RETROSPECTIVA 2012

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SEMANÁRIO REGIONAL - DIÁRIO ONLINE

SUPLEMENTO RETROSPECTIVA DO ANO 2012 - Este suplemento faz parte integrante da edição nº 1077 deste jornal e não pode ser vendido separadamente

AS NOTÍCIAS E AS PESSOAS QUE

MARCARAM As matérias principais deste suplemento são as entrevistas feitas às Personalidades do Ano escolhidas por O MIRANTE. Os jornais têm a obrigação de noticiar tudo o que se destaca da normalidade e não apenas os factos negativos. O MIRANTE cumpre essa missão diariamente e, por mais que digam que a desgraça vende mais que a excelência, preferimos distinguir sempre esta última.

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Retrospectiva do Ano 2012 - 14 Fevereiro 2013


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Prémio Personalidade do Ano

“Esta é a nossa paixão e nas paixões investe-se tudo de uma forma radical” Carlos Moisés e Paulo Bizarro são os elementos fundadores dos “Quinta do Bill”

Quinta do Bill Carlos Moisés tinha muitas músicas alinhavadas quando decidiu ir à procura de músicos para formar uma banda. Paulo Bizarro tinha uma banda mas alinhou no novo projecto. Foi assim que há 25 anos surgiu em Tomar o grupo “Quinta do Bill” que saltou para a ribalta em 1994 com “Os Filhos da Nação”. Actualmente, para além dos dois fundadores, a família integra Dalila Marques, Carlos Calado (Kató), Miguel Urbano e Jorge Costa. Alberto Bastos Falar dos Quinta do Bill como uma família ainda faz sentido? Da formação inicial já só estão vocês dois, Carlos Moisés e Paulo Bizarro. Carlos Moisés - As pessoas que saíram fizeram outras opções em termos profissionais. Esta última formação já vem de longa data. A Dalila é o membro mais recente e já está no grupo há uns seis anos. Os outros já estão na família há mais de dez. Paulo Bizarro - Nos anos de muita actividade chegávamos a fazer 50 concertos por ano. Equivalia a estarmos mais de setenta dias por ano todos juntos e juntos de uma forma que muitas vezes não estamos com as nossas próprias famílias. E não é

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só espectáculos. São actividades de promoção, entrevistas, programas de televisão. Partilhámos muita coisa juntos. Faz todo o sentido falar de família por causa desta aprendizagem de nos aturarmos; de procurarmos consensos... Há algum segredo para a longevidade? C.M Para fazer carreira tem que se investir nela. E investir em termos de tempo disponível é imperioso. Muitas vezes as pessoas têm valor em termos artísticos mas não fazem essa opção radical. Eu no meu caso estava ligado ao ensino e fiz uma opção. Desvinculei-me do ensino e optei pelo projecto Quinta do Bill. E só assim é que se consegue. Como entraram os novos elementos no grupo. Foi por convite? Fizeram audições? P.B. - O Kató (Carlos Calado, guitarrista) foi por convite. Acaba por ser um pouco assim. Muitas vezes já conhecemos as pessoas. Tirando o Jorge Costa (Baterista), que é de Sintra e a Dalila Marques (violino) que é de Castelo Branco, todos os outros são de Tomar. O Miguel Urbano (Acordeão) é de Tomar e o Kató também. Estes novos músicos vieram trabalhar num projecto que estava em movimento mas tinham a sua própria bagagem musical. Tiveram que a deixar à porta? C.M - Quinta do Bill é um projecto muito aberto. Permitiu que cada novo elemento trouxesse a sua própria linguagem e as suas próprias influências para o seio do grupo. Isso aconteceu com todos. O produto final das canções revela isso mesmo. É um processo democrático. O Carlos Moisés é o compositor do Grupo. Como se faz uma canção dos Quinta do Bill? P.B. - O Moisés gosta de trabalhar sem letra. Trabalha a melodia e depois apresenta a canção ao letrista. C.M. Dá-me mais liberdade. Não fico condicionado. Das poucas vezes que fiz a música depois da letra foi em 2000 na altura da campanha de solidariedade para com Moçambique na altura das cheias. A letra de Moçambique - Um Novo abraço, foi feita pelo José Jorge Letria e eu musiquei. Quando lhe surge uma ideia para uma canção, não pensa logo num tema. Numa letra? C.M. Na maior parte das vezes não.

“Ai estes são os filhos da Nação” Os “Quinta do Bill” completaram 25 anos de actividade o ano passado e assinalaram as bodas de prata com a edição de um álbum em que recuperam várias baladas inseridas nos seus sete discos de originais e duas compostas propositadamente para a ocasião. A banda de Tomar surgiu pela mão do vocalista e compositor Carlos Moisés que procurava músicos para dar corpo às músicas que ia compondo. Da formação original, para além dele, está apenas o baixista Paulo Bizarro. Os restantes músicos estão, na maioria dos casos, há mais de uma década na banda. Dalila Marques, Carlos Calado (Kató), Miguel Urbano e Jorge Costa são os membros mais novos da família. O primeiro grande sucesso comercial dos Quinta do Bill aconteceu em 1994 com a canção “Filhos da Nação” que se tornou num hino da juventude, numa altura em que a contestação estudantil era intensa. Antes disso o grupo tinha

“Consideramos que este prémio do jornal O MIRANTE é o reconhecimento do trabalho que temos vindo a desenvolver e é sempre bom sabermos que alguém está atento ao que fazemos e nos dá valor. Ficámos muito honrados. Esta distinção é um estímulo para continuarmos porque só há razão para continuarmos a fazer canções se tivermos retorno por parte das pessoas. Se elas se identificarem com o nosso trabalho”. Carlos Moisés Apresento a ideia ao grupo e começamos a trabalhá-la. E eu canto com o meu dialecto muito especial que é uma mistura de várias línguas. Acho que depois de tantos temas criados assim pode ser que este dialecto possa singrar como língua universal, já que o esperanto não foi para a frente. (Riso) As primeiras letras eram da Ana Vieira e do José Morgado. A partir de 1989 o João Portela faz a maior parte das letras mas de vez em quando surgem novos letristas. Como conseguem que aquilo que cantam reflicta o vosso pensamento. A vossa filosofia enquanto grupo? P.B - Por vezes o grupo dá dicas ao letrista. Gostávamos de falar nisto e nisto. Outras vezes apresentamos apenas a música e ele tem liberdade para escrever. Isto acontece porque conhecemos bem as pessoas que convidamos a escrever. E elas também conhecem o grupo. Há uma identificação. Uma cumplicidade. Se não fosse assim não resultava. Nos dois últimos álbuns, A Hora das Colmeias, de 2006, e Sete, de 2011, tiveram muitos outros letristas. José Luís Peixoto, João Afonso, Sebastião Antunes, Miguel Castro, José Moz Carrapa, Pedro Malaquias. O João Portela também colaborou mas já não escreve tanto como antigamente. Os outros são convidados mas ele era um elemento da banda. P.B. O Portela é de Tomar. Passou aqui a Juventude, os pais são daqui mas vive em Lisboa. Sempre o considerámos um elemento da banda. Nos últimos tempos tem estado um pouco ausente e daí termos

conseguido alguma projecção, nomeadamente com o primeiro lugar do concurso Aqui Del’Rock, em 1991, que lhe permitiu editar o primeiro álbum, “Sem Rumo”. Em 1995, o grupo partilhou o palco do Estádio José Alvalade com o cantor canadiano Bryan Adams. Sem concessões em termos de qualidade e com um estilo muito próprio, os Quinta do Bill mantiveram sempre a sua ligação à cidade onde nasceram e permaneceram tendo no seu reportório vários temas com ele relacionados. A língua portuguesa foi sempre a sua língua oficial. A primeira sala de ensaios da banda foi em Valdonas, na Quinta do senhor Guilherme Delgado, conhecido em Tomar por Bill, facto que acabou por determinar o nome do grupo. Nos últimos álbuns de originais, A Hora das Colmeias de 2006, e Sete, de 2011, o grupo convidou vários letristas mas o letrista habitual do grupo «, aquele com quem o compositor Carlos Moisés tem uma maior ligação, é João Portela também de Tomar, que sempre foi considerado como o sétimo elemento da banda.

recorrido a outros letristas. Não tem tido muito tempo livre para a escrita e para se dedicar à banda mas é sempre uma pessoa que fazemos questão que esteja em todos os álbuns, nem que seja com uma letra. Quinta do Bill tem um estilo muito próprio e um público fiel àquele som. Isso não é um espartilho? Nunca vos apeteceu fazer algo diferente? P.B. Claro que sentimos que o nosso público não nos deixa sair muito dali mas nós também não queremos sair. O meu projecto é este desde o primeiro dia. Em termos musicais nunca senti necessidade de trilhar outros caminhos. C.M. - É óbvio que o facto de investirmos sempre numa imagem ao vivo festiva fez com que o grupo singrasse em termos de mercado mas em todos os discos temos sempre uma incursão em novas texturas musicais. Foi uma preocupação constante do projecto e essa questão de nos questionarmos sobre qual é o nosso papel em termos de futuro, há muitos anos que é patente. Daí a necessidade de querermos apresentar coisas novas, sem nunca rompermos com aquilo em que achamos que temos um papel importante que é esta linha do rock e do folk. Essas incursões em novas texturas musicais foram muito subtis. A Hora das Colmeias é mais pop que folk, por exemplo... C.M. - Era um bocado estúpido estarmos a romper com aquilo que são as nossas paixões. Foi sempre nessa linha que gostámos de actuar e provavelmente continuará a ser assim porque no fundo é aquilo que sabemos fazer. É o que gostamos e o que sabemos fazer. P.B. Há músicos do grupo que têm projectos paralelos. O Miguel e o Cató têm projectos paralelos noutras áreas musicais, por exemplo. O Carlos Moisés nunca teve uma ideia para uma música que acabou por pôr de parte porque não era “Quinta do Bill”? C.M. - Não. Isso não acontece. Eu sou Quinta do Bill. É esta a música que gosto de fazer. Além disso, desde que surge uma ideia até à canção final, há um trabalho. É um processo de transformação constante que cada música sofre. As coisas não são lineares. Longe disso. Não catalogamos ideias. Depois há um fio condutor e uma certa coerência naquilo que se quer apresentar às pessoas. Há muito trabalho e o tempo ajuda a dar maturidade a essa análise. Muitos músicos que começam em cidades do interior sentem, a certa altura, necessidade de ir para a grande cidade. Nunca sentiram isso? P.B. - Hoje em dia não há esse problema da partilha de experiências do contacto com

outros projectos. Com a internet estamos mais próximos uns dos outros. Mas quando começámos sentimos dificuldades. Nessa altura os projectos conhecidos eram de Lisboa, do Porto. Tudo o que era fora desses centros não era conhecido. Passámos por algumas dificuldades. Foi uma luta enorme para fazermos vingar o nosso projecto. Na altura a única forma de nos mostrarmos era através dos concursos de música. E havia poucos. E nós íamos a todos. Rock set RFM, Mostra de Música Moderna de Coimbra; Rock Rendez-Vous, o Aqui D’ el Rock da RTP1, que vencemos e cujo prémio foi a gravação do nosso primeiro disco. Porque nasceu o projecto Quinta do Bill? C.M. A génese do Quinta do Bill está num projecto de música tradicional portuguesa da Associação Canto Firme em que participei. Nós sempre puxámos para as coisas portuguesas. Sempre estivemos muito ligados às raízes tradicionais. Levei muito dessa minha vivência para o grupo. Isso acabou por ser evidente não só nas canções mas nos próprios instrumentos escolhidos para as executar. O grupo surgiu com a necessidade que eu tive de trabalhar as ideias que já tinha. De as partilhar. Senti q tinha que fazer uma banda. Foi nessa altura que conheci o Bizarro. P.B. - Eu tocava com a malta da rua. Tínhamos um grupo que tocava originais. Fazia parte o Rui Dias que também foi fundador do Quinta do Bill e o Fernando Paulo. Tínhamos entrado para a escola de jazz do Canto Firme. O Moisés andava lá e foi quando nos conhecemos. Ele queria gravar uma maquete para mandar para o Rock Rendez-Vous. Têm todos formação musical? C.M. - Somos minimamente letrados. (Riso) P.B. - Todos têm formação académica em música. A excepção sou eu. Tive aulas particulares de guitarra e flauta mas abandonei aos 15 anos. C.M. - Eu fiz o conservatório e acabei por fazer a licenciatura, neste momento mestrado em música. Na parte que me toca foi importante. Nasci em Moçambique e vim para Tomar com 12 anos. Tive a felicidade dos meus pais perceberem a minha paixão pela música e me terem posto a estudar música. Conhecem versões de algumas das vossas músicas. O que acham? P.B. - Conhecemos versões que vamos encontrando na internet e até descobrimos que temos uma banda de tributo nos Açores, na (ilha de S. Jorge), os Quinta Tribu ou Tribu Quinta. Estamos chateados com eles porque temos tido poucos contratos para os Açores (Riso).

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Prémio Personalidade do Ano Tauromaquia

António Manuel Cardoso

“Se um espectáculo não presta as pessoas não vão lá nem de borla”

António Manuel Cardoso, Nené, é o mais antigo empresário tauromáquico foto O MIRANTE

Está a favor da redução do tempo destinado aos cerimoniais das touradas que prolongam desnecessariamente o espectáculo. Defende uma maior participação do público na consagração dos melhores em praça. Não compreende a formação de uma associação de forcados que funciona quase como um sindicato e diz que preferia contratar livremente oferecendo mais aos melhores. Conhecido por Nené, António Manuel Cardoso é um dos empresários portugueses que mais tem feito em prol da festa brava, que considera um marco da cultura nacional. António Palmeiro Os empresários estão sempre a queixar-se que a tauromaquia não dá dinheiro, mas não deixam de trabalhar. Esta actividade sofre dos mesmos proble-

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mas que os outros sectores empresariais no país. As coisas não estão fáceis e não quero com isto estar a lastimar-me. Mas o que acontece é que andamos a trabalhar para sobreviver. Com a crise os próprios toureiros e ganadeiros estão a ajustar-se à situação económica que vivemos e há algum abaixamento dos valores que até agora eram praticados. A conclusão é que estamos todos a perder com a situação mas vamos continuando por aquilo que nos move essencialmente, que é a arte e o amor à festa dos toiros, que é um marco da cultura portuguesa. Não preferia ter um emprego mais estável? Fui funcionário da Segurança Social antes de me dedicar de corpo e alma à tauromaquia. Era realmente uma actividade mais estável a vários níveis mas não me incentivava nada a trabalhar. Não tenho perfil para funcionário público. O que é que sente quando tem um grupo de manifestantes anti-touradas em frente à praça onde vai decorrer uma corrida? Cada um tem a liberdade de gostar do que quer. Não temos é o direito de impedir que alguém goste de alguma coisa. É bom haver os que não gostam, porque fazem com que os que gostam ainda gostem mais. A polémica tem que existir na vida senão estamos todos a dormir. Agradeço aos anti-taurinos que façam manifestações porque nos estão a fazer publicidade gratuita. Muitos deles também comem carne e eu vendo a carne dos toiros lidados aos supermercados por um preço mais baixo. Há muita gente a pedir-lhe bilhetes


grátis para as touradas? É habitual, mas isso até é um bom sinal. Porque quando não há gente interessada em ver um espectáculo, nem de borla, é porque ele não tem interesse. Se há muitos a pedirem bilhetes é porque geralmente vai haver muita gente a comprar bilhete. Os empresários também oferecem bilhetes para comporem de público as praças maiores. Não faço isso. Quando dou bilhetes não é com esse objectivo. Costumo dar algumas borlas a amigos e nas corridas que organizo mas 99,9 por cento das pessoas que estão a assistir têm bilhete comprado. A tauromaquia está cheia de vedetas? Como é que lida com isso? Numa corrida de toiros há uns artistas melhores e outros piores. E é verdade que é mais difícil lidar com os artistas de topo mas isso também acontece porque são os que levam público às praças. Os toureiros de segundo ou terceiro plano chegam a oferecer-se para tourear. Temos que aprender a lidar com todos porque todos fazem parte da festa. Também foi forcado e jogador de futebol, podia ter seguido uma carreira no desporto. Joguei no Alcochetense e considero que fui um mau jogador. Para seguir por exemplo uma carreira de empresário desportivo só valeria a pena se fosse empresário de jogadores como o Ronaldo ou o Messi. Esta foi uma área que não passou pela minha veia sentimental e a vida tem que ser vivida com sentimento. Quando era forcado os grupos não estavam organizados e hoje têm uma associação. Foi uma forma de se valorizarem? Os forcados organizaram-se e têm uma associação com normas que impuseram exigindo mais segurança e uma tabela de

preços. Quando um forcado amador se gere por princípios comuns é mau. Cada grupo deve ter os seus princípios. Para os empresários tauromáquicos deve ser pior. Sou contra o facto de estarem todos normalizados de forma a que quase parece um sindicato. Antes, como cabo dos forcados de Alcochete, cheguei a pedir mais dinheiro às empresas e conseguia conciliar uma justeza de valores. Agora há uma tabela. Como empresário não me custa pagar mais porque há grupos que valorizam mais a festa que outros. Há sempre os bons, os medianos e os maus e nos forcados é a mesma coisa. Preferia contratar um grupo que está no auge e negociar o que vou pagar. O que é que se perdeu com a criação

Sempre numa roda viva porque a vida é movimento António Manuel Cardoso, nascido em 16 de Junho de 1954, começou por ser futebolista. Esteve nas equipas jovens do Alcochetense onde chegou à conclusão que o seu futuro não passava por ali. Foi nessa altura que lhe puseram a alcunha de Nené, pela sua forma de jogar pouco agressiva e muito parecida com a de um jogador do Benfica da altura que usava aquele nome. Antes de entrar na vida empresarial foi funcionário público na Segurança Social mas era um emprego que apesar da estabilidade que lhe dava não lhe enchia as medidas. Foi forcado e chegou a cabo do grupo de Alcochete. Sabe o que é sentir o medo de enfrentar o toiro bravo olhos

da associação? Dou o exemplo do forcado Hélder Antoño que morreu na praça de Alcochete. O dinheiro que ganhámos foi para lhe fazer uma estátua. Tem que haver um espírito de união entre um grupo e não entre grupos, até porque há alguns que furam as regras da associação. É a favor de tanto cerimonial nas corridas de toiros que fazem prolongar o espectáculo por muito tempo? Está previsto num novo regulamento tauromáquico algumas alterações a esse nível. Pretende-se tirar alguns pontos mortos do espectáculo e já temos vindo a adaptar-nos a essa situação. Quando o cavaleiro vai à praça o seu bandarilheiro atravessa a arena e todos se cumprimentam, todos

nos olhos e conhece a alegria de receber o reconhecimento e carinho do público. Agora como empresário passa despercebido e não tem direito a aplausos apesar do seu papel fundamental para que os espectáculos tenham brilho e os espectadores se divirtam. No Verão é quando o trabalho aperta e é nesta altura que tem de amealhar para viver no Inverno quando não há corridas. Assume-se como um “profissional dos toiros” e quando não está a trabalhar na montagem de espectáculos expande o seu amor pela festa brava nas tertúlias onde se debatem as corridas recentes ou se fala da tauromaquia em geral. “Sou muito conversador, se calhar até de mais”, afirma. Homem com “o coração ao pé da boca” apresenta-se com um ar confiante de quem não se esconde no silêncio. A sua vida é visivelmente agitada. Anda sem-

se abraçam seis vezes. Basta uma vez e nas restantes o cavaleiro entrar já com a bandarilha na mão, por exemplo. Tenho feito corridas com uma média de uma hora e 45 minutos, duas horas. E com um novo regulamento ainda mais tempo se vai poupar. Na corrida portuguesa há o hábito de se dar a volta à arena em jeito de prémio mesmo que o artista não tenha estado bem. A ideia é no futuro ser o público a escolher com os lenços, como acontece em Espanha. E depois o director de corrida autoriza se o toureiro pode dar a volta. Evita-se que toda a gente dê a volta à arena como um simples condimento do espectáculo. Isto torna-o mais sério e mais honesto para com o público.

pre numa roda viva. É difícil estar com ele dez minutos sem que o telemóvel não toque pelo menos uma vez. Tem três filhos, de dois casamentos. São eles que lhe dão uma mãozinha no negócio sobretudo quando envolve as novas tecnologias que não domina. São os filhos que tratam de fotografias e da divulgação dos espectáculos nas redes online. Nené é um homem que anda sempre em contra relógio. No ano passado a sua empresa, a Toiros & Tauromaquia, promoveu 29 corridas de toiros nas praças que explorava: Moita, Alcochete, Coruche, Évora, Reguengos de Monsaraz, Sobral da Adiça e Terrugem, sendo a empresa que mais espectáculos fez, a exemplo do que já tinha acontecido no ano anterior. António Manuel Cardoso foi fundador da APET - Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos, tendo desempenhado o cargo de vice-presidente até 2011.

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Joaquim Santana

Prémio Personalidade do Ano Vida

foto O MIRANTE

“Chegou a altura de dar mais à família que ao rancho” Joaquim Santana está há 55 anos à frente dos “Camponeses de Riachos” O Rancho Folclórico Os Camponeses de Riachos é um dos ex-libris da vila de Riachos que ali guarda, em forma de danças, cantigas e trajes, uma parte importante do seu património cultural. O principal obreiro deste amor à terra é Joaquim Santana, agora com 78 anos.

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Ricardo Carreira Como é que tudo começou? Quando se fez a marcha de Carnaval em Fevereiro de 1958 as pessoas começaram logo a falar na criação de um rancho folclórico. O presidente da câmara de então, Fernando Cunha, era meu amigo, assim como José Marques, um seareiro e ambos eram familiares de Celestino Graça (Fundador de muitos ranchos folclóricos do Ribatejo e responsável pela Feira do Ribatejo), que convidaram para nos ir ver. Ele elogiou tecnicamente o grupo, apon-

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tando apenas a necessidade de alterar os trajes. Se fizéssemos isso, estávamos convidados para a Feira do Ribatejo em 1959. Assim foi. E em 1960 já participámos no Festival Internacional de Folclore transmitido na televisão. Está há 55 anos à frente do Rancho Folclórico Os Camponeses de Riachos. Nunca quis ser dançarino ou cantador? Dançarino só no início do grupo. Depois comecei a ver que, para atingir uma certa craveira, não era possível dançar e ao mesmo tempo estar a corrigir os outros para que tudo saísse bem. Ainda por cima eu como dançarino teria que estar a um nível superior ao de todos os outros que eram da minha idade e isso não era fácil. Percebi que tinha que deixar de dançar para poder liderar. Gosta muito da sua terra mas não

acredito que a considere a melhor terra do mundo. A nossa terra é a nossa terra. Por muitas viagens que a gente faça é aqui que queremos voltar e estar. Mas aprende-se muito viajando e conhecendo os outros. Estive quase 20 anos ligado à região de Turismo dos Templários como vogal da comissão executiva, pelo conhecimento que tinha dos grupos folclóricos da região. Percorri grande parte da Europa em feiras de turismo. Conheci cidades maravilhosas como Paris, Berlim, Madrid, Barcelona. Gosto muito das cidades espanholas, mas Paris é inconfundível, pelas noites, pela grandiosidade, por tudo. Fomos 12 vezes à Alemanha a partir de 1964 em anos diferentes e conseguimos que nos proporcionassem visitas a grandes cidades. De uma terra rural como Riachos com a maior parte do grupo ligado à terra, pudemos ver uma realidade local com muita mecanização em algumas aldeias rurais alemãs e francesas. Isso marca. Conte lá uma das muitas aventuras que viveu no estrangeiro com o rancho? Em 1971 íamos a caminho da Zagreb, na então Jugoslávia, para um festival internacional de folclore e numa primeira tentativa não conseguimos entrar no país por causa dos vistos. Tivemos de voltar para a fronteira italiana e tivemos sorte. O chefe da polícia gostou de nós e com a ajuda de umas fotografias do Eusébio e uma garrafa de vinho do Porto conseguiu que passássemos a fronteira da Jugoslávia a 20 quilómetros do sítio onde nos tinham mandado para trás, já altas horas da noite. E a actuação mais marcante? Talvez a que realizámos em Madrid, no 1.º de Maio de 1970, perante 125 mil pessoas no estádio Chamartin, hoje Santiago Bernabéu. Muitas viagens foram feitas numa altura de emigração portuguesa para França. Emigração muitas vezes clandestina porque não era fácil arranjar documentos. O rancho nunca regressou com elementos a menos?


