Personalidade do Ano / Retrospectiva 2015

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Suplemento Retrospectiva do ano 2015 - Este suplemento faz parte integrante da edição nº 1235 deste jornal e não pode ser vendido separadamente

Jornalistas elegem Personalidades do Ano SEMANÁRIO REGIONAL

O presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, António Ceia da Silva, foi escolhido pela redacção de O MIRANTE como Personalidade do Ano. A ele juntaram-se outras personalidades representativas de diversos sectores de actividade: Sociedade Musical Mindense, Fundação CEBI, Ana Batista, Ana Sofia Antunes, Clube Trampolins de Salvaterra de Magos, Associação Académica de Santarém, Carlos Coutinho, Hermínio Martinho, Francisco Vieira e Museu do Neo-Realismo. Pela primeira vez foi decidido escolher uma Personalidade do Ano Nacional. Francisco Pinto Balsemão, presidente do grupo Impresa, foi uma escolha consensual. Figura maior da comunicação social portuguesa, tem sido, através dos meios de comunicação social que criou e da sua actividade, um dos mais destacados construtores da democracia portuguesa.


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O Expresso e a SIC são as marcas mais prestigiadas do jornalismo em Portugal

O MIRANTE atribui, desde 2005, os prémios Personalidade do Ano com o objectivo de distinguir pessoas e instituições da região de abrangência do jornal que se tenham destacado nas actividades que desenvolvem.

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ste ano foi atribuído pela primeira vez o Prémio Personalidade do Ano - Nacional, acrescentando valor e dimensão à iniciativa e lembrando que, apesar de sermos um jornal regional, fazemos parte de um todo que é Portugal. A escolha da primeira personalidade nacional foi unânime. Francisco Pinto Balsemão,

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presidente do Grupo Impresa, é uma referência para todos aqueles que fazem parte da equipa de O MIRANTE, independentemente do sector onde trabalham. Os jornais, o jornalismo e a comunicação social em geral devem muito do que são hoje a Francisco Pinto Balsemão. À sua capacidade de trabalho, à sua grande

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inteligência e à ousadia de querer ir sempre mais além. O Expresso é a marca mais prestigiada do jornalismo em Portugal. Quando surgiu, a 6 de Janeiro de 1973, revolucionou em termos jornalísticos e em termos de produção o panorama da imprensa em Portugal, apesar do regime de censura então em vigor. A SIC foi a primeira televisão privada a nascer em Portugal. A SIC Notícias foi outra pedrada no charco com informação em directo 24 horas por dia. O grupo Impresa, um dos maiores do país, integra, além do Expresso e dos canais SIC, a Visão, a Exame, o Courrier Internacional, o Jornal de Letras, a Caras, a Blitz e outras publicações. O inconformismo e a independência de Francisco Pinto Balsemão ajudaram a abrir o caminho da modernidade e da pluralidade da informação em Portugal na área do audiovisual. Jornalista, empresário, gestor, político, dirigente associativo, o presidente do grupo Impresa e presidente do conselho de administração da SIC, é uma personalidade ímpar no panorama dos media em Portugal e da cultura portuguesa em geral. Há décadas que é notícia. Fez história e continua a fazer história. Com o seu trabalho tem contribuído para a consolidação da democracia em Portugal. A chegada da internet foi recebida por Francisco Pinto Balsemão como uma oportunidade de fazer mais e melhor. O Expresso online surgiu em 1997. A SIC online em 2001. Em 2014 o ciclo online tem continuidade com o Expresso Diário e com o Expresso nas redes sociais. Sempre atento e interveniente é alguém que é obrigatório ouvir a cada momento. Na actual crise dos jornais e do jornalismo tem sabido encontrar novos caminhos. É respeitado, admirado, invejado. Foi deputado à Assembleia Nacional, integrando a Ala Liberal, antes do 25 de Abril de 1974. Foi um dos fundadores, em

Personalidade do Ano Nacional

Francisco Pinto Balsemão Presidente do Grupo Impresa 1974, do PPD, hoje PSD. Foi primeiro-,inistro entre 1981 e 1983. Afastou-se da política activa com honra e dignidade mas nunca perdeu a ligação à política e ao partido que fundou. Licenciado em Direito, professor universitário, Francisco Pinto Balsemão é um líder natural, conhecido por ser decidido, por saber escolher os membros das suas equipas e pelo seu permanente sentido de humor. É Grande-Oficial da Ordem de Benemerência e tem a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo, a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique e a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, para além de várias condecorações estrangeiras. Ao longo da sua vida recebeu inúmeros prémios e distinções.


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Personalidade do Ano

António Ceia da Silva Presidente da Entidade Regional de Turismo Alentejo/Ribatejo

“O Ribatejo é uma marca turística forte porque tem carácter, alma e personalidade” António Ceia da Silva é alentejano mas, desde que assumiu a presidência da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, diz que passou a ser também ribatejano e que até é mais ribatejano que alguns ribatejanos. Afirma que falta alguma auto-estima aos ribatejanos e está a trabalhar para a elevar porque os primeiros promotores de um destino turístico são os cidadãos que lá vivem. Sobre o anúncio da entrega do Turismo às CCDR afirma com frontalidade que se trata de um “disparate” e que os políticos não podem andar a brincar com o sector. Alberto Bastos

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senhor é presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo que, para além das quatro NUT II do Alentejo, possui a NUT II da Lezíria. Curiosamente a ERT decidiu adoptar o nome Alentejo e Ribatejo. De quem foi a ideia? Foi uma ideia minha, consubstanciada no facto de não podermos considerar a Lezíria como Alentejo e Ribatejo ser uma marca forte. Falei com autarcas e empresários e foi entendimento generalizado que seria bom em termos de marketing usar essa

Depois do Cante e dos Chocalhos porque não a Falcoaria e o Fandango na Unesco? O MIRANTE escolheu como Personalidade do Ano 2015 o presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo. António Ceia da Silva fez com que a Região de Turismo do Alentejo e do Ribatejo tenha sido a que mais cresceu no país nos últimos anos e que esse crescimento fosse qualitativo. E conseguiu dar ao Ribatejo a visibilidade que o mesmo merecia mobilizando autarcas, empresários e toda a sua equipa. Com um invejável sentido de humor,

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designação, embora o Ribatejo não comece e acabe na Lezíria. Em termos de mercado interno o Ribatejo tem uma força enorme. É uma região com carácter, com alma, com muita personalidade e não fazia sentido de todo que fosse Alentejo. Os meus cartões de visita e os dos técnicos têm todos Turismo do Alentejo e Ribatejo. Para além de acrescentar o nome Ribatejo à designação oficial da Entidade Regional de Turismo, também começou a tratar o Ribatejo separadamente. Ficou logo implícito que trataríamos esta zona como uma marca específica, autónoma e

diz que não sabe cantar mas isso não o impediu de ser o principal impulsionador da candidatura do Cante Alentejano a Património da Unesco e defende que também o Fandango, a Falcoaria de Salvaterra de Magos e a Cultura Avieira podem vir a ter esse reconhecimento internacional desde que os ribatejanos tenham cada vez mais orgulho nas suas tradições. Licenciado em Turismo e com um mestrado em Gestão Estratégica de Destinos Turísticos, António Ceia da Silva é um homem afável mas frontal. Quando tem que criticar critica. E foi isso que fez quando ouviu o anúncio de que o Governo quer integrar as Entidades Regionais de Turismo nas CCDR (Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional). Segundo ele trata-se de um disparate que vem pro-

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perfeitamente diferenciada. Para nós, enquanto Entidade Regional de Turismo, há Alentejo e há Ribatejo. Há iniciativas que se podem complementar e ser feitas em conjunto mas há um conjunto de acções que são específicas. Não fazia sentido que houvesse uma mistura e que pudéssemos trabalhar toda a área da Entidade Regional de Turismo de uma forma global. Há duas marcas; há duas regiões e há dois destinos diferentes. E é desta forma que temos trabalhado ao longo deste ano e meio, quase dois anos. A marca Alentejo afirmou-se muito antes de ter sido criada a Entidade Regional de Turismo. Há quatro anos, o primeiro prémio de comunicação que nós demos na atribuição dos prémios de turismo do Alentejo, que agora são do Alentejo e Ribatejo, foi aos vinhos do Alentejo. Foi nosso entendimento que, antes do trabalho da Entidade de Turismo, de afirmação do destino, nomeadamente no exterior, houve um trabalho muito consequente dos vinhos. O nome Alentejo surgiu primeiro nos merca-

var mais uma vez que os políticos andam a brincar com o turismo e com os agentes do sector. E também não cala o que sente por ver que ao fim de dois anos, o quadro comunitário 2014/2020, designado Portugal 2020, continua parado com todos os prejuízos daí decorrentes. Homem de andar no terreno, faz cerca de onze mil quilómetros por mês nas estradas portuguesas porque não aceita que um gestor público não conheça bem o território onde trabalha. Quando algum empresário ou instituição quer falar com ele evita sempre que o encontro decorra no seu gabinete, preferindo ser ele a deslocar-se porque considera que é ele que está ao serviço dos agentes do sector e não o contrário.

dos externos graças a um trabalho enorme dos vinhos do Alentejo; dos produtores de vinho. É algo que já tem, pelo menos, duas décadas de afirmação. O que está a ser feito para que o Ribatejo comece a ter resultados? Estamos a começar a trabalhar e vão surgir resultados. Em Março serão lançados quatro vídeos e materiais promocionais em relação ao turismo natureza nas suas diversas vertentes. Pedestrianismo, BTT, cicloturismo e balonismo. Vai haver roteiros Ribatejo nestes quatro sub-produtos turismo natureza e vamos ter operadores turísticos a vender estes roteiros que estamos a finalizar. Significa que o Ribatejo já vai ser um produto susceptível de ser vendido e com grande apetência na região. Há também um conjunto de planos operacionais estratégicos que estão praticamente concluídos e muitos deles com grande incidência no Ribatejo como o equestre e o náutico, com muita incidência no Tejo. O rio Tejo tem potencialidades enormes que nunca foram trabalhadas. O Ribatejo está agora a vencer a inércia em termos turísticos. Calculo que o senhor, como alentejano que é, possa dizer de vez em quando que empurrar esta região dá uma grande “cansêra”. Sou alentejano mas neste momento também sou ribatejano. E acho que até sou mais ribatejano que muitos ribatejanos. Defendo o Ribatejo em todo o lado e trabalho com a minha equipa para que o Ribatejo tenha o reconhecimento que merece. É verdade que isto dá uma canseira mas como dizia o outro, se fosse fácil não era para mim. Eu defendo que na afirmação de um destino turístico os primeiros promotores são os cidadãos que vivem nessa zona. Temos que conseguir isso no Ribatejo. Como? Vamos lançar este ano no Ribatejo uma iniciativa que já fazemos há alguns anos no Alentejo, que é virada para as escolas; para os estudantes, que se chama: “Um turista - Um amigo no Ribatejo”. Isso para quê? Para que o jovem que está hoje na escola primária, tenha atenção e valorize património que até pode ver diariamente a caminho da escola mas ao qual não liga. Pode ser uma igreja ou um pelourinho com uma história para contar. É aí que queremos trabalhar. Sensibilizar as crianças para a importância e para a beleza do Ribatejo. Eu sou um optimista. Estou convencido que daqui a uns anos a auto-estima e a consideração dos ribatejanos pela sua região vai ser muito mais elevada. Agora tudo tem o selo de Património da Unesco para ter qualidade. Essa ideia de que até o meu bigode pode ser classificado como património da humanidade é falsa. Eu estive em Paris em 2014 e na Namíbia, em Windhoek, na altura das reuniões do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património. Só o ano passado, das oito candidaturas apresentadas, quatro foram retiradas e duas foram chumbadas. Foi aprovada a candidatura do Fabrico de Chocalhos e uma outra. O selo da Unesco é muito importante na afirmação de um destino e de um território. O turista hoje é mais culto, mais exigente e mais informado. Vê e lê tu-


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do sobre um destino antes de viajar. Hotéis, roteiros...consulta fóruns de opiniões. Também queremos certificar o destino e toda a cadeia de valor. Começaremos a partir de Março a certificar/qualificar o alojamento. Qual o resultado da classificação do Cante pela Unesco? Estamos neste momento com um projecto que é a activação do património imaterial. Não basta a classificação. É necessário haver roteiros do Cante. É necessário que o turista que cá venha possa ir assistir a um ensaio de um grupo, por exemplo. Quando eu coloquei a questão aos gabinetes de acção local, no sentido de haver apoios e financiamento para novos restaurantes que tivessem Cante como animação turística, imediatamente as pessoas pensaram que eu estava a falar de grupos de quarenta pessoas. Não é assim. O Cante pode ser um Cante à desgarrada...podemos ser nós os dois... Havia de ser bonito...falo por mim... Quem sabe. Se calhar saíamo-nos melhor que alguns artistas que por aí andam (riso). Mas isto para dizer que é fundamental a activação do Património Imaterial. E no Ribatejo? Temos boas notícias em relação a uma possível classificação da Falcoaria de Salvaterra de Magos. E vamos avançar com a Cultura Avieira e o Fandango. São dois projectos que vamos abraçar e que consideramos decisivos. Estes projectos demoram cinco a seis anos mas a classificação da Unesco é muito importante. Um aficionado ribatejano perguntaria agora sobre a viabilidade de uma candidatura da chamada Festa Brava, associada ao touro e à lezíria... Isso está fora de questão. Sabemos a importância que tem o touro como manifestação cultural daquela região mas tudo o que tenha a ver com animais é à partida rejeitado pela Unesco. Cla-

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ro que o touro e a tourada e toda essa actividade podem atrair turistas. Há projectos. A família Ribeiro Telles tem um projecto quer avançar na zona de Coruche com um projecto que permite que o turista possa ir ver um treino de um cavaleiro, por exemplo. Como está a decorrer o programa de fundos comunitários Portugal 2020? Devia era ser chamado Portugal 2023 ou Portugal 2024. Não consigo entender como é que um país como o nosso, em que as empresas e instituições têm dificuldades financeiras, não aproveite de uma forma rigorosa e intensa os fundos estruturais. Mesmo que abram agora os concursos só vai haver dinheiro lá para Novembro. O que é que isto significa? Três anos de atraso na execução de um Quadro Comunitário. Não há memória de uma coisa assim. Depois em 2017 quando vierem as primeiras avaliações da execução vai ser uma pressa. “venham de lá projectos para executar porque precisamos de resultados”. Estamos sujeitos a perder verbas. O secretário de Estado das Autarquias, Carlos Miguel, anunciou a integração do Turismo nas CCDR (Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional). Que comentário lhe merece esta possibilidade? Turismo é economia e é concorrência. Os políticos andam a brincar e não podem fazê-lo porque isto é um negócio que envolve privados que investiram. E não podemos andar a mudar todos os dias. As reformas administrativas do Estado têm que deixar de ser feitas em Lisboa, naqueles mega edifícios com mais de mil funcionários. Uma das funções das CCDR é gerir os fundos estruturais e o actual quadro já vai com dois anos de atraso. E agora ainda lá querem meter o Turismo, a Saúde, a Educação? É um disparate! Sei que a mudança é para ser feita daqui a dois anos mas digo desde já que sou contra.

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Personalidade do Ano Desporto Masculino

Associação Académica de Santarém

“Gostaríamos que o clube voltasse a ser a verdadeira associação dos estudantes de Santarém” António Torres, presidente da direcção da Associação Académica de Santarém, fala do esforço feito para dotar o clube de melhores condições para a prática do futebol e dos desafios que se seguem: a renovação da sede e mais um relvado no complexo desportivo da Escola Agrária. João Calhaz

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uase a completar 85 anos de existência, quais são hoje os principais desafios da Associação Académica de Santarém? O principal desafio desta direcção foi consolidar financeiramente as contas do clube e melhorar a prestação de serviços aos atletas. Construímos um novo campo de futebol de 7 e novos balneários. Mas com cerca de 300 atletas muito gostaríamos de melhorar ainda mais essas condições. Há miúdos a treinar num quarto de campo, o futebol de 11 a treinar em meio campo, o que não faz muito sentido. Fazia sentido investir no campo de cima (pelado) para melhorar a qualidade do trabalho dos técnicos, não com a intenção de sermos campeão disto ou daquilo mas para dar qualidade de treino para que os miúdos possam evoluir. As coisas estão bem encaminhadas nes-

Um clube criado por estudantes e virado para o futebol jovem A Associação Académica de Santarém é uma referência do futebol de formação na região, com muitos títulos conquistados e presença regular das suas equipas nos campeonatos nacionais dos escalões jovens. Actualmente tem quase trezentos jovens praticantes e 16 equipas de competição, divididas por todos os escalões desde os petizes até aos juniores. Somam-se cerca de 30 colaboradores mais alguns pais que costumam ser delegados aos jogos. O clube nasceu oficialmente em 5 de

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se sentido? A Federação Portuguesa de Futebol tem quatro milhões de euros para o país inteiro. São 18 distritos com imensos clubes. Vamos tentar, mas não será tarefa fácil… Não há possibilidade de financiamento da União Europeia, como aconteceu com as obras mais recentes? Isso já acabou. Foi mesmo a última oportunidade. A União Europeia já não financia equipamentos desportivos. Seria importante até para utilização por parte de escolas e da sociedade civil. Voltando à primeira questão. A situação financeira do clube está estabilizada? Neste momento está. O clube dedica-se hoje, sobretudo, ao futebol de formação, mas já foi bastante eclético, com ténis de mesa, atletismo, voleibol, basquetebol, pesca, etc... Não há condições para o desenvolvimento da prática de outras modalidades? Ainda temos a secção de pesca, embora já não com tanta

Outubro de 1931 por iniciativa de estudantes do antigo Liceu de Santarém e da então Escola de Regentes Agrícolas. Mas a ideia da sua criação começou a germinar alguns anos antes, em 1925, na antiga Escola de Regentes Agrícolas, hoje Escola Superior Agrária de Santarém. É aí que ainda hoje treinam e jogam as equipas da Académica, num complexo desportivo que tem vindo a ser requalificado numa parceria tripartida entre o clube, a Câmara Municipal de Santarém e o Instituto Politécnico da cidade. Ao longo dos anos, a Académica de Santarém dinamizou a prática de múltiplas modalidades desportivas, como ténis de mesa, atletismo, tiro com arco,

