Proposições sobre espaços internos

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA DIRETORIA DE CURRÍCULOS E EDUCAÇÃO INTEGRAL COORDENAÇÃO GERAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL

PROJETO DE FORTALECIMENTO INSTITUCIONAL DAS SECRETARIAS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO NA FORMULAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL

MARIA DA GRAÇA SOUZA HORN CONSULTORA

Estudo propositivo sobre a organização dos espaços internos das unidades do Proinfância em conformidade com as orientações desse programa e as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil (DCNEIs) com vistas a subsidiar a qualidade no atendimento. BRASÍLIA 2013


MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA DIRETORIA DE CURRÍCULOS E EDUCAÇÃO INTEGRAL COORDENAÇÃO GERAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL Consultor: Maria da Graça Souza Horn Entidade: UNESCO Diretoria/Coordenação:

Diretoria

de

Currículos

e

Educação

Integral/Coordenação Geral de Educação Infantil Projeto: (914BRZ1041- SEB PNE) Estudo propositivo sobre a organização dos espaços internos das unidades do Proinfância em conformidade com as orientações desse programa e as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil (DCNEIs) com vistas a subsidiar a qualidade no atendimento. Autenticação do Consultor Local e data: Porto Alegre Assinatura do consultor: Aprovação do Supervisor Atesto que os serviços foram prestados conforme estabelecido no contrato de consultoria. Local e data: Assinatura e carimbo Brasília, de 2013.


SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 6 2 AS DIRETRIZES CURRICULARES E SUAS IMPLICAÇÕES NA ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS INTERNOS DAS UNIDADES DO PROINFÂNCIA .......................... 9 3 PRINCÍPIOS NORTEADORES PARA ORGANIZAÇÃO DE TEMPO, ESPAÇO E MATERIAIS APONTADOS NAS DCNEIS ................................................................ 13 4 ORIENTAÇÕES PARA ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS E MATERIAIS NOS DIFERENTES AMBIENTES DAS UNIDADES DO PROINFÂNCIA ......................... 14 4.1 Hall de entrada ................................................................................................... 14 4.2 Praça central ...................................................................................................... 17 4.3 Sala de Multiuso ................................................................................................ 20 4.4 Salas de referência ............................................................................................ 24 4.4.1 Creche I e II................................................................................................... 24 4.4.2 Creche III ...................................................................................................... 29 4.4.3 Pré-escola ..................................................................................................... 33 4.5 Sugestões de móveis e equipamentos............................................................ 37 4.5.1 Hall de Entrada ............................................................................................. 37 4.5.2 Praça Central ................................................................................................ 38 4.5.3 0 a 3 anos ..................................................................................................... 41 4.5.4 3 a 6 anos ..................................................................................................... 45 4.5.5 Multiuso ......................................................................................................... 47 5 PARA AVALIAR E REFLETIR .............................................................................. 48 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 51


ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Organização dos espaços Hall de Entrada ................................................. 16 Figura 2 Planta Baixa Hall de Entrada - Sem Escala ................................................ 16 Figura 3 Organização dos espaços Praça Central .................................................... 19 Figura 4 Planta Baixa Praça Central ......................................................................... 19 Figura 5 Organização dos espaços Sala de Multiuso ............................................... 23 Figura 6 Planta Baixa Sala de Multiuso ..................................................................... 23 Figura 7 Organização dos espaços Sala de referência Creche I e II ........................ 28 Figura 8 Planta Baixa da Creche I............................................................................. 28 Figura 9 Organização dos espaços Sala de referência Creche III ............................ 32 Figura 10 Planta Baixa Creche III.............................................................................. 32 Figura 11 Organização dos espaços Sala de referência Pré-Escola ........................ 36 Figura 12 Planta Baixa Sala Pré-Escola ................................................................... 36 Figura 13 Mesa de Apoio .......................................................................................... 37 Figura 14 Painel de pequenos retalhos de tecido para afixar fotos ........................... 38 Figura 15 Almofadas de formas alusivas a bichos para serem colocadas em bancos ou em algum canto no chão ...................................................................................... 38 Figura 16 Arvore de madeira com frutas ou flores de pendurar ................................ 38 Figura 17 Barraca de pano desmontável com aberturas para janela ........................ 39 Figura 18 Caleidoscópio: Estrutura para entrar dentro revestida de material espelhado .................................................................................................................. 39 Figura 19 Carrinho de madeira com rodas para puxar ou entrar dentro ................... 39 Figura 20 Carro de papelão: Caixas de papelão que podem ser conectadas e complementadas com rodinhas................................................................................. 39 Figura 21 Biombo de quatro faces com girafa desenhada. Pode ser usado para divisória ou ser transformado em espaços de casinha .............................................. 40 Figura 22 Estrutura emborrachada com possibilidade de transformações ................ 40 Figura 23 Estrutura que poderá ser usada como um circo. Pode ser construído com tiras de plástico ou TNT e um bambolê ..................................................................... 40 Figura 24 Teatro de fantoches móvel ........................................................................ 40


Figura 25 Túnel colorido Construído de tecido resistente, tendo na parte inferior uma madeira forrada de espuma e tecido ......................................................................... 41 Figura 26 Berço de tecido resistente, fixado em dois rolos de madeira, com suportes de corda .................................................................................................................... 41 Figura 27 Painel de tecido com bolsos para guardar pertences diversos ................. 41 Figura 28 Caixa externa ............................................................................................ 41 Figura 29 Caixa interna ............................................................................................. 42 Figura 30 Colchão em curva para exploração com diferentes superfícies ............... 42 Figura 31 Tapete de dominó ..................................................................................... 42 Figura 32 Escada de sensações ............................................................................... 43 Figura 33 Biombo com três faces, com janelas e portas colocadas em faces distintas .................................................................................................................................. 43 Figura 34 Berços de madeira que possibilitam encaixar um no outro ....................... 43 Figura 35 Labirinto .................................................................................................... 43 Figura 36 Percurso tátil ............................................................................................. 44 Figura 37 Portas acopladas....................................................................................... 44 Figura 38 Túnel construído de madeira ou pano, forrado com diferentes objetos de preferência sonoros ................................................................................................... 44 Figura 39 Caixa temática da cidade .......................................................................... 45 Figura 40 Caixa temática das historias ..................................................................... 46 Figura 41 Caixa temática dos Sons ........................................................................... 46 Figura 42 Caixotes acoplados para guardar diferentes jogos e brinquedos.............. 47 Figura 43 Móvel com rodas e diversas divisórias para guardar papéis, revistas, livros .................................................................................................................................. 47 Figura 44 Estante com rodas para guardar livros ...................................................... 47 Figura 45 Bancos com diferentes modos de disponibilizar no espaço ...................... 47