Isso nunca aconteceu. Não me pergunte porquê. Se calhar foi sorte. Apenas tivemos um rapaz que estava no grupo que, quando chegou a Portugal, se lembrou de dar o salto para França. Também era jovem. Não via, como muitos outros jovens de altura, oportunidades de vida melhor no estrangeiro? Nunca aconteceu. Casei aos 29 anos. Trabalhava no campo, ligado à pequena casa agrícola familiar, onde trabalhávamos todos para o mesmo fim. Eu era o mais novo e o que tinha mais possibilidades de sair. Fruto da grande ligação ao senhor Fernando Cunha, presidente da Câmara de Torres Novas, fui colocado na câmara como leitor-cobrador do sector das águas. A minha saída do campo deu-se nos anos 60, numa altura de grande crise na agricultura em que muita gente emigrou. Se calhar não fui também por causa do emprego na câmara. Não era ambicioso? Eu fui sempre ambicioso em termos de conhecimento. Nunca gostei de estagnar. De estar parado. Em 1958 não sabia nada de folclore e estudei ao máximo. Dediquei-me de tal maneira que revolucionei muita coisa, principalmente ao nível de muitas recolhas feitas através de conversas com pessoas mais antigas e que sabiam muito mais que eu. Recentemente foi alvo de mais uma homenagem Nessa altura disse que estou cansado e é essa a realidade. São 55 anos e é impossível dizer que sigo com a força desde esse início. Chegámos a ter duas ou três viagens para fora do país durante um mês, fora as viagens cá dentro. O que quero dizer é que não duro sempre e nos últimos três anos tenho tido problemas enormes em dar apoio à minha mulher que está doente e com a sua mobilidade reduzida ao mínimo. O meu mandato termina no final do ano. Quero descansar com a minha família, com a minha mulher e ir buscar os netos à escola e levá-los a casa, como já faço agora. Lidou com várias gerações no rancho folclórico. Como é a juventude de hoje? A juventude é hoje mais livre, também mais gastadora. Todos têm automóvel, rapazes e raparigas, vão ao café, à discoteca e já não há aquela regra de ouro de ir ao ensaio. Estou a passar quase para a terceira geração do grupo, com a segunda bem adiantada. Sinal dos tempos. Só não sinto tanto estas mudanças porque as tenho acompanhado a par e passo. Como é que é hoje o seu dia a dia? Levanto-me mais tarde do que quando estava a trabalhar mas já estou em pé às oito da manhã. Venho à sede do grupo ler os jornais e despacho algum assunto que esteja pendente. Atendo miúdos das escolas que fazem trabalhos ou visito as escolas para falar do cavador ou do cingeleiro. Almoço em casa como sempre fiz toda a vida. Depois passo pelo café Pacheco para dois dedos de conversa sobre futebol, toiros e sobre o que se passa e à tarde cuido da minha mulher. É aficionado? Gosta de touradas? Não tanto como gostava de ser. Hoje raramente vou a corridas mas antes corria as praças da região. A vida de destaque à frente de uma colectividade trouxe-lhe convites da política? Recebi alguns convites de vários partidos mas nunca aceitei. Só exerço actividade política quando vou votar. Sou um moderado. Não sou de esquerda nem de direita. Com a minha entrada para a Câmara de Torres Novas e a com a minha subida na carreira fui alvo da esquerda local, que me tentou abater. O que aprendeu nestes anos todos observando os políticos? Aprendi que o partido que está na câmara beneficia sempre as juntas de freguesia da mesma cor. Não tenho feitio para isso e foi isso que mais me vincou. De resto, os partidos para mim são todos iguais. Riachos cresceu e desenvolveu-se como gostaria? Ficámos para trás. Devíamos ter chegado mais além. Quando da passagem a vila em 1986, escrevi no jornal O Riachense que não interessa nada dizer que já éramos vila se ainda nem sequer tínhamos as coisas básicas. Somos uma aldeia grande. Benefícios de vila não temos nenhuns. Algumas coisas mudaram. Temos um bom centro escolar e foi-nos prometida há anos uma casa da cultura porque a Casa do Povo não chega para as várias associações. Uma casa disponível para organizar espectáculos, reuniões e outros eventos. Faltam os arranjos de ruas, a substituição de canaliza-

ções dos anos 70... Gostava de ser reconhecido publicamente na sua terra? Não sou pessoa de estátuas ou nome de rua. Gosto da minha terra, gosto do rancho e gostei do meu trabalho enquanto não me reformei. Cheguei onde queria chegar. Qual é o seu maior defeito? E a sua maior virtude? Sou um bocadinho ditador quando quero concreti-

Uma vida dedicada ao folclore e a Riachos Joaquim Santana, 78 anos, está à frente do Rancho Folclórico “Os Camponeses” de Riachos, como presidente e como ensaiador, há 55 anos consecutivos. Um feito pouco comum que assinala a dedicação, o amor e o empenho de um homem nascido naquela terra do concelho de Torres Novas. Foi numa marcha de Carnaval, em 1958, que o incentivaram a fazer mais pelas modas, trajes e tradições de Riachos. Recolheu informações juntos os mais velhos que viriam a originar músicas, danças e cantares

zar algo em que acredito. Mas oiço as pessoas porque não me esqueço que não estou a dirigir um rebanho . A minha maior virtude é ser demasiado dado. Gosto da família e ponho a família à frente de tudo, embora em certas alturas o rancho estivesse à frente. Mas sempre me apoiaram para que pudesse chegar mais longe. Tenho agora que retribuir o apoio que a minha mulher me deu durante muitos anos.

da terra. O primeiro grande palco foi a Feira do Ribatejo, em Santarém, por incentivo de Celestino Graça. A partir daí o grupo não parou, sempre com Joaquim Santana ao leme. Até à data o grupo fez 57 viagens internacionais por 11 países, enquanto as nacionais são quase incontáveis. Viveu da agricultura até aos 30 anos numa família que vivia da terra. Foi trabalhador rural, boieiro, cingeleiro e médio agricultor. Entrou para a Câmara de Torres Novas como leitor-cobrador da secção de águas e, 31 anos depois, em 2001, aposentou-se como encarregado geral do serviço de águas e saneamento. Recebeu distinções da câmara e da junta de freguesia da sua terra.

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Prémio Personalidade do Ano Cidadania

José dos Santos de Jesus foto O MIRANTE

“Sinto-me feliz por aquilo que fiz pelos outros” José dos Santos de Jesus, mais conhecido por Bioucas, é uma referência em Abrantes Foi presidente de câmara, bombeiro voluntário, empresário, professor e fundador e dirigente do Centro de Recuperação Infantil de Abrantes até à actualidade. Estas são algumas das facetas de um homem que sempre se sentiu bem a servir a comunidade e que é um exemplo de cidadania activa. João Calhaz Chegado aos 84 anos, olha para trás e o que vê? A vida passou e fui estando nela conforme as circunstâncias que se apresentavam. Julgo que estive sempre no bom caminho e sinto-me feliz por aquilo que fiz pelos outros. Entreguei-me muitas vezes em profun-

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didade aos outros, às vezes deixando para trás a família. A família cobrava-lhe esse alheamento? Graças a Deus compreendeu, partilhou e ajudou sempre. Nos bons e nos maus momentos tive sempre a família do meu lado. O amor à sua Abrantes natal foi ma-

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nifestado de várias formas ao longo dos anos. Qual foi a que lhe deu mais prazer? É complicado responder. Não dou grande valor àquilo que faço pelos outros. Deu-me prazer tudo o que era fazer qualquer coisa pelo próximo, mas não posso deixar de lembrar a felicidade que tive em encontrar uma senhora directora dos serviços sociais

em Abrantes, a Dra. Lourdes Jorge, numa reunião de trabalho em que falámos da problemática da deficiência. Foi a partir daí que me entreguei de alma e coração ao Centro de Recuperação Infantil de Abrantes (CRIA). A fundação do CRIA foi a sua obra de arte, digamos assim? Não, foi a minha obra apaixonada. Cum-


prem-se 36 anos no dia 23 de Março que foi feita a escritura da associação. Desde essa data até hoje tenho feito sempre parte dos órgãos sociais, como tesoureiro, como presidente da direcção e agora com presidente da assembleia geral. Essa é de facto uma obra pela qual me apaixonei e que em Abrantes toda a gente conhece. Qual foi a decisão mais difícil de tomar na sua vida ligada à causa pública? Não tomo decisões com dificuldade. Tomo decisões com a convicção de que estou a agir bem, embora agora, vinte anos após ter saído da câmara, tenha a certeza que decidi mal algumas coisas. Não houve uma decisão que lhe custasse mais a tomar, pelas suas implicações na comunidade? Não. Decido e acabou! Penso nisso mas não me preocupo com isso. Tive problemas difíceis para resolver, mas isso é outra coisa... Como o do novo hospital de Abrantes, da Central do Pego, da creche e jardim de infância nas Barreiras do Tejo, da escola profissional agrícola das Mouriscas - essa foi decidida numa noite. Como lida com o envelhecimento?

Ajudar a comunidade sempre foi o seu lema É José dos Santos de Jesus de sua graça, mas em Abrantes todos o conhecem por Bioucas, apelido paterno que um funcionário do registo civil considerou estar a mais. O Largo Engenheiro Bioucas é uma marca na toponímia abrantina da passagem deste homem pela Câmara de Abrantes, de 1974 a 1990, num tempo em que não havia fundos comunitários e estava quase tudo por fazer. Avesso a falar de política, actual ou passada, José Bioucas recorre com frequência à refinada ironia e ao humor desconcertante, imagens de marca do ex-autarca. Feito, nascido, baptizado e casado em Abrantes, onde sempre viveu, José Bioucas nasceu na casa em frente à antiga oficina do pai. A data de nascimento oficial é 25 de Março de 1928, “mas é mentira”, diz. Nasceu um dia antes da data que consta no BI. O amor de José Bioucas à terra natal

Muito bem! Quando está frio não me levanto da cama antes das 09h30 ou 10h00. Isso é o mínimo. Quando está bom tempo vou para a galderice, ando por aí a passear. Manter o cérebro e o físico ocupados é uma forma de contrariar a biologia. Tem que ser. Gosto de estar atento ao que se passa, ao que se diz e aos resultados. Mas as conclusões ficam só para mim. Continuo a gostar dos meus carros (antigos), dedico algum tempo para estar ao pé deles, mas já é raro dar uma voltinha. A idade traz experiência. O que acha que poderia e gostaria de ensinar hoje aos mais jovens? Tudo aquilo que aprendi e que fosse útil para a sociedade. Muitas associações queixam-se de falta de voluntários que as mantenham em actividade. É verdade. A minha última acção no voluntariado foi e é no núcleo da Liga Portuguesa Contra o Cancro. Sou voluntário e quando for preciso têm-me sempre à disposição. Por que razão as pessoas se envolvem menos na comunidade actualmente?

tem sido manifestado de diversas formas ao longo da vida. Foi voluntário nos Bombeiros Municipais de Abrantes dos 18 aos 60 anos, onde conduzia viaturas e ajudava a apagar incêndios, mesmo depois de já ser autarca. Homem de acção, enfrentava os problemas de frente. Quando era presidente de câmara, na conturbada segunda metade da década de 70, houve uma greve do pessoal da recolha do lixo. José Bioucas não esteve com meias medidas: agarrou numa camioneta da sua empresa, requisitou os filhos e foi recolher o lixo. Os trabalhadores acusaram-no de ser “fura-greves”. Ele respondeu-lhes à letra: a camioneta e os filhos eram dele e por isso fazia o que achava que devia fazer. Pai de três filhos e avô de seis netos, a sua postura foi sempre a de ajudar a comunidade, dando como exemplo a sua ligação ao Centro de Recuperação Infantil de Abrantes, que ajudou a fundar e de que foi presidente da direcção

Muitas, talvez, porque se sentem frustradas com tudo aquilo que vêem em seu redor e acham que não vale a pena. Mas eu acho que merece sempre a pena ajudar e dedicarmo-nos a quem faz bem ao próximo. Há um défice de cidadania actualmente? Não lhe chamaria défice. Com a conjuntura em que vivemos a maior parte das pessoas não acredita. E se calhar por isso, porque não acredita, não colabora. O que está mal. Devia-se era lutar por acreditar, dar uma volta de 180 graus nessa forma de pensamento. A “culpa” não será também das diversas solicitações da vida actual, que leva os mais jovens a dedicarem-se menos às associações? Os mais jovens estão a pagar uma factura muito cara. Ultimamente mandaram-nos emigrar, depois dizem que não, que é para os conservar cá. Andam neste pingue-pongue. Há uma falha nas opções políticas em relação aos mais jovens. E em relação aos mais velhos também... Teve uma empresa, que decidiu vender em 1977. Consegue imaginar-se hoje

durante muitos anos, liderando agora a assembleia geral. Com um pai dono de uma oficina e com a paixão pelos automóveis não surpreende que tenha optado por cursar engenharia electromecânica em Lisboa. Começou a trabalhar muito jovem na empresa familiar e após a licenciatura dedicou-se também ao ensino. Deu aulas no Cacém, em Torres Novas e na Escola Industrial de Abrantes. Reformou-se como professor efectivo da Escola C+S do Tramagal onde curiosamente nunca deu aulas, pois estava destacado em comissão de serviço enquanto autarca na Câmara de Abrantes. Em 1977, nos conturbados tempos pós25 de Abril, decidiu vender a empresa de família. Diz que foi o melhor que fez. Hoje passa os dias entre a casa em Abrantes e o remanso da sua propriedade em São Simão. Aí trata das flores e da horta, desfruta da paisagem e dos bons ares do pinhal e faz companhia à esposa, especialista no fabrico de licores.

no mundo empresarial? Não me adaptava à forma como isto está a funcionar. Estamos sobrecarregados com impostos e chega-se ao fim do mês e não se vê resultado nenhum. Não se arrependeu desse passo de se desligar da vida empresarial? Na altura chorava, ia para a cama a chorar. Mas depois vi que foi a sorte grande que me saiu, pois fiquei com uns trocos. A qualidade dos políticos tem acompanhado o desenvolvimento do país? Não tenho elementos para os qualificar. No princípio as pessoas entregaram-se a esses cargos por amor ao país e para implantar a democracia, o que conseguiram. Hoje, é o que estamos a ver. E mais não digo. A auto-estrada trouxe para Abrantes mais do que o que levou? Creio que trouxe mais vantagens do que desvantagens. Se não tivéssemos boas acessibilidades, quer rodoviárias quer ferroviárias, se calhar não tínhamos cá a Mitsubishi no Tramagal, a Tupperware em Montalvo, a Bosch em Alferrarede. Mas as auto-estradas também permitem o escoamento de pessoas para outro lado com mais facilidade. Sente-se orgulhoso em ter um largo em Abrantes com o seu nome? Um dia telefonaram-me (eu não sabia de nada) a dizer que iam dar o meu nome ao largo do hospital, porque eu é que tinha sido o homem que trouxe para Abrantes o hospital e que tinha sido o autor do largo. Disse logo que não queria saber disso para nada e que o meu nome não o punham lá. Se isso era política então pusessem lá o meu nome de guerra político e acabou a conversa. E não está lá o nome do José dos Santos de Jesus, que é o meu. Está lá Largo Engenheiro Bioucas. Eu sei que sou eu, mas também pode ser o meu irmão Alberto ou o meu irmão João.

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Prémio Personalidade do Ano Associativismo

Sport Clube Operário de Cem Soldos foto O MIRANTE

Os operários da cultura de Cem Soldos

“Somos uma aldeia que acredita e que por acreditar faz” A tremenda vontade e brio do Sport Clube Operário de Cem Soldos É uma aldeia a cinco quilómetros de Tomar que não precisa de Tomar para estar no mapa. Chama-se Cem Soldos e é a casa do Festival de Música dos Bons Sons. Ali moram pessoas de fibra, bairristas até à medula que têm uma vontade imensa de fazer muito bem tudo aquilo que decidem fazer. O espírito comunitário é cimentado na acção. O Sport Clube Operário, liderado por Luís Ferreira, é o estaleiro dos que querem realizar sonhos e são raros os que não sonham por aquelas bandas.

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Elsa Ribeiro Gonçalves Como é que se combate a crise do associativismo no Sport Clube Operário de Cem Soldos? Passa por envolvermos as pessoas desde muito cedo para que se apercebam da mais-valia que é integrar este projecto. Da mesma forma que fui beneficiário da actividade da Associação quando era mais novo, senti que era a altura

O Festival de Música “Bons Sons” é apenas a face mais visível do Sport Clube Operário de Cem Soldos, uma colectividade formalizada em 1981 que trabalha para a dinâmica permanente de uma aldeia com perto de mil habitantes, na freguesia da Madalena, Tomar. Com uma direcção de 17 elementos, composta maioritariamente por jovens nascidos em Cem Soldos, a crise do associativismo não se sente nesta casa que aproveita ao máximo os recursos que a terra dá, colocando os seus membros a desempenhar as funções para as quais estão mais vocacionados e promovendo actividades que os associados mais aplaudem. Para além do ULTIMAcTO Grupo de Teatro de Cem Soldos, que já arrecadou vários prémios e organiza anualmente uma mostra teatral, o Sport Clube Operário de Cem Soldos dinamiza _ sob a égide “Cem Soldos, Aldeia Cultura” - diversas iniciativas de índole cultural, recreativa e desportiva algumas delas

de contribuir para que a mesma continuasse. Outro aspecto tem a ver com o facto de dinamizarmos actividades que realmente interessam aos nossos associados. Por exemplo, temos o ténis porque surgiu a disponibilidade de uma pessoa ensinar a modalidade e a população aderiu. A associação beneficia e perpetua, ao mesmo tempo, do espírito comunitário

de cariz intergeracional, como é o caso do grupo “Avós e Netos”. O objectivo central do SCOCS passa por combater a desertificação da aldeia, situada a apenas cinco quilómetros de Tomar, trazendo até ao lugar eventos que normalmente só brindam quem vive nas grandes urbes. Localizada no coração da aldeia, a associação já criou cinco postos de trabalho criando condições para a fixação de população. Ligado umbilicalmente ao Sport Clube Operário de Cem Soldos, o actual presidente da direcção é Luís Ferreira, 29 anos, designer gráfico a trabalhar em Lisboa que confessa que, mesmo longe fisicamente, o seu coração permanece ligado à aldeia onde nasceu, cresceu e para onde deseja voltar um dia. A associação beneficia do espírito comunitário existente na aldeia e perpetua-o. A sua imagem de marca é o facto de conseguir envolver toda a população nos seus projectos. Quanto às pessoas são determinadas e perfeccionistas. Assumem o desafio de fazer bem tudo aquilo que decidem fazer. É assim que conseguem que toda a gente, em qualquer parte, tenha orgulho em dizer que é de Cem Soldos.

de Cem Soldos. Estamos habituados a ver pessoas mais velhas na direcção. Como é que aqui chegou? Não foi uma escolha minha, foi uma escolha de uma equipa. Acharam que devia ser eu e aqui estou. Somos uma equipa bastante coesa, de 17 elementos, onde a média de idades anda abaixo dos 30 anos. Sou presidente da direc-


ção desde 2011 mas estou ligado ao clube, como membro, desde os 15 anos. O que é que torna esta associação tão especial? Uma carolice tremenda e uma vontade imensa de fazer muito bem as coisas. Trabalho na área de eventos e noto que em Cem Soldos existe um empenho e um brio tão grandes como nas equipas de grandes profissionais. As pessoas assumem o desafio de fazer bem. Por exemplo, fizemos uma festa no Ano Novo e foi uma cerimónia fantástica, com todo o pormenor e requinte porque, nos bastidores, há uma equipa de produção cultural. Não somos operários de uma fábrica mas sim operários de um objecto que é a Cultura. O Festival Bons Sons é o vosso evento embaixador. Que outras actividades dinamizam? O “Bons Sons” só existe porque existe um envolvimento contínuo com a comunidade que permite a sua realização. Temos três frentes, como quase todas as associações. A Cultural, onde se destaca o grupo de Teatro “ULTIMaCTO” que corre o país inteiro com as suas peças e que é responsável pela elaboração da Mostra de Teatro que já vai na XV edição. Temos ainda uma componente de Animação Geral. Todos os meses temos um evento, à escala regional, que pode passar pela realização de concertos, festas temáticas, workshop’s ou dança contemporânea. Por exemplo, temos agora um grupo informal de 20 crianças que cantam musicais e organizam, duas a três vezes por ano, um espectáculo. Finalmente, na área do Desporto temos o Judo, que é a única secção federada, onde os nossos atletas já arrecadaram medalhas de ouro, prata e bronze em campeonatos nacionais e até internacionais. Temos ainda o cicloturismo e a ginástica de manutenção, que é a secção mais antiga da associação onde, três vezes por semana, cerca de vinte senhoras se juntam nas aulas. A nível social qual tem sido o vosso papel? Dinamizamos o Atelier de Tempos Livres, trabalho que levou à criação de três postos de trabalho. Os funcionários vão buscar as crianças à escola e fazem todo acompanhamento das mesmas em horário extracurricular. Temos ainda mais dois funcionários, um na secretaria e outro no bar. Destaco ainda o apoio que damos à manutenção do centro de saúde uma vez que é a associação que paga as despesas com água, luz e outros serviços. Sentimos que a associação devia prestar este serviço à população. Como é que conseguem gerir, do ponto de vista financeiro, todas estas vertentes? Nunca fomos subsídio-dependentes e conseguimo-lo com uma enorme ginástica financeira. Temos 700 associados que pagam uma quota de cinquenta cêntimos/ mês ou seja, seis euros por ano, o que é uma receita residual. O facto de sermos uma equipa grande de voluntários permite uma gestão mais elástica do ponto de vista financeiro mas confesso que todos os finais do mês são complicados uma vez que só as despesas fixas correntes são elevadas. Estamos a tentar que cada actividade se pague a si própria, através de apoios ou trocas de serviços. Como é que o Festival Bons Sons alcançou um nível tão profissional? Reconhecemos o potencial de cada elemento da equipa e colocamos as pessoas a fazer o que mais gostam, dando-lhe oportunidade de serem criativas, de experimentarem fazer o que não lhes é permitido fazer nos respectivos empregos. Há tanta gente

e tanta coisa para fazer que não há necessidade de colocarmos as pessoas a fazerem o que não gostam. O que move esta entrega por parte das pessoas em prol de uma comunidade? Não paramos para nos questionar sobre isso. Nascemos com isso. É uma lógica de ser. Porque sim. Porque é agora a nossa vez. Percebemos que, neste momento de crise económica e social, as associações são pilares importantes para contrariar esta lógica de dificuldades em crescendo. Percebe-se que, a uma microescala, o nosso trabalho tem consequências directas. Tornamo-nos mais fortes por isso e, agora, com esta distinção de O MIRANTE também fomos reconhecidos por isso. Quais são as maiores dificuldades para quem anda no mundo associativo? Cada vez mais as associações deparam-se com legislação muito rígida e com normas de higiene e segurança muito apertadas. Acho que cada vez há menos diferenciação entre uma associação e uma empresa e isso é injusto. As linhas de apoio são cada vez menores e o serviço público que fazemos é cada vez é maior. Se não fossem as associações em Portugal não havia cultura, não havia apoio social, não havia desporto. As associações são os tentáculos menores - ou melhor, maiores - de toda a dinâmica que envolve um dever cívico. Eu vivo numa aldeia e é a minha aldeia que deve decidir o seu futuro. Costumamos dizer que “barco sem rota não beneficia de vento algum”. E que rumo leva o SCOCS? Temos uma rota, temos actividades contínuas mas também projectos mais ambiciosos que nos guiam. Eu sinto que o nosso papel passa por aumentar a qualidade de vida nos habitantes de Cem Soldos. É uma aldeia que está no centro do país, onde é muito fácil chegar e partir. Continuam a nascer muitas crianças em Cem Soldos mas não vivem cá. É uma dinâmica difícil de gerir. Cem Soldos seria a mesma aldeia sem o Sport Club Operário? Esta associação fez com que Cem Soldos mantivesse a sua identidade e não se transformasse num subúrbio da cidade de Tomar, que dista apenas cinco quilómetros. Mas penso que se não existisse esta associação existiria outra. O associativismo está-nos na massa do sangue. Somos uma aldeia que acredita e que por acreditar faz. Depois, o facto do trabalho da associação ser reconhecido, não só a nível local como nacional, levou a que as pessoas não tivessem vergonha de dizer que são da aldeia. Pelo contrário, têm muito orgulho de dizer que são de cá. Não há o estigma de vir da aldeia.

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Prémio Personalidade do Ano Política M

“Sou um gestor que presta contas a mais de vinte mil patrões” Dionísio Mendes é presidente da Câmara Municipal de Coruche desde 2001 Foi professor de História e empresário mas acabou por fazer carreira na política. Antes de ser eleito presidente da Câmara de Coruche pelo PS foi vereador pela CDU. Nunca se filiou em partidos. Rejeita a disciplina que isso obriga. Como autarca sente-se um gestor que tem que prestar contas a mais de vinte mil patrões. Lamenta que os autarcas estejam a perder a autonomia política e financeira o que fará com que a actividade deixe de ser interessante. Está a cumprir o último mandato e não sabe o que vai fazer a seguir. A única certeza é a de que não vai calçar pantufas. Ana Santiago Foi vereador da CDU antes de ser eleito presidente da Câmara de Coruche pelo PS. Como é que um militante comunista

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se torna socialista? Começa por não ter sido militante comunista nem ser militante socialista. Sou independente. Não tenho a disciplina que é preciso para ser militante partidário apesar de muitos convites e insistências. Apesar de nunca se ter filiado em partidos é um homem de esquerda... Sim, embora não me reveja necessariamente nos partidos que trabalham à esquerda. Continua a haver ricos e pobres e um sonho de justiça que a esquerda ajuda a cumprir muito mais que a direita. Sou de esquerda pelas minhas origens e porque vivi as alegrias do 25 de Abril. Tinha 17 anos. Estava a estudar em Santarém. Digo a brincar que também participei porque Salgueiro Maia saiu de perto da casa onde eu vivia na altura. Continua a sentir-se confortável na pele de político? Não comungo da ideia de que os políticos são maus. Há bons e menos bons como em tudo na vida. A política é uma actividade nobre. Ouvir dizer mal é o discurso fácil e recorrente quando há problemas. No futebol descarrega-se nos árbitros. Na política descarrega-se nos políticos.

