Sousa, director comercial da Provida, a empresa de alimentação vegetariana mais antiga do país, salienta que a procura por este tipo de produtos alimentares tem crescido nos últimos anos, sobretudo nas grandes superfícies. Mas a oferta dos supermercados ainda é escassa e pouco diversificada. “As lojas especializadas têm mais espaço e conseguem ter mais produtos”, compara. A Provida produz e comercializa os “dois principais pilares do vegetarianismo”, tofu (queijo de soja) e seitan (derivado de glúten), bem como produtos transformados à base destas matérias-primas. Os vegetarianos são apenas um dos públicos-alvo daquela empresa, já que “há um forte interesse por parte dos não-vegetarianos”, de “pessoas que apostam na diversificação da sua dieta alimentar e reconhecem os benefícios de não comer tanta carne”, reconhece Tiago Sousa. “Depois há os convictos, os verdadeiros vegetarianos, mas este é um nicho de mercado muito mais pequeno”, especifica. “Ainda há quem pense que esta é uma alimentação esquisita, sem sabor. É preciso desmistificar estas ideias, porque se estes alimentos forem bem cozinhados são tão saborosos como os outros”, defende. A Ad Naturam é a mais recente empresa a entrar neste mercado e aposta no fornecimento destes produtos para hotéis, restaurantes e catering. “A hotelaria e a restauração convencional já não podem

dispensar esta alternativa, há muitos clientes que o exigem”, justifica o director administrativo da empresa. Gil Monsaraz acredita que as grandes superfícies já se aperceberam deste potencial e que o mercado vai continuar a crescer. “Sei que já há grandes superfícies que procuram produtores para lançarem marcas próprias”, adianta. Mas a falta de conhecimentos sobre a maneira de confeccionar estes alimentos, sobretudo por parte dos não-vegetarianos, ainda trava a sua comercialização. “Às vezes as pessoas compram tofu ou seitan, mas depois [os pratos] não resultam bem porque não sabem cozinhar”, reconhece Gil Monsaraz. O projecto da Ad Naturam é ambicioso e passa pelo cultivo de soja “para consumo próprio da fábrica”, acrescenta. “É a alimentação do futuro”, resume este vegetariano há dez anos e pai orgulhoso de filhos que “nunca comeram animais”. Ireneu Vicente concorda que a adopção deste regime está actualmente muito faci-

foto arquivo O MIRANTE

litada. “Hoje em dia só não é vegetariano quem quer”, considera o representante da Associação Vegetariana Portuguesa. Cristina Rodrigues, do Centro Vegetariano, partilha desta opinião, e lembra que “agora a maior parte dos hipermercados tem produtos vegetarianos”. O interesse também se manifesta através do boom de restaurantes vegetarianos, alimentados pelos não-vegetarianos, e da procura de cursos de culinária específicos. Mas, se em Lisboa e no Porto é possível

encontrar produtos e serviços dirigidos a estes consumidores, fora dos grandes centros urbanos não é fácil encontrar alternativas. Num inquérito online do Centro Vegetariano, 52 por cento dos inquiridos consideraram que a oferta de produtos vegetarianos em supermercados é “insuficiente” e 63 por cento disseram o mesmo da oferta disponível na Internet. Só no caso das lojas especializadas a diversidade de produtos satisfazia os inquiridos.


XII | ECONOMIA

15 Outubro 2009 | O MIRANTE

Sofisticação suíça funde-se com comida tradicional portuguesa

O restaurante nasceu em Coruche há muitos anos e os antigos donos decidiram levá-lo para a freguesia de Benavente

“Lagares de Azeite” e “Trinitá” são dois restaurantes a descobrir em Santo Estêvão