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projecção como nos anos em que foi campeã nacional e mundial. O ecletismo da Académica tem a ver com a sua própria história, que é fantástica. Era a verdadeira associação dos estudantes de Santarém. Agregava os alunos do liceu e da escola de regentes agrícolas. Os calções do equipamento são azuis por causa das calças de ganga dos regentes agrícolas e a camisola é preta, que era a cor da batina dos meninos do liceu. Tivemos hóquei em patins, basquetebol e outras modalidades, mas hoje há outros clubes na cidade que desenvolvem esse tipo de trabalho. O que têm feito para alimentar a mística do clube? Temos tentado recuperar os sócios mais antigos e acho que conseguimos, através da realização de dois jantares que tiveram grande participação. Muitas pessoas que têm agora 60 e 70 anos e que ainda são sócias da Académica revêem-se no clube pelos tempos que aqui passaram na sua juventude, como estudantes. Há histórias muito interessantes. O primeiro desfile de caloiro que se realizou na cidade foi organizado pela Associação Académica de Santarém. Seria interessante voltar a aproximar mais o clube dos estudantes.

voleibol, basquetebol ou pesca desportiva (foi campeão nacional e mundial em água doce). Promoveu também actividades culturais, como saraus musicais, conferências, récitas de poesia, exposições. Hoje o clube, com estatuto de utilidade pública, dedica-se sobretudo ao futebol jovem. Por ali passaram jogadores que mais tarde chegaram a profissionais como Jorge Cadete (Sporting e Benfica), Rui Carlos (Gil Vicente e V. Setúbal e hoje técnico do clube) ou Jaime Simões (Beira-Mar). Depois de garantido o equilíbrio financeiro e a revisão dos estatutos do clube, os desafios actuais passam pelo arranjo da actual sede, situada no centro histórico

Têm tentado essa aproximação? Pensámos nisso mas o foco foi sempre o de equilibrar as contas e realizar investimento. E neste momento temos outros dois grandes desafios que são o do campo e o da sede. Um clube com 85 anos de história não pode ter como património três carrinhas. Isso faz-me confusão. Quem cá estiver deve pensar no campo e em melhorar a sede ou tentar encontrar outra solução. Por vezes estamos a fazer reuniões e está a chover em cima da mesa. O futebol de formação da Académica confronta-se hoje com a concorrência de três outros clubes de futebol da cidade que têm a mesma oferta nalguns escalões e também de outros clubes que desenvolvem outras modalidades que também captam muitos jovens. Até que ponto essa realidade se tem reflectido no número de atletas que procuram a Académica para praticar futebol? Desde que entrei para presidente da Académica, há mais de dois anos, o número de atletas tem aumentado, apesar da concorrência não só dos outros clubes na cidade, como do concelho e até de concelhos vizinhos como Rio Maior ou Almeirim. Fizemos um esforço para dar mais condições. Gastámos 11 mil euros em equipamentos novos e 7 mil euros em fatos de treino. Comprámos equipamento desportivo como pinos, bolas e outro material de treino. Vamos tentar melhorar o posto médico e fazer uma arrecadação ao lado do balneário antigo. Esse é o caderno de encargos para o próximo mandato? Não sei. Se me dissessem que ia ter um campo novo e uma sede nova era capaz de pensar em mais dois anos de mandato mesmo penalizando a minha mulher e os meus filhos, a quem tenho de agradecer pelo muito do tempo que não tenho estado com eles. Tal como tenho de agradecer aos meus colegas de direcção, porque sem esse esforço conjunto não teríamos conseguido fazer o que fizemos. Mas o caderno de encargos é esse. A arrecadação e o posto médico ainda acho que vou a tempo de fazer. Agora o novo campo e a sede são situações que não dependem só de nós. Sem o apoio dos pais era possível manter o clube em actividade? De maneira alguma. Estivemos quatro anos sem apoio financeiro da Câmara de Santarém, voltou no ano passado, e vivemos de donativos de

da cidade, e pela continuação da requalificação do parque desportivo da Escola Superior Agrária, para proporcionar melhores condições aos muitos jovens que procuram o clube para praticar desporto. A direcção é liderada por António Torres. O mandato expira em Abril próximo e o presidente, que está no seu primeiro mandato, ainda não decidiu se vai recandidatar-se ao cargo. Antes das eleições há ainda tempo para a realização de mais uma edição da Santarém Cup, festa do futebol jovem que traz centenas de jogadores à cidade no fim-de-semana de Páscoa. É apontado como o maior torneio de futebol jovem organizado por um clube.


empresas e do pagamento da anuidade por parte dos pais que têm aqui os filhos a jogar. Os pais, nos últimos anos, foram a grande alavanca e suporte da Académica. O regresso do futebol sénior continua descartado? Neste momento não faz muito sentido. Mais vale termos formação com qualidade do que querermos ter muita coisa e depois perdermo-nos a meio do caminho. Espera títulos este ano de alguma das equipas? Não exijo títulos. Não é essa a nossa filosofia. O que queremos é que os miúdos evoluam sempre. Obviamente, se vierem títulos é bom. Temos a equipa de juniores que anda na frente, num campeonato muito renhido. Nos iniciados vencemos a série na primeira fase, mas agora é que vai começar a doer. Como está a ligação da cidade com o clube? Penso que há alguma empatia. Em dois anos fizemos dois jantares. Num tivemos 800 pessoas, no outro tivemos quase 600 pessoas. E o que mais me satisfez foi ter a família da Académica toda junta – antes cada equipa fazia o seu jantar de Natal – e ver pessoas que já não pagavam quotas da Académica há 20 e 30 anos a reaproximarem-se do clube. Pretendemos também criar uma aplicação para telemóveis com informação do clube. As parcerias com empresas têm sido uma aposta ganha? Quando partimos foi

com uma grande ambição, de ter sócios-empresa. Adaptámos os estatutos a essa realidade e temos mais de vinte aderentes. Também mantivemos este ano os descontos para sócios resultantes de protocolos com mais de 50 empresas. Há pessoas que me dizem que os descontos que tiveram nas compras deram para pagar a quota anual de 18 euros. Barbeiros, cabeleireiros, livrarias, lojas de desporto, oficinas, restaurantes, hospital CUF Santarém, fazem parte da panóplia de aderentes. Qual é o significado do grito de guerra das equipas do clube, a que muita gente acha piada: “Esta é malta da picha de aço / aço, aço, aço / com os colhões a marcar passo / aço, aço, aço!”. Ao que sei, desde os anos 30 que as equipas da Académica dão esse grito em campo. Penso que era pura irreverência académica e estudantil.

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Personalidade do Ano Cidadania

CEBI Fundação para o Desenvolvimento Comunitário de Alverca

“Esta é uma casa de afectos e de espírito solidário” A Fundação CEBI começou por ser Centro de Bem Estar Infantil (CEBI). É por isso normal que haja quem diga o CEBI e quem use a CEBI ou a Fundação CEBI. A actual presidente do conselho de administração da Fundação usa o CEBI mas seja no masculino ou no feminino, Centro ou Fundação, a sigla CEBI significa serviço à comunidade. Significa solidariedade. Ana Maria Lima, presidente do conselho de administração, explica aqui algumas das particularidades da meritória instituição. Filipe Matias

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que representa o CEBI para Alverca? Se o CEBI não existisse penso que já teria sido criada outra organização para dar resposta às necessidades das pessoas e das famílias mas o que existe é o CEBI e o seu trabalho é muito importante. Foram sendo criadas várias valências em resposta às necessidades da comunidade de Alverca e é importante existir uma casa com esta

Nascer para servir e crescer servindo cada vez mais e melhor A CEBI – Fundação para o Desenvolvimento Comunitário de Alverca, também designada de Fundação CEBI, é uma instituição particular de solidariedade social, sem fins lucrativos, dirigindo a sua actividade para as crianças, jovens, idosos e famílias, com particular atenção aos mais desfavorecidos. Está situada em Alverca, no concelho de Vila Franca de Xira, e é um dos principais empregadores da cidade, gerando 416 postos de trabalho directos e 80 indirectos. Tem perto de dois mil utentes, incluindo 1640 alunos. O orçamento anual ronda os 11 milhões de euros. A Fundação CEBI integra o Centro Português de Fundações e a Confederação Nacional das Associações de Família.

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pluralidade de actividades. A comunidade confia em nós. Como se classifica enquanto gestora? Sou uma pessoa racional com uma gestão cuidada e rigorosa. Procuro não correr riscos desnecessários. Há tanta gente que depende de nós que não podemos deixar de trabalhar deste modo. Conseguem dar resposta a todas as solicitações? Temos cerca de uma centena de crianças em lista de espera para a creche. Há

As origens e a dinâmica da fundação remontam a 1968, quando foi criado o CEBI – Centro de Bem-Estar Infantil em Alverca, pela mão de José Álvaro Vidal. Na altura muitos casais trabalhavam nas indústrias da cidade e não tinham onde colocar os seus filhos e o Jardim-de-Infância foi a primeira valência. A instituição foi-se moldando no tempo e reconfigurando a sua estrutura sempre com o objectivo de melhorar a capacidade de resposta às necessidades locais, educativas e de saúde da comunidade. Criou respostas também para o combate à exclusão social e à pobreza, tendo como objectivo criar uma sociedade mais solidária e inclusiva. Na educação tem desde berçário até ao nono ano de escolaridade e já estão a decorrer as obras para alargar a oferta educativa ao ensino secundário. Na acção social dispõe de um serviço de emergência social, que acolhe tempora-

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cerca de sessenta pessoas idosas que aguardam uma possibilidade de poder usufruir das respostas dadas pela Fundação. Temos alguns desafios importantes pela frente, nomeadamente no que diz respeito aos idosos. A população está a envelhecer e queremos que esse envelhecimento seja feito com dignidade. Temos de ser capazes de proporcionar às pessoas um envelhecer de qualidade e só conseguimos fazer isso com boas estruturas. Queremos também, a curto prazo, alargar o projecto educativo ao ensino secundário. Qual a maior preocupação no vosso dia-a-dia? Ter a certeza que todos os serviços que prestamos, nas várias valências, satisfazem plenamente as necessidades dos nossos utentes e dos nossos clientes. Estamos sempre a tentar melhorar em termos de qualidade. Nos últimos anos, devido à crise, houve uma quebra de receitas. Tivemos de nos ajustar para conseguirmos que algumas crianças não deixassem de frequentar o colégio, por exemplo. Felizmente a natalidade tem vindo a aumentar. Começámos a ter lista de espera maior para a creche, situação que não acontecia antes. Os pais também investem muito na educação dos filhos. Temos cada vez mais entradas directas no segundo

riamente crianças em risco. Realiza intervenção social nas áreas do apoio social e psicológico e apoia mais de 250 idosos por ano, nas valências de lar, centro de dia e apoio domiciliário. Na área da saúde realiza cerca de 400 atendimentos diários de medicina física e reabilitação. A 25 de Novembro de 1995 a CEBI foi constituída como Fundação, tendo na assembleia de fundadores a LAC – Liga de Amigos do CEBI, OGMA, Banco Santander Totta e a Câmara de Vila Franca de Xira. Hoje a intervenção do CEBI estende-se também para lá da cidade de Alverca, dispondo de um centro de recursos na Ericeira. José Álvaro Vidal, fundador do CEBI, morreu a 12 de Junho de 1999, tendo sido dado o seu nome ao colégio em forma de homenagem. Em 2009 o Projecto Educativo Global, daquele estabelecimento de ensino, foi distinguido com o prémio Gulbenkian Educação.

e terceiro ciclo e isso não era habitual. Há desafios que se tornam oportunidades de melhoria e crescimento. Como chegou ao CEBI? Venho de uma área completamente diferente, a banca, onde entrei em 1974 e onde exerci cargos directivos. Só em 1995 é que tomei contacto com esta realidade, através do José Álvaro Vidal, que convidou o banco onde eu estava a fazer parte da Assembleia de Fundadores da Fundação CEBI. Desde esse momento que fiquei em representação do banco Santander na administração da Fundação. Foi um passo quase natural mas que não teria resultado se eu não me tivesse apaixonado por esta casa e não tivesse, desde a primeira hora, desejado estar aqui muitos anos. É uma instituição que nunca vou deixar de ter presente e de acompanhar. Já não imagino a minha vida sem a Fundação CEBI. Uma mulher tem outra sensibilidade para gerir? Não acho. Na minha vida profissional nunca me preocupei com géneros. O importante é a capacidade de cada um e o seu profissionalismo e entrega. Dormiu bem quando lhe fizeram o desafio de liderar a fundação? Nunca na minha vida alguma proposta que me tenha sido feita me tirou o sono. Um gestor tem de estar preparado para os desafios. Não tenho


medo de aceitar desafios. Eles representam sempre uma oportunidade de fazer mais e melhor mas também nunca pensei que sou quem tudo sabe. Procuro rodear-me de pessoas que saibam tanto ou mais do que eu. Menos não vale a pena. Gosto que as equipas sejam unidas e que quem as integra tenha a mesma vontade de aprender que eu tenho. Que memória guarda do fundador do CEBI, José Álvaro Vidal? Era um homem à frente do seu tempo. Era um visionário. Uma pessoa com um espírito solidário imenso e com muito amor ao próximo. Felizmente ainda em vida a comunidade reconheceu devidamente o seu valor. Era uma pessoa muito considerada, não só aqui como a nível nacional. Quando havia qualquer situação que se prendia com o apoio a crianças ou idosos ele era sempre convocado. Foi várias vezes chamado à Assembleia da República, por exemplo, para se pronunciar sobre iniciativas legislativas, por exemplo. Ainda hoje é um exemplo e uma referência para todos nós. A solidariedade está em crise? Não. Nunca fizemos o nosso percurso sozinhos, estivemos sempre acompanhados por pessoas solidárias e com vontade de ajudar. Um dos grandes valores que queremos preservar é esse amor e solidariedade para com o próximo. Somos uma comunidade com bons exemplos de cidadania. Vila Franca de Xira é um concelho com um grande número de respostas nesta área social. Somos um exemplo. As pessoas têm um grande espírito solidário. Como é a sua relação com os pais das crianças? É uma relação aberta. Sabem que podem contar comigo. Nunca neguei um pedido para falarem comigo. A porta do meu gabinete está sempre aberta. Qual o maior valor da Fundação CEBI? Para mim esta casa vale sobretudo pelos

seus recursos humanos. O que diferencia as organizações são os seus recursos humanos e eu preocupo-me muito com isso. É fundamental uma aposta permanente na formação e na actualização. Valorizando as pessoas estamos a valorizar o CEBI. Gosto de transmitir segurança e confiança às pessoas com quem trabalho. Gosto de as estimular. Gosto que elas sintam que só com eles e com a sua motivação e empenho é que conseguimos levar para a frente a nossa missão, que é desenvolver a nossa actividade tendo em vista a satisfação das necessidades da população. O que vos distingue das restantes associações da zona? O pioneirismo, a inovação, a dimensão e a pluralidade de respostas. E o CEBI é uma organização em que todos os seus colaboradores estão unidos no mesmo propósito.

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Personalidade do Ano Vida

Hermínio Martinho

“Na política quem diz o que pensa não vai longe porque as pessoas gostam de ser iludidas” Hermínio Martinho esteve na ribalta política nacional na década de 80 do século passado, quando foi presidente do PRD (Partido Renovador Democrático) e o partido conseguiu eleger quarenta e cinco deputados nas primeiras eleições que disputou. Foi também deputado e vereador na Câmara de Santarém por duas vezes. Prestes a completar 70 anos, continua a trabalhar mas garante que está completamente afastado da política embora continue atento. Afirma-se como um homem dedicado à família e de bem com a vida. João Calhaz

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ompleta 70 anos em 2016 e continua a trabalhar. A reforma não faz parte dos seus planos imediatos? Não. Quando morrer tenho muito tempo para estar parado e estar reformado. Tive uma actividade muito diversificada, não só na política como na agricultura e noutras áreas, e sempre fiz o que gostava. Quando não me senti estimulado a gostar do que estava a fazer, deixei o que estava a fazer. Foi o que aconteceu na política. Aliás, na política, nos

Um lugar na história da democracia graças à criação do PRD Hermínio Martinho entrou para a história da democracia portuguesa ao fundar e liderar o Partido Renovador Democrático, PRD, em 1985 com o patrocínio tácito do Presidente da República de então, General Ramalho Eanes. Nas eleições desse ano o partido obteve mais de um milhão de votos e elegeu 45 deputados, tornando-se o terceiro maior partido português. O surpreendente resultado deu-lhe grande notoriedade a nível nacional. Assumiu o mandato de deputado, chegou a vice-presidente da Assembleia da República e teve assento no Conselho de Estado. Dois anos depois, uma moção de

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últimos anos, não gostava nada do que fazia mas tive que esperar pelo meu último dia de deputado, porque os compromissos são para respeitar. Mas depois da saída do general Ramalho Eanes do PRD (Partido Renovador Democrático), em coerência, eu também devia ter saído. Arrependeu-se dessa decisão? O general Ramalho Eanes saiu em circunstâncias excepcionais, teve de ser operado de urgência. Percebi logo qual era o destino do PRD mas tinha sido eleito deputado e achei que tinha que cumprir e tentar manter a actuação do

censura proposta pelo PRD na Assembleia da República levou à queda do Governo do PSD liderado por Cavaco Silva, que tinha maioria relativa no Parlamento. As eleições intercalares que se seguiram deram a primeira maioria absoluta a Cavaco Silva e o PRD foi fortemente penalizado nas urnas. Mesmo assim Martinho conseguiu ser eleito novamente deputado pelo círculo eleitoral de Santarém, funções que desempenhou durante mais quatro anos. Engenheiro técnico agrário, Hermínio Martinho nasceu em Tancos, concelho de Vila Nova da Barquinha, em 23 de Março de 1946. Está radicado já há muitos anos em Santarém, onde estudou e cumpriu parte do serviço militar, vivendo na Quinta do Rosário, nos arredores da cidade, onde tem uma exploração agro-pecuária. Desempenhou o mandato de vereador