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Dionísio Mendes foto O MIRANTE


Os autarcas escapam um pouco a esse tipo de críticas... É justo porque todos os dias somos escrutinados. Desde logo pelos funcionários que são 400 nesta casa. São os primeiros a ter opinião sobre o presidente. Costumo dizer que temos mais de vinte mil patrões que são os habitantes do concelho. Temos obrigação de tentar dar resposta aos seus anseios. Qual foi o comentário mais caricato que ouviu de um desses patrões? Lembro-me da celeuma que deu a primeira rotunda. Muita gente especulou. Juntavam-se ali dezenas de pessoas, quase por turno, dizendo os maiores disparates. Uns porque tinham estado emigrados, outros porque tinham sido encarregados de obras. Lembro-me de ouvir alguém gritar: «Quero ver se passa aqui o meu camião». Seis meses depois perguntei-lhe se o camião lá passava. Não só passava como já nem essa pessoa se lembrava do que tinha dito. São coisas que nos ferem mas temos que ter calma... Foi um exercício que aprendeu a fazer? Sim. Como ribatejano que sou tenho o coração ao pé da boca. Faço um esforço para me controlar. Há coisas que o tempo ajuda a resolver. Continua a achar, tal como quando se tornou presidente, que os autarcas não têm tanto poder como se pensa? Não têm tanto poder como se pensa e o que ainda resta tem vindo a ser posto em causa. O futuro não me parece interessante em termos de actividade autárquica. Há um conjunto de imposições do Governo e cortes que vão prejudicar o trabalho dos autarcas quer em termos de autonomia política quer do ponto de vista financeiro. Poderemos estar face a uma alteração do modelo autárquico que é das grandes conquistas de Abril. Quais são as imposições que mais o chocam? Caímos todos na mesma malha apesar

Um ex-forcado que gosta de cozinhar e dispensa o motorista Dionísio Mendes, 56 anos, é presidente da Câmara Municipal de Coruche, eleito pelo PS, desde 2001. Antes já tinha sido vereador da CDU durante dois mandatos. É um homem de esquerda mas recusa filiar-se num partido por ser contra a disciplina que isso implica. O autarca tornou Coruche um nome incontornável quando se fala de cortiça. Criou uma feira internacional e um observatório dedicado ao tema. Orgulha-se de ter requalificado o parque escolar num concelho que passou a ter espaços de qualidade para a prática desportiva. Graças ao seu trabalho o saneamento básico cobre agora todo o município. Orgulha-se de ver correr limpo o rio Sorraia que atravessa a vila. Quando chegou à câmara trocou o escuro gabinete do presidente por um espaço luminoso, embora sem casa de banho privada, onde não precisa de ligar o aquecimento no Inverno. Um quadro com rosas vermelhas é o mais forte elemento de decoração no gabinete. Gosta de escrever à mão. A secretária já se habituou a decifrar a caligrafia. Sai para tomar café a meio da manhã e almoça em casa ou na cantina da câmara. Na maior parte das saídas oficiais dispensa o motorista. Gosta de ir aos locais sozinho

de não termos o mesmo desempenho. A câmara não tem dívidas, paga a tempo e horas, tem dinheiro a prazo no banco e obra feita mas mesmo assim é penalizada. É quase um castigo. O que se está a fazer com a extinção das freguesias é outro disparate. Percebe-se por que é que um ex-forcado é o presidente da secção dos municípios com actividade taurina da Associação Nacional de Municípios Portugueses. As populações têm tradições que apesar de parecerem exóticas fazem sentido. É mais difícil para mim assistir a um combate de boxe que a uma tourada. Os animais estão num patamar diferente dos humanos. Quando pretendemos humanizar os animais há qualquer coisa que vai mal. Qual foi a obra que lhe deu mais prazer conquistar? Coruche não tinha praticamente rede de esgotos em 2001. Só duas ETAR’s funcionavam. Hoje temos um rio despoluído cujas margens estão valorizadas e que é hoje local de desporto e lazer. Além disso acabaram as cheias. Temos um parque desportivo sem luxos mas com qualidade e utilização e valorizámos o parque escolar. Coruche é hoje um nome incontornável na fileira da cortiça. É também o principal produtor de pinhão. A crise existe mas a agricultura e floresta são rentáveis e têm futuro. Quando assumiu o cargo disse que só faria dois mandatos mas já vai em três... Dois ou três mandatos é o ideal para fazer trabalho ainda que não concorde com a limitação de mandatos. É uma imposição para autarcas mas não para outros cargos políticos... O que vai fazer depois de deixar de ser presidente de câmara? Alguma coisa mas ainda não sei o quê. Não me vejo parado e de pantufas calçadas até porque não gosto de estar no sofá.

para não criar distâncias com os munícipes. Continua a ser um dos primeiros a chegar à câmara e dos últimos a sair. Procura não levar trabalho para casa e quando é preciso adiantar processos de obras prefere passar uma tarde de sábado ou domingo na câmara. Dionísio Mendes foi professor de História e teve uma breve passagem pelo mundo empresarial. Está a cumprir o terceiro e último mandato à frente da autarquia de Coruche e ainda não sabe o que vai fazer quando este desafio chegar ao fim. O presidente da secção de municípios com actividade taurina da Associação Nacional dos Municípios Portugueses já foi forcado e jogador de futebol. Ainda dá uns pontapés na bola no pouco tempo que a política lhe deixa livre. Continua a ser um consumidor compulsivo de livros. Gosta de José Luís Peixoto e está a ler ao mesmo tempo um romance histórico sobre a Marquesa de Alorna, de Maria João Lopo de Carvalho, e uma obra sobre as ironias do projecto europeu de Rui Tavares. Gosta de cozinhar para aliviar a tensão depois de um pesado dia de trabalho. A companheira, funcionária da Câmara Municipal de Coruche, agradece e aprecia. Tem dois filhos. O mais velho, de 24 anos, está a seguir a carreira de investigação na área da química. O mais novo, de 21 anos, seguirá muito provavelmente, os passos do pai na política.

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Prémio Personalidade do Ano Política F

Carina João Oliveira foto O MIRANTE

“Tenho disponibilidade total para a missão que estou a desempenhar” A deputada Carina João Oliveira diz que nunca se sentiu limitada nas suas opiniões Eleita deputada pelo círculo eleitoral de Santarém, integrando uma lista de candidatos do PSD, diz que chegou ao cargo que ocupa por mero acaso e não por ter traçado esse objectivo para a sua vida. Carina João Oliveira, católica praticante, tem-se batido pela valorização do turismo religioso e pela defesa dos interesses do distrito como a passagem do concelho de Mação para o Médio Tejo. No Parlamento há pouco mais de três anos confessa que se sentiu mais confortável quando o seu partido estava na oposição.

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António Palmeiro O facto de Ourém ter sido durante muitos anos gerido pelo PSD teve influência na sua decisão de entrar para o partido? Sociologicamente ainda é um concelho do PSD e é evidente que tal facto influenciou a minha opção. Qual foi o primeiro cargo político para que foi eleita? Foi para a Assembleia de Freguesia de Fátima. Muitas das coisas que estão hoje a acontecer na cidade já nessa altura eram sonhadas, projectadas, planeadas. Mas gostei de todos os cargos políticos que tive. Uns trazem mais amargos de boca que outros porque nem sempre se consegue ser mais efectivo naquilo que é a vontade, mas gosto da política. Consegue imaginar-se afastada da política? Tenho muito para fazer na vida e muitas coisas não passam pela política que é a coisa mais efémera que existe. Neste momento estou deputada, é esta a minha missão e estou a cumpri-la com total empenho e disponibilidade. Costumam abordá-la dizendo mal dos deputados?


Abordam-me muitas vezes e eu costumo dizer que faço a minha parte. Não considero que tenho uma rica vida, mas sim uma vida muito esforçada e não posso dizer que tenha um interruptor que se desliga quando saio da Assembleia da República, porque o mundo está sempre a acontecer. É um bocado demagógico achar-se que os deputados são os únicos responsáveis pela crise do país. Se fecharmos a Assembleia da República o que é que resolvemos com isso? Devem dizer-lhe que foi para deputada porque se ganha bem… É uma pergunta que me fazem sempre no parlamento dos jovens. O que recebo é o suficiente. Não me queixo. No sector privado ganhava muito mais e com mais regalias. Um apresentador de televisão na RTP, que é funcionário público, não será também muito bem pago? É tudo relativo. Ser deputada de um partido que está no governo é limitativo? É sempre mais fácil estar na oposição. Pode-se ser mais arrojado, ir-se mais além no debate político mas isso não significa irresponsabilidade. Quando estávamos na oposição tínhamos um grupo parlamentar que alguns até achavam ser demasiado responsável. Nós pensávamos sempre como seria se fossemos nós que estivessem no Governo.

A política ensinou-a a ser mais tolerante Carinha João Oliveira, 35 anos, nasceu em Fátima, concelho de Ourém. É católica praticante e diz que ter fé em Deus é ter fé nos homens e naquilo que eles são capazes de fazer para mudar o que está mal. Apesar de morar a cerca de quinhentos metros do santuário, prefere ir à missa ou simplesmente meditar em lugares mais reservados. Deputada do PSD há pouco mais de três anos, diz a brincar que foi para o cargo por uma conjugação de astros uma vez que nunca teve padrinhos na política. Engenheira civil de profissão era gestora operacional de Leiria da empresa Estradas de Portugal, antes de integrar a lista do PSD pelo círculo eleitoral de Santarém. Apesar de ainda estar a aprender a exercer o cargo, sente que se tornou uma pessoa mais tolerante e mais receptiva à opinião dos outros. Viaja diariamente entre a sua casa em Fátima e a Assembleia da República em Lisboa. Há cerca de um ano e meio teve um grande acidente na auto-estrada que mudou a sua forma de encarar a vida e a levou a criar o projecto de voluntariado

No exercício de cargos políticos nem sempre as pessoas podem dizer tudo o que pensam. Nunca me senti limitada em alguma opinião ou atitude. É coordenadora do grupo de trabalho da segurança rodoviária e é de um distrito dos que tem mais sinistralidade. Aflige-me muito porque falamos de perdas de vida e as estatísticas dizem que as mortes ocorrem maioritariamente com pessoas que estão em princípio de vida, com idades entre os 24 e os 35 anos. São os nossos jovens que se matam na estrada num país que está envelhecido e que tem uma das mais baixas taxas de natalidade do mundo, ainda ter este drama, este flagelo, aflige-me. Como é que os deputados podem resolver isso? Podem sugerir. Ouvimos dezenas de entidades ligadas à matéria, incluindo as escolas de condução. Vamos tentar chegar a uma conclusão e que existam recomendações ao Governo. Para resolver algumas situações só é preciso vontade e não é necessário muito dinheiro. Temos que redefinir qual é a função do Estado nesta matéria e como é que ela pode ser feita, de outra forma. Tem que se pegar no assunto de uma ponta à outra. Começando pela Educação

“Face to Diference” para crianças que estão em instituições. Promove com amigos diversas actividades desde idas ao cinema, a iniciativas como cantar as Janeiras, para lhes proporcionar momentos diferentes. Os pais de Carina nunca estiveram ligados à política mas sempre a incentivaram a preocupar-se com o que acontece no país. Daquilo que a rodeava em casa, quando era jovem, recorda que a hora do telejornal era sagrada. Aos 14 anos inscreveu-se na JSD mas só começou a ter participação política quando terminou o curso em Coimbra. Foi eleita da Assembleia de Freguesia de Fátima e da Assembleia Municipal de Ourém, mas confessa que um cargo executivo ao nível municipal é coisa que não a atrai. Em pequena aprendeu piano, andou no ballet e na patinagem. E foi por causa deste desporto que se tornou adepta do Futebol Clube do Porto. As meninas da patinagem partilhavam o pavilhão com os rapazes do hóquei que eram quase todos do clube nortenho. Gosta de viajar, conhecer outras culturas e outras gastronomias. A Coreia do Sul foi um dos locais que mais a impressionou. Tem o vício de comprar jornais apesar de não conseguir ler nem metade dos que compra.

até à execução de medidas. Uma das nossas recomendações foi incluída na revisão do Código da Estrada que é a de tolerância zero para condutores recém-encartados e que representam uma fatia muito grande de sinistralidade, bem como para condutores de veículos de transporte de crianças, de ambulâncias e de transportes perigosos. Passou a ter mais dores de cabeça quando passou a pertencer à comissão de inquérito às parcerias público-privadas? É um desgaste em termos de tempo. É inacreditável a quantidade de documentos. O servidor informático da Assembleia teve de ser reforçado para conseguir-se guardar tanta informação. Estas parcerias, não tenho dúvidas, foram ruinosas para o país. Não diabolizo as parcerias, o modelo pode ser virtuoso mas é como o veneno, tudo depende da dose aplicada. Temos 25 contratos num país que não produz riqueza suficiente para suportar os custos dessas parcerias. Houve claramente um excesso. Apesar de eleita pelo círculo de Santarém, não é deputada regional. Mesmo assim já conseguio fazer alguma coisa pelo distrito de Santarém? Todos os projectos de resolução que apresentei tiveram a capacidade de contribuir para mudar as coisas. Por exemplo a situação da ponte de Constância; o decreto-lei de passagem de Mação para o Médio Tejo. Sendo deputada do PSD é mais fácil convencer os membros do Governo. Na teoria isso parece evidente mas na prática não é. Quando se tem um país sob assistência financeira em que todos os cêntimos são contados enfrentamos restrições terríveis. Já lhe deu sono quando está nos debates do plenário? Confesso que não consigo estar cem por cento atenta a todos os debates que temos

mas não adormeço. Aproveito para trabalhar noutras matérias. O plenário é a casa mais pública que existe e não estamos a falar uns para os outros mas para o país. Depois temos os guiões prévios sobre o que está em causa e o que vai ser votado e preparamos as coisas antecipadamente. Estou a ser muito sincera e sei que isto que digo não é politicamente correcto, mas é a verdade. Perguntam-me porque é que os deputados estão no Facebook. No meu caso é uma ferramenta do meu trabalho porque gosto de comunicar o que faço e considero que isso é uma forma de aproximar a política dos cidadãos. O parlamento precisa de mais jovens mulheres? Se for para serem jarras de enfeitar não são cá precisas (risos). Somos só 30 por cento e mais mulheres na assembleia seria bom, devíamos ser 50 por cento. E olhe que não sou feminista. É uma questão de equilíbrio. Foi difícil adaptar-se? O contacto com a realidade parlamentar foi um choque muito grande. Vinha de uma área técnica e executiva em que mandava fazer e fazia-se. Nas primeiras sessões no início das legislaturas, em que se tem que definir as grelhas de tempos para as intervenções de cada bancada, que tem que ser consensualizado, dei por mim a pensar: mas não há aqui ninguém que mande?

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Prémio Personalidade do Ano Cultura M

Sociedade Euterpe Alhandrense

Estar em grande forma e rejuvenescida aos cento e cinquenta anos Sociedade Euterpe Alhandrense e a fórmula da disciplina e organização

foto O MIRANTE

A Sociedade Euterpe Alhandrense celebrou em 2012 os seus 150 anos de vida ao serviço da comunidade. O presidente, Jorge Zacarias, diz que a associação está a viver um dos melhores momentos da sua história e garante que o segredo da longevidade é o amor à camisola das gentes de Alhandra. Música, desporto e teatro continuam a ser as principais actividades. O conservatório criado há 15 anos é um sucesso. Filipe Matias Sendo natural de Alhandra, como é que começou a sua relação com a Sociedade Euterpe Alhandrense (SEA)? Um tio fez-me sócio da colectividade em 1974, tinha eu 14 anos. Não frequentava a colectividade, só mais tarde, aos 18 anos, é que comecei a aparecer por lá porque uns amigos estavam na secção cultural. Nos últimos 39 anos só durante 3 anos não estive ligado à colectividade. A Euterpe era o grande pólo aglutinador de toda a sede de cultu-

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ra que o 25 de Abril nos trouxe. Qual foi para si o pior momento da SEA nestes anos? O vazio directivo no final dos anos 90. Mas hoje acho que a SEA está a passar por um dos melhores momentos da sua história, do ponto de vista das pessoas e da vida interna da colectividade. Teve nos anos 40 e 50 grandes momentos de apogeu artístico, nomeadamente com a banda dirigida pelo maestro Silva Marques. Mas claramente este é o momento em que a colectividade tem

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mais gente e mostra mais vitalidade. Qual o segredo da longevidade? Alhandra é uma terra de gente trabalhadora, que gosta de fazer coisas pela sua terra. As instalações da SEA, por exemplo, foram construídas pelas pessoas de Alhandra, que vinham para aqui trabalhar durante a noite e fizeram tudo isso em regime de voluntariado. Esse é o segredo. O que lhe tira o sono? O fim do mês, sobretudo os dias 25 e 31, quando começo a pensar nos 50 mil euros que tenho de arranjar para pagar tudo isto, sobretudo os ordenados e outros encargos fixos mensais da colectividade. Quando anda pelos corredores tratam-no por Jorge ou presidente? Por Zacarias. As pessoas que hoje frequentam a colectividade a maioria não é de Alhandra mas tem uma boa relação comigo. Há um clima de respeito e informalidade.

Sabe música? Não, nunca tive jeito. Mas dentro das modalidades que temos as que mais me cativam são a música e o teatro. Acabei por me dedicar a gerir, em parte por falta de tempo para aprender, que é algo que exige bastante dedicação. Que instrumento o põe a chorar? Um solo de saxofone, sem dúvida. Já invocou o nome da SEA em vão? (risos) Nunca, só com uma causa justificada. A associação é sagrada para mim. Já levou um raspanete da família por passar aqui muitas horas? Ainda não, felizmente. A sede da colectividade é junto ao rio. Se houvesse uma grande inundação, o que salvava primeiro? Depois de salvar as pessoas tentava salvaguardar o espólio, que tem peças valiosíssimas, inclusive do maestro Silva Marques e muitos documentos históricos do século 19. O cofre não salvava, não tem grandes valores. Têm mecenas? Neste momento nem um. Quais são os principais desafios que se levantam hoje? A requalificação do nosso salão. Tem cadeiras más, num espectáculo mais erudito provocam muitos ruídos de fundo, não são cómodas. E o espaço é frio e desagradável. Neste momento o que mais me dói é não conseguirmos criar outro tipo de condições, ampliar esta sede, melhorar as condições acústicas das salas e ter um bom auditório. O teatro Salvador Marques está fechado há mais de uma década e fica aqui perto. Seria uma oportunidade… Era um espaço muito interessante para a SEA. Estivemos envolvidos em toda a requalificação daquele espaço há cerca de cinco anos e depois, por motivos políticos, foi interposta uma providência cautelar que levou a que o projecto para ali desenhado não pudesse ser implantado. Isso levou a que tudo parasse e neste momento não há perspectivas da sua recuperação. Uma associação como a Euterpe beneficiaria de uma direcção profissional a tempo inteiro? Sou contra as direcções profissionais. Deixamos de ter o conceito democrático, onde todos participam em prol de todos, para termos algo que passa a ser só de alguns, que tenderão a apropriar-se disso. Acho que as associações devem ter funcionamento profissional, como uma empresa, mas não pago. Estar a dirigir uma colectividade com 150 anos dá-lhe uma responsabilidade


acrescida? Sim e temos feito uma gestão cuidada, disciplinada e organizada. As nossas dívidas são de pouco mais de 30 mil euros para um orçamento de 800 mil euros por ano. Com este passivo temos capacidade para chegar ao final do ano e não deixar passar dívida para o ano seguinte. Temos também tentado alargar as nossas actividades e estabelecer parcerias com outras colectividades do concelho no sentido de criar ganhos de escala. Está à frente da direcção da SEA desde 1990. Ainda tem força para liderar os destinos desta casa? Quando temos uma equipa acreditamos que o nosso projecto é o melhor e queremos levá-lo até ao fim. Não me sinto cansado, apenas um pouco desiludido. Desiludido com o quê? Quando olhamos para alguns lados e vemos que estamos sozinhos. Olho para os apoios dados ao movimento associativo e não os vejo, nomeadamente ao nível da administração central. Pensar-se que a SEA só serve para ensinar música ou deixar os miúdos darem uns saltos no ginásio é escamotear o que realmente é o papel desta associação na comunidade. Estamos a falar da ocupação de centenas de jovens que se não for a associação estarão “ao Deus dará”, sem sa-

Euterpe deusa da música inspira as gentes de Alhandra há 150 anos Fundada a 1 de Dezembro de 1862, a Sociedade Euterpe Alhandrense, de Alhandra, é a colectividade mais antiga do concelho de Vila Franca de Xira e celebrou em 2012 os seus 150 anos de existência. O timoneiro da colectividade é Jorge Zacarias, um alhandrense de gema, que não se cansa de dar o seu melhor pela associação onde entrou pela primeira vez aos 14 anos. Na base da fundação da colectividade está um grupo de amigos, apaixonados por música, que ficaram encantados ao ouvir a banda que acompanhou o cardeal Manuel Bento Rodrigues numa visita a Alhandra, no Verão de 1862. Quiseram de imediato criar a sua própria banda, que servisse a comunidade da vila à beira Tejo. Cinco meses depois nasceu a Sociedade Euterpe Alhandrense. Deram-lhe o nome de Euterpe, uma das nove musas gregas, filhas de Zeus. Euterpe, deusa da música, tocadora de flauta, pareceu a escolha ideal. O grande apogeu da banda viveu-se na década de 40, sob a direcção do maestro

ber o que fazer e sem orientação para a sua formação e o seu crescimento. Esta crise é uma forma de ensinar as associações a não estarem de mão estendida à espera de subsídios? Esta crise dá-nos uma dimensão objectiva daquilo que são os problemas do movimento associativo. Temos de encontrar caminhos diferentes. Infelizmente estamos subordinados exclusivamente aos apoios concedidos pelo poder local porque há muito tempo que o poder central se divorciou do associativismo. Tudo o que recebemos do estado acaba por ser devolvido em impostos. Acho que estas colectividades têm de ter mecanismos de financiamento, sejam do estado ou de privados, que nos permitam funcionar e não sejam vistos como subsídios à exploração mas antes como um investimento em entidades de bem que promovem actividades úteis para a população. A banca deveria ter uma maior visão social? Nunca recebemos uma nega da banca. Mas o sector financeiro e o sector produtivo têm de ter responsabilidade social e ser mais objectivos e evidentes no apoio que nos concedem. No contexto local as colectividades têm uma relação muito próxima com as populações e devem ser reconhecidas por isso.

Silva Marques. Mais tarde viria a assumir papel de destaque durante o período de resistência ao Estado Novo de Salazar, tendo sido ponto de encontro de poetas, músicos, escritores e combatentes anti-fascistas. Depois do 25 de Abril de 1974 a Euterpe Alhandrense continuou a crescer, quer em número de músicos, quer na variedade de modalidades disponíveis. O seu trabalho em prol da comunidade foi reconhecido com a medalha de mérito do concelho de Vila Franca de Xira, recebeu o diploma de honra da Federação das Sociedades de Educação e Recreio e foi considerada colectividade de utilidade pública em 1979. O ponto alto foi em 1993, quando o então presidente da república, Mário Soares, atribuiu à colectividade o título de membro honorário da ordem de mérito. Hoje em dia a associação movimenta mais de 800 pessoas, espalhadas pela música, dança, desporto, teatro e fotografia. No final do ano a equipa de Kempo da colectividade sagrou-se campeã europeia da modalidade. Uma das imagens de marca da Sociedade Euterpe Alhandrense é o conservatório regional Silva Marques, criado há 15 anos, que tem 500 alunos e 25 professores e tem sido um caso de sucesso, captando alunos de todo o país.

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Prémio Personalidade do Ano Cultura F

Conservatório de Música de Ourém-Fátima foto O MIRANTE

“Não existem verdadeiros músicos a passarem fome” O Conservatório de Música de Ourém-Fátima tem mais de mil alunos Há dez anos, pela mão de Alexandre Rodrigues, nasceu o Conservatório de Música de Ourém que mais tarde viria a abrir uma secção em Fátima. De então para cá não tem parado de crescer. Uma auditoria do Ministério da Educação considerou-o um exemplo a seguir em todo o país. Encontrar um auditório para conseguir realizar concertos que têm sempre casa cheia é a maior dificuldade. O director diz que se trata de um verdadeiro projecto cívico. Eduarda Sousa O Conservatório apresenta-se como “a maior escola de canto do país com sete professores a leccionarem a disciplina”. Existem assim tantos candidatos a cantores? Isso acontece porque todos os nossos alunos têm obrigatoriamente como disciplina de formação musical o canto. Valorizamos muito a voz porque é o primeiro instrumento. Não pode existir um bom instrumentista sem ter uma boa formação de voz. Em Portugal canta-se muito mal? Basta ouvir adultos e crianças a cantarem os “parabéns a você” e fica-se logo com arrepios. Não existe qualquer afinação. É importante investir na colocação da voz, na postura corporal, na afinação.

