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SUBIDAS e CAMPEÕES Os finais de temporada são alturas propícias para se fazerem balanços. Independentemente das modalidades praticadas, todas as equipas têm um objetivo intrínseco: a vitória. No entanto, esta apenas pode sorrir a um clube no término das competições, premiando geralmente aquele que apresenta maior regularidade ao longo de uma longa maratona de jogos. A conquista de títulos é assim o desiderato ambicionado por treinadores, jogadores, dirigentes, sócios e simpatizantes, que alimentam o sonho de festejar no final da temporada. Estes foram momentos vivenciados por equipas famalicenses na época que findou recentemente, quer em provas nacionais quer ao nível distrital. O Famalicão Vólei – AVC foi o emblema que mais enriqueceu o seu palmarés no último ano. De vitória em vitória, o clube famalicense conseguiu um histórico triplete no voleibol feminino nacional, ao alcançar a Supertaça, Taça de Portugal e Campeonato Nacional. A equipa de Óscar Barros foi inegavelmente superior à concorrência e colocou um ponto final na hegemonia do Porto Vólei. Este adversário acabou por ser o talismã das famalicenses, visto que a tripla vitória foi alcançada inteiramente em duelos diante da formação por-

tuense. Os festejos estenderam-se igualmente ao futebol distrital, onde Bairro FC e CD Lousado lograram assegurar a promoção à Divisão de Honra da AF Braga. O emblema bairrense venceu a Série A da 1ª Divisão, num percurso em que confirmou as expetativas delineadas no início da temporada pelos responsáveis. Ao sucesso nesta competição, o Bairro FC aliou uma assinalável campanha na Taça, onde apenas foi eliminado no prolongamento do encontro da 4ª eliminatória frente ao Santa Maria, equipa que atua em dois escalões acima dos famalicenses. A acompanhar o Bairro FC esteve o CD Lousado. Numa prova que reuniu várias equipas do concelho de Famalicão, a turma lousadense foi vice-campeã e ganhou o direito a ser igualmente promovida. Desta forma, a representatividade do concelho será ainda maior na Divisão de Honra, visto que Bairro FC e CD Lousado se juntam a Ruivanense, Louro e Desportivo S. Cosme na próxima temporada. Este suplemento é assim dedicado aos referidos clubes, onde os presidentes e treinadores fazem uma retrospetiva da temporada e são convidados a explicar os segredos para o sucesso alcançado.


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Rui Martins, presidente do Famalicão Vólei - AVC

Óscar Barros, treinador do Famalicão Vólei - AVC

“A equipa técnica esmerou-se no planeamento da época”

“Foi necessário repensar estratégias para tornar o grupo mais coeso”

O Famalicão Vólei – AVC completou uma temporada de sonho, ao vencer os três títulos nacionais em disputa (Campeonato, Supertaça e Taça de Portugal). O clube perspetivou metas ambiciosas desde o início da época e o presidente Rui Martins atribui doses elevadas de responsabilidade ao elenco liderado por Óscar Barros. “Houve enorme precisão no planeamento da época. A equipa técnica esmerou-se, ou seja, o trabalho não caiu do céu”, referiu. A aposta em atletas de insuspeita qualidade e com elevado gabarito no voleibol nacional foi um sinal desta ousadia. O grupo reuniu jogadoras experientes com atletas jovens, numa mescla que se revelou muito produtiva. “As jogadoras demonstraram atitude séria e uma dedicação irrepreensível. Formámos um grupo de trabalho equilibrado e unido, que se sentiu muito feliz a jogar no AVC. O clube fá-las sentir-se bem, todos os elementos estão com esse sentimento”, rejubila Rui Martins. O presidente destaca o facto de as jogadoras, mesmo as que não são originárias de Famalicão, saberem que “o clube é uma referência no voleibol nacional”. A época de ouro teve a Supertaça como ponto de partida. O presidente é da opinião de que “o jogo foi determinante para a época,

