O café: a bebida e o espaço social Os lisboetas chama-lhe “bica”, os do Porto “cimbalino”, mas todos sabem o que é um café. Uns gostam dele curto, cheio, em chávena a escaldar ou a frio. Há também quem goste dele com um pingo de leite. Independentemente do gosto, a maioria dos portugueses adoram café. Dizem os números que nove em cada dez portugueses saboreiam, em média, e por dia, um café. Este é um alimento que, aliás, os europeus adoram já que 90% dos adultos consomem café. Em Portugal, cerca de 80% da população consome café diariamente, com uma média anual de quatro quilos e 700 gramas por pessoa. Na verdade, o café continua a ser uma bebida muito apreciada pelos portugueses. É provável encontrar um café numa aldeia distante, porque, afinal, os cafés são também espaços de socialização. Seja nas grandes cidades ou nos locais pequenos, tomar um café é um pretexto para estarmos com os nossos amigos, família, vizinhos e até mesmo para uma conversa com pessoas que até nem conhecemos, mas que estão no mesmo espaço. Tomado num golo ao balcão ou mais tranquilamente numa mesa de esplanada, sempre de boa qualidade e forte, o café funciona como um combustível para muitas pessoas não o dispensam no seu quotidiano.
Na verdade, muitos são os cafés que se tornaram numa referência em determinados locais e são lugares que todos conhecem e estão sempre cheios. Aliás, perto dos estabelecimentos de ensino, como liceus e universidades, são muitos os cafés onde os estudantes se juntam para conversar, beber e co-
mer qualquer coisa. Na realidade, hoje os cafés não são espaços onde apenas se bebe o café. São locais que oferecem uma quantidade de produtos e até serviços, como almoços e lanches. Pode ainda saborear deliciosos produtos de pastelaria e confeitaria.
De uma forma ou de outra, o que cativa a clientela são os sabores e o ambiente proporcionados pelos diferentes espaços. Aos bons produtos, deve estar associado um excelente atendimento. Este é, na verdade, um fator que faz com que os clientes voltem a visitar um espaço ou, caso contrário,
a riscar das suas preferências um determinado local. Tendo em conta a importância desse fator, são muitos os proprietários de cafés que investem na formação dos seus funcionários e na decoração dos seus estabelecimentos, porque um café não é apenas café. É muito mais do que isso... com certeza. pub
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Benefícios do café
Estimulante: o café é uma bebida estimulante que pode ajudar no trabalho ou no estudo. Se for ingerida na quantidade adequada, a bebida ajuda à concentração. pub
Antidepressivo: pode ajudar a controlar situações de demência e a preservar a memória e o bem-estar em idades mais avançadas. O café influencia o estado de humor, ajuda a ter uma atitude mais ativa com os outros e pode provocar uma sensação de entusiasmo. No exercício: a cafeína diminui a fadiga e a ação antioxidante do café age como estimulante, aumentando o metabolismo e ajudando a queimar calorias. Além disso, potencializa a performance durante a atividade física, atuando como estimulante do sistema nervoso, aumentando a tensão dos músculos e ajudando na mobilização de substratos de energia para o trabalho muscular. Na diabetes: especialistas de Harvard concluíram que beber alguns cafés por dia podem diminuir o risco da diabetes tipo II em 28%, devido aos antioxidantes que constituem o café e que contribuem para o controlo das células responsáveis pela doença. Parkinson: um estudo realizado em França diz que cerca de quatro cafés por dia poderiam reduzir o risco de desenvolver a doença de Parkinson. Embora este estudo se baseie apenas na observação, um outro realizado nos Estados Unidos comparou os hábitos de 200 pacientes com Parkinson. Os investigadores perceberam um atraso no aparecimento dos sintomas da doença entre as pessoas que consumiam mais de três cafés por dia. Um terceiro estudo feito na Universidade de Vanderbilt provou que os homens que bebem café regularmente previnem em 80% do desenvolvimento de Parkinson. Combate ao cancro: a bebida também auxilia na prevenção de alguns tipos de
