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Textos: Sofifiaa Abreu Silva e Susana Carvalho

Espaço comercial precisa hoje de uma remodelação

Shopping Town chegou há 30 anos a Famalicão O Shopping Town nasceu há 30 anos. A novidade de um shopping chegava a Vila Nova de Famalicão. Os comerciantes, alguns com lojas no exterior, na rua, começaram a comprar ou alugar lojas no Shopping Town. “A reacção foi boa. Não havia um sítio assim em Famalicão, havia, digamos, uma ‘fome de lojas’”, começa por recordar Eduarda Oliveira, da administração do condomínio. Os primeiros anos serviram de teste para os comerciantes. “Houve uma adaptação e havia lojas que abriam e fechavam, mas após cinco anos começámos a assistir a uma fidelização e à fixação dos lojistas”, explica. Hoje, quem passa no Shopping verifica que grande parte das lojas está concentrada no piso intermédio. Nos pisos inferior e superior, os espaços comerciais estão de portas fechadas. O cinema que atraiu e encantou novos e velhos fechou. Ficou apenas uma porta fechada e um interior sem alma. O cinema está nas mãos da empresa Zon que ainda hoje mantém aquele espaço e paga o condomínio. “Era muito bom que se lembrassem de investir em Famalicão”, deseja Eduarda Oliveira. Na verdade, ao longo dos tempos, o Shopping Town foi perdendo o fulgor, mas os lojistas que estão de portas abertas têm muitos clientes

fiéis e apostam na qualidade dos seus produtos. A maior parte está ali desde que o Shopping abriu e talvez por isso continuam a acreditar que o espaço ainda pode mudar. Definitivamente para melhor. Foi nos finais da década de 90 que se começou a assistir a uma desocupação de algumas lojas, motivada pelo aumento da construção de novos e modernos edifícios com espaços comerciais. Somou-se a isto a facilidade dos famalicenses chegarem em minutos aos grandes centros de Braga e Porto. “A cidade alargou-se e as pessoas deixaram de vir ao Shopping com tanta frequência”, considera Eduarda Oliveira, acrescentando que o estacionamento existente não permite que o centro da cidade receba mais pessoas e o Shopping mais clientes. “As pessoas que trabalham enchem a cidade e as pessoas que vêm para comprar não têm estacionamento, tendo que recorrer aos parques pagos o que nem sempre é fácil. E quando existem festividades como a feira do livro ou a feira medieval, há zonas de estacionamento que desaparecem”, afirma. Eduarda Oliveira reconhece que o Shopping Town tem lojas vazias, mas nos tempos que correm “ o negócio é caro e as próprias pessoas têm dificuldade em in-

vestir”, justifica. A responsável recorda que o Town não tem horário de shopping, mas sim de comércio tradicional. “Gostava que os horários pudessem ser alargados, mas percebo que seja difícil porque é preciso pagar aos funcionários”, considera. Relativamente ao futuro, a actual administração do condomínio tem consciência de que é necessário apostar no Shopping Town, no sentido de uma verdadeira renovação. Para isso, há questões técnicas e de segurança que têm de ser resolvidas, como a existência de uma saída de emergência, cuja inexistência impede que seja ali colocada, por exemplo, uma praça da alimentação. “Pretendemos ‘puxar’ pelo Shopping, com bom ambiente e espaços. Depois, as pessoas terão outra perspectiva e vão querer investir nas lojas”, sustenta. “O ShoppingTown é um bom investimento, com rendas interessantes e no coração da cidade”, acrescenta. Câmara de Famalicão e ACIF – Associação Comercial e Industrial de Famalicão serão, na visão da administração do Shopping, as entidades que poderão auxiliar nesta vontade de “melhorar a imagem do Shopping”. A questão fica: voltará o Shopping Town a ser o que era? O desafio está lançado. pub


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As lojas do Shopping Town O OPINIÃO ESPECIAL foi ouvir os responsáveis pelas lojas do Shopping Town. Todos assistiram às várias fases deste espaço e sugerem uma mudança na imagem deste espaço emblemático da cidade de Famalicão. Todos continuam a dizer que o espaço é “único e privilegiado” e merece, com certeza, mais.