A aposta foi destemida mas revelou-se tremendamente certeira. O Famalicão Volei – AVC revelou desde o início da época a intenção de chegar ao topo do voleibol nacional, com a incorporação de jogadoras de inegável potencial e os frutos foram colhidos no término da temporada. Supertaça, Taça de Portugal e Campeonato Nacional são as mais recentes coqueluches do museu do clube. Os troféus amealhados são o reflexo visível de uma opção sensata e que logrou fazer bloco à até então hegemonia do Porto Vólei, desde logo no jogo inaugural da Supertaça. “O Porto Vólei detinha a hegemonia total do voleibol feminino nacional, mas aí deu para perceber que a equipa, em condições normais e depois de criar automatismos, poderia ter menos dificuldades do que o suposto”, vaticinou Óscar Barros. O técnico considerou que este troféu foi “o tónico ideal para a época de sucesso”, em que se registaram momentos determinantes. “A equipa tinha trunfos fortes, que foram geridos em função dos momentos da época. A gestão permitiu esconder algum jogo e a consequência foram os desníveis no play-off”, defendeu o técnico. Apesar do triplo êxito, vários obstáculos

pois o público transmitiu garra e confiança na estreia de algumas jogadoras no clube”. Depois deste triunfo, o rendimento da equipa caiu, uma situação que acabou por beneficiar o clube famalicense: “A forma baixou e existiram algumas dúvidas sobre o valor da equipa na 1ª fase. Deu a entender que o AVC não era uma equipa com tanto potencial”. Apesar das conquistas, o dirigente ressalva que “a época não foi um mar de rosas, pois tivemos de debelar situações de conflito, dado não ser fácil gerir um grupo de 14 ou 15 elementos”. A época ficou ainda marcada pelo regresso do clube às competições europeias, onde as diferenças entre os clubes são enormes. “Somos um clube cumpridor, mas não podemos ter a veleidade de ir longe na Europa. As competições europeias são um bónus para as atletas e famalicenses”, vinca. Já em termos nacionais, o AVC foi notoriamente superior. O domínio foi conquistado no primeiro de três anos de um projeto arrojado e que tem como objetivo colocar o clube em patamares superiores. “O primeiro ano foi fantástico, mas irá trazer-nos maior responsabilidade”. Para continuar na rota do sucesso, Rui Martins apela ao apoio dos famalicenses, na esperança de “trazer o AVC para mais perto da sociedade”.

complicaram o percurso do Famalicão Vólei – AVC, nomeadamente nas eliminatórias da Taça de Portugal e no play-off. Dessa forma, os triunfos tiveram ainda um sabor mais requintado. “As vitórias não podem ser vistas como conquistas simples, pois as jogadoras demonstraram enorme rigor tático e vontade férrea de vencer”, defendeu o técnico. Líder de “um grupo forte e experiente, com jogadoras sui generis”, Óscar Barros confessou ter sido obrigado a recorrer a alguma astúcia para minorar eventuais choques entre equipa técnica e plantel. “Foi necessário repensar estratégias e reajustar comportamentos, de forma a tornar o grupo mais coeso. Desse modo, foram feitas cedências de parte a parte, em torno de um objetivo comum”, reconhece o técnico. O trabalho da direção foi igualmente destacado, pois, defende Óscar Barros, “o Famalicão Vólei – AVC tem as melhores condições do voleibol feminino nacional. As jogadoras sentem-se bem no clube, valorizam o que o clube faz por elas”. Por fim, o treinador reservou especial agradecimento à massa adepta, que intensificou o apoio à equipa com o decorrer da temporada. pub


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Filipe Vale, presidente do Bairro FC

“Definimos o plantel com o intuito de subir” A direção do Bairro Futebol Clube (FC) tem encetado esforços para proporcionar um crescimento sustentado do clube. A melhoria das infraestruturas foi um passo em frente nesse sentido, a que se junta agora o sucesso em termos desportivos. A equipa bairrense dominou em termos absolutos a Série A da 1ª Divisão, confirmando a subida quando ainda faltavam três rondas para o término do campeonato. O presidente Filipe Vale constatou que esta foi a meta definida na preparação da temporada 2015/2016. “Foi o objetivo traçado desde o início da época. Quando começámos a definir o plantel foi com o intuito de subir”. A manutenção da espinha dorsal da equipa da época anterior e a contratação cirúrgica de alguns elementos foram fundamentais para obter o desejado desiderato. “O plantel dava totais garantias. Era um grupo forte para alcançar a subida”. A distância pontual para os mais diretos perseguidores não foi, no entender do líder diretivo, um sinal de facilidade para a equipa. Filipe Vale referiu que o Bairro FC teve “algumas dificuldades tanto a nível desportivo, como a nível financeiro, mas que acabaram sempre por ser ultrapassadas”. Como referido, o emblema famalicense presenteou a sua massa adepta com a colocação de um relvado sintético. O presidente concordou que “faltava esta obra ao clube”, referindo que,

