Suplemento Vinhos - Festa do Vinho do Cartaxo

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O MIRANTE

S E M A N Á R I O R E G I O N A L SUPLEMENTO VINHOS - FESTA DO VINHO DO CARTAXO Este suplemento faz parte integrante da edição n.º 876 de O MIRANTE de 30 de Abril de 2009 e não pode ser vendido separadamente

Memórias de uma taberna chamada “Felicidade” Manuel Guerra recorda um antigo espaço de convívio da Ribeira do Cartaxo 8

Vinhos da região obrigam a repensar marketing

“Sempre disse que gosto mais da câmara que do parlamento” “Ao contrário do que a oposição anda a dizer o futuro do concelho não está hipotecado, nem pouco mais ou menos”, diz o presidente da câmara, que tem um discurso de recandidatura embora não queira falar no assunto 6

CVR aposta na mudança de nome de mudança de Ribatejo para Tejo na tentativa de criar um novo dinamismo 4

O último taberneiro do Cartaxo Carlos Dias serve copos de vinho a 25 cêntimos que compra a fazendeiros da terra 3

Apoios de 54 milhões de euros para reestruturação e reconversão da vinha Aprovadas 1883 candidaturas para ajudas à restruturação e reconversão de vinha 5

Vinhos de qualidade a cinco euros nos restaurantes do norte do Distrito de Santarém 5

Uma festa tradicional com animação a cargo dos melhores artistas da casa Vinho reina no Cartaxo de 30 de Abril a 3 de Maio no pavilhão municipal de exposições 2


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Vinho biológico à Barack Obama feito no Ribatejo

Uma festa tradicional com animação a cargo dos melhores artistas da casa Vinho reina no Cartaxo de 30 de Abril a 3 de Maio no pavilhão municipal de exposições Bandas, ranchos folclóricos, um desfile etnográfico, campinos e toiros. A festa é popular até à medula e exalta a qualidade dos vinhos da região, que devem ser bebidos com…moderação. Um seminário sobre a importância das adegas cooperativas, a actuação de grupos, ranchos e bandas do concelho e um espaço dedicado à economia local com 54 expositores são alguns dos destaques da 25.ª Festa do Vinho do Cartaxo, que decorre de 30 de Abril a 3 de Maio no pavilhão municipal de exposições da cidade. Conferir notoriedade aos vinhos locais e consolidar a identidade do concelho associada à vitivinicultura têm sido objectivos do certame, que este ano não foge à regra. Estarão representados vinhos de quintas e adegas, num concurso com 23 produtores e 78 vinhos a concurso. Os prémios são atribuídos a 30 de Abril. As tasquinhas representam as oito freguesias do concelho. Não faltará o artesanato, a animação musical de grupos, bandas e ranchos folclóricos, sem esquecer a vertente comercial e económica, espalhada num total

de 54 expositores das mais diversas actividades. O seminário marcado para dia 30 é outro dos pontos de destaque da festa, com a abordagem à temática das adegas cooperativas, numa parceria entre a autarquia, a Associação de Municípios Portugueses do Vinho e a Fenadegas – Federação Nacional das Adegas Cooperativas. Será no auditório do museu rural e do vinho a partir das 10h00. Além da corrida de touros de 1 de Maio, o dia fica marcado pela actuação dos ranchos do concelho e por um desfile etnográfico desde a câmara até ao pavilhão de exposições. À noite actua o grupo Strap 58. O dia do Campino no sábado 2 de Maio confirma a tradição da festa, valorizando os campinos, amazonas, cavaleiros e equipagens, centrando-se no touro e no cavalo. É a oportunidade para ser homenageado mais um campino, também a partir das 11h30. Haverá ainda danças pelas escolas da Sociedade Filarmónica Cartaxense (SFC) e música da Banda da Sociedade Incrível Pontevelense. No domingo, último dia da festa, regressa o folclore e também a música do Grupo de Cavaquinhos da SFC e da orquestra juvenil de Vale da Pinta, até ao encerramento da festa com

fogo-de-artifício. Para o vice-presidente da câmara, Francisco Casimiro, a 25.ª edição da Festa do Vinho traduz uma forte aposta nos grupos e associações locais, destacando também o seminário da discussão sobre a vida das adegas cooperativas. O autarca garante que os vinhos a serem vendidos nas tasquinhas terão a sua origem identificada para afastar produtos de menor qualidade e diz esperar que haja um comportamento positivo do público mais jovem.