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PRD com o mínimo de dignidade dentro daquilo que eram as nossas propostas. Voltando atrás: a agricultura não lhe chegava para ocupar os dias actualmente? Chegava. Mas a agricultura tem mudado muito em Portugal. Eu fazia uma agricultura mais assente na produção de bovinos, na produção de carne, que é hoje um processo complicado atendendo aos custos de produção e à concorrência. No início da década de 1980, antes de entrarmos para a CEE (Comunidade Económica Europeia), vendia o quilo de trigo e de milho mais caro do que vendo hoje. E veja-se quanto é que aumentou a mão-de-obra, os adubos, os tractores, o gasóleo, todos os factores de produção desde essa altura, já lá vão mais de 30 anos. Ainda pega no tractor para matar saudades? Sim, gosto. Pego mais no tractor para tirar pedras da terra ou para ir buscar lenha para a lareira do que propriamente para lavrar ou gradar. Mas lavrei muitos hectares de terra e fiz milhares de fardos de palha. Ficou célebre aquele episódio numa

na Câmara Municipal de Santarém entre 1979 e 1982, eleito pelo PS, e entre 1997 e 2001 eleito pelo PSD. Hermínio Martinho continua atento à política e diz que até ganhou recentemente alguns almoços em apostas com amigos, por ter previsto a solução governativa que foi encontrada após as últimas eleições legislativas, com a nomeação de António Costa como primeiro-ministro. Conta que em 1987 só não houve uma solução parecida, com Vítor Constâncio como primeiro-ministro, porque o Presidente da República de então, Mário Soares, não aceitou e convocou as eleições antecipadas que deram origem à primeira maioria absoluta do PSD liderado por Cavaco Silva. Em Santarém tem estado sempre ligado ao movimento associativo, sendo actual-

noite eleitoral em Lisboa quando disse, em directo na televisão, que ia regressar a Santarém porque tinha as vacas com água pela barriga devido à cheia. Foi em Dezembro de 1989. Tinha perdido as eleições para a Câmara de Lisboa, curiosamente contra o nosso actual Presidente da República eleito, Professor Marcelo Rebelo de Sousa e o Dr. Jorge Sampaio. Os jornalistas não me largavam, a perguntar o que ia fazer. Parecia que eu não sabia fazer mais nada na vida. De facto na altura estava preocupado porque havia uma grande cheia e tinha as vacas dentro de água. E a verdade é que, nessa noite, andei com os meus filhos até às cinco da manhã a tirar as vacas do paul. Ainda lhe calham uns fretes desses? De vez em quando. É uma coisa divertida, que faz parte da nossa actividade. E da política, já está reformado? Completamente. Quando me candidatei à Câmara de Santarém (em 1997), foi a última coisa política que fiz. Dos cargos a que me candidatei, o único que não desempenhei foi o de presidente de câmara. Devo dizer que talvez fosse o cargo que mais me estimulava, atendendo ao meu perfil. Ficou aborrecido por não ter sido eleito presidente da Câmara de Santarém? Ninguém fica satisfeito por perder, mas acho que Santarém perdeu mais do que eu. Hoje acho que me saiu a sorte grande por não ter sido eleito presidente. Veja-se o que foi a saúde de muitos dos primeiros presidentes de câmara, que se dedicaram a 100 por cento a essa missão. Elas não matam mas moem. É por isso que digo, sinceramente, que Santarém perdeu muito mais do que eu. O que é que Santarém poderia ter ganho consigo como presidente? Quanto ao que podia ter sido feito, isso faz parte do passado. Mas Santarém tem hoje os mesmos habitantes que tinha nos meus tempos do liceu, há 50 anos. Houve uma ocupação desordenada do território, uma dispersão urbanística e a população é a mesma. Santarém foi crescendo mal, as pessoas podiam ter outras condições, acho que o centro histórico está maltratado, abandonado. Uma das minhas ideias era criar um mini Central Park de Nova Iorque onde está hoje o Jardim da Liberdade, que tem hoje uma imensidão de calçada que não se percebe para que serve.

mente presidente da assembleia-geral dos Bombeiros Voluntários de Santarém e da Santa Casa da Misericórdia de Santarém. No início da década de 1980 foi presidente da Feira do Ribatejo e foi ele quem negociou, enquanto vereador do município, a compra da Quinta das Cegonhas onde foi construído o Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA). Considera-se uma pessoa frontal, que gosta de dizer aquilo que pensa e sente. Desligou-se da política activa e colabora há já alguns anos com a construtora Tecnovia. Casado, pai de quatro filhos e avô de oito netos, tem na família o seu porto de abrigo e fonte de energia e motivação. Defende que quem nasce e morre sem ter filhos, morre sem saber o que é o verdadeiro sentimento de amor e que o mesmo se pode dizer em relação aos netos.


O senhor tem uma vasta experiência política, profissional e de vida. Os seus companheiros de partido (PSD) que têm responsabilidades políticas procuram-no para lhe pedir conselhos, para o ouvir? Não. Não falo de política com ninguém nem ninguém fala comigo há muito. Desde que saí da Câmara de Santarém, em 2002, a única pessoa que me telefonou para falar de política uma vez ou duas foi Pedro Passos Coelho quando era primeiro-ministro. Como é que lidava com a exposição mediática nesses tempos do PRD? Dava-me bem com ela. Nunca tive problema nenhum, falava com as pessoas abertamente. Estive na política como estou na vida, dizendo sempre o que penso e o que sinto. Aliás, percebi pouco tempo depois de estar na política que nunca teria futuro nesse campo. Porque quem diz o que pensa e o que sente na política está morto. A política nunca será feita assim e a maioria das pessoas gosta de ser iludida. Qual é a sua relação com a sua terra natal, Tancos, no concelho de Vila Nova da Barquinha? Vou lá com alguma frequência, até porque tenho lá coisas que herdei.

Sinto-me bem lá. Sinto-me bem no rio Tejo, no castelo de Almourol, lembro-me das corridas de natação que fazia com os meus amigos da época. Após sete décadas de vida já se arrependeu de muita coisa? Nunca me arrependi de nada que tenha feito, mesmo reconhecendo hoje que devia ter saído da política quando o general Eanes saiu, pois eu estava na política para estar com ele. Mantém relação com o general Ramalho Eanes? Sim, a melhor possível. É um homem excepcional, com um espírito intrinsecamente democrático, que sabe ouvir, de uma seriedade, integridade e honestidade invulgares. De vez em quando janto com

ele e com alguns amigos ainda do tempo do PRD e hoje em dia até o acho mais desprendido, mais aberto. Tem algum objectivo de vida ainda por cumprir? Tenho um grande objectivo, que é transmitir todo o amor que sinto, e é muito, aos meus netos. Tentar mostrar-lhes algumas coisas da vida, porque a vida não é só sol. A minha vida hoje está quase toda voltada para os meus quatro filhos, que adoro, e para os meus oito netos que adoro também. Sou uma pessoa feliz. Como encara o envelhecimento? Com naturalidade. Se não tivesse esta idade não tinha os filhos todos com quarenta anos e não tinha oito netos, que é uma coisa… Quem nas-

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ce e morre sem ter filhos, morre sem conhecer o verdadeiro sentimento de amor que se pode ter por outro ser da nossa espécie. Isto é verdade para os filhos e ainda é mais verdade para os netos. É uma felicidade única.

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Personalidade do Ano Política - Masculino

Carlos Coutinho Presidente da Câmara Municipal de Benavente

“Chego ao fim de alguns dias com uma profunda dor por não poder fazer mais” Carlos Coutinho sempre se interessou pelos problemas colectivos e pelo associativismo. A actividade política surgiu naturalmente e é com naturalidade que agora exerce o cargo de presidente da Câmara Municipal de Benavente para que foi eleito. Preocupa-se em ser justo e sente a impotência de não conseguir fazer mais pelas pessoas e famílias que vivem problemas dramáticos. Diz que não ambiciona ir mais longe na política e garante mesmo que não estando a exercer qualquer cargo autárquico, vai lutar sempre pelo progresso do seu concelho. José Luís Pimenta

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lgum dia pensou ser político e presidente de câmara? Não. Na minha vida nunca esteve presente este desafio. Só aos vinte e poucos anos é que me despertou o sentido de prestar serviço à comunidade no movimento associativo e, a partir daí, houve um convite para o projecto autárquico da CDU e tem sido um trajecto de realização muito bom para mim. Há similitude entre servir o poder local e o movimento associativo, na forma como nos entregamos, servimos a nossa terra e gente e para mim têm sido muito gratificantes estes tempos. O que é que transpôs do movimento associativo para a experiência na câmara e, em concreto, para esta fase da presidên-

Um homem comum que preza os valores da família e da amizade Carlos Coutinho nasceu em Samora Correia no seio de uma família humilde. Começou a trabalhar aos 15 anos nos serviços administrativos de uma firma de montagem de linhas eléctricas. Cumpriu o Serviço Militar Obrigatório, na Marinha

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cia? Acima de tudo uma forma de estar de que fazer serviço público é algo muito importante, em que damos de nós aquilo que podemos com o objectivo comum de servir melhor a nossa comunidade. O ser humano não pode ter apenas uma visão material da sua existência e estas são formas positivas de colaborar na sociedade, onde se vive muito os problemas da terra e da sua gente. Que motivação o guia diariamente na actividade política autárquica? Ter a grande responsabilidade de representar os interesses de uma população e fazer o melhor pela sua terra é um enorme desafio. Quando conseguimos concretizar projectos e melhorar a vida das pessoas é algo que nos preenche a alma e o poder local dá-nos isso tudo. Lembro-me de nos primeiros tempos

de Guerra, onde diz ter reforçado as suas convicções sobre a amizade e a camaradagem, nomeadamente durante a comissão de dezoito meses que cumpriu num posto de rádio naval nos Açores. O último emprego que teve foi no sector bancário onde poderá regressar em qualquer altura que deixe de ser autarca. Em 1997 foi convidado pelo então presidente da Câmara de Benavente, António José Ganhão, para integrar a lista de candidatos da CDU àquela autarquia. Até essa altura não tinha tido qualquer actividade política embora se destacasse a nível associativo e em actividades de cidadania.

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que assumi funções, a alegria e a vontade de sentirmos que cada coisa que fazíamos era algo de extraordinário, sentimento que continua passados 18 anos. Que sonho gostaria de concretizar no seu mandato ou em futuro mandato? Que este município de Benavente, que tem a capacidade de atrair muita gente, pudesse encontrar um rumo de sustentabilidade, aproveitando outras oportunidades e tornando-se mais visível. Há sectores que podem e devem ser explorados. Queremos manter a relação com a área metropolitana de Lisboa mas afirmando-nos pela diferença e pelos valores ligados à nossa identidade, o Ribatejo, toda esta lezíria e as suas vivências. O meu sonho era que este concelho fosse um espaço agradável para as pessoas viverem e para o sentirem como seu. Que frustrações tem no seu dia-a-dia? Estes últimos anos têm sido terríveis para quem, como a nossa gente, face à crise económica e às profundas medidas de austeridade, se encontra numa situação complicada. O desemprego tem assolado esta zona e há alguma incapacidade para resolver esses problemas da nossa parte. Sentimo-nos de mãos atadas. É triste ver as condições, algumas mesmo dramáticas, em que algu-

Foi vice-presidente da câmara desde essa altura até 2013 quando encabeçou a lista da CDU e foi eleito presidente. Tem ideias próprias sobre o concelho e uma boa relação com os cidadãos em geral. Trata com o mesmo empenho e à vontade as questões sociais como as questões relacionadas com a atracção de empresas e a criação de emprego. Casado com Dora Coutinho, também uma apaixonada pelo movimento associativo e pelo Ribatejo, que é presidente da ARCAS - Associação Recreativa e Cultural Amigos de Samora, tem três filhas, duas das quais são gémeas.

mas pessoas estão e saber que não temos a solução. Chego ao fim de alguns dias com uma profunda dor por não poder fazer mais. Já se sentiu impelido a ajudar do próprio bolso? Por vezes isso acontece. Claro que sim. Mas também tenho consciência que não posso resolver todos os problemas dessa forma. Por norma, os políticos têm má imagem. Como é que contraria isso? Os portugueses têm sentido, ao longo deste percurso de democracia, períodos de exaltação e ultimamente de grande frustração. As pessoas sentem-se traídas e há um conjunto de situações que levam a uma descrença generalizada. Tento que a minha consciência comande o exercício desta função para ser imparcial e não retirar benefícios. Desde o início que fui responsável por muitos milhões de euros investidos e nunca tive uma abordagem de ninguém com a intenção de favorecimento, o que é importante. Mas tive muitas noites mal dormidas quando tinha de decidir processos, sobretudo de admissão de pessoal, porque não queria favorecer nem prejudicar ninguém. Revê-se em algum político no exercício diário das suas funções? Devemos seguir o nosso caminho, assente em valores e no projecto político, neste caso da CDU. Neste percurso não deixo de ter como referência António José Ganhão, que considero um senhor do poder local democrático, de quem retirei muitos ensinamentos sobre a forma como nos devemos posicionar e exercer este poder de grande proximidade. Temos que ser humildes sem ser subservientes. Temos que ter personalidade e ser determinados e nunca nos podemos esquecer que o mais importante são as pessoas. Gosta de ser confrontado pelas pessoas quanto às decisões que toma? Claro que sim. Gosto de ser abordado, é algo de fundamental para percebermos se o nosso rumo é ou não correcto, independentemente de termos convicções. Temos de partilhar com os cidadãos as opiniões e decisões, mesmo sabendo que o cidadão comum não tem, por vezes, noção do global, preocupando-se mais com o seu problema. Não se vê um dia a sair para outros patamares que não os da política autárquica? Não. Enquanto acharem que aqui


devo estar, que sirvo os interesses da nossa gente, cá estarei. Para outros rumos não estarei disponível. Mantenho a minha ligação à entidade patronal onde desempenhava a minha profissão antes de estar na câmara. Quando aceitei vir para cá em 1997 nem foi na perspectiva de estar tanto tempo. Depois veremos qual a solução, mas não será uma vida parada e amorfa. Em que é que Benavente tem de evoluir para se tornar mais atractiva para receber mais gente? Acreditamos que Benavente tem um futuro importante, fazendo valer a sua localização geográfica, uma identidade muito própria. Há um conjunto de situações que nos garantem que Benavente se vai continuar a afirmar com grande desenvolvimento, sustentado, com aumento demográfico que possa ser acompanhado com a criação de postos de trabalho, desenvolvendo sectores que ainda não têm a expressão necessária.

Quando sai da câmara e fecha a porta o que é que gosta de fazer? Por norma entro às 8h30 e saio às 20h00. Depois vou ao encontro da minha família, que tem sido prejudicada. Em 16 anos, houve alguns em que não tive férias e, por norma, nunca gozo mais do que 15 dias. Sinto que as minhas filhas têm sofrido com um pai menos presente. Tenho uma mulher extraordinária que tem, muitas vezes, o papel de mãe e pai, embora eu procure compensar. Tenho grande orgulho nas minhas filhas pela sua personalidade e maneira de ser. São o exemplo de tudo o que queria que fossem. Mas eu sou suspeito (risos). Não há gastronomia como a ribatejana? A ribatejana tem valor e é forte mas Benavente, não tenho problemas em o dizer, não tem propriamente uma gastronomia que se identifique. Estamos a procurar alterar as coisas porque é uma vertente forte para o turismo que temos de valorizar.

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Personalidade do Ano Associativismo

Francisco Vieira Presidente da ACISO Associação empresarial de Ourém-Fátima

“Somos demasiado mansos com os políticos que nos mentem todos os dias” Francisco Vieira é presidente da Associação Empresarial de Ourém - Fátima (ACISO) há cerca de cinco anos. Licenciado em História, é também director executivo da Insignare - Associação de Ensino e Formação, entidade proprietária da Escola Profissional de Ourém e da Escola Profissional de Hotelaria de Fátima. Detesta os políticos por considerar que dizem uma coisa hoje e outra amanhã. Ana Isabel Borrego

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omeçou a interessar-se pelo associativismo com que idade? Frequentei uma escola primária de freiras, em Fátima e a directora nunca me deu nenhuma oportunidade de participar nas peças de teatro que organizava. Achava que eu não tinha jeito para nada. Tinha uma certa razão porque efectivamente eu não tinha jeito para actor mas adorava a encenação, a criação, sobretudo ao nível do teatro de revista. Talvez tenha sido por ter tido esses entraves na infância que participei, aos 15

“O sucesso consegue-se com humildade, trabalho, persistência e vontade de aprender” Francisco Vieira é presidente da ACISO (Associação Comercial de Empresários de Ourém - Fátima) e director executivo da Insignare – Associação de Ensino e Formação, entidade proprietária da Escola Profissional de Ourém e da Escola Profissional de Hotelaria de Fátima. Natural de Fátima fez o ensino básico num colégio de freiras e chegou a encarar a hipótese de ir para padre mas acabou por licenciar-se em História. Começou a trabalhar na empresa da

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anos, na criação de uma associação juvenil chamada “Os Tartarugas” e comecei logo como director. Já gostava de mandar naquela altura. (risos) Como era o ambiente cultural em Fátima? Naquela altura em Fátima havia muito pouca coisa para se fazer. Havia o Santuário, o futebol e pouco mais. Tive a sorte de ter nascido e vivido numa rua onde havia várias pessoas com outro tipo de interesses. Interesses culturais, recreativos. Isso influenciou-me desde muito cedo. Comecei a ler aproveitando a biblioteca itinerante da Gulbenkian, a ouvir músicas, algumas das

família que comercializava produtos alimentares e artigos religiosos. Com oito anos já tomava conta da loja aos domingos. Não lamenta ter tido essa dura experiência porque aprendeu o valor do trabalho e o da persistência. Quando iniciou a carreira de professor deu aulas a alunos mais velhos que ele. A associação que lidera trabalha no concelho com maior dinamismo empresarial do distrito de Santarém. Ali estão sedeadas cerca de cinco mil empresas. Lamenta a animosidade existente entre a associação empresarial que lidera e a Associação Empresarial da Região de Santarém (NERSANT) mas acredita que as duas organizações conseguirão ultrapassá-la. Com quinze anos era o presidente de uma associação juvenil que ajudou a fundar. Já estudante em Coimbra respondeu uma vez a um anúncio para

