SJ_Informativo

Page 1

2º SEMESTRE DE 2011 NÚMERO 08

IRMÃS DE

SÃO JOSÉ

www.isjbrasil.com.br e-mail: revista@isjbrasil.com.br


S u m á r i o

Editorial

Leia neste oitavo número

NO PROJETO DE DEUS O “PEQUENO PROJETO”

3

- Província de Porto Alegre

PARTILHA DO CARISMA - Leigos e Leigas: quem acolhe o Espírito, caminha com Ele

ESPIRITUALIDADE

4 5

- Espiritualidade da Família de Nazaré

PRESENÇA SERVIÇO - “Missão é, antes de tudo, uma viagem para o coração de Deus.” - Estar com o povo é realizar minha missão - Comunidade Bom Pastor em missão - Educação Formal na Periferia de Uberlândia - O futuro da Associação SIPEB - Irmãs de São José contribuem na organização e realização do Bicentenário da Festa de Nossa Senhora dos Navegantes - Curtindo com o povo de Conselvan a

6 12

ENTRELAÇANDO FORÇAS - Fórum da Juventude - Programa Semeando Vida - “Não estava o nosso coração ardendo quando Ele nos falava pelo caminho?” - Boa Esperança

13 a 16

ATUALIDADES - A Congregação do Grande Amor de Deus - Lideranças a serviço - Chambéry, berço de uma cultura missionária!

17 a 19

TESTEMUNHOS DE VIDA - Irmãs Jubilares - Consagração Definitiva - Compartiendo Experiencia

20 a 27

GERAL - Conselho Amplo, espaço de participação - Novas Diretrizes Gerais da Igreja - De volta às raízes - Discípulos missionários “biblicamente” animados - A arte do desapego - Novos tempos x Diferentes Gerações - Colégio São José, uma Escola para a Vida!

28 a 35

EXPEDIENTE: Publicação das Irmãs de São José - Brasil, Bolívia Equipe de coordenação: Ir. Adelide Canci, Ir. Andréia Pires, Ir. Antenesca Michelin, Ir. Ires Lídia Grandi, Ir. Maria Elizabete Reis Editoração Eletrônica e Impressão: Editora São Miguel Tiragem: 8.500 Desejamos a você uma boa leitura. Aguardamos suas sugestões e apreciação, no e-mail: revista@isjbrasil.com.br

Queridos leitores, Essa Revista baseia-se na premissa do comunicar. Objetiva ser um instrumento de comunhão, de formação e de informação entre as Irmãs de São José, Leigos e Leigas do Pequeno Projeto, amigos, familiares e colaboradores. A cada edição, um novo cenário é composto, vidas distintas dão-se a conhecer, trajetórias passam a ser compreendidas, diversos sentimentos desencadeados, temas do cotidiano são abordados, diferentes experiências retratadas, realidades distantes chegam aos nossos olhos, outros sinais são reconhecidos, novas perspectivas surgem, conceitos e aprendizados são incorporados em nossas vidas, memórias eternizadas... Este é um lugar legítimo de vivência da Unidade e de socialização de saberes, conquistas, sonhos, desafios, possibilidades, alegrias e dificuldades. Como Equipe que une esforços, pensa, contata pessoas, recebe artigos, editora os diferentes textos e imagens, enfim, trabalha para que cada leitor tenha acesso a essas linhas, estamos felizes por desempenhar tal tarefa. Sabemos que, às vezes, ocorreram falhas, mas as mensagens que recebemos nos fazem olhar além. Levam-nos a perceber que é nossa obrigação continuar possibilitando o processo de troca, o estabelecimento de parcerias e o envolvimento de todos com a vida e a missão da Congregação das Irmãs de São José além-fronteiras geográficas e culturais. Ousamos afirmar que a ação transformadora do carisma de Comunhão, no mundo, passa pela comunicação, pelas informações compartilhadas, vivenciadas, assumidas e incorporadas no cotidiano da vida e da missão. Nesse sentido, é importante enfatizar outro instrumento de comunicação das Irmãs de São José: o website (www.isjbrasil.com.br). Por mês, são mais de três mil acessos. Esse meio possibilita que as informações circulem com rapidez e eficiência, gerando integração e interação entre as pessoas das mais distintas realidades. Esses espaços de comunicação e, por decorrência, de Unidade - a revista e o website - são uma forma de apropriar-se dos fatos e de estar sempre em sintonia com a Igreja e com os acontecimentos do mundo. Como Equipe, refletimos sobre o que mais podemos tornar comum, de que forma podemos estabelecer novos laços de Comunhão, como participar da vida das Comunidades, quais intercâmbios podemos promover entre as diferentes Pastorais... Assim, deixamos o desafio para que todos os leitores participem desse processo de reflexão e de comunicação através do e-mail: revista@isjbrasil.com.br. Podem ser enviadas sugestões, comentários, poesias ou artigos que retratem a vida, entrelacem forças para a missão e inspirem na vivência Comunhão - pessoas, presenças, olhares, gestos, acontecimentos. Aguardamos sua manifestação. Desde já nosso sincero agradecimento e que Deus abençoe a todos! Equipe de Coordenação Revista - Irmãs de São José


No Projeto de Deus, o “Pequeno Projeto” Província de Porto Alegre A Província das Irmãs de São José, situada em Porto Alegre/RS, foi fundada a partir de uma significativa causa histórica: “O crescente número de Irmãs e de obras, na Província das Irmãs de São José do Rio Grande do Sul, com sede em Garibaldi, desencadeou a necessidade de seu desmembramento, a fim de atender melhor a vida e missão das Irmãs - constituir duas Províncias.” Este Projeto foi levado ao Capítulo Geral em Roma, em 1958, que optou por constituir uma nova Província, com sede em Porto Alegre. O Conselho Geral, em 1962, nomeou Madre Joana Maria Muraro como primeira Superiora Provincial da nova Província, dando-lhe a responsabilidade de escolher as Conselheiras Provinciais. Em novembro do mesmo ano, o Conselho Geral ratificou a escolha, assim constituída: Irmã Fidélia Sanson – Assistente Provincial, Irmã Maria Antonieta Baggio – 2ª Assistente e Secretária Provincial, Irmã Maria Inês Muraro, Irmã Severina Simionatto e Irmã Jeanne Toigo – Conselheiras. A Superiora Geral expediu, então, uma circular comunicando a fundação e aprovação da Nova Província, com o nome de PROVÍNCIA DE NOSSA SENHORA DO SAGRADO CORAÇÃO, com sede em Porto Alegre. Passariam a pertencer à nova Província, 26 Comunidades e 306 Irmãs. A instalação da mesma se fez, em 17 de março de 1963, em Viamão/RS. Em 24 de outubro do ano seguinte, foi aprovada uma nova divisão da Província do Rio Grande do Sul em três Províncias: Garibaldi, Porto Alegre e Lagoa Vermelha, podendo cada uma ter o próprio Juvenato e Postulado. Para a Província de Porto Alegre foram designadas 20 Comunidades e 284 Irmãs. Em janeiro de 1965, as Postulantes da primeira turma da Província, numa cerimônia festiva na Capela do Colégio Sévigné, receberam o hábito das Irmãs de São José, iniciando o Noviciado. Nestes 40 anos, estiveram na liderança da Província, como Superioras Provinciais, as Irmãs: Madre Joana Maria Muraro, Madre Teresinha do Menino Jesus Nodari, Irmã Maria Inês Muraro, Irmã Helena Maria Bianchi, Irmã Guiomar Theresina Chemello, Irmã Lília da Cruz Batagelo, Irmã Teresinha Pegoraro, Irmã Ivani Maria Gandini, Irmã Alirce Paulina Frigotto Zanella. Com muito empenho, lutas e esforços, a Província constatou crescimento na própria caminhada. Procurou organizar-se de modo a favorecer o diálogo e a participação das Irmãs, responder aos apelos da Igreja e às necessidades do povo. Face à abertura do Concílio Vaticano II e o apelo às Congregações Religiosas a voltarem às Fontes Fundantes, optou-se pela simplificação do “hábito religioso” e “uso do traje civil”. No final dos anos 60 e início de 70, aconteceram vários fatos que merecem ser destacados: inúmeras desistências da Vida Consagrada, tanto de Irmãs de Votos Perpétuos como de junioristas; poucos ingressos de vocacionadas à Vida Religiosa e muitos falecimentos de Irmãs. Esses motivos levaram a Província a diminuir o número de obras e solicitar às Irmãs que trabalhavam em obras de terceiros, seu retorno e dedicação ao que pertencia à Congregação. Algumas Escolas e Hospitais foram fechados, vendidos e/ou passados a administração de terceiros. Em 28 de fevereiro de 1981, a Província acolheu o convite do Bispo do Vicariato Apostólico del Beni, Bolívia, enviando em missão para a cidade de Magdalena, quatro Imãs: três da Província de Porto Alegre e uma de Caxias do Sul. A missão foi crescendo acompanhada pela Província de Porto Alegre e com intercâmbio com a mesma. A partir de fevereiro de 2011,

passou a ser Região da Bolívia, tendo cinco Comunidades instaladas com oito Irmãs bolivianas, oito brasileiras e três postulantes. Ao longo destes anos, o Noviciado passou por diferentes situações: esteve aberto por alguns anos; fechou um tempo por solicitação do Governo Geral. Fez experiência de integração com a Província de Caxias do Sul, depois com Caxias e Lagoa Vermelha e, de novo, somente Porto Alegre. No ano 2000, foi constituído o Noviciado São José do Brasil, com sede à Rua Cachoeira, 466, em Porto Alegre/RS. Desde 2008, o mesmo está instalado em Indaiatuba/SP. As dificuldades encontradas em manter as três Escolas que possuímos, Sévigné e São Luiz em Porto Alegre, Santa Joana d´Arc em Rio Grande, por vários motivos e inclusive um número reduzido de Irmãs, levou-nos a passar a administração das mesmas à Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus, de Curitiba/PR. A missão da Província se torna significativa, com o empenho de cada Irmã que procura integrar “ação-contemplação” nas mais diversas atividades junto aos mais necessitados: Pastoral Paroquial e Familiar, Catequese, Formação de Lideranças, Trabalho com Mulheres, Projetos Sociais, Educação Popular, Atendimento à Saúde, Visitas a pessoas idosas e enfermas, Apresentações artísticas em tratamento integrado, Serviços domésticos, Cuidado às Irmãs idosas e doentes, Administração da Província e Presença de apoio nas três escolas conveniadas com a Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus. As Irmãs buscam cultivar-se através da oração, leitura, vivência da Espiritualidade da Congregação. Procuram viver a solidariedade no que envolve a vida de todas as Irmãs, dando ajuda fraterna. Participam da elaboração do Plano Provincial e Comunitário, num espírito criativo e dinâmico, buscando vivê-lo em profundidade, na ajuda, no diálogo e no perdão. Nas reuniões comunitárias, programam suas atividades, rezam, refletem, avaliam a própria caminhada e buscam também momentos de lazer. A Província, atualmente, conta com 16 Comunidades e 105 Irmãs Professas Perpétuas e está assim organizada: - Conselho Provincial, composto de cinco Irmãs; - três Grupos de Comunidades, com cinco ou seis Comunidades em cada um, reunindo-se em duas Assembleias anuais; - Equipes de Formação, de Animação Vocacional, de Leigos e Leigas do Pequeno Projeto (LLPP); - duas Associações Jurídicas com duas Assembleias específicas. É maravilhoso e gratificante, para todas nós, retomar a história da Província, perceber, com alegria e ação de graças, a maneira como Deus conduziu cada pessoa na vivência da Consagração ao seguimento de Jesus Cristo na Congregação, na Igreja. E, em cada decisão/ação ou em projeto pessoal de amor, manifestar o desejo do anúncio do Reino. Podemos lembrar vidas doadas, vidas que ainda se doam a serviço da UNIDADE! Foram sementes lançadas que, a seu tempo, brotaram, estão brotando ou brotarão, construindo a “Congregação do Grande Amor de Deus”.

Ir. Ivani Maria Gandini, Ir. Maria do Carmo Sebben Ramos e Ir. Teresinha Pegoraro - Porto Alegre/RS 3


Partilha do Carisma

Leigos e leigas Quem acolhe o Espírito, caminha com Ele

O Pequeno Projeto, pequeno pela humildade e simplicidade, é de dimensão mundial, pela graça de Deus. Somos herdeiros/as de uma história que nos orgulha pela sua força evangélica e de um carisma que nos interpela à vivência da Comunhão. Com a graça de Deus a intercessão de São José, a proteção do Pe. Médaille, nós, Leigos e Leigas do Pequeno Projeto – Província de Lagoa Vermelha, nos sentimos fortalecidos/as na vivência da Espiritualidade da Congregação das Irmãs de São José de Chambéry. Somos, aproximadamente, 140 participantes no processo de aprofundamento e vivência da Espiritualidade e dentre esses, 55 com compromisso. Reunimo-nos mensalmente para refletir, aprofundar e celebrar nossa vida e missão. Não faltam momentos de lazer que unem cada vez mais os grupos. Anualmente, refletimos um tema comum. Este ano retomamos a vida e missão da Madre Saint Jean Fontbonne que muito nos edificou e interpelou. Também fazemos o retiro anual com um texto Bíblico e relacionando-o com nossa espiritualidade. No mês de setembro o tema foi: A samaritana que bebe do poço e nosso Fundador que nos convida beber nos três Mistérios fundantes de nossa espiritualidade: Trindade, Encarnação e Eucaristia. Em 2011 recebemos um livro composto pelas Irmãs que contém a história, vida e missão das Irmãs de São José e a caminhada dos Leigos/as. Estamos nos familiarizando, nas reuniões mensais, com o conteúdo do mesmo. À medida que aprofundamos o chamado de Deus para viver o carisma de comunhão, fortalece em nós a convicção de viver a unidade na família, na comunidade local, no trabalho e nas pastorais. Estamos dando passos no exercício de liderança, coordenando as reuniões, participando na equipe central de organização e tomada de decisões, exercício que nos forma sempre mais como discípulos/as e missionários/as no seguimento de Jesus. Agradecemos a Deus o chamado e a coragem a darmos respostas no cotidiano da vida. Agradecemos também, o carinho das Irmãs que nos acompanham. Equipe Central dos LLPP Lagoa Vermelha/RS 4


Espiritualidade

A espiritualidade da família de Nazaré moestação às famílias, para que sintam a alegria do chamado de Deus à participação no seu Projeto de Vida. As dificuldades e os desafios fazem parte da vida humana. Seria ingenuidade imaginar a vida de cada pessoa e a de cada família sem as alegrias e também as dificuldades. Importante é saber viver as alegrias e enfrentar as turbulências que a vida apresenta, assim como nos ensina a família de Nazaré. Em sendo assim: • que dentre tantas características de José, a confiança em Deus, o respeito a sua esposa, Maria, o cuidado e o zelo pela vida de Jesus, o trabalho, a vida de oração e a humildade possam ser motivação e ajudar aos pais de família a encontrar a beleza e a alegria da paternidade responsável; • que dentre tantas características de Maria, a entrega a Deus, a escuta atenta à Palavra de Deus, o zelo pela vida de Jesus, o cuidado ao seu esposo, a ternura, a força, a coragem e a humildade, sejam motivação fundamental para a missão materna e terna de todas as mães; • que todos nós, como filhos, saibamos acolher bem nossos pais, ouvir nossos pais, caminhar com nossos pais e sentir-nos família do Povo de Deus; • que todos nós, como discípulos, sintamo-nos chamados a conhecer e a estar com o Mestre, e anunciá-lo a todos os povos e nações com convicção e alegria. Que nenhuma realidade da família humana seja indiferente à vida da família cristã. Que não tenhamos medo de enfrentar os desafios do tempo hodierno. Que tenhamos confiança e coragem de assumir a missão que o Senhor nos confia. Que a espiritualidade da família de Nazaré seja para todas as famílias uma palavra de conforto, de ânimo e segurança para trilhar o “caminho da vida”.

