Opinião Pública nº 1494

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CIDADE

opiniãopública: 13 de janeiro de 2021

Administração compreende as queixas, mas fala de “grande pressão” sobre a unidade

Enfermeiros do Hospital de Famalicão denunciam falta de condições na Urgência Cristina Azevedo As queixas de falta de enfermeiros no Centro Hospitalar do Médio Ave (CHMA), que tutela os Hospitais de Famalicão e Santo Tirso, não são novas, mas, segundo estes profissionais, agravaram-se com a pandemia e com o aumento de doentes internados. Na noite da passada sextafeira, enfermeiros do Serviço da Urgência Médico Cirúrgica, concentraram-se em frente ao Hospital de Famalicão num protesto silencioso contra as atuais condições existentes no serviço. Em comunicado, a equipa de enfermagem fala de “falta de enfermeiros” e de utentes “amontoados nos corredores” que passam “prolongadas horas em macas dos bombeiros” e de “utentes que permanecem durante vários dias no serviço de urgência, necessitando diariamente de cuidados”. A situação, dizem, é de tal forma grave, que os enfermeiros que trabalham na Urgência apresentaram à administração do CHMA uma “escusa de responsabilidade” já no passado dia 12 de dezembro. “Apesar de ter aumentado o número de enfermeiros do serviço, nas últimas semanas tem-se verificado, de forma permanente e simultânea, a ausência de vários profissionais, quer por terem testado positivo à Covid-19, quer por estarem em isolamento profilático. Essa falta tem sido colmatada com recurso a horas extraordinárias, que aumentam o desgaste da equipa e, em última análise, comprometem a segurança e a qualidade dos cuidados prestados”, dizem os enfermeiros, que quiseram falar no anonimato. Entretanto, na manhã de sexta-feira, o presidente da secção Norte da Ordem dos Enfermeiros, João Paulo Carvalho, reuniu com o Conselho de Administração do CHMA para dar conta das preocupações dos profissionais que trabalham na Urgência. Para o responsável a “escusa de responsabilidade” que a equipa de

equipas, mas essa não é a solução para todos os problemas. Se temos um fluxo muito grande de doentes à Urgência e não temos capacidade para os internar, eles vão ter que ficar mais tempo na Urgência, que vai sofrer uma pressão maior do que é habitual, e isto é difícil de gerir, independentemente do número de profissionais que lá temos, que como se compreende não é ilimitado”. O responsável adianta que o CHMA tem já cancelada a atividade programada para libertar camas no internamento, contratou 40 enfermeiros desde setembro e tem deslocado enfermeiros de outros serviços para reforçar as equipas que estão no tratamento à Covid 19 e às doenças respiratórias comuns ao inverno. Mesmo assim, reconhece que “há dificuldades e que os profissionais têm trabalhado mais horas e em condições mais difíceis”. “É natural que se sintam cansados, mas posso garantir que temos uma excelente equipa de profissionais e que, O presidente da Ordem dos Enfermeiros do Norte foi o porta-voz das queixas para já, temos conseguido dar uma resenfermagem assumiu é “uma medida que acontece um pouco por todo o país. posta adequada, embora com muito sacridrástica” que significa que a equipa “Não há nenhuma objeção em reforçar as fício de todos”. conclui. “atingiu o seu limite de capacidade de fazer as coisas bem feitas”. “É um pedido de ajuda e a tutela tem que olhar para isto com muita preocupação, porque estes profissionais têm feito um trabalho brutal”.