O vinho tinto ‘Yes We Can Reserve 2007’, produzido em modo biológico na Herdade de Cadouços, no Alto Ribatejo, estagia ao som de cânticos gregorianos e já conquistou o mercado norte-americano. Com um volume de vinho certificado de 3750 litros, a produção em garrafa do ‘Yes We Can Reserve 2007’ atingiu as 15 mil unidades “muito por força das encomendas que chegam dos Estados Unidos, essencialmente de Chicago, mas também do Brasil e Angola”. Aquele vinho é produzido exclusivamente para exportação. A principal característica dos vinhos produzidos na Herdade dos Cadouços, segundo a proprietária Ana Cristina Ventura, assenta no facto de não haver qualquer manipulação química, com uma “filosofia de preservação exclusiva dos aromas naturais”, utilizando rolhas de cortiça natural proveniente de agricultura em modo biológico e utilizando rótulos de papel ecológico e tintas vegetais.Composta por 600 hectares de área e situada a Norte do Ribatejo, em Bemposta, Abrantes, a Herdade de Cadouços bebe influências das Beiras e do Alentejo, num ambiente de lagos com nascentes naturais e montados de sobro, pontuados por flora diversa autóctone e aves migratórias. É neste cenário que se ergue uma vinha com 52 hectares para produção de vinhos em modo biológico, com várias castas (11) que se estendem por quatro sectores diferentes da propriedade. Na herdade são produzidas quatro marcas de vinho tinto certificadas pela CVRR, onde o ‘Memorium Natur Reserva Selecção 2007’ pontifica como topo de gama.

Rua Batalhoz, 17 • 2070 Cartaxo 243 702 902


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O último taberneiro do Cartaxo Carlos Dias serve copos de vinho a 25 cêntimos que compra a fazendeiros da terra

foto O MIRANTE

Um copo pequeno de vinho tinto custa 25 cêntimos na Taberna do Carlos, numa das ruelas do centro do Cartaxo. É tirado directamente do barril, comprado a fazendeiros da terra e servido pelo último taberneiro da cidade. Num lugar esconso de uma ruela empedrada do Cartaxo, onde não passam carros, nas imediações da igreja matriz, ainda se servem copos de vinho tirados directamente do barril. Carlos Dias, “Carlos da Taberna” como é conhecido,

tem 73 anos. Nasceu na Figueira da Foz, mas há mais de 40 que se radicou no Ribatejo. Compra o néctar a pequenos fazendeiros da terra. Um copo pequeno de vinho tinto custa 25 cêntimos. Há medidas ligeiramente maiores para 35 e 50 cêntimos, que para os consumidores habituais parecem quase sempre curtas demais. “Posso encher mais um copo, Carlos?”, pergunta um cliente da casa. O taberneiro acena com a cabeça a autorizar. Carlos Dias iniciou-se na arte na “Taberna do Paveia” na década de 70 do século passado. Já ajudava o proprietário nos dias mais intensos da Feira dos Santos, em Novembro, até que ficou com o negócio por trespasse. Deixou o trabalho de distribuidor de leite e concentrou-se na venda de tinto, abafado e jeropiga. Nessa altura vivia o negócio bons dias. “Vendia duas e três cartolas de vinho por dia. Foi lá que amealhei algum dinheiro para comprar a casa e a mobília”, recorda. “Os homens vinham matar o bicho com aguardente às sete da manhã antes de irem para o campo”, garante o homem que ficou conhecido pelas iguarias preparadas, como a língua de porco estufada, o chispe, a carne assada e o peixe frito. Vendia panelas cheias, garante. “Na altura o dinheiro era pouco, mas parece que rendia mais do que hoje”. Na taberna entravam os trabalhadores dos arrozais, polícias e funcionários das finanças. “Tudo lá ia petiscar”. Durante muitos anos a esposa ajudou a preparar os petiscos, mas hoje a clientela é mais escassa. Depois de 20 anos na “Taberna do Paveia”, estabeleceu-se perto da igreja, a escassos metros do local onde está hoje a taberna. O edifício foi remodelado, mas conserva ainda o balcão em pedra, o armário em madeira e os utensílios típicos de uma taberna de outros tempos. A arca frigorífica ali está porque as exigências de hoje em dia assim o obrigam. A cartola está um pouco de lado bebe-se pouco e um barril, mais pequeno, - já custa a esvaziar. Mas o tabuleiro de xadrez permanece, tal como os baralhos de cartas que entretinham os homens entre um e outro copo de vinho. Carlos já pensou em desistir, mas o trabalho ajuda-o a preencher os dias. Continuará. Até poder curvar-se sobre o barril.


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Vinhos da região com fraca notoriedade a nível nacional obrigam a repensar marketing CVR aposta na mudança de nome Ribatejo para Tejo na tentativa de criar um novo dinamismo Só dez por cento dos vinhos da região são certificados e no mercado fora do Ribatejo a quota de vendas não vai além de um por cento, apesar dos néctares classificados como regionais estarem presentes em 86 por cento das superfícies comerciais.

Apesar do vinho regional Ribatejano, que passou a designar-se por “Vinho do Tejo”, estar presente em 86 por cento do comércio a retalho em todo o território nacional, os consumidores preferem comprar vinhos de outras origens como o Douro, Alentejo e vinhos verdes. Fora do Ribatejo a quota