No Século XX, mas, sobremaneira, Século XXI, tem-se observado muitas mudanças na compreensão da família, especialmente, ao que se tem chamado comumente de família tradicional, ou seja, da família constituída com pai, mãe, filhos, morando numa casa, ambiente comum da família. A denominada família tradicional, e tradicional não tem aqui sentido negativo ou pejorativo, não foge aos padrões atribuídos, já, há muito, a essa maneira sociocultural de compreender a família. Sem entrar no mérito e no juízo de tal leitura, lembra-se apenas que tal compreensão não será posto, por um lado, como o único e o exclusivo modo de leitura de família nos dias atuais, pois há outros modos de compreender a relação familiar. Mas, também, por outro lado, a família tradicional não será desvalorizada na perspectiva de que tal sentido esteja ultrapassado. Antes, pelo contrário, tal modo de compreensão de família, segundo nos parece, precisa ser ainda melhor compreendido e valorizado. O objetivo neste espaço de reflexão não é elencar uma série de pontos de tensão acerca da compreensão de família nos tempos hodiernos. Trata-se, outrossim, de destacar alguns elementos importantes da espiritualidade da família à luz da família de Nazaré. Urge, para tanto, em primeiro lugar, delimitar o ponto de partida para a compreensão da importância da família de Nazaré, a saber: por um lado, não é possível aceitar a tese de que a família de Nazaré não tem absolutamente nada a dizer às famílias atualmente, Século XXI; por outro, não é prudente idealizar de tal modo a família de Nazaré de maneira a inviabilizar o caminho itinerante da família contemporânea, tornando a família de Nazaré um modelo quase que inatingível. Assume-se, então, aqui, a postura de que a família de Nazaré é modelo, primeiro, por ser a família de Jesus, segundo, porque é a família que assume os desafios com toda confiança em Deus. A força e a coragem da família de Nazaré têm sua fonte primeira e última na graça de Deus. Bem, lembrando que espiritualidade vem de Espírito. Espírito que é sopro. É ânimo. É coragem. É força. É vitalidade. É plenitude. É liberdade. É vida em Deus. E, lembrando, também, que Maria e José foram escolhidos e preparados por Deus para constituir a família de Jesus, a seguir, a duas características importantes que compõem a riqueza e a profundidade da espiritualidade da família de Nazaré, dar-se-á destaque. a) Família de Nazaré, Maria e José, tem convicção de que o Plano de Deus está acima do plano pessoal. Acima não no sentido de ignorar ou desmerecer o plano pessoal ou mesmo o plano familiar, mas de iluminá-lo e orientá-lo na direção de lugar, de tempo e de sentido. Numa palavra, eles se sentem seguros e alegres por estarem “nas mãos de Deus”, ainda que eles sintam e sofram com as incertezas e as inseguranças de seu tempo. Sobre esse aspecto, veja-se, por exemplo, a atitude de Maria enquanto faz-se serva e ouvinte humilde e fiel à Palavra de Deus. Veja-se, também, a atitude de José enquanto ouve a voz do Anjo de Deus e busca compreender tudo o que se passa em torno a si e em torno à sua prometida esposa, Maria. b) Família de Nazaré, Maria e José, tem convicção de que a participação no Plano de Deus é de muita importância e precisa ser acolhido e auscultado, ou seja, precisa ser discernido constantemente com atitude de liberdade, de amor, de temor a Deus e de entrega total. Muitos foram os momentos de dificuldades pelos quais passaram José e Maria, mas eles não desanimaram e não se deixaram abater, porque, pela graça de Deus, pelo esforço pessoal, pela presença da comunidade, sentiam-se participantes e comprometidos com a realização do Plano de Deus. Pois bem, diante das alegrias e dificuldades pelas quais passam as famílias do tempo atual, oportuniza-se, neste espaço, uma espécie de ad-

Pe. Paulo César Nodari - Diocese de Caxias do Sul/RS

5


Presença Serviço

“Missão é, antes de tudo, uma viagem para o coração de Deus.” ver as casas, as estradas, pessoas sujas, famintas, crianças maltrapilhas… Então caí em mim: “Estou na África!”. Por mais que eu tenha visto miséria no Brasil, nada é comparado a esta realidade. Agradeci a Deus por estar aqui. Aos poucos, fui acostumando a minha visão e comecei a perceber a belezas ao meu redor. A natureza aqui, por enquanto, até que a seca não comece, é belíssima: o verde das matas, as montanhas de pedras, o pôr do sol. Nunca vi uma paisagem tão linda! Penso que não deve existir no mundo um pôr do sol tão lindo. A acolhida das pessoas, mesmo de formas tímida e discreta, o sorriso das crianças quando lhe damos atenção ou manifestamos algum gesto de carinho, o jeito do povo de se cumprimentar, de rezar fervorosamente, de se organizar, as missas alegres, festivas e longas. O tempo não importa para o povo, o importante é viver o momento presente. Todos são muito pobres. Fico assustada e surpresa ao perceber que conseguem viver com tão pouco. Eles não têm NADA no sentido material e parecem não se importar muito com isso. Não tem ambição, está bom assim… Parecem conformados com a pobreza. Outro dia visitamos uma senhora que tem reumatismo nas pernas e não anda. Ela fica o dia inteiro sentada fora da casa, no chão, em uma esteira, fazendo artesanato com cipó. Disse-nos que era para vender e comprar sabão. Ela tinha um olhar triste e sofrido, mas me olhou sorrindo e disse “Karibu Sista” - Bem vinda, Irmã! É uma cultura que ainda não consigo compreender. Estou, por enquanto, acolhendo tudo o que vejo, tudo que ouço e, como Maria, guardando no coração. Tenho a graça de estar sendo introduzida nesta realidade (cultura, língua, costumes) com carinho e paciência pelas Irmãs que aqui já estão aqui há algum tempo e são, junto ao povo, uma presença amiga, simples e discreta que cuida, acolhe e ama na gratuidade. Como diz Paliari, em seu livro “Espiritualidade e Missão”, missão é, antes de tudo, uma viagem, um caminhar para o coração de Deus. E fazer este caminho não é fácil. Exige humildade, simplicidade, compaixão. Exige renúncias, perdas e até mortes. “Se o grão de trigo não morre, não poderá dar frutos” (Jo 12, 24-25). Este é caminho missionário, não há outro. Percebo-me neste processo caminhando para o coração de Deus, nesta terra sagrada que atrai, seduz, questiona, desafia e que precisa de nós, tanto quanto precisamos dela para nos humanizar. Estou feliz por estar neste caminho. Agradeço a Deus e a todas as pessoas que estão me possibilitando viver este momento. Saudações tanzanianas a todos.

Há algum tempo, senti o chamado de Deus para a missão na África, mais especificamente, na Tanzânia. Esse desejo surgiu a partir de um apelo feito pela Congregação em 2007, solicitando Irmãs para colaborar na animação vocacional e formação na Tanzânia. Ao ouvir o apelo, pensei: “Eu posso contribuir, eu quero ir”. Na verdade sempre senti atração pela África em meu coração, entretanto, poucas pessoas tinham conhecimento disso. Iniciei então o processo de discernimento através de retiros, partilhas, acompanhamento pessoal. Muitos questionamentos e dúvidas surgiram. Em diversos momentos pensei que não era a hora de assumir algo tão desafiador, que havia pobreza e pessoas necessitando de Deus em todos os lugares onde eu poderia servir, que não havia necessidade de ir tão longe, entre outras indagações. Tentei fugir e me distanciar deste apelo de diversas formas. Mas, quando Deus quer, Ele sempre encontra uma maneira de nos conquistar e assim, como Jeremias, eu me rendi: “Seduziste-me Senhor e eu me deixei seduzir. Foste mais forte do que eu: venceste” (Jr 20, 7a). A partir deste momento, iniciei concretamente a preparação para assumir a missão. Sentia-me feliz e, ao mesmo tempo, ansiosa. A parte mais difícil foram as despedidas da família, das Irmãs da Província, do Regional Pantanal da Comunhão, do SAV, das amigas e amigos. No entanto, sentia-me em paz, percebendo-me enviada, apoiada e amada por todos. O que me deu e continua dando forças é a certeza de que quando Deus chama e respondemos com generosidade, Ele também cuida de providenciar os elementos que precisamos para o caminho. “Nada temas, estou contigo” (Is 41, 10a), é a Sua promessa. Certa da companhia e do cuidado de Deus e fortalecida pelo apoio e carinho das pessoas, parti em direção à Tanzânia. Cheguei no início de maio. As Irmãs de minha comunidade em Msaba Mkuu, Valesca Mesquita Orsi e Luiza Rodrigues, acolheram-me com muita alegria, pois já me aguardavam ansiosamente há algum tempo. À primeira vista, tive um impacto: “Meu Deus, quanta pobreza” pensei, ao

Eliana Aparecida dos Santos - Tanzânia - África 6


Estar com o povo é realizar minha missão

entre ajuda. Existe um clima de liberdade, cada um é respeitado em sua dignidade de filho de Deus. Eu visito as famílias que se encontram em necessidades. As visitas são feitas durante a semana. Eu vou de ônibus até o bairro e volto a pé, para fazer minha caminhada e manter-me ativa. Isso me faz muito bem. Através do Clube de Mães, fizemos vários convênios com entidades sociais para atender crianças, adolescentes, jovens e a terceira idade. O meu tempo fica bastante preenchido, porque muitas pessoas me procuram para conversar, pedir orientação, desabafar e contar suas alegrias e conquistas. Meu sonho, hoje, é poder ir à noite ao bairro, junto com o grupo das zeladoras, para a visita das capelinhas e rezar com as famílias. Outro sonho é poder organizar grupos de Leigas e Leigos do Pequeno Projeto, com eles aprofundar a espiritualidade e Carisma da Congregação. Eu penso muito nos jovens de hoje e digo: jovens, vocês precisam estudar, fazer faculdade e especializar-se, não só academicamente. Lembrem-se de que o Reino de Deus precisa de jovens comprometidos com a construção de um mundo mais humano. Não esqueçam que o mundo, hoje, exige pessoas preparadas em todos os sentidos. O povo precisa da presença de pessoas que tenham Deus em seu coração, que amem a vida e que amem a natureza. Vou ao bairro visitar as famílias necessitadas e doentes, pois percebo que elas têm muito mais dificuldades e dores do que eu. Se eu ficar em casa, fico escutando as minhas dores e as minhas necessidades se tornam ainda maiores. A escuta e a partilha me fazem feliz e sentir-me bem. Hoje, sou feliz como pessoa e realizada como Irmã de São José. De vez em quando tenho uma grande surpresa. Uma foi quando recebi o título de Cidadã Vacariense. E agora, uma creche vai receber o meu nome. Creche Municipal Irmã Maria Érica Caimi. Isso revela que estou fazendo algo para a comunidade e sou por ela reconhecida.” Ir. Maria Érica Caimi Lagoa Vermelha/RS

Na região dos Campos de Cima da Serra do Rio Grande do Sul, situa-se Vacaria, cidade que possui aproximadamente 64 mil habitantes. Dentre os muitos Bairros desta cidade, um deles faz a diferença pela sua história. Esse é o Bairro São José onde moram cerca de 180 famílias. Suas moradias são casas populares que surgiram sob o olhar atento de Irmã Maria Érica Caimi. Hoje, com 92 anos de idade, a dedicada Irmã está em plena atividade pastoral. Seu depoimento mostra como seu jeito de ser e agir faz a diferença: “No início de minha vida eu queria trabalhar com o povo, mas precisava-se de auxiliares na farmácia do Hospital Nossa Senhora da Oliveira. Eu entendi que essa era uma missão para cuidar de muitas vidas. Aceitei o pedido e me preparei para isso. Dei o melhor de mim para atender as pessoas. Eu as auxiliavam nos medicamentos. Meu sonho de estar lá no meio do povo continuava vivo. Em 1994 comecei um trabalho junto às pessoas do bairro São José, em Vacaria. No início, trabalhava com a Pastoral da Criança debaixo de uma árvore, pendurávamos a balança nos galhos para a pesagem. Pleiteávamos uma sala para trabalhar e poder estar abrigadas das intempéries da natureza. Com o passar do tempo, as pessoas começaram reconhecer a importância de nosso trabalho e ver seus resultados. Foi então que o pároco e a comunidade empenharam-se para nos ajudar a construir um salão. Mas isso não era suficiente para o bem estar das pessoas. Era necessário que houvesse lideranças para organizar o bairro que crescia e não tinha a infraestrutura necessária. Com um grupo de mulheres, conseguimos reunir mais pessoas e fomos à Prefeitura pedir uma atenção especial para nosso bairro. Aos poucos, conseguimos água, luz, esgoto e muito depois, algumas ruas asfaltadas. O importante, em tudo isso, é que o povo criava consciência de que precisava organizar-se para conseguir seus direitos. Nossas idas para frente da Prefeitura ou encontros com o prefeito tornaram-se uma constante. Eu nunca estou sozinha, sempre encontro lideranças que somam forças no trabalho comunitário. Hoje, desenvolvemos trabalhos de pintura e costura que são comercializados e ajudam na economia doméstica das participantes. Também oferecemos formação humana, cristã e momentos de 7