cancro, como o de cólon, da mama, do pulmão, da pele, da próstata, do útero e do fígado. Também ajuda na prevenção de cirrose. Um estudo realizado pelo Ministério da Saúde do Japão concluiu que um grupo de mulheres que tomou mais de três cafés por dia, tinha menos probabilidade de desenvolver cancro no colo do útero (60%) e cancro da mama (50%) do que um outro grupo que bebia café menos de duas vezes por semana. Para os homens, o consumo de três cafés por dia reduz em 9% o risco de desenvolver cancro da pele. Colesterol: uma pesquisa da Universidade de Dusseldorf, na Alemanha, publicada no periódico The American Journal of Clinical Nutrition avaliou os efeitos do consumo de quatro cafés por dia no primeiro mês e depois oito cafés (cada um com 150 ml) no segundo mês. Os pacientes avaliados apresentaram uma redução do colesterol total, aumento do HDL (bom colesterol) e também da adiponectina, elemento anti-inflamatório produzido pelo organismo. Alzheimer: estudos recentes indicam que algumas substâncias presentes no café podem também ajudar pessoas que sofrem de Alzheimer. Segundo a revista médica norte americana Neurology, a cafeína retarda a deterioração mental em mulheres idosas. Segundo um estudo feito em 2009, quem bebe 3 ou 4 chávenas de café por dia têm menos 65% de possibilidade de desenvolver Alzheimer. Digestão: o café também ajuda na digestão ao estimular a secreção ácida do estomago. Tome nota: o café pode ter consequências graves em pessoas que tomam determinados medicamentos, porque pode impedir os seus efeitos ou afetando a sua absorção. Por isso, é sempre importante aconselhar-se com o seu médico para saber qual a quantidade de café que pode consumir por dia. Fonte: www.visao.pt
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Factos e mitos sobre o café O café é a segunda bebida mais consumida em todo o mundo, apenas superada pela água. Aliás, a cafeína é dos compostos mais estudados. No entanto, continuam a existir muitos mitos em torno do café e do impacto que tem na nossa saúde. Aqui ficam as respostas. Beber café faz mal à saúde. Mito: beber café regularmente, 3 a 4 chávenas diárias pode fazer parte de uma dieta saudável e equilibrada. Não causa efeitos adversos para a maioria dos adultos saudáveis e traz benefícios terapêuticos. Beber café aumenta o risco de doença cardiovascular. Mito: o consumo moderado de café não está associado a um maior risco de problemas cardiovasculares (como doenças e ataques cardíacos, arritmia ou hipertensão). Pelo contrário, vários estudos sugerem que o café pode ajudar a reduzir este tipo de patologia. Grávidas não devem beber café. Mito: a recomendação é que as mulheres grávidas limitem a dose diária de cafeína para 200300mg/dia, o que não significa eliminar o consumo. Desta forma, não há qualquer inconveniente em ingerir duas chávenas (80100mg) diárias de café. Beber café aumenta o desempenho desportivo. Facto: os efeitos do consumo de café no desempenho desportivo estão diretamente ligados à cafeína . Estudos comprovam e relacionam a ingestão de cafeína à performance, resistência e a uma redução na perceção de esforço. Café desidrata. Mito: as evidências cientí-
ficas não suportam um efeito diurético significativo e afirmam que o café pode contribuir para a ingestão diária de líquidos, não levando a desidratação ou a perdas significativas de fluidos corporais. Beber café ajuda na concentração e no sentimento de alerta. Facto: uma porção de 75mg de cafeína, a quantidade encontrada em cerca de uma "bica", aumenta a atenção e o estado de alerta. Os efeitos estimulantes são observados entre 15 a 45 minutos após o consumo e normalmente duram cerca de quatro horas. O consumo de café vicia. Mito: a remoção de cafeína da dieta normal pode levar a sintomas temporários de abstinência em algumas pessoas, como dores de cabeça, que podem ser evitados por uma redução gradual da ingestão de cafeína. Beber café ao fim do dia ou à noite pode afetar o sono. Facto: muitos consumidores não têm quaisquer problemas, no entanto, pessoas sensíveis à cafeína sentem a estimulação suave do café consumido antes de ir para a cama, afetando o tempo necessário para adormecer. Descafeinado é mais saudável do que café. Mito: o descafeinado é apenas uma opção para as pessoas que possuem sensibilidade à cafeína ou que sentem dificuldade a dormir. Mito: com exceções das grávidas e grupos específicos de doentes coronários e sensíveis à cafeína, o consumo médio indicado é de 34 chávenas diárias.