de vendas destes vinhos certificados é de um por cento. Os dados da Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVRT) referem também que a identificação geográfica “Ribatejano” não é conhecida a nível internacional pelos consumidores nem pelos profissionais do sector. Para o presidente da CVRT, José Pinto Gaspar, “a região tem uma falta de imagem e notoriedade no exterior” e por isso justifica-se uma mudança de nome de “Ribatejano” para “Tejo” porque é uma designação mais curta, mais fácil de pronunciar e memorizar. Além desta alteração provocar o reconhecimento, por parte dos consumidores, do dinamismo que está em marcha em relação aos vinhos da região, José Pinto Gaspar justifica ainda que a mudança da designação Ribatejo para Tejo tem por base o facto dos rios serem referências naturais que “funcionam bem para designar regiões produtoras de vinhos”. E dá como exemplo Douro, Dão, Sado, Loire, Reno, Napa… Perante esta nova estratégia a CVRT tem como objectivos principais passar a funcionar em íntimo relacionamento com os operadores económicos da região, fazendo deles parceiros de negócio, colaborando e ajudando nas tarefas de promoção dos seus vinhos. Outra prioridade é minimizar a imagem da CVR como mero organismo fiscalizador. Pretende também criar mecanismos de controlo dos produtos quando estes entram nos canais de distribuição e “penalizar de forma severa os infractores que contribuam para o descrédito da qualidade e imagem dos vinhos da região”. No entender de José Pinto Gaspar os produtores têm que apostar na certificação dos seus vinhos como regionais ou DOC (Denominação de Origem Controlada), lembrando que 90 por cento dos vinhos produzidos na região não têm qualquer certificação. E só três por cento de todos os vinhos feitos na

Os que menos certificam vinhos são os que criticam nova designação O presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVRT) comentou a polémica sobre a nova designação dos vinhos da região no decorrer de uma palestra sobre o sector promovido pela Viticartaxo, no dia 24 de Março. José Pinto Gaspar diz que os que estão contra o nome Tejo são aqueles que menos vinhos certificam como regionais ou DOC, engarrafando sobretudo vinho chamado de mesa, que não estão sujeitos à avaliação e certificação da CVRT. E são sobretudo as adegas cooperativas. José Pinto Gaspar considera que um vinho de mesa tanto pode ser do Ribatejo, como da Estremadura, como de outra região qualquer. “Não tem nome, não tem região, não dignifica qualquer operador económico ou região”, argumentou, acrescentando que as pessoas do sector têm que acreditar que “é a união em termos do nome, da marca, da região, que faz a força”.


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Apoios de 54 milhões para reestruturação e reconversão da vinha

foto arquivo O MIRANTE

região são exportados. O presidente da CVRT considera que o aumento da certificação torna o sector mais forte. E realça que a comissão já fez a experiência de analisar vinhos correntes (designados de mesa) que não são sujeitos a certificação e que estão à venda em supermercados

concluindo que alguns são tão bons quanto os regionais, dando como exemplo casos das adegas cooperativas do Cartaxo e de Almeirim. De todos os operadores económicos, as cooperativas são as que têm taxas mais baixas de certificação. Por isso José Pinto Gaspar apela para

que remetam amostras para certificação na CVRT realçando que isto não pode ser visto pelas empresas como mais um custo. E aconselhou-as a pouparem uns cêntimos nas rolhas e nos rótulos para pagarem os selos certificadores.

O sector da vinha portuguesa tem apoios aprovados de cerca de 54 milhões de euros, sendo a maior parte para reestruturação e reconversão, anunciou o Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas. Uma informação do Ministério liderado por Jaime Silva, que na passada semana esteve na comissão parlamentar de Assuntos Económicos, Inovação e Desenvolvimento, refere que foram aprovadas 1.883 candidaturas para ajudas à reestruturação e reconversão de vinha. Estes projectos, que abrangem uma área de 3.486 hectares, correspondem a apoios de 39,6 milhões de euros. A ajuda média por hectare para reestruturação e reconversão de vinhas é de 11,349 euros. O Ministério aponta ainda que a Direcção-Regional da Agricultura e Pescas do Norte é a que tem maior peso naqueles projectos, representando 71 por cento do montante aprovado e 61 por cento da área abrangida. Foram ainda aprovados 1.238 projectos para arranque de vinha, correspondentes a 2.339 hectares e uma ajuda de 13,9 milhões de euros, sendo Lisboa e Vale do Tejo a região com mais adesão a esta medida, com 450 candidaturas com resposta positiva.