Comunidade Bom Pastor em missão Há nove anos, no dia 30 de agosto de 2000, a Província do Paraná atendeu ao pedido do Bispo da Diocese de Ruy Barbosa, Dom André De Witte, enviando Irmãs para ser presença de UNIDADE junto ao povo de Miguel Calmon, na Bahia. As pioneiras foram: Luzia de Barcelos, Irena Pilz e Maria das Graças Vieira. Atualmente somos três Irmãs na Comunidade. O município tem aproximadamente 37 mil habitantes, sendo 15 mil na cidade e 17 mil na zona rural. A maioria das famílias é de média e baixa rendas. Não há muitas opções de trabalho, acirrando o problema do desemprego e levando muitos adultos e jovens a migrarem para outras cidades em busca de melhores condições de vida e da própria subsistência. Muitas famílias em situação de vulnerabilidade estão vinculadas aos programas sociais do Governo Federal, tais como Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada. Culturalmente é um povo submisso, dependente, por causa do coronelismo que ainda impera na região nordeste. A Paróquia está organizada em 53 Comunidades. Prevalecem as devoções populares, destacando a festa de São João, caminhadas, procissões, novenas e demais festas de padroeiros/as. Em comunhão com a comunidade paroquial, nós, Irmãs de São José, temos como objetivo em nossa missão: “Evangelizar a partir do encontro com Jesus Cristo, como discípulos missionários, à luz da evangélica opção pelos pobres, promovendo a dignidade da pessoa, renovando a comunidade, participando da construção de uma sociedade justa e solidária, para que todos tenham vida em abundância” (Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora 2008 a 2010 CNBB). Estamos envolvidas nas diversas pastorais (litúrgicas, catequéticas, pastorais sociais e ministérios), na formação de lideranças, no acompanhamento às famílias e às comunidades rurais, no encaminhamento de políticas públicas junto ao governo municipal e no incentivo à produção e geração de renda (padarias comunitárias, bordados, costuras, confecção de produtos de higiene e limpeza). Percebemos como avanços: a organização em rede de comunidades na perspectiva de CEBs, a formação e surgimento

de novas lideranças e a administração dos sacramentos. Os desafios são: as distâncias e dificuldade de locomoção, a falta de oportunidades de trabalho, a pobreza, a acomodação e a pouca de participação. Minha experiência pessoal: Eu, Irmã Almerinda Gesser, após 28 anos em atividades administrativas na Província do Paraná, resolvi correr atrás de um sonho que sempre me acompanhou: “trabalhar numa comunidade inserida junto ao povo”. Mas, depois de tantos anos em trabalhos burocráticos, como deixar tudo e partir para uma realidade totalmente diferente? Resolvi correr o risco. Foi uma experiência desafiadora. Em março de 2009, vim para Miguel Calmon/BA. Graças a Deus, recebi muito apoio da comunidade, do pároco e povo em geral. O que não esperava era enfrentar uma situação mais difícil, quando no segundo semestre de 2010, ficamos sem padre na Paróquia. Além da solicitação do Bispo para assumir a coordenação da Paróquia, estou engajada nas diversas Pastorais, colaborando na formação de lideranças. Participo, também, do ECC (Encontros de Casais em Cristo), que está sendo uma experiência muito rica. Tive a graça de participar de três Missões Diocesanas, uma, em nossa paróquia e duas em outras Paróquias da Diocese. É uma experiência indescritível. Uma graça muito grande levar a Palavra de Deus e aprender com o povo. Vale a pena correr atrás do sonho, mesmo que para isso tenhamos que nos arriscar pelo Reino! Irmã Almerinda Gesser Miguel Calmon/BA

8


Educação Formal na Periferia de Uberlândia

Eu trabalho já há sete anos como secretária escolar numa Escola Municipal na periferia de Uberlândia, no interior do estado de Minas Gerais. A Escola tem 160 funcionários e 1.670 alunos, entre o 1° e o 9° ano do Ensino Fundamental. A Escola atende a comunidade que habita os arredores da penitenciária, sendo um grande número dos alunos filhos ou esposas ou irmãos de encarcerados. As famílias vêm até esta localidade para estar perto do preso e, por isso, moram em situações bem precárias, geralmente, não têm emprego ou sobrevivem como catadores de lixo reciclável. Existe uma miséria generalizada, ocasionando o uso abusivo de álcool e drogas como maconha, craque, cocaína e outros. Muitos dos homens, mulheres, jovens adolescentes e até crianças estão envolvidas em atividades criminais. São ladrões, assassinos e muito violentos. Há muitas adolescentes grávidas, cujas crianças têm pais detentos e sem qualquer estrutura familiar. O trabalho de educação nesta Escola vai além do trabalho da educação formal porque nós, os funcionários, precisamos ajudar este povo a sentir que são seres humanos. Dedicamos muito do nosso tempo escutando, dando conselho, orientando a respeito de opções em situações de risco e crime, de como conseguir um mínimo de dignidade. Precisamos ser sempre alertas porque nossa situação é de insegurança constante devido à imprevisível reação dos alunos e suas famílias. Nós nos esforçamos para tratar cada pessoa com a dignidade que merece. Educação em uma escola assim precisa atender às necessidades sociais porque somos a única referência para a maioria das famílias. Trabalhando neste ministério, acredito que as dimensões do amor, da misericórdia, da compaixão, da espiritualidade, da sinceridade, do respeito e, sobretudo, do silêncio em certos momentos, tornam-se sinais do carisma das Irmãs de São José visíveis e vivos na vida dessas pessoas! A diferença na maneira de agir e a busca contínua do reconhecimento do amor de Deus se concretizam nas relações com colegas e com a comunidade que servimos. 9

Ir. Ireny Rosa da Silva Irmã de São José de Rochester Uberlândia/MG


O futuro da Associação SIPEB Uma organização que se inspira no direto de oportunidades para todas as pessoas, e que se inquieta juntando-se a tantas gentes e organizações, procurando diminuir as diferenças sociais, não pode se permitir envelhecer. Desde 1859, a Associação de Instrução Popular e Beneficência (Associação SIPEB) aprendeu, com mulheres francesas, apaixonadas por Cristo e pelo povo brasileiro, a transformar dificuldades em oportunidades. A carência de quase tudo na chegada das Irmãs de São José ao Brasil, iniciando o Colégio Patrocínio, primeiro colégio religioso feminino no Estado de São Paulo, transformou-se, em 1911, na Associação de Instrução Popular e Beneficência. Um arco-íris de escolas e orfanatos espalhados pelo Estado de São Paulo. O nome diz sua missão: educar com valores humanos e cristãos. Um olhar crítico e comprometido enxergou outro espaço em desalinho, a saúde. Amplia assim a vocação de servir para transformar, ajudando em hospitais e escolas de enfermagem. Para manter-se viva a Associação SIPEB foi se readaptando e chegou aos 100 anos que são, desde a sua origem em 1859, bem mais que 100. No dia 16 de junho deste ano, um coro ressoa de todos os cantos: “Parabéns pelos 100 anos! Já nos preparamos para mais 100. Essa é nossa disposição”! A educação continua a nos desafiar. Se hoje não abrimos escolas próprias, saímos em parcerias com as escolas municipais e estaduais. Nossa missão é fortalecer valores, desenvolver atitudes solidárias e um pensar crítico, estratégico, comunitário. Para garantir isso, reavaliaremos neste ano do centenário o Planejamento Estratégico Institucional. Fortaleceremos os projetos de sustentabilidade; bateremos a meta de 15 mil pessoas atendidas diretamente e 60 mil indiretamente em projetos educacionais próprios e em parcerias. Investiremos em mais horas de formação de nossos colaboradores, melhorando a qualidade dos projetos. Avançaremos rumo a outros estados e países. Avançar e confiar em Deus são a herança que recebemos das Irmãs de São José francesas e da fundadora Madre Maria Teodora Voiron. Uma mulher capaz de criar escola para filhas de escravos em plena escravidão brasileira, e que deixa a cidade de Itu/SP, enfrentando caminhos difíceis para voltar ao Rio de Janeiro em visita ao bispo, prisioneiro de forças políticas nacionais, deixa um legado institucional assim: “Sejamos apóstolos: há tanto bem para fazer neste caro Brasil. Avancem com nobre coragem”. Sim, avançaremos para “ajudar as pessoas a ampliarem sua visão de mundo, empreenderem o seu projeto de vida, contribuindo para a transformação social e a construção de relações justas e fraternas”.

Ir. Maria Inês Coelho Rosa São Paulo/SP 10


Irmãs de São José contribuem na organização e realização do Bicentenário da Festa de Nossa Senhora dos Navegantes As Irmãs de São José, presentes há 42 anos na Paróquia São José, município de São José do Norte, extremo sul do Rio Grande do Sul, contribuíram de forma efetiva na organização e realização do Bicentenário da Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, que aconteceu no dia dois de fevereiro de 2011, estendendo-se no decorrer do ano. Conta-se que esta festa acontece desde o ano de 1831, na povoação de São José do Norte, cuja capela era sucursal da Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Estreito, pois só foi elevada à Freguesia em 1820. Um grupo de homens, que trabalhavam nas operações de carga e descarga dos navios, iniciou o movimento de festividades em veneração a Nossa Senhora dos Navegantes, utilizando, porém, uma imagem de Nossa Senhora do Rosário, visto não existir figura alguma da Virgem sob a invocação pretendida. A festa do bicentenário, motivada pelo tema “Com Maria na fé e na perseverança celebramos 200 anos de caminhada”, foi precedida por dez dias de intensa programação religiosa, social e cultural proporcionando aos fiéis, emoção, renovação da fé e da confiança na Mãe de Deus e nossa, homenageada como Mãe dos Navegantes. A alegria era visível e contagiante, expressada no rosto e no ser de cada pessoa, que, com orgulho, manifestava seu carinho elevando bandeirinhas, que se uniam em uma expressão única de amor e gratidão a Deus por esta história de fé e perseverança na caminhada com Maria. A tradicional procissão marítima foi uma das expressões mais significativas de fé, pois embarcações dos mais diversos tamanhos se irmanavam em torno do barco principal que transportava a Mãe dos Navegantes. Enquanto isso, cantava-se, com entusiasmo, o Hino oficial, cuja letra e música são de autoria da nortense Sandra Moraes. Ainda hoje entoamos: “Nossa Senhora dos Navegantes, abençoai-nos a todo instante, intercedei a Deus por nós que somos filhos teus”. Para acompanhar este hino, basta acessar: http://www.youtube.com Agradecidos a Nossa Senhora pelo bom êxito deste trabalho, continuamos unidas para fazer acontecer o sonho de Deus entre nós, “que todos sejam um” (Jo 17, 21). Ir. Aldenice Tres, Ir. Cecília Slongo e Ir. Maria Domeneghini Comunidade Stela Maris - São José do Norte/RS

11


Curtindo com o povo de Conselvan Estamos no Estado da Amazônia Legal e de maior degradação florestal. Segundo o relatório do Instituto Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia), apenas em abril de 2010, Mato Grosso perdeu 243 quilômetros quadrados de florestas, o que corresponde a um aumento de 537% se comparado ao mesmo período do ano anterior, quando o desmatamento foi de apenas 38 quilômetros quadrados. Nos últimos nove meses, agosto de 2010 a abril de 2011, Mato Grosso desmatou 5l6 quilômetros quadrados, o que representa um aumento de 91% em relação ao período anterior. Vivemos no Estado que detém o segundo maior rebanho bovino do Brasil, com aproximadamente 27 milhões de cabeças, conforme o último Censo Agropecuário. Estima-se que há 45 milhões de hectares de pastagens cultivados no Cerrado, bioma mais comprometido nos anos recentes. Sobrevivemos no Estado da monocultura mecanizada e, sem dúvida alguma, do uso intensivo e abusivo de defensivos tóxicos conforme informação do Sindicato Nacional da Indústria de produtos para “Defesa Agrícola” (SINDAG) e, para melhor entender, o município de Lucas do Rio Verde cultivou em 2009 e 2010, 410 mil hectares de soja e milho. Para isso, utilizou nada mais nada menos que, aproximadamente, cinco milhões de litros de agrotóxicos, segundo pesquisa feita pelo grupo de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Mato Grosso. Bom para a indústria e para os negócios, mas péssimo para a saúde da população. O modelo de ocupação do território mato-grossense vem produzindo “campos ricos de grãos e pobres de gente e cultura” (Vailant, 2005). O modelo de desenvolvimento implantado no estado de Mato Grosso é baseado no capitalismo produtivista e não prioriza a distribuição da riqueza. Dos três milhões de habitantes do Estado atualmente, cerca de 267 mil são identificados, na pesquisa do IPEA de 2010, como de extrema pobreza. Somente 11,1% da população mato-grossense tem rede coletora de esgoto em casa e apenas 4,4% tem fossa séptica ligada à rede. Nosso povo de Conselvan, sobrenome do proprietário da fazenda de 79.000 hectares, está entre esses milhares empobrecidos com raras exceções. Migrantes com dificuldade de fixação na terra. Povo sofrido, buscando sobrevivência com muito trabalho e sofrimento. Povo amante de festa e sempre agradecido a Deus pelo muito ou pouco que possui. Em Conselvan, somos posseiros há mais de 12 anos e não há negociação para documentar os moradores e, como consequência, muita comercialização de terra. Somos solidárias, alimentamos esperança, buscamos valores humanos, recursos materiais. Acompanhamos 19 comunidades

rurais, nas mais diversas pastorais: Catequese, preparação para os Sacramentos, Pastoral da Criança, Pastoral da Saúde, Pastoral da Juventude, Pastoral Familiar, Pastoral do Dízimo, Grupos de Reflexão e Visitação de Nossa Senhora Aparecida (capelinhas) às famílias. Apoiamos as Associações de Lavradores, Cooperativa, Rádio Comunitária e outras frentes. Há dois programas que desenvolvemos desde 2010: PROGRAMA MUTIRÃO: É realizado nas comunidades e visa retomar as pastorais, movimentos e, em especial, salientar a utilidade do NONI, fruta nova na região e de grande valor para a saúde alternativa. Entre tantas plantas e frutas nativas reforçamos o grande valor do coco babaçu e refletimos, pela sétima ou décima vez, a lição prática: melhorar nossa alimentação com os produtos nativos e, ao mesmo tempo, questionando: “onde estão o cacau nativo, o cupuaçu, o pequi, o açaí, a pupunha, o óleo de andiroba e copaíba? Todos nativos da região e que compõe nossa floresta? A motosserra acionou... O fogo passou!... A floresta enfraqueceu. A palmeira “coco babaçu” resiste! Alimento disputado e querido pela paca”. Após meio dia de mutirão em cada comunidade, concluímos: Nós, os não nascidos na Amazônia Legal, Mato Grosso, entramos desconhecendo a força alimentar da floresta. Não praticamos e não vivemos, pelo menos em parte, o extrativismo. PROGRAMA MADEIRA: Entre tantas irregularidades, este projeto foi uma bênção para o nosso povo. O IBAMA apreendeu, no município de Aripuanã, madeira serrada e em toras. O montante apreendido foi doado à Paróquia São Francisco de Assis. Boa parte dessa madeira era de Conselvan e foi destinada para Conselvan, para serviços comunitários. Motivamos as comunidades, associações e cooperativa a fazerem projetos, pois, através da negociação e renegociação com os madeireiros consegue-se atender essas solicitações. Esta é uma grande oportunidade para as comunidades, associações, cooperativa, rádio comunitária e outras entidades locais melhorarem os seus ambientes de oração, trabalho, reuniões, festas e danças... Ao concluirmos, queremos deixar aqui uma afirmação de Paulo Freire e em que acreditamos: “A esperança não é um cruzar de braços e esperar, movo-me na esperança enquanto luto e se luto com esperança espero”.