Fonte: www.medicosdeportugal.pt pub
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Segundo investigadores da Universidade de Coimbra
A cafeína pode ajudar no combate à depressão Quatro a cinco chávenas de café por dia é o suficiente para boa parte dos problemas não parecerem assim tão dramáticos. Esta é a indicação de investigadores da Universidade de Coimbra que lideraram um estudo internacional que agora traz uma nova esperança para a prevenção e tratamento da depressão. A investigação, publicada na revista científica “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS), conclui que o consumo de cafeína é eficaz tanto a prevenir como a tratar a doença que mais custos socioeconómicos tem no mundo ocidental. Uma equipa de 14 investigadores coordenada pelo português Rodrigo Cunha realizou um conjunto de análises e experiências em ratinhos para avaliar em que medida a cafeína interfere na depressão. Os cientistas, oriundos, além de Portugal, da Alemanha, Brasil e Estados Unidos, começaram por sujeitar dois grupos de ratinhos a situações de stresse crónico imprevisível. Simplificando, deixaram os ratinhos ao frio, com fome ou com sede durante vários períodos ao longo de três semanas. O primeiro grupo consumia cafeína diariamente e o outro não. No final da experiência, a equipa constatou que os animais que consumiram doses
equivalentes a quatro a cinco chávenas de café por dia em humanos apresentavam menos sintomas em relação ao outro grupo, apesar de todas dificuldades que atravessaram. Sem cafeína, conta o investigador, as cobaias manifestaram as cinco alterações comportamentais típicas da depressão: imobilidade (deixaram de reagir), ansiedade, anedonia (perda de prazer), menos interações sociais e deterioração da memória. A equipa dedicou-se depois a identificar o alvo molecular responsável pelas mudanças no comportamento, tendo concluído que os recetores A2A para a adenosina (que detetam a presença de adenosina, uma molécula que sinaliza perigo no cérebro) são os promotores de todo o processo. O passo seguinte consistiu em medicar os ratinhos deprimidos com istradefilina – um novo fármaco da família da cafeína que começou recentemente a ser usado em doentes de Parkinson. E em apenas três semanas de tratamento, o medicamento foi capaz de inverter os efeitos provocados pela exposição inicial a stresse crónico imprevisível e os animais recuperam para níveis semelhantes aos do grupo de controlo (constituído por ra-
tinhos saudáveis). A dúvida, agora, é saber quando este fármaco poderá estar no mercado. Basta que haja
vontade da indústria farmacêutica. O estudo foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tec-
nologia (FCT), Departamento de Defesa dos EUA e The Brain & Behavior Research Foundation (NARSAD).
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Delícia de Café Ingredientes para 8 pessoas • • • • • • •
5 ovos 1 lata de leite condensado 1 lata (do leite condensado) de leite 1 pacote de bolacha maria Café adoçado q.b. 4 colheres de sopa de açúcar 200 ml de natas
Preparação: 1. Parta os ovos e separe as gemas das claras. Coloque as gemas num tacho. Junte às gemas o leite condensado e mexa, de seguida junte o leite e misture bem. 2. Leve este preparado ao lume e mexa sempre até começar a ferver. Quando começar a ferver apague o lume. 3. Coloque o creme amarelo no fundo de um tabuleiro. Embeba as bolachas em café morno e coloque de seguida no tabuleiro, por cima do creme amarelo. Reserve duas bolachas para a decoração. 4. Bata as claras em castelo e a meio junte duas colheres de açúcar. Bata as natas em chantilly e a meio junte o restante açúcar. Envolva bem as claras nas natas. 5. Cubra o doce com o creme branco e alise por cima. Polvilhe o doce com as duas bolachas esmigalhadas. 6. Leve ao frigorífico entre 2 a 3 horas até ficar bem fresco. Depois de fria está pronta a servir.