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Paulo Caldas diz que a situação financeira da câmara está controlada “Ao contrário do que a oposição anda a dizer o futuro não está hipotecado, nem pouco mais ou menos”, garante Paulo Caldas tem um discurso de recandidatura embora não queira falar do assunto. Explica como conseguiu equilibrar as finanças da autarquia e diz que quer ter mais receitas próprias através do aumento da população em vez do aumento de impostos. Que projectos é que o Cartaxo já tem aprovados no QREN (Quadro de Referência Estratégica Nacional)? Temos a contratualização dos centros escolares de Pontével e de Cartaxo/Vila Chã de Ourique, a modernização administrativa, o projecto de regularização da zona ribeirinha do Tejo, o da Escola de Negócios e o projecto da rede de mobilidade e sinalização de transportes. No global estamos a falar de 11,2 milhões de euros. Dos quais 7,44 milhões a fundo perdido. Estamos a falar de uma comparticipação de cerca de 65% do total do investimento. Como é que o município vai arranjar os 4 milhões correspondentes à sua comparticipação nesses investimentos? Não chega a 4 milhões de euros. Mas essa é uma parte dos projectos que o Cartaxo está empenhado em concretizar. Há outra. Como sabe o Governo aprovou um pacote de apoios excepcionais no âmbito do QREN para os municípios afectados pela nova localização do aeroporto que abrange quatro municípios da Lezíria Norte. Cartaxo, Santarém, Azambuja e Rio Maior. O Cartaxo, integrado nesse pacote conseguiu para além destes 7,4 milhões de euros incluir um conjunto de projectos específicos de regeneração urbana e uma cota parte no âmbito de PO (Programas Operacionais) temáticos, ou seja, factores de competitividade. Em suma, dinheiro a fundo perdido, temos cerca de 17,5 milhões de euros, devidamente aprovados. A comparticipação da câmara é de quanto? Dez milhões de euros, na globalidade. Estamos a falar das águas e saneamento, do projecto de regeneração urbana do Parque Central que vai tornar-se num centro cívico, institucional e comercial, a valorização da ribeira do Cartaxo, a criação de uma zona de estacionamento no Parque Municipal Santa Eulália, no Pavilhão Multiusos… Qualquer pessoa fica tonta ao ouvir falar de tantos milhões. Mas

ainda não explicou onde vai buscar a parte que a câmara tem que pagar para executar esses projectos, os tais dez milhões de euros. Há aqui um aspecto que eu gostava de desmistificar e desdramatizar. É tudo muito bonito quando os nossos adversários políticos vão para os jornais dizer que a câmara está falida e

que não é capaz de suportar as despesas. Eu já cá estou há dez anos. As grandes ideias e grandes ambições do passado, parte significativa delas já estão concretizadas. O nó de ligação à auto-estrada; um centro cultural moderno; o estádio municipal; as redes viárias intra-freguesias; escolas; centros culturais das freguesias;

“Sempre disse que gosto mais da câmara que do Parlamento” Pela maneira como tem falado nem vale a pena perguntar-lhe se se vai recandidatar. É óbvio que sim. Sobre a recandidatura não tenho nada decidido. Está à espera que chova, como diz o povo? O PS não tinha o fim de Abril como data limite para apresentação dos seus candidatos às câmaras municipais? Espero bem que a mim ninguém me imponha datas limites para a

apresentação de candidatura. Ninguém acredita que ainda não tenha decidido. Falei com paixão dos projectos. Ainda não é altura de apresentar as equipas. Não diga que está a pensar num lugar de deputado. Eu sempre disse que me sinto melhor numa posição executiva que numa situação parlamentar. Gosto do que faço.

creches; lares… Não vai dizer que o município do Cartaxo tem uma invejável saúde financeira. Começámos este mandato assumindo claramente que havia que consolidar financeiramente a autarquia. Havia uma dívida a fornecedores - maioritariamente a empreiteiros (85%) - que era, em 31 de Outubro de 2005, de aproximadamente 15 milhões de euros. E hoje essa dívida está em 4 milhões de euros. Contraiu-se outra dívida para tapar essa. O dinheiro não nasce nas árvores. Já lá vou a esse ponto. Já faliram milhares de empresas e nunca faliu uma câmara, por mais asneiras que os autarcas tenham feito. Tínhamos uma dívida de 15 milhões de euros a fornecedores. Essa dívida é hoje, inferior a 4 milhões e quero liquidar a totalidade até ao final do mandato. Convertemos efectivamente dívida de curto prazo em dívida de médio e longo prazo. Sempre assim


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deveria ter sido porque as obras são geracionais. E teria sido assim se não fosse, desde 2002, a drª Manuela Ferreira Leite e depois todos os sucessivos governos, erradamente, quebrarem a hipótese de os municípios irem buscar empréstimos de médio e longo prazo para fazer as obras do QREN. Não foi isso que travou o endividamento dos municípios. Há sempre forma de contornar essas limitações e seguir outros caminhos. Prefiro dizer que não foi isso que travou o investimento para melhoria das condições de vida das populações. O município do Cartaxo é um dos que mais fundos comunitários tem conquistado, principalmente nos últimos sete anos em que conseguimos 61% de todos os fundos comunitários conseguidos pelo município ente 1986 e 2006. Para fazer face a isto deveríamos ter contraído empréstimos de médio e longo prazo. Mas como já disse, desde 2002, fomos impedidos de o fazer. E foram acumulando dívidas. Isso também já explicou. Quem ficou “a arder” foram empreiteiros e outros fornecedores mas a situação está quase normalizada. Há aqui um aspecto muito importante de referir. A nossa dívida tem um prazo médio de pagamento de 8 anos. As nossas dívidas de médio e longo prazo que ascendem a cerca de 24 milhões de euros, têm um prazo médio de pagamento de oito anos. É um prazo substancialmente inferior aos prazos de outros municípios que têm dívidas a 10, 15, 20 e alguns até, 25 anos. Por isso digo sempre, e não é conversa fiada,