Ir. Virginia Bonnalume, Ir. Gema Panazzolo e Ir. Leonice Maria Araldi - Conselvan/MT 12


Entrelaçando Forças

Fórum da Juventude Uma nova metodologia

O Fórum da Juventude da Congregação de São José é uma metodologia que a Congregação buscou para responder a realidade das juventudes na atualidade. Por muito tempo, o Serviço de Animação Vocacional foi concebido como processo de entrada na Vida Religiosa. Hoje, sabe-se que é necessário instalar uma Cultura Vocacional que consiste em um processo de Animação Vocacional que conduz à experiência do encontro com Jesus e o compromisso com o irmão/ã. Para focalizar o Serviço de Animação Vocacional na vida e não apenas na instituição, em julho de 2009, na reunião da Coordenação de Serviço de Animação Vocacional, percebeu-se o desafio de buscar uma nova metodologia para responder aos anseios das juventudes. Decidiu-se elaborar um instrumental com a metodologia: Ver – Julgar – Agir – Celebrar, que levou o nome de Fórum da Juventude da Congregação de São José. Com essa metodologia, temos a certeza de que, como Congregação de São José, estamos respondendo à provocação feita pela Vida Religiosa, no Brasil, de “buscar novas metodologias para o Serviço de Animação Vocacional”. Em setembro de 2009, percebeu-se que o Fórum da Juventude da Congregação de São José respondeu aos anseios das juventudes e ao processo de formação de toda e qualquer vocação, bem como tornou conhecida a Espiritualidade e Carisma da Congregação. Além de celebrar os objetivos alcançados, os/as jovens, inspirados/as nos mistérios da Trindade, Encarnação e Eucaristia, assumiram o compromisso de “ser instrumento de unidade a serviço da vida”. Os jovens que vivenciam o processo proposto pelo Serviço de Animação Vocacional expressam o desejo de vivenciar uma mística e de assumir o discernimento para responder de forma livre e consciente à vocação a que Deus os chama. Ir. Miriam Rosa Nicolodelli e Ir. Rosa Maria Porangaba Equipe do SAVI - Curitiba /PR 13


Programa Semeando Vida Diversas são as frentes de missão que a Congregação das Irmãs de São José assume no cotidiano. Aceitar o convite da TV Século 21 para realizar um programa de meia hora semanal foi mais um desses desafios que proporcionam crescimento e geram muita aprendizagem. Há pouco mais de três anos no ar, o programa Semeando Vida, coordenado inicialmente pelo Serviço de Animação Vocacional Interprovincial e, atualmente, por uma comunidade também inter, localizada em Valinhos/SP, procura divulgar o Carisma de Comunhão, através de ações concretas realizadas por Irmãs e Leigos em todo o Brasil. O programa, que tem o formato de entrevista, aborda os assuntos associados diretamente ao Carisma congregacional: Unidade a serviço da vida. Questões como: meio ambiente, educação, missão, formação de lideranças, valores humanos e cristãos, saúde pública, redes sociais, entre outros, são trabalhadas de tal forma a proporcionar ao público alternativas, soluções e sugestões que podem ser assumidas na família, na comunidade ou até mesmo no município, como uma política pública. Os convidados são orientados, pela equipe responsável, sobre a maneira como o assunto será abordado. Através de imagens ou fotos são montadas matérias jornalísticas, que procuram ilustrar o que foi conversado no programa. Essa é uma maneira de valorizar os que coordenam os projetos divulgados, bem como todos os colaboradores envolvidos. Além disso, a questão vocacional também é abordada no programa através dos quadros “Segue-me”, com depoimentos de pessoas de diferentes opções vocacionais, e “A Serviço da Vida”, que apresenta relatos da vida e missão de Irmãs e leigos/as, engajados na Congregação.

A contribuição das Irmãs de todas as Províncias e Regiões para a concretização desse trabalho é de extrema importância. Por ser uma área de atuação nova, dificuldades inerentes ao processo surgem e essa missão precisa ser construída coletivamente. Todas as ajudas são sempre bem vindas, desde a participação direta nas gravações ou na acolhida da equipe para a realização das matérias, bem como nas sugestões pertinentes à estrutura do programa: cenário, quadros, estilo, assim por diante. A equipe agradece com carinho o apoio recebido e quer unir forças na divulgação. O Programa Semeando Vida é veiculado na Net ou na parabólica todos os sábados, às 18h ou no site: www.tvseculo21.com.br

Ir. Regina Célia List, Ir. Odila Cadore e Ir. Simone Ramos Equipe do Semeando Vida - Valinhos/SP

14


ento a do Nascim /BA ir e ix e T e n Dia unápolis atural de E 20 anos, n

Sabrina Marques do Rosário 18 anos, natural de Passo Fundo/RS

Pricil 27 anos, na a Keumana Sousa tural de Sã o João dos Patos/MA

“Não estava o nosso coração ardendo quando Ele nos falava pelo caminho?” (Lc 24, 32) O chamado de Deus é ato dinâmico e vai acontecendo aos poucos. A resposta de cada pessoa ocorre no diálogo com Deus que também é dinâmico. Esse processo de amadurecimento vocacional é lento e demorado, porque acontece na existência humana, com suas qualidades e limitações. Por isso, é necessário que o acompanhamento vocacional aconteça por etapas, ajudando assim, a pessoa a tomar uma decisão coerente. A etapa do Pré-Postulantado inicia-se quando a jovem opta para fazer parte do grupo vocacional, após ter sido acompanhada pela animadora vocacional na família e no estágio numa comunidade da Congregação. Nesta etapa é oferecida à jovem um ambiente que lhe proporcione condições para o conhecimento da Congregação, e o amadurecimento no processo vocacional. Nesse processo a jovem vai despertando convicções que a ajudam a resistir às provocações do mundo pós-moderno, confrontando-se sempre com os valores evangélicos, tendo os olhos fixos n’Aquele que a chamou: Jesus Cristo. Com o auxílio de um programa de formação e um projeto de vida, percorre um caminho progressivo de autoconhecimento e discernimento vocacional. Aprimorando suas relações e desenvolvendo habilidades que lhe dão condições de viver em comunidade, fundamentado na oração pessoal e comunitária, na partilha periódica da caminhada e nos conteúdos específicos da etapa. Conhecendo a Congregação, carisma, espiritualidade e missão, a jovem vai cultivando um vínculo afetivo e desenvolvendo, desde o início, o sentido de pertença, de comunhão e de partilha. Isto se processa não apenas na convivência com seu grupo,

mas sim, na comunidade, no trabalho profissional, nas atividades pastorais, no entrosamento com os diversos vocacionados/as, na Conferência dos Religiosos do Brasil e nos cursos de Teologia Básica. Em Curitiba, o Pré-Postulantado é formado pela Comunidade Nossa Senhora da Esperança e situa-se no bairro Vila Oficinas. Atualmente três jovens estão neste processo de discernimento vocacional. São acompanhadas pelas Irmãs que residem na comunidade e pelas Irmãs que as orientam nos trabalhos profissionais, com o apoio e reflexão da Equipe de Formação da Província. Ir. Isabel Schelbauer - Curitiba/PR

15


Boa Esperança Pessoalmente, sempre sonhei que a nossa Congregação, Cuneo, poderia expandir-se para o norte do Brasil, a fim de responder aos contínuos apelos da Conferência dos Religiosos o Brasil, da Igreja da Amazônia e em fidelidade ao apelo de Pe. Médaille que nos convida a “estar aonde ninguém vai”, para sermos presença de comunhão! Agradecida e maravilhada, percebo que o Senhor da Vida que, por muitos anos, conservou em mim este sonho, o fez amadurecer no projeto de uma comunidade da Federação Italiana. Sabendo da realidade de nossas Congregações, acreditamos que foi gesto ousado, corajoso e de muita esperança a abertura dessa Comunidade. Muitos fatores e meios contribuíram para construir, aos poucos, a nossa vida de fraternidade para a missão de comunhão. Percebemos que os encontros comunitários favoreceram o conhecimento recíproco e da realidade. Foi importante conhecer a pessoa e a história de cada uma de nós e das Congregações com os diferentes rostos, estilos, jeitos de construir as relações, de se organizar, de rezar e de assumir a missão! A experiência semanal da Leitura Orante da Palavra de Deus foi e é luz que aponta o caminho a seguir, mostrando as prioridades de ação e mantendo-nos em atitude de escuta, de paciência e de colaboração com Deus na construção do Reino. As celebrações dominicais junto com o povo são o “pão” e “água” partilhados que renovam as forças e sustentam a nossa esperança! A realidade onde a comunidade está inserida é profundamente desafiadora: grandes problemas e conflitos provocados pela grilagem de terra, pelo desmatamento, poluição, cultivo em larga escala da monocultura da soja e criação de gado, além do descaso, do abandono e da precariedade dos serviços públicos. A comunidade de Boa Esperança está situada no interior, a 43 km da cidade de Santarém, e é uma das 77 comunidades da Paróquia. A natureza é esplendida, mas já muito agredida e devastada pelo desmatamento, pelo agronegócio e os grandes projetos do Governo. Os contrastes e clamores são enormes e cruéis. O povo sofre e traz em seu rosto os traços da exclusão, da exploração e da injustiça. Após meses de escuta do povo, de percepção da realidade e de conhecimento deste chão nos propomos, como comunidade, vivenciar: a comunhão entre nós e com “todo o querido próximo”; a inserção na realidade, numa atitude de respeito, de escuta e de percepção dos valores; o anúncio da “BOA NOTÍCIA” em todo o tipo de atuação e colaboração na formação de lideranças e o sermos presença solidária, cultivando a consciência comunitária e ecológica. Olhando a caminhada, após quase dois anos de presença nesta realidade, sinto que foi surpreendente a graça de Deus que nos impulsionou a concretizar este projeto de humanização e evangelização junto a este povo da Comunidade Boa Esperança, em Santarém. Com alegria sinto que foi e está sendo uma experiência enriquecedora para cada uma de nós, nossas Congregações e delegações no Brasil. Juntamente com Ir. Graça e Ir. Riziomar, minhas companheiras de caminhada, e nossas Congregações que tanto acompanham e sustentam este projeto, dou graças a Deus por tudo e como Maria cantamos nosso Magnificat!

Somos a Comunidade do Pequeno Projeto, em Boa Esperança, Pará, que teve o seu início no dia 19 de março 2010. Celebrarmos os 400 anos de nascimento de Pe. Médaille e sentimos que sua presença nos desafia a vivenciar, como Federação Italiana, o carisma de comunhão na Diocese de Santarém. Somos três membros na Comunidade: Ir. Graça, do Instituto São José, Ir Riziomar, das Irmãs de São José de Pinerolo e Ir. Ana Clara, das Irmãs de São José de Cuneo. Somos de diferentes Congregações. Diferentes idades e experiências. Diferentes proveniência e culturas. Porém, animadas pelo mesmo Espírito, no empenho comum de “sermos todas de Deus, a serviço do querido próximo”.

Unidas nesta luta pela vida, um abraço muito fraterno!

Ir. Ana Clara Irmã de São José de Cuneo Santarém/PA 16


Atualidades Nos meses de março a julho que passei nos Estados Unidos tive muitas oportunidades boas. Um momento muito rico foi participar do grande evento da Federação Americana das Irmãs de São José. Nos dias 9 a 13 de julho deste ano, em Saint Louis, no Estado de Missouri, nos Estados Unidos, houve a grande reunião da Federação Americana das Irmãs de São José – a Congregação do Grande Amor de Deus. Todas nós éramos Irmãs de São José – nos diferentes nomes que acompanhavam cada grupo, na diversidade dos lugares de onde viemos, nas línguas que falávamos, nas apresentações que fazíamos. Todas nós éramos Irmãs de São José! Num imenso salão do Hotel Millenium, mais de 800 Irmãs de São José se reuniram para tratar do tema: o ZELO –‘Zelo pela salvação do Próximo no Universo Sagrado de Deus’. Estávamos reunidas em mesas de oito Irmãs das diferentes congregações de São José. Cada dia começava com a celebração da Palavra, de modo bem criativo. Ir. Kathy Sherman, autora de várias músicas religiosas, acompanhava o coral que se formou e que animou os diferentes momentos celebrativos. Todos os dias, na parte da tarde, havia um tempo para a apresentação de testemunhos de pessoas que se beneficiaram do zelo das Irmãs, em diferentes lugares do mundo. O primeiro dia teve como tema “Além da Esperança e do Medo: A Energia liberadora do Zelo”, desenvolvido por Margaret J. Wheatley, uma leiga que nos falou sobre como a nossa liberdade, nos tempos atuais, influenciada pelo medo e pela esperança, se torna o lugar do zelo, onde fazemos a experiência da alegria de nossa missão. À tarde houve um tempo para perguntas e respostas de Margaret. No início do segundo dia, todas as Irmãs que vieram de outros países foram ao palco e se apresentaram, dizendo seu nome, o de sua Congregação e o seu país de origem. Foi um momento de muita alegria ao vermos como somos “universais”; lá estavam as nossas quatro Irmãs do Brasil (Ir. Rita Tessaro, de Lagoa Vermelha, Ir. Elzira Manfredi, de Porto Alegre, Ir. Cecília Berno, de Caxias do Sul e eu, de São Paulo), Ir. Antonia Constantina Mandro pela Bolívia, Ir. Sadaf Patras, do Paquistão, Ir. Ana Maria, da Ìndia e Irmãs da Grécia, Egito, México, Irlanda, Inglaterra, França, Japão, Havaí, Burkina Fasso, Congo, Canadá, Peru, Gana, Senegal – foi um tempo de conhecer e de acolher cada Irmã. Depois deste tempo, Ir. Catherine Nerney, uma Irmã de São José da Filadélfia, tratou do tema: o zelo, esta paixão ardente por Deus e por tudo o que é de Deus que nos foi legada pelo nosso rico passado bíblico e congregacional. Deus deseja nos abrasar com este zelo para o futuro da nossa vida – esta rede interdependente de vida que está sempre a evoluir e que precisa de nós para ver de modo mais contemplativo, julgar de modo mais conectado e agir com mais compaixão até que “tudo seja UM”. E, após o almoço, houve um tempo longo de perguntas e explicações. Na parte da manhã do dia 11, uma Irmã da Congregação de Carondelet nos falou sobre “Agora é o tempo do Zelo – Palavras para a nossa Jornada” – palavras de estímulo para a vivência do zelo em nossa vida. No dia 12, houve um longo tempo para ouvirmos sobre o Tráfico Humano, sobre a rede de abuso sexual que tem se espalhado rapidamente, atingindo especialmente os jovens e as mulheres. Membros da

A Congregação do Grande Amor de Deus A experiência da Unidade na Diversidade Equipe Administrativa do Hotel Millenium estavam reunidos no palco para nos falar do trabalho que fizeram, treinando todos os que lá trabalham para estarem atentos à presença de Tráfico Humano e de Abuso Sexual no Hotel; à tarde, na presença de todas as participantes e de muitos funcionários do Hotel, foi assinado um compromisso de trabalharem contra esses dois males – foi um momento emocionante, um compromisso importante, uma adesão generosa de todos. A seguir, fomos convidadas a formar pequenos grupos e partilhar a nossa experiência destes dias – foi bom nos encontrarmos com quem nunca havíamos conversado antes. E, à noite, houve um grande jantar; a sala foi arrumada para um momento de confraternização e de alegria. No último dia, o Arcebispo de Saint Louis veio falar conosco e nos contou de sua longa e boa experiência com as Irmãs de São José. Após uma celebração especial, com músicas e orações, tivemos um tempo para partilhar quais seriam a nossa promessa e a nossa urgência – depois de termos refletido todos estes dias. Depois do Ritual de Encerramento – tempo de agradecimentos e de homenagens – retomamos nosso caminho de volta para Hartford e continuamos nossa vida, agora mais animadas e enriquecidas por esses dias na Congregação do Grande Amor de Deus.