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O conservatório tem realizado um grande investimento a nível dos instrumentos. De vez em quando um ou outro aluno deve ter algum acidente... Às vezes lá nos aparecem alunos a chorarem porque partiram sem querer um violino que levaram para casa. Tudo se resolve, estamos preparados para estes problemas. Nunca tivemos um acidente muito grave. Sempre investimos em instrumentos profissionais e dependendo do instrumento e da modalidade em que os alunos estão inscritos podem levá-lo para casa. Já sofreu muito para adquirir algum instrumento? Sim, quando descobri que um órgão de tubos muito valioso se encontrava na casa de uma médica no sul de França e fui lá propositadamente para o tentar comprar. A médica já estava reformada, reconhe-


ceu que não tocava muito e conseguimos chegar a acordo. Existem pelo menos dois conservatórios no país com órgãos de tubos. A grande maioria tem instrumentos electrónicos. É como tirar a carta num simulador. Tenho o ecrã à frente, mas não cheiros nem sensibilidade. Tem algum aluno que tenha aparecido porque queria aprender a tocar fagote? Não. Os instrumentos menos conhecidos são também os menos procurados. E, no entanto, o fagote é um pilar fundamental numa orquestra. Tentamos fazer divulgação destes instrumentos. Nos primeiros meses de formação, um aluno pode trocar facilmente de instrumento. A guitarra acaba por ser um dos instrumentos mais procurados porque está em todo o lado. A nossa maior classe é a do violino. É o instrumento da orquestra que está à frente, um dos que se vê primeiro. É possível ser um bom músico sem se ter jeito ou sequer ouvido para a música? Há 30 anos que sou professor e já vi de tudo. Lembro-me de ter elementos que achava que eram mais limitados musicalmente e hoje são profissionais da música. Existiam depois outros muito prometedores, com uma sensibilidade fora do normal, e por qualquer motivo abandonaram a

Sucesso do conservatório passa pela aposta na qualidade do ensino O sonho de criar o Conservatório de Música de Ourém começou a germinar em 1986. Só em 2002 é que o principal impulsionador, Alexandre Rodrigues, conseguiu reunir um grupo de professores com cursos superiores do ensino vocacional da música. Alexandre Rodrigues não queria que os jovens do concelho de Ourém, onde sempre viveu, passassem pela sua experiência. Com 14 anos tinha de ir várias vezes por semana a Lisboa, de autocarro ou comboio, ter aulas de música porque não existia qualquer oferta na região. Apesar dos cursos serem reconhecidos pelo Ministério da Educação, durante os primeiros seis anos o conservatório funcionou sem qualquer apoio financeiro. Só

música. Tal como em outras áreas, 90 por cento é trabalho e o resto vocação. É muito crítico em relação ao ensino regular de música nas escolas. Não é melhor os jovens terem essas aulas do que não terem nada? Os professores do ensino regular sabem muito pouco de música. Depois tem a ver com os próprios programas que são de uma pobreza extrema. Os alunos saem dali sem nada saberem de música. Brincam aos pífaros e pouco mais. Ouvem música de má qualidade e acabam por aceitar aquilo como o mais correcto. Acho que o melhor é mesmo não ter nada porque as crianças acabam por formar uma má ideia do que é a música. Os telemóveis são um problema para os professores? Nem por isso. Os alunos já conhecem as regras e vão cumprindo. Tocam mais os telemóveis dos pais que vêm assistir aos concertos. Os filhos é que se sentem incomodados nessas alturas. A música ainda é vista como um passatempo. Há muitos alunos a quererem seguir uma carreira musical ou a tirar um curso superior nesta área? Quem coloca mais problemas são os pais. Tem a ver com a própria desvalorização da música que existe em Portugal.

há quatro anos é que os apoios começaram a surgir permitindo que grande parte dos alunos deixassem de pagar para frequentar as aulas. Nesta altura, a pedido da Câmara de Ourém, o conservatório abriu uma secção em Fátima, instalando-se no antigo seminário dos Monfortinos, passando a chamar-se “Conservatório de Música de Ourém - Fátima”. Dos mil alunos, 531 estão em regime articulado através de parcerias feitas com os agrupamentos de escolas do concelho de Ourém e as escolas de Albergaria dos Doze, São Mamede, Caranguejeira, Santa Catarina da Serra, Porto de Mós, uma escola do Entroncamento e outra de Torres Novas. É a maior escola de canto do país com sete professores a leccionarem a disciplina e possui sete orquestras sinfónicas. É também o único conservatório do país que optou pelos cursos básicos de cantos gregorianos. Este ano lectivo arrancou também com as secções de dança,

Não conheço nenhum músico verdadeiro que passe fome. O mercado da música é muito grande. Eu tenho muita dificuldade em encontrar professores para o conservatório por exemplo. Há bem pouco tempo eu era o único licenciado em música no concelho de Ourém. Temos algumas orquestras a nível nacional e os próprios alunos podem utilizar os conhecimentos para tocarem noutro tipo de grupo. Temos também muitos alunos que vão realizar pós-graduações no estrangeiro e acabam por integrar orquestras desses países. Numa altura de grave crise económica, a música deixa de ser uma prioridade para muitos pais que não conseguem pagar as prestações mensais? Temos muitos pais que são sensíveis à música e reconhecem a importância de uma boa formação musical. Perto de 500 alunos não pagam nada devido aos apoios do Ministério da Educação (ME). Entre os que não beneficiam deste apoio, tivemos já alguns pais a manifestarem as suas dificuldades. Temos bolsas de estudo para estes casos. Não existe até agora nenhum aluno que por razões financeiras não continuasse no conservatório. Este ano perdemos perto de duas dezenas de alunos, mas porque emigraram com as suas famílias. A Câmara Municipal de Ourém cortou

tendo ballet contemporâneo e clássico, e também teatro. Também tem valências de apoio à itinerância, como a musicoterapia, apoio em lares, projectos do pré-escolar, dos berços, ou apoio nas actividades de enriquecimento curricular. Embora a maioria dos alunos sejam crianças e jovens, também existem perto de uma centena de adultos a estudar no conservatório. Para quem não recebe qualquer apoio, a mensalidade varia consoante as disciplinas pela qual o aluno opta, mas o preço médio ronda os 60 euros. Uma auditoria do ME considerou o Conservatório de Música Ourém-Fátima um modelo a seguir em todo o país. O segredo do sucesso, segundo Alexandre Rodrigues, passa por uma aposta na qualidade do ensino. Existem ideias para novos projectos que vão arrancar no próximo ano lectivo mas o director prefere guardar segredo, por enquanto.

este ano os subsídios às associações. De que modo isso vai ressentir-se no conservatório? Era um apoio que servia para conceder as tais bolsas de estudo aos alunos mais carenciados. Deveríamos continuar a ser apoiados devido ao trabalho que temos vindo a realizar, mas se eles dizem que não têm dinheiro, que podemos fazer? A autarquia apoia-nos com a cedência das instalações em Fátima que é uma mais-valia, mas ainda tivemos de gastar perto de 300 mil euros para o requalificar. Qual é a maior dificuldade do conservatório? Não termos um auditório com capacidade para realizarmos os nossos concertos. O nosso auditório do antigo seminário dos Monfortinos, em Fátima, tem capacidade para cerca de 350 lugares sentados para uma instituição com 1100 alunos. Quando queremos realizar uma actividade, temos de dividir por turmas. Depois é uma espaço grande sem qualquer climatização. No Inverno é um gelo. Nem mesmo o Cine-Teatro de Ourém, que tem perto de 500 lugares, consegue dar resposta às nossas necessidades. O único espaço ideal é o anfiteatro Paulo VI que pertence ao Santuário de Fátima e tem cerca de 2000 lugares. Temos de pagar para o usar, percebemos que não se destina ao nosso fim. Que mudanças é que trouxe o conservatório ao concelho de Ourém? Não existiam concertos de música erudita e agora temos pessoas que não perdem um único concerto, mesmo não tendo qualquer ligação ao conservatório. Às vezes, vemos pais lavados em lágrimas a assistir. É muito compensador. Vamos para além do concelho de Ourém, abrangemos muitas vilas e aldeias em redor. Temos concursos nacionais onde chegamos a receber 250 participantes que trazem por sua vez as famílias. Ficam hospedados e consomem nos restaurantes. Mexemos muito com a economia local.

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Os principais acontecimentos do ano na DESPORTO Olímpicos sem sorte e futebol sénior em eclipse total foto arquivo O MIRANTE

O ano de 2012 foi ano de Jogos Olímpicos e os atletas da região trabalharam intensamente para conseguirem ir a Londres mas os que lá conseguiram chegar não foram felizes. É certo que não envergonharam a camisola nacional mas também não tiveram feitos dignos de registo. Nos trampolins, Ana Rente e Diogo Ganchinho não conseguiram atingir as finais. Na marcha, Inês Henriques e Vera Santos ficaram aquém do seu real valor. João Vieira não conseguiu concluir os 50 quilómetros marcha. Na natação, Pedro Oliveira ainda bateu o record nacional dos 200 metros costas, mas ficou-se por aí. No futebol a crise faz-se notar com maior acutilância. O Grupo Desportivo de Monsanto, que estava a disputar o Campeonato Nacional da Segunda Divisão, acabou com o futebol e do clube deixou de haver qualquer novidade. A Associação Cidade Ferroviária, que tinha ocupado o lugar do Grupo Ferroviários do Entroncamento, fechou portas. Vários outros clubes acabaram com o futebol sénior, estando neste caso alguns dos clubes históricos o distrito de Santarém. A crise e o fecho da torneira por parte das autarquias serve de justificação para os dirigentes. O Triatlo, o andebol e o BTT foram pedra-

das no charco no panorama desportivo. As mulheres continuam a dar cartas em várias modalidades, incluindo o futebol. A equipa feminina do Atlético Ouriense sagrou-se campeã nacional da segunda divisão e ascendeu ao patamar mais alto do futebol feminino em Portugal. Várias das suas jogadoras conseguiram a internacionalização ao serviço das Selecções Nacionais jovens e seniores. No andebol foram as jovens do JAC Juventude Amizade e Convívio de Alcanena que deram cartas, foram campeãs nacionais em vários escalões, criaram uma equipa de seniores que disputa já a primeira divisão nacional e cede jogadoras a todos os níveis das selecções nacionais. No campo das infra-estruturas desportivas o ano foi razoável, para além de beneficiações em alguns pavilhões, foi inaugurado o relvado natural no Campo Chã das Padeiras em Santarém e o sintético em Pernes. Na cidade do Entroncamento o complexo desportivo continua em desenvolvimento e é já um dos melhores e mais modernos da região. Está para muito breve a inauguração da moderna CADE - Clube Amador de Desportos do Entroncamento, de arquitectura arrojada.

Jogos Olímpicos de Londres, onde não seriam muito felizes, não conseguindo chegar à final.

início. Muita gente que estava no exterior do pavilhão com bilhete, ficou impedida de entrar. Os ânimos exaltaram-se e a confusão instalou-se e uma tentativa de forçar a entrada foi abortada pela acção rápida do corpo de intervenção da GNR.

3 de Maio 5 de Janeiro

23 de Fevereiro

Pedro Madeira é um lutador, portador do Síndrome de Down, é um atleta de eleição, conquistou três medalhas no Campeonato da Europa de Natação para Deficientes e por isso recebeu um voto de louvor aprovado por unanimidade na Assembleia Municipal da Golegã

A equipa de seniores do Rugby Clube de Santarém venceu por 26 - 19 o Rugby Clube de Montemor na final da Taça Shield da Taça de Portugal disputado, dia 18 de Fevereiro, no Estádio do Jamor e trouxe o troféu para Santarém. Pode dizer-se que à terceira foi de vez. Depois de esta época ter perdido dois encontros para os montemorenses, desta feita e na final a vitória pendeu para a equipa escalabitana.

19 de Janeiro O campo do Cevadeiro em Vila Franca de Xira tem um novo relvado sintético que serve mais de 200 praticantes e deu um impulso importante ao futebol infantil e juvenil do clube. O presidente da Comissão Administrativa do Vilafranquense esperava conseguir rentabilizar o campo, que custou 200 mil euros, alugando-o para a realização de várias actividades.

26 de Janeiro O Chamusca Basket Clube depois de ter vencido o Campeonato Distrital de Sub14 Masculinos, de liderar só com vitórias o Campeonato de Sub-12 Masculinos e vencer o Campeonato Distrital de Sub-18 Masculinos, assumiu a liderança no basquetebol distrital. Apesar das dificuldades foi um ano em cheio para os jovens chamusquenses.

16 de Fevereiro O potencial da ginástica acrobática em Portugal passa pelo concelho de Benavente que conta com três clubes e mais de 100 praticantes. Os dirigentes defendem e exigem a criação de um único espaço com todas as condições para treinos e competições que pudesse ser utilizado pelos três clubes. 24

29 de Março Numa acção de solidariedade inédita o União do Entroncamento trocou bilhetes para o jogo com o Marinhense por géneros alimentícios e conseguiu juntar um cabaz de alimentos com várias dezenas de quilogramas para entregar à Cáritas da Zona Sul da cidade para os distribuir pelos cidadãos mais carenciados.

5 de Abril CADE e “Os Patos” venceram Taça do Ribatejo de Futsal. A equipa de seniores do Clube Desportivo “Os Patos” venceu 4-3 o Centro Desportivo de Fátima na final masculina, num jogo disputado no Pavilhão Municipal do Cartaxo. No escalão feminino o CADE venceu 3-2 o Paço dos Negros num jogo disputado em Coruche.

19 de Abril Os atletas ribatejanos Ana Robalo, Diogo Ganchinho, Nuno Merino, Bruno Nobre e Rafael Holzeimer, contribuíram para a conquista de cinco medalhas no Europeu de Trampolins. E Ana Rente e Diogo Ganchinho garantiram a sua presença nos

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A equipa da associação Desportiva Fazendense de Fazendas de Almeirim, venceu, pela segunda vez, a Taça do Ribatejo, que este ano se disputou pela 35ª vez. No Dia do Trabalhador, 1 de Maio, em Almeirim, “Os Caixeiros”, como é popularmente conhecida a equipa dos Empregados no Comércio de Santarém, equilibrou na primeira parte mas no segundo tempo os fazendenses revelaram maior frescura física e melhor adaptação ao terreno, venceram por 4-1 e fizeram a festa.

21 de Junho Era um jogo de alto risco. O Sport Lisboa e Benfica precisava de ganhar em Almeirim frente ao Hóquei Clube “Os Tigres” para se sagrar campeão nacional de hóquei em patins e os seus adeptos invadiram a cidade da sopa de pedra. Os encarnados acabaram por vencer por 4-1, mas a partida ficou marcada por distúrbios antes do

28 de Junho O futebol feminino continua a atravessar uma fase de grande entusiasmo em Ourém. A equipa de futebol de onze do Atlético Ouriense sagrou-se campeã nacional da segunda divisão e subiu ao escalão maior do futebol nacional. Constituída por raparigas muito jovens e num campeonato muito exigente a equipa de Ourém conseguiu chegar ao fim das duas fases da prova com 23 vitórias, dois empates e uma derrota.

9 de Agosto Atleta do Núcleo Sportinguista da Golegã conquistou a única medalha de ouro para Portugal no Mundo de Triatlo Longo. Sérgio Dias vive, trabalha e treina em Lisboa, representa o Núcleo Sportinguista do Concelho da Golegã, um clube que é para


ele como se fosse uma família. Destacou-se ao vencer no escalão de 35-39 anos o Campeonato do Mundo de Triatlo Longo.

18 de Outubro O português Márcio Neves é o novo campeão do mundo do escalão 25/29 anos de triatlo Ironman, conseguindo o título na prova disputada em Kailua-Kona, no Havai. O atleta de Marinhais, de 29 anos, precisou de 9 horas, 8 minutos e 43 segundos para terminar aquela que é considerada uma das mais duras provas de resistência, composta por 3,8 quilómetros de natação, seguidos de 180 quilómetros de ciclismo e de 42.195 quilómetros de corrida.

gentes temem que aumentem os conflitos aumentarem.

27 de Dezembro Perante os distúrbios ocorridos no jogo

entre o União de Tomar e o Benavente, o Conselho de Disciplina (CD) da Associação de Futebol de Santarém suspendeu cinco jogadores tomarenses com oito meses cada, interditou o campo municipal durante quatro jogos, obrigando, ainda,

à colocação de vedação em frente à bancada, para além de uma multa de trezentos euros. Não há memória de aplicação de um castigo daquela dimensão no futebol distrital. foto arquivo O MIRANTE

01 de Outubro A “menina prodígio” do andebol português chama-se Patrícia Rodrigues. Tem apenas 14 anos, é atleta do JAC - Alcanena, está no primeiro ano de juvenil, mas o seu talento e entrega ao jogo levaram-na a jogar na equipa de seniores do seu clube e a ser chamada para a Selecção Nacional A que está a disputar o apuramento para o Mundial que se realiza na Sérvia em 2013. No jogo de estreia com a camisola das quinas, frente à Turquia, foi considerada uma das melhores jogadoras em campo e marcou cinco golos.

13 de Dezembro As equipas seniores de futebol já não são obrigadas a contratar policiamento para os jogos que disputam em casa graças ao decreto-lei n.º 216/2012 que já entrou em vigor. A mudança já está a permitir a muitos clubes poupar algum dinheiro. Mas a polémica também é forte. Os diri-

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Mário André

Prémio Personalidade do Ano Desporto M foto O MIRANTE

O meu desejo era ser engenheiro agrónomo mas não tive média para entrar Mário André vive em Alpiarça e é enfermeiro/massagista no Sporting Clube de Portugal Há males que vêm por bem. Mário André foi de Alpiarça a Santarém para se inscrever num curso da Escola Agrária mas como a média era alta acabou por entrar para a Escola de Enfermagem. Mais tarde, através da profissão, entrou no futebol e depois de estar no futebol entrou no seu Sporting onde ainda hoje trabalha. Fernando Vacas Há jogadores que quando entram num clube fazem questão de dizer que desde pequeninos que tinham o sonho de jogar ali. Aconteceu o mesmo consigo? Quando era pequenino queria ser massagista do Sporting? Nem sequer sonhava ser enfermeiro que é a minha profissão. A minha primeira escolha

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foi a Escola Agrária mas não consegui média suficiente. Nessa altura vi um folheto da Escola de Enfermagem de Santarém que anunciava o primeiro curso geral de enfermagem. Inscrevi-me mesmo sem ter a noção do que ia encontrar. Felizmente correu tudo bem. Comecei em 1974 e acabei em 1977. Comecei a trabalhar no Hospital de Santarém onde estive cinco anos. Saí no ano em que se faz a transferência para as novas instalações e comecei a trabalhar no Centro de Saúde de Alpiarça. Só mais tarde aparece o trabalho no futebol. No Sporting? Primeiro foi no Águias de Alpiarça. Fui por convite do treinador Mário Lázaro. Criou-se um departamento médico que incluía o médico Mário Silva, em 1982/83. Instalou-se alguma aparelhagem que ainda hoje está a ser usada. Foi também por essa altura que abriu um curso para enfermeiros no Sporting, ministrado por aquele que foi considerado o melhor massagista de sempre, o senhor Manuel Marques. Consegui entrar, fiz o curso e ainda fiquei mais entusiasmado com a carreira de enfermeiro/massagista desportivo. Na altura o Sporting ofereceu-me um part-time, mas não aceitei porque não compensava. Continuou nos Águias de Alpiarça? Ainda passei pelo União de Almeirim que


estava na 2ª divisão. Só passados dois anos fui chamado para o Sporting. O meu horário de trabalho era das 17h00 às 20h00 todos os dias. Durante cerca de cinco anos não ganhei quase nada. O que ganhava não dava para as despesas. Quando foi trabalhar para o Sporting foi logo para a equipa sénior de futebol? Nada disso. Comecei por trabalhar nos escalões jovens de futebol do Sporting e noutras modalidades do clube. A subida foi a pulso. Tive que mostrar disponibilidade, dedicação e vontade. Trabalhava sempre para além do meu horário e procurava actualizar os meus conhecimentos constantemente. Tinha a noção que o meu trabalho estava sempre a ser avaliado. Começou a trabalhar no Sporting na altura do conhecido massagista Manuel Marques? Comecei mas na altura ele já não trabalhava directamente com a equipa. Era o coordenador do grupo e tinha apenas dois ou três atletas que eram tratados em exclusivo por ele. Mesmo assim aprendi muito com ele. Também tinha ou tem algum atleta que seja tratado exclusivamente por si? Resisti sempre a situações dessas. Por uma questão de defesa do grupo nunca permiti que nenhum atleta se colasse a mim. Não tinha atletas a ser tratados em exclusivo por si mas teve muitas lesões que acompanhou do princípio ao fim. Deve ter histórias para contar referentes à recuperação de alguns jogadores. Recordo especialmente o tempo que passei na recuperação de lesões de ruptura dos ligamentos cruzados dos jogadores Derlei e Liedson. No caso do Liedson tive que me deslocar para o Brasil durante cerca de um mês para o acompanhar a fazer a recuperação nas férias. Foi fantástica a maneira como nos relacionámos e como trabalhámos e a forma como ele se dispôs a recuperar. As coisas correram com fluidez, sem dramas nem conflitos e a relação que se criou entre nós é inesquecível. A recuperação de Liedson foi bem sucedida. O mesmo já não se pode dizer, por exemplo do jogador russo Yzmailov? São situações bem diferentes. Cada caso é um caso. A recuperação do Yzmailov tem que ser vista dentro de outros parâmetros. As variáveis pessoais são muito diferentes. As personalidades diferem muito e têm que ser entendidas como tal. Se queremos atingir o objectivo final com êxito temos que entrar dentro do jogador entender o atleta em todas as suas facetas. As coisas em relação ao

No Sporting e na Selecção a tratar das mazelas dos jogadores Mário Branca André nasceu em Alpiarça, no dia 20 de Dezembro de 1956, tirou o curso de enfermagem em Santarém e fez formação como massagista. Na década de 80 criou, com o treinador Mário Lázaro e o médico Mário Silva, um posto clínico no Clube Os Águias de Alpiarça. Começou aí a sua ligação ao tratamento de lesões de jogadores de futebol. A sua ligação ao Sporting iniciou-se com um curso de massagista ministrado por Manuel Marques, conhecido no clube pelo “homem das mãos de ouro”. Mais tarde foi enfermeiro/massagista das equipas de jovens. Na altura em que tratava dos juniores foi convidado pelo professor Carlos Queiroz e pela Federação Portuguesa de Futebol para acompanhar as selecções jovens. O Sporting autorizou e

Yzmailov, até por uma questão cultural, não foram fáceis. A ideia que passava quando ele estava no Sporting (actualmente está no Porto) era de uma pessoa muito complicada. O Yzmailov é um grande profissional mas se calhar é refém do seu perfeccionismo. Para ele tudo tem que ser feito na perfeição. Se tem uma mínima dor ele acha que já não rende o suficiente para ajudar a equipa e por isso prefere não jogar, enquanto que o Liedson, por exemplo, mesmo com algumas dificuldades queria era jogar sempre. Assumia compromissos connosco em relação ao que podia ou não fazer em campo e ia lá para dentro. O Yzmailov punha as coisas num patamar elevadíssimo e muitas vezes não conseguia ultrapassar essas situações. Como é que um massagista vê um Sporting - Benfica no banco? Eu separo o amor clubista e o trabalho. É evidente que jogar com o Benfica traz-nos uma emoção especial mas tento fugir disso para estar no banco da forma mais profissional possível. Há um aspecto importante para a análise de qualquer lesão. Se nós virmos como é que ela aconteceu mais rapidamente podemos fazer a sua avaliação. Normalmente quando chego junto do jogador já tenho uma ideia do que se passa e do que posso fazer. É por isso que temos que estar mais atentos aos atletas do que ao jogo em si. Quer dizer que nunca se esqueceu que estava no banco? Eu sou humano e sportinguista. Nem sempre estou a fazer na prática o que defendo em teoria. Tenho uma história engraçada nesse campo. O director Manuel Ferrão, já falecido, não gostava que ninguém gritasse golo antes da bola entrar, dizia que isso dava azar. Num dos primeiros jogos que fui fazer, estava mais concentrado na bola do que nos atletas. Às tantas vi que a bola ia a entrar, levantei-me e gritei golo. Ainda por cima a bola não entrou. Levei uma repreensão duríssima. Ele tratou-me como se tivesse sido eu o culpado por a bola não ter entrado. E mandou-me para trás da zona dos suplentes. Para um sítio de onde não se via o jogo, dizendo que se eu fosse preciso ele chamava-me. Alguma vez foi expulso por um árbitro? Fui expulso pelo meu amigo António Rola. Num jogo com o Belenenses, a certa altura, disse um palavrão. Ele entendeu que era para ele e mandou-me mais cedo para o balneário. Apanhei um mês de castigo. Isso hoje está totalmente ultrapassado e somos amigos. É fácil estar mais de 25 anos num clube grande?

Não é fácil e ainda para mais no Sporting, que é um clube com muitas oscilações a todos os níveis. Sou enfermeiro e massagista e fixo-me nisso. Tento ter a tal visão estritamente profissional, mas é evidente que há situações que mexem comigo. A época de 2011/2012 foi boa para o Sporting? Foi das melhores de todas. Não ganhámos nada, mas mesmo assim o clube foi considerado o melhor clube português pela IFFHS (Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol). Mesmo não tendo ganho qualquer título orgulho-me do trabalho que todos realizámos nessa época. Quem foi para si o melhor treinador que passou pelo Sporting? Sem dúvida, o Paulo Bento. É um grande treinador e um grande homem. É das pessoas de quem, dentro do futebol, guardo melhores recordações. Tanto a nível do trato pessoal como na relação de resolução de conflitos. É um verdadeiro homem do futebol e um grande amigo. Foi com muita mágoa que o vi sair do Sporting. Nunca deixou de viver em Alpiarça porquê? Não consigo viver com o stress de Lisboa. Prefiro andar permanentemente em viagem. Faço-o com satisfação. Aqui em Alpiarça tenho a tranquilidade de que necessito. As pessoas batem-lhe à porta para lhe pedir conselhos ou tratamentos? Durante alguns anos tive um gabinete aberto em Alpiarça que tive de fechar por falta de disponibilidade. Chegava a trabalhar até às duas da manhã. Quem é que tratava nesse seu consultório? Principalmente desportistas que tinham lesões que se arrastavam no tempo. Para aquilo que trabalhava ganhei muito pouco mas não me chateio com isso. Cheguei a não

levar dinheiro quando sabia que as pessoas eram pobres. Não consigo ser um bom comerciante. Em vez de me preocupar apenas com as lesões pensava também na vertente social, no facto da pessoa poder ou não pagar. As pessoas agradeciam oferecendo-me por exemplo fruta, legumes das suas hortas ou uma garrafa de vinho. Já foi convidado para a política? Participei activamente no 25 de Abril por questões familiares. Antes da revolução o meu pai esteve preso pela PIDE. Ele foi sempre um democrata. Não pertencia a nenhum partido mas era contra o sistema político. Eu cheguei a ser convidado para integrar listas da CDU em Alpiarça. Dei o meu apoio mas nunca tive nenhuma acção de relevo. Não milito em nenhum partido. Considero-me ideologicamente um socialista e defendo que o desenvolvimento não pode ser conseguido à custa das desigualdades sociais.

durante algum tempo acumulou funções na formação do Sporting e na Federação. Foi aí que surgiu a hipótese de trabalhar a tempo inteiro com a Selecção Nacional A. Pediu dispensa no Sporting e o clube aceitou, mantendo-se assim durante cinco anos a trabalhar com todas as selecções nacionais. Com a saída de Carlos Queiroz para o Sporting, deu-se também o regresso de Mário André ao clube aí se mantendo até agora, já lá vão mais de duas décadas e meia. Até ao final da época de 2011/2012 passaram pelas suas mãos alguns dos maiores craques do futebol nacional. Mário André contribuiu na retaguarda e no campo, para os êxitos do futebol leonino e para que o Sporting fosse considerado em 2012 o melhor clube português no ranking da Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS). Nesta altura da sua vida voltou de novo a trabalhar com os atletas mais jovens.