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1 APRESENTAÇÃO

Este material tem como referência o diagnóstico da utilização dos espaços físicos em unidades do Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para Rede Escolar Pública de Educação Infantil (Proinfância) por amostra, o qual apontou as principais distorções, subutilizações e dificuldades na organização dos espaços físicos conforme proposto no projeto (Horn, set. 2013). O diagnóstico evidenciou que o modelo pedagógico que caracteriza as unidades do Proinfância observadas na seleção para amostra alinha-se à perspectiva de uma pedagogia tradicional. A concepção que perpassa as ações pedagógicas dos educadores, os modos de arranjar os espaços físicos e o livre acesso das crianças aos brinquedos e materiais é a do não protagonismo das crianças, do não entendimento de que elas aprendem em e na interação com seus pares e com o espaço no qual estão inseridas. Para muitos gestores educacionais, o trabalho com crianças pequenas ainda é um desafio para o qual estão despreparados, tanto da perspectiva teórica quanto da prática propriamente dita. Este material tem por objetivo orientá-los, auxiliá-los a organizar os espaços internos desses prédios e equipá-los com materiais adequados e qualificados para uma prática pedagógica que esteja sintonizada com os objetivos do Proinfância e com as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil (DCNEIs). Os prédios do Proinfância foram − e estão sendo − construídos em regiões metropolitanas onde são registrados os maiores índices de população nessa faixa etária, bem como em municípios com menor número de habitantes, sendo seu objetivo garantir o acesso de crianças a creches e escolas de educação infantil


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pública. Ao lado disso, as DCNEIs − Parecer CNE nº 20, de 11 de novembro de 2009 – constituem documento base para o estabelecimento de orientações a serem observadas na organização de propostas pedagógicas voltadas a essa etapa da educação básica. Esse documento, fruto de inúmeras pesquisas, fóruns e discussões em todo o país, reúne os conceitos básicos para o entendimento dos principais temas para o trabalho com crianças pequenas e pauta-se no entendimento de que as propostas pedagógicas das instituições de educação infantil deverão prever condições para o trabalho coletivo e a organização dos materiais, espaços e tempos em torno de variadas e significativas atividades. Com vistas a garantir uma educação infantil de qualidade, é fundamental fornecer indicadores e orientações que auxiliem os gestores municipais a equipar e organizar tais espaços de modo a torná-los um parceiro pedagógico dos educadores, tendo como premissa o entendimento de que as crianças aprendem na interação com o seu meio, em especial na interação com parceiros adultos e crianças com os quais elas convivem. Se assim entendemos a construção do conhecimento, a implicação pedagógica decorrente é a de que o meio será um fator decisivo nesse processo e, quanto mais instigante e desafiador ele for, mais relações qualificadas se estabelecerão. A organização dos espaços e dos materiais são importantes mediadores da aprendizagem, devendo, em primeiro lugar, atender às necessidades infantis (afetivas, cognitivas, fisiológicas, relacionadas à construção da autonomia e à socialização) e propiciar desafios, descobertas e possibilidades para que as crianças estabeleçam variadas interações. A proposta deste documento tem como referência a estrutura física do prédio tipo B do Proinfância por entender-se que os espaços nele descritos também


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servirão como norte aos do tipo C. Vamos explicitar uma funcionalidade para os diferentes espaços, que interações prioritariamente ali se estabelecem, apontar como organizá-los e equipá-los qualificadamente e que materiais serão importantes oferecer para as atividades com as diferentes faixas etárias.


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2 AS DIRETRIZES CURRICULARES E SUAS IMPLICAÇÕES NA ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS INTERNOS DAS UNIDADES DO PROINFÂNCIA O documento que norteia e estabelece princípios para a Educação Infantil no Brasil é o Parecer CNE/CEB nº 20/09 (BRASIL, CNE, 2009), que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEIs). Esse documento destaca que a organização dos espaços e dos materiais deverá prever estruturas que facilitem as interações das crianças, permitindo-lhes construir sua cultura de pares. Destaca ainda que o contato com a diversidade de produtos culturais (livros de literatura, brinquedos, objetos e outros materiais), com manifestações artísticas e com elementos da natureza, é indispensável. Para tanto, existe a necessidade de uma infraestrutura e de formas de funcionamento da instituição que garantam ao espaço físico constituir-se como um ambiente que permita um bem-estar promovido pela estética, pela boa conservação dos materiais, pela higiene, pela segurança e, principalmente, pela possibilidade de as crianças brincarem e interagirem − eixos fundamentais que perpassam toda a estrutura das DCNEIs. Neste aspecto é importante ressaltar que os espaços destinados às crianças de diferentes faixas etárias não podem ser considerados como uma sala de aula na perspectiva tradicional, mas sim como um espaço referencia para os grupos de crianças. Isso implica pensar que neste local a proposta não seja organizá-lo e gerenciá-lo para “aulas” aconteçam, mas sim, que experiências educativas possam ser vividas pelas crianças. Essas orientações certamente apontam para uma indagação que muitos educadores infantis se fazem e que diz respeito às relações existentes entre a organização dos espaços e o trabalho que desenvolvem junto às crianças. A