Ir. Maria Elisabete Reis São Paulo/SP 17


Lideranças a serviço “Mas Jesus chamou-os e disse: Vocês sabem, os governadores das nações têm poder sobre elas, e os grandes têm autoridade sobre elas. Entre vocês não deverá ser assim: quem de vocês quiser ser grande, deve-se tornar o servidor de vocês. Pois, o Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir, e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos.” (Mt 20, 25-28) Com esta mesma espiritualidade, algumas Irmãs continuam a ser chamadas para prestar um serviço de liderança nas diferentes Província/Região/Missão da Congregação das Irmãs de São José de Chambéry. Elas são chamadas a liderar e servir como Jesus o fez. A escolha acontece na liberdade interior e discernimento de todos os membros da Província/Região/Missão. Em 2011, assumiram a função de animar as Irmãs em sua vida e missão:

Região Bolívia:

Província de Caxias do Sul:

Província de Lagoa Vermelha:

Hna. Antonia Constantina Mandro Scarassati - representante;

Ir. Anita Maria Pastore - Superiora Provincial;

Coordenação Provincial Intermediária: Ir. Ilda Brandalize, Ir. Nadalina Perondi e Ir. Rosa Ciotta

Hna. Gabriela Cuéllar Durán e Hna. Santina Smiderle

Ir. Anari Felipe Nantes e Ir. Lourdes Maria Frigotto - Conselheiras Provinciais Ir. Rosa Maria Porangaba e Ir. Sueli Maria Zanatta - Suplentes

A todas as Irmãs que prestam o serviço de liderança, a súplica de que o Espírito Santo as ilumine e a conduza na caminhada.

Região N/NE: Para 2012, novas lideranças serão chamadas: - Província de Lagoa Vermelha: fevereiro - Província de São Paulo: 22 a 24 de junho - Província de Porto Alegre: 30 de junho e 1º de julho

18


Chambéry, berço de uma cultura missionária!

Em 1812, Chambéry, cidade do Sul

da França, tornou-se berço acolhedor do sonho do Pe. Jean Pierre Médaille, através de algumas mulheres generosas, que, por abraçarem este sonho, tornaram-se missionárias do Projeto de Comunhão. Essas mulheres, Irmãs de São José, oriundas de Le Puy, França, sentiram-se tocadas pelas consequências do após guerra que atingiam as famílias, a juventude, abatendo-as pela fome, solidão, doenças, abandono e pobreza, decidiram contribuir no alívio dessa situação, estabelecendo-se em Chambéry. Vivendo um estilo de vida muito simples e até em alguns momentos, privadas do necessário, foram encontrando sentido na vivência do ideal da Consagração Religiosa que era ser “todas de Deus e do querido próximo”, assumindo as obras de misericórdia tanto corporais como espirituais, usando a linguagem do tempo. Isso nada mais queria dizer do que, colocar-se junto às pessoas mais vulneráveis e oprimidas pelo sistema da época. Como toda a semente passa por um processo de morte, este novo rebento na Congregação das Irmãs de São José é duramente provado durante a Revolução Francesa que eclodiu na França no século XVII: todas as Irmãs foram dispersas de seus conventos, algumas foram presas e cinco foram guilhotinadas. A Congregação conhece um tempo sombrio e de duras penas. Mas o Espírito de Deus faz ressurgir a vida das cinzas da morte.

Em 14 de julho de 1808, a paz se restabelece na França. Uma Irmã de São José que tinha escapado da morte, Madre Saint Jean Fontbonne, recria a Congregação, animando as 12 jovens reunidas em Sant Ètienne a retomarem o hábito das Irmãs de São José. Muito rapidamente a Congregação se expande pelas vilas e cidades da Savóia criando as primeiras escolas gratuitas para as crianças, orfanatos, hospitais, hospícios e ateliers para adolescentes e mulheres. Conta a história que, em Chambéry, após ter recuperado um sobrado de um antigo presbitério, as Irmãs acolheram, em seu exíguo apartamento, 200 adolescentes ente 8 a 13 anos, na mais

completa pobreza e despojamento. Estamos às vésperas de uma grande convocação para celebrarmos, com muito orgulho e profunda ação de graças a Deus, os 200 anos de vida e missão, vividos com muita heroicidade por parte de nossas Irmãs francesas. Hoje, quando olhamos para Chambéry, França, vemos comunidades sendo fechadas e as Irmãs com muita idade, poucas vocações. No entanto, no passado, raios de luzes partiram deste pontinho do Planeta chegando até a Índia (1851), América do Norte (1854), Escandinávia (1856), Brasil (1858), logo depois à Rússia e Argentina (1863). Todas essas fundações deram frutos e as sementes se espalharam pelo mundo todo. Celebrar 200 anos de história é colher numerosos frutos, numa Congregação de 361 anos de existência a serviço da vida, na Unidade e na Comunhão. Senhor Deus, nós te agradecemos pelo grande número de mulheres que, encantadas com teu Projeto, se colocaram à disposição do Reino, no compromisso com os mais desvalidos da vida. Dá-nos a coragem para que saibamos manter essa tocha acesa e saibamos passá-la a outras mulheres e jovens para que descubram a alegria de seguir Jesus de Nazaré, colocando-se a serviço do Reino como Religiosas ou membros do Pequeno Projeto. Obrigada, ó Deus da vida, por sustentar por tantos anos o impulso missionário em nossas Irmãs francesas, que nos legaram um patrimônio de fé e audácia impar, só encontrado em pessoas totalmente disponíveis à graça, assim como Maria, quando disse: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1, 38). Ir. Rosalia Fávero Região N/NE

19


Testemunhos de Vida

Irmãs Jubilares “O Espírito do Senhor está sobre mim, por isso ele me ungiu e me mandou anunciar aos pobres uma mensagem, para proclamar aos prisioneiros a libertação e aos cegos a recuperação da vista, para colocar em liberdade os oprimidos e proclamar um ano da graça do Senhor.” (Lc 4, 18-20) 20


Todos os anos, algumas Irmãs vivem um tempo especial, o Ano da Graça do Senhor. Celebram 25, 50, 60, 70 e 80 anos de Consagração Religiosa. Essa contagem de tempo denominada de JUBILEU demonstra o júbilo interior e a alegria exterior em partilhar a vida e a esperança com tantas pessoas.

50 anos

80 anos

Irmã Maria Odila Lucca

70 anos

Irmã AngelaTheresaParizotto Irmã Antonieta Maria de Barros Bernardes Irmã Luisa Maria (Feronato) Irmã Maria Otávia Guedes Irmã Maria Stepanov Irmã Maria TheresaCaon Irmã Olga Maria Muller Irmã Ottilia Maria Bisol Irmã Rafaela Zin Irmã Rosa Guedes Irmã Vitalina Martinhuk

Irmã Arcília Polli (in memorian) Irmã Carmen Lúcia Macagnan Irmã Elsa Lorenzi Irmã Emilia Margonari Irmã Eulália Antoniazzi Irmã Gema Danielli Irmã Hedy Maria Hertz Irmã Iolanda Costa Irmã IsoleideFurlanetto Irmã Ivani Maria Gandini Irmã Judith Maria Muniz Irmã Lidia Paravisi Irmã Lília Virgínia Bombarda Irmã Lourdes Bavaresco Irmã Lucia Hertz Irmã Luiza Ires Tonial

Irmã Luiza Sartor Irmã Lurdes Tanhos Gastin Irmã Maria Beatriz Tonial Irmã Maria Belan Irmã Maria Christina de Almeida Mello Irmã Maria Diumira Barcellos Neglia Irmã Maria Pascuali Irmã Odila Teresinha Cadore Irmã Rita de Cássia Nogueira Irmã Teolide Bavaresco Irmã Teresa da Silveira Irmã Teresinha de Lourdes Camatti Irmã Teresinha Maria Marin Irmã Thecla Therezinha Senger

25 anos

Irmã Carmelinda Pinzetta

60 anos

Irmã Adelaide Ferrari Irmã Ana MariliaCiton Irmã Anna Inez Toigo Irmã Brigida Maria Magro Irmã Enedina Dambros Irmã Francisca Simionatto Irmã Helma Flora Nadin Irmã Ignacia Antunes dos Santos Irmã Ilse Maria (Gasparin) Irmã Lília Maria Berton Irmã Lucia Vian

Irmã Maria Batista Dondé Irmã Maria De Toni Irmã Maria Flora Lermen Irmã Maria Jacinta Ziliotto Irmã Maria Sebastiana Pessoa Irmã Maria Selya Fing Irmã Olga Angelina Deitos Irmã Paulina (Bongiorno) Irmã Sabina MigliaVacca Irmã Therezinha Del Pizzol Irmã Zilda Caetano de Almeida Irmã Zilda Hilda Marino 21

O Beato João Paulo II, em seus escritos, afirmou que o Jubileu consiste em uma grande experiência interior a ser vivida pelos cristãos e que as iniciativas exteriores são “expressão de um compromisso mais profundo que toca o coração das pessoas”. A seguir, alguns depoimentos, testemunhos, histórias e recordações das Irmãs Jubilares 2011...


Chamo-me Irmã Carmelinda Pinzetta, há 25 anos sou Irmã de São José. Encantei-me pelo Carisma da Congregação das Irmãs de São José pela abertura e desafio que ele faz a quem quer doar a vida pela causa do Reino. Quando conheci a Congregação, senti-me atraída pela Espiritualidade e Carisma, não duvidei em dar o meu SIM e engajar-me na luta por um mundo melhor e possível para todos. Exerci e exerço minha missão junto aos mais necessitados nos diferentes grupos e pastorais. Sinto-me feliz e realizada no que faço, pois procuro ser um sinal de unidade, de paz e esperança junto àqueles que Deus me confia. Trabalhar para que todos tenham mais vida, sejam respeitados em sua dignidade de filhos de Deus é gratificante e me faz retomar a cada dia minha opção por Jesus Cristo. Ao celebrar 25 anos de Consagração Religiosa, agradeço a Deus pelo chamado à vida e por ter me concedido a graça de pertencer a uma Congregação que me possibilita e desafia a caminhar em comunidade na construção de uma sociedade igual para todos. Agradeço a minha família, minhas Irmãs de Congregação e a todas as pessoas que ajudaram a escrever minha história e me provocam a caminhar na direção a um novo horizonte onde o sol brilhará para todos com igual intensidade. Ser Irmã de São José e beber na fonte inspiradora do carisma, faz sentir-me pertença a uma Congregação internacional que é uma luz no mundo de tantas diversidades e possibilidades, de tantas oportunidades e opções, de tantos desafios e conquistas. Ir. Carmelinda Pinzetta Lagoa Vermelha/RS

22

“Bemaventurados os pequenos, porque deles é o Reino dos Céus.” (cf. Mt 5,3)


Ano Jubilar! Ano convite para a vivência alegre da atualização do chamado e da resposta a este chamado que brota, sempre de novo, das necessidades do “querido próximo” e a ele me envia. Nesse sentido, a celebração desta data jubilar significa revigorar em mim, como Irmã de São José, a vivência do “Pequeno Projeto” no Projeto maior de Deus Trindade, como projeto de comunhão pessoal. 50 Anos de Vida Consagrada. O dom do tempo que Deus me deu se tornou história. Por isso, este “Ano Sagrado” leva-me a fazer memória da história como lugar de revelação da Vontade de Deus e contemplar como o Deus histórico sempre trabalha num processo de relações. Perceber seu estilo de agir na realização progressiva do seu sonho, seu projeto original, ao longo da minha vida. Pois: “Antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia; antes de teu nascimento, eu já te havia consagrado, e te havia designado profeta das nações” (Jr 1,5). Realização progressiva, por se tratar de uma caminhada com o Senhor, construindo cooperativamente com Ele uma história de Aliança, na perspectiva da Missão do Pai: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu(...) e me enviou(...” Lc 4,18-20). Aliança como entrelaçamento de relações aprofundadas na união com Deus como cerne e fonte das minhas relações com as pessoas e com o mundo e derramada em gestos de bondade e serviço junto a todos os que integram minha vida e missão. Esta celebração jubilar ressoa em mim como chamado à releitura da minha vida, à luz da fé que se enraíza nas circunstâncias históricas de conquistas e superações, e, a partir delas, procura compreender a ação de Deus que se aproxima incessantemente, projeta luz em meu caminho até descobrir as marcas dos seus passos. Pois, “Ele passa despercebido perto de mim, toca levemente em mim sem que eu tenha percebido” (Jó 9,11). É o momento de acertar o meu passo com o passo de Deus. O jubileu de Consagração Religiosa leva-me, também, à reflexão sobre nosso fundador Pe. Jean Pierre Médaille, SJ, que propondo-nos a vivência do Carisma de Unidade, nos coloca em processo de busca constante, na realização do sonho de Jesus: “Pai, que todos sejam um” (Jo 17,21). Nessa dimensão, celebrando o jubileu de Vida Consagrada, como celebração da Aliança, num tecer de relações, continuo e amplo, não posso perder a referência do testemunho de todas as Irmãs que, na alegria fraterna, me acolheram para fazer a mesma experiência de Deus, como Irmã de São José. Hoje, integrando a caminhada histórica da Congregação, esta Celebração Jubilar ecoa em mim como desafio e compromisso de fidelidade à missão de comunhão, no serviço de toda a pessoa humana, razão de ser de nossa Consagração. O “Ano de graça da parte do Senhor” (Is 61,2) transforma-se, então, em Ação de Graças a Deus por tantos benefícios recebidos e hoje, aqui e agora, ainda me chama, me consagra e me envia. Gratidão aos meus pais (in memorian) e irmãos cujo testemunho de fé e doação favoreceu a escuta e a resposta ao chamado. Reconhecimento a todas as pessoas que, de alguma forma, entraram em minha vida. Assim, celebrando 50 anos de vivência do “Pequeno Projeto” em linha de processo, sinto-me no interior do Plano do Pai, feliz, agradecida, comprometida. No espírito desta celebração jubilar, alegre e disposta a continuar a caminhada de mãos dadas com o Senhor, a ele a minha prece: “Senhor, chama-me ainda. Chama-me pelo nome. Sob tua Palavra lançarei as redes, queimarei a vida por ti.”