SUPLEMENTO VINHOS - FESTA DO VINHO DO CARTAXO | 7 que o município do Cartaxo, mesmo a fazer grandes investimentos não está a hipotecar gerações futuras. Esse discurso de hipotecar as gerações futuras é um clássico da luta política em ano de eleições. Na prática não tem tido qualquer relevância. Mesmo quando há câmaras super endividadas as obras não param. É o milagre da engenharia financeira. Resta saber quanto tempo mais vai durar este sistema. Não é sistema. No caso do Cartaxo foi fruto de uma gestão criteriosa. O Cartaxo foi aparecendo ao longo dos últimos anos, desde 2006, mal posicionado nos anuários financeiros em termos de prazos de pagamento a fornecedores. Saiu recentemente o anuário financeiro de 2007 e isso já não acontece. Quando forem conhecidos os dados de 2008 o município do Cartaxo, ao contrário do que muitos dizem, vai aparecer como um dos que têm menor prazo médio de pagamento a fornecedores, assim como é um dos municípios que têm sustentabilidade assegurada do ponto de vista do pagamento das dívidas a médio e longo prazo. Apesar de dívidas de prazo curto nunca deixámos de pagar a amortização mais os juros. Cerca de 1,5 milhões de euros por ano. Resumindo e concluind, aquilo que dizem e procuram transmitir, que a gestão não é rigorosa e que o município do Cartaxo tem as contas todas baralhadas, não corresponde, efectivamente à verdade. Estamos numa situação de crise e o município do Cartaxo parece ter dinheiro a rodos para gastar. O Cartaxo

“Não houve hombridade dos meus antecessores no processo da Casa das Peles” A Casa das Peles foi construída num terreno agro-florestal e foi autorizada, no seu anterior mandato, a fazer obras de ampliação. “Eu não posso falar muito porque estou na condição de arguido. Mas posso dizer que sempre defendi o interesse público do concelho. E que as minhas decisões foram sempre tomadas no respeito por aquilo que eu entendia ser a legalidade. O que eu fiz também os meus antecessores fizeram. Lamento que não tenha havido da parte deles coragem para assumir isso. Eu continuaria a fazer exactamente o mesmo na defesa do emprego, das condições económicas e sociais. Os fins justificam os meios? O erro na Casa das Peles esteve objectivamente no PDM de 1998 que classificou erradamente aquele solo como agro-florestal, quando à frente, do outro lado da estrada havia outro empreendimento cujo terreno está classificado como empresarial e como área social. Havia todas as condições para classificar a área da Casa das Pe-

les como área empresarial e social. Eu assumo a minha responsabilidades. Só lamento que não haja essa hombridade da parte dos meus antecessores. O concurso para a concessão da Praça de Touros foi objecto de muitas críticas. De certa forma permitia que o júri escolhesse quem queria. Vai mudar as regras? Reconheço que o concurso deve ter regras objectivas e mais pormenorizadas. Não deve dar margem para interpretações subjectivas. Neste concurso isso não aconteceu embora não tenha sido cometida qualquer ilegalidade e tenha sido tomada a melhor decisão. Por outro lado não se consegue uma gestão eficaz de uma praça de touros com uma concessão de uma temporada. Só com uma concessão de dois, três ou quatro anos se consegue essa estabilidade. No próximo mandato devemos fazer concurso por um mínimo de duas temporadas. Ou mesmo para todo o mandato. Fala no multiusos a construir no Cartaxo como um Centro Internacional de Congressos. Com as acessi-

Nós temos uma recepção em Valada. Uma estação de tratamento da EPAL em Vale da Pedra. A conduta que abastece Lisboa passa por aqui. É pela proximidade que conseguimos melhor preço. No sistema multimunicipal os meus colegas vão ter o dobro ou o triplo do preço. Nós chegámos a ponderar na antiga CULT aderir à EPAL mas sabe quanto custava? Quantos quilómetros de rede tinham que ser feitos da Chamusca até Benavente? Cerca de 50 quilómetros. Era incomportável. Isso ia reflectir-se no preço. Sou um defensor do princípio do utilizador/pagador. Quem tem o benefício tem que suportar o seu custo. Dentro de cinco anos estarão feitos investimentos superiores a 20 milhões de euros no Cartaxo nesta área. Será a altura de aumentar o preço.

é um Oásis no meio da crise? Temos um equilíbrio que obriga a exigência e responsabilidade, mas não deixamos de seguir as opções políticas adequadas. Eu não tenho motorista. Conduzo o meu carro para todo o lado à procura de fundos; de apoios; de contratos-programa. A esquadra da PSP, os viadutos de Santana, os arranjos dos diques de Valada, o arranjo da Ponte D. Amélia, as variantes, a ligação à A1. Têm sido conquistas importantes. E podia dar outros exemplos. E as receitas próprias a diminuir? Têm diminuído por duas razões. Porque houve quebra na actividade económica e porque o município tem feito uma política activa de significativo apoio às famílias e empresas. Baixando impostos? As nossa taxas de IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) são das mais baixas do país. A nível do IRS, prescindimos de 3,25 dois 5 % a que tínhamos direito. A taxa máxima de derrama é de 1,5% e nós apenas cobramos 1,35%. E as micro empresas, que são a maior parte, só pagam 0,75%. Há aqui uma política efectiva de redução de impostos. Temos uma centralidade ímpar. Zonas empresariais bem localizadas, fora dos aglomerados urbanos. O Cartaxo candidata-se à conquista de população, oferecendo qualidade de vida. Com as receitas a baixar… Estamos a apostar no crescimento da receita por via do alargamento da base e não pelo aumento dos impostos. Todos os nossos equipamentos sociais e infra-estruturas básicas estão a ser

preparados para uma população de 40 mil habitantes. Neste momento, dados do INE, temos cerca de 20.500 habitantes, 27.700 segundo dados do Centro de Saúde.