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quais estavam proibidas. Ouvia porque os filhos do senhor da loja dos jornais tinham acesso a essas coisas e nós escondíamo-nos na loja quando o pai ia dormir a sesta e ficávamos a ouvir. Pensava no queria vir a ser? Fui para Coimbra estudar História. Um dia, quando já estava na universidade, o Diário de Coimbra colocou um anúncio à procura de jornalista e escrevi uma carta a candidatar-me. Fui a pé colocar a carta na caixa do correio do jornal. Ninguém me respondeu e eu esqueci a ideia e continuei no meu curso. Uns meses depois recebo uma carta do jornal a pedir-me desculpa porque tinham mudado de sede naquela semana em que deixei lá a carta e só a tinham visto naquela altura. Não sei se teria conseguido ser jornalista mas às vezes acontecem coisas assim. Se a carta esteve meses na caixa de correio errada é porque aquele não era o meu caminho. Nunca mais pensou no jornalismo? Um amigo que estava em Paris desafiou-me a ir

jornalista mas a carta demorou meses a chegar ao destinatário e ele nunca pode testar a sua vocação para aquela profissão. Actualmente limita-se a escrever alguns editoriais para o boletim da Escola Profissional. Aos 59 anos é pai de duas filhas, adultas, de um primeiro casamento e foi pai de um rapaz há cerca de seis anos, fruto de um novo relacionamento amoroso. É com ele que tem descoberto os castelos da região. Gosta de rir e brincar, de fazer caminhadas. Ler e escrever são dois dos seus grandes prazeres da vida. Considera que a primeira característica fundamental para o sucesso é a humilde e ter vontade de aprender. Acredita que com muito trabalho e persistência se conseguem resultados fantásticos. Tem uma paixão “irracional” pelo Sporting que gostava muito de não ter.

para lá tirar o curso de jornalismo uma vez que não existia licenciatura de jornalismo em Portugal. Naquele tempo era comum pedirmos opinião ao nosso pai e eu fi-lo mas o meu pai disse logo que não porque era muito longe. Fiquei convencido que Paris era realmente muito distante de Portugal. Se naquela altura soubesse a distância verdadeira entre os dois países provavelmente tinha ido. Não fui jornalista mas tenho um enorme prazer em escrever. Às vezes ainda o faço quando me ligam para escrever o editorial do jornal da escola. Gosto de tentar ser objectivo e que as pessoas me percebam. É um homem de fé? Sou sobrinho-neto da Irmã Lúcia. Acredito em Deus e em Nossa Senhora de Fátima. A vida, por vezes, é um pouco ingrata e é nesses momentos difíceis que reforçamos essa fé. Também tive os meus momentos de revolta em que pus muita coisa em causa, sobretudo nos tempos da universidade. Foi candidato à Câmara de Ourém pelo CDS. O que o levou à política? Um grande entusiasmo que vinha do associativismo. Convidaram-me e eu aceitei. Era novo, reflectia pouco e acreditava que podia ajudar o meu concelho. Tinha o sonho que podia mudar o mundo. A minha maior frustração foi ser vereador da oposição porque era um cargo que não servia para nada. Eu não podia contribuir em nada para melhorar as coisas. Desiludiu-se com a política? Desiludiu-me a impotência de poder dar um contributo mínimo à minha terra que era o meu objectivo. Actualmente estou totalmente desiludido com os actores políticos que deviam afastar-se e dar espaço a outras pessoas. Somos demasiado mansos com pessoas que nos tratam tão mal como os políticos que nos mentem todos os dias. Um dia dizem uma coisa, no outro dia dizem outra. Fátima tem condições para ser concelho? Fátima deverá ser concelho e será concelho no momento em que seja incomportável continuar a ser apenas uma freguesia do concelho de Ourém. Não somos melhores, nem piores, mas somos singulares. Maiores que o resto do concelho já somos, mas teremos que ser muito maiores para conseguirmos ser concelho. A decisão do Presidente


da República, Jorge Sampaio, de não aceitar a elevação a concelho foi um balde de água fria para a população de Fátima. Mas acredito que em Fátima, actualmente, ninguém está preocupado com esse assunto. Ser presidente da ACISO é um cargo exigente? Tem os seus momentos. A ACISO é a única associação do distrito de Santarém que abrange apenas um concelho mas mesmo assim consegue ser das maiores associações do distrito. É das mais dinâmicas da região. Tem quantos associados? São 800 sócios mas há cerca de dez anos tínhamos 1200. Todas estas crises sucessivas provocaram uma limpeza sobretudo nos associados de aldeias do concelho de Ourém que foram fechando a actividade empresarial. É uma situação muito grave porque foram várias famílias que ficaram sem empregos. Pretende recandidatar-se ao cargo de presidente da ACISO? Este é o último mandato. Desde que tomei posse em 2012 que decidi que não me recandidataria. Aconteceram algumas confusões e chegamos a uma altura da nossa vida que não queremos equívocos absolutamente nenhuns. Quando temos percursos impolutos do ponto de vista da dedicação à causa colectiva a pior coisa que nos podem fazer é colocar isso em causa. Candidatei-me para este mandato porque foi o período mais crítico da associação e não consegui travar a crise que estávamos a ter, resultado da crise financeira em que o país estava mergulhado. Tivemos que agarrar a casa e conseguimos, devagarinho, inverter a situação. O concelho de Ourém tem actualmente cinco mil empresas e possui uma dinâmica poderosa. Qual é a relação da ACISO com a Associação Empresarial da Região de Leiria [Nerlei] e a Associação Empresarial da Região de Santarém [Nersant]? Sempre

tivemos uma relação de grande proximidade com a Nerlei, apesar de agora estarmos mais distantes uma vez que temos que trabalhar com a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo. Em relação à Nersant sempre houve uma grande animosidade. Porquê? A Nersant desvalorizou-nos. Foi-nos varrendo para debaixo do tapete e nós, evidentemente, reagimos. Somos pequenos mas temos tanto envolvimento e tanto trabalho que não precisamos que venha cá uma associação maior dar-nos gás. Temos muito trabalho feito. A ACISO não fica atrás das grandes associações em termos de formação e apoio aos empresários. No entanto, gostávamos de fazer coisas em conjunto com a Nersant. Eu desejo que isso venha a acontecer e reconheço que não tem sido feito tudo o que é necessário para ultrapassar esta situação.

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Personalidade do Ano

Política - Feminino

Ana Sofia Antunes

Secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência

“O meu gabinete é das pessoas e elas podem recorrer a ele sempre que precisarem” A secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes, diz que a grande atenção mediática de que foi alvo por ser a primeira governante cega em Portugal não a assusta mas reconhece que a situação fez aumentar as expectativas que recaem sobre o seu trabalho. Desde que tomou posse tem-se multiplicado em contactos e visitas a instituições porque, como explica, tem a humildade de admitir que não percebe de tudo e o desejo de ouvir e aprender. Filipe Matias

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ogo após a tomada de posse começou a fazer visitas e a ter contactos com inúmeras entidades que lidam na primeira pessoa com a deficiência. Quem assume responsabilidades políticas está ao serviço das pessoas. São elas que me pagam o ordenado e eu tenho que dar o meu melhor. Mas esta é também a minha maneira de estar. Já era assim enquanto activista e vai continuar a ser, agora que tenho esta responsabilidade. Fiz questão de começar o mandato ouvindo as pessoas. Entendi que deveria dar o primeiro passo. Explicar que o meu gabinete é delas e que podem recorrer

“Os obstáculos existem para serem vencidos” A secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes, vive em Vila Franca de Xira há cerca de sete anos. A sua nomeação para o cargo mereceu uma grande atenção mediática por se tratar da primeira pessoa cega que integrava um executivo mas a novidade esgotou-se rapidamente para dar lugar à normalidade. Através do trabalho que tem desenvolvido e de uma agenda extremamente preenchida, nomeadamente com visitas a

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a ele sempre que precisarem e sempre que entendam dar sugestões. Que desafios encontrou nestes primeiros meses? No início tivemos de nos dedicar não só à parte administrativa e burocrática de constituir o gabinete como também organizar o pensamento, estruturar ideias e metê-las em prática. Obviamente que também andámos muito de volta das questões orçamentais, porque sem elas algumas das nossas medidas poderiam estar postas em causa. Apesar de nem tudo estar dependente de dinheiro porque nesta área ainda há muito que se pode fazer sem dinheiro há sempre que ter dinheiro para resolver os problemas. O que está planeado? Começámos agora

inúmeras instituições, um pouco por todo o país, a Secretária de Estado já ganhou o direito a ser avaliada politicamente pelos cidadãos, sem qualquer tipo de atenuante motivada pela sua deficiência. Ana Sofia Antunes nasceu em 1981. É licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Foi Provedora do Cliente da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL) entre 2013 e 2015. No mesmo período foi presidente da direcção nacional da ACAPO - Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal. Com sinceridade, e apesar de criticar o derrotismo, reconhece que já teve momentos na sua vida em que pensou desistir e deixar-se levar pela indiferença do mun-

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a lançar as primeiras medidas e a estruturar as nossas saídas, incluindo o lançamento do nosso percurso para a inclusão, uma actividade que queremos continuar a realizar periodicamente. É fundamental neste trabalho não deixar que o trabalho de gabinete, que é assoberbante, me esgote. Quando começamos a exercer uma função desta dimensão temos de ter a humildade de admitir que não percebemos de tudo, que temos de aprender e aprofundar os nossos conhecimentos falando com quem está no terreno. Como sentiu o convite para o cargo? Este Governo veio dar uma série de sinais de que havia que proceder a uma mudança de fundo em várias dimensões da política. Este foi um grande sinal. O facto de, anteriormente, se ter extinguido uma secretaria de Estado com resposta específica para as questões da deficiência foi uma perda, uma menos-valia. Havia necessidade de recompor e relançar essa estrutura de forma diferente, mais operacional e virada para a inclusão e não tanto para a reabilitação. Ainda é cedo para falar do que poderão ser as conquistas desta nova estrutura e essa avaliação terá de ser feita pe-

do. Mas por ser uma pessoa positiva por natureza, sempre achou que os obstáculos existem para serem vencidos. Não tem tempos livres mas aproveita as viagens de comboio para ler. Gosta de sair com os amigos, ir a esplanadas e adora viajar. Gosta de conhecer novas realidades, novos locais, as sensações e os cheiros e guardar uma imagem mental dos sítios por onde passa. Garante que ter sido nomeada secretária de Estado em nada mudou a sua vida, continuando a fazer compras nos sítios do costume e a frequentar os mesmos cafés de sempre na cidade ribatejana. A única diferença, confessa, é o facto das pessoas lhe terem começado a dar mais atenção, algo que no passado não acontecia.

las pessoas e pelas organizações. Mas espero que seja uma mais-valia. A sua resposta inclui uma crítica ao modo como foram tratadas as questões da deficiência nos últimos anos. Na área da deficiência deu-se a machadada final quando se entendeu que uma secretaria de Estado como esta não fazia sentido. Quis-se reduzir os gastos a todo o custo e sem pensar em consequências. As questões da deficiência, mesmo quando se cria uma secretaria de Estado como esta, implicam um grande trabalho de mediação. Quando se acaba com esta estrutura, argumentando-se que a Segurança Social pode tomar conta do assunto, está-se a ser irrealista, porque ela já tem um mundo de competências com abrangência imensa. A deficiência é um problema dentro de muitos. Como vai conseguir fazer muito trabalho com pouco dinheiro? Há realidades para as quais estamos despertos na área da deficiência e que se resolvem sem grande investimento financeiro como o acesso ao direito ao voto, o chamado voto acessível, o acesso aos sites web, a disponibilidade de um livro de reclamações em formato digital, por exemplo. Há medidas que podemos concretizar e continuar a avançar sem a vertente orçamental. Temos é de conseguir gerir o melhor possível o pouco dinheiro que temos. Espero ter a capacidade de chamar a atenção, reivindicar e negociar com os meus colegas mais dinheiro para esta causa. Uma das suas ambições antes de chegar ao Governo era criar uma lei de bases da vida independente. Vai lutar pela sua ideia? É uma ambição que gostava de ver concretizada até ao final do mandato. Para ser posta de pé precisamos de muito mais informação do que aquela que temos hoje. Temos algumas falhas ao nível do levantamento e do mapeamento das necessidades no terreno e precisamos de conseguir definir números com mais certezas. Precisamos de ter essa informação, ir ao terreno, perceber qual o âmbito de abrangência dos possíveis beneficiários. É um assunto que não pode estar esquecido porque é algo que as pessoas continuam a reivindicar-nos. Já há novidades da prestação social única para a deficiência? Essa é uma área em


que a Segurança Social ainda mantém as pessoas a descoberto. É um trabalho que se faz devagar, exige ponderação e disponibilidade financeira, é algo que estamos a construir e a trabalhar. Não vamos ter isso neste orçamento porque não íamos ter tempo. Ainda só passaram dois meses. Mas estamos a trabalhar nisso e certamente vamos apresentar uma proposta a breve trecho. Já sentiu a pressão de algum dos barões da política que invejam o seu lugar? Ainda não (risos). Mas estou preparada para tudo. Não estou preocupada com confrontos. Estou cá para fazer o meu trabalho e enquanto me quiserem vou cá estar. Se algum dia entenderem que há um barão, como diz, que faz melhor o meu trabalho basta dizerem. Tinha medo que a burocracia do Estado a impedisse de resolver muitos dos problemas que as pessoas enfrentam. Já esbarrou

nessa burocracia? Infelizmente já. Estamos numa fase inicial de tentar desburocratizar e espero nunca me deixar enrolar nessa teia. A papelada existe mas temos de construir mecanismos para ultrapassar essas teias de complicações e problemas administrativos e burocráticos. Há dias em que a burocracia é o maior obstáculo a que as coisas se resolvam rapidamente. Mas também há alturas em que as coisas se resolvem com grande facilidade. A atenção mediática de que foi alvo aumentou-lhe a responsabilidade? Uma das coisas mais difíceis na política é conseguir gerir o excesso de expectativas. Estou aqui para dar o meu melhor e tenho dedicado cada minuto da minha vida nesta tarefa. Mas não podemos conseguir tudo no mesmo momento e quando queremos. Temos de conseguir explicar às pessoas porque é que em determinadas alturas não estamos a conse-

guir. Temos que lhes fazer ver que os objectivos que temos não se conseguem alcançar em dois ou três meses. Algumas coisas serão feitas dentro de três ou mais anos. É possível continuar a ser a Ana que toda a gente conhece em Vila Franca de Xira, onde mora e onde aceitou dar esta entrevista? O cargo não muda em nada aquilo que sou. Não entro em vaidades. Continuo a ir ao café

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da rua e a fazer as compras nos sítios onde já as fazia. Continuo a sair com as pessoas com quem já convivia. Como reagiram os seus amigos à nomeação? Os amigos e a família, que estão sempre comigo nas horas boas e más, ficaram muito contentes. Mas isso deixa-me com um sentimento misto, de gratidão e responsabilidade, de ter de gerir expectativas muito elevadas.

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Personalidade do Ano Cultura

Museu do Neo-Realismo em Vila Franca de Xira

“Vale a pena visitar o Museu do Neo Realismo independentemente da opinião que possamos ter sobre aquela corrente estética” O presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita, que era vice-presidente em 2007 a quando da inauguração do Museu do Neo-Realismo, considera que muitos valores defendidos pelo movimento neo-realista permanecem actuais e considera importante mobilizar os mais jovens para participarem nas múltiplas iniciativas que decorrem naquele espaço. Para ele também é importante conhecer o passado como alavanca para se perspectivar o futuro. José Luís Pimenta

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omo avalia a actividade do Museu do Neo-Realismo? O Museu tem captado a atenção de muita gente. Nestes oito anos já tivemos cerca de 76 mil visitantes, o que é notável, porque é uma área da história do nosso país que continua a ser muito investigada por

Museu do Neo-Realismo para lá das fronteiras da sua vocação temática original Já passaram mais de setenta mil pessoas pelo Museu do Neo-Realismo em Vila Franca de Xira, desde a sua inauguração a 20 de Outubro de 2007. Para além dos visitantes uma parte significativa dos frequentadores são estudantes, historiadores e investigadores. O Museu, que já tem projecção internacional, organiza e recebe dezenas de iniciativas, desde concertos, recitais de poesia, apresentações literárias, colóquios e debates. A par da exposição permanente são também inúmeras as exposições temporárias que têm despertado a atenção do

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investigadores nacionais e estrangeiros e também por alunos que, para fazerem teses de mestrado e outros trabalhos científicos, têm vindo até aqui. Mas o museu não se circunscreve só à área neo-realista, temos vindo a desenvolver outras exposições em áreas como cinema, fotografia, artes plásticas. Além de que é uma peça de arquitectura notável, da autoria do ar-

público em geral e de estudiosos do movimento neo-realista. O Museu viveu em 2011 um momento importante da sua vida com as celebrações do centenário do nascimento do escritor Alves Redol, natural de Vila Franca de Xira. O Museu do Neo-Realismo, edifício desenhado pelo arquitecto Alcino Soutinho, foi o concretizar de uma ideia que começou a ganhar força nos anos setenta. Situado na Avenida Alves Redol, um dos nomes mais representativos da corrente neo-realista em Portugal, o museu foi criado em 1990 a partir da actividade de um Centro de Documentação sobre o movimento neo-realista português. O projecto evoluiu inicialmente em torno da área arquivística e bibliográfica. Porém, cedo enriqueceu e diversificou o seu património, desenvolvendo um vasto conjunto de colecções museológicas, com destaque para espólios literários e editoriais, arqui-

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quitecto Alcino Soutinho. Que papel atribui ao Neo-Realismo? O movimento neo-realista contribuiu para combater as desigualdades que existiam no tempo da ditadura, que não permitiram o desenvolvimento do país nem a melhoria das condições da população. O que os intelectuais ligados a este movimento pretenderam foi isso. Esses ideais estão perfeitamente actuais e espero que as gerações vindouras os tenham como referência, não só na área da cultura mas em todas. Há um trabalho ainda por desenvolver de uma melhor escola pública, melhor acesso à cultura, dois pilares fundamentais sem os quais as oportunidades não estão ao alcance de todos. Do ponto de vista pessoal, interessa-se pela expressão plástica do neo-

vos documentais (impressos e audiovisuais), acervos iconográficos, obras de arte, bibliotecas particulares e uma biblioteca especializada na temática neo-realista. A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira empenhou-se na concretização do Museu tendo conseguido apoios comunitários e do Estado e mobilizado recursos privados, concretizados de diversas formas, desde doações, apoios, patrocínios, e contributos vários. O Museu do Neo-Realismo tende hoje a ultrapassar as fronteiras da sua vocação temática original para se situar, cada vez mais, no território das ideias e da cultura do século XX, relacionando assim outras correntes literárias, artísticas e de pensamento. Esta nova amplitude temática tem ajudado a clarificar de modo crítico o eco produzido pelo Neo-Realismo junto de várias gerações de escritores, artistas e intelectuais portugueses.