Ir. Elsa Lorenzi Porto Alegre/RS 23

“Celebrareis jubileu. Porque é jubileu, o considerarás sagrado.” (Lv 25, 10.12)


Sou Irmã Lucia Vian, natural de Garibaldi/RS e resido hoje, em Vacaria/RS. Estou feliz de celebrar, em 2011, 60 anos de Vida Religiosa Consagrada, dedicados ao reino de Deus. Nossa família foi por Deus agraciada chamando três de seus membros para a Vida Religiosa Consagrada. O Carisma das Irmãs de São José me fascinou desde muito jovem e, hoje, continua me desafiando. Para que a alegria de viver este Carisma não fique só para nós, Irmãs, organizei um grupo de mulheres que optaram vivenciar a espiritualidade do nosso carisma, na realidade em que vivem, através do Grupo de Leigos e Leigas do Pequeno Projeto. Marco presença, também, num bairro onde rezo com outro grupo de senhoras. Ali partilhamos a vida e as esperanças, alimentamos nossa fé, que nos dá força e coragem para prosseguir na caminhada de nossa vida diária. Na vida profissional, me dediquei a crianças e jovens. Tive a graça de sempre ensinar e aprender, de modo especial, com as jovens professorandas do curso de Magistério, acompanhando-as nos estágios curriculares e em seu crescimento humano e profissional. Isto me foi gratificante. Com as crianças da alfabetização procurava ajudá-las a aprender a ler as letras e o mundo onde estavam inseridas, buscando formar cidadãos e cidadãs comprometidos/as com a construção de um mundo melhor. Minha alegria atualmente é de também alfabetizar algumas pessoas adultas. Comovo-me quando percebo sua alegria pela aprendizagem e a gratidão que expressam por ter esta oportunidade. Hoje, posso dizer que 60 anos de Vida Religiosa, como Irmã de São José, vividos na graça e luz do Senhor, me fizeram ser uma pessoa feliz, realizada. A Palavra de Deus e a Eucaristia sustentaram e ainda sustentam minha vida, dando-me alegria e certeza de que vale a pena deixar tudo para seguir Cristo na Vida Consagrada. Ir. Lucia Vian Vacaria/RS

24

“Tudo posso Naquele que me conforta.” (Fil 4,13)


Cheguei, com a graça de Deus, aos 70 anos de Vida Religiosa. Durante todo esse tempo, recebi muitas graças e bênçãos. A fé me deu coragem para, em meio a muitas alegrias, enfrentar também as dificuldades que são parte da vida. A Eucaristia é e sempre foi minha força. Tive a felicidade, ainda antes do Concílio, quando não se podia tocar na Hóstia Consagrada, ser Ministra da Eucaristia, visitando doentes e levando a Eucaristia na celebração da Palavra na comunidade da Colônia Z3, Pelotas/RS. Minhas grandes devoções são Nossa Senhora e São José. Das Constituições das Irmãs de São José, me chama sempre a atenção o número 20: “A intimidade com o Senhor é uma exigência de nossa Vocação...”. Marcou profundamente minha vida o tempo em que fui alfabetizadora, 42 anos, no Colégio São José, em Pelotas, sul do Estado. Quantos exemplos e quanta alegria essas crianças me deram! Outra marca na minha vida foi o trabalho realizado na Colônia Z3 dos Pescadores. Foram muitos anos de presença, de oração, de formação de lideranças, de visita às famílias... Segundo o depoimento do Vigário, essa comunidade de uma das mais violentas, tornou-se uma das melhores da Paróquia. Quero deixar aqui o meu agradecimento à família que me educou na fé, o exemplo de meus pais, dos meus irmãos, Freis Capuchinhos, e minhas três irmãs da Congregação das Irmãs de São José. Meu agradecimento à Congregação que me orientou e muito me incentivou na perseverança na vocação. Às jovens gostaria de dizer: “se sentirem o chamado de Deus para a Vida Religiosa, confiem em Jesus Cristo, em Nossa Senhora e São José e sigam em frente porque vale a pensa doar a vida a Deus servindo os irmãos e irmãs por amor.

“A intimidade com o Senhor é uma exigência de nossa Vocação...”.

Ir. Luisa Maria (Feronato) Caxias do Sul/RS

Do alto dos seus quase 99 anos, Irmã Maria Odila Lucca, de invejável memória e lucidez, é pessoa que causa alegria a quem a visita. Às vésperas da celebração dos 80 anos de Vida Religiosa Consagrada mostrava-se ansiosa aguardando o dia e se preocupando com os convidados que chegavam ao Convento. Essa participação foi constante em sua preciosa vida como professora, diretora e administradora nas comunidades por onde passou. Gostava de provocar brincadeiras e fazia a alegria do ambiente comunitário. Ainda hoje, gosta de lembrar os tempos nas escolas da Congregação, famílias de quem lembra com facilidade os nomes e as dificuldades, sobretudo, financeiras e da época em que administrava a Província. Nós nos alegramos com testemunhos de vida como este de Ir. Maria Odila, que pelos cuidados médicos de que desfruta e de sua boa herança genética, nos permitem uma convivência duradoura e rica pela partilha de sua longa experiência de vida. Parabéns, Ir. Maria Odila.

Ir. Antenesca Michelin Curitiba/PR 25


Consagração Definitiva

“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.” (Jo 14,6)

Nasci em 05 de janeiro de 1980, no interior da cidade de Angélica/MS. Filha de Antônio Sarro e Francisca Silva Sarro. Tenho três irmãos: Otamar Antônio, José Marcelo, Rosimeire Cristina. Família de agricultores, católicos. Fui educada dentro dos princípios cristãos, cercada pelo amor e aconchego dos familiares, dos padrinhos de Batismo e Crisma que me acompanharam, no crescimento e amadurecimento da fé e da opção vocacional à Vida Religiosa. As experiências vividas por mim, no seio familiar e na vida comunitária eclesial-pastoral, contribuíram para a escuta atenciosa ao chamado de Deus para seguir Jesus Cristo, na radicalidade. O processo formativo fez-me perceber que a identificação com Jesus Cristo é uma constante e em cada fase da vida, Ele indica como unificar o carisma pessoal com o carisma da Congregação. Deste modo, acredito que minha entrega total, feita na oração contemplativa: fé-vida-missão, trabalho, estudos e outras atividades em que estou engajada, são elementos que contribuem para o essencial da opção. O “Sim” definitivo é uma resposta ao amor fiel de Cristo e representa o desejo sincero de construir comunhão a serviço da vida. Relendo minha história pessoal e vocacional, à luz da Palavra de Deus, estou convicta de minha opção por Jesus Cristo e por seu Projeto de amor, especialmente junto aos mais necessitados. Por isso, busco sedimentar minha vida e missão nas palavras de Jesus Cristo: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14, 6), reafirmo minha entrega definitiva a Deus, a serviço do povo, assumindo a espiritualidade da Congregação e o Carisma da “Unidade a serviço da vida”. Senti-me feliz, serena, agraciada ao confirmar diante da comunidade Igreja, no dia 07 de maio de 2011, a decisão definitiva de consagrar-me ao Senhor como Irmã de São José, onde eu estiver inserida ou for enviada em missão. Sou imensamente grata à Congregação por todas as oportunidades de crescimento e por ter confiado na ação de Deus em minha história pessoal e vocacional. Irmãs, cada uma é um sinal concreto do amor e da ternura de Deus Pai e Mãe, no meio da humanidade. Tenho certeza de que de olhos fixos em Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, é possível sermos mais místicas, proféticas e missionárias. Muito obrigada pela presença de vocês em minha vida! Ir. Cristiani Sarro Caxias do Sul/RS

26


Compartiendo Experiencia “Si esto es para la mayor gloria de Dios deseen agradarle con cada una de sus acciones en este mundo.” (Max. 33) comunidades del campo, promoción humana y social, catequesis, liturgia, pastoral juvenil y vocacional, promoción de la mujer, atendemos niños, jóvenes, ancianos en sus diferentes necesidades espirituales y humanas, llegamos a las personas más sencillas y necesitadas del campo y la ciudad. Lo que más me hace feliz es ver cómo hemos ido caminando y creciendo de acuerdo a nuestras necesidades y conquistas que hemos tenido como Misión, estos últimos años sentimos el desafío de formar una Región y siguiendo un proceso de discernimiento este año hemos concretizado nuestro sueño. Al principio sentía mucho miedo de no poder responder con este desafío porque somos pocas hermanas y porque era algo nuevo que implicaba mayor responsabilidad, ahora siento haber superado este miedo y confío en cada una y en sus potencialidades. Con esta experiencia siento un cambio muy grande, se ha despertado el liderazgo y ha surgido mas creatividad en muchas hermanas, veo que no tenemos que ir tan lejos para tomar una decisión, tomamos nuestras propias decisiones, participamos mas de muchos encuentros de formación y hay más apoyo para que cada hermana se forme y participe para desde ahí fortalecer la Región, existe mas corresponsabilidad, dejamos todo para estar juntas y realizar nuestras asambleas y reuniones, aunque por otro lado siento haber perdido algunos lasos con la Provincia de Porto Alegre porque ya no compartimos el mismo plan, las informaciones, contenidos. Admiro el Coraje de cada hermana al decir su SI, este SI que lo estamos asumiendo juntas y apoyamos al equipo de coordinación, esto me enseña que dependo de mi SI generoso y desinteresado de mi asumir personal por creo en cada una y lo asumo son los riesgos que hayan, es un compromiso grande y lo he fortalecido, esto ha aumenta mi fidelidad al sí que dije desde el principio hasta ahora. Sueño con el mayor crecimiento de nuestra Región, con las vocaciones, participación activa de los Laicos del Pequeño Proyecto, el despertar misionero de otras hermanas que se sientan participes de nuestra familia. Nuestra presencia aquí en Bolivia es el rostro de nuestro carisma, con mi vida y testimonio intento concretizar el plan de Dios y ser lo que El me pide y mis deseos son que podamos continuar construyendo esta Región donde podamos vivir el carisma, ser una repuesta de esperanza, facilitar la integración en los grupos e instituciones , que no nos paralicemos delante de la realidad que vivimos en el País, que sigamos viviendo esta misión que nos transforma y nos hace ser engendradoras de vida, que sigamos abriendo caminos despertando liderazgo, lo importante en nuestra vida es la dirección que damos a los acontecimientos. Finalmente agradezco a Dios por su presencia en mi vida y cada una de nostras, el apoyo que la congregación nos ha dado y nos sigue dando, un gracias a cada una que nos acompaña con sus oraciones.

Tengo 51 años de Vida Consagrada, he dejado mi país Brasil para integrar la misión de Bolivia hace 28 años, estos años han sido una experiencia que marca fuertemente mi vida como hermana de San José. Me siento corresponsable con esta misión, pues he estado apoyando desde la fundación en 1981. En aquella época era integrante del Consejo Provincial de Porto Alegre, y desde ahí ofrecí apoyo incondicional a esta misión que tubo la primera comunidad en Magdalena-Beni. En 1983 se realiza la apertura la segunda comunidad, en el pueblo de San Joaquín. En esa época los medios de comunicación y transporte aéreo, terrestre y fluvial eran muy difíciles así como la subsistencia básica, por algún tiempo nos quedamos unidas a la comunidad de Magdalena y colaborando en el pueblo de San Ramón que pedía nuestra presencia. De a poco fui adaptándome a la nueva realidad sentía mucho la falta de sintonía con la provincia y la congregación pues las informaciones tardaban mucho debido a la falta de medios de comunicación, al pasar los años el progreso en nuestros pueblos fue surgiendo y como congregación hemos crecido, por las vocaciones y el despertar misionero de otras hermanas de las diferentes Provincias del Brasil que han integrado la misión. Actualmente somos 16 hermanas y 5 comunidades en ellas tenemos las casas de formación, el postulantado y el aspirantado, estamos insertas en la pastoral de la salud, educación, visita a las

Hermana Elena Muraro Region Bolivia 27


Geral Conselho Amplo, espaço de participação O Conselho Amplo, uma forma de participação das Irmãs de São José em âmbito de Congregação, reunirá em outubro de 2011 em torno de 35 Irmãs, em Roma. Este evento acontece em dois momentos distintos durante o mandato do Conselho Geral que é de seis anos. Sua finalidade é a de promover a unidade congregacional pela partilha de experiências, de vida e de missão. A partilha neste nível proporciona uma visão universal dos engajamentos e missão das Irmãs de São José. O Conselho Amplo é por excelência o espaço onde se dá o estudo, o aprofundamento e a reflexão sobre as decisões tomadas na Assembleia Geral da Congregação. É também um dos espaços em que: os temas considerados relevantes para a expansão da vida, do Carisma e da missão das Irmãs em nível internacional são aprofundados; os sonhos, as dificuldades, os desafios e as esperanças são socializados; a avaliação das decisões assumidas na Assembleia Geral e os encaminhamentos para a próxima são feitos em conjunto com a Equipe de Coordenação Geral da Congregação. Participarão do Conselho Amplo, deste ano, as Irmãs que coordenam as 14 Províncias, as Irmãs coordenadoras das quatro Regiões, as Irmãs representantes das quatro Missões, a Equipe de Coordenação Geral, as Irmãs tradutoras, membros das Comissões Internacionais de Comunicação, de Finanças e de Justiça, Paz e Integridade da Criação. O tema norteador do Conselho Amplo é “Missão... chamadas a ser itinerantes em fronteiras desafiadoras”, salientando-se os aspectos da liderança e da itinerância profética. A missão aparece no grande cenário de nossa Congregação desde a sua origem em 1650. Nosso fundador, Padre Jean Pierre Médaille, apresentando ao Instituto a Eucaristia, “mistério unificante e unificador”, como modelo e fonte de inspiração para o estilo de vida e atuação de seus membros, propôs o desafio da missionariedade, da vivência de uma espiritualidade embasada nos mistérios da Trindade, da Encarnação e da Eucaristia e do exercício do apostolado junto aos mais necessitados. As primeiras Irmãs, fruto das andanças missionárias e das pregações do jovem sacerdote jesuíta, foram as responsáveis pelo crescimento e expansão missionária do Pequeno Instituto chamado a ser a Congregação do mais puro e perfeito amor. Orientadas para Deus e para abraçar todas as formas de apostolado que promovessem a unidade desejada por Cristo “Que todos sejam UM” (Jo 17, 21), integravam fé, vida e compromisso social.