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Prémio Personalidade do Ano Desporto F

JAC Alcanena

Clube continua a correr o risco de acabar se não encontrar patrocinador

JAC Alcanena (Juventude, Amizade e Convívio) é a menina dos olhos do treinador Marco Santos foto O MIRANTE

Marco Santos, 39 anos, é o mentor pela criação do JAC Alcanena e um dos principais responsáveis pela excelente prestação que o clube tem alcançado a nível nacional no andebol feminino. Em oito anos conquistou oito títulos nacionais, teve 25 presenças em fases finais e têm 13 atletas internacionais. Em 2012 a equipa de juvenis sagrou-se bicampeã nacional da modalidade. Ana Isabel Borrego Qual é a receita para o êxito de um clube amador que em 2012 se sagrou bicampeão nacional de juniores e cuja equipa sénior está a disputar o campeonato nacional com bons resultados? Não vou dizer que é muito trabalho porque ‘muito trabalho’ têm todas as equipas. Não acredito que quem jogue ao nível que nós jogamos não trabalhe muito. Mas há pormenores que fazem a diferença como, por exemplo, a qualidade de trabalho. Existe muito investimento da nossa parte para que as jogadoras evoluam. E os resultados obtidos têm relação directa com o investimento feito na formação. As nossas atletas chegam aos 17/18 anos com 40 ou 50 internacionalizações. São atletas que já têm quatro ou cinco títulos nacionais. Como se consegue esse nível técnico e físico das atletas?

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É muito importante conseguirmos passar-lhes a mensagem que por muito jeito que uma jogadora tenha não vai sair da mediania se não se aplicar. As nossas jogadoras começam a praticar andebol com 7/8 anos e chegam aos 18 anos já com dez anos de modalidade, com muita experiência adquirida ao nível da formação e muitas delas com contacto internacional. Isso faz toda a diferença. O JAC conquistou o primeiro título de campeão nacional no segundo ano do projecto, em 2005/2006. Esperava alcançar esse patamar tão cedo? Tento sempre não pensar muito nisso. Só um é que pode vencer o título nacional e existem muitos clubes a disputarem o campeonato. Se pensarmos só na conquista do título não estamos a desempenhar um bom trabalho e não nos concentramos no mais importante que é fazer evoluir os atletas e a própria equipa. Nem sempre vencemos. Já perdemos títulos e já ganhamos. O importante é conseguirmos estar nessas fases finais. Se não estivermos lá é que não há qualquer possibilidade de vitória. O que é que diz às atletas antes dos jogos para as incentivar? O trabalho é feito durante a semana. A preparação mental está mais do que consolidada, elas sabem para aquilo que jogam e trabalham. Há alguns pormenores técnicos de visualização dos adversários, questões estratégicas que têm que ser preparadas ao pormenor. Mesmo não sendo um clube profissional temos que preparar tudo muito bem. É fácil recrutar jovens para o andebol? O modelo de recrutamento é o mesmo há vários anos. No início de cada ano lectivo entregamos um convite às crianças dos segundo e terceiros anos da EB 1 de Alcanena para iniciarem a prática do mini andebol no escalão de bambis. Todos os anos entram entre 10 a 15 crianças o que nos permite dar continuidade e não haver falhas nos escalões acima. É mais fácil lidar com meninas ou com rapazes? É muito mais fácil trabalhar com rapazes. As raparigas têm outra forma de estar e de ver o desporto. São mais complicadas. Os rapazes são mais explosivos, intempestivos e as raparigas são mais conflituosas mas tudo se consegue com muita paciência. E há pontos fundamentais que não descuramos que têm a ver com a autoridade, o respeito e o cumprimento de regras. O que é que o levou a criar um projecto desta dimensão? Antes do JAC já tinha estado com o andebol feminino alguns anos no Atlético Clube Alcanenense. Só que era um projecto desgarrado, sem perspectivas de bons resultados no futuro. Tivemos que repensar as coisas. Só tínhamos o escalão sénior e só conseguimos ir a uma fase de apuramento para a divisão nacional. Ainda por cima tínhamos poucas atletas porque não havia sido criada

uma boa estrutura ao nível da formação. Chegamos a um ponto em que tivemos que reformular todo o processo. Quais são os objectivos para esta época? Conseguir consolidar o trabalho em todos os escalões. Conseguirmos atingir o maior número de fases finais, se possível conseguir algum título nacional e na equipa sénior conseguir a presença nos play-off. O que é que não faz neste clube? Pessoalmente estou a atravessar uma fase muito complicada. Ser treinador de uma equipa que disputa a primeira divisão nacional de seniores, em que 75 por cento das atletas ainda são juniores que também disputam o campeonato nacional da sua categoria, com a justa ambição de conquistarem um título nacional, não me deixa tempo para o trabalho de coordenação. Como pensa resolver isso? São questões que têm que ser resolvidas a nível interno. Temos que ver como vão ser os apoios futuros, o que a direcção pretende em termos de estrutura para a modalidade. Vamos ver como acaba esta época. Se o campeonato terminasse agora a equipa de seniores está numa posição que lhe daria acesso às competições europeias. Parecia impensável que no nosso segundo ano de campeonato nacional atingíssemos esta posição. Quais são as maiores dificuldades com que se depara actualmente? Neste momento, dificuldades financeiras. O nosso principal parceiro é a Câmara Municipal de Alcanena que, como a maioria das autarquias do nosso país, se depara com problemas financeiros. O contrato-programa que estabelecemos anualmente com a autarquia é atribuído cada vez mais tarde. Tentamos realizar a época sem o apoio financeiro desse contrato-programa. Os outros apoios são pouco significativos. É uma pequena quota que as atletas pagam mensalmente, pequenos patrocínios que vamos conseguindo ao longo do ano, exploração do bar do pavilhão municipal e algumas rifas. A continuidade do clube está em risco? Já há três anos que temos tido problemas para conseguir levar a época até ao fim e acredito que este ano ainda será mais complicado. É pena que estejamos a passar por esta situação. Se esta situação tivesse acontecido há cinco anos já não tínhamos equipa de seniores. Provavelmente as atletas estariam noutro clube a receberem um vencimento pelas suas qualidades desportivas. Gostaríamos de lhes dar melhores condições de trabalho e gostaríamos que houvesse um patrocinador que visse em nós uma boa aposta para podermos continuar e evoluir. Jogou andebol quando era mais jovem. Era bom jogador? Era um jogador razoável. Sempre tive jeito para o desporto. Era ‘bonzinho’ em quase todas as modalidades que praticava. Mas como me envolvi em tantas modalidades

e nunca me dediquei a sério a nenhuma também nunca fui ‘muito bom’ em nenhuma. O JAC Alcanena ocupa-lhe muito tempo. Consegue arranjar tempo para si e para a sua família? A minha esposa joga na equipa de seniores por isso estamos sempre juntos nos treinos e nos jogos o que facilita muita coisa. (risos) Os meus filhos também não reclamam muito porque vêm sempre ver os treinos. Além dos laços familiares estamos unidos também pelo andebol. Sou Técnico Superior de Desporto na Câmara de Alcanena. São 12 horas por dia a trabalhar sempre ligado ao desporto. Tento também ter uma hora ou duas por semana para praticar alguma actividade desportiva porque ao fim-de-semana tenho os jogos a que não posso faltar. Gosto de jogar ténis.

Por muito jeito que uma atleta tenha não vai longe se não trabalhar intensamente

O clube Juventude, Amizade e Convívio - mais conhecido por JAC Alcanena - existe há oito anos e detém já um palmarés invejável no andebol a nível nacional. A equipa de juvenis sagrou-se em 2012 bicampeã nacional e a equipa sénior está a disputar o campeonato nacional pelo segundo ano consecutivo. Se a época terminasse hoje, a equipa estaria apurada para os play-off que dão acesso às competições europeias. Os vários escalões do clube (desde bambis a seniores) conquistaram ao todo oito títulos nacionais, 25 presenças em fases finais e 13 atletas já foram chamadas à selecção nacional. Um currículo que orgulha todos os ribatejanos e amantes da modalidade. Há cerca de cinco anos que o clube é também um Centro de Formação Desportiva equiparando-se, a este nível, a clubes como o Benfica, Sporting ou Futebol Clube do Porto. Actualmente tem aproximadamente 110 atletas nos vários escalões. A contrastar com a excelente performance das equipas está a situação financeira do clube. Nos últimos anos as coisas não têm corrido muito bem e este ano a situação agravou-se. A falta de apoio coloca em causa a continuidade. O projecto de andebol do JAC surgiu pela mão de Marco Santos. O treinador e coordenador é técnico superior da Câmara Municipal de Alcanena. A sua mensagem para motivar as atletas de todos os escalões é a mesma. Só vence quem trabalha muito. Por muito jeito que uma jogadora tenha, nunca irá longe se não se aplicar a fundo.

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Os principais acontecimentos do ano na SOCIEDADE Aumento da pobreza, das agressões sexuais contra menores e dos roubos de metais foto arquivo O MIRANTE

16 de Fevereiro A Inspecção-Geral do Ambiente aplica uma multa de 20 mil euros a um homem que vive numa barraca em Azambuja por este ter tapado com entulho um buraco na estrada de terra batida em frente ao local onde mora. Paulo Silva, desempregado, não tem água nem luz e o dinheiro nem chega sequer para comer. A Câmara de Azambuja ofereceu-lhe apoio jurídico e entretanto o processo ainda não foi concluído.

8 de Março Em Março inicia-se o julgamento do caso da assessora do presidente da Câmara de Santarém, Moita Flores, que acusava o marido de violência doméstica. A situação era falada não só na autarquia como por toda a cidade. O marido que entretanto se separou de Ana d’Avó disse em tribunal que a ascensão da ex-mulher lhe fazia confusão e que o comportamento da mulher se alterou quando passou a trabalhar com o autarca. Guilherme Martins foi condenado a pena de prisão suspensa e a uma multa de 1260 euros.

15 de Março A região é uma das que maior índices de sinistralidade e número de mortes tem no país e em 2012 houve vários acidentes que contribuíram para as estatísticas elevadas, como a tragédia que aconteceu em Muge, Salvaterra de Magos, em que três chefes de família perderam a vida num brutal despiste. Para a segurança rodoviária contribui o comportamento dos condutores, mas também as condições das vias e investimentos de vulto na melhoria das estradas não foram vistas por estas bandas, sinal também da crise que o país atravessa. E exemplo disso é colocação de semáforos na ponte da Chamusca que esteve no plano rodoviário para depois acabou por ficar na gaveta. Talvez também por sinal da crise a criminalidade tem sido mais notória e até os

cemitérios passaram a ser alvo dos ladrões que procuram fazer dinheiro com artigos em metal que ornamentam as campas. E em termos de justiça nem sempre as autoridades agiram com algum bom senso. Multar um homem que vive em Azambuja quase na miséria num montante de 20 mil euros por ter tapado um buraco na estrada com entulho parece uma daquelas iniciativas de excesso de zelo. As populações sabem ver as injustiças e mobilizam-se no apoio, por exemplo, a um sapateiro reformado que foi multado por alimentar cães. Afinal se os cães estavam abandonados na via pública é porque a entidade que tem por missão recolhê-los não o fez. No dia a dia da região continuaram os roubos de metais tendo os ladrões alargado o seu raio de acção a lugares improváveis

como cemitérios. Os casos de agressões sexuais a menores passaram a ter maior visibilidade e cada vez mais aparecem casos de suicídios ligados a situações de desespero social, empresas em situação difícil que encerram ou deixam de pagar salários. As instituições que habitualmente apoiam pessoas carenciadas, nomeadamente a nível alimentar queixam-se do aumento de novos pobres e as autarquias, em parceria com outras entidades, começaram a dar maior atenção e a canalizar mais recursos para a área social. A pouco e pouco foi melhorando o apoio às populações na área da saúde fruto de reestruturações e criação de novas soluções. Na área do ensino também foi notória a melhoria das condições com a inauguração de modernos centros escolares.

5 de Janeiro

de pública para a expropriação do espaço.

risca principalmente nos cemitérios onde o espaço é escasso.

Em 2012 continuaram os problemas no atravessamento da ponta da Chamusca que fica bloqueada sempre que há pesados a tentar atravessá-la ao mesmo tempo. A colocação de semáforos para regularizar o trânsito em alturas de reduzida visibilidade, incluída no Plano de Segurança Rodoviária para 2011, continua a não se concretizar.

12 de Janeiro Santarém esteve em risco de ficar sem um dos principais acessos à cidade por causa de um imbróglio com 30 anos. A estrada tinha sido construída ilegalmente no terreno de um privado que meteu um processo em tribunal a pedir a reversão do espaço. Chegou a estar marcado o corte da estrada ordenado pelo juiz, mas a câmara conseguiu à última hora evitar o encerramento da chamada estrada militar, que liga os bairros de Vale de Estacas e de S. Bento, apresentando uma declaração de utilida30

19 de Janeiro Um jovem de Benavente e a família viveram dois anos de terror por causa de um professor universitário que se fez passar por mulher nas redes sociais e não queria abandonar a relação virtual com o jovem. O professor começou a infernizar a vida da família com ameaças, perseguições, vinganças e milhares de telefonemas e e-mails. O homem foi condenado a quatro anos de prisão.

Em Fevereiro chega a notícia de que os três tribunais da região, Alcanena, Ferreira do Zêzere e Mação, vão fechar com a reforma judiciária. Depois junta-se à lista o de Golegã e retira-se o de Alcanena que passa a ser uma secção do Tribunal de Santarém. O Tribunal do Trabalho de Abrantes surge também na lista de encerramentos. Na Golegã, em Mação e em Alcanena houve manifestações de desagrado.

2 de Fevereiro

9 de Fevereiro

Quem morrer num concelho onde não reside não pode ali ser sepultado tendo o funeral que ser feito para a sua área de residência. O assunto saltou para a ordem do dia com o caso relatado por O MIRANTE, de uma cidadã que morreu no hospital de Santarém mas cujo corpo teve que ser sepultado em Sintra. A regra faz parte de muitos regulamentos de cemitérios e a sua aplicação tem vindo a ser cumprida à

O jovem de 19 anos de Abrantes que roubou o carro à presidente da Câmara de Abrantes apanha onze anos de prisão. O tribunal considerou que os relatórios sociais “devastadores” não favoreceram a atenuação de pena. Pedro Lourenço e os dois cúmplices praticaram dezenas de crimes de furto qualificado, roubo agravado, sequestro e agressão de algumas das vítimas, com “violência inusitada”.

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O motorista de Abrantes envolvido no acidente que causou a morte do filho mais novo do então administrador do Santarém Hotel, com 9 anos, foi parar à cadeia para cumprir dois anos de prisão. O acidente ocorreu na auto-estrada do Norte na zona de Santarém. Fernando Santos bateu com o camião no carro que seguia à sua frente e não acusou álcool nem circulava a velocidade excessiva. A mulher do motorista realçou a O MIRANTE que “a nossa justiça é cruel com os pobres e complacente com os poderosos”.

22 de Março Instituto de Apoio à Comunidade do Forte da Casa, Vila Franca de Xira, regista um buraco financeiro de dois milhões e 600 mil euros. A instituição de solidariedade social pediu aos trabalhadores para entregarem subsídio de férias e Natal para a ajudarem. O dirigente do IAC e fundador da instituição, António José Inácio, também presidente da junta de freguesia, demitiu-se e passou a gestão do instituto para uma comissão administrativa.

5 de Abril Dois jovens morrem em queda e explosão de um avião em Santo Estêvão. Pedro Gonçalves, de 21 anos, e Gonçalo Baptista, de 18, morreram carbonizados na sequência da queda de um ultraleve no campo de voo de Santo Estêvão, concelho de Benavente. Desde 2003 foi o segundo acidente com vítimas mortais na zona

10 de Maio A primeira loja das chamadas drogas legais abre em Vila Franca de Xira com receios da comunidade e com o presidente do Instituto da Droga a dizer que os produtos vendidos nestas lojas podem ser mais perigosos que os ilegais. Realçando que comprar uma droga numa loja que


foto arquivo O MIRANTE

apresenta os produtos como legais cria uma “falsa sensação de segurança” entre os consumidores

14 de Junho Um sapateiro reformado de Vila Franca de Xira multado em 995 por alimentar cães abandonados. A situação revelada por O MIRANTE gerou uma onda de solidariedade e de apoio a Manuel Cristeta, que estava a pagar a multa em prestações e chegou a ter a moto penhorada por ter falhado dos pagamentos. O sapateiro agradeceu o apoio das centenas de pessoas mas não quis receber qualquer ajuda monetária.

28 de Junho O catequista de 28 anos dos Casais da Lagoa em Azambuja é detido pela Polícia Judiciária por suspeitas de pedofilia. O caso chocou a população que tinha no jovem uma pessoa acima de suspeitas. Os pais não acreditavam nas queixas das crianças e foi preciso uma delas mostrar um filme que fez com o telemóvel para denunciarem a situação. O jovem esteve preso preventivamente e entretanto passado o prazo para dedução da acusação foi colocado em liberdade aguardando ainda julgamento.

12 de Julho As mortes por suicídio ultrapassam os óbitos provocados por acidentes rodoviários. Nesta altura é notícia o suicídio do antigo treinador de futebol de Alpiarça, Mário Lázaro. O psiquiatra Pedro Afonso diz que a crise potencia o número de suicídios. O sociólogo e investigador Garrucho Martins considera que a pressão social, muito marcada em concelhos da Lezíria do

Tejo, também têm influência. A Câmara de Ourém indefere proposta de construção de quartos e camaratas no subsolo do Centro Pastoral Paulo VI, mas o Santuário de Fátima fez as obras à revelia da decisão da autarquia. Vereador Nazareno do Carmo diz-se traído e que houve uma tentativa de enganar o município.

9 de Agosto Ao fim de 12 anos o Supremo Tribunal fixou à proprietária de um terreno o pagamento de uma indemnização de um

milhão e meio de euros a uma jovem funcionária da Câmara de Benavente, que ficou tetraplégica ao ser atingida por uma árvore. Filho da proprietária considera que decisão foi um escândalo.

6 de Setembro O maior incêndio do Verão deixou o concelho de Ourém vestido de negro. Du-

23 de Agosto Nesta altura O MIRANTE revela que todos os dias há pessoas que são abandonadas nos hospitais. Porque há filhos que não querem os pais em casa desculpando-se com trabalho ou falta de espaço, apesar de ficarem com as suas reformas.

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rante os dois dias que durou o fogo, o proprietário de um aviário morreu quando tentava proteger as suas instalações e sete moradores perderam a habitação devido às chamas. No combate às chamas um helicóptero despenhou-se e o acidente causou dois feridos ligeiros.

13 de Setembro Os ladrões atacam os cemitérios à procura de metais e no espaço de poucos dias foram aos cemitérios de Aveiras, Alcoentre e Tagarro no concelho de azambuja, onde vandalizaram dezenas de campas para levar peças em bronze e cobre.

18 de Outubro O fundador do grupo de empresas de limpezas Conforlimpa é detido por alegada fraude fiscal. O sindicato que representa os trabalhadores das empresas de limpeza já tinha entregue, há seis anos, vários dossiers no Ministério das Finanças e do Trabalho alertando sobre eventuais irregularidades fiscais no grupo. Armando Cardoso ficou em prisão preventiva a aguardar julgamento.

25 de Outubro O comandante da GNR de Marinhais, Salvaterra de Magos, é agredido por quatro homens que estavam num bar e que não gostaram que o guarda entrasse no local para os avisar que tinham o rádio do carro ligado. Os agressores ficaram em liberdade e associação profissional fala em sentimento de injustiça e que situações destas fazem crescer o receio e desmotivação nos guardas.

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22 de Novembro Câmara de Vila Franca de Xira decide avançar com despejo de prédio em risco na encosta do Monte Gordo. Os proprietários apresentaram uma providência cautelar para travar o processo mas a câmara justificava a situação com questões de

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segurança. Só à terceira tentativa e já em final de Janeiro de 2013 é que a autarquia conseguiu concretizar a ordem.

13 de Dezembro O MIRANTE denuncia as condições deploráveis e desumanas em que trabalham e vivem os elementos da GNR de Salva-

terra de Magos, onde um quarto de 20 metros quadrados tem que dar para oito. Depois da notícia a câmara e o Ministério da Administração Interna desdobram-se em contactos e decidem transferir o posto para uma escola desactivada que ainda vai ser sujeita a obras prevista para este ano de 2013.


Os principais acontecimentos do ano na CULTURA Quando começa uma crise a primeira coisa onde se corta é na cultura

3 de Maio

foto arquivo O MIRANTE

Se há área que se ressente em tempo de crise é a cultura. As câmaras municipais, os grandes mecenas, encurtam festas e romarias fazendo contas aos orçamentos cada vez mais pequenos. Justiça seja feita a municípios que muito embora sintam os constrangimentos financeiros, como o de Vila Franca de Xira, estão de boa saúde e preservam prémios literários, musicais e até o fogo de artifício nas festas taurinas como quem tem a preocupação de continuar a iluminar a alma de um povo. Do lado oposto esteve, por exemplo, a Câmara Municipal de Torres Novas que, atolada em dívidas, insistiu em não pagar o prémio Maria Lamas à vencedora, a investigadora Inês Brasão, e cancelou as tradicionais festas da cidade. O cenário cultural em 2012, genericamente escuro, teve alguns veios de luz. Como a rosácea do Convento de São Francisco, em Santarém, que pelo 10 de Junho compôs a fachada de um monumento emblemático da capital do gótico. Uma ou outra publicação ajudou a animar o panorama. Como a obra de Rogério Coito - “Cartaxo - no cruzar dos tempos” - que assinalou os 700 anos da atribuição do foral. João de Matos Filipe escreveu sobre a “Cultura e Artes de Pesca Tradicional no Rio Tejo em Ortiga-Mação”, livro com a chancela de O MIRANTE. Os “Quinta do Bill”, sobreviventes no meio musical há 25 anos, editaram um álbum de baladas para celebrar as Bodas de Ouro mas que viram-se preteridos nas agendas dos concertos de Verão por artistas amadores, como aconteceu nas Festas da Cidade do Entroncamento.

Ainda são as colectividades, algumas centenárias, sustentadas no voluntariado, que vão imprimindo vigor e em muitos concelhos asseguram que os eventos continuam a realizar-se. O Ateneu Artístico de Vila Franquense viu pela primeira vez em 120 anos uma mulher assumir o cargo de presidente da direcção. Em Ourém a Sociedade Filarmónica Ouriense, com 157 anos de existência,

regista um fenómeno curioso: alguns pais, que em tempos integraram a banda mas tiveram que sair por contingências familiares e profissionais, estão a regressar. Pela mão dos filhos. A Sociedade Euterpe Alhandrense continua igualmente de pé. Comemorou 150 anos no dia 1 de Dezembro. O presidente já prometeu que para o ano, na mesma data, a banda volta a sair à rua. Seja ou não feriado.

22 de Março

29 de Março

12 de Abril

Rogério Coito, 75 anos, ex-deputado municipal do Cartaxo pela CDU e historiador, publica o livro “Cartaxo - no cruzar dos tempos”, comemorativo dos 700 anos da atribuição do foral, concedido por D. Dinis e D. Isabel de Aragão. Em cerca de 200 páginas, prefaciadas por Ana Benavente, Rogério Coito honra as gentes que tornaram um lugar ermo numa terra produtiva. O volume foi o resultado de investigação e pesquisas que o autor, natural da Ereira, mas há muito a residir na sede de concelho, efectuou na Torre do Tombo e que, através da escrita, fotografias, imagens e cópias de documentos, relata factos até à data desconhecidos.

Uma jovem enfermeira de Vila Franca de Xira, Filipa Silva, é escolhida aos 27 anos para assumir o cargo de presidente da direcção do centenário Ateneu Artístico Vilafranquense. É a primeira mulher a ocupar o cargo em 120 anos de história da colectividade. A casa tem uma tradição de presidentes do sexo masculino. A documentar isso mesmo está um conjunto de fotos que forra as paredes da colectividade centenária. Em 2009 o Ateneu não tinha voluntários para assumir a direcção e a colectividade foi gerida por duas comissões administrativas, o que dificultou o funcionamento da colectividade. Filipa Silva lidera uma equipa jovem. Seis dos sete elementos da direcção têm menos de quarenta anos.

Os Quinta do Bill celebram 25 anos de carreira com um álbum de baladas, um lado menos visível da banda, segundo Carlos Moisés, um dos fundadores. O álbum “25 anos - as baladas”, com a chancela da editora Espacial, integra 13 temas, dois deles gravados este ano, “D’alma Lavada” e “No Silêncio do teu olhar”, e chegou às lojas a 2 de Abril. As restantes 11 baladas seleccionadas são dos diferentes álbuns dos Quinta do Bill, como “A única das amantes”, do “No trilho do sol”, de 1996, “Ruiva”, de “A hora das colmeias”, de 2006, ou “O pecado no corpo”, de “7”. Para Carlos Moisés a paixão pelo que se faz justifica a longevidade da banda que tem conseguido gravar álbuns e fazer concertos bem como angariar um público fiel.

