Publicação - Construir - 20 de Maio 2010

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Arquitectura & Urbanismo

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Atelier à Lupa

Abertos a novas

OpenLab Architects

experiências, a novas ideias e a novas colaborações, fundaram o Open Lab, que

“Ambicionamos funcionar como um laboratório de experimentação”

pretendem que mais do que um atelier seja um laboratório de experimentação aberta. Actualmente sedeados no Cowork Lisboa, acham que a multidisciplinariedade faz a força e que é na partilha que está o ganho Ana Rita Sevilha Construir foi à LX Factory, em vésperas de Open Day, e entre a azáfama da montagem de uma exposição conversou com Jennifer Gomes e Gonçalo Guerreiro. Entre neste laboratório de arquitectura Tanto a Jennifer como o Gonçalo têm um portfólio que embora curto, em tempo, é diversificado em experiência e conta com nomes sonantes. O que destacam de todas as experiências até aqui? Jennifer Gomes: Todas elas foram completamente diferentes entre elas, e por isso não consigo eleger uma. Em Milão, no gabinete Park Associati trabalhámos numa escala mais pequena, era um atelier de pequena e média dimensão onde tínhamos a noção do todo e fazíamos um bocadinho de tudo. Foi o nosso início, estagiamos lá e acabámos por ficar dois anos e passámos um bocadinho por todas as fases, desde a parte de concepção, à parte de pesquisa, até conceitos em concurso e até ao último projecto que foi para execução e obra. Portanto, foi uma experiência completamente diferente da que tívemos no Foster, onde a dimensão é completamente diferente, a escala dos projectos é enorme, e por isso há a necessidade de nos especificarmos em qualquer coisa. Ou seja, cada um

BeClinique, Lisboa

Hugo Gamboa

O

fica responsável por uma parte do edifício e faz toda a parte da coordenação do projecto de execução com todas as especialidades que há, mas é muito mais específica, enquanto que a de Milão foi muito diversificada. Gonçalo Guerreiro: Enquanto que no Park Associati tínhamos acesso a quem mandava, falávamos com ele e discutíamos ideias, no Foster não, ele ia lá duas vezes por mês e nunca há uma partilha tão directa, um “tu cá tu lá”. Portanto, as experiências comple-

mentam-se. Se só tivéssemos feito uma ficava a faltar alguma coisa. De que forma essas experiências influenciam, em termos de método ou linguagem, aquilo que fazem hoje? Gonçalo Guerreiro: Acho que, tanto em Itália como em Londres, foi um coser de linguagens. Como trabalhámos com muitas culturas, integrados num mix cultural onde se sentiam as diferenças de um alemão a trabalhar ou de um italiano ou asiático,isso aju-

Instalacao-UnDoItYourSelf, Chiado After Work, Lisboa

dou-nos a ser flexíveis. Jennifer Gomes: Quando fomos para fora não foi à procura de nenhuma linguagem, mas sim de experiências, de formas de partilhar maneiras de pensar. E acho que as mais-valias que retiramos são a nível de ter trabalhado com indivíduos de várias culturas, com várias formações, diferentes formas de pensar, que fizeram com que nós repensássemos a forma como fomos educados cá, na nossa formação, porque a escola de cá não

WalkingFlowing, Casa autosuficiente, Algarve


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Atelier à Lupa PUBLICIDADE

ficha técnica Nome: Open Lab Architects Morada: LX Factory Rua Rodrigues Faria, 1300-501, Lisboa Telefone: 216 066 960 E-mail: geral@a2p.pt Site: www.openlabarchitects.com Mail: info@openlabarchitects.com

Projectos: Clínica Beclinique, Castilho, Lisboa; Casa autosuficiente, Algarve; Clínica D. Manuel I, Alcochete; Casa em Mafra; Casa em Santarém

nos chegou, precisávamos de experimentar outras coisas. E por isso acho que nos tornámos muito mais flexíveis, mesmo perante um cliente, na forma de ouvir e no modo de operar. Essas experiências criou-vos um método de operar? Jennifer Gomes: Um método sim, mas não uma linguagem, porque também não é nosso objectivo, pelo menos por enquanto, criar essa linguagem. Achamos que temos muito que experimentar enquanto arquitectos da Open Lab. O próprio nome do atelier nasce daí, de estarmos abertos à experimentação inicial. Gonçalo Guerreiro: Se calhar no dia em que dissermos “a nossa linguagem é esta”, não nos conseguimos mais surpreender a nós próprios. Jennifer Gomes: A nós fascina-nos o podermos estudar várias possibilidades e soluções diferentes para cada projecto. Cada projecto é um projecto, cada cliente um cliente, cada programa um programa, e estarmos desde o início, da criação do atelier a definir uma linguagemparece-nos errado. Antes disso, cruzaram-se na Universidade Lusíada, depois em Milão e em Londres, mas Lisboa acabou por ser a localização escolhida para dar corpo ao Open Lab. Foi uma localização imposta ou escolhida? Jennifer Gomes: Nós no fundo sentimo-nos muito portugueses. A minha vontade de ir lá para fora era para ir beber informação, experiências e viver uma cultura diferente. Perceber outras formas de operar e agir, perceber como pensam, como agarram um projecto no início, onde vão buscar inspiração, como é que lidam com as equipas. Estas eram as minhas per-

guntas. Nunca me passou pela cabeça ficar fora para sempre. Sinto-me portuguesa, gosto imenso do nosso País, e queria agarrar em tudo o que tinha aprendido e formar uma coisa nova. Gonçalo Guerreiro: Isso não quer dizer que não vamos lá para fora, aliás temos colaboradores em Espanha e em outros lados e continuamos a colaborar com as pessoas que conhecemos lá fora e queríamos continuar com esses contactos, mas queremos ter o ponto fixo em Lisboa. Formaram então o Open Lab e estão no Cowork Lisboa. Como é trabalhar aqui? Jennifer Gomes: O Cowork vai muito ao encontro da filosofia do Open Lab, porque ambicionávamos funcionar como um laboratório de experimentação aberta. Aberta a novas ideias, a novos mercados, a novas colaborações, e acreditamos muito que a multidisciplinariedade faz a força e marca a diferença. Estarmos inseridos neste espaço de Cowork, onde temos uma série de freelancers à nossa volta que trabalham em disciplinas diferentes, achámos que ia completamente ao encontro da filosofia do Open Lab, porque queremos continuar a partilhar experiências. Este ano foram distinguidos pelo Prémio World Architecture Awards, com o projecto para uma casa auto-suficiente no Algarve. Como foi receber o prémio? Jennifer Gomes: Foi o primeiro concurso e o primeiro prémio. Foi muito positivo, porque para além de ser um reconhecimento enorme do trabalho envolvido no concurso, é um reconhecimento dentro da nossa área que faz com que nos consigamos afirmar perante os clientes. Porque no início é disso que precisamos, de afirmação e reconhecimento pelo quer fazemos e pela qualidade do que conseguimos. Este projecto foi o exemplo daquilo que gostamos, que é de colaborar com pessoas diferentes. Neste caso colaborámos com duas pessoas com quem tínhamos trabalhado em Londres, e com quem tinhamos vontade de voltar a reabalhar. Nesse sentido é também uma experiência muito enriquecedora. A médio longo prazo por onde passa o vosso futuro? Jennifer Gomes: Gostávamos de experimentar escalas diferentes, maiores, porque no fundo foi a experiência que adquirimos lá fora, o nosso background é esse, e no fundo estamos familiarizados com a gestão de equipas e projectos a uma escala maior.I


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