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resposta a tal questão passa pelo entendimento de concepções referentes à educação infantil, à criança e ao processo de aprendizagem. Entendemos a criança como agente de seu próprio conhecimento, como protagonista e ativa, alguém que aprende na interação com meio e com outros parceiros. Essa interação introduz a criança no ambiente, estimulando-a a participar, a construir e a ser protagonista em uma atitude participativa, que acontecerá na vida que partilha com o grupo. No caso da criança pequena, em especial, ela se desenvolve associando memória de situações a espaços e materiais em que estas ocorreram. Assim, espaços e materiais atuam como mediadores externos para as ações das crianças. Se há uma estante com livros e um tapetinho perto no qual se pode sentar e folheálos, isso canaliza as ações infantis para a interação com os livros, imitando o que já observou ser o comportamento de leitores adultos, e também se torna fundamental no faz-de-conta de crianças pequenas. Elas criam um enredo imaginário mediado por objetos, indumentárias, sons, etc., e assumem personagens. Então, no contexto das unidades de educação infantil, o espaço converte-se em um parceiro pedagógico. Por sua vez, as ações desenvolvidas pela criança serão descentralizadas de sua figura e norteadas pelos desafios dos materiais, dos brinquedos e do modo como organizamos o espaço. Nesse cenário, o educador deverá observar criteriosamente seu grupo de crianças e pensar o quê, como e por que disponibilizar diferentes materiais (de toda ordem e de diferentes naturezas, estruturados e não estruturados, tudo o que possa permitir a interação e a construção de conhecimento da criança). Nesse processo interativo, destacam-se dois aspectos: o acesso autônomo das crianças a esses materiais e as diferentes linguagens que estarão sendo


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privilegiadas e construídas nas interações com eles. Há, assim, uma mudança de paradigma importante: passa-se da centralidade de atuação do professor a um protagonismo da criança regido pelos brinquedos, móveis e objetos planejadamente colocados para o seu desafio e para a sua interação. Portanto, toda a energia do professor se concentrará nessas ações. É o fazer pedagógico que permitirá à criança agir sem o auxílio do adulto, levando em consideração suas necessidades básicas e potencialidades. Essa forma de organizar o espaço quebra o paradigma de uma escola inspirada em um modelo de ensino tradicional de classes alinhadas, umas atrás das outras, de móveis fixos, de armários chaveados pelo (a) professor (a), do qual dependerá toda e qualquer ação da criança. Em um contexto assim pensado e organizado, promovemos a construção da autonomia moral e intelectual das crianças, estimulamos sua curiosidade, auxiliamos a formarem ideias próprias acerca das coisas e do mundo que as cercam, possibilitando-lhes estabelecer interações cada vez mais complexas. Ao se planejar vivências das crianças nos espaços das unidades de educação infantil, devemos prever que atividades são fundamentais para a faixa etária a que se destinam, pensando-se na adequação da colocação dos móveis e objetos que contribuirão para o seu pleno desenvolvimento. Nesse ambiente flexível e em constante transformação, mais do que a consideração do espaço físico, nosso olhar também se voltará ao modo como o tempo é estruturado e que ações serão realizadas nesse tempo e espaço. Segundo Carolyn Edwards e colaboradores (1999), a consideração pelas necessidades e pelos ritmos das crianças molda o arranjo do espaço e do ambiente


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físico, enquanto o tempo de que dispomos permite o uso e o desfrute no ritmo da criança nesse espaço cuidadosamente elaborado.


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3 PRINCÍPIOS NORTEADORES PARA ORGANIZAÇÃO DE TEMPO, ESPAÇO E MATERIAIS APONTADOS NAS DCNEIS 

A educação em sua integralidade, entendendo-se o cuidado como

elemento indissociável do processo educativo. 

A indivisibilidade das dimensões expressivo-motora, afetiva, cognitiva,

linguística, ética, estética e sociocultural da criança. 

A participação, o diálogo e a escuta cotidiana das famílias, bem como o

respeito e a valorização de suas formas de organização. 

O estabelecimento de uma relação efetiva com a comunidade local e dos

mecanismos que garantam a gestão democrática da unidade e a consideração dos saberes da comunidade. 

O reconhecimento das especificidades etárias, das singularidades

individuais e coletivas das crianças, promovendo-se interações entre crianças de mesma idade e crianças de idades diferentes. 

A garantia dos deslocamentos e dos movimentos amplos das crianças nos

espaços internos e externos às salas de referência das turmas e à instituição. 

A acessibilidade de espaços, materiais, objetos, brinquedos e instruções

para as crianças com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades de superdotação. 

A apropriação pelas crianças das contribuições histórico-culturais dos

povos indígenas, afrodescendentes, asiáticos, europeus e de outros países da América.


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4 ORIENTAÇÕES PARA ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS E MATERIAIS NOS DIFERENTES AMBIENTES DAS UNIDADES DO PROINFÂNCIA

4.1 Hall de entrada

O hall de entrada é o primeiro espaço que a criança vislumbra ao chegar à instituição. Ele passará uma mensagem de acolhimento se estiver marcado com elementos que lembrem o seu cotidiano através de fotos em painéis e murais, se permitir sentar-se em cadeiras e sofás confortáveis, se estiver enfeitado com plantas, se permitir o convívio com os adultos que trazem as crianças e com aqueles que as recebem. Esta é uma das formas de contemplar o princípio elencado nas DCNEIs, o qual refere à participação, ao diálogo e à escuta cotidiana das famílias, ao respeito e à valorização de suas formas de organização. Segundo Elinor Goldschmied (2006), o impacto visual desse espaço merece atenção, já que se constitui em uma declaração pública, por parte da creche, de seus valores e prioridades. Em outras palavras, o espaço oferece um retrato vivo das concepções de educação infantil de seus educadores. Muitas instituições criam um ambiente infantil artificial, sem aludir ao que ali se vive cotidianamente. O fato de identificarmos com fotos e nomes dos adultos que ali trabalham afixarmos fotos das crianças vivendo o dia a dia, retratando projetos e passeios realizados, colocarmos avisos cuidadosamente planejados oferece aos pais e a todos aqueles que entram na instituição um sentimento de pertencimento e acolhimento. O espaço destinado à comunicação e às informações poderá estar colocado em painéis de cortiça ou madeira e informar sobre o cardápio do dia, a agendas de eventos e reuniões e os avisos gerais. Também poderão expor as fotos


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de trabalhos realizados pelas crianças e de situações vividas no cotidiano. Outro móvel interessante são prateleiras nas quais estejam arquivos biográficos e portfólios que documentem o trabalho dos diferentes grupos de crianças. As marcas culturais também são de extrema importância nesse espaço hospitaleiro: elementos que marcam a vida das pessoas daquela região, daquela cidade, daquele bairro fornecerão a identidade necessária a esse lugar, que o tornará diferente de outras unidades do Proinfância localizadas em outros lugares. O importante é manter esse espaço visualmente atraente e cuidado, no sentido de mantê-lo limpo e com aromas agradáveis, convidativo e revelador das características de quem o habita.