Doentes e profissionais passaram frio na nova urgência

18 doentes acamados para um enfermeiro A título de exemplo, João Paulo Carvalho referiu que nesse dia – passada sextafeira – na área laranja/amarela do serviço de urgência havia 18 doentes em maca para um enfermeiro, “algo que não é aceitável porque não é possível garantir cuidados seguros e de qualidade a todos e de forma atempada”. O presidente do Conselho de Administração do CHMA, António Barbosa diz compreender as razões dos enfermeiros, mas ressalva que a pressão sobre o hospital é muito grande, à semelhança do

PAN apresenta denúncia mais uma descarga no Rio Pelhe A Comissão Política Concelhia de Famalicão do PAN, após tomar conhecimento de mais uma descarga no rio Pelhe, na área do Parque da Devesa, apresentou mais uma denúncia por descargas ilegais naquele rio junto do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR. Em nota à imprensa, o PAN lembra que o Rio Pelhe, que nasce e desagua no concelho de Famalicão, “é alvo constante de descargas ilegais” e que o partido “tem apresentado denúncia sempre que toma conhecimento das mesmas”. Nesse sentido, o PAN sublinha que já denunciou junto das entidades competentes “descargas que ocorreram junto ao Parque da Devesa, no recinto da feira, em Ribaínho, em Barrimau, em Esmeriz e mesmo junto à sua nascente”. Refira-se que esta última denúncia do PAN surge depois de alguns frequentadores do Parque da Devesa terem denunciado, a semana passada, nas redes sociais, fotografias que mostram uma substância no Rio Pelhe, de cor branca e nebulosa.

Outra situação que motivou o protesto dos enfermeiros foi o frio que se fez sentir, a semana passada, na nova urgência Covid do Hospital de Famalicão, uma estrutura construída pela Câmara Municipal e que entrou em funcionamento a 3 de dezembro. Na passada sexta-feira, António Barbosa garantia aos jornalistas e também ao dirigente da Ordem dos Enfermeiros, que o problema se deveu a questões técnicas e que estava em vias de resolução. ”De facto, no fim de semana passado, o sistema de aquecimento não conseguiu dar resposta às baixas temperaturas que se fizeram sentir, mas o que me dizem os técnicos é que foi uma situação pontual que já está a ser resolvida”. Apesar desta garantia, o presidente da delegação do Norte da Ordem dos Enfermeiros não deixou de salientar que se viveram momentos difíceis para profissionais e utentes na urgência dedicada a doentes Covid e respiratórios. “O frio era tal, que obrigava os enfermeiros, médicos e assistentes operacionais a vestir várias camadas de roupa por baixo dos seus equipamentos de proteção individual e mesmo assim continuavam com mãos e pés gelados”, relatou o responsável, adiantando que “o mesmo sentiam os doentes, muito deles já com certa idade”.

Centro urbano vai ter sistema de drenagens sustentáveis As obras de reabilitação do centro urbano da cidade de Famalicão vão permitir criar um sistema inovador de drenagens sustentáveis, que consiste na absorção natural das águas de forma a não sobrecarregar os coletores e a fazer com que a água seja absorvida naturalmente em cada espaço verde. A informação foi avançada, na última semana, pela Câmara Municipal. O Plano de Implementação do Sistema Urbano de Drenagem Sustentável (SUDS) vai abranger a área da Praça D. Maria II e da Praça Mouzinho de Albuquerque. Em toda a zona desta operação as caldeiras (base) das árvores serão rebaixadas para possibilitar o acolhimento das águas da chuva e, por outro lado serão aumentadas as áreas verdes e canteiros de forma a maximizar o aproveitamento das águas. Desta forma, explica a autarquia,

será realizada uma divisão da área a intervir em bacias de escoamento que vão encaminhando as águas para as zonas de absorção natural fazendo um percurso de canteiro em canteiro, de zona verde em zona verde, até, por fim chegar aos coletores. Será ainda feito o encaminhamento das águas de bacia em bacia até chegar à zona das charcas na Praça Mouzinho Albuquerque como ponto final de recolha e de encaminhamento para o Rio Pelhe a jusante. O Plano de Implementação do SUDS prevê ainda a plantação de espécies de vegetação autóctones privilegiando ambientes diversos. “Estamos a criar uma cidade mais amiga das pessoas, do ambiente e do comércio. Uma cidade de futuro, inteligente e sustentável”, afirma, a propósito, o presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha.


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