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Este número é resultado do Seminário promovido pela FASE sobre "Experiências de Trabalho Educativo junto a Assalariados Rurais", reali zado no Rio de Janeiro, em
by ONG FASE
Dentre os aspectos negativos do movimento pode-se apontar a preocupação do Governo estadual, através do Secretário de Trabalho, que começou a expandir o acordo por todo o Estado, como resposta às pressões dos usineiros no sentido de esvaziar o movimento e pelo medo de que a mobilização dos trabalhadores se tornasse incontroláveL Alguns acordos ficaram muito aquém do de Guariba, como o de Assis, onde a direção sindical ignorava as reivindicações dos trabalhadores, mas assinou um acordo com os usineiros. Os usinei ros passaram a oferecer recursos assistencialistas a alguns sindicatos, ajuda financeira para pagar o aluguel da sede, salário de funcionários e médicos. Mesmo em Guariba, onde não havia sindicato mas uma delegacia sindical, os patrões começaram a estimular a constituição do sindicato. A direção sindical passou a explicar para os trabalhadores que as dificuldades, os impasses do movimento se deviam à falta de sindicato em alguns municípios, e que era necessário partir para sua fundação. Ao lado dessa estratégia assistencial ista por parte dos usineiros para esvaziarem o movimento, outras bastante repressoras estão sendo colocadas em prática: criaram listas negras, e os trabalhadores nelas incluídos recebem pouca cana para cortar, e portanto têm um salário muito baixo. A questão que se coloca na avaliação desse movimento diz respeito às possibilidades de, no n ível em que se encontra, poder sustentar as conquistas obtidas no acordo. O Estado de São.-Paulo tem 500 municípios, mas apenas 150 sindicatos de trabalhadores rurais. A maior parte desses sindicatos tem uma diretoria inoperante. Uma pequena parte dos dirigentes sindicais tenta direcionar as lutas.
A CPT tem procurado acompanhar o movimento, estimulando a criação de sindicatos "autênticos", divulgando os acordos para um número máximo de trabalhadores e discutindo com estes o encaminhamento das formas de luta, de modo que eles tenham mais clareza do que de fato ocorreu.
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• Debates
As perguntas apresentadas após as exposições giraram em torno do papel desempenhado sobretudo pela FETAESP e a CONTAG no movimento grevista, dos desdobramentos e perspectivas surgido após essa experiência de participação mais direta dos trabalhadores e dos efeitos provocados pelas atitudes dos usineiros.
FERNANDO- Qual foi o papel da FETAESP no movimento grevista de São Paulo? HÉLIO - A F ET AESP sempre foi composta por pequenos produtores e jamais teve qualquer atuação dirigida aos assalariados rurais, daí terem surgido conflitos de orientação durante o movimento. A F ETA ESP esteve presente em todas as negociações, nas assembléias, mas ela não tem uma estrutura capaz de atender a uma gama tão variada de problemas. Mas há dois meses a direção da FETAESP foi alterada e renovada. A diretoria ganhou 5 membros novos, a maioria de assalariados. Com essa nova diretoria, poderão ser criadas melhores condições de atendimento ao movimento dos assalariados. Após essa renovação da diretoria, foi realizado em Sertãozinho (na Região de Ribeirão Preto) um Encontro Regional de Sindicatos para se estabelecer uma programação para 1985. JORGE CANTOS - Qual foi a participação das direções sindicais na mobilização para o cumprimento dos acordos e quais os ganhos do movimento do ponto de vista da organização dos trabalhadores?
HtLIO - Vários acordos foram assinados a partir de assembléias, sem que os trabalhadores entrassem em greve, como foi o caso de Araraquara e de Matão, porque as reivindicações foram aceitas de imediato. Após as greves de reivindicação, muitas outras ocorreram sem grande cobertura pela imprensa, com outro caráter, para o cumprimento do acordo. Essas greves de cumprimento foram programadas pelos sindicatos, como no caso de