bilidades que tanto elogia e com o CNEMA ao lado, em Santarém, às moscas, não é esbanjar dinheiro? Os nossos equipamentos têm muita utilização. Não são elefantes brancos, como se costuma dizer. Temos cerca de 250 colectividades activas e dinâmicas. O estádio municipal, por exemplo, custou meio milhão de euros mas está a ser utilizado por mais de trezentos jovens diariamente que utilizam o estádio. E os gastos com a manutenção? Os nossos equipamentos mais modernos têm pouco pessoal apesar de taxas de utilização elevadas. No estádio trabalham 3 pessoas. No Centro Cultural trabalham 7, desde o gestor à senhora da limpeza. O Pavilhão vai ter 3 pessoas. O maior custo são as pessoas. Estamos a dar os primeiros passos na contabilidade analítica. Estes equipamentos modernos, felizmente são bons exemplos da gestão que estamos a fazer. Como pode orgulhar-se de ir ter a água mais barata da região? A água é um bem escasso e o baixo preço pode ser um convite ao esbanjamento. Eu tenho consciência disso mas não acredito que se trave o consumo através do aumento do preço. Temos possibilidade de nos ligar à EPAL e fizemos um excelente acordo com o preço por metro cúbico 0,3870 euros por metro cúbico.

Uma das grandes decisões que tomámos e que nos levou a afastar do sistema intermunicipal das Águas do Ribatejo tinha a ver com isto. O município do Cartaxo tem possibilidade de ir buscar água da EPAL. Não necessitamos de furos para captação de água subterrânea – essa água fica como reserva estratégica. E vamos ter a ligação à EPAL durante 30 anos, renováveis, a partir de 2011 a esse preço baixo. Está a gabar-se de ser um bom negociador? Nós temos uma recepção em Valada. Uma estação de tratamento da EPAL em Vale da Pedra. A conduta que abastece Lisboa passa por aqui. É pela proximidade que conseguimos melhor preço. No sistema multimunicipal os meus colegas vão ter o dobro ou o triplo do preço. Nós chegámos a ponderar na antiga CULT aderir à EPAL mas sabe quanto custava? Quantos quilómetros de rede tinham que ser feitos da Chamusca até Benavente? Cerca de 50 quilómetros. Era incomportável. Isso ia reflectir-se no preço. Sou um defensor do princípio do utilizador/pagador. Quem tem o benefício tem que suportar o seu custo. Dentro de cinco anos estarão feitos investimentos superiores a 20 milhões de euros no Cartaxo nesta área. Será a altura de aumentar o preço.


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Memórias de uma taberna chamada “Felicidade” Manuel Guerra recorda um antigo espaço de convívio da Ribeira do Cartaxo Copos de vinho servidos sobre um balcão de pedra mármore na “Taberna da Felicidade”, na Ribeira do Cartaxo. Rebuçados açucarados para os miúdos que jogavam, lá fora, com bolas de trapo. Ana Santiago O lavrador abria a porta de madeira da “Taberna da Felicidade”, na Ribeira do Cartaxo, e pedia um copo de vinho. “Isso é para pôr na folha”, avisava. “Não te esqueças”, retorquia a proprietária. “Sábado já recebo”, descansava-a o homem de traje de trabalho antes de elevar o rosto e arrasar o copo. Manuel Guerra tinha então sete anos e sentava-se no degrau da taberna deliciado com os rebuçados açucarados que comprava apressadamente a dois tostões. Só os homens eram autorizados a entrar no espaço. De vez em quando os miúdos, como Manuel Guerra, espreitavam a astúcia dos homens que jogavam à bisca com um baralho de cartas. “Não os quero aqui. Ainda aparece a polícia”, avisava a proprietária. O antigo jardineiro, com 76 anos, recorda bem o ambiente de uma de duas tabernas instaladas na Ribeira do Cartaxo que já não existem. Cartolas de vinho tinto e branco, garrafas de aguardente e abafado. No armário envidraçado latas de atum. Mais em baixo maços de cigarro que aqueciam nos dias mais frios. As paredes eram forradas de cartazes de corridas de toiros e de rostos dos campeões de ciclismo e futebol. Os meninos de pé descalço jogavam lá fora com bolas de trapo. Arriscavam técnicas, inspirados nos craques da bola, conversa recorrente entre os homens nas tabernas. As rivalidades entre os adeptos locais atingiam grandes dimensões. “Cartaxo e Vila Chã de Ourique era uma guerra. Cha-