Quadro 1 Objeto e móveis sugeridos para o Hall de entrada

• Quadro ou painéis para fotos das crianças em diferentes atividades • Quadro ou painéis para recados e avisos • Quadro com nomes e fotos dos adultos • Vasos com plantas • Sofá • Almofadas • Poltronas • Espaço para exposição de trabalhos feitos pelas crianças • Prateleiras para colocar documentação referente ao trabalho realizado na instituição ou trabalhos realizados em três dimensões (objetos de argila, massa, etc.). • Revisteiro com revistas da área de educação, álbum de fotos na escola.


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Figura 1 Organização dos espaços Hall de Entrada

Figura 2 Planta Baixa Hall de Entrada - Sem Escala


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4.2 Praça central

Segundo memorial descritivo dos prédios do Proinfância tipo B (FNDE), a praça central é um espaço de integração entre as diversas atividades e diversas faixas etárias, onde se localiza o refeitório, próximo ao Buffet. Podemos então considerar que nesse espaço deverá ocorrer a interação entre crianças da mesma faixa etária, entre crianças de diferentes faixas etárias, entre adultos e crianças, contemplandose assim um dos princípios elencados nas DCNEIs: “O reconhecimento das especificidades etárias, das singularidades individuais e coletivas das crianças, promovendo interações entre crianças de mesma idade e crianças de diferentes idades”. Esse espaço também poderá ser pensado para propor desafios que contemplem tais interações com objetos e materiais diversificados, promotores de atividades que não são exclusivas das salas de referência. Esse local, portanto, deverá contemplar espaços diferenciados, circunscritos por estantes baixas, cercas, painéis, biombos, rebaixamento de tetos por meio de tecidos, elevação do chão por meio de estrados. Ali se realizarão atividades que não serão somente as de correr ou as destinadas à alimentação. Como se constitui em um espaço amplo, as atividades que envolvem movimentos mais amplos poderão estar nele contempladas, como andar de motoca, de carrinho de lomba, de patinete. Espaço para se esconder também poderão estar ali localizados, como grandes cubos de madeira com aberturas para comunicação que possibilitem às crianças o estar dentro e fora. O jardim interno poderá ter bancos para descansar, conversar ou jogar, para convívio entre flores e plantas que darão o toque estético, percebidos pelo aroma agradável e pela visão colorida que


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emprestarão ao espaço. Dessa forma, podemos pensar em áreas distintas, tais como: 

Área de movimentos amplos;

Área de construção;

Área de descanso;

Área de jogos simbólicos e dramatizações.

Quadro 2 Espaços para Materiais e Equipamentos

• Motocas, patinetes, carros, Movimento

carrinho de lomba, carrinhos de mão, cordas, rampas. • Blocos de espuma, madeiras

Construção

para construção de garagens, cabanas, blocos de madeira. • Almofadões, tapetes, cantos

Descanso

para se esconder, canto das histórias, bancos para conversar, esteiras para colocar no chão.

Jogos simbólicos

• Fantasias, máscaras, teatro para fantoches, fantoches, palco desmontável.


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Figura 3 Organização dos espaços Praça Central

Figura 4 Planta Baixa Praça Central


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4.3 Sala de Multiuso

A sala de multiuso poderá contemplar atividades envolvendo diferentes linguagens (leitura, música, ateliê para expressão grafo plástica, teatro, ateliê tecnológico). Mesmo que nos espaços das salas referência, de algum modo, essas expressões estejam contempladas, podem-se prever materiais e brinquedos que não estejam disponibilizados em outros espaços da instituição. Um princípio importante a ser considerado é a possibilidade de transformação tanto na disponibilização quanto no tipo de materiais oferecidos, os quais não são estáticos e serão sempre mudados. Essas mudanças serão resultado de uma observação por parte dos educadores, no sentido de detectar que necessidades e interesses as crianças evidenciam. Fazer listas dos materiais usados poderá ser um auxílio nessas modificações. Uma sugestão interessante é privilegiar materiais e livros com os quais as crianças não interagem cotidianamente, pois este é um espaço para viver e conviver com diferentes sensações envolvendo as mãos, a imaginação e os sentidos. Os materiais poderão estar colocados em prateleiras ou estantes à altura das crianças, dispostos em cestas, caixas, potes abertos e transparentes, bandejas, apresentados de modo convidativo e atraente à interação da criança. Nestes espaços poderão estar contempladas também as atividades artesanais típicas de cada região do país aonde se insere o Proinfância, apresentadas às crianças por artistas locais que poderão realizar oficinas com elas. Ao lado destes espaços, um destaque a ser feito diz respeito ao ateliê tecnológico, na perspectiva de entendermos a instituição escolar como um espaço de criação que deve incorporar os produtos culturais e as práticas sociais mais


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avançadas da sociedade. As DCNEIs pactuam com essa ideia quando afirmam que as práticas pedagógicas constitutivas de sua proposta curricular devem ter como eixos a brincadeira e a interação, garantindo as mais variadas experiências nas diferentes linguagens. Dentre elas, são apontadas as que “possibilitem o uso de gravadores, projetores, máquinas fotográficas e outros recursos tecnológicos e midiáticos”. As ferramentas tecnológicas são utilizadas para registrar e reproduzir dados, acessar informações, viabilizar o criar, o expressar, o cooperar, o brincar e o jogar, pensando sempre em suas relações com atividades humanas que lhes dão significado. As experiências com os equipamentos disponibilizados nesse espaço deverão promover atividades como algo a mais, e não como algo excepcional, descontextualizado dos projetos e da própria rotina das crianças. Esse local deve ser pensado não como um ”apêndice” da instituição, onde as crianças terão um atendimento no treino do uso de computadores somente como uma atividade deslocada das interações vividas no cotidiano, mas como um espaço de ampliação da sala de referência onde se pode explorar outros tipos de equipamentos, usando-os como outras linguagens, enriquecendo as experiências das crianças. O uso da tecnologia deverá ser consciente, pensando-se primeiramente em que esse uso contribuirá para o desenvolvimento das crianças.