depois desta melhoria, “queríamos apostar na parte desportiva”. Neste sentido, Filipe Vale rejubila com a atual realidade do clube, que dispõe “de ótimas condições, só precisando de pôr a parte desportiva em funcionamento”. Filipe Vale disse que as melhorias do recinto “não trouxeram um grande aumento do número de associados, mas sim em termos de massa adepta”. O presidente congratula-se com o facto de se ter registado “um aumento significativo do apoio à equipa sénior e às camadas jovens, num claro sinal de que os adeptos começam a perceber e acompanhar o desenvolvimento da equipa e do clube”. O sucesso dos Seniores foi extensível às equipas de formação. O clube cumpriu “o ano zero, que serviu de aprendizagem e onde foram conseguidos alguns objetivos”.

Lourenço Almeida, treinador do Bairro FC

“O plantel tinha qualidade para estar dois escalões acima” Expetativas confirmadas. O Bairro Futebol Clube (FC) foi desde cedo apontado como a equipa mais forte da Série A da 1ª Divisão e, por inerência, a principal candidata à subida de divisão. Apesar de cumprir a primeira temporada no clube, o técnico Lourenço Almeida fez o trabalho de casa e manteve grande parte do plantel que já tinha lutado pela promoção na época anterior. “Tinha visto alguns jogos da temporada passada e decidimos ficar com o grosso do plantel. Manter grande parte do plantel foi essencial”. Lourenço Almeida reconhece que a equipa técnica tinha “total confiança no grupo”, admitindo que o plantel lhe dava “muitas garantias de que iriamos subir destacados”. O Bairro FC atravessou uma fase de menor fulgor, mas esta situação nunca retirou crença ao treinador. “O grupo era excelente. Apesar de um período menos bom, conseguiu superar-se devido à união que já vinha de anos transatos”, vaticinou. A equipa de Lourenço Almeida nunca se atemorizou com a pressão imposta por ostentar o rótulo de candidata. No entanto, o técnico confessou que era notório que “algumas equipas já vinham com cautelas mais defensivas, queimando inclusivamente bastante tempo”. No entanto, esta postura dos adversários foi encarada com alguma naturalidade: “O Bairro FC era um sério candidato e eles tinham que se precaver, pois tínhamos muita

qualidade”. Para além do campeonato, a turma famalicense teve um desempenho meritório na Taça da AF Braga. O Bairro FC apenas caiu na 4ª eliminatória, onde vendeu cara a derrota frente ao Santa Maria, que militava no Pró-Nacional. A eliminação apenas foi consumada no prolongamento e este resultado ajudou a confirmar uma tese defendida pelo técnico: “na minha opinião, o plantel tinha qualidade para estar dois escalões acima”. O tirocínio na função de treinador está a ser feito em equipas de escalões distritais. Ainda assim, o técnico, que já garantiu a continuidade no clube na próxima temporada, defendeu que a 1ª Divisão “é uma competição bastante competitiva”, lamentando apenas o facto “dos patrocínios ainda serem escassos, o que torna mais difícil formar plantéis”. pub


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Carlos Cruz, presidente do CD Lousado