-realismo? Aprecio sobretudo a pintura e a fotografia. A fotografia, que parecia um parente pobre, passou a ter um lugar de destaque. Grandes fotógrafos tiveram aqui os seus trabalhos em exposição. Uma imagem capta um momento, com uma expressão de movimento e emoção que não é possível transmitir de outra forma. Vi aqui fotografias que nos comovem, levam ao passado, nos transmitem ideias de futuro e é por isso que gosto de fotografia. O Eduardo Gageiro é um fotógrafo que aprecio bastante. Nas visitas que tem feito ao museu e de tudo o que já pôde ver e ouvir, o que mais o atraiu? Ouvir palestrantes, sobretudo escritores, que nos acrescentam e permitem trocar impressões, absorver a sabedoria de muitas pessoas que aqui estiveram, de várias áreas. Com todos eles aprendi muito e sempre que posso vir aqui a uma iniciativa saio enriquecido. Valeria a pena as pessoas virem a estas iniciativas, independentemente de ideologicamente estarmos ou não de acordo com os oradores. Ouvi-los, obriga-nos a reflectir sobre que mundo queremos, que sociedade queremos e isso é extraordinário. Conhece outro museu do género? Este museu é único. Tenho visitado museus de outros países e não conheço nenhum outro dedicado ao Neo-Realismo. Também me interesso muito por museus de etnografia, que é o que nos transporta do passado ao presente e o que fica para o futuro. Felizmente em Vila Franca de Xira há uma recolha etnográfica para transmitir às gerações vindouras a imagem do que era esta região e o país. O movimento neo-realista também foca muito esse aspecto, de um país sombrio, com imensas dificuldades e acho que isso é importante os jovens saberem. Desde o 25 de Abril até aos nossos dias demos passos gigantes em diversas áreas, mas não podemos esquecer o que vivemos antes. Quais os elementos principais da política cultural do concelho? Sou suspeito por ser o presidente da câmara mas acho que a população pode orgulhar-se do que tem sido feito em termos culturais. Cons-


truímos este museu que foi um sonho de décadas, conseguido pelo trabalho muito empenhado da minha antecessora, Maria da Luz Rosinha. A nossa rede de bibliotecas é reconhecida como excelente e esse reconhecimento cimentou-se com a inauguração, em 2014, da “Fábrica das Palavras”, uma biblioteca com traço arquitectónico de Miguel Arruda e que é uma peça notável, conhecido em muitas partes do mundo, cenário de campanhas publicitárias que levaram Vila Franca de Xira ao mundo inteiro e que, para além de biblioteca, é um equipamento cultural muito diversificado. Temos tido quase todos os fins-de-semana preenchidos com actividades e as pessoas têm aderido de forma clara. Há a realçar também o facto de a localização da biblioteca se ter enquadrado de uma forma harmoniosa com o património cultural valorizando a requalificação da zona ribeirinha, com o plano de água extraordinário do Rio Tejo e com a Lezíria. Há ainda espaço para melhorar a oferta cultural? É preciso criar novas referências para que as pessoas adiram cada vez mais a outras áreas culturais e temos feito um esforço bastante grande. Agora que, no actual Governo, a cultura passou a ter um ministro, acredito que vão ser criadas condições para um maior apoio e um novo impulso às questões culturais. Quando o dinheiro falta os cortes começam por áreas como a cultura. O que se investe em cultura vai, certamente, ter reflexos importantíssimos no futuro. Por isso mesmo, apesar de uma gestão financeira criteriosa, não podemos deixar de pensar que temos de investir. Por exemplo, o barco varino tem tido uma procura enorme. Para isso acontecer tivemos de baixar as taxas, mas fizemo-lo com a consciência

de que é esse o caminho. Ao darmos apoio ao movimento associativo, que é gerador de iniciativas, estamos a apoiar a cultura. E temos os núcleos museológicos. Quais os prós e os contras da proximidade a Lisboa? Muitas vezes perguntam-me porque nos mantemos na Região de Turismo de Lisboa. Eu digo que é aí que devemos estar. A marca Lisboa é importantíssima para a atracção de novos públicos e de turistas. Essa proximidade tem tido frutos muito positivos e vamos continuar a trabalhar para termos cada vez mais pessoas a visitar Vila Franca de Xira, seja por causa do Museu do Neo-Realismo ou por causa de actividades que organizamos. O facto de não haver um cinema em Vila Franca de Xira é consequência dessa proximidade? O cinema é uma questão que temos de resolver. Temos de encontrar soluções para que as pessoas não tenham que ir a Lisboa para ver um filme. Nos nossos programas educativos, nas bibliotecas e no museu temos filmes que nos parecem importantes para os jovens. Temos de criar uma sala específica, com condições para as pessoas irem ao cinema. Eu sinto essa necessidade porque às vezes também vou ao cinema a Lisboa. Há uma grande diversidade de grupos de teatro no concelho. É frequentador dos espectáculos? Vejo teatro, essencialmente, através dos grupos que temos no concelho. Cada vez aparecem mais e a autarquia apoia a sua actividade e fomenta o gosto pelo teatro. Temos nas escolas uma actividade denominada “Aprendizes do Fingir”, que cria o gosto pelo teatro e que tem dado frutos. Não é por acaso que temos alguns actores e actrizes profissionais. E penso que estamos a atrair mais público para o teatro.

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Personalidade do Ano Cultura Feminino

Sociedade Musical Mindense

“Mais de oitenta por cento das famílias de Minde têm ou tiveram elementos na banda” A presidente da direcção da Sociedade Musical Mindense, Anabela Capaz, nasceu e vive em Minde e começou a aprender música na colectividade aos onze anos. Com o maestro é a mesma coisa. E a quase totalidade dos músicos são da terra. A banda comemorou cem anos mas já antes da data adoptada como sendo da fundação, há notícias de actuações da mesma. O ensino básico da música é gratuito e daí a média de idade dos músicos ser vinte e um anos. António Palmeiro

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ual é a relação da população de Minde com a Sociedade Musical Mindense e com a sua banda? Podemos defini-la como excelente. Nós somos o ex-líbris da vila. Penso que todas as pessoas gostam da banda. Há muitas famílias envolvidas, pessoas de diferentes faixas etárias. Não sei se será toda a gente mas eu diria que 80 por cento das famílias de Minde têm um elemento na banda. Como é que conseguem, numa terra pequena, captar tanta gente jovem? A média de idades da banda é de cerca de vinte e um anos. Para isso contribui o facto de os jovens passarem a palavra uns aos outros acabando por incentivar amigos e conheci-

A sonhar com uma sede nova porque a actual é pequena para tantos músicos A Sociedade Musical Mindense, de Minde, concelho de Alcanena, celebrou no ano passado o seu centésimo aniversário mas a sua actividade começou ainda antes de 25 de Outubro de 1915. É uma instituição sem fins lucrativos e, desde 28 de Maio de 1991, tem o estatuto de utilidade pública. Foi condecorada pela Câmara Municipal de Alcanena com a

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dos; a existência da tal ligação das famílias à banda, de que já falei, o que faz com que quase todos tenham alguém da família que está ou já esteve na banda e ainda o aliciante da formação ser totalmente gratuita. É um serviço que prestamos. Se não cobram dinheiro pelo ensino da música, vivem do quê? Não nos podemos queixar e é uma bandeira da nossa colectividade ter o ensino gratuito. Sustentamo-nos com as actuações e com os apoios do município de Alcanena. Temos também o apoio da Junta de Freguesia de Minde e organizamos uma sardinhada anual que é outra forma de conseguirmos mais algum dinheiro. Quando os jovens vão estudar para fora ou começam a namorar a banda não se ressente? Digamos que em dez, saem

Medalha de Ouro e Mérito do Concelho de Alcanena, aquando das Comemorações das Bodas de Diamante a 25 de Outubro de 1990. A banda filarmónica é o rosto da colectividade. É composta por sessenta músicos de diversas faixas etárias mas onde predomina a juventude. A média de idades é de 21 anos. Quase todos os elementos são de Minde, incluindo o maestro, João Carlos Roque Gameiro, que iniciou os seus estudos musicais na colectividade e a presidente da direcção Anabela Capaz, que também toca na banda. A quantidade de jovens músicos é consequência da existência de uma escola de

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quatro. Às vezes acontece irem estudar para Lisboa, por exemplo, mas mantêm o contacto, porque quando vêm de fim-de-semana à sexta-feira, o seu primeiro encontro com os amigos é aqui, no ensaio da banda. O nosso centro de formação tenta já colmatar essas falhas. É como uma fonte de alimentação para a banda, porque nós sabemos que essa realidade acontece. O centro de formação tem cerca de cinquenta miúdos em permanente aprendizagem. Existe alguma interacção entre a banda e as escolas? Com as escolas primárias e secundárias não temos relação porque temos um conservatório em Minde que faz esse elo de ligação, através do ensino articulado. Mas temos muitos alunos que entram para a banda e que depois querem especializar-se e vão para o conservatório. Alguns continuam na banda em paralelo. Ou seja, para estes alunos, a banda filarmónica acaba por lhes trazer mais evolução porque é o elemento prático do que eles aprendem no conservatório. Alguns professores do conservatório até aconselham os alunos a vir para a banda. Quer dizer que é numa banda filarmónica que se aprende música verdadeiramente? É um tipo de ensino diferente. Na

música, designada centro de formação, que durante vários anos teve como mentor Jaime Chavinha, um serralheiro de profissão, que por amor à música dava educação musical gratuita a todos os interessados. O principal objectivo da escola é a formação de jovens para ingressarem na banda. Conta com cinco professores e funciona durante o ano lectivo em horário pós-escolar. A Sociedade Musical Mindense tem dois outros grupos musicais. A Xaral’s Band e a Xaral’s Dixie que nasceram com o objectivo de colmatar uma lacuna no universo musical da colectividade e que são também uma fonte de receitas com as suas actuações.

banda filarmónica dá-se só as bases. Temos noção que não aprofundamos a aprendizagem como no conservatório. O nosso intuito com o nosso centro de formação é formar para a banda e no conservatório é uma formação gradual, com uma formação musical mais sustentada, mais técnica. Aqui queremos é formar para a banda, pelo que é uma formação mais rápida. A banda é como uma família? Se calhar já foi mais mas ainda é. E é também um local de reforço de ligações familiares. Temos casos de três irmãos na banda, por exemplo. A família acaba por ter uma grande influência. Temos casos de pessoas que só vêm cá aos fins-de-semana por trabalharem ou estudarem fora e a sede acaba por ser o ponto de encontro com os amigos. Isso é o lado cauteloso das mulheres que dirigem a casa? É cauteloso em todos aspectos. Também não queremos muito diversificar, porque o nosso foco é a banda filarmónica. Temos sempre o cuidado de dizer aos elementos desses grupos que nada se sobrepõe à banda. Não pode haver preferências em ir tocar para a Dixie, por exemplo, em detrimento da banda. É lógico que estamos abertos a outras possibilidades, mas temos que ter sempre como foco a banda filarmónica. O que pode ser diferente com mulheres a dirigirem a banda? Mais classe, mais simpatia, mais beleza (risos). Somos três mulheres na direcção. Traz alguma sensibilidade diferente para alguns assuntos, algum cuidado no planeamento das coisas, algum detalhe, que às vezes os homens descuram. Já tivemos alguns casos um pouco mais delicados e acho que pelo facto de sermos mulheres tivemos outra sensibilidade para os resolver. Somos mais práticas e conseguimos fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Têm as condições necessárias para desenvolverem a actividade? Se estiverem todos os elementos presentes somos 65 elementos. As instalações que temos, devemo-las ao senhor padre Mário e a toda a população de Minde, que em 1960 construíram esta sede, da qual nos orgulhamos, apesar de pequena. Não nos queremos desfazer dela mas precisávamos de instalações maiores. Há alturas que temos três tipos de instrumentos em aulas ao mesmo tempo e temos que recorrer a outros espaços como

A importância da Sociedade Musical Mindense, e do seu trabalho em prol da cultura, é reconhecida pela comunidade e pelo poder local. A Junta de Freguesia de Minde e a Câmara Municipal de Alcanena têm sido incansáveis no apoio dado à “jovem” centenária banda filarmónica. A prenda do centésimo aniversário, para além do apoio para a compra de novos instrumentos em falta, foi uma deslocação de uma semana a Cabo Verde. O próximo projecto da direcção é a construção de uma nova sede. A actual está bem conservada mas o espaço já é pequeno para tantos músicos e para tantas actividades.


a sala da direcção. Sendo executante na banda é mais fácil ser presidente? É complicado, pois estou numa situação pior. Eu não posso dizer: vão, façam e depois não aparecer. Às vezes é um papel um bocadinho ingrato. O maestro também começou como executante e não houve problema. Quando se está na sala de ensaio existem o maestro e os executantes, quando acabam os ensaios ou as actuações, somos todos colegas. Sentem-se diferentes por, ao contrário de outras bandas, serem uma formação jovem? Sentimos que há admiração, porque ouvem-nos tocar e percebem que são miúdos com uma boa formação musical. Para além das instalações, do que precisam mais? Precisamos de pessoas que gostem de aprender. Temos uma porta aberta para quem queira aprender. O nosso maior gozo é ter uma banda grande e apesar de sermos uma banda jovem, recebemos pessoas de todas as idades. Esta direcção quer continuar com a formação gratuita. Um músico que entre para a Sociedade Musical Mindense vai para o centro de formação, fica com um instrumento, tem a farda, tudo a custo zero! Segundo sei existem poucos dados históricos sobre a Sociedade Musical Mindense e mesmo sobre a data da Fundação. Os

poucos dados que temos foram recolhidos pelo padre Mário, que foi o presidente da banda durante meio século. Essa recolha foi fruto da sua disponibilidade e do amor à banda. Os dados que ele recolheu provam que a banda é mais do que centenária. A data oficial da criação da banda foi fixada como? A data que adoptámos pode não ser a real. Há alguns anos eu e a minha colega Paula Vedor fizemos uma recolha no arquivo distrital de Leiria e encontrámos um artigo do Jornal de Leiria que mencionava a existência da banda em data anterior à adoptada como data da fundação. A banda tinha participado numa festividade em Leiria, logo a seguir à implantação da República, ou seja, a banda não será exactamente de 1915. Mas definiu-se 1915 como data da fundação e é a nossa base. Esta banda tem algumas particularidades curiosas como o facto de ter tido o mesmo presidente durante meio século e um maestro durante vinte e cinco anos. E outra curiosidade é o facto desse presidente ter sido um padre. Falávamos muitas vezes nisso mas não sabemos se era caso inédito. Pelos contactos que tínhamos com outras bandas todas achavam um caso único, mas como disse, não temos a certeza. Seja como for, o padre Mário foi de facto um dos pilares da banda durante cinquenta anos.

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Personalidade do Ano Desporto Feminino

Clube de Trampolins de Salvaterra de Magos

“Ver uma ginasta nossa no pódio dum Campeonato do Mundo e ouvir o hino nacional é arrepiante” É um pequeno/grande clube onde os atletas sobem muito alto quando saltam nos trampolins e quando ganham medalhas em campeonatos internacionais. Chama-se Clube de Trampolins de Salvaterra de Magos e é um exemplo de trabalho e dedicação. O treinador Carlos Matias, um dos fundadores, é uma referência nacional da modalidade. Michelle Soares, a presidente do clube, que deu esta entrevista a O MIRANTE, é uma mulher determinada, que foi mobilizada para a causa do associativismo quando a filha lhe disse a chorar que o clube podia acabar se não houvesse dirigentes. Ana Isabel Borrego

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om tantas possibilidades de escolha que os jovens têm é fácil atrair praticantes para os trampolins? Cativar rapazes é sempre mais complicado. Entusiasmam-se mais com o futebol. Mas vamos conseguindo. Este ano temos muitos jovens e até crianças a partir dos dois anos. Há um outro problema. Por vezes os jovens gostam

Um clube que tem por lema “A sorte dá trabalho” Do Clube de Trampolins de Salvaterra de Magos (CTSM) já saíram e continuam a sair campeões europeus e mundiais. No pavilhão onde há dezenas de anos se produzia material metalúrgico “fabricam-se” agora atletas de alta competição. O clube nasceu da vontade de um grupo de amigos. Carlos Matias é o treinador do clube desde o início, tendo sido um dos principais obreiros. Pelo trabalho feito é uma referência para a modalidade. A câmara municipal, a junta de freguesia e a Caixa Agrícola de Salvaterra de Magos são os principais apoiantes. A dedicação dos autarcas faz deles um dos importantes pilares do clube. Para além dos subsídios que concedem também a

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e querem praticar mas os pais têm medo das possíveis lesões, embora qualquer praticante se possa lesionar em qualquer modalidade. Há muitas desistências? Por vezes somos nós que sugerimos a alguns que experimentem praticar outros desportos para sentirem se é mesmo esta modalidade que querem praticar. Se é isto que realmente querem fazer. Muitos seguem a nossa sugestão mas depois de experimentarem outros desportos voltam.

outras colectividades apoiam deslocações e fazem trabalhos de manutenção. O ano passado foi um novo telhado. Assim que houver disponibilidade financeira serão reparadas as paredes. O retorno é a satisfação de ver crianças e jovens a praticar desporto e de ver o nome de Salvaterra de Magos divulgado, tanto a nível nacional como mundial. O Clube de Trampolins de Salvaterra de Magos foi fundado em 1994. Nesse ano chegou a primeira medalha de ouro, conquistada por Amadeu Neves durante um Campeonato do Mundo por idades. A partir daí, o clube ribatejano marcou presença em vários Campeonatos da Europa e do Mundo conquistando alguns títulos e várias medalhas nas camadas mais jovens. Aos títulos distritais e nacionais já lhes perderam a conta. Os factos provam que está a ser desenvolvido um excelente trabalho em prol dos trampolins no clube