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Quadro 3 Espaços para Materiais e Equipamentos

• Materiais da natureza (pedras, folhas secas, materiais típicos da região) rolhas de diversos tamanhos, pedaços de Construção e montagem

cano, fios, molas, pedaços de tecidos de tipos diferentes, pedaços de madeira de diferentes formas e tamanho, tubos de cola, tesouras, cavaletes

para

pintura,

mesas

para

experimentações. • Canetinhas de vários tipos, lápis duros e macios, giz de cera de diversos Expressão grafoplástica

tamanhos, tintas de diferentes tipos, diversos tipo e tamanhos de papel de varias cores, instrumentos para trabalhar com argila, balde com argila. • Biombo para teatro de fantoches,

Jogo dramático

baú com fantasias, cortinas para palco, maquiagens e adereços para teatro. •

Livros

de

histórias

variadas,

adereços e recursos para contação de Leitura e audição de histórias

histórias, como fantoches de vara, fantoches de mão, gravuras. • Computadores • Maquina fotográfica • Retroprojetor • Transparências

Ateliê tecnológico

• Canetas para retroprojetor • Gravador • Microfone • Fone de ouvido


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Figura 5 Organização dos espaços Sala de Multiuso

Figura 6 Planta Baixa Sala de Multiuso


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4.4 Salas de referência

4.4.1 Creche I e II

Faixa etária de 0 a 2 anos Os espaços de berçário giram em torno de quatro princípios importantes: proporcionar um ambiente organizado e ao mesmo tempo flexível; proporcionar conforto, segurança e ao mesmo tempo desafios; proporcionar a interação com as diferentes linguagens e proporcionar o bem-estar das crianças. O ambiente no qual as crianças estarão inseridas será adequado a diferentes tipos de atividades: áreas de repouso, de higiene e das brincadeiras e, em anexo, o solário. Nesses espaços distintos, também se realizarão ações diversificadas. O espaço do repouso deverá permitir às crianças a tranquilidade necessária ao sono, o que irá variar de criança para criança. Como a possibilidade de vigília ao sono por parte dos adultos é fundamental, consequentemente o tamanho e a quantidade dos berços deverão ser compatíveis com as dimensões do espaço onde se localizam. O uso de catres ou colchonetes deverá sempre estar priorizado por permitir uma reorganização desse espaço para a realização de outras atividades e uma melhor circulação dos adultos. Objetos de conforto para embalar o sono serão bem-vindos para contemplar as necessidades e os interesses de cada criança. Na área destinada à higiene, as crianças são trocadas e banhadas, entendendose esses momentos como de importantes aprendizagens, razão pela qual esse espaço deverá ser convidativo e interessante para as crianças. Móbiles poderão estar pendurados no teto próximo ao trocador, assim como espelhos colocados no teto e nas paredes poderão possibilitar que a criança se enxergue e, através dessa


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ação, identifique-se e conheça as diferentes partes de seu corpo. Os armários colocados nesse espaço deverão priorizar a guarda das roupas de cama, das fraldas, das roupas de reserva das crianças e de outros acessórios pertinentes à higiene, como higienizadores, toalhas e sabonetes. É importante considerar que, se nessa etapa do desenvolvimento os cuidados individualizados de higiene e de alimentação ainda são de responsabilidade dos adultos, isso não significa priorizar tais ações em detrimento das ações de brincar e de explorar o espaço. Portanto, a área destinada à brincadeira deverá oportunizar às crianças o estar no chão, o arrastar-se, o engatinhar, o estar com os outros e o interagir com diferentes materiais. Esse espaço deverá constituir-se em um laboratório onde acontecem as experiências sensoriais, sociais e motoras. Alguns critérios podem ser priorizados: espaço para as crianças que ainda não se deslocam e espaço para os bebês que se deslocam. Para as crianças que ainda não conseguem locomover-se, convém dispor de um tatame ou tapete almofadado. Esse espaço não precisa ser fixo e poderá ser deslocado para outros locais, inclusive solário e praça central, contemplando um dos princípios explicitados nas DCNEI: “os deslocamentos e os movimentos amplos das crianças nos espaços internos e externos às salas de referência das turmas e à instituição”. Para as crianças que já se locomovem engatinhando, arrastando-se ou caminhando, deverá estar previsto um espaço para ampla movimentação, sendo a área central do espaço da sala o ideal. As paredes desse espaço poderão ter elementos de texturas diferentes, evitando-se o uso de EVA e de plástico, bem como ter barras afixadas, tanto no sentido vertical quanto no sentido horizontal, servindo de apoio às crianças para que se coloquem de pé.


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Quadro 4 Espaço para Materiais e Equipamentos

Repouso

Móbiles que se movimentem com facilidade, berços ou catres de tamanho adequado ao espaço disponível, objetos de conforto como bonecos e bichos de pano (laváveis).

Higiene

Trocador, espelho, móbiles.

Materiais para o desenvolvimento dos sentidos Brincadeiras

Bolas e caixas grandes de madeira

Bolas de tecidos diversos

Sacos de pano pequeno com ervas aromáticas.

Terra com ervas aromáticas em espaços aonde

as crianças brincam Materiais que produzem som 

Latas ou caixas bem fechadas com objetos que

produzam som 

Sinos

Diferentes tipos de papel para amassar

Instrumentos musicais

Materiais feitos de materiais naturais 

Cestos

Rolhas

Materiais naturais da região

Conchas

Materiais para o jogo simbólico 

Panelas

Pratos

Xícaras

Talheres

Copos

Bonecos

Roupas para vestir bonecos

Pedaços de tecido

Objetos para brincar de limpar (panos, rodos,

vassouras, baldes). 

Maleta de médico

Móveis para casa de boneca (cama, mesa,

cadeiras, armário, espelho, fogão, geladeira)


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Objetos para entrar 

Caixas

Cabanas

Túneis

Materiais para empurrar 

Carrinhos

Carrinho de mão

Bichos de puxar

Rodas de madeira para girar

Livros 

Livros de pano

Livros de borracha

Livros de papel

Materiais grafoplásticos 

Tintas com anilina comestível

Tinta guache

Massa caseira para modelar

Pincéis de diferentes espessuras

Rolos para pintar

Giz de cera de espessura grossa papéis de

diferentes tipos e tamanhos

Solário

Os materiais poderão ser trazidos para esse local e variar conforme o interesse das crianças. Atividades com água e tinta podem ser privilegiadas nesse local, bem como atividades

de

amplos

movimentos.

É

interessante

disponibilizar materiais para subir, escorregar e entrar em túneis.