mávamos-lhes o ‘Portugal-Espanha’”, recorda o jardineiro que começou a trabalhar aos doze anos. Para si ficavam os rendimentos de um dia. O dinheiro ganho no resto da semana era entregue aos pais. Com o pouco que recebia tinha que poupar para comprar roupa e sapatos para o dia da inspecção e engordar um mealheiro fundo de latão, arranjado no funileiro, já a pensar no dia do casamento. Nunca deixou muito na taverna, confessa, ao contrário de outros camaradas, fiéis no consumo do então afamado carrascão cartaxeiro. “Puxava mais para a guloseima”, diz sorridente. O seu pai, atesta, nunca foi “homem de taberna”. Trabalhava nos barcos que transportavam o vinho, rio acima, com destino a Lisboa. O Tejo era então a principal via de comunicação e de transporte de mercadorias. A mãe trabalhava no campo. E como outras mães de família raramente passavam as portas da taberna. A não ser que lá entrassem para levar vinho para o jantar. “Os maridos vinham cansados do trabalho e pediam às mulheres que lhe fossem buscar vinho”, recorda. O chinquilho só se encontrava nas tabernas mais modernas do Cartaxo onde existiam salas específicas para se atirar a pequena malha. Era assim no José da Horta, no José Inácio e no José Mendes Valada. A memória de Manuel Guerra alcança para cima de 20 nomes de estabelecimentos. Nem todos apetrechados com o jogo tradicional, mas onde - à falta de melhor entretenimento - também se gastavam copos de vinho tinto e se ouviam relatos na telefonia.

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O MIRANTE | 30 Abril 2009

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Vinhos de qualidade a cinco euros nos restaurantes do norte do distrito de Santarém Iniciativa decorre até Junho e foi recebida pelos produtores com muita satisfação A TAGUS – Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Interior está na origem da iniciativa que é acompanhada de uma imagem própria e integra a acção do “TAGUS’toso”, Promoção da Gastronomia e Doçaria Regionais. “Qualidade a Preço Único” é o mote da acção promocional que a TAGUS – Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Interior, produtores de vinho e nove restaurantes têm a decorrer até Junho. Nos restaurantes aderentes, os clientes irão encontrar a cinco euros, vinhos da região de qualidade. Casal da Coelheira - tinto Reserva de 2007 e Chardonnay branco de 2008; da Herdade de Cadouços - Cadouços Natur tinto de 2007; da Quinta do Coro - tinto Reserva de 2005 e ainda o vinho da Quinta do Vale do Armo - Vila Jardim branco de 2008 e tinto de 2007. Trata-se de uma forma de promover aqueles vinhos que, adquiridos em supermercados ou por outras vias

apresentam, em condições normais, um preço significativamente superior para o consumidor. Os restaurantes aderentes são A Cascata (Abrantes), Almourol (Tancos, concelho de Vila Nova da Barquinha), Herdade de Cadouços (Água Travessa - Bemposta, Abrantes), O Gaveto (Alferrarede, concelho de Abrantes), Sabores do Pinhal (Abrantes), São Lourenço (Abrantes), Remédio d’Alma (Constância), Ti Artur (Alferrarede, concelho de Abrantes) e Três Naus (Fonte da Estrada, concelho de Sardoal). A iniciativa será acompanhada de uma imagem própria e integra a acção do “TAGUS’toso”, Promoção da Gastronomia e Doçaria Regionais. “Na nossa região, onde não temos um turismo estruturado, temos que recorrer a um conjunto de recursos culturais, patrimoniais mas, sobretudo, ligados aos nossos produtos”, defenderam os dinamizadores da iniciativa. A TAGUS - é uma associação privada sem fins lucrativos, constituída no final de 1993, e tem como objectivo principal “a promoção, apoio e realização de um aproveitamento mais

Companhia das Lezírias produz vinhos há mais de um século Vinhos regionais têm a designação “Catapereiro” local onde foram plantadas as primeiras vinhas O início da actividade vitícola da Companhia das Lezírias remonta ao ano de 1881, ano em que se instalou a vinha na charneca de Catapereiro. Essa área foi crescendo até 1934, ano em que a vinha atingiu o seu máximo expoente - cerca de 400 hectares. As castas dominantes na altura eram o Periquita (Castelão) e o Bastardo. Com o passar dos anos, a vinha foi sendo reestruturada, tendo a

Companhia das Lezírias actualmente cerca de 120 ha de vinha, dos quais 65% da área é composta por castas tintas e os restantes 35% por castas brancas. Entre as castas tintas, a variedade Castelão é maioritária, seguida pelas castas Trincadeira, Alicante-Bouschet, Aragonez, Touriga-Nacional, Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot, TourigaFranca, Tinta Barroca e Tinto Cão.

foto arquivo O MIRANTE

racional das potencialidades endógenas” dos concelhos de Abrantes, Constância, Gavião, Mação e Sardoal, tendo em vista “o desenvolvimento

rural em todas as suas componentes e a melhoria das condições de vida das populações aí residentes”.