Outro enfoque do Conselho Amplo será o desenvolvimento de lideranças e capacidade de sermos itinerantes na missão. Entendemos que a riqueza de nossa internacionalidade, o contexto atual da Vida Consagrada, as realidades de inserção e missão da Congregação exigem que dispensemos tempo para compreender, explorar e possibilitar o desenvolvimento de habilidades de liderança e de posturas itinerantes em tudo o que somos chamadas a ser e a fazer. Posturas itinerantes provocam que façamos novas todas as coisas e não percamos de vista o ideal pelo qual decidimos consagrar nossa vida a Deus. Posturas itinerantes direcionam as escolhas e opções que fazemos para a opção pelos preferidos de Deus, buscando atender às suas necessidades materiais e espirituais. Posturas itinerantes nos revelam que somos chamadas a “ser orantes e missionárias em todas as fases de nossa vida e em todas as circunstâncias” (DFCG/09). Posturas itinerantes nos interpelam a rever nossa presença e atuação evangelizadoras nos 18 países onde estamos inseridas na perspectiva da unidade e da reconciliação. A itinerância se torna difícil sem o desenvolvimento de habilidades de liderança, pois estas contribuem na organização e dinamização de nossas atividades. O Conselho Amplo em nossa Congregação é este espaço que nos permite uma visão mais ampla, uma visão universal da vida e missão de nosso Instituto e nos desafia a pensarmos juntas o caminho a ser trilhado pelas Irmãs a fim de sermos sinais que comunicam esperança e vida. A duração do Conselho Amplo e o local variam de acordo com as necessidades e perspectivas. Neste ano, ele acontece de 06 a 22 de outubro, em Roma, e oportunizará às participantes, além dos estudos e reflexão, o conhecimento de algumas atividades de missão desenvolvidas pelas Irmãs da Província Italiana, as parcerias que estabelecem e a convivência com as Irmãs das comunidades de inserção. Um marco importante, neste ano, será a abertura da celebração dos 200 anos de fundação da Congregação das Irmãs de São José de Chambéry, por Madre Saint Jean Marcoux, cuja culminância será em Outubro de 2012.

Ir. Ieda Maria Tomazini Conselheira Geral - Roma - Itália 28


Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil Resumo comentado

O documento 94 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - “Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011-2015” - inicia com uma provocação: “escutar os sinais dos tempos e os desafios que neles se manifestam”. Pontual e correto. A população espera de instituições como a Igreja Católica uma resposta aos “desafios que emergem em nosso tempo de transformações radicais na totalidade da existência, que, às vezes, geram perplexidade, ameaçam a vida em suas diversas formas e levam o ser humano a se afastar dos valores do Reino de Deus”. O documento 94 foi organizado de tal forma que, no capítulo 1, a reflexão gira em torno de Jesus Cristo, o grande iluminador da caminhada. No capítulo 2, procura colocar os pés no chão, uma espécie de “choque de realidade”. Esta realidade tem urgências, que são detectadas no capítulo 3, com o seu enfrentamento, no capítulo 4 e indicando as urgências que devem ser priorizadas, especialmente nas Igrejas particulares, no capítulo 5. São cinco as urgências apontadas: Igreja em estado permanente de missão; Igreja: casa da iniciação cristã; Igreja: lugar de animação bíblica da vida e da pastoral; Igreja: comunidade de comunidades; Igreja a serviço da vida plena para todos. O que permite que sejam respeitadas duas características da Igreja: a unidade e a diversidade. Neste momento, o documento toca num ponto que é sensível para os homens e mulheres de Igreja, repetindo o Papa Paulo VI: “o homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres; ou, então, se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas”. É preciso ajudar as pessoas a conhecer Jesus Cristo, fascinar-se por Ele e optar por segui-lo. “Na alvorada do Terceiro Milênio, não só existem muitos povos que ainda não conheceram a Boa Nova, mas há também muitos cristãos que têm necessidade que lhes seja anunciada novamente, de

modo persuasivo, a Palavra de Deus, para poderem assim experimentar concretamente a força do Evangelho”. Dois pontos preocupantes: precisamos de mais testemunho efetivo e afetivo. Tanto entre os leigos, quanto entre os sacerdotes ou consagrados, há o desafio de vivenciar o ser cristão na realidade do dia a dia. E onde encontrar este rumo? A Igreja tem consciência de que “particularmente as novas gerações têm necessidade de ser introduzidas na Palavra de Deus através do encontro e do testemunho autêntico do adulto, da influência positiva dos amigos e da grande companhia que é a comunidade eclesial”. No atual período da história, marcado pela mudança de época, a missão assume um rosto próprio, com, pelo menos, três características: urgência, amplitude, inclusão. Um tempo que deve levar a uma forte comoção missionária. Mas alerta: “em virtude do enfraquecimento das instituições e das tradições, cresce a responsabilidade pessoal”. Chega a hora de dar passos concretos. Iniciamos pela pastoral da visitação, precisando de maior organicidade e eficácia para este serviço. Passamos pelos jovens: a oferta de um itinerário para a organização de seu projeto pessoal de vida contribuirá com a vida plena desta parcela tão significativa de nossa Igreja e da sociedade. Enfrentamos um desafio que é muito teorizado e pouco praticado: “O encontro fraterno e respeitoso com os seguidores de religiões não cristãs e com todas as pessoas empenhadas na busca da justiça e na construção da fraternidade universal”. Não deixando de reconhecer e recolher as muitas manifestações da piedade popular católica que “precisam ser valorizadas e estimuladas e, onde for necessário, purificadas. Tais práticas têm grande significado para a preservação e a transmissão da fé e para a iniciação à vida cristã.” O desafio do homem do século XXI: “as pessoas não buscam em primeiro lugar as doutrinas, mas o encontro pessoal, o relacionamento solidário e fraterno, a acolhida, vivência implícita do próprio Evangelho.” Revitaliza-se a urgência de conhecer as Sagradas Escrituras. Mas que não basta possuí-las, é necessário que a pessoa seja ajudada a 29


ler corretamente. Neste sentido, o cuidado com as comunidades, para que não sejam pequenas paróquias locais, com estruturas pouco utilizadas. Não perder de vista, igualmente, a missão fundamental de leigos e leigas como presença e testemunho na sociedade e na profissão; o carisma da vida consagrada - em suas dimensões apostólica e contemplativa - presente em fronteiras missionárias; inserida junto aos pobres; atuante no mundo da educação, da saúde, da ação social; orante em mosteiros e carmelos, comprometida a evangelizar por sua vida e missão; podendo questionar o grande número de instituições que surgiram amparadas pela Igreja e que hoje se tornaram leigas, ou até contrárias à própria Igreja. Não esquecendo que a Igreja é a presença mais capilar de uma organização social, no Brasil. Diretrizes indicam rumos, abordam aspectos prioritários da ação evangelizadora, princípios norteadores e urgências irrenunciáveis. Não há como executar planejamento pastoral sem antes pararmos e nos colocarmos diante de Jesus Cristo. O discípulo missionário é chamado a, profeticamente, questionar, através de suas escolhas e atitudes, um mundo que se constrói a partir da mentalidade do lucro e do mercado, não esquecendo que tais atitudes geram violência, vingança, guerra e destruição. Como o Filho de Deus assumiu a condição humana, exceto o pecado, nascendo e vivendo em determinado povo e realidade histórica (cf. Lc 2, 1-2), nós, como discípulos missionários, anunciamos os valores do Evangelho do Reino na realidade que nos cerca, à luz da Pessoa, da Vida e da Palavra de Jesus Cristo, Senhor e Salvador. Infelizmente, criou-se um paradoxo: já não é mais a pessoa que se coloca na presença de Deus, como servo atento (cf. 1Sm 3, 9-10), mas é a ilusão de que Deus pode estar a serviço das pessoas. Acaba se tornando uma espécie de culto de si mesmo. Ao pensar nas perspectivas de ação, será útil lembrar que de 2012 a 2015, estaremos comemorando os 50 anos da realização do Concílio Vaticano II, com várias ações na Igreja no Brasil. O Concílio representa um acontecimento eclesial que marcou fortemente a caminhada da Igreja, promovendo a atualização de métodos e de linguagem, verdadeiro Pentecostes do século XX. Deu à Igreja instrumentos arrojados que, ainda hoje, precisam ser digeridos. Mais do que isto, lembrar da figura ímpar de João XXIII, um papa que deveria ser de transição, convocou o Concílio e, até hoje, é sinônimo de pastor, angustiado em buscar ovelhas perdidas. O documento pede que não esqueçamos os novos areópagos: mundo universitário e uma ousada pastoral da comunicação. O terceiro areópago liga-se à presença pastoral junto aos empresários, aos políticos, aos formadores de opinião no mundo do trabalho, dirigentes sindicais e comunitários, disponibilizando e formando pessoas que se dediquem a

ser presença significativa nestes meios. Cabe também incentivar a Pastoral da Cultura, viva e atuante, através de centros culturais católicos e de projetos que visem atingir os núcleos de criação e difusão cultural. Pois, ao ignorarmos a realidade, com certeza, não evangelizamos. As boas respostas pastorais dependem de identificar as verdadeiras necessidades de evangelização. A pergunta é: o que nos diferencia dos demais credos religiosos? Exatamente aquilo que deixamos de fazer, especialmente quando abandonamos nosso carisma: o fascínio por Jesus Cristo e o compromisso pelo Reino de Deus e sua justiça. Elas representam forte apelo à unidade. Vale a pena lembrar a ousadia e o testemunho dos primeiros cristãos. Num mundo em transformação, as pessoas necessitam de referências de fé, vividas intensamente num dia a dia em que possam dizer: “vejam como eles se amam! Manoel Jesus (manoel@ucpel.tche.br) Professor de Comunicação da Universidade Católica de Pelotas - Pelotas/RS

30


De volta às raízes Em 1918, no Japão surge uma Nova esperança de vida. Numa terra bem distante onde, O céu é mais azul e brilham as estrelas, Sobre verdes matas e riquezas douradas. Um menino de dez meses, que mal ficava em pé, Agita as mãos despedindo-se dos pais. FILHO, ESPERE, VOLTAREMOS! Tinham como lema predileto: “Na terra estrangeira aculturarem-se, Trabalhar com honestidade, adquirir amizades”. Encantaram-se com imensos campos e a Tranquilidade do povo. Conheceram o Deus verdadeiro, tornaram-se cristãos, Fizeram muitos amigos. Nasceram três filhas e um filho. Sustentaram-se com a colheita de cada dia. Uma lembrança os animava. FILHO, ESPERE, VOLTAREMOS!

1994: “Irmãos, a saudade por vocês trouxe-me aqui, Como também o imenso desejo de pisar a terra Onde nossos pais sofreram e derramaram o suor Na fidelidade ao trabalho”. Ainda, trouxeram-me aqui, A vontade de conhecer a irmã caçula, De rezarmos unidos ao redor do lugar Onde nossos pais estão repousando e, Juntos, agradecermos a eles o amor, Carinho e dedicação por nós. ESPEREM, UM DIA ESTAREMOS COM DEUS E COM VOCÊS! Ir. Delta Toyama São Paulo/SP

Irmã Delta Toyama, participou da Oficina da Memória Viva, ministrada pela professora Vera Brandão, pedagoga e doutora em Ciências Sociais e promovida pela Província de São Paulo. No poema, Ir. Delta conta a história de seus pais desde que saíram do Japão, deixando seu único filho com dez meses com seus avôs para dar continuidade à tradição familiar. Sua família se encontra uma parte no Brasil e outra no Japão, em Niigata, lado oposto a Fukushima, onde em março deste ano teve início uma série de tsunamis que ainda assolam o país.

No intervalo do almoço, “boia fria”, Deitado na grama do cafezal, Foram vistos muitas vezes em lágrimas dizendo: Que bom seria, se pudéssemos, como aquelas nuvens, Voar de volta para o Japão”. Em 1928, compraram um terreno em São Carlos E colheram as primeiras economias. Sofreram com a Segunda Guerra Mundial, Tendo notícias do filho na frente de combate. 1949: sem poder realizar o sonho do reencontro Chorou aquele filho distante, “mamãe descansou”. 1973: “papai adormeceu para sempre”. Sabendo que não mais retornaria à Pátria, Fez as últimas recomendações... FILHO, ESPERE, VOCÊ CONHECERÁ SEUS IRMÃOS! 1993: “Irmão, nós três, seus irmãos, Aqui estamos, emocionados, pisando a terra De nossos pais. A caçula não pode vir”. Aprendemos a conhecê-lo na distância, Amarrados nos laços da amizade e Do amor que recebemos. Realizando agora o nosso encontro, Trouxemo-lhe esta mala cheia de recados do pai. Ele tinha orgulho de você ser um bravo Guerreiro, defensor da Pátria. Este cofre dourado é da mãe: está coberto com A bandeira brasileira e cheio de lágrimas De saudades por você, Coletadas nos longos anos de sua vida. - IRMÃO, ACREDITE, É VERDADE! 31


Discípulos missionários “biblicamente” animados “Des-ânimo”, falta de vigor, de criatividade, de alegria, falta de sentido e de encanto... um “vírus” que atinge nosso ser e nosso agir. Mas como manter o ânimo em meio às lutas, adversidades e desafios que a vida nos impõe? Como colocar “alma” naquilo que somos e fazemos? Como recuperar a seiva capaz de dar vigor às raízes de nossa vocação e missão? Perguntas que nós e toda a Igreja nos fazemos. Ultimamente e em todos os continentes, a Igreja fala em animação bíblica de toda a pastoral como aparece no Documento de Aparecida (nº 248), no Sínodo sobre a Palavra de Deus (nº 73), nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora do Brasil (2011-2015), procurando fazer da Palavra de Deus a seiva que percorre todo o seu tronco e nutre todos os ramos, isto é, a alma da ação evangelizadora da Igreja. Os primeiros cristãos e nosso fundador, Pe. Jean Pierre Médaille, não falavam de animação bíblica da pastoral. Mas a sua evangelização e seu zelo missionário eram perpassados por uma espiritualidade bíblica. Era a Bíblia, ou melhor, a Palavra, a conferir motivação, paixão, a dar ânimo, encorajar, a dar fervor, a suscitar força perseverante e transfigurar o sentido de suas vidas. Porque afinados com a Palavra, seu modo de pensar, de projetar, de realizar e de celebrar, era inteiramente impregnado da força transformadora gerada pelo encontro com o Senhor mediante a Palavra. Eram evangelizadores e missionários “biblicamente animados”. Muito animados. Animação bíblica quer se referir ao ânimo gerado a partir da Palavra. Isto significa que todos os agentes evangelizadores, sejam eles bispos, padres, diáconos, religiosos, catequistas, ministros e coordenadores de comunidade, tenham o “ânimo vital” que brota da Palavra. Isto exige uma aproximação à Sagrada Escritura que não seja só intelectual, mas com um coração “faminto de ouvir a Palavra do Senhor” (Am 8,11). Ninguém pode falar convincentemente de uma pessoa sem ter-se encontrado com ela. Seria apenas “falar por ouvir dizer”. Seria apenas informação.