Nuno Figueiredo, 60 anos, autor de “Rendição e Trevas”, venceu o prémio literário Alves Redol na categoria de romance, patrocinado pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. O autor escolhido pelo júri é engenheiro civil de profissão e já tem outros livros publicados. A cerimónia de entrega dos prémios decorreu a 26 de Abril na Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira. Humberto Oliveira, 37 anos, organizador de espectáculos, residente em Ribafria, Peniche, venceu na categoria de conto com “Um eterno minuto de silêncio”. O município de Vila Franca de Xira mantém o prémio literário Alves Redol apesar da crise financeira que se atravessa e ao contrário do que fizeram muitas autarquias que decidiram cancelar este tipo de iniciativa para contenção de despesa. O número de obras duplicou em relação à edição anterior.

10 de Maio A Sociedade Filarmónica Ouriense comemora 157 anos de existência. Foi fundada pelo padre José Joaquim Silva, que também era músico e formou a banda filarmónica com alguns antigos músicos do exército miguelista que participaram na guerra civil pelo trono português. Os tempos mudaram, os elementos da banda já não entram em batalhas, mas dão o corpo ao manifesto para manter viva a colectividade mais antiga do concelho de Ourém. A SFO conta com 55 elementos entre os dez e os 50 anos de idade. O grupo está a registar um fenómeno curioso: alguns pais, que integraram a banda há uns anos e saíram, sobretudo as mulheres, para serem mães e ocuparem-se da família, estão a regressar pela mão dos filhos.

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foto arquivo O MIRANTE

17 de Maio Ricardo Peixeiro, fotógrafo amador, informático de profissão, passou seis meses na borda d’água, a captar imagens da comunidade avieira. O romance de Alves Redol, prefaciado pelo próprio autor em Caxias, foi o rastilho. Depois de uma carreira de quase 15 anos Ricardo Peixeiro viu-se desempregado e aproveitou o tempo livre para mergulhar num projecto que trazia já a amadurecer dentro de si: explorar a sua paixão pela fotografia captando a vida da comunidade avieira que ainda subsiste no Esteiro do Nogueira, na zona ribeirinha de Vila Franca de Xira, para lá do Jardim Constantino Palha e com a ponte Marechal Carmona no horizonte. O resultado esteve em exposição no Centro de Artes do Rio Manuel do Vau.

7 de Junho Cristina Maria Ferreira, mestre de cantaria artística, conhecida pelo fado, demorou quatro meses a fazer a rosácea para a fachada do Convento de S. Francisco, em Santarém, que foi inaugurada a 10 de Junho. Na voz a fadista tem a força de um escopro a sulcar a pedra e nas mãos a arte e a sensibilidade que a levou a ser escolhida para fazer a rosácea de quatro metros de diâmetro, que considera ser a obra da sua vida pelo simbolismo que representa. Herdeira da sabedoria e arte do mestre Alfredo Neto Ribeiro, falecido há uma década, Cristina Maria é das poucas que se dedicam à cantaria artística, uma arte que tem estado esquecida em Portugal.

21 de Junho A sede da Fundação José Saramago, o escritor Prémio Nobel natural de Azinhaga (Golegã), foi inaugurada a 13 de Junho, na Casa dos Bicos, em Lisboa, com uma exposi-

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ção, a poucos dias de se cumprirem dois anos após a sua morte, a 18 de Junho. A cerimónia contou com a presença de Pilar del Rio, presidente da Fundação José Saramago, viúva do escritor, do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, e de cerca de uma centena de convidados. Mário Soares e Jerónimo de Sousa faziam parte de uma extensa lista de convidados e eram dois dos políticos que acompanhavam Pilar del Rio numa visita pela nova casa museu de Saramago.

18 de Outubro Em cinco anos o Museu do Neo-Realismo de Vila Franca de Xira conseguiu atrair 120 mil visitantes, manter uma programação constante, com o apoio da tutela municipal, contornando assim a crise. É um espaço de cultura de dimensão nacional e internacional que não ficou refém de uma corrente abrindo-se à contemporaneidade. O êxito do museu, reconhecido pela Associação Portuguesa de Museologia que já o distinguiu, deve-se em parte ao profissionalismo da equipa. No museu qualquer iniciativa tem entrada gratuita e os preços das edições são simbólicos quando comparados com os valores praticados noutras instituições museológicas.

6 de Dezembro Antigos dirigentes da Sociedade Euterpe Alhandrense, que comemorou 150 anos, foram homenageados pela colectividade. Trabalharam voluntariamente para a colectividade num tempo em que já era difícil conquistar pessoas para o associativismo. Nesses tempos não havia subsídios, mas fundos, que se conseguiam com a organização de bailes e com o lucro que se retirava do bar. No dia 1 de Dezembro a sessão solene reuniu mais de meio milhar de pessoas. Para o ano seja

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foto arquivo O MIRANTE

ou não feriado, a banda vai voltar a sair à rua, avisa o actual presidente.

14 de Dezembro O vereador da CDU na Câmara de Torres Novas, Carlos Tomé, apresentou na reunião do executivo o livro “O Tempo das Criadas A Condição Servil em Portugal (1940-1970)”, editado pela Tinta da China. O trabalho valeu à investigadora Inês Brasão o primeiro prémio, do concurso Maria Lamas, criado pelo município torrejano, mas a autora nunca recebeu os dez mil euros do prémio tendo o presidente da autarquia chegado a sugerir que o concurso fosse cancelado porque não havia dinheiro para cumprir aquele compromisso.

27 de Dezembro O livro “Cultura e Artes de Pesca Tradicional no Rio Tejo em Ortiga-Mação”, da au-

toria de João de Matos Filipe, editado por O MIRANTE, é apresentado no Instituto Politécnico de Tomar. Desde criança que João de Matos Filipe, 65 anos, “sentia” que os usos e costumes da sua terra eram fortemente marcados por uma forte ligação ao Tejo mas a consciência surge mais tarde quando notou que a actividade piscatória era um complemento ao sustento de muitas famílias. Na pequena aldeia piscatória sempre que alguém está à espera que lhe ofereçam alguma coisa ouve-se dizer que “está sempre de varela armada”.


Os principais acontecimentos do ano na ECONOMIA foto arquivo O MIRANTE

políticas que contribuem para o desenvolvimento do país”. Nesse sentido desafiou os dirigentes a serem corajosos. “Há que desfazer o equívoco da legitimidade dos dirigentes associativos. Não podemos continuar a mitigar o alcance das propostas e medidas mais adequadas aos interesses das empresas e do tecido empresarial com receio da opinião pública. Quem nos elege são as empresas e não a população”, disse.

16 de Fevereiro A ACISO reuniu os seus associados num jantar em Fátima no dia 10 de Fevereiro. A iniciativa faz parte do calendário anual da associação e é pretexto e razão para homenagear os associados mais antigos e empreendedores assim como aqueles que por várias razões começam a fazer parte da história da associação que tem mais de sessenta anos de existência. Este ano a direcção homenageou todos os membros da direcção que gere a associação desde a sua fundação e escolheu a Vilarmóvel como a empresa do ano do concelho de Ourém.

É nas situações adversas que se revelam os mais capazes Num ano em que muitas empresas fecharam portas e outras tantas trabalham em permanente sobressalto, muitas vezes com salários em atraso, a Nersant (Associação Empresarial da Região de Santarém) afirmou as capacidades já reveladas e esteve à altura das suas responsabilidades, apoiando de forma inexcedível o tecido empresarial que representa. Foi interlocutora firme, responsável e respeitada junto do governo e das várias entidades ligadas ao mundo empresarial, organizou missões empresariais a países onde se podiam abrir perspectivas de mercado para os empresários, promoveu encontros com eventuais parceiros, realizou conferências seminários e acções de esclarecimento e for-

5 de Janeiro O estacionamento tarifado à superfície no Cartaxo e no parque subterrâneo do parque central passou a ser gerido pela empresa municipal Rumo 2020. Terminou assim com fumo branco o aviso lançado pelo presidente da concelhia do PS do Cartaxo, Pedro Ribeiro, no final do plenário de militantes que defendeu que os autarcas eleitos pelo PS na câmara e na assembleia municipal perderiam a confiança política do partido caso não acatassem o resultado do referendo popular. Recorde-se que o não à concessão do estacionamento a privados ganhou com esmagadora maioria.

12 de Janeiro A notícia caiu que nem uma bomba. A Unicer, um dos maiores empregadores do concelho de Santarém, anunciava o encerramento da sua unidade de produção de cervejas para Março de 2013. A decisão surgiu na sequência de um processo de reorganização industrial que supõe um investimento de cerca de 80 milhões de euros. A Unicer

mação, negociou melhores condições para quem investe. Não foi de estranhar que em Janeiro (ver edição O MIRANTE 12.Janeiro.2012) a Nersant tenha sido distinguida pelas empresas da região como a entidade que melhores serviços lhes presta e com a qual existe melhor facilidade de articulação. Em 2012 revelou-se, a par da associação empresarial, o melhor do empresariado da região. Se alguém tinha dúvidas sobre as reais capacidades do empresariado ribatejano elas foram-se dissipando à medida que surgiam exemplos de renovação, iniciativa, tenacidade e ousadia nos negócios. É verdade que muitas empresas fecharam e que o desemprego aumentou mas poucos terão dúvi-

explica que o investimento de 80 milhões de euros na consolidação da operação de cervejas em Leça do Balio visa optimizar “a infra-estrutural industrial da empresa na área das cervejas” e é “indispensável para a eficiência e competitividade” e para a manutenção de mais de 1400 postos de trabalho directos. A fábrica de Santarém vai manter a plataforma logística e a produção de refrigerantes.

12 de Janeiro A Associação Empresarial da Região de Santarém - Nersant, foi distinguida pelas empresas da região como a entidade que melhores serviços presta às empresas e com a qual existe melhor facilidade de articulação. A Nersant realizou, durante o ano de 2011, um mega inquérito às suas empresas da região, com o objectivo de auscultar o grau de satisfação das mesmas quanto aos serviços prestados pela associação empresarial. O apoio prestado pela Nersant e a facilidade de articulação com as empresas são factores considerados bastante positivos por 99 por cento das 584 empresas da região que responderam ao inquérito realizado pela associação empresarial.

16 de Fevereiro das que a capacidade de resposta dos empresários evitou uma grande catástrofe social. Um outro sector que deu sinais de enorme capacidade de se revitalizar foi o sector agrícola. O ano foi excepcional em termos de cereais, com predominância do milho e tomate. Raras vezes se ouviram lamúrias. O ano foi de intenso trabalho. De tal forma que os habituais arautos da desgraça tiveram que meter a viola no saco. Ao fim de décadas de decadência a famosa agricultura ribatejana que parecia moribunda, reergueu-se e mostrou que o País pode contar com ela. Quem não se reergueu nem dá sinais de vida é a construção civil e o comércio automóvel. E se no primeiro caso ainda houve alguns exemplos positivos, no segundo é notória a falta de capacidade para alterar métodos e estratégias que evitem o acentuar do colapso, sendo as honrosas excepções muito poucas.

26 de Janeiro A presidente da Nersant defendeu, durante uma visita do secretário de Estado do Empreendedorismo ao distrito de Santarém, que as empresas que ainda não exportam os seus produtos para o estrangeiro, mas que têm condições de eficiência, possam ter acesso ao crédito através do QREN e de forma mais simplificada. Salomé Rafael referiu ainda que uma das maiores “aflições” da Nersant é a falta de tempo que, na sua opinião, é determinante para um conjunto de empresas.

Cerca de três dezenas de profissionais de 20 empresas do sector dos reboques do distrito de Santarém aderiram à paralisação dos rebocadores em todo o país. Os profissionais do sector estão contra a aplicação de multas pela ausência nos pronto-socorro da utilização do tacógrafo, o chamado Livrete Individual de Controle, num raio de 100 quilómetros do local da sua afectação.

5 de Abril A componente de exportação das empresas nacionais continua a ser muito importante para a obtenção de sistemas de incentivo ao seu negócio. Os novos concursos abertos para incentivo ao desenvolvimento empresarial, no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) levaram a Autoridade de Gestão do INALENTEJO - Programa Operacional Regional do Alentejo, a realizar uma sessão de esclarecimentos no núcleo da Nersant do Sorraia, em Benavente. “Nunca estivemos tanto tempo sem incentivos do QREN, mas ainda bem que chegaram. Travámos lutas titânicas para que as empresas que não eram exportadoras conseguissem também candidatar-se. Finalmente conseguimos”, disse a presidente da Nersant, Maria Salomé Rafael.

9 de Fevereiro Na noite em que a Associação Industrial Portuguesa comemorou 175 anos o seu presidente reconheceu que a fragmentação do associativismo empresarial resulta em grande parte da ineficácia das associações em “acrescentar valor aos associados”, defendeu. Para José Eduardo Carvalho “o reforço da legitimidade e da liderança associativa não advém do relacionamento estreito com o poder mas da capacidade para formatar

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foto arquivo O MIRANTE

12 de Abril No Tribunal do Trabalho de Santarém apesar da diminuição dos casos relativos a acidentes de trabalho, que denota uma menor actividade económica, as situações relacionadas com as dificuldades das empresas e despedimentos dispararam nos últimos meses. O período de dificuldades económicas está a dar mais trabalho aos tribunais. Em entrevista a O MIRANTE, o juiz do tribunal, Luís Jardim, referia que houve um aumento de cerca de 50 por cento no número de processos que deram entrada nos últimos meses.

10 de Maio Desde 2010 foram criadas 1063 novas empresas nas sub-regiões do Médio Tejo e da Lezíria do Tejo, em contraponto com as 690 que encerraram actividade no mesmo período. Os números são relativos a Maio de 2012 e foram dados a conhecer pela Nersant durante uma reunião com embaixadores de países da América Latina. Para Salomé Rafael, presidente desta associação empresarial com 1785 associados, a região tem sabido resistir à crise e esta “criação líquida positiva” de empresas evidencia uma dinâmica de renovação.

24 de Maio O sector da cortiça tem sido um dos mais importantes motores de desenvolvimento económico do concelho de Coruche, o maior produtor mundial. A crise económica não se tem feito sentir por terras do Sorraia, onde os produtores estão cada vez mais a investir no montado, com a renovação dos existentes e novas plantações, e onde há perspectivas de instalação de novas empresas. Para este dinamismo tem contribuído em grande parte uma feira que pelo seu modelo é única no mundo: a FICOR - Feira Internacional da Cortiça. Uma aposta da câmara municipal.

7 de Junho O grupo Auchan decidiu encerrar o hipermercado Jumbo de Santarém no dia 4 de Junho, assegurando ao mesmo tempo que todos os 134 trabalhadores vão ser “convidados a integrar outras lojas” do grupo espalhadas pelo país. Essa decisão apanhou de surpresa os trabalhadores e vem comprovar que a crise toca a todos e que já não é só o comércio tradicional a sofrer com os seus efeitos. Em comunicado, o grupo afirmava não lhe ser “mais possível sustentar uma unidade, inserida num Retail Park, que não conseguiu gerar atractividade

2 de Agosto A OGMA - Industria Aeronáutica de Portugal, em Alverca do Ribatejo, registou no último ano lucros de 10,8 milhões de euros, mais 300 mil euros que o valor registado no ano anterior. Contribuíram para este aumento sobretudo as exportações das oficinas de manutenção de aviões, que trabalham sobretudo para a Europa, África e América do Norte. A OGMA fechou as contas com um volume de vendas de 141 milhões de euros, com mais de 90 por cento derivados da exportação.

26 de Setembro O relançamento da economia na região só é possível se os bancos permitirem melhor acesso ao crédito e com taxas de juro acessíveis às micro e pequenas empresas. A opinião é da presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha, num encontro promovido pelo PS. “Não havendo acesso ao crédito não há hipótese de aumentar a despesa. Uma empresa que paga mais juros do que a capacidade que tem de gerar lucros está a afundar-se, não gera emprego nem riqueza”, lamentou a autarca. Rosinha considera que as estratégias da banca e do actual Governo têm sido “uma cavalgada para a desgraça” do tecido empresarial e confessou que os municípios e instituições são cada vez mais as únicas “portas abertas” onde a população pode pedir ajuda.

22 de Novembro Os novos desafios vão obrigar as empresas de comunicação social regional, que enfrentam grandes dificuldades, a mudar e a repensar os projectos. O ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, mostrou-se preocupado com a situação da imprensa regional em Portugal no jantar que assinalou os 25 anos de O MIRANTE. O semanário juntou no seu jantar de aniversário cerca de três centenas de convidados entre empresários, políticos e amigos do jornal. Uma iniciativa que 36

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se realizou na Quinta da Feteira, nas Fazendas de Almeirim.

29 de Novembro A empresa proprietária de O MIRANTE recebeu o Estatuto de PME Líder, em 2012. A informação do IAPMEI (Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação) chegou a O MIRANTE na sexta-feira 16 de Novembro, dia em que o jornal assinalou os 25 anos da saída da sua primeira edição. O Estatuto PME Líder visa reforçar a visibilidade das empresas de dimensão intermédia que integram o segmento mais competitivo da economia nacional, funcionando como selo de reputação e estímulo no prosseguimento de dinâmicas empresariais, que contribuam de forma sustentável

para a criação de riqueza e bem-estar social”, lia-se na carta assinada pelo presidente do conselho directivo do IAPMEI, Luís Filipe Costa.

6 de Dezembro A Nersant é a primeira associação empresarial do país a implementar o programa Revitalizar do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI) que visa recuperar empresas que estejam em vias de entrar em insolvência. A presidente da Nersant, Salomé Rafael, refere que a aposta do IAPMEI na Associação Empresarial da Região de Santarém mostra a vitalidade das empresas da região. foto arquivo O MIRANTE


Os principais acontecimentos do ano na POLÍTICA foto arquivo O MIRANTE

16 de Fevereiro Isaura Morais apresenta a candidatura a presidente da distrital do PSD. Nas eleições de 3 de Março a presidente da Câmara Municipal de Rio Maior é eleita sem concorrência e vai ter como principal missão a preparação do processo de escolha dos candidatos do partido para as autárquicas de 2013.

26 de Abril

O ano do PAEL e do novo mapa das freguesias Mesmo sem eleições, 2012 foi um ano agitado em termos políticos, não só pelo anúncio dos primeiros candidatos às autárquicas do Outono de 2013 como também pelas movimentações nalguns concelhos devido ao processo eleitoral que se avizinha. Em Almeirim, Santarém, Cartaxo ou Tomar houve polémica quanto baste para fazer correr tinta nos jornais e dar que falar ao povo. Moita Flores, o mediático escritor e comentador que “libertou” a Câmara de Santarém do jugo socialista, fez as malas e rumou a Oeiras, onde vai ser candidato pelo PSD. No Cartaxo, o presidente da concelhia socialista (Pedro Magalhães Ribeiro) tirou o tapete ao presidente da câmara eleito pelo partido (Paulo Varanda) num processo interno que motivou muitas críticas e queixas. Em Almeirim, o ainda presidente Sousa Gomes (PS) não parece convencido com a candidatura do seu vice-presidente e antigo delfim Pedro Ribeiro. Já em Tomar, Carlos Carrão (PSD) conseguiu contornar os obstáculos do PSD local e vai mesmo ser o candidato do partido por imposição das estruturas distrital e nacional. O ano ficou também marcado por várias

medidas implementadas pelo Governo que mexem com o poder local. Uma das mais polémicas é, sem dúvida, a da reorganização administrativa territorial autárquica que vai acabar com 52 das 193 freguesias existentes no distrito de Santarém. Na região criou-se mesmo um movimento - “No Ribatejo Freguesias Sim!” e sucederam-se as acções de protesto, pelos vistos sem efeito. A crise, transversal a toda a sociedade, atacou em força nos municípios, muitos deles atulhados de dívidas e que encontraram no PAEL - Programa de Apoio à Economia Local uma tábua de salvação proporcionada pelo Governo para saldarem contas em atraso com fornecedores e outros credores de curto prazo. Onze municípios da região recorreram a esse empréstimo excepcional, mas o dinheiro não chegou até final do ano. Resta-lhes continuar a esperar e a lidar com a Lei dos Compromissos que os impede de celebrar contratos para aquisição de bens ou serviços sem terem fundos disponíveis para pagamento num prazo de 90 dias. Uma forma de tentar evitar que as dívidas se acumulem e se regresse ao descalabro financeiro que agora se tenta erradicar.

O MIRANTE noticia o assédio do PSD de Oeiras a Francisco Moita Flores, convidando o então presidente da Câmara de Santarém a ser candidato à câmara daquele concelho da Área Metropolitana de Lisboa. O visado não se pronuncia mas os sinais dados nos meses seguintes anunciam que a decisão está tomada. Após se ter despedido de amigos e simpatizantes em Julho, num jantar num restaurante da Póvoa de Santarém, apresenta-se na mesma noite aos militantes do PSD de Oeiras. Após suspender o mandato por doença e obrigações da vida literária, Moita Flores renuncia ao mandato no município escalabitano em Novembro, saindo como entrou: envolto em polémica.

26 de Abril O nome do ex-presidente da Câmara do Cartaxo, o socialista José Conde Rodrigues, surge no centro de uma polémica nacional. Indicado pelo grupo parlamentar do PS para juiz do Tribunal Constitucional,

o seu nome motiva reacções contrárias de vários quadrantes políticos e da opinião pública, que levantaram dúvidas sobre se Conde Rodrigues deteria a qualidade de “juiz dos outros tribunais”, por, enquanto juiz de um tribunal administrativo e fiscal, se encontrar em situação de licença sem vencimento. Após a polémica suscitada em torno do seu nome, o ex-secretário de Estado da Justiça, residente em Pontével, decidiu sair da corrida.

7 de Junho A lei que vai alterar o mapa das freguesias determina que os concelhos com quatro ou menos freguesias não são obrigados a mexidas. O que significa que na região os concelhos de Alpiarça (uma freguesia), Golegã (2), Entroncamento (2), Constância (3), Almeirim (4), Benavente (4) e Sardoal (4) não vão ter de se preocupar com uma reforma que tem causado fortes reacções de protesto um pouco por todo o país.

21 de Junho António Gameiro vence as eleições para líder da Federação Distrital de Santarém do Partido Socialista. O ex-deputado do PS sucede a Paulo Fonseca, presidente da Câmara de Ourém. Gameiro foi único a concorrer.

5 de Julho As relações entre a oposição na Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira e a

RETROSPECTIVA 2012 - 14 FEVEREIRO 2013

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foto arquivo O MIRANTE

presidente Ana Câncio (PS) estão extremadas. Os opositores queixam-se de “totalitarismo” e “falta de diálogo” e avisam que a autarca deve começar a dialogar e a cooperar, lembrando que o PS não tem maioria na assembleia de freguesia. A Coligação Novo Rumo, liderada pelo PSD, e a CDU não afastam a possibilidade de apresentar moções de censura.

26 de Julho Novo mapa das freguesias de Santarém foi aprovado com polémica na assembleia municipal. O novo mapa das freguesias do concelho de Santarém proposto pelo PSD foi aprovado exclusivamente com os votos dessa força política, tendo o processo sido classificado pela oposição como uma trapalhada recheada de ilegalidades e de tacticismo político. O processo foi tão conturbado que numa assembleia municipal em Outubro, que reforçou essa decisão, a polícia teve de intervir para acalmar os ânimos entre autarcas.

30 de Agosto O MIRANTE dá uma vista de olhos pelo site de ajustes directos da administração pública e constata que ainda há dinheiro nas câmaras para festas e algumas extravagâncias. Os municípios queixam-se da Lei dos Compromissos, mas há quem tenha dinheiro para alugar uma frigideira gigante por 37.500 euros, como a Câmara de Ferreira do Zêzere, ou quem dê mais de 50 mil euros para animar um parque de esculturas durante um mês, como a sua congénere da Barquinha.

27 de Setembro Depois de mais de um ano a preparar a candidatura a fundos do programa comunitário “Iniciativa Jéssica” para uma série de investimentos, o município de Ourém desistiu do projecto. Em causa está a famosa Lei dos Compromissos que não permite às autarquias celebrarem contratos sem terem fundos disponíveis em tesouraria que lhes permitam pagar aos fornecedores a 90 dias. A interpretação da lei não é no entanto uniforme por parte das autarquias,

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RETROSPECTIVA 2012 - 14 FEVEREIRO 2013

pois outros municípios fazem letra morta da mesma, como é o caso da Câmara de Santarém onde se sucede a aprovação de contratos sem fundos disponíveis.

que propôs a extinção de 52 das 193 do distrito de Santarém. Essa proposta viria a ser transformada em lei e promulgada pelo Presidente da República.

do processo.

20 de Dezembro

4 de Outubro

15 de Novembro

O presidente da Câmara de Benavente, António José Ganhão (CDU), demite-se da vice-presidência da direcção da Associação Nacional de Municípios Portugueses após congresso atribulado realizado em Santarém. Ganhão ocupava o cargo há mais de 20 anos e saiu desiludido após conclave onde foram notórias as clivagens entre autarcas, sobretudo na atitude a assumir pela ANMP face à Lei dos Compromissos.

Desde que Paulo Fonseca tomou posse como presidente (em Outubro de 2009), a Câmara de Ourém já fez 46 ajustes directos a empresas de um eleito do PS e de um filho deste, noticia O MIRANTE nesta edição. Os contratos para obras e fornecimento de materiais de construção já vão em 400 mil euros.

O actor João de Carvalho é novamente o candidato do PSD à presidência da Câmara de Vila Franca de Xira. A cultura vai ser a bandeira da sua candidatura diz o actual vereador, que vai enfrentar como candidato do PS o actual vice-presidente da autarquia Alberto Mesquita.” A grande transformação que eu quero neste concelho é uma transformação cultural. Não quer dizer que as obras não tenham que se fazer”, diz.