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Saltar nos trampolins dá-nos uma sensação de liberdade enorme e acho que é disso que eles gostam. E como se atraem associados. Pessoas que podem vir a ser dirigentes? É cada vez mais difícil atrair sócios ou pessoas interessadas no associativismo. As pessoas desligam-se e afastam-se. Salvaterra de Magos não é um meio muito fácil para desenvolver actividade associativa. Mas penso que o problema é capaz de ser geral. A verdade é que não há interessados em integrar a direcção do clube. Somos sempre os mesmos que continuamos com este projecto. Desejo que esta situação se altere porque temos aqui muitos jovens talentosos. Como é que o Clube de Trampolins de Salvaterra de Magos se tornou numa das principais colectividades do concelho? Com muito trabalho, muito amor e muito carinho por parte de todos, principalmente por parte dos treinadores que dedicam muito do seu

de Salvaterra, por onde já passaram grandes nomes da modalidade do nosso país. Actualmente, o clube conta com mais de oito dezenas de atletas com idades compreendidas entre os dois e os 24 anos de idade. Os sócios são cerca de meia centena uma vez que para os jovens fazerem parte do clube pelo menos um dos pais tem que ser sócio, pagando uma quota anual de 12 euros. O orçamento anual do clube é 13 mil euros e o mais difícil é arranjar dinheiro para pagar as despesas todos os meses. A entrada de jovens atletas no ensino superior ou no mundo do trabalho e a sua saída do concelho provocam algumas saídas mas também há exemplos de fidelidade e amor ao clube. As gémeas Ana e Andreia Robalo, duas das melhores praticantes nacionais, trabalham em Lisboa mas continuam a treinar em Salvaterra de Magos. O clube tem por lema “A sorte dá muito trabalho”.

tempo a preparar os treinos e as competições. Que balanço faz destes anos de actividade do Clube de Trampolins de Salvaterra? Não tem sido fácil porque é uma luta muito grande em termos financeiros, o que se torna muito desgastante. O que mais gostávamos era de conseguir suportar todas as despesas com deslocações mas infelizmente os tempos que correm não são fáceis e se não fossem os pais dos atletas não conseguiríamos manter o projecto. Há meses piores que outros mas de um modo geral não é fácil encontrar soluções para angariar receitas que permitam pagar todas as despesas. Apesar de tudo o balanço acaba por ser positivo e continuamos a lutar pelo nosso sonho de manter o Clube de Trampolins de Salvaterra vivo. Quais são os objectivos do clube para este ano? Temos o Campeonato da Europa em Abril, em Valladolid (Espanha) , onde temos bastantes expectativas com as gémeas Ana e Andreia Robalo que vão ser as duas únicas ginastas do nosso clube presentes. Também vamos disputar uma outra competição na Suécia e temos enormes expectativas de obter bons resultados. Falou nas dificuldades com as deslocações. Para além dos pais quem ajuda o clube? A câmara municipal, a junta de freguesia e a Caixa Agrícola são os nossos principais patrocinadores. É a eles que recorremos. O dinheiro que fica a faltar tem que ser do nosso bolso e suportado também pelos pais dos atletas. Mas se existem jovens que não podem ir aos campeonatos e torneios porque os pais não têm forma de pagar nós arranjamos sempre maneira de pagar as suas despesas. Pode ser difícil arranjar o dinheiro mas não fica cá ninguém só porque a família tem menor capacidade económica. Organizam iniciativas para angariar receitas? A Câmara de Salvaterra de Magos e a Junta de Freguesia de Salvaterra de Magos dão-nos um subsídio e têm-nos ajudado sempre que possível. Quando organizamos torneios de ginástica ou trampolins aqui em Salvaterra utilizamos o bar do pavilhão para ganhar algum dinheiro. Também vendemos t-shirts, participamos nas tasquinhas de Salvaterra com um espaço e fazemos outras iniciativas para conseguir algumas verbas. O pavilhão onde os atletas treinam foi alvo de algumas obras. Se não fosse a câmara municipal e a junta de freguesia não sei como teria sido porque o pavilhão estava a chegar ao seu limite. Chovia no interior quase tanto como na rua. O telhado teve que ser todo substituído. Agora falta arranjar as paredes mas vamos ter que esperar que a câmara e a junta tenham disponibilidade porque sabemos que o dinheiro não estica e não somos os únicos a precisar de ajuda. Seja como for a situação mais preocupante já foi resolvida.


Qual foi o momento mais marcante da sua presidência no Clube de Trampolins de Salvaterra? Tenho tido muitos momentos marcantes ao longo destes dez anos mas estar presente num Campeonato do Mundo e termos uma ginasta no pódio enquanto toca o hino nacional é arrepiante. São esses momentos que fazem com que todos os sacrifícios valham a pena. O que é que gosta menos de ter que fazer enquanto presidente? Gosto de fazer tudo o que é preciso mas não há dúvida que encontrar financiamento para manter o clube em actividade é das actividades mais exigentes. Se pensarmos, por exemplo, que uma lona com molas, onde os atletas saltam diariamente fica danifica de em pouco menos de um ano e que custa mais de dois mil euros, temos uma pequena noção das dificuldades para um clube como o nosso. Os nossos

atletas fazem milagres porque, mesmo sem as condições ideais para treinar, conquistam títulos importantes. Já estava habituada a liderar e a ter que tomar decisões antes de ser eleita presidente do clube? Nunca fui pessoa de ter que tomar muitas decisões. Tive que aprender. E hoje decido com base no grupo e com o apoio do treinador Carlos Matias que é a referência maior deste clube. O facto de ser presidente tornou-me muito mais assertiva e confiante. Nesse aspecto é uma actividade estimulante. Algum dia se arrependeu? Nunca. O associativismo preenche-me a vida. Sem o associativismo a minha vida seria muito mais monótona. Com este clube ganhei dezenas de filhos e ganhei uma nova família. Nunca tive qualquer ligação ao desporto a não ser quando a minha filha Renata, que hoje é uma das treinadoras do clube, começou a praticar

a modalidade. Um dia chegou a casa e não parava de chorar porque o treinador Carlos Matias tinha explicado que se não aparecessem pais para a direcção do clube que este iria ter que fechar portas. O choro dela era tão aflitivo que acabei por ir a uma reunião e cheguei a presidente. Agradeço à minha filha por me ter trazido para este clube porque a sua atitude acabou por mudar a minha vida e torná-la mais rica. Também o meu filho mais novo, Bruno, aos quatro anos já praticava trampolins. O facto de ser mulher prejudica ou ajuda no seu trabalho de presidente? Não noto grandes diferenças no tratamento por ser mulher. O mundo dos trampolins é muito aberto, não é machista e tratam as mulheres de modo igual. Como arranja tempo para o cargo? Quando gostamos muito de uma coisa con-

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seguimos sempre arranjar tempo. Quando os meus filhos me dizem que estão a pensar não ir a um treino porque têm que estudar eu digo-lhes sempre que não podem faltar e que têm que aprender a gerir melhor o seu tempo para conseguirem conciliar estudos e desporto. É o que todos têm que fazer. Têm que ser orientados e normalmente os nossos atletas cumprem e conseguem conciliar os treinos com os estudos. O que é que se ganha com esta dedicação ao clube? Ganha-se uma nova família como disse e fazem-se muitas amizades. Temos ginastas que já não estão ligados ao clube que nos ligam a perguntar se podem vir matar saudades. Vêm só para estar connosco. Temos ginastas que vêm de propósito a Salvaterra de Magos ajudar-nos nas tasquinhas. Dizem que somos a sua segunda família. Ganhei muito desde que vim para este clube.

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Personalidade do Ano Tauromaquia

Ana Batista

“Respeito de tal maneira o público que tenho mais medo de o desiludir do que do toiro” Nasceu em Salvaterra de Magos e queria ser veterinária mas a partir de certa altura percebeu que enquanto fosse cavaleira tauromáquica nunca poderia exercer aquela profissão. Acredita que mesmo que a família não criasse cavalos teria sido aquilo que é. Apresentou-se ao público pela primeira vez com dez anos. Toureou no Campo Pequeno aos 16 anos. Por amor à sua actividade teve que abdicar de muitas coisas. E teve que adiar a decisão de ter filhos. Não se arrepende e após vinte e sete anos sente-se cada vez mais motivada. O ano passado celebrou os 15 anos de alternativa, ou seja, da passagem a Cavaleira Profissional. António Palmeiro

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e a sua família não criasse cavalos teria seguido esta profissão? É muito provável porque estou numa terra muito aficionada. As escolas de equitação têm cada vez mais alunos e as crianças começam logo muito cedo a aprenderem. Muito provavelmente tinha entrado numa escola de equitação. Se não fosse cavaleira o que gostaria de ter sido? Sempre tive a ideia de ser veterinária e tentar conciliar essa profissão com a tauromaquia. Com o evoluir da carreira tornou-se complicado ter tempo para estudar. Gostava de ter tirado o curso mas também sei que não iria conseguir exercer

Cada vez mais motivada e entusiasmada com a profissão que escolheu Aos 37 anos, Ana Batista, de Salvaterra de Magos, é das mais antigas cavaleiras tauromáquicas. Já leva 27 anos de toureio desde que se apresentou pela primeira vez, aos 10 anos de idade, na sua terra, durante a Festa da Sardinha Assada, a 18 de Junho de 1988. No ano passado assinalou os

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como veterinária porque dedico o dia todo à tauromaquia. Do que é que teve de abdicar na vida para ser toureira? De muita coisa e ainda hoje continuo a abdicar de algumas coisas. Desde pequena que não conseguia ir às festas ou sair com as amigas. Evitava ir à discoteca, por exemplo, porque no dia seguinte tinha de treinar. Hoje, por exemplo, não posso ir à praia no Verão porque é a época em que ocorrem as corridas de toiros. Férias são no Inverno. Já pensou no que vai fazer quando um dia tiver de deixar de tourear? Enquanto me sentir bem fisicamente e psicologicamente vou continuar a tourear. Mas um dia quando não puder mais terei de ter outra ocupa-

15 anos de alternativa e diz que se sente cada vez mais motivada e entusiasmada. A cavaleira de sorriso franco apaixonou-se pela tauromaquia em casa, onde estava habituada a lidar com cavalos criados pela sua família. O pai, já falecido, sempre a incentivou. Hoje o seu braço direito é o marido, Orlando Vicente. Ana Batista começou a ficar conhecida aos 16 anos quando teve o primeiro grande desafio de actuar no Campo Pequeno, quando estava ainda estava a ganhar experiência. Da segunda vez que actuou na praça de Lisboa encantou o público e os

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ção ligada aos cavalos, porque não consigo viver sem eles. Muitas vezes os toureiros queixam-se dos toiros. Os animais é que são culpados das actuações menos boas? Nós, os toureiros, é que somos os primeiros culpados. Os toiros nunca saem iguais à praça e cada um tem a sua lide e é claro que nem sempre se conseguem lides tão espectaculares como outras. Foi importante nos primeiros tempos fazer carreira em Espanha? Toureei 55 corridas em Espanha, o que me deu a equivalência de rejoneadora de toiros, que em Portugal dá a equivalência a cavaleira profissional. Não precisava de fazer a alternativa, tal como não foi necessário fazer a prova de praticante mas não quis abdicar da cerimónia de alternativa, que é um ritual muito português e bonito, ou não fossemos a pátria do toureio a cavalo. Como é que é a sua relação com a comunidade de Salvaterra de Magos onde nasceu? Há pessoas que nem são aficionadas mas gostam de mim porque sou da terra e ficam orgulhosas do meu trabalho. As corridas mais difíceis que tenho são em Salvaterra de Magos porque se as lides não correm bem não é fácil sair à rua e encarar as pessoas. Lida mal com as falhas? É uma pressão muito grande. A nossa maior responsabilida-

críticos tauromáquicos. Nessa altura recebeu o Troféu Incentivo, atribuído pela Associação Portuguesa de Tauromaquia. Os anos seguintes foram de azáfama e de muitos contratos para o estrangeiro. Fez a cerimónia de alternativa de cavaleira profissional no dia 8 de Julho de 2000 em Coruche. Os seus padrinhos foram Joaquim Bastinhas e Conchita Cintrón e as testemunhas os cavaleiros António Ribeiro Telles, Rui Salvador, Luís Rouxinol e José Manuel Duarte. Ana Batista confessa que não tem muito tempo para fazer compras por se dedicar a

de é para com o público e tenho mais medo dele do que do toiro. Como durante a actuação temos de nos concentrar em estudar o toiro e fazer o melhor nem nos lembramos do perigo. Mas os minutos antes de entrar na praça custam muito por saber que vou ter público atento ao que faço. O segredo é conseguir ter moral para tentar ultrapassar as coisas menos boas. Já toureia há 27 anos. Costuma ter dias em que sente que deveria parar? Não. De maneira nenhuma. É precisamente o contrário. Cada vez estou mais apaixonada pela tauromaquia e cada vez me sinto mais motivada. Acho que já não conseguia viver sem as corridas de toiros e não consigo imaginar-me sem o dia-a-dia com os cavalos, a ver a evolução deles. É como ver os filhos a crescerem. É fascinante. Ainda não tenho filhos e os cavalos acabam por ter tanta atenção como se fossem da minha família. E de certa forma acabam por ser. A tauromaquia não lhe dá tempo para ter filhos? Já fiz bem as continhas e é complicado. Gostava de ter filhos mas a minha profissão neste momento ocupa-me muito. Mas um dia vou ter um filho até porque adoro crianças. É das mulheres com alternativa há mais tempo. Isso representa uma responsabilidade acrescida? Sem dúvida! Quando era profissional mas ainda não tinha feito a cerimónia de alternativa usava o traje curto de amazona e as pessoas pensavam que ainda era amadora, porque não tinha a casaca de toureiro. Quando passei a usar a casaca o público passou a exigir mais de mim. Exige-me tanto como exige a um homem e na prática isso é bom porque tento corresponder e superar-me. A tauromaquia ainda é uma actividade dominada pelos homens. O nome Conchita Citrón abriu as portas às cavaleiras profissionais que actuam em Portugal. Porque no tempo dela e da Maria Mil Homens as coisas eram muito mais difíceis. Elas foram consideradas grandes figuras do toureio e isso ajudou a verem as cavaleiras de outra forma. Quando começou como era olhada? Em Espanha, por exemplo, em algumas zonas as pessoas acarinhavam-me mas noutras olhavam com alguma desconfiança, talvez por acharem que por ser mulher não tinha força para matar o toiro. Não sente pena de ter de matar o toiro? Estou tão concentrada em ser respeitada pelo público que na altura da actuação não penso nisso. O público espanhol ou mexicano não quer ver sofrimento e se o toiro for bem mor-

tempo inteiro aos cavalos e à tauromaquia. Muitas vezes é a mãe que vai comprar o que é preciso para casa. Quando tem tempo gosta de cozinhar, sobretudo pratos com camarões. Tem algum cuidado com a alimentação. No Inverno a actividade é menor e os treinos não são tão intensos e por isso existe a possibilidade de engordar. Mesmo assim a cavaleira confessa que ainda consegue usar roupa que usava quando tinha 14 anos. É embaixadora da marca de vestuário MyWear. Nos poucos tempos livres que tem gosta de fazer ioga e caminhadas. Adora passear no campo com os seus cães.


to não há sofrimento. É esse o meu objectivo quando actuo nestes países, que a morte do toiro seja digna. Incomodava-me mais estar a ouvir um toiro a ser morto no matadouro. O que é que as mulheres levaram para a tauromaquia? Houve uma altura em que as corridas das mulheres fizeram grande sucesso e estávamos na moda. Havia praças que nunca tinham enchido e com estas corridas esgotavam. Não há dúvida que contribuímos para renovar e fazer aumentar o interesse do público. Mas há diferenças entre o toureio dos homens e o das mulheres? Tanto homens como mulheres levam para a praça, cada um, a sua personalidade. É verdade que as mulheres em geral têm outra sensibilidade e que o contraste entre o ar frágil de uma mulher e a força de um toiro transmite outra emoção ao espectáculo mas o essencial é a personalidade e a capacidade de cada cavaleiro, independentemente do sexo. Qual foi a pessoa que mais influenciou a sua carreira? Foram várias mas sem dúvidas que o meu pai foi a principal. Ele foi um grande aficionado. Foi ele que sempre fez força para que eu aprendesse a montar a cavalo. Nunca pensou que eu chegasse onde cheguei e quando começou a aperceber-se da minha evolução assustou-se. Mas eu também nunca tinha pensado chegar onde cheguei.

E na tauromaquia quem é que mais a ajudou? Todos os equitadores que passaram pela minha vida foram muito importantes, desde o mestre David Ribeiro Telles, passando por Brito Paes. Hoje é o meu marido que me ajuda e que está todos os dias comigo. Quais sãos os seus toureiros de referência? A família Ribeiro Telles porque foi com ela que cresceu este bichinho pelo toureio. O António Telles foi sempre um ídolo para mim. Admiro muito o João Moura pelos anos que tem de alternativa e por aquilo que revolucionou no toureio a cavalo. Há inúmeras figuras de referência, como o Rui Salvador, a família Bastinhas ou a família Salgueiro. Em Espanha as figuras são o Pablo Hermoso de Mendoza e o português Diego Ventura, que é da família do meu marido. Já actuou em vários países. Qual é a praça de eleição? A do Campo Pequeno, sem dúvida.

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Uma gota de água do oceano noticioso produzido por O MIRANTE ao longo de 2015 N uma edição especial em que publicamos entrevistas com aqueles que consideramos terem marcado pela positiva o ano de 2015 não faria muito sentido fazer desaparecer esses trabalhos numa avalanche de acontecimentos que O MIRANTE noticiou ao longo de 2015 na edição em pa-

JANEIRO Presidente do Banco BIC incansável na procura de soluções para as empresas Ao longo de 2015 o presidente do bando BIC desdobrou-se em intervenções e reflexões sobre a situação económica e as perspectivas empresariais, a convite de várias associações empresariais, nomeadamente AIP e Nersant. A primeira participação do ano foi no seminário empresarial “Oportunidades de Negócio e Financiamento à Inovação e Internacionalização - Angola, Brasil e Cabo Verde”, que decorreu em Torres Novas, a 22 de Janeiro. Mira Amaral foi frontal e avisou os empresá-

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pel e nas edições online, tanto semanal como diária. Mas lembrar é contribuir para uma reflexão necessária sobre o caminho que queremos traçar mesmo sabendo que os nossos desejos são extremamente condicionados por factores que ninguém controla nem prevê.

rios presentes para o facto da banca comercial não ser solução para as empresas altamente endividadas. Hospital de Santarém advertido pele Entidade Reguladora da Saúde A Entidade Reguladora da Saúde chamou a atenção do Hospital de Santarém para a necessidade de serem cumpridas as regras de transferência de doentes. A situação foi motivada pelo facto de um doente de Alcanena, em estado grave, ter andado um dia inteiro às voltas de ambulância devido a uma transferência mal planeada para Coimbra.