Clinare: ervanária e estética

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Foi há 27 anos que a Clinare surgiu no Shopping Town. A loja possui uma porta virada para o interior e a outra para o exterior do espaço comercial. Manuel Gomes era ajudante-técnico de farmácia e era natural que enveredasse pela área da saúde e bem-estar e assim abriu uma loja direccionada para produtos naturais e estética. “Após ter feito uma prospecção, achei que a melhor solução era montar a loja no shopping porque Famalicão não tinha lojas do género”, conta, sublinhando que, na ocasião, nas traseiras do shopping não existia nada. “Foi uma aposta corajosa e ganha”, assume. Ao longo dos anos, a Clinare não se esqueceu de cumprir o seu papel. “Fazemos um trabalho vocacionado para a melhoria

de vida das pessoas. Penso que hoje as pessoas olham para a minha casa com olhos de credibilidade e interesse. Temos um espaço devidamente oficializado”. A Clinare assume-se como uma loja “bastante interessante” e a preocupação é ajudar as pessoas. “Não se substitui o processo clínico, é sobretudo um trabalho complementar”, explica o gerente deste espaço. Sobre o Shopping em concreto, ao longo destes 27 anos, Manuel Gomes tem acompanhado os diferentes momentos do Shopping Town. “Na minha opinião na cidade de Famalicão este é um espaço único, embora não seja imune a uma crise que está instalada”, afirma. “Para mim continua a ser o espaço ideal”, assegura.

Loja Staff e Staff Man José Luís Moreira é gerente de duas lojas no Shopping Town: Staff e Staff Man há 25 anos. Conhece, por isso, muito bem a vivência deste espaço e as suas histórias. Hoje, José Luís gostava de ver uma união para mudar. “É preciso mudar e investir para estarmos preparados para o futuro. Precisamos de nos unir para a modernização do shopping”, afirma. Com duas lojas, José Luís Moreira considera que a aposta no Shopping Town valeu a pena. “Quero continuar a apostar no shopping e vou continuar até ao fim, mas é preciso actualizar o espaço para criar bom ambiente para que as pessoas nos visitem”. Este empresário gostava que os lojistas contassem com o apoio da Câmara de Famalicão e ACIF: “não me refiro a uma ajuda financeira, mas antes ao apoio a projectos”. “O Shopping Town é o sítio mais visitado na cidade, nós precisamos desse auxílio da Câmara para nos ajudar em termos de visão e futuro deste espaço”, disse.


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pública: 11 de Maio de 2011 21 pub

Ourivesaria Carvalho

Eugénio Carvalho é o responsável pela Ourivesaria Carvalho no Shopping Town. A loja tem tantos anos como o shopping. “O meu pai, numa perspectiva de crescimento, resolveu apostar aqui com um conceito diferente, numa perspectiva de continuidade e complementaridade à loja que tínhamos na rua de Santo António”, recorda. Eugénio Carvalho conta que o Shopping arrancou com todas as dificuldades inerentes a um espaço novo: “houve alguns obstáculos numa fase inicial e as pessoas não aderiram logo. O centro só ao fim de alguns anos começou a funcionar em pleno”. Eugénio Carvalho não tem dúvidas que a grande vantagem do Shopping foi a qualidade das lojas que surgiram. “Tinham muito boa qualidade e eram um complemento de lojas já abertas”, revela. “Nos últimos dez anos, o Shopping tem vindo a cair um pouco. A crise justifica parte das coisas, contudo é preciso haver renovação e este centro durante algum tempo não soube regenerar-se, isto é uma crítica