29 de Novembro

27 de Dezembro

11 de Outubro

O presidente da Câmara de Almeirim, Sousa Gomes (PS), admite estar envolvido em movimento independente e mostra-se renitente em dar o seu apoio ao seu vice-presidente, Pedro Ribeiro, como candidato a presidente da câmara escolhido pela concelhia do PS.

Vítor Frazão, um histórico do PSD de Ourém que chegou a ser presidente do município e actualmente desempenha o cargo de vereador, assume-se como candidato independente à Câmara de Ourém e desvincula-se do PSD. Líder da concelhia social-democrata, Luís Albuquerque, diz que soube da decisão pela comunicação social e acusa Frazão de estar a dividir o partido.

A oposição na Assembleia Municipal de Tomar inviabiliza o empréstimo através do PAEL - Programa de Apoio à Economia Local para pagar dívidas a credores, mas a persistência do presidente da câmara, Carlos Carrão (PSD), faz com que o Governo aprove a candidatura do município. Na região são mais 10 as câmaras que aderem a essa linha de crédito para limpar as dívidas de curto prazo a fornecedores e outras entidades. Até final do ano nenhuma recebeu o dinheiro pedido.

25 de Outubro O MIRANTE dá conta de que só quatro municípios da região apresentaram propostas para agregar freguesias. Ferreira do Zêzere, Santarém, Salvaterra de Magos e Vila Nova da Barquinha são excepções. A maioria preferiu não se pronunciar, deixando a decisão do lado da unidade técnica criada pela Assembleia da República

13 de Dezembro O PS do Cartaxo está dividido acerca de quem deve ser o candidato do partido à presidência do município. O actual presidente da concelhia socialista, Pedro Magalhães Ribeiro, é designado pelos militantes, num processo muito criticado pelo actual presidente da câmara Paulo Varanda, que também tinha aspirações à candidatura e contava com o apoio dos presidentes de junta eleitos pelo PS. O autarca considerou que o processo de escolha “não reuniu as condições de transparência e de equidade que devem presidir a este tipo de actos”, mas a comissão de jurisdição da distrital do PS recusou o pedido de impugnação


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OON alimentar usado em velas

inventou uma máquina que transforma óleo

Um conceito de negócio apoio financeiro do proinovador, alia serviço grama ILEque - Iniciativa Local Emprego - eestão de bardeà animação, o na base da criação apoio financeiro dodesta proPág. IV empresa. grama ILE - Iniciativa Local de Emprego - estão OON na base da criação desta Esta start up portuguesa Pág. IV empresa.

COCKTAIL TEAMe o de bar à animação,

inovador, que alia serviço

dade das empresas A política fiscal não portuguesas,aconclui o favorece competitiviObservatório da pordade das empresas Competitividade Fiscal tuguesas, conclui o Pág. II 2010. Observatório da COCKTAIL TEAM Competitividade Fiscal Um conceito de negócio Pág. II 2010.

favorece aDELOITTE competitiviESTUDO

A política fiscal não

Págs. VI e VII ESTUDO DELOITTE

Portuguesa OAssociação secretário-geral da dos Consultores em Associação Portuguesa Propriedade Industrial dos Consultores em contabiliza osIndustrial custos Propriedade para as PME portuguecontabiliza os custos sas da eventual adesão para as ao PME portuguedo País Tratado de sas da eventual adesão Londres, que ditaria a do País aodoTratado de extinção português Londres, quetecnológica. ditaria a como língua extinção doPágs. português VI e VII como língua tecnológica.

Gonçalo de Sampaio de Sampaio O secretário-geral da

Gonçalo

ENTREVISTA

SEXTA-FEIRA, DEZEMBRO DE 2010 SEXTA-FEIRA, 17 DE DEZEMBRODE DE 2010 2010 QUIARTA-FEIRA, 29 17 DEDE DEZEMBRO

SEXTA-FEIRA, 17 DE DEZEMBRO 2010 Págs. VIIIDEe IX

Págs. VIII e IX

VIGILÂNCIA EVIGILÂNCIA SEGURANÇA PME EPARA E SEGURANÇA SEGURANÇA PARA PARA PME PME Págs. VIII e IX

Especial

Após a validação do conceito técnico

e de experiências Após a validaçãoem doanimais, conceitoseguemtécnico agora ensaios clínicos em humanos, esede experiências em animais, seguempelos quais será responsável empresa se agora ensaios clínicos em ahumanos, Luzitin, uma nova spin-off de base tecpelos quais será responsável a empresa nológica nascida no seio da UniversidaLuzitin, uma nova spin-off de base tecde de Coimbra. nológica nascida norefere seio daainda UniversidaO comunicado que o de de Coimbra. “elevado esforço financeiro” será suO comunicado refere de ainda que de o portado pela sociedade capital “elevado esforço InovCapital, financeiro” bem será surisco do Estado, coportado sociedade de capital de mo pela pela própria Bluepharma e pelos risco do Estado, InovCapital, bem coinventores das patentes. mo pela própria Bluepharma e pelos inventores das patentes.

SINES: Galp testa wireless de controlo e segurança

SINES: Galp testa wireless de controlo e segurança

UMA solução tecnológica, sem fios, de prevenção, controlo e segurança em ambientes altamente perigosos está em testes na refinaria da Galp Energia. O sistema, desenvolvido no âmbito do projecto europeu Ginseng, marca um novo paradigma na monitorização. Foto DR

UMA solução tecnológica, sem fios, de prevenção, controlo e segurança em ambientes altamente perigosos está em testes na refinaria da Galp Energia. O sistema, desenvolvido no âmbito do projecto europeu Ginseng, marca um novo paradigma na monitorização. Foto DR

Confusão nas contas da AREPA leva fisco a pedir mais 100 mil euros de impostos Contabilidade mal organizada gerou equívocos mas associação já recorreu. António Lameiras, o presidente, diz que emagreceu seis quilos em quinze dias e que vai deixar a colectividade assim que resolver o problema 5

Mãe Maria e os seus cinco filhos foram almoçar fora na véspera de Natal ao restaurante panorâmico de Alhandra. Pouco depois chegou um pai dedicado, servente de profissão, que lutou para que os filhos não fossem parar a uma instituição. Uma mãe solteira, hoje solitária, chorou as lágrimas de todos os dias frente ao Tejo. No dia 24 de Dezembro um restaurante de Alhandra pôs a mesa para receber 50 convidados. Bacalhau gratinado com vista para o Tejo. 16

Mãe Maria e os seus cinco filhos foram almoçar fora na véspera de Natal

Quando a pensão é baixa não há muito por onde poupar. Quem se habituou a viver toda a vida em clima de contenção sabe como subsistir com os euros contados. O MIRANTE esteve em Santo Estêvão a ouvir contar histórias que são exemplos em tempo de crise 15 Entrevista

O técnico que encontrou na formação dos Guarda-Redes a essência do futebol

População de Manique desiludida com obras de recuperação do Palácio Estavam prometidos 100 mil euros para a intervenção, mas a obra ficou por 45 mil 37

Espaço com 76 lugares foi construído há seis meses mas continua encerrado 18

Utentes da estação de comboios querem estacionamento a funcionar

António Pinheiro, 60 anos, ensina os jogadores a agarrar a bola no Grupo Desportivo de Vialonga 32

INVESTIGAÇÃO

INVESTIGAÇÃO

A UNIVERSIDADE de Coimbra, a far-

mais exportador, tendo em conta as especificidades do nosso País e do seu corebusiness, que é um pequeno nicho de mercado”, explica Miguel Pina Martins mais exportador, tendo em conta as sobre as orientações estratégicas daespeemcificidades do nosso País e do seu corepresa. business, que é um de A diversificação de pequeno produtos nicho tem sido mercado”, explica Pina Martins uma prioridade daMiguel empresa, tendo em

sobreexportador, asquantidade orientações da emconta a jáestratégicas significativa de remais tendo em conta as espepresa. ferências aodonível do País brinquedo científicificidades nosso e do seu corediversificação de o produtos tem sido coApuro. Com seu portfólio business, que éefeito, um pequeno nicho inde uma da empresa, clui jáprioridade 26 brinquedos, dez dos tendo em mercado”, explica Miguel Pina Martins conta a quantidade já significativa de resobre as orientações da emferências ao nível do estratégicas brinquedo científipresa. co puro. Com efeito, o seu portfólio inA diversificação de produtos tem sido clui já 26 brinquedos, dez dos quais são uma prioridade da empresa, tendo em novidade este Natal. Entre as novidades, destaque para conta a quantidade já significativa deproredutos 100% nacionais onde secientífienconferências ao nível do brinquedo tram puzzles como o mapa inda co puro. Comcientíficos efeito, o seu portfólio Europa, corpo humano o sistema soclui já 26o brinquedos, dezedos quais são lar. novidade este Natal. Criadaasem 2008 com o objectivo se Entre novidades, destaque parade protornar uma empresa de referência no dutos 100% nacionais onde se enconmercado dos kits, brinquedos científicos tram puzzles com científicos o mapa daa e formação, vista acomo proporcionar Europa, o contacto corpo humano o sistema sotodos um com aseCiências Expelar. rimentais, a Science4you prevê fechar o Criada em com 2008um comcrescimento o objectivo de se ano de 2010 entre tornar uma podendo empresaa facturação de referência no 25% e 50%, atingir mercado dos kits, brinquedos científicos os 300 mil euros. e formação, com vista a proporcionar a todos um contacto com as Ciências Experimentais, a Science4you prevê fechar o ano de 2010 com um crescimento entre 25% e 50%, podendo a facturação atingir os 300 mil euros.

cundários” actualmente mais eficazdo e que como menos efeitosatinsegido pelos fármacos cundários” do que o existentes. actualmente atin“Espera-se que o existentes. desenvolvimento gido pelos fármacos deste medicamento a contribuir “Espera-se que ovenha desenvolvimento para um aumento da esperança e da deste medicamento venha a contribuir qualidade de vida dos doentes com para umaaumento da esperança apree da cancro: terapia fotodinâmica qualidade de vida dos doentes com senta variadas vantagens, nomeadacancro: a terapia fotodinâmica apremente uma baixa toxicidade, uma acsenta variadas vantagens, nomeadação dirigida e efeitos secundários redumente baixa toxicidade, uma zidos”, uma salientam as signatárias doacação dirigida e efeitos secundários reducordo em comunicado. zidos”, salientam as signatárias do acordo em comunicado.

Luzitin lidera desenvolvimento de fármaco para cancro

ESTE ESTE SUPLEMENTO SUPLEMENTO FAZ FAZ PARTE PARTE INTEGRANTE INTEGRANTE DOS DOS JORNAIS JORNAIS OJE, OJE, OO MIRANTE MIRANTE EE VIDA VIDA ECONÓMICA ECONÓMICA

ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DOS JORNAIS OJE, O MIRANTE E VIDA ECONÓMICA

NEWS PMENEWS Especial VIGILÂNCIA Especial

Comunidade chinesa do Porto Alto quer segurança Morte a tiro de um comerciante no dia 19 desencadeou uma manifestação frente à GNR de Samora Correia 25

utilização em terapia clínico e clínico de um fotodinâmica. fármaco para Estima-se que novo medicamento seutilização em o terapia fotodinâmica. ja cerca de vezesmedicamento mais eficaz sedo Estima-se que100 o novo que os actualmente disponíveis. ja cerca de 100 vezes mais eficaz do As signatárias do acordo explicam que os actualmente disponíveis. que, quando estiver disponível no merAs signatárias do acordo“será explicam cado, o novo medicamento admique, quando estiver disponível no mernistrado ao paciente e posteriormente cado, o novo medicamento “será ‘activado’ através de um laser de admiradianistrado ao paciente levando e posteriormente ção infravermelha, à morte ‘activado’ através de um laser de então, radiadas células neoplásicas”. Será, ção infravermelha, levando à morte “possível obter um efeito terapêutico das células neoplásicas”. Será, então, “possível obter um efeito terapêutico

SCIENCE4YOU

A SCIENCE4YOU, empresa portuguesa INTERNACIONALIZAÇÃO que produz, desenvolve e comercializa POR ALMERINDA ROMEIRA vai abrir sucurbrinquedos científicos, sais na capital do Reino Unido e em EsA SCIENCE4YOU, portuguesa panha, revelou ao empresa PME NEWS o CEO, que produz, desenvolve e comercializa Miguel Pina Martins. INTERNACIONALIZAÇÃO brinquedos científicos, vaiainda abrirnão sucurLondres esPORAAabertura LMERINDAem ROMEIRA saismarcada, na capital do tudo Reinoaponta Unido ao e em Está mas início panha, revelou ao PME NEWS o CEO,

SCIENCE4YOU SCIENCE4YOU VAI ABRIR VAILONDRES ABRIR VAI ABRIR EM EM LONDRES EM LONDRES

macêutica Bluepharma e a empresa de A UNIVERSIDADE de Coimbra, a farcapital de risco do Estado, macêutica Bluepharma e a InovCapital, empresa de assinaram um acordo de licenciamencapital de risco do Estado, InovCapital, to de tecnologia e de financiamento assinaram um acordo licenciamencom a Luzitin, empresadeque vai liderar to de tecnologia de financiamento a próxima fase deedesenvolvimento de com empresa que vai no liderar “umaa Luzitin, promissora investigação âmabito próxima fase de desenvolvimento do tratamento de diversos tipos de de “uma promissora investigação no âmdoenças oncológicas”. bito tratamento de diversos tipospréde O do objectivo é o desenvolvimento doenças oncológicas”. O objectivo é o desenvolvimento pré-

de 2011. A abertura desta sucursal seA SCIENCE4YOU, empresa portuguesa Miguel Martins. gue-se àPina entrada da Science4you em Esque desenvolve comercializa A produz, abertura em Londres ainda não panha, no ano passado, eeconstitui o esrebrinquedos científicos, vai abrir tá marcada, masdesta tudo PME aponta aosucurinício forço da aposta nacional na sais na capital do Reino Unido e em Esde 2011. A abertura desta sucursal seinternacionalização. panha, revelou PME NEWS oem CEO, gue-se entradaao da Science4you EsEm à Espanha, onde comercializa os panha, no ano passado,dee parcerias constitui o reMiguel Pina Martins. seus produtos através com forço da aposta nacional na A abertura emdesta Londres ainda não eslojas como a FNAC e ElPME Corte Inglés, tuinternacionalização. do indica que o escritório se irá tá marcada, mas tudo aponta ao localiinício ondedesta comercializa os zarEm emEspanha, Madrid. de 2011. A abertura sucursal seseus produtos através de parcerias A aposta para 2011 é, sem dúvida, gue-se à entrada da Science4you emcom Es-a lojas como asendo FNAC e El Corte Inglés, tuexportação, certo nesteomopanha, no ano passado, eque, constitui redo indica quedeoEspanha, escritório se irá localimento, forço daalém aposta desta PMEa Science4you nacional na zar em Madrid. já exporta os seus produtos para Angola internacionalização. aposta para 2011 é, sem dúvida, a e oABrasil. Em Espanha, onde os exportação, sendo certocomercializa que,éneste “O cariz da Science4you cada movez seus produtos através de parcerias com mento, além de Espanha, a Science4you lojas comoos a FNAC e El Corte Inglés, tujá exporta seus produtos para Angola do e oindica Brasil. que o escritório se irá localizar“O emcariz Madrid. da Science4you é cada vez A aposta para 2011 é, sem dúvida, a exportação, sendo certo que, neste momento, além de Espanha, a Science4you já exporta os seus produtos para Angola e o Brasil. “O cariz da Science4you é cada vez

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Distribuição de O MIRANTE

PORTE PAGO

INTEGRANTE DOS JORNAIS

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EDIÇÃO LEZÍRIA TEJO - 03 Mar 2011

Rua 31 de Janeiro, n.º 22 2005-188 Santarém  243 305 080 R. Câmara Pestana, n.º 44 2140-086 Chamusca  249 769 160 e-mail: omirante@omirante.pt

Semanário - Ano XXIII - N.º 974 - Preço: 0.60  - Director: Alberto Bastos -

S E M A N Á R I O

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OJE, O MIRANTE E VIDA ECONÓMICA

PME

ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE

FinAnCiAMento BPi tem 200 milhões do Bei para PMe

DOSSIÊR PORTIC

de informação. Este Quatro empresas é o resultadosuecas

Missão Empresarial a Oresund Quatro empresas suecas MISSão estão em negociações EMPRESaRIal com PME portuguesas para a criação de parcea oRESunD rias na área das tecnolo-

gias

QUINTA-FEIRA, 24 QUINTA-FEIRA, 03DE DEFEVEREIRO MARÇO DEDE2011 2011

para acelerar acelerar expansão expansão

beActive beActive abre abreààCaixa CaixaCapital Capital para

XINTERNACIONALIZAÇÃO InternacIonalIzação que, este ano, na transformada foi beActive transformada Internatio-mercado dos EUA, aproveitando nanalbeActive e será responsável A CAIXA a suaaproveitando forte ligação à Sony CAPITAL, através do seu International dos “fortes pela presença A Caixa incentivos e daa sua tivos existentes Capital, atravésfundo Pictures existentes forte ligação beActive no mercado Television, nesses Caixa Empreender+, à Sony países ao apoio empresa Pictuadquiriu umado será responsável com nesses pelaanglo-saxónico. a à produção seu fundo Caixa Empreender+, presença resqual países ao a beActiveempresa deapoio este ano, a empresa conteúdos ticipação Television, à produtem um acordo de 10% do capital social par- daJábeActive audiovisuais abriu escritório tribuição. com ade dise multi-plataforma”. da be- em Londres no mercado ção de adquiriu conteúdos audiovisuais anglo- qual a beActive Active, umaportuguesa empresa e, segundo nos participação revelou de saxónico. de conteúum acordo e multi-plataforma”. A beActive, que Nuno Já este“prepara-se “A entrada datem Nuno Bernardo, ano, a empresa dos 10%multi-plataforma, Caixa Capital do capital social Bernardo vem ape- idealizou, distribuição. que há para abrirde nas da dois beAcanos abriu aumentar a velocidade começou a sua actividade uma empresa escritório trilhou um processo de internacionalino Brasil em Londres tive, empresa beActive, da expan- A em focada nae,pro- “A portuguesa de segundo Nuno Fevereiro que são entrada internacional dução audiovisual”. de 2003, da Caixa zação, que tem vindo em Berda beActive, Capital Lisboa, com nos revelou Nuno Berposicionardo a consolidar. conteúdos idealizou, apenas nando dois colaboradores, vem a empresa como um começoufinanciada apenas A isto junta-se a parceria A operaçãomulti-plataforma, a “teve como objectivo nardo, player ina velocique a ternacionalaumentar pelo Aitec, um sua actividade para abrir que há dois beActive“prepara-se principal de conteúdos multi-plataem dos anos trilhou mais antigos tem com a empresa Fevereiro da expansão financiar um prode gruo processo internacional 2003,pos de incubação canadia-dade empresa de ex- uma forma e uma empresa no Brasil na The pansão cesso de e criação de empreNightingale focada internacional com know-how sasem Lisboa, com internacionalização, Company, apenas parceriada ebeActive, iniciado em na posicionando portugueses. estrutura para produção que já resultouaudiovisual”. 2008, a de estabelecer acordos dois colaboradores, afirmou na produção das sériesempresa que tem vindoaoa PME NEWS Nuno The Line financiada consolidar. A empresa beActive co-produção comocom umempresas Bernardo, CEO e fundador player interA isto junta-se e Living ainparceria criou e produYour Carque internaciopelo ziu Aitec, A operação “teve como para anacional da beActive. HBO. um dos até agora nais”, explicou mais vários antigos de conteúdos A beActive conceitos Nuno Bernardo. objec- a beActive tem com de entreadquiriu, em 2010, tenimento, a empresa plataforma tivo principal uma de incubação A presença da beActivemulti- grupos distribuídos Ainda este ano a empresa empresa financiar e criação a nível interna Irlanda e uma empresanos pro-foi canadiana mercaque, esteoano, pretende dos irlandês, The Nightingale de nacional, como expandir-se para cesso de expansão internacional é o caso do brasileiro e com portugueses. o mercado dos EUA,know-how canadiano empresas e estrutura Sofia”, presente em mais “Diário de Company, parceria permite-lhe para estausufruir dos que já re- belecer de duas iniciado em 2008, afirmou empresa “fortes incen- Anas acordos de co-produção de países.beActive criou dezeao sultou na produção e produziu até agora das séries com empresas PME NEWS Nuno Bernardo, vários internacionais”, conceitos CEO The Line e Living in e fundador da beActive. Your Car explicou de entretenimento, FINANCIAMENTO: Nuno Bernardo. BPI tem 200 milhões para a HBO. distribuídos a nível do BEI A beActive adquiriu, para PME A presença da beActive internacioem Ainda este ano a empresa nos nal, como é o 2010, uma empresa na caso do “Diário mercados irlandês, brasileiro Irlanda pretende expandir-se e de Sofia”, presente para o canadiano permite-lhe em mais de usufruir duas dezenas de países.

Ipbrick entra na Suécia IPBRICK chega à e Dinamarca eSuécia Dinamarca

BEI e Fernando Ulrich, presidente assinatura do contrato. Foto/DR do BPI pouco depois da

dedicada aos sectores living A Tendence abre as suas e giving. 26 a 30 de Agosto de 2011 portas de na cidade de Frankfurt e inclui no seu programa, à semelhança do ano anterior, inclui no

Através do programa “Talents”, designers em início de carreira têm a possibilidade de apresentar gratuitamente o seu trabalho a um vasto pú-

Tempo-Team Randstad Serviços explicamPág. VII porque é que as PME

dos

devem encarar a gestão caPItal HUMano

cionados, “oferece gratuitamente” o stand que, entre outro, inclui instalação eléctrica, iluminação,tapete, segurança

FInancIaMento

mais

X InternacIonalIzação visídes, tornando soluções estão emvelnegociações A iPortalMais, empresa de altíssima de uma missão portugue- complexidade com PMEempresarial em soluções muito saINTERNACIONALIZAÇÃO portuguesas que desenvolveu e comercializa organizada a simples”, “Transformámos POR ALMERINDA ROMEIRA explica Raul tecnologia para a criação Oliveira. do Lias dificuldades EM MALMÖ IPBRICK, deverá de parcerias pela Portic, começar nux Aem no início oportunidades, tecnologia IPBRICK tornando a vender o seu software já é comersoluna área deste ções de altíssima complexidade das tecnologias A IPORTALMAIS, Suécia mês, à região de empresa na através em soluportuguesae cializada na Dinamarca distribuidores muito simples”, de que já no desenvolveu início do segundo ções de informação. explica Raul Oliveie comercializa Oresund,Este numa vintena de países a Sillicon a tec- ra. semestre nologia entre os quais IPBRICK, deste deverá ano, revelou começaraoa vené o resultado OJE Espanha, Valley mais A tecnologia França, der europeia, visível Alemanha, Raulo seu software entre IPBRICK Oliveira, já é comercialiItália, CEOnaeSuécia e na desta fundador Dina- zada Holanda, atravésArgélia, marca de uma missão já no início do segundo de a Dinamarca e a Suécia Austrália,numa tecnológica Angola, semestre tena de países, distribuidores vinsedeada no Porto. deste ano, revelou Canadá e EUA.entre os quais Espanha, ao PME NEWS Raul empresarial organizada A estes Os primeiros juntarOliveira, contactos Alemanha, Itália, países Págs. CEO e fundador com vista França, se-ão muito desta Argétecnolóem breve Holanda, à comercialização a Dinamarca Austrália, Angola, pela Portic, no início IV, V e VI gica sedeada no Porto. do IPBRICK, uma lia, Canadá e a Suécia. estes países juntar-se-ão, muitoe EUA. A Os primeiros plataforma decontactos deste mês, comunicações com vista em breà região de queà ve, a “Até Dinamarca comercialização haver eaaprimeira FINANCIAMENTO Suécia. venda, vai permite a implementação do IPBRICK, uma plaOresund, individual, ser“Até taforma de haver transferir a Sillicon a primeira avenda, vai preciso comunicações que A comunidade em simultâneo, permite preciso ser tecnologia, de aouimplementação de várias situações transferir a tecnologia, Valley europeia, individual, certificar ou em si- ocertificar parceiro e formá-lo”, entre tem como as de parceiro e oformá-lo”, multâneo, comunicações Business Angels várias situações unificadas Raul Olireferiu como as veira, Raul Oliveira, referiu a Dinamarca comunicações acrescentando (incluindo comunicações e a Suécia unificadas (incluindo queacrescentando este é um pro43 milhões de voz, co- que este de municações que demora é um processo de voz, Facebook e Twit- cesso cerca de que facebook e twitter), seis meses. demora Págs. IV,euros segurança, mail cerca V e VI Criada ter), segurança, para investir, cerca dehá seis de 10 anos por iniciatimeses. mail e ferramentas numa e ferramentas groupware altura groupware professor foram es- va deste foram estabelecidos universitário, há em que o financiamento que em Co- usouCriada tabelecidos 10 anos por inipenhaga capitais cerca depara em Copenhaga e Malmö e Malmö por Raul Oliveira o seu lançaciativaadestepróprios du- mento, professor por Raul rante universitário, IPBRICK a missão bancário começa Oliveira emprega empresarial durantedaa Portic já 50 pessoas, missãoà maioritariamente que usou capitaisjovens região escandinava próprios empresarial A comunidade para (idade de Oresund. o seu da Portic média a fechardea torneira na à região escan- empresa lançamento, O IPBRICK é uma “tecnologia é 28 anos), tendoemprega facturadojácerdinava de Oresund. com ca de 4 milhõesa IPBRICK 50 Business Angels tem uma gestão de euros em 2010. Recenpessoas, maioritariamente simples e funcional”, nasci- temente, mudou-se O IPBRICK jovens da da é uma do “simplificação” “tecnologia 43 milhões de euros Pág. VII para instalações(idacom prias de média na empresa sistema operapró- O BANCO Europeu umaLinux. é 28 anos), tendo tivo no centro gestão simples e funcional”, de Investimento concedeu da cidade do para financiar um empréstimo de 200 milhões para CAPITAL facturado cercahistórico Porto. numaHUMANO de 4 milhões projectos de investimento de euros ao BPI investir, nascida da “simplificação” altura deIV, euros VER PÁGS. de PME. Magdalena Álvarez V E VI BEI, e Fernando do sistema em 2010. Recentemente Arza, vice-presidente Ulrich, presidente do BPI, emdo que oEgor, financiamento operativo Linux. “Transformámos mudou-se celebram a assinatura do Hays, Michael Page, O Banco Europeu de Investimento contrato. as para instalações próprias Fotobancário DR dificuldades do Linux em no centro começa ao BPI para financiar projectos concedeu um empréstimo de 200 milhões de euros Ray oportunida- histórico da cidade Human de investimento de PME. do Porto Na foto, Magdalena Álvarez Arza, vice-presidente do a fechar a torneira Capital e

Messe Frankfurt abre portas ao design português Messe Frankfurt abre portas ao design português

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Autorizado pelos CTT a circular em invólucro fechado de plástico - Envoi fermé autorisé par les PTT Portugais Autorização - Autorisation - DE01072009GRC PME - Pode abrir-se para verificação postal

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Balneários de Alverca vão ser recuperados

Alcatrão tapou escoadouros em A-dos-Loucos Junta de freguesia colocou novo tapete mas não cuidou o problema do escoamento das águas 14

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EDIÇÃO VALE TEJO - 22 Dez 2010

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Semanário - Ano XXIII - N.º 964 - Preço: 0.60  - Director: Alberto Bastos -

Avenida Combatentes da Grande Guerra, n.º 57 2600-131 Vila Franca de Xira  919 886 516 - R. Câmara Pestana, n.º 44 2140-086 Chamusca  249 769 160 e-mail: omirante@omirante.pt

Municípios continuam a perder oportunidades por causa da lógica da “recompensa eleitoral”

O economista Augusto Mateus diz que autarcas percebem que têm vantagens na colaboração intermunicipal mas continuam a esbanjar recursos em projectos locais porque trabalham num quadro concelhio de rivalidades com os vizinhos. A Sociedade de Consultores do ex-ministro da Economia tem trabalhado com câmaras do distrito de Santarém e o diagnóstico é claro. A lógica eleitoral continua a ter demasiado peso nas decisões.