E

m Santo Estêvão, concelho de Benavente, os apreciadores de boa comida podem encontrar o resultado da fusão entre a sofisticação suíça e a comida tradicional portuguesa. “Trinitá” e “Lagares de Azeite” são dois restaurantes com conceitos diferentes que captam a vista com a sua decoração arrojada e o paladar com as suas ementas típicas. Ambos nascem pela mão de Philippe Weidell, que nasceu na Suíça. O primeiro restaurante, “Lagares de Azeite” é uma fusão entre o espírito “lounge” (de ambiente descontraído) e um conceito sofisticado que promete marcar a diferença. A espinha dorsal é um velho lagar de azeite que ali existia e que foi, entretanto, recuperado. O espaço abriu no dia 1 de Maio e os seus destaques são o bacalhau com molho de alho francês e amêndoas, bacalhau com bacon e a carne “a marrae” (bife na frigideira com molho). O restaurante oferece ainda alguns pratos típicos da Suíça como a vitela à moda de Zurique (quadradinhos de vitela salteados) e o fígado de vitela escaldado com azeite a ferver e manteiga de ervas. Servem almoços, jantares e pequenos-almoços de terça-feira a domingo. “Para quem não queira sair de casa também entregamos pizzas ao domicilio”, refere Philippe. À noite o espaço permite tomar uma bebida

na companhia de amigos. Ainda em Santo Estêvão é fundamental descobrir o “Trinitá”. O restaurante nasceu em Coruche há muitos anos e os antigos donos decidiram levá-lo para a freguesia de Benavente. Hoje é Philippe quem comanda o rumo das ementas, mais viradas para a comida tradicional portuguesa. “O “Trinitá” tem um desenho mais tradicional, rústico e acolhedor. Convida ao petisco e à amizade. Servimos pezinhos de coentrada, couve lombarda com entrecosto, empadas de perdiz, empadas de lebre, posta mirandesa, feijoada e muitos outros”, conta o nosso interlocutor. Também aqui o horário é de terça-feira a domingo com almoços e jantares. As acessibilidades a ambos os estabelecimentos são de boa qualidade e os dois restaurantes estão na principal rua da freguesia, onde existe estacionamento automóvel em abundância. Philippe veio para Portugal no Verão de 1997 e acabou por ficar depois da multinacional onde trabalhava ter falido. Foi cá que conheceu a sua mulher, de nacionalidade espanhola. Teve dois filhos e assentou arraiais em Santo Estêvão. “Vínhamos a passar pela recta do Infantado e parámos aqui. Esta terra tem um sossego e uma natureza incrível, sem contar que estamos a apenas 30 minutos da capital de um país europeu e isso já não existe em lugar nenhum”, explica.


SUPLEMENTO RESTAURAÇÃO | XIII

O MIRANTE | 15 Outubro 2009

Produção nacional de azeite cresceu 42 por cento A

produção nacional de azeite cresceu 42 por cento na última campanha, face a período homólogo, e o mercado nacional representa já 150 milhões de euros, segundo dados da Casa do Azeite-Associação do Azeite de Portugal. A campanha de 2008-2009 “superou as expectativas do sector”, com a produção nacional a crescer e as exportações também. O início da campanha 2009-2010 foi assinalado com a realização das primeiras Jornadas do Azeite, em Abrantes, promovidas pela Gallo. Portugal é, actualmente, o quarto maior produtor a nível da União Europeia, região que produz 75 por cento do azeite consumido a nível mundial, com 42 mil toneladas em volume produzido em 2008. Além do aumento da produção nacional em 42 por cento, também se verificou em 2008 um aumento das exportações em 19 por cento para 25 mil toneladas de azeite. “O azeite

nacional representa 5 por cento do volume exportado no segmento de produtos alimentares e bebidas”, afirma a Casa do Azeite. “Trata-se de um sector tradicional em fase de grande crescimento em Portugal”, acrescenta. O consumo “per capita” em Portugal passou de uma média de 3,3 quilogramas no início dos anos 90 para um nivel actual de 7 quilogramas “per capita”. As Jornadas do Azeite debateram vários temas, como as diferenças entre os vários tipos de olival e a sua influência no processo de produção, e a qualidade na selecção dos azeites. O objectivo, segundo o presidente-executivo da Gallo World Wide e também presidente da Casa do Azeite, Pedro Cruz, é “cruzar experiências e conhecimentos, tendo em vista mais qualidade e especialização na produção de azeite”. A Gallo World Wide detém 30 por cento de quota de mercado, tendo vendido em 2008 15 milhões de litros de azeite em Portugal

.


XIV | SUPLEMENTO RESTAURAÇÃO

15 Outubro 2009 | O MIRANTE


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.