a mim próprio e a todos nós”, refere. “Acho que este centro deveria já ter tido uma renovação. A nova administração tem feito alguns melhoramentos, inclusivamente nos quadros de segurança, mas há possibilidades de fazer muito mais”, prossegue. Eugénio Carvalho sublinha que o centro comercial “tem uma localização única e por mais espaços que possam aparecer, dificilmente haverá um que tenha uma localização tão boa quanto esta”, refere. “Há um movimento diário de milhares de pessoas a passar por este centro comercial e isso garante quase o sucesso do centro”, continua. “É preciso torná-lo mais atractivo, porque inevitavelmente se conseguirmos dar este salto melhores lojas irão entrar no Shopping”. Hoje, a Ouriversaria Carvalho tem muitos clientes, “muitos são amigos, vieram os pais, os filhos e os netos”. Na perspectiva de Eugénio Carvalho, a Câmara de Famalicão e a ACIF poderão ajudar os lojistas a encontrar as melhores soluções possíveis para que todos ganhem.

Salão de Jogos Saint Tropez

O Salão de Jogos Saint Tropez que hoje existe no Shopping Town funcionava anteriormente como outro espaço comercial, mas a gerência manteve-se a mesma ao longo destes 30 anos. António Neves nota que ao longo dos anos poderia existir mais união entre os lojistas e, consequentemente, mais iniciativas em prol do Shopping. “Os lojistas sentem-se um boca-

dinho desprezados. Este centro comercial é antigo, mas tem muito movimento. Por isso, é urgente que as individualidades de Famalicão reparem nele, porque ele já deu muito à cidade”, advoga. António Neves afirma que é importante modernizar as lojas com alguma regularidade e apostar na qualidade, pois quem investe e actualiza os espaços comerciais tem clientes.

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Shopping Town revitalizou ACIF: 20 anos na defesa do comércio tradicional o comércio tradicional Vila Nova de Famalicão nasceu numa encruzilhada, entre Braga, Porto, Barcelos e Guimarães, todas cidades seculares. Nesta encruzilhada foi surgindo a necessidade de pernoitar, surgiram os caminhos-de-ferro, a indústria dos relógios, na já desaparecida “A Boa Reguladora”, e, pouco a pouco, a cidade surgiu com o seu comércio como pólo de desenvolvimento local. Com o tempo surgiu também a mania dos shoppings e o Shopping Town apareceu como uma novidade, querendo demonstrar a vitalidade de como fazer comércio tradicional em centros mais “compactados”. Único da cidade ao tempo, atraiu muitos comerciantes e os potenciais consumidores foram tornando hábito a sua passagem pelo Shopping Town. Ao longo de muitos anos foi mantendo as características, a atractividade que dele se esperava, tornando a sua frequência como um ponto de passagem obrigatória. Na sua construção incluía uma sala de cinema, o que ocasionou com o tempo o Cine-Teatro Augusto Correia que foi ficando velho e mais tarde até fechou (entretanto demolido e já ocupado por novo prédio habitacional). Este cinema, no Shopping Town, foi-se aguentando, sendo que na verdade um cinema numa cidade pe-

quena não pode ter grande variedade de filmes (fica demasiado caro), o que ocasionou que também este cinema encerrasse as suas portas, para tristeza de muitos amantes da 7ª Arte. Entretanto, eis que surgem os hipermercados e as grandes superfícies que vêm decididamente provocar no comércio tradicional da cidade uma concorrência muito grande, com evidentes reflexos para o Shopping Town que também sofre com esta “luta desleal”. Contudo, é a chamada evolução do “Mundo Global” que arrasta atrás de si um sem número de contratempos e desigualdades, não desmobiliza o comércio da cidade, nem os proprietários de lojas no Shopping Town que resistem com tenacidade a todas estas peripécias. Contudo, e apesar de toda esta evolução, não só ao nível do concelho, mas também nas cidades vizinhas, e com a proliferação das vias de comunicação que entretanto foram nascendo, o comércio da cidade e o seu Shopping Town vão resistindo, mantendo curiosamente uma certa dinâmica comercial, fruto talvez da força interior dos comerciantes que apesar de todas as dificuldades não se deixam vencer. ACIF/Unidade Gestão Centro Urbano