Entrevista SUP. GUIA AUTARCAS E AUTARQUIAS

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São os rostos do poder autárquico da região. Presidentes presidentes das assembleias de câmara e vereadores, municipais e presidentes de quatro centenas de das juntas de freguesia. cidadãos eleitos democraticamente Cerca defenderem as populações para representarem e dos vinte e três concelhos Não são conhecidos nem onde O MIRANTE trabalha. mediáticos como ministros que lidam com os problemas ou deputados mas são eles do nosso quotidiano. vilas. Nas cidades. E Nas pequenas aldeias. é a eles que recorremos Nas quando temos problemas resolver. Através desta iniciativa de O MIRANTE para ganham outra visibilidade. visibilidade que merecem pela sua dedicação à A causa pública.

Obra deveria ter ficado pronta em Agosto mas o mau tempo do último Inverno atrasou os trabalhos 9

Novo Centro de Saúde de Vila Franca só abre no primeiro trimestre de 2011

Duas entidades especializadas em segurança no trabalho apontaram falhas aos balneários masculinos 25

Centro Escolar de Porto Alto é uma das obras que vai avançar no concelho 23

Educação e acessibilidades são prioridades para 2011 em Benavente

Carlos Matias treina ginastas de trampolins em Salvaterra e Santo Estêvão para as grandes competições internacionais 38

O homem que treinou José Mourinho

Mira Amaral diz que o Ribatejo tem um potencial agrícola único e fala sobre os tempos difíceis que se vivem 36

“Vamos todos passar uns anos de sangue, suor e lágrimas”

Entrevista

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Personalidades do Ano 2005 a 2012 O M RANTE

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jornalismo de proximidade O M RAN E

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recursos humanos blico profissional. durante o período nocturno,Egor, Hays, Michael seu programa uma mostra remAnaMesse Tendence – Feira Internacional rePage, Frankfurt, específica gisto no catálogo oficial maior ternacional Em comunicado, a Messe para jovens dedicada designers aos como da Feira, mauma prioridade. internacionais. Frankfurt organizador de feiras de Ray Human sectores designers Capital refere que, e negócios living e giving. aos jovens designers selec- terial para promoção e produção de internacionais. da Alemanha e referência brochura e poster. seleccionados, Através do programa “Talents”, designers “oferece Tempo-Team Randstad Pág. VIII munA Tendence abre as suas dial do sector, lançou o gratuitamente” o stand portas designers em concurso que, entre Serviços explicam início de carreira “Talents”, que visa seleccionar de 26 a 30 de Agosto de 2011 na têm a possibilidade de apresentar outro, inclui tapete, instalação porque é que as PME jovens designers internacionais, cidade de Frankfurt e inclui no seu gratuitamente eléctrica, o seu trabalho a um durante iluminação, segurança devem encarar a programa, à semelhança portugueses incluídos gestão do ano vasto público o período nocturno, repara parti- anterior, profissional. inclui no seu programa dos recursos humanos ciparem na Tendence gisto no catálogo oficial Em comunicado, a – Feira In- uma mostra da Feira, Messe material para específica para jovens promoção e produ- como uma prioridade. Frankfurt refere que, aos jovens ção de brochura e poster. Pág. VIII

A MESSE Frankfurt, maior organizador de feiras de negócios da Alemanha e referência mundial do sector, lançou o concurso “Talents”, que visa seleccionar jovens designers internacionais, portugueses incluídos para participa-

PUB

João Paulo Amaral ia para um treino num carro conduzido pelo pai, que vai responder por um crime de homicídio por negligência 14

O drama de um jovem de Almeirim e as mensagens para a namorada minutos antes de perder a vida num acidente Cresce a contestação interna a Rosa do Céu na Entidade Regional de Turismo Vice-presidentes sentem-se “verbos de encher” nas questões importantes 29

Contratação de médicos estrangeiros está a passar ao lado dos centros de saúde

Eleições para direcção da Escola de Gestão de Santarém envoltas em confusão 27

Jorge Faria está há quase cinco anos num cargo cujo mandato é de três anos

Políticos locais têm informações primeiro que os directores que gerem a saúde e são responsáveis pelas contratações 4

Adega da Chamusca vai à praça por quase dois milhões Venda dos imóveis visa satisfazer o pagamento de dívidas VII ECO NEWS O MIRANTE vai ser distribuído esta semana pela Postcontacto no Concelho de Coruche, a exemplo do que já acontece na maioria dos concelhos. Agradecemos aos assinantes que nos dêem informações sobre a qualidade do trabalho de distribuição, nomeadamente os dias de entrega, ligando para 243305080 ou escrevendo para assinaturas@omirante.pt.

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Nesta Edição

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EDIÇÃO VALE TEJO - 25 Ago 2011

S E M A N Á R I O

O MIRANTE Semanário - Ano XXIII - N.º 999 - Preço: 0.75  - Director: Alberto Bastos Avenida Combatentes da Grande Guerra, n.º 57 2600-131 Vila Franca de Xira  919 886 516 - R. Câmara Pestana, n.º 44 2140-086 Chamusca  249 769 160 e-mail: omirante@omirante.pt

XVII ECO

VII

Henrique Cardoso nasceu em 1926, em Samora Correia, concelho de Benavente e foi um dos últimos músicos a tocar na antiga Estalagem do Gado Bravo, local de divertimento de ricos e famosos. Por lá passaram Paul McCartney e Amália Rodrigues. Por lá pernoitaram muitos adúlteros sob a capa do anonimato. 15

Esgotos de 50 mil habitantes continuam a poluir o rio Tejo

EMPREGO

Piscinas de Azambuja fechadas há um ano e ainda não se fala de obras

Utilizadores de bicicletas defendem a criação de uma pista exclusiva para velocípedes 14

Peões e ciclistas andam às avessas no caminho pedonal entre Alhandra e Vila Franca

Plano de reestruturação económico-financeira será apresentado em assembleia geral no próximo dia 7 8

Cercipóvoa vai pedir empréstimo de 700 mil para viabilizar o futuro

Situação causa com regularidade transtornos a pessoas com mobilidade reduzida, deficientes e crianças 2

Utentes continuam a ficar presos no elevador da estação de Azambuja

João Banha Oliveira, 29 anos, já residiu em Vila Franca mas vive agora na Alemanha depois de um estágio na América 18

Novos emigrantes viajam com cursos superiores e conhecimento de línguas

Saneamento das três freguesias a sul do concelho de Vila Franca não está ainda ligado à ETAR de Alverca. Uma das estações elevatórias já está a ser construída e ligará os esgotos do Forte da Casa e de Vialonga. A estação da Póvoa de Santa Iria ainda está em projecto 5

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Reabertura do espaço remodelado estava anunciada já para o próximo mês de Setembro 22

R E G I O N A L

EDIÇÃO VALE TEJO - 02 Dez 2010

Avenida Combatentes da Grande Guerra, n.º 57 2600-131 Vila Franca de Xira  919 886 516 - R. Câmara Pestana, n.º 44 2140-086 Chamusca  249 769 160 e-mail: omirante@omirante.pt

Semanário - Ano XXIII - N.º 961 - Preço: 0.60  - Director: Alberto Bastos -

S E M A N Á R I O

O MIRANTE

O M RAN E

PORTE PAGO

Vialonga, Alverca e Castanheira são as freguesias com mais crianças em risco

O menino de Alhandra que apresenta um programa de televisão Gonçalo Morais é actor do grupo de teatro “Esteiros” e toca na banda da freguesia 23

Picaram o ponto num outro departamento da autarquia de Benavente para não perderem o dia 2

Seis funcionários que não fizeram greve passaram o dia à porta da câmara

Três funcionárias da Fundação CEBI foram homenageadas na quinta-feira, 25 de Novembro, dia em que a instituição comemorou o 42º aniversário. Olga Fonseca, Ana Machado e Aida Jesus entraram na CEBI há 20 anos como estagiárias e ali cresceram profissionalmente. Guardam memórias que davam para “encher vários baús” e garantem que o maior reconhecimento é ver o sorriso dos utentes. 16

Reconhecer o trabalho de quem trabalha com gosto

Comissão de Protecção de Crianças e Jovens sinalizou 900 casos no concelho de Vila Franca de Xira. O agravamento da crise económica pode ser um dos motivos para o aumento dos casos de maus tratos 9

A história do homem que fintou a morte

Primeira sessão do julgamento do caso que opõe a seguradora ao jornal por causa de um acidente 14

Testemunhas da Victoria não identificam notícias prejudiciais de O MIRANTE

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Vítor Costa continua a recuperar de um acidente que quase o deixou paralisado 15

Unidade de Cuidados Continuados vai potenciar crescimento do concelho Projecto que vai nascer na freguesia do Forte da Casa permitirá criar 81 novos postos de trabalho 22

Quem um dia quis ser toureiro voltou à arena na Praça de Azambuja Antigos e actuais praticantes reuniram-se em convívio promovido pela Poisada do Campino 37

Clube de Leitores Quem disse que a publicidade não é informação? 20

Encerramento de lar nas Cachoeiras deixa uma dezena de idosos sem tecto 4

O M RAN E

O M RAN E

▲▲

Trabalhar 16 horas por dia e fazer sacrifícios são condições para que as mulheres cheguem ao topo. “Nada se conquista por decreto”. Palavras da ministra da cultura, numa conversa de mulheres em Vila Franca, que tal como a vereadora Conceição Santos defende as quotas como um “mal necessário” 27

O único troço vigiado por câmaras situa-se próximo das antigas escolas da Armada 18

Vandalismo em rua Videovigilância de Vila Franca de Xira proibida no assusta moradores passeio ribeirinho Agressões e apedrejamentos a pessoas e automóveis são frequentes na Rua 2 de Abril 4

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EDIÇÃO LEZÍRIA TEJO - 05 Mai 2011

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Moita não paga dois milhões em obras sem projecto nem concurso

Antigo presidente da Câmara de Alpiarça defende mulher e pai numa assembleia da Fundação José Relvas 25

Comerciantes vão para o convento das Donas durante obras no mercado

O campeão distrital mora no Cartaxo. Foi um campeonato disputado até à última jornada. Até ao último apito do árbitro. O Sport Lisboa e Cartaxo tinha mais dois pontos que o Clube Desportivo de Torres Novas e ambas as equipas jogavam fora. As duas venceram os jogos. O novo campeão mora no Cartaxo. 34

“Revolução sexual de Salvaterra de Magos começou com a Nacional 118”. José Rodrigues Gameiro começou a trabalhar aos treze anos. Na altura era permitida a utilização de mão de obra infantil. Ao longo da vida teve diversas profissões mas a sua ocupação principal foi sempre escrever sobre a sua terra natal. Tem livros online e só lamenta que a câmara municipal não lhe ligue nenhuma. 33

Rotundas em Santarém construidas sem projecto nem concurso em véspera de eleições ganhas pelo PSD ao PS. Câmara não tem enquadramento legal para pagar obras feitas no mandato do socialista Rui Barreiro 15

Mãe da criança apresentou reclamação e Centro de Saúde de Almeirim abriu processo 14

Médica e enfermeira deixam criança sem assistência por terem medo de carraças

Rosa do Céu em defesa da família no projecto contra a pobreza

Em causa estão críticas ao discurso que o presidente da câmara fez no dia 25 de Abril 30

Veiga Maltez apresenta queixa-crime “caricata” contra autarca

Requalificação do mercado municipal de Santarém deve durar oito a nove meses 20

“Teimosia dos empresários pode levá-los à ruína”

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Director: Alberto Bastos | 12/01/2012 • ANO XXIV • N.º 1019 • 0.75  | omirante@omirante.pt R. 31 de Janeiro, 22 , 2005-188 Santarém | 243 30 50 80 | R. Câmara Pestana, 44, 2140-086 Chamusca

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PORTE PAGO

A cidade de Tomar recebeu milhares de visitantes que encheram as ruas e praças para ver de perto um desfile único que só se realiza de quatro em quatro anos. O primeiro-ministro não faltou ao convite. A Festa dos Tabuleiros termina sempre com a distribuição de pão, carne e vinho aos pobres, um gesto simbólico que ganha outro relevo nos dias de hoje. O ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, que é também presidente da assembleia municipal, foi, a par do presidente da câmara, Corvêlo de Sousa, um feliz anfitrião. Durante a festa uma jovem que transportava um dos tabuleiros foi surpreendida pelo pedido de casamento feito pelo seu namorado. 6

RPP Solar tem 15 dias Ladrões “limpam” para evitar caducidade ourivesaria em Sandoeira

A ourivesaria fica na freguesia de Rio de Couros, Ourém, e foi assaltada de madrugada 4

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EDIÇÃO MÉDIO TEJO - 04 Mar 2010

Rua 31 de Janeiro, n.º 22 2005-188 Santarém  243 305 080 R. Câmara Pestana, n.º 44 2140-086 Chamusca  249 769 160 e-mail: omirante@omirante.pt

Semanário - Ano XXIII - N.º 921 - Preço: 0.60  - Director: Alberto Bastos -

S E M A N Á R I O

O MIRANTE

Câmara de Abrantes perde a paciência e diz que este caso “ultrapassa os limites de tudo o que é razoável” 24

PORTE PAGO

A cidade alarga o perímetro urbano na freguesia de S. João Baptista 21

XIV ECO

EMPREGO

VII

O Festival de Música Inter-Escolas de Ourém reúne anualmente centenas de participantes e dá prémios aos mais empenhados, entre os quais a participação num festival internacional, na Polónia. Mas não são só os prémios que movem alunos, professores e famílias. No fim-de-semana, no Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima, onde decorreu a 16ª edição, estiveram milhares de pessoas. E foi uma grande festa. 39

Responsabilizam açude no Tejo em Abrantes Com esta decisão pretende-se apoiar as pessoas por impedir que peixes e lampreias subam o rio 16 que estão a ser mais afectadas pela crise 4

Pescadores de Ortiga Câmara de Tomar revoltados com prolonga medidas falta de lampreia de apoio social

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EDIÇÃO VALE TEJO - 11 Fev 2010

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Semanário - Ano XXIII - N.º 918 - Preço: 0.60  - Director: Alberto Bastos -

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Aumento da violência no Porto Alto preocupa comerciantes e moradores

NESTA EDIÇÃO

NESTA EDIÇÃO

ESPECIAL

CARNAVAL

DIA NAMORADOS

GUIA DE RESTAURAÇÃO

NESTA EDIÇÃO

ESPECIAL

“Deitava-me no chão entre as vinhas e inventava personagens”

Cresceu entre Alhandra e Vila Franca de Xira e começou a fazer teatro no grupo “Esteiros” quando era adolescente. Hoje Maria João Luís é uma das actrizes portuguesas mais conceituadas e assumese como uma “típica ribatejana”. Lamenta que Vila Franca de Xira esteja a perder “vida e identidade”, considera que as autarquias têm um papel fundamental na criação de projectos culturais e afirma que “um país sem cultura é um país miserável”. 32

Moradores do Parque Residencial do Cabo querem mostrar descontentamento e já se fala em manifestação 7

Falta de estacionamento Moradores de Povos deixa municípes à beira revoltados com de um ataque de nervos degradação do bairro

Perdem-se horas a tentar encontrar estacionamento perto das estações de comboio de Vila Franca, Alverca e Póvoa de Santa Iria. Soluções urgentes precisam-se 16

No espaço de uma semana foi assaltada uma bomba de gasolina e um restaurante. Em Benavente foi roubada uma ourivesaria. Populações e comerciantes manifestam sentimento de medo 2, 4

Maria da Conceição foi eleita Mulher do Ano nas Arábias

Comissária de bordo de Vila Franca de Xira é primeira mulher estrangeira a conquistar prémio 27

Retratos de Azambuja pintados com palavras

José Miguel Amador oscila entre a prosa e poesia no livro “Retratos à la minuta” editado pela câmara 29

Polidesportivo das Cachoeiras apresenta sinais de degradação

População manifesta preocupação pelo abandono do recinto 15

Proibida caça nas zonas húmidas

Nova medida divulgada em visita à Lezíria de Vila Franca de Xira 20

Chove na Igreja de Castanheira do Ribatejo

Paroquianos pedem obras urgentes 19

39

Retrospectiva do Ano 2012 - 14 Fevereiro 2013

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EDIÇÃO MÉDIO TEJO - 14 Jul 2011

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XXII ECO

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“Há uma falta de empreendedorismo avassaladora no Ribatejo”

António Marques estudou e jogou hóquei em Tomar e é presidente da Associação Industrial do Minho 32

Luís Albuquerque sem condições para se recandidatar

“O concelho de Ourém tem que afirmar com clareza se interessa ou não ter um clube no futebol profissional” 34

Terreno agrícola passa a terreno para construção no Entroncamento

Adelina Lagarto e advogada condenadas

Arguidas denegriram a imagem do pai de Esmeralda 15

Pista de autocross de Alburitel espera há anos por legalização

Espaço encontra-se ao abandono, situação lamentada pela Federação 4

A música das escolas de Ourém que anima milhares de pessoas

O homem mostrava uma declaração do hospital para demonstrar que a mulher antes de casar tinha tido um rapaz e que o deu para adopção. Operário fabril que estava a divorciar-se tem que pagar também uma multa de 850 euros 2

Condenado a pagar indemnização por revelar factos da vida privada da mulher

EMPREGO XIII

Os restaurantes são um valioso património social e já não conseguimos viver sem eles ECO

Especial Restauração

Uma Europa com dignidade mínima 8 ECO

Opinião Paulo Fonseca

MatTriad’2011 decorre até 16 de Julho e reúne “crânios” de vários países 22

Instituto Politécnico de Tomar recebe 150 especialistas de Matemática

Uma disputa entre dois politicos com papéis bem diferenciados no poder local 27

João Moura e Luís Albuquerque disputam liderança do PSD/Ourém

Atleta de 86 anos sagrou-se campeão em corta-mato, 5000 e 10.000 metros 33

José Canelo continua a somar títulos mundiais

Desporto

Judiciária deteve casal por crimes de roubo, sequestro e extorsão. A mulher seduzia e atraía homens à sua residência com o falso pretexto que o marido estava ausente 14

Mulher de 40 anos seduzia homens para o companheiro os roubar

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Semanário Regional • EDIÇÃO MÉDIO TEJO

GUIA DE RESTAURAÇÃO

NESTA EDIÇÃO

Mário Costa, da Believe, afirma que região de Santarém é excelente para investir X ECO

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“Castelo” onde BPN queria fazer hotel de luxo está à venda na Internet

Autarcas da oposição alertam para a situação e criticam sistema já implementado 9

Obras para melhorar segurança de passageiros na estação do Entroncamento estão atrasadas

“Ó puto… queres ser deputado?” é o título do livro de José Soares que vai ser lançado sábado em Tomar. O maestro defende que quem quer ser bom cidadão não pode estar sujeito à “ditadura” de um qualquer partido porque ela castra o sentido crítico e promove a carneirada. Tem em tribunal um processo contra a Câmara de Santarém que, no tempo de Rui Barreiro, acabou com o protocolo para a constituição da Orquestra Pedro Álvares Cabral. 8

Maestro conta em livro as fífias dos políticos

Projecto Chiva-Som foi anunciado em 2001, em Torres Novas, como um projecto único na Europa, pelo então presidente da SLN, Oliveira Costa, e o representante do BPN, Luís Caprichoso, mas nunca saiu do papel 5

Tragédia comove aldeia de Árgea

Pai, mãe e filho de três anos encontrados mortos na cama 2

Éguas mortas a tiro pela calada da noite no Pinheiro Grande

Dois animais morreram no local, um outro teve que ser abatido e os veterinários vão tentar salvar um quarto 4

Bombeiros de Ourém com quartel remodelado e três novas viaturas

Situação financeira da associação humanitária está estabilizada apesar do receio de cortes orçamentais 16

NESTA EDIÇÃO

GUIA DE RESTAURAÇÃO

4

Missionários de Fátima vão receber os 3,5 milhões desviados das suas contas

Instituto Missionário da Consolata foi alvo de burla por parte de ex-funcionário do BPN 5

Fogo em cobertor eléctrico provoca morte a idoso em Torres Novas

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EDIÇÃO LEZÍRIA TEJO - 25 Fev 2010

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O MIRANTE Semanário - Ano XXIII - N.º 920 - Preço: 0.60  - Director: Alberto Bastos Rua 31 de Janeiro, n.º 22 2005-188 Santarém  243 305 080 R. Câmara Pestana, n.º 44 2140-086 Chamusca  249 769 160 e-mail: omirante@omirante.pt

16

25

28

De 26 de Fevereiro a 7 de Março, Rio Maior é a capital do convívio, da confraternização e dos encontros de amigos à volta da boa mesa. A Feira das Tasquinhas comemora as bodas de prata e promete momentos de ouro a todos os visitantes. Igor Martinho, chefe cozinheiro do ano 2009, participará em acções de culinária ao vivo. A presidente da câmara, Isaura Morais, também promete mostrar os seus dotes de preparadora de petiscos. 41

Tribunal da cidade deu como provado que a recepcionista desviou mais de oito mil euros 8

Hospital de Santarém Condenada funcionária adia cirurgias por falta que desviou dinheiro nas de reservas de sangue Piscinas de Almeirim Unidade de recolha de sangue da unidade de saúde está fechada há quase um ano 19

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EDIÇÃO VALE TEJO - 11 Mar 2010

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SÁVEL, LAMPREIA E ENGUIA

Ministra diz em Vila Franca que sucesso das mulheres obriga a roubar tempo à família

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Escorregou em supermercado mas justiça ilibou empresa 17

Autoridades garantem que não há risco para a população de Cruz de Pau 2

Deslizamento de terras ameaça casas em São João dos Montes

Rede social serve para comentar o tempo e combinar patuscadas 30

O que os políticos escrevem no Facebook

Trabalho de Química está a concurso no Instituto Nacional da Água 21

Alunos da Secundária de Azambuja projectam hotel ecológico

Hermínia Silva era estrela da canção portuguesa na década de sessenta 15

Solar de Benavente foi coração do fado no Ribatejo

A alegria do convívio nas Tasquinhas de Rio Maior

Câmara de Alpiarça condenada a pagar o que Rosa do Céu recusou Fundação José Relvas paga a técnicos de projecto que está parado

Casa Museu dos Patudos não está no roteiro das celebrações do centenário da República “Os ministros não têm ligado nenhuma à agricultura” José Gomes Pereira, 65 anos, director geral da Metalúrgica Benaventense 32

Funcionária de escola de Almeirim despedida por faltar ao trabalho

Central de valorização orgânica tem de estar pronta até fim do ano 27

Investimento da Resitejo depende da assinatura de ministros

Só os eleitos da maioria socialista votaram a favor da proposta 31

Cartaxo aprova entrega de água e saneamento a empresa privada

Câmara decide castigo com base num segundo processo disciplinar 14

PORTE PAGO

Os sofrimentos de uma mãe, mulher e irmã de toureiros

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XI ECO

José Fortes é o responsável pela modalidade no Vilafranquense 31

O mestre que fez de Vila Franca de Xira a capital do Muay Thai

Rosa Maria Banha Vieira Pedro foi homenageada pela tertúlia “El 27” 24

VII

EMPREGO

Rui Barreiro perde mais um processo contra O MIRANTE 19 NESTA EDIÇÃO

ESPECIAL

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VII

EMPREGO

Moradores não querem lixo na zona industrial de Muge 18

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Retrospectiva do Ano 2012 - 14 Fevereiro 2013


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