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Figura 7 Organização dos espaços Sala de referência Creche I e II

Figura 8 Planta Baixa da Creche I


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4.4.2 Creche III

Faixa etária de 2 a 4 anos

A sala de atividades destinada às crianças de 2 a 4 anos prevê em sua planta arquitetônica três áreas distintas: repouso, sanitários e atividades diversificadas e, em anexo, na parte externa, o solário. Nessa faixa etária, as crianças já apresentam autonomia de locomoção, conseguem controlar os esfíncteres e demonstram muito mais autonomia do que as crianças da creche I e II. As necessidades de higiene, de sono e de brincar precisam ser atendidas, porém com algumas diferenças em relação às crianças menores. Em função disso, a organização do espaço físico e o tipo de material oferecido sofrerão algumas modificações. O espaço físico deverá promover múltiplos encontros, cumprindo o papel de ser referência para as crianças, de ser sua identificação como grupo e como indivíduos. Essa construção contemplará o grande grupo, os pequenos grupos e a individualidade das crianças. O atendimento de tal premissa explicita-se na organização do espaço em áreas de trabalho distintas e naquelas delimitadas pelo chão, por meio de tapetes e estrados, pelo teto com panos que rebaixem a altura, pelas laterais por meio de estantes e biombos. A possibilidade de transformação sempre terá de ser viabilizada, pois as necessidades e os interesses das crianças vão mudando em função de sua maturidade, do contexto familiar e do próprio cotidiano da escola. Esses espaços tratarão de encontrar um equilíbrio entre privacidade e socialização, tranquilidade e movimento, priorizando atividades em grupo e individuais. Sempre que possível, convém deixar uma das áreas de trabalho com espaço suficiente para permitir encontros com o grande grupo. Deve-se considerar


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que todas as áreas que poderão estar contempladas nem sempre ocuparão um lugar fixo em sua disponibilização. A sugestão é de que esses espaços tenham móveis e equipamentos que permitam grande flexibilização e possibilidade de transformação. O espaço destinado ao sono, por exemplo, poderá será utilizado para muitas outras atividades durante o dia. Nessa faixa etária, a interação com materiais para realização do jogo simbólico é muito importante, podendo ser uma das áreas fixas, assim como aquela destinada à contação de histórias e à biblioteca e aquela destinada a construções diversas. A possibilidade de organizar materiais em caixas temáticas que sejam móveis é uma alternativa interessante para o desenvolvimento de outras linguagens. Quadro 5 Espaços para Materiais e Equipamentos

Repouso

• Colchonetes • Catres • Objetos de conforto e aconchego como bonecos, bichos de pano, livros de histórias. • Móveis de casa (fogão, armário, mesa, geladeira,

Jogo simbólico

cadeiras, cama) • Utensílios de cozinha (pratos, panelas, talheres, xícaras) • Cestos com frutas e legumes de cera ou plástico • Ferro de passar, vassoura, rodo, telefone, televisão, computador. • Bolsas e bijuterias • Roupas para trocar bonecas (panos, casacos, calças) • Apetrechos para pentear (pentes, escovas, adereços de cabelo) • Maleta de médico (seringa, estetoscópio, embalagem vazia de remédios) • Caixa de carpinteiro (martelo, chave de fenda, outras ferramentas)


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• Materiais de construção • Grandes blocos ocos Construção

• Tacos e blocos de madeira de diferentes tamanhos, jogos de encaixar, de empilhar, cubos de espuma de diferentes tamanhos, pedaços de pano, caixas grandes e pequenos tubos. • Materiais para encaixar e desencaixar • Brinquedos de montar e desmontar (carros, caminhões, blocos de encaixar) • Papéis de diferentes formas e texturas • Tinta guache • Aquarelas, cavaletes, esponjas, rolos pincéis de

Expressão grafoplástica

diferentes espessuras, giz de cera

Instrumentos musicais, microfone, fantasias. Jogo dramático e música Leitura e audição de

Livros infantis com histórias de gêneros diferentes

histórias

Exploração do solário

• Brinquedos e materiais móveis • Carros para empurrar, bolas, motocas, mesa de experimentações, barracas.


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Figura 9 Organização dos espaços Sala de referência Creche III

Figura 10 Planta Baixa Creche III


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4.4.3 Pré-escola

Faixa etária de 4 a 6 anos

À medida que crescem, as crianças estabelecem relações novas e cada vez mais complexas. As modificações e conquistas evidenciadas no plano afetivo, motor, mental e social ocasionarão mudanças também no modo como se organizam os espaços a fim de lhes proporcionar condições e situações que venham ao encontro de suas necessidades. Assim, outros móveis, objetos e acessórios tornam-se indispensáveis para povoar o espaço das crianças maiores, sendo que a proposição de áreas diferenciadas torna-se ainda mais importante. Nessa faixa etária, as crianças já se interessam mais por contar e ouvir histórias, construir estruturas, elaborar representações gráficas, discutir o planejamento do dia, jogar coletivamente, realizar pesquisas e partilhar com seus pares de momentos destinados as atividades que envolvem todo o grupo. Elas ainda necessitam de espaços que possibilitam movimentar-se, escolher, criar, edificar, espalhar produções, fazer de conta, permanecer sozinhos, trabalhar em pequenos ou em grandes grupos. Muitas vezes, os educadores priorizam o espaço destinado a mesas e cadeiras em detrimento de outros elementos ainda muito necessários para as crianças dessa faixa etária. Podemos pensar em espaços para mesas, o que não significa que esse mobiliário ocupe o maior espaço da sala. Portanto, a organização do espaço poderá prever uma área para mesas e cadeiras, uma área para diferentes jogos e materiais grafoplásticos e uma área para atividades coletivas, como roda conversa e contação de histórias. A previsão de um espaço para acolher objetos de pesquisas realizadas a partir dos diferentes projetos desenvolvidos pelo grupo, bem


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como painéis para registros de trabalhos feitos pelas crianças é de fundamental importância. Convém reiterar que o espaço sempre deverá ser passível de transformações. Materiais

para

atividades

com

as

diferentes

linguagens

poderão

estar

disponibilizadas em caixas temáticas, que alternadamente serão oferecidas às crianças em diferentes espaços da sala, incluindo o do solário, o da praça central e dos espaços externos. A possibilidade de transportá-las de um lugar para outro, se reveste numa forma de ampliar a interação das crianças com materiais que não estão disponibilizados cotidianamente às crianças. As limitações do espaço das salas de atividades impede muitas vezes um rol de opções mais amplo. Tais caixas poderão ser as do jogo simbólico, da dramatização, da contação de histórias, da música e de outras que poderão ser criadas pelos educadores e pelas crianças. Tendo em vista que as crianças dessa faixa etária apresentam significativos avanços em todas as áreas do desenvolvimento, uma observação atenta dos educadores incidirá em alterações na organização do espaço e no oferecimento dos materiais.