“Uma grande parte das vitórias deveu-se à massa associativa” Há largos anos na presidência do Clube Desportivo (CD) de Lousado, Carlos Cruz não disfarça o orgulho pelos recentes êxitos da coletividade. Depois do título nacional do Inatel na época transata, o emblema famalicense coroou o regresso aos campeonatos da Associação de Futebol (AF) de Braga com uma subida à Divisão de Honra. O líder diretivo realça que a equipa fez “um campeonato interessante, que permitiu alcançar um feito que muita gente não estava à espera”. Apesar de a equipa não o assumir publicamente, Carlos Cruz desvenda que o grupo sempre teve em mente a promoção: “foi um objetivo delineado por nós. Passámos cá para fora que apenas pretendíamos competir, mas, conhecendo as nossas capacidades, o nosso desejo sempre foi subir”. Os sucessos do CD Lousado em duas épocas consecutivas foram ao encontro das diretrizes proclamadas pelos dirigentes. Carlos Cruz olha para estes feitos e faz questão de evidenciar um fator comum às duas temporadas: “É muito bom olhar para o plantel e ver que a grande maioria foi formada no clube. Apostámos forte na formação e o trabalho desenvolvido começa a dar frutos, o que nos dá enorme alento para continuar a trabalhar”. A base do sucesso esteve assim no aproveitamento dos recursos existentes nas camadas jovens. O presidente concorda que o clube beneficiou com a melhoria das infraestruturas e promete “continuar a apostar na formação, algo que é prioritário no clube”. O CD Lousado adotou um modelo de jogo

transversal a todas as equipas e esse fator é benéfico para os jovens. “O trabalho desenvolvido na formação torna mais fácil a transição para a equipa sénior, que acaba por ser o complemento daquilo que aprenderam nas camadas jovens”, salientou o presidente. Os jogadores exibiram-se a um nível assinalável, mas Carlos Cruz não esconde que os mesmos contaram com um forte empurrão: “Uma grande parte das vitórias deve-se à massa associativa. Apoiou-nos incondicionalmente e sem eles não seria possível. Para não os defraudar, o melhor presente seria dar-lhes a subida de divisão”. Rosto principal do recente crescimento do CD Lousado, Carlos Cruz admite ter “prazer em presidir o clube”, desejando que o mesmo “continue a evoluir”. No entanto, o presidente promete “manter os pés bem assentes no chão, de forma a não entrar em euforias”.

João Cruz, treinador do CD Lousado

“A subida foi o concretizar dos objetivos propostos” A temporada que findou recentemente ficou marcada pelo regresso do Clube Desportivo (CD) Lousado às competições tuteladas pela Associação de Futebol de Braga. A transição do Inatel para as competições distritais não trouxe alterações relevantes e a equipa lousadense manteve-se ao ritmo das vitórias, ao conseguir a promoção à Divisão de Honra. Campeão nacional de Inatel na temporada transata, o CD Lousado decidiu assim abraçar um novo desafio e deu-se bem com a opção. A equipa orientada por João Cruz ficou em 2º lugar na Série A da 1ª Divisão e voltou a ter motivos para festejar. De resto, esse foi o propósito definido pelo clube. “Foi o concretizar dos objetivos propostos. Depois do ano passado, estava planeado a continuidade do sucesso. Se fosse apenas para competir não teríamos ido para as competições distritais”, refere o treinador. João Cruz realçou que o plantel de 21 elementos lhe deu “garantias de sucesso”, destacando a importância da permanência de vários jogadores que contribuíram para o êxito da temporada transata: “Foi muito mais fácil pois a equipa já estava preparada. A participação no Inatel deu bagagem e experiência aos jogadores. Para além disso, este ano foi só mudar uma ou duas peças, pois já existia conhecimento e entrosamento entre os jogadores”. Ao sucesso desportivo, João Cruz conseguiu ainda aliar o crescimento de alguns jogadores dos escalões de formação, pois o técnico aproveitou para “dar jogos a alguns juniores com muita qualidade e que contri-

buíram para este sucesso”. A melhoria de infraestruturas do clube, principalmente com a colocação do piso sintético, foi, no entender de João Cruz, um aspeto relevante. No entanto, estas condições não foram uma realidade em todos os recintos, algo que o CD Lousado soube contornar. “Os campos das equipas do concelho de Barcelos eram, na sua maioria, pelados e com dimensões reduzidas. Adaptarmo-nos bem às condições de outros terrenos foi um dos fatores do sucesso”, congratulou o técnico. A superioridade do clube foi ainda extensível fora das quatro linhas, tendo em conta a massiva presença de sócios e simpatizantes nos jogos do clube. João Cruz falou em partidas com cerca de 400/500 adeptos, admitindo que “as vitórias arrastaram muita gente, para além do facto de muitos jogadores serem de Lousado ou formados no clube”. pub


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