A primeira referência que existe da Associação Comercial e Industrial de Famalicão (ACIF) remonta aos primeiros anos do século 20, nomeadamente no ano de 1913, dando conta do dinamismo proveniente dos homens de negócios da vila e do concelho de Famalicão. Em 1940, a Associação procurou adaptar-se à transformação imposta pelo Governo, no sistema corporativo então vigente. Num documento datado de 2 de Outubro de 1941, a ACIF alterou a designação para Grémio do Comércio do Concelho de Famalicão. Desde sempre a associação criou estruturas de apoio aos seus associados, desenvolvendo ao longo dos anos uma política de defesa e apoio ao comércio e indústria do concelho. Após o 25 de Abril de 1974 deu-se a extinção dos Grémios. Com a elaboração de novos estatutos, em 30 de Abril de 1975, surgiu a nova designação de Associação Comercial de Vila Nova de Famalicão. Para ter maior força e conseguir mais vantagens junto das instituições governamentais, na perspectiva de maior protecção e apoio a todos os empresários famalicenses, a Associação, em 1996, iniciou uma nova política de abertura a todas as actividades concelhias, passando também a englobar a Indústria e os Serviços. Com esta nova realidade, tornou-se necessária a alteração da sua designação. Foi assim que surgiu uma nova imagem: “ACIF - Associação Comercial e Industrial de V. N. Famalicão”. Surgiu assim, de novo, o espírito dos fundadores da Associação: “Todos Unidos Somos Mais Fortes”. A partir de então, desde a micro à grande empresa, desde o empresário em nome individual à sociedade anónima, não só o Comércio, mas também a Indústria e os Serviços passam a poder aderir à ACIF, usufruindo de todas as vantagens que a Associação lhes pode oferecer. Nos dias de hoje, a ACIF é uma organização moderna e interventiva. Confrontada com a realidade dos nossos dias, e adaptando-se a ela, a Associação determinou uma viragem na sua política geral de actuação e organização. Para melhorar a oferta dos seus serviços aos associados reorganizou as suas estruturas internas, criando departamentos perfeitamente definidos e dinâmicos: Departamento de Apoio ao Associado, Departamento de Formação, pub

Departamento de Projectos de Investimento, Departamento Jurídico e Departamento de Comunicação e Marketing. Assim, para ter mais força de intervenção junto dos organismos estatais, a ACIF firmou diversos protocolos com instituições públicas e privadas, que em muito têm contribuído para o cumprimento dos objectivos desta instituição, sempre com a preocupação de oferecer os melhores serviços aos seus associados e ao concelho. A formação como embrião da qualidade e progresso Atenta aos grandes desafios político-económicos nacionais e internacionais, a ACIF integrou na sua estrutura, em 1996, o Departamento de Formação para desenvolvimento da actividade de "Formação Profissional". Adequado às necessidades do concelho, a ACIF criou no ano de 2001 o Centro de Formação ACIF, com estruturas e técnicas modernas e de qualidade para que as empresas e cidadãos do concelho pudessem passar a ter as oportunidades de valorização a caminho de um novo progresso. Como os espaços até aí utilizados não dispunham das condições ideais para a dinâmica desejada para essa actividade, a ACIF adquiriu no ano de 2001 instalações na Rua Senador Sousa Fernandes, o Centro de Formação I da ACIF, onde a formação se desenvolve com conforto e qualidade. As instalações foram inauguradas a 30 de Novembro de 2001. O crescimento da Associação não pára e actualmente dispõe já dos Centros de Formação II e III, totalmente equipados e com as melhores condições necessárias às formações ministradas. Estes dois centros foram inaugurados no ano de 2010. Ainda este ano, durante o próximo mês de Junho, será inaugurada uma nova estrutura destinada aos associados. Contando com mais de 1500 associados, entre comerciantes e industriais, a ACIF tem desenvolvido acções de formação para empresários, como os projectos Igualar, Dinamizar ou QI PME. O intuito é continuar a crescer e estar sempre perto dos associados, procurando responder às suas necessidades e trabalhar no sentido de desenvolver cada vez mais o comércio tradicional. pub


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