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Quadro 6 Espaços para Materiais e Equipamentos

Mesas e cadeiras

• Mesas retangulares com pequena diferença de altura de modo a encaixar uma na outra (possibilidade de dispor de mais ou menos mesas, de acordo com as atividades) • Cadeiras

Encontros e trabalhos

• Tapete ou colchão grande com almofadas

coletivos • Jogos com letras e números, jogos de memória, jogos lógico matemáticos envolvendo as estruturas de seriação, classificação e quantificação (blocos de madeira, caixas para guardar elementos para classificar, jogos de classificar formas, cores, Jogos diversos e

tamanhas), quebra-cabeças, jogos de montar e encaixar, jogos

materiais

com materiais naturais (pedras, conchas), jogos de dominó, de

grafoplásticos

cartas, mesa para experimentações com pedaços de madeira, pedras, serragem, barro. • Estante com materiais grafoplásticos.

Caixas temáticas Jogo simbólico

• Apetrechos para cozinha, sala, banheiro, móveis de casa, bonecos, roupas para trocar, maleta de médico, varal de roupa, materiais para limpeza (rodo, vassouras, balde, pano).

Dramatização

• Baú com fantasias (roupas, sapatos, bolsas, enfeites, maquiagens, adereços variados)

Música

• Instrumento musical, objetos para produzir diferentes sons, aparelha de som, CDs com músicas de gêneros variados.

• Livros de temas variados (contos de fada, poesias, livros de Biblioteca

aventura, receitas de cozinha, revistas, jornais), jogos de leitura, fantoches, adereços de personagens como lobo, fadas, bruxa, menino, menina. • Almofadas e tapete

Solário

• Utilização das caixas temáticas ou atividades grafoplásticas.


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Figura 11 Organização dos espaços Sala de referência Pré-Escola

Figura 12 Planta Baixa Sala Pré-Escola


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4.5 Sugestões de móveis e equipamentos

As sugestões apresentadas nas ilustrações a seguir podem ser usadas nos diferentes espaços da instituição, desde o hall de entrada, a praça central, a sala de atividades múltiplas e os solários até as salas de referência. Alguns equipamentos são específicos para determinadas faixas etárias, outros para os espaços coletivos e outros ainda para as salas de referência. Cabe reiterar que a organização dos espaços apresenta diferentes dimensões − temporal, física, funcional e relacional − que norteiam o olhar do educador para o espaço que tem disponibilizado. A possibilidade de transformar e redimensionar a ocupação dos espaços sempre deverá nortear a disponibilização dos móveis e dos materiais.

4.5.1 Hall de Entrada

Figura 13 Mesa de Apoio


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Figura 14 Painel de pequenos retalhos de tecido para afixar fotos

Figura 15 Almofadas de formas alusivas a bichos para serem colocadas em bancos ou em algum canto no chĂŁo

4.5.2 Praça Central

Figura 16 Arvore de madeira com frutas ou flores de pendurar


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Figura 17 Barraca de pano desmontável com aberturas para janela

Figura 18 Caleidoscópio: Estrutura para entrar dentro revestida de material espelhado

Figura 19 Carrinho de madeira com rodas para puxar ou entrar dentro

Figura 20 Carro de papelão: Caixas de papelão que podem ser conectadas e complementadas com rodinhas


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Figura 21 Biombo de quatro faces com girafa desenhada. Pode ser usado para divisória ou ser transformado em espaços de casinha

Figura 22 Estrutura emborrachada com possibilidade de transformações

Figura 23 Estrutura que poderá ser usada como um circo. Pode ser construído com tiras de plástico ou TNT e um bambolê

Figura 24 Teatro de fantoches móvel


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Figura 25 Túnel colorido Construído de tecido resistente, tendo na parte inferior uma madeira forrada de espuma e tecido

4.5.3 0 a 3 anos

Figura 26 Berço de tecido resistente, fixado em dois rolos de madeira, com suportes de corda

Figura 27 Painel de tecido com bolsos para guardar pertences diversos

Figura 28 Caixa externa

Caixa externa: caixa grande de papelão resistente que poderá ser revestida com diferentes superfícies: pano, papel, tinta. Aberturas de porta, janelas redondas e quadradas com cortinas fixadas com felcro.


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Figura 29 Caixa interna

Caixa interna: as laterais das caixas são revestidas com diferentes materiais tais como: rolhas, caixas de ovos e outros revestimentos a escolha do educador. O chão poderá ser revestido de esponjas, fundo de garrafas pet, colocados sobre tabuleiros removíveis.

Figura 30 Colchão em curva para exploração com diferentes superfícies

Figura 31 Tapete de dominó

Pedaços de quadrados de pano trabalhados com fibra de matelasse ou suporte macio e resistente, com mais ou menos 30 cm de lado. As estampas poderão ser diferentes, elaboradas aos pares, um pedaço terá a abertura de uma casa e o outro um botão.


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Figura 32 Escada de sensações

Escada com degraus revestidos com objetos de diferentes texturas como: pedaços de madeira revestidos de feltro, esponjas, escovas de textura suave.

Figura 33 Biombo com três faces, com janelas e portas colocadas em faces distintas

Figura 34 Berços de madeira que possibilitam encaixar um no outro

Figura 35 Labirinto


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Módulos montados com possibilidade de alterar a posição, ricos em estilos perceptivos, sensoriais e motores. Pode ter uma cobertura de plástico transparente com cordas, tubos, anéis e pequenos objetos.

Figura 36 Percurso tátil

Almofadas forradas com tecidos de diferentes texturas, acopladas umas as outras, formando uma trilha.

Figura 37 Portas acopladas

Três portas acopladas com diferentes objetos dependurados.