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Passámos os olhos pelo nosso trabalho e escolhemos alguns dos temas que nos pareceram mais interessantes. Se fizéssemos o mesmo exercício em diferentes ocasiões os resultados seriam sempre diferentes. Tentámos incluir nesta breve Retrospectiva muitos acontecimentos positivos, nem

que fosse para provar a quem nos acusa de sermos arautos das desgraças, como estão redondamente enganados. Quem quiser tirar dúvidas ou tiver curiosidade de voltar a um ou outro assunto pode recorrer sempre ao nosso arquivo que está disponível online.

Preocupação com a população e economia local na base de decisões da Câmara do Sardoal A implementação de um programa de apoio à natalidade através da atribuição de um subsídio mensal, durante o primeiro ano de vida de cada bebé do concelho, a par do fornecimento de refeições gratuitas a todas as crianças que frequentam o jardim de infância e 1º e 2.º ciclo do ensino básico, foram duas medidas implementadas pela Câmara Municipal do Sardoal como forma de apoiar as famílias do concelho. O executivo liderado por António Miguel Borges (PSD) decidiu também a redução de 5 por cento nas tarifas fixas de água, saneamento e resíduos para os estabelecimentos comerciais e industriais do concelho e a manutenção dos preços praticados no ano 2014 relativos às tarifas fixas e variáveis de todos os serviços, com excepção da tipologia estabelecimentos comerciais e industriais. Justiça emenda erro e absolve jovem condenado por crime que não cometeu Mário Rui Santos, 28 anos, tinha sido condenado a cinco anos de prisão mas com pena suspensa. Só anos depois dos acontecimentos a justiça emendou o erro e absolveu o jovem do assalto à mão armada à estação dos Correios de Benavente, ocorrido em 2006, por o mesmo estar a trabalhar à hora em que ocorreu o crime. Este dado era conhecido mas não foi tido em conta pelo Tribunal de Benavente que julgou inicialmente o caso.

FEVEREIRO Constância recusa suportar despesas com programa do Governo A Câmara Municipal de Constância não aderiu ao protocolo com a Agência para a Modernização Administrativa (AMA), com vista à criação de Espaços do Cidadão no concelho, por não aceitar as condições propostas. A autarquia liderada por Júlia Amorim (CDU) considerou que os serviços a prestar são da competência da administração central e que a pretexto de aproximar o cidadão da administração pública ficaria a autarquia com a obrigação da cedência de espaço, responsabilidade financeira pelo acréscimo de despesa com pessoal, consumíveis e comunicações. A autarca mostrou disponibilidade para negociar a criação na sede do concelho de “uma efectiva Loja do Cidadão”.


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Arco do FC Alverca, que há menos de cinco anos tinha mais de 30 praticantes. Apesar de treinar sozinho e sem apoios arrebatou mais um título e mereceu elogios da Câmara de Vila Franca de Xira.

Normalidade regressa à Junta de Vila Chã de Ourique com demissão da presidente A presidente da Junta de Freguesia de Vila Chã de Ourique, no concelho do Cartaxo, Maria da Conceição Nogueira (PS), renunciou ao cargo após mais de um ano de um braço de ferro com partidos da oposição sobre a composição do executivo. Desde as eleições de Outubro de 2013 que a autarquia era gerida apenas pela autarca que não tinha sido eleita por maioria absoluta.

MARÇO Presidente de Santarém diz-se atacado pelo seu próprio partido O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), acusa a concelhia do seu partido de o querer fragilizar politicamente. Ricardo Gonçalves diz que está montada uma estratégia para o prejudicar e acusa a estrutura local do PSD, liderada pelo deputado Nuno Serra, de usar a mentira e a má-fé como armas no combate político. Na origem do litígio está a suspensão de uma assembleia concelhia de militantes do PSD, por alegada falta de comparência do autarca, situação que não se verificou. Desapareceram todos os arqueiros e só ficou o campeão O campeão nacional de Tiro com Arco treina sozinho em Alverca. António Faneca Neves é o último arqueiro da secção de Tiro com

Prémios para agentes turísticos ribatejanos A Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo distinguiu seis projectos do Ribatejo e treze do Alentejo. O MIRANTE recebeu um prémio na categoria de Melhor Comunicação. Foi a primeira vez que agentes ribatejanos ligados ao sector foram premiados pela Entidade Regional de Turismo. A iniciativa decorreu no dia 14 de Março no Observatório do Sobreiro e da Cortiça, em Coruche.

ABRIL Águas de Santarém reduz significativamente as perdas de água A empresa Águas de Santarém reduziu as perdas de água em cerca de dez por cento. Tal percentagem é superior a 675 milhões de litros. Para a presidente do conselho de administração da empresa, Teresa Ferreira, o resultado obtido resulta dos investimentos realizados na reabilitação de redes de água e na melhoria da eficiência dos sistemas, nomeadamente, a regulação da pressão. A eficiência das equipas operacionais da empresa e a implementação de Zonas de Medição e Controlo (ZMC) nos sistemas de abastecimento através de tecnologias inovadoras estão na base do sucesso no combate a um dos principais problemas enfrentados pelas entidades que fazem a distribuição de água para consumo no nosso país. Nenhum candidato quis avançar e Força GAP fica “coxa” na câmara O executivo da Câmara Municipal da Golegã passa a contar só com quatro elementos. Uma situação insólita causada pela renúncia ao mandato da vereadora Nair Henriques da Luz, do Movimento Independente Força GAP (Golegã, Azinhaga, Pombalinho), aliada ao facto de nenhum dos elementos seguintes da lista ter aceitado substituí-la, passando a Força GAP a ter um eleito em vez dos dois que elegeu. Alcanena apoia 64 estudantes do ensino superior e incentiva natalidade O município de Alcanena decidiu atribuir um apoio extraordinário a estudantes do ensino superior oriundos do concelho e que sejam provenientes de famílias carenciadas. Ao todo são 64 os alunos contemplados com estes apoios que representam um valor global de 24.780 euros. O apoio é atribuído durante os

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Matou mulher para esconder que era homossexual João Nobre asfixiou Maria Manuela, com quem estava casado há 42 anos, na casa de família, em Santarém, e tentou ocultar o crime. Foi condenado a 16 anos de prisão. O colectivo de juízes deu como provado que o móbil do crime foi a tentativa de João Nobre encobrir a sua orientação sexual, não querendo que os familiares soubessem que tinha relacionamentos amorosos com pessoas do mesmo sexo.

meses lectivos. No ano anterior a autarquia tinha apoiado 53 estudantes. A autarquia decidiu também, no âmbito do incremento à natalidade, conceder um cabaz de produtos no valor de quinhentos euros a cada bebé nascido no concelho. A atribulada história do chefe de gabinete do presidente da câmara da Chamusca O chefe de gabinete do presidente da Câmara da Chamusca, Francisco Velez (PS), que também é presidente da assembleia municipal, demite-se daquelas funções, alegando razões “pessoais e profissionais”. Já em 2016, em entrevista a O MIRANTE, Velez explica os verdadeiros motivos, dizendo que deixou de se rever no projecto do PS para a câmara, acusando o presidente, Paulo Queimado, de falta de liderança e reconhecendo que enquanto ocupou os dois cargos foi mais chefe de gabinete do

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que presidente do órgão que deve fiscalizar a câmara. O presidente da concelhia socialista, Diamantino Duarte, emite comunicado a criticar Velez e a reafirmar confiança nos autarcas do PS. Escada passa peixes do açude de Abrantes debaixo de fogo Milhares de peixes de grandes dimensões e de várias espécies morreram encurralados no açude insuflável de Abrantes, quando subiam o Tejo para irem desovar. Os peixes ficaram encurralados numa zona labiríntica de cimento construída com o açude em 2007 e denominada escada passa peixes. O acontecimento provocou reacções de sinal contrário de pescadores, ambientalistas e presidente da câmara municipal e foi também ponto de partida para denúncias de poluição e de desvio de água do rio pelos espanhóis.

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Empresa de produção de leite Renoldy perde maior cliente e encerra actividade A Renoldy, empresa de produção de leite, situada em Alpiarça, encerrou portas em Abril mandando 58 funcionários para o desemprego. Na origem do encerramento terá estado o facto do grupo Sonae, o seu maior cliente, ter cancelado as encomendas.

MAIO Autarcas querem união do que aceitaram desunir para terem fundos comunitários Autarcas ribatejanos que participaram, em Santarém, no lançamento do Guia Autárquico editado por O MIRANTE manifestaram o seu interesse em voltar a colocar a Regionalização constitucionalmente prevista, na agenda política. Enquanto ela não chega defendem a união da Lezíria e Médio Tejo, voltando ao antigo território do distrito de Santarém que foi dividido por vontade dos autarcas para garantir acesso a fundos comunitários através das CCDR (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional) Alentejo e Centro.

E a Taça do Ribatejo foi para Coruche O Coruchense conquistou a Taça do Ribatejo depois de vencer na final o Amiense por 3-2, no Complexo Desportivo do Bonito, no Entroncamento. A equipa de Coruche fez a dobradinha pois já havia conquistado o título distrital e garantido a subida ao campeonato nacional. Xadrez de Alpiarça volta ao escalão máximo nacional A Casa do Xadrez de Alpiarça garante a subida à primeira divisão nacional da modalidade, naquele que é um feito histórico, por representar o regresso de uma equipa ribatejana ao escalão máximo do xadrez nacional, 20 anos depois.

JUNHO Vila Franca de Xira critica Entidade de Turismo de Lisboa O presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita (PS), cri-


O Agrupamento de Escolas Marcelino Mesquita do Cartaxo foi criado a 12 de março de 2004, constituído pelas escolas do 1º Ciclo do Cartaxo, de Vila Chã de Ourique e de Valada, pelos Jardins de Infância de Vila Chã de Ourique e de Valada e pela Escola Básica 2,3 José Tagarro, Cartaxo. Em 3 de julho de 2012, associou-se ao Agrupamento a Escola Secundária do Cartaxo e desde o presente verão encerrou-se as Escolas Básica nº 2 de Vila Chã de Ourique e a Escola Básica com Jardim de Infância de Valada, devido à falta de alunos. Atualmente o agrupamento tem cerca de 2140 alunos, 200 professores, 65 assistentes operacionais e 18 assistentes técnicos. Dos 11 anos de história destaca-se como pedras importantes deste caminho: - Em dezembro de 2008 o Agrupamento foi agraciado pela Câmara Municipal com a medalha de Mérito Municipal; - Os Muito Bons resultados de Avaliação Externa por parte de IGEC, realizada em novembro de 2009; - Inicio do novo Acordo Ortográfico em 2010, um ano mais cedo do que nas restantes escolas do país;

- A criação de 3 Unidades de Educação Especial, 2 para alunos com o espectro do autismo (2012 e 2015) e 1 de Multideficiência (2007); - Em setembro de 2013, a inauguração de nova escolasede, Escola Básica Marcelino Mesquita, Cartaxo; - No 1º período de 2013/2014, o Agrupamento foi selecionado para colaborar no Programa de Formação entre o Ministério de Educação e Ciência e o de Timor-Leste; - Assinatura do Contrato de Autonomia, em janeiro de 2014; - Em dezembro de 2014, procedeu-se a remoção e substituição das galerias de fibrocimento, bem como da substituição o pavimento do ginásio, em ambos os casos, na Escola Secundária; - No verão de 2015, adaptou-se, em todas as sua valências, a antiga EB2,3 José Tagarro em escola do 1ºCiclo a funcionar, neste Ciclo de ensino, desde o ano letivo anterior; - A passagem por este Agrupamento dos Srs. Diretor Geral dos Estabelecimentos Escolares ( março de 2014 e junho de 2015), da Diretora Geral da Administração Escolar ( novembro de 2014 e junho de 2015) e do Delegado Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo (

em março, em junho e em novembro de 2015). Onze anos depois da sua criação, o Agrupamento mantém inalterados não só os ideais da sua política educativa, como se tem norteado sempre pela qualidade dos serviços educativos que presta. Vive-se, aqui, um ambiente muito familiar e muito próximo das pessoas procurando-se prestar um verdadeiro serviço público, que aceita e apoia todos os alunos. A formação profissional é um dos pontos fortes da Escola Secundária. Da oferta profissionalizante, os alunos, são inseridos na vida profissional através de estágios, resultantes de protocolos estabelecidos com entidades locais e vizinhas, garantindo que lhes sejam dadas as oportunidades para a entrada no mercado de trabalho. A Escola Secundaria dispõe, ainda, de 3 turmas do Ensino Vocacional e 2 turmas PIEF. A missão passa por intervir na qualificação académica e profissional do concelho. Outros aspetos fortes é o Desporto Escolar, com variadíssimas conquistas e a Expressão Artística, responsável pela recuperação e embelezamento da Escola Secundária e a Educação Especial com 3 unidades especializadas.

Não é apenas a grande oferta curricular que faz da Escola Secundária do Cartaxo, exemplar. Igualmente importante, é a formação humana dos alunos. Assim, para além de aprenderem a ser ambiciosos e competitivos, os alunos são também encaminhados a fazer trabalho social com o objetivo de desenvolverem o espírito de solidariedade e a consciência social, como é o caso do Young Volunteam. De uma só vez o Ministério premiou o Agrupamento de Escolas Marcelino Mesquita do Cartaxo e, em concreto, a Escola Secundária, pela melhoria dos resultados do ensino secundário e pela redução da taxa de abandono escolar. No ano letivo transato, a somar ao já indicado, a Escola Secundária do Cartaxo teve a Maria João Portijo como vencedora das Olimpíadas da Filosofia, sucedendo ao Luís Monteiro que já tinha ganho as Olimpíadas da Biologia, no ano anterior e no Desporto Escolar a Patrícia Silva, sagrou-se Campeã Nacional e a equipa de Ténis obteve o 3º lugar nacional. De realçar, também, o Prémio Nacional Logotipo Project – Semear Sorrisos, obtido pelo aluno do PIEF, Miguel Soares.

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clube. Iniciou-se como treinador no Vilafranquense e começou a dar nas vistas no Centro Desportivo de Fátima, onde se estreou nas competições profissionais e deu o salto para a 1ª Liga.

ticou a actuação da Entidade de Turismo de Lisboa por não dar atenção às iniciativas desenvolvidas pelo município em termos turísticos e deixou no ar a possibilidade da discriminação estar ligada às festas taurinas como o Colete Encarnado. Jovem brutalmente assassinado em Salvaterra de Magos Filipe Costa tinha 14 anos quando foi assassinado por outro rapaz de 17 anos, alega-

damente por motivos fúteis, como a cobiça de roupa e ténis de marca. O jovem foi espancado até à morte num apartamento em Salvaterra de Magos. O juiz de instrução disse que o suspeito tem traços de psicopata. O Ribatejano Rui Vitória chega a treinador do Benfica Rui Vitória é confirmado como treinador da equipa sénior de futebol do Sport Lisboa e Benfica e afirma-se pronto a “dar a vida” pelo

AIP a puxar exportações traz empresários de trinta países a Portugal A Associação Industrial Portuguesa (AIP) organizou o “Portugal Internacional Business Meeting” que trouxe a Portugal 150 investidores/importadores de mais de 30 países para reuniões bilaterais com os empresários portugueses, previamente agendadas e preparadas com o apoio de uma equipa de profissionais especializados. O objectivo foi valorizar e dar a conhecer os produtos e serviços das empresas portuguesas aos potenciais compradores e investidores internacionais, de forma a incrementar a intensidade exportadora das empresas nacionais e diversificar os mercados. garrafa vedada com uma rolha de cortiça As garrafas de vinho vão passar a estar identificadas no rótulo com a informação de que estão vedadas com uma rolha de cortiça. A novidade foi adiantada pela ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, durante a inauguração da FICOR, em Coruche. Na opinião de Assunção Cristas, esta é uma forma de valorizar o produto e contribuir para a economia verde. “A cortiça valoriza o vinho e o vinho valoriza a cortiça”, salientou. José Eduardo Carvalho renova liderança na AIP José Eduardo Carvalho foi reeleito presidente da direcção da AIP - CCI - Associação Industrial Portuguesa - Câmara de Comércio e Indústria para o quadriénio 2015/2018. A ac-

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tual presidente da Associação Empresarial de Santarém, Salomé Rafael e António Augusto Tavares da Renova são vice-presidentes. Natural de Vila Chã de Ourique, Cartaxo, José Eduardo Carvalho pertence à direcção da AIP-CCI desde 2002, tendo sido vice-presidente nos dois mandatos anteriores à sua primeira eleição para presidente em Abril de 2011. Foi presidente da Nersant entre 1994 e 2011. A qualidade da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo Melhor Entidade Regional de Turismo foi o galardão atribuído à instituição presidida por António Ceia da Silva na cerimónia da 1ª edição dos Prémios AHRESP (Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal), realizada em Lisboa. A Turismo do Alentejo/Ribatejo concorria à distinção com as suas congéneres que actuam no Algarve, Lisboa, Centro, Porto e Norte, Madeira e Açores mas a votação do público ditou que a Entidade que opera nos 47 municípios alentejanos e nos 11 ribatejanos fosse considerada como a que mais contribuiu em 2014 para o desenvolvimento das regiões.

JULHO

Nível máximo de excelência para serviços do Hospital de Vila Franca de Xira O Hospital Vila Franca de Xira (HVFX) recebeu a classificação máxima a nível de excelência clínica, III, em Cirurgia de Ambulatório, Cuidados Intensivos, Ginecologia, Ortopedia e, ainda, a nível de Segurança do Doente, de acordo com os resultados publicados pelo SINAS - Sistema Nacional de Avaliação em Saúde, da Entidade Reguladora de Saúde. As especialidades Neurologia, Obstetrícia e Pedia-


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cirúrgico, oferta completa de meios complementares de diagnóstico e atendimento permanente, mantendo acordos com as principais seguradores e subsistemas de saúde. Abrange oito concelhos da região com uma população de mais de 190 mil habitantes.