As castas brancas instaladas são o Fernão Pires, Trincadeira das Pratas, Arinto, Roupeiro, Tália, Verdelho e Vital. Na vinha, tem sido efectuada uma grande reestruturação, sem menosprezar as castas nacionais mas instalando também outras castas que se adaptam bem à região. A gama dos vinhos está organizada da seguinte forma: os vinhos com a denominação "Companhia das Lezírias" são englobados na Denominação de Origem Ribatejo e elaborados essencialmente a partir das castas Castelão, no caso do tinto, e Fernão Pires, no caso do vinho branco. Os vinhos tintos desta gama são estagiados em madeira nova de carvalho americano e francês, reunindo um conjunto único de tipicidade dentro da região Ribatejo em que se insere. Os vinhos regionais possuem a de-

signação "Catapereiro", sendo um lote das várias castas regionais instaladas na nossa vinha. No caso do regional tinto, e em anos em que tal se justifique, é seleccionado um pequeno lote de vinho que vai estagiar em pequenas barricas de carvalho francês, sendo depois engarrafado à parte, dando origem ao "Catapereiro Colheita Seleccionada". Estes vinhos são mais encorpados possuindo um potencial de guarda superior aos outros tintos produzidos na Companhia das Lezírias. Os vinhos de mesa são vendidos sob a denominação "Senhora de Alcamé" sendo elaborados a partir de lotes de vinhos produzidos pela CL que não entram nas restantes marcas comerciais. * Informação retirada do site da Companhia das Lezírias


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Comissão vitivinícola disponibiliza 250 mil euros para promoção Uma gota de água num imenso mar de vontade de dar a conhecer o vinho

foto arquivo O MIRANTE

A Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVRT) vai gastar este ano 250 mil euros na promoção dos vinhos da região. O que para o presidente deste organismo ainda é uma gota de água no muito que é preciso fazer para implementar os néctares da região fora desta, em todo o território nacional, e no estrangeiro. A estratégia de promoção tem passado em grande parte pela divulgação no Ribatejo, mas a nova direcção, que tomou posse no final do ano passado, está apostada em aumentar a divulgação nas outras regiões do país e no estrangeiro, já que o

mercado nacional não tem capacidade para absorver toda a produção. O reduzido orçamento para as necessidades deve-se ao facto de só uma pequena parte (10 por cento) de todos os vinhos feitos na região serem certificados. Recorde-se que os produtores ao sujeitarem os seus vinhos a certificação da CVR têm que pagar uma taxa por cada garrafa e parte desse dinheiro é canalizado para a promoção. E quanto maior for o volume de certificação mais acções de marketing se podem fazer. Já estão previstas acções junto da restauração

em Lisboa e no Porto depois de já se ter realizado uma no Algarve. A CVRT vai também lançar um site na internet para dar mais visibilidade à marca, à região e aos agentes económicos. O presidente da comissão, José Pinto Gaspar disse durante uma palestra promovida pela Viticartaxo, no Cartaxo, que há operadores que investem dez milhões de euros numa adega e depois não investem dez mil euros sequer na promoção. “Se apostarmos na promoção conseguimos ir em frente”, realçou, acrescentando que se vai proceder à ligação das estratégias de divulgação a outras entidades e produtos regionais. “A região tem vários atractivos que vamos chamar em conjunto com a promoção dos vinhos. É controverso por exemplo ligar o vinho ribatejano às touradas, sobretudo no estrangeiro, por causa das questões ligadas à protecção dos animais, mas podemos ligá-lo aos cavalos”, exemplifi cou. José Pinto Gaspar entende também que as adegas cooperativas têm que apostar na contratação de pessoas com currículo na área das exportações e da promoção no estrangeiro para se ganhar quota no mercado externo, porque, sublinha, “é necessário investir fortemente no estrangeiro”. Segundo os dados da CVRT a área de vinha instalada na região é de 19.989 hectares, representando 8,5 por cento do total nacional, sendo

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Restaurante Almourol serve vinho a copo O restaurante Almourol passou a disponibilizar aos clientes vinho a copo. Uma inovação que segue uma linha do estabelecimento situado em Tancos, concelho de Vila Nova da Barquinha, de apostar em bem servir as pessoas que o procuram para se deliciarem com vários pratos da cozinha tradicional. O restaurante tem um vasto leque de marcas de vinho e basta aos clientes escolherem o seu preferido. Branco ou tinto é só escolher a melhor opção para acompanhar o seu prato favorito e deliciar-se com a magnífica vista para o castelo do Almourol. O restaurante possui uma sala de refeições para 80 pessoas e um salão panorâmico com vista para o Tejo e o castelo de Almourol, onde pode fazer a sua festa. Dispõe ainda de uma esplanada natural na margem do rio, de um parque infantil e parque de estacionamento. O restaurante, que encerra às terças-feiras, apresenta nas suas ementas outros pratos deliciosos como os lombinhos de porco à ribatejana, couvada de bacalhau à ribatejana, ensopado de borrego com alecrim, bacalhau com broa ou cabrito e coelho à lagareiro. O restaurante dispõe de uma página na internet onde podem ser obtidas mais informações, em www.almourol.com. E pode ainda contactar o estabelecimento através do telefone 249 720 100.

que a maior área (11.993) é de castas brancas. A produção média anual, entre 2003 e 2007, tem sido de 745 mil hectolitros.


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