Figura 38 Túnel construído de madeira ou pano, forrado com diferentes objetos de preferência sonoros


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4.5.4 3 a 6 anos

Caixas temáticas Um dos principais problemas enfrentados pelos educadores é o fato da sala de referencia não poder abrigar todas as possibilidades interessantes para interações que contemplem as diferentes linguagens. A alternativa de trabalhar com caixas temáticas pode amenizar este problema. Pensadas para ser não só um invólucro de materiais, elas podem constituir-se no próprio canto temático. Assim é possível pensar em caixas de biblioteca, de jogos, de faz de conta, de dramatização, enfim, em caixas que possibilitem o desenvolvimento das mais diferentes linguagens e que possam ser deslocadas ou guardadas em pequenos espaços. Outra possibilidade é poder ser disponibilizadas em diferentes momentos da rotina. Os educadores poderão criar outras caixas com diferentes temáticas.

Figura 39 Caixa temática da cidade


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A caixa contem diferentes espaços que reproduzem locais os quais fazem parte do cotidiano de uma cidade: posto de gasolina, escola, ruas e calçadas, casa, posto de saúde, supermercado, construídos com caixas de papelão e miniaturas de bonecos, carros e móveis.

Figura 40 Caixa temática das historias

Esta caixa contem livros de histórias infantis que podem ser lidos e dramatizados pelas crianças. Podem-se colocar também caixas com fantoches de tipos variados ou adereços alusivos a diferentes histórias.

Figura 41 Caixa temática dos Sons


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Nesta caixa estão fixados nos diferentes lados, objetos sonoros como guizos, apitos, latas com pedrinhas dentro, cornetas. Pode-se também disponibilizar um baú sonoro contendo coco cortado em duas partes, papel celofane

para

amassar,

instrumentos

musicais

industrializados

confeccionados com sucatas.

4.5.5 Multiuso

Figura 42 Caixotes acoplados para guardar diferentes jogos e brinquedos

Figura 43 Móvel com rodas e diversas divisórias para guardar papéis, revistas, livros

Figura 44 Estante com rodas para guardar livros

Figura 45 Bancos com diferentes modos de disponibilizar no espaço

ou


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5 PARA AVALIAR E REFLETIR

Espaços Hall de entrada  O espaço acolhe e apresenta a Instituição.  Os fatos e dados importantes são informados.  O cotidiano este registrado por meio de fotos e relatos. Praça central  As interações entre crianças de diferentes idades são possibilitadas.  Os diferentes desafios para interações com materiais diversos são possíveis.  As diferentes áreas: movimentos amplos, da construção, do descanso, do jogo simbólico estão contemplados. Sala de Multiuso  Os materiais disponibilizados contemplam experiências não vividas em outros espaços.  Os espaços e os materiais são passíveis de transformações.

As ferramentas tecnológicas disponibilizadas oferecem oportunidade de registrar dados, acessar informações, brincar e criar com significado. Creche I e II  O espaço para repouso oferece condições para aconchego e sono.  O espaço esta organizado em áreas para diferentes interações: construção, jogo simbólico, contação de histórias,

Sim

Não

Observações/providências


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amplas movimentações.  Os materiais estão colocados ao alcance das crianças e em quantidade adequada.  O solário oportuniza interações com diferentes materiais. Creche III  O espaço destinado ao repouso pode ser usado também para outras atividades.  O espaço esta organizado em diferentes áreas: jogo simbólico, expressão grafo plástica, construção, jogo dramático, contação de histórias.  Os materiais estão colocados ao alcance das crianças e em quantidade adequada.  O solário oportuniza interações com diferentes materiais. Pré-escola  Os espaços se diversificam em áreas distintas para: encontros coletivos, atividades grafo plásticas, jogo simbólico, contação de histórias.  Os materiais estão colocados ao alcance das crianças e em quantidade adequada.  O solário oportuniza interações com diferentes materiais.

PARA PENSAR... 

A construção dos espaços não tem regras ou estruturas fixas, sendo fruto

das relações entre os atores que ali atuam e das influências socioculturais do meio em que se inserem. 

Os espaços não serão sempre os mesmos do início ao final do ano, pois

as crianças crescem e novas estruturas organizativas serão necessárias. 

A construção dos espaços é socialmente construída, fruto de uma

parceria solidária entre adultos e crianças.


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O espaço organizado em diferentes áreas contempla a possibilidade de as

crianças realizarem múltiplas experiências. 

A movimentação das crianças é regida pelo desafio dos materiais e

objetos quando colocados ao seu alcance. 

A organização de espaços que contemplem as diversas linguagens das

crianças e a disponibilização de materiais variados privilegiam a interação e a brincadeira entre elas.


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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil/Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, 2010. GOLDSCHMIED, Elinor; JACKSON, Sonia. Educação de zero a 3 anos: o atendimento em creche. Porto Alegre: Artmed, 2006. EDWARDS, Carolyn, GANDINI, Lella; FORMAN, George. As cem linguagens da criança: a abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Porto Alegre: Artmed, 1999. HORN, Maria da Graça Souza; HADDAD, Lenira. Criança quer mais do que espaço. Revista Educação. São Paulo: Editora Segmento, 2011. p. 42-59. HORN, Maria da Graça Souza. Cores, sons, aromas e sabores: a organização dos espaços na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004. POST, Jacalyn; HOHMANN, Mary. Educação de bebés em infantários. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. PABLO, Paloma; TRUEBA, Beatriz. Espacios e recursos para mi, para ti, para todos. Madrid: Editorial Escuela Española, s/d. GANDINI, Lella et al. O papel do ateliê na educação infantil. Porto Alegre: Penso, 2012. ARRIBAS, Teresa. Educação infantil: desenvolvimento, currículo e organização escolar. Porto Alegre: Artmed, 2004. HOHMANN, Mary et al. A criança em ação. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, s/d. CEPPI, Giulio; ZINI, Michele. Crianças, espaços, relações. Porto Alegre: Penso, 2013. Revista Pátio Infantil. Porto Alegre, Grupo A. Sessão Dicas: n. 5 (ano 2004), n. 7 (ano 2005), n. 9 (ano 2005), n. 13 (ano 2007), n. 14 (ano 2007), n. 35 (ano 2013). CAMPOS CARVALHO, Mara, RUBIANO BONAGAMBA Márcia. Organização do espaço em instituições pré-escolares. In: MORAES OLIVEIRA, Zilma (org.). Educação infantil: muitos olhares. São Paulo: Cortez, 1994.


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