AGOSTO

tria obtiveram o nível II de excelência clínica. Presidente da junta de Riachos demite-se e provoca eleições Demite-se o presidente da Junta de Freguesia de Riachos, Torres Novas, Alexandre Simas, eleito na lista de independentes GRUPPO, com o argumento de que a câmara municipal estaria a prejudicar a autarquia a que presidia e afirmando que as juntas não podem andar a mendigar migalhas às câmaras. As eleições intercalares que se realizaram em Outubro foram ganhas pela lista do PS encabeçada por José Júlio Ferreira.

adquiridos localmente. A iniciativa juntou cerca de 60 artistas nacionais e estrangeiros das áreas da arte urbana, vídeo, design, música e arquitectura. Hospital CUF Santarém para servir cento e noventa mil O Hospital Privado de Santarém passa a estar integrado na rede CUF, do Grupo José de Mello Saúde e passa a chamar-se Hospital CUF Santarém. Com 6.378 metros quadrados, o Hospital CUF Santarém dispõe de 21 gabinetes de consulta, 24 camas, três salas de bloco

“Creative Camp” coloca Abrantes no mapa das iniciativas artísticas internacionais Balanço positivo da terceira edição do festival “180 Creative Camp” que decorreu em Abrantes entre 5 e 12 de Julho. A pouco e pouco a cidade vai cimentando um grande evento cultural de nível internacional com o envolvimento crescente da população e uma grande dimensão social. A presidente da câmara, Maria do Céu Albuquerque (PS), realçou o retorno económico que o festival de artes deixou na comunidade local por causa do alojamento e restauração mas também porque todos os materiais utilizados pelos criativos foram

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Um episódio da história de Rio Maior divulgado com trinta anos de atraso Rio Maior foi elevada a cidade em 1985 sem preencher os requisitos previstos na lei, tendo essa decisão resultado de um acordo de bastidores na Assembleia da República entre os grupos parlamentares do PSD e do PS. O arranjinho entre os dois maiores partidos foi recordado na sessão comemorativa do 30º aniversário da elevação de Rio Maior a cidade por dois ex-presidentes do município que, em Agosto de 1985, eram vereadores na autarquia - José Pulquério e Silvino Sequeira. Um campeão com mais de noventa anos que mora na terra dos fenómenos José Canelo, atleta veterano do Entroncamento, sagra-se campeão do mundo de atletismo em maiores de 90 anos vencendo as provas de 800 e 5000 metros em Lyon, França.

SETEMBRO Santana Lopes em Almeirim com Fundo Rainha Dona Leonor para apoiar Misericórdias O Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa esteve a 14 de Setembro em Almeirim para a assinatura dos seis primeiros contratos de financiamento a outras tantas Misericórdias ao abrigo do Fundo Rainha Dona Leonor. Pedro Santana Lopes disse que as Misericórdias têm a obrigação de ir mais além nos apoios sociais. A Misericórdia de Almeirim recebeu uma comparticipação de 221 mil euros para a creche e jardim de infância do antigo hospital e a Misericórdia de Pernes 91 mil euros para a unidade de adultos com demência. O Fundo Rainha D. Leonor resultou de uma parceria entre a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e a União das Misericórdias Portuguesas.

Aprovado emparcelamento das propriedades de Azinhaga, Golegã e Riachos O Conselho de Ministros aprovou, no dia 24 de Setembro, o projecto de emparcelamento de terrenos agrícolas nas freguesias de Azinhaga, Golegã e Riachos. Com a implementação do mesmo, o número de propriedades agrícolas passará para metade, o que, conjugado com o aumento da sua dimensão, permite o aumento da produtividade e a diminuição dos custos de exploração. O projecto foi liderado pela Agrotejo. O acordo para a fusão de propriedades envolveu seiscentos proprietários. A área de cultivo abrangida é de cerca de cinco mil hectares. Condecorada aos 104 anos a criadora da Casa de Camões em Constância Manuela de Azevedo, fundadora e presidente durante muitos anos da Associação da Casa Memória de Camões em Constância, foi condecorada com a Ordem da Liberdade pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, um dia depois de a escritora e antiga jornalista ter completado 104 anos. Inovação no desporto e na saúde em Rio Maior A plataforma para a inovação no desporto e saúde Insporthealth está sediada desde


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te da câmara, Maria do Céu Albuquerque (PS), justificou a decisão com a importância do laboratório onde são feitas análises à água para consumo e às águas residuais bem como a géneros alimentícios e a alimentos para animais. Coligação Portugal à Frente ganha eleições no distrito e no país Nas eleições legislativas de 4 de Outubro a coligação PSD/CDS-PP vence no distrito de Santarém e o Bloco de Esquerda recupera o deputado perdido nas eleições anteriores. O distrito, que perdeu um deputado para Setúbal devido à diminuição de eleitores, elegendo agora apenas nove, acompanhou mais uma vez a tendência dos resultados nacionais. Teresa Leal Coelho, Nuno Serra, dia 8 de Setembro no Centro de Negócios de Rio Maior, em resultado de um protocolo que envolve ainda a empresa municipal Desmor, o Centro de Negócios e a Escola Superior de Desporto de Rio Maior. A Insporthealth actua nos domínios da performance desportiva, da saúde, bem-estar, qualidade de vida e envelhecimento activo e da eficiência organizacional. A pouco e pouco muito se vai fazendo no concelho da Golegã A entrada em funcionamento de espaços do

cidadão nas três freguesias do concelho (Golegã, Azinhaga e Pombalinho), a reabilitação das margens do rio Almonda na freguesia de Azinhaga, o apoio dado à delegação da Liga Portuguesa Contra o Cancro, cuja área de actuação abrange também os concelhos de Barquinha, Entroncamento e Chamusca e a instalação de um super-mercado Continente com a consequente criação de postos de trabalho. São alguns dos acontecimentos de 2015 destacados pelo presidente da câmara municipal, Rui Medinas (PS).

OUTUBRO Câmara de Abrantes não deixa morrer laboratório mais importante do Médio Tejo A Câmara Municipal de Abrantes impediu o encerramento da A. Logos, Associação para o Desenvolvimento ao decidir adquirir mais 150 unidades de participação na mesma pelo valor de 150 mil euros. A presiden-

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INSCRIÇÕES LIMITADAS! ADESÃO ATÉ 31 DE MARÇO

destinatários • PME localizadas nas regiões Norte, Centro e Alentejo

IV. APOIO À CERTIFICAÇÃO

I. DIAGNÓSTICO

Opcional: Auditoria Interna Instrução do processo de certificação

Elaboração de um diagnóstico no âmbito do referencial normativo, Identificação de oportunidades Definição da Rede de Processos chave e do plano de ações

Implementação do Sistema de Gestão

objectivos • Implementação do Sistema de Gestão da Qualidade (ISO 9001:2015) • Implementação do Sistema de Gestão de IDI (NP 4457:2007) • Implementação Integrada da Qualidade e IDI • Transição para o Referencial ISO 9001:2015

II. WORKSHOPS III. IMPLEMENTAÇÃO SG Conceção documental do SG, implementação de metodologias, execução de plano de ações, definições de KPI’s. Auditoria Interna Opcional: Custos com software de apoio à desmaterialização de processos

Desenvolvimento de workshops temáticos

V. PLAFOND ADICIONAL

INFORMAÇÕES: www.aip.pt | 213 601 641 • 684 | qualidade.inovacao@aip.pt praça das indústrias • 1300-307 lisboa

Custos com entidades certificadoras Aquisição de software de apoio à gestão

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o mercado angolano. Em 2013 a Unicer tinha encerrado a sua fábrica de cerveja em Santarém, deslocalizando a produção para Leça do Balio. Nersant proporciona seiscentas reuniões de negócios em Tomar Mais de 150 empresários, nacionais e estrangeiros, participaram na quarta edição do Nersant Business que decorreu entre os dias 19 e 21 de Outubro, em Tomar. Ao longo dos três dias em que decorreu o evento realizaram-se cerca de 600 reuniões de negócios. Participaram delegações empresariais de 17 países de todo o mundo, representando 38 sectores de actividade.

Duarte Marques e Patrícia Fonseca de Oliveira (Portugal à Frente - PSD/CDS), Vieira da Silva, António Gameiro e Idália Serrão (PS), Carlos Matias (BE) e António Filipe (CDU) foram os deputados eleitos por Santarém. Pagantes de promessas de Fátima com transmissão online não autorizada O MIRANTE noticia que o Santuário de Fátima, mesmo sem autorização, está a transmitir imagens online de pessoas a pagar promessas, de joelhos, na Capelinha das Aparições. A câmara instalada de forma dissimulada num dos mais famosos locais de culto do mundo não foi autorizada pela Comissão Nacional de Protecção de Dados nem pelo Ministério da Administração Interna. O santuário foi proibido de instalar sistemas de videovigilância nos locais de culto e no recinto mas não cumpre essa proibição. Unicer anuncia fecho de segunda fábrica em Santarém A Unicer anunciou o encerramento do seu centro de produção de refrigerantes, em Santarém, conhecido como fábrica da Rical – Empresa Produtora de Refrigerantes e Águas, alegando quebras nas vendas para

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NOVEMBRO SMAS de Vila Franca de Xira decidem reduzir tarifário em 2016 Os SMAS (Serviços Municipalizados de Água e Saneamento) de Vila Franca de Xira anunciam um decréscimo significativo dos tarifários de água e saneamento para famílias, empresas e instituições de solidariedade social, com a tónica forte a manter-se no apoio às famílias. No total, o SMAS vai abdicar de receber cerca de um milhão e meio de euros. O presidente do conselho de administração explica que a redução dos tarifários não irá pôr em causa a excelência ou a sustentabilidade económica e financeira dos serviços. José António da Silva de Oliveira lembra que os mesmos figuram em 2º lugar em termos de resultados económicos positivos no Relatório do Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses de 2014, apresentado pela Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas. na persecução da prestação de serviços de excelência à população do concelho de Vila Franca de Xira. Estranho interesse de asiáticos por cursos do Politécnico de Santarém O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras

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passou a acompanhar o súbito interesse de dezenas de alunos nepaleses por cursos da Escola de Gestão do Instituto Politécnico de Santarém. A situação levantou suspeitas porque só três dos 71 alunos admitidos acabariam por se matricular. As autoridades suspeitaram que a anormal situação pudesse envolver um eventual esquema de entrada em Portugal de cidadãos asiáticos utilizando a matrícula em instituições de ensino superior. Na altura a Europa estavam a chegar à Europa milhares de refugiados, tanto da Síria como de outros países e as autarquias portuguesas começavam a anunciar a sua disponibilidade para receber alguns. A Câmara de Santarém chegou a dizer que tinha três apartamentos prontos para receber outras tantas famílias.

Aposta estratégica do Politécnico de Tomar na área dos laboratórios de investigação A Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, pertencente ao Instituto Politécnico de Tomar, inaugurou no dia 22 de Outubro vários laboratórios para serem partilhados por professores, técnicos e investigadores que se pretende que ajudem a criar um centro de investigação direccionado para as empresas. Eugénio de Almeida, presidente do Politécnico de Tomar acredita que a aposta estratégica e o investimento efectuado, quer em infra-estruturas quer em equipamentos, coloca os Laboratórios de Inovação Industrial e Empresarial (LINE) ao nível dos melhores


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laboratórios de investigação e desenvolvimento a nível nacional, dotando-os das melhores condições para responder aos novos desafios que se colocam ao país. Os Águias de Alpiarça são campeões nacionais de triatlo O Clube Desportivo “Os Águias” de Alpiarça sagrou-se campeão nacional de triatlo por equipas no escalão de seniores, em masculinos e femininos. No triatlo jovem, os emblemas ribatejanos também brilharam, com o Alhandra Sporting Club a vencer por equipas e a Escola de Triatlo de Torres Novas a ficar em segundo.

DEZEMBRO Presidente e companheiro põem câmara de Tomar em rebuliço O companheiro da presidente da Câmara Municipal de Tomar, Luís Ferreira, protagonizou durante todo o ano diversas situações anormais. Nomeado no início do mandato de Anabela Freitas (PS) como seu chefe de gabinete e continuando como membro da bancada socialista na assembleia municipal, foi diversas vezes acusado pela oposição de ser o verdadeiro presidente do município. Em Outubro o mal-estar cresceu quando foi

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confirmado que tinha concorrido a um concurso de mobilidade interna para técnico de informática, que os adversários políticos sempre tinham dito que era feito à sua medida e que se destinava a assegurar-lhe trabalho na sua cidade uma vez que estava colocado nas mesmas funções na Câmara de Alpiarça. No final do ano, Luís Ferreira foi exonerado de chefe de gabinete e anunciou na sua página do Facebook que já era trabalhador da câmara. Dias depois a presidente acabaria por anular o concurso e Luís Ferreira foi para Alpiarça trabalhar como funcionário de uma escola. Câmara de Azambuja inaugura gabinete de apoio às empresas Foi inaugurado a 10 de Dezembro, pelo presidente da Câmara Municipal de Azambuja, Luís de Sousa, um novo espaço de apoio à economia e aos empresários no concelho de Azambuja. O GAEE (Gabinete de Apoio e Informação à Empresa e ao Empreendedor) resulta de um protocolo de colaboração em que a ACISMA (Associação de Comércio, Indústria e Serviços do Município de Azambuja) surge como entidade promotora e a câmara municipal como entidade parceira e propõe-se intervir a todos os níveis no apoio à economia local de proximidade e com reflexos num contexto regional.

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Deputado e presidente da Federação Distrital do PS apanhado em escutas O presidente da federação distrital do PS de Santarém, António Gameiro, foi “apanhado” em escutas telefónicas da Operação Marquês mas diz-se de consciência tranquila. Em Abril de 2015, Gameiro, que é também deputado, tinha sido condenado por ter ficado com 45 mil euros da venda de um apartamento de uma emigrante na Austrália, da qual era advogado. Sentença da qual entretanto recorreu. Custódio Castelo de Almeirim é a alma de um inédito festival de guitarra portuguesa Em Almeirim, a 28 de Novembro, no encerramento da segunda edição do Fes-


juízes sublinhou que os factos foram muito graves e que Adalberto Santos, de 42 anos, não revelou emoção nem arrependimento durante o julgamento e que agiu com uma “frieza impressionante”. As violações ocorreram numa zona de mato na Estrada de S. Domingos.

tival Guitarra d’Alma, com o cine-teatro esgotado, o guitarrista Custódio Castelo apresentou o álbum “Maturus”, mostrando porque é hoje um dos principais mestres nacionais daquele instrumento. No final do espectáculo, o presidente da câmara, Pedro Ribeiro (PS), anunciou a realização da terceira edição em Novembro de 2016, dando continuidade a uma iniciativa cultural de grande qualidade e pouco comum na região e no país e que por isso coloca Almeirim no mapa das iniciativas artísticas de valor. Morte de jovem de Vila Chã de Ourique por falta de assistência médica O Ministério Público abriu um inquérito à morte do jovem David Duarte, de Vila Chã de Ourique (Cartaxo), que não foi operado em tempo útil no Hospital de São José, em Lisboa, por não haver equipas de neurocirurgia ao fim-de-semana. O caso levou às demissões dos presidentes da Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo, do Centro Hospitalar de Lisboa Central e do Centro Hospitalar Lisboa Norte. Mercado de Cultura foi uma aposta do presidente da câmara de Salvaterra O Mercado de Cultura em Marinhais foi inaugurado a 20 de Dezembro. A concretização da obra deve-se ao facto de o presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, Hélder Esménio (PS), ter assumido o risco de ficar com um grande encargo para pagar na totalidade uma vez que não tinha garantia de conseguir apoio comunitário. No dia da inauguração o representante da CCDR Alentejo garantiu que o apoio será dado e o autarca deve ter respirado de alívio. A obra custou 334 mil euros. O novo edifício dispõe de um pólo da biblioteca municipal, uma galeria de exposições, uma sala multiusos e um espaço de apoio ao cidadão e balcão dos CTT.

Resitejo na primeira linha da protecção ambiental e da solidariedade A Resitejo - Tratamento de lixos do Médio Tejo, com sede na Carregueira, Chamusca, recolheu mais de uma tonelada de pilhas usadas, recolhidas nos municípios da sua área de abrangência, no âmbito do 7º Peditório Nacional de Pilhas e Baterias Usadas a Favor do Instituto Português de Oncologia. A quantidade recolhida pela Resitejo constituiu um novo recorde de participação. O ano passado a recolha tinha-se cifrado em cerca de meia tonelada. A resposta massiva ao desafio nacional lançado pela Ecopilhas permitiu doar um equipamento LASER CO2 ACUPULSE para tratamentos de Dermatologia em Cirurgia de Ambulatório. Segundo a Resitejo, neste momento há “pilhões” disponíveis “em todas as autarquias, juntas de freguesia, Ecocentros e alguns Ecopontos. Muitas outras entidades também disponibilizam pontos específicos de recolha. Se as pilhas e as baterias forem deitadas fora, sem qualquer precaução, podem libertar numerosos compostos perigosos, tais como: ácidos, alumínio, chumbo, lítio, mercúrio.

Segurança Social, Vieira da Silva, prometeu fazer tudo o que estiver ao seu alcance para ajudar a Santa Casa da Misericórdia de Tomar a ultrapassar todos os obstáculos que estão a entravar a entrada em funcionamento das Residências Assistidas. A declaração foi feita a 12 de Dezembro na cerimónia que assinalou o 505º aniversário da instituição.

Nadadora de Abrantes ganha prova sénior do Campeonato Nacional A nadadora Madalena Silva, do Clube Náutico de Abrantes, conquistou o título nacional sénior nos 50 metros bruços, nos campeonatos nacionais de Natação Júnior e Sénior em piscina curta que se realizaram no Porto. Brilhante desempenho teve igualmente Frederico Riachos, do Núcleo Sportinguista da Golegã, que se sagrou campeão nacional júnior nas provas de 50 e 100 metros livres. Ministro interessa-se pelas “Residências Assistidas” da Misericórdia de Tomar O ministro do Trabalho, Solidariedade e

Violador de Santarém condenado a 14 anos de prisão O homem que causou medo na população de Santarém ao violar e roubar duas mulheres e tentar violar outra, foi condenado a 14 anos de prisão. O colectivo de

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