A Palavra é encontro com Jesus. A samaritana (Jo 4,1-29), Nicodemos (Jo 3,1-21), Zaqueu (Lc 19,1-10), Maria Madalena (Jo 20, 17-18), os discípulos de Emaús (Lc 24,13-35), Paulo (At 9,1-20) e tantos outros homens e mulheres, fizeram a experiência do encontro com Jesus que sempre provoca uma reação-resposta. Após o encontro, nunca mais foram os mesmos. Tornaram-se “agentes de pastoral” profundamente assinalados pelo encontro com o Senhor. O discípulo missionário biblicamente animado não passa a fazer mais coisas, ou ter mais outros compromissos de agenda. Não é um modo de fazer. É um modo de ser diante de Jesus Cristo e, por causa d’Ele, um novo modo de ser diante dos outros. A vivência pessoal e comunitária da Palavra, através de círculos bíblicos, da prática da leitura orante, da formação bíblica e outros, vai educando a fé e formando os discípulos apaixonados por Jesus Cristo. Gera relações afetivas, comprometidas e atuantes. Transforma os corações e as mentes. Leva a celebrar a esperança na liturgia, que dispõe para plena comunhão com Deus, que se realiza na Eucaristia. Enfim, renova opções e fortalece a missão de anunciar a Palavra a todos os povos. Quando pessoas e comunidades são transformadas e animadas pela Palavra, multiplicam-se na Igreja e na sociedade frutos de amor, solidariedade, justiça e paz. Deixemo-nos cativar pela Palavra. Ela faz arder nossos corações, abrir nossas mãos e torna velozes os nossos pés na missão. Ir. Katia Rejane Sassi Porto Alegre/RS

32


A arte do desapego Quando nascemos o mundo que nos rodeia estava preparado para nos receber, alguém pensou cuidadosamente em nós: os pais, irmãos, avós, tios... Assim crescemos, e conosco também cresce a necessidade de ter. Essa necessidade é inerente ao ser humano. Ter casa, carro, terreno, animal de estimação, emprego, dinheiro, sucesso... Mas, quando olhamos com um olhar de Fé, percebemos que tudo isso não nos pertence. Nós passamos e os bens materiais ficam. Eles estão a serviço do ser humano e não o ser humano a serviço dos bens materiais. A Bíblia nos relata na parábola do Jovem Rico, exemplo concreto do apego material que tira a liberdade do ser humano, o leva a agir influenciado por seus bens materiais. O Jovem Rico foi ao encontro do Mestre e perguntou: “Mestre, o que devo fazer para obter a vida eterna? Vai vende tudo o que tens e dê aos pobres os teus bens” (Lc. 18,22). O jovem baixou a cabeça e foi embora, ele descobriu que estava fazendo de suas posses um deus e que não amava Jesus o suficiente para deixar tudo e segui-lo. Não significa que só os pobres podem seguir Jesus. O que importa é que Jesus seja o primeiro na vida de quem o segue. O jovem foi embora triste, pois não queria desfazer-se dos bens e dar aos pobres o que lhe pertencia. Ele não entendeu a mensagem do Mestre: para seguir Jesus Cristo, o coração deve estar livre. Os bens são necessários, mas não podem escravizar, devem estar a serviço. Em outra parábola, Jesus chamou atenção dos discípulos para observarem a atitude da viúva. Ele diz: “Eu garanto a vocês: essa viúva pobre depositou mais do que todos os outros que depositaram moedas no cofre das ofertas. Porque todos depositaram do que estava sobrando para eles. Mas a viúva, na sua pobreza, depositou tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver” (Mc 12, 43-44) . Dois fatos: um jovem apegado as suas posses e uma viúva liberta, voltada para as necessidades do outro, dá as últimas moedas para que o outro tenha o necessário para viver. A cada dia que passa, novas descobertas são feitas: a evolução social, novos empregos, novas metodologias de ensino, tudo anda muito rápido. O que hoje é importante para mim talvez não o seja mais amanhã. E neste processo é muito importante avaliar: nossos apegos ajudam a crescer ou estão atrapalhando? Aquele livro na biblioteca, quantas vezes foi retirado para ser lido nos últimos meses? Aquele armário, aquela mesa, aquela cadeira, aquela roupa, o calçado ainda são úteis? Em que estão servindo no lugar em que se encontram? A arte de desapegar-se é sublime, faz o ser humano tornar-se mais tranquilo, sereno e criativo no seu relacionamento com os demais, torna-se mais agradável, leve. A viúva deu o que tinha porque seu coração estava livre, não possuía apegos, seu olhar que brilhava chamou a atenção de Jesus e de seus discípulos. Ela partilhou, dividiu com o outro o pouco que lhe pertencia. O jovem foi embora triste, de cabeça baixa, amargurado. O apego aos bens materiais o consumia, não o deixou ser livre para agir, tirou-lhe a paz, a serenidade. Quando Jesus ocupa o centro da vida, as coisas materiais se tornam secundárias, a pessoa passa agir de forma desapegada, deixando o outro fazer as mudanças necessárias para o crescimento do grupo. Deus criou o universo e colocou o homem no centro, mas não o constitui dono do universo. Nesta trajetória ninguém é dono, apenas utilizamos os bens que estão a serviço da humanidade. Até o corpo que recebemos ao nascer deverá ser devolvido no final de nossa passagem aqui na terra. E para finalizar, uma linda frase que Jesus proferiu para seus discípulos. “Olhai para os lírios do campo, como eles crescem: não trabalham, nem fiam. Eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer um deles” (Mt 6, 28-29). Podemos ser artistas na arte do desapego. Você é capaz de pintar seu quadro? Ir. Adelide Canci - Vacaria/RS

33


Novos tempos

x Diferentes gerações

O curso “Novos temos X Diferentes gerações”, coordenado pelas psicólogas Lourdes Degrandis (lodegrandis@gmail.com) e Rosa Eliza Silva (relizas@uol.com.br), foi realizado no Instituto Acolher (ITA), São Paulo/SP. Participaram membros de diversas Congregações Religiosas. O curso trabalhou a questão do convívio de diferentes gerações de pessoas e os conflitos (choques) entre elas na família, na comunidade e no trabalho. A temática foi desenvolvida através da exibição de vídeos, apresentação de slides, atividades em grupos, plenário, muito diálogo e interação entre os participantes. A palavra “geração” foi definida como um conjunto de pessoas que nasceram numa mesma época, sincronizando o tempo biográfico (curso da vida) com o tempo histórico. Cada geração é formada de acordo com os acontecimentos, a evolução, as lideranças e as tendências de uma época. Ela não surge de uma sucessão de gerações biológicas e não há padronização do tempo para medir seu ritmo, podendo ter tanto dez anos como vários séculos. Não é a idade que define a geração e sim o processo de mudança de paradigmas que produz o anterior e o posterior. Foi acentuado que atualmente está ocorrendo algo inédito: o convívio entre cinco gerações ao mesmo tempo, ou seja, uma sociedade multigeracional. Foram apontados como causas o aumento da expectativa média de vida, a queda na taxa de natalidade e o envelhecimento da população. É bom lembrar que estereótipos são perigosos e que há diversidades entre as pessoas com diferenças de idade, condição social, gostos, atitudes, memórias e experiências. O início e fim de uma geração têm flexibilidade entre diversos autores, no entanto, algumas características gerais podem nos ajudar a entender melhor as interações sociais e a lidar com os conflitos de maneira natural. Atualmente, convivem as gerações de Veteranos, Baby-boomers, X, Y e Z. Geração Veteranos: pessoas que nasceram entre 1920 a 1945. Esse período marcado por crises econômicas, duas guerras mundiais e a “Belle Époque” (romantismo, artes, literatura, emersão do cinema e anúncios publicitários) compôs uma geração cuja grande missão e motivação foi reconstruir a sociedade. O respeito às regras sociais e as autoridades são o seu forte. O estilo de liderança é o autoritário (comando e controle). Geração Baby Boomers: nascidos entre 1945 a 1960. O termo se refere ao alto índice de natalidade após a Segunda Guerra Mundial. Época da globalização, da ida à Lua, do capitalismo e do consumismo. Com uma educação rígida e marcada pela disciplina acabaram por se rebelar. O rock and roll deu início a uma série de movimentos revolucionários. Fumar, usar cabelos compridos e roupas justas foram formas de protestar. Preocupados com a participação, o bom ambiente e a justiça lutaram pela liberdade da mulher, pela democracia, pelos direitos civis e conquistas sociais. Todavia, colocam a realização pessoal na frente até mesmo da família. Geração X: nasceu entre 1960 e 1980. O surgimento da TV teve muita influência nessa geração. Utilizada pelos pais como “babá eletrônica”, a TV ofereceu novas formas de brincar e modificou os horários familiares (refeições, realização de tarefas, etc.) e a maneira dos pais educarem seus filhos. A televisão poderia ser, ao mesmo tempo, um prêmio ou punição. As crianças dessa geração sofreram com os conflitos dos pais e os viram agindo com ceticismo em relação às autoridades e aos governos. Muitos dos jovens dessa geração não se identificaram com movimentos políticos revolucionários, adotando uma postura omissa e se agrupando de acordo com o seu estilo musical. Foram influenciados pelos movimentos sociais e pela evolução tecnológica. Egocêntricos e céticos são autossuficientes, priorizando o trabalho e relativizando a família. É uma geração marcada pelo pragmatismo e pela

autoconfiança nas escolhas, que buscou promover a igualdade de direitos e de justiça em suas decisões. Geração Y: nascida entre 1980 e 1995. Denominada de geração Y porque nesse período muitas crianças receberam a letra Y no nome. É chamada também de Geração Millennials, Geração Net ou nascidos na era digital. Adoram feedback, são multitarefas, sonham em conciliar trabalho e lazer, além de ser muito ligada em tecnologia e novas mídias. Nasceram em famílias flexíveis, que lhes ofereceram facilidades tecnológicas. Com muita facilidade para jogos e acesso a Internet são extremamente informados, mas alienados. A individualidade é um dos comportamentos mais claros e é confundida com egoísmo e arrogância. Individualistas, desenvolveram a necessidade de compartilhar parte de suas vidas nas redes sociais. São os nativos digitais. As gerações anteriores são os imigrantes digitais, pois tiveram que incorporar os novos avanços tecnológicos em sua vida e ainda baseiam parte de suas interações nas formas tradicionais e analógicas. Já os nativos digitais passam grande parte de sua vida online e não separam identidade digital da real. Dessa forma, está surgindo uma nova forma de identidade múltipla e descentralizada. Geração Z ou @: nascida a partir de 1995. Eles nasceram e viveram na era digital, estão interconectados, super informados, tem um sentimento crítico elevado, são egocêntricos, precisam ser reconhecidos e procuram seus próprios momentos de fama. Conseguem, enquanto estão na Internet, ouvir música, falar ao telefone e assistir TV. Possuem uma linguagem própria e colocam tudo o que se passa com eles na tela. São materialistas e extremistas em relação às emoções. Querem tudo para ontem, assim como a geração Y. Uma geração é marcada pelo período em que se nasceu, podendo migrar para as posteriores, mantendo algumas características da mentalidade do seu tempo. Os conflitos geracionais podem ser positivos se utilizados de forma positiva, promovendo a convergência de pontos de vista, paixões e aspirações. As diversas gerações que estão convivendo atualmente podem colaborar uma com as outras. Há cinco princípios que ajudam a lidar com o choque de gerações: respeitar as diferenças, diversidade no trabalho; gestão moderna; igualdade no trabalho e apostar na formação contínua, promovendo a rotação de funções. O curso terminou com a citação: “O futuro caminha para a Geração XYZ. Quem não entender isto, pode ficar sem futuro”. Lourdes Degrandis e Rosa Eliza da Silva sugeriram a seguinte bibliografia para aprofundar o assunto: CORTELLA, Mario Sérgio; MUSSAK Eugênio. Liderança em foco. Campinas, SP: Papirus 7 Mares, 2009. DESSEN, Maria Auxiliadora. Estudando a Família em Desenvolvimento: Desafios Conceituais e Teóricos. Psicologia: Ciência e Profissão/ CFP, Brasília, DF, número especial, p. 202-216, 2010. FEIXA Cales; LECCARDI Carmem. O conceito de geração nas teorias sobre juventude. In: internet, Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/se/v25n2/03.pdf>. Acesso em março 2011. KULLOCK Eline. Foco em gerações. Disponível em: <http://www.focoemgeracoes.com.br>. Acesso em março 2011. LIPKIN Nicole; PERRYMORRE April. A Geração Y no trabalho. Tradução Bruno Alexander. Rio de Janeiro: Elselvier, 2010. OLIVEIRA Sidnei. Geração Y: o nascimento de uma nova versão de líderes. São Paulo: Integrare Editora, 2010. PALFREY, John; GASSER Urs. Nascidos na era digital. Tradução: Magda França Lopes. Porto Alegre: Artmed, 2011.

Ir. Vera Lúcia dos Santos - São Paulo/SP

34


Colégio São José, uma Escola para a Vida! estacionamento da escola – destinado aos professores - fica sem os carros e sedia atividades para os alunos. Também é importante destacar a importância e o envolvimento de toda a comunidade acadêmica, os professores, a direção e os serviços que trabalham diretamente com competência e eficácia nas ações desenvolvidas com muita disponibilidade na realização das atividades. No ano do aniversário, o Colégio São José comemora também a conquista de primeiro lugar entre as escolas de Caxias do Sul no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM – edição 2010) mesma colocação dos anos de 2007 e 2008. Além de liderar o topo do ranking, o colégio ficou em 10º lugar na categoria Estadual.

O Colégio São José de Caxias do Sul completou 110 anos de 2011. Com 1 900 alunos, conta com 150 colaboradores e 95 professores. Como opção de ensino, oferece turmas de Educação Infantil a partir dos três anos, Educação Fundamental e Ensino Médio. Um dos destaques é o Projeto “Encantando os Finais de Tarde”, destinado a crianças até a terceira série. Nessa modalidade, as crianças ficam na escola até as 19 horas, uma opção a mais para os pais que não podem buscá-las às 17h30min – horário normal de encerramento do turno da tarde. Nesse horário estendido, os pais têm a tranquilidade da permanência dos estudantes no colégio e as crianças participam de atividades esportivas e educativas. Para a Educação Infantil e as séries iniciais do Ensino Fundamental, também há opção de turno integral de aulas e atividades educativas. O Colégio segue a linha sócio construtivista, com projeto de pesquisa e ensino interativo. Além disso, a escola prioriza as relações humanas no aprendizado. O assessor da direção, Jorge de Godoy, explica que a Escola busca destaque para as competências emotivas dos alunos, proporcionando uma interação entre o conhecimento e a vida prática dos estudantes no dia a dia. O respeito a si e aos outros também é valorizado no método de ensino. Uma das atividades de destaque do colégio é a “Carona Solidária”, em especial, no dia 22 de setembro, quando se comemora o Dia Mundial Sem Carro. Nesse dia, explica Godoy, o

35


“Padre Jean Pierre Médaille resume a espiritualidade da Irmã de São José numa consagração ao amor trinitário e convida a viver esse amor como o viviam Jesus, Maria e José.” (Constituição nº 6)


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.