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as expectativas para o setor sucroenergético

Opiniões Opiniões Opiniões ISSN: 2177-6504 www.RevistaOpinioes.com.br

SUCROENERGÉTICO: cana, açúcar, etanol & bioeletricidade ano 15 • número 55 • Divisão C • Jan-Mar 2018

Gerar mais energia com menos manutenção

Usina Cerradão adota pela primeira vez tecnologia de alta eficiência que garante operação da planta sem manutenção anual

O desafio era fornecer em apenas oito meses um turbo redutor de condensação de 40 MW, capaz de gerar até 350.000 MWh por ano. Para atender a demanda da Usina Cerradão, o atendimento especializado da Siemens propôs a solução que permite uma maior receita com a exportação de energia nos meses com melhores preços do MWh e com intervalo entre manutenções muito além do praticado no mercado.

Uma prova que com inovação é possível superar demandas do setor sucroenergético, de forma rápida, eficiente e confiável. Consulte nossos especialistas.

É importante destacar que os canaviais estão envelhecidos, com falhas e sofreram com a seca no período de junho a novembro de 2017. Nessa época, praticamente não tivemos chuvas, e isso acabou comprometendo a brotação das soqueiras. Os produtores terão que cuidar muito bem dos seus canaviais para não comprometerem a renda no fi nal da safra. Em relação à produção, o mix deve ser favorável ao etanol, em função, principalmente, da queda do preço do açúcar no mercado internacional e da alta nas cotações de preços do petróleo.

Estamos com excesso de açúcar, e as usinas vão destinar os maiores percentuais possíveis da matéria-prima para a produção de etanol. Para se ter uma ideia, o etanol hidratado estava no início de fevereiro, com uma rentabilidade 40% superior na venda quando comparado aos preços do açúcar em Nova York e 20% superior à obtida pelas usinas nas vendas físicas da commodity. Isso vai contribuir para a recuperação dos preços do açúcar junto com a firme demanda por etanol no mercado interno, que, por sua vez, está se destacando.

As novas relações de comercialização de etanol começaram a mudar no final de 2016, quando a Petrobras passou a adotar uma nova política de preços. De lá para cá, outros acontecimentos vêm surgindo.

Precisamos de grande engajamento de todos para eleger pessoas com ética, valores morais, como honestidade e espírito empreendedor, nas eleições de 2018. Não podemos retroceder novamente. "

Exemplos: em janeiro de 2017, houve o aumento de PIS/Cofi ns sobre o etanol; no mês de maio, atingiu-se o recorde de importação de gasolina; em agosto, foi criada a alíquota de 20% para a importação de etanol; em setembro, a demanda e os preços do etanol avançaram; e, em outubro, as usinas começaram a mudar seu mix para o etanol. Estamos em uma realidade positiva para o biocombustível, em um momento ímpar, em que o mercado está absorvendo toda essa mudança.

Antonio Eduardo Tonielo Presidente da Irmãos Tonielo

Ainda em relação ao açúcar, em notícia recente divulgada pelo jornal Valor, a Organização Internacional do Açúcar (OIA) estima uma produção mundial, em 2017/2018, em 179,45 milhões de toneladas. O volume é 6,58% superior à temporada passada e é principalmente responsabilidade do crescimento na expectativa de colheita da Índia, União Europeia, Tailândia e China. O Brasil é o maior produtor de açúcar, com uma produção estimada em 39,46 milhões de toneladas em 2017/2018. Porém o que pode acontecer na safra 2018/2019 é o Brasil ter reduzida a sua disponibilidade de açúcar, já que existem incertezas em relação ao percentual de cana que será destinado para a sua produção. Isso também pode ajudar na recuperação dos preços. O fato é que não podemos olhar apenas para a cana quando falamos em projeções para 2018, já que, neste ano, enfrentaremos a batalha da reforma da Previdência (novamente) e o resultado das eleições presidenciais. Precisamos de grande engajamento de todos para eleger pessoas com ética, valores morais, como honestidade e espírito empreendedor, nas eleições de 2018. Não podemos retroceder novamente. Esse é o momento de os brasileiros se debruçarem sobre uma agenda positiva para o País. Temos que levar essas eleições muito a sério, porque o Brasil precisa crescer, e isso depende de todos os brasileiros, não apenas de um setor. n

otimistas em um cenário desafiador perspectivas

O Brasil ocupa posição de destaque no cenário mundial quando o assunto é sustentabilidade energética. É uma das únicas grandes economias em que a participação de fontes renováveis atinge patamares elevados – cerca de 50% – há décadas. Isso foi alcançado com o aproveitamento de nossos recursos naturais, como a exploração do potencial hidrelétrico, mas também com o desenvolvimento de tecnologias e a abertura de novos mercados, como o do setor sucroalcooleiro. Isso foi alcançado com o aproveitamento de nossos recursos naturais, como a exploração do potencial hidrelétrico, mas também com o desenvolvimento de tecnologias e a abertura de novos mercados, como o do setor sucroalcooleiro.

 O País aplicou ativamente recursos para criar seu mercado interno de etanol. Políticas públicas, como o antigo Proálcool, tiveram papel fundamental para o fl orescimento desse setor, criando um ecossistema de produtores altamente efi ciente e competitivo, além de uma frota de carros bicombustível única no mundo. A Bunge, por exemplo, iniciou sua história no setor em 2006, negociando açúcar, e, desde então, construiu uma forte posição na comercialização e produção de açúcar, etanol e bioeletricidade. Durante todos esses anos, vimos o setor inteiro passar por uma grande evolução: aumento do uso da tecnologia no campo, maior qualidade de vida para colaboradores, melhorias logísticas e ampliação da produtividade. Tudo isso traz para o País grande competitividade no cenário mundial. O mercado brasileiro de etanol para transporte é único no mundo, pois atingiu uma maturidade que já pode tirar proveito das chamadas “economias de rede”, quando um produto se torna mais atrativo devido à sua presença massiva no mercado.

O mercado brasileiro de etanol para transporte é único no mundo, pois atingiu uma maturidade que já pode tirar proveito das chamadas 'economias de rede', quando um produto se torna mais atrativo devido à sua presença massiva no mercado. "

Geovane Consul VP do Negócio de Açúcar e Bioenergia da Bunge

o tempo urge!

Wag ações da Amata

O ano de 2017 se encerrou com a alvissareira sanção presidencial da chamada Lei do RenovaBio, a comemoração setorial encheu os olhos do País. O Senado Federal, em seu site ofi cial, noticiou a aprovação da Lei Ordinária nº 13.576/2017 como causa de uma possível criação de 3 milhões de empregos no País. Alguns chegaram a mencionar o ressurgimento do Proálcool, que, a bem da verdade, foi um programa exitoso da década de 1970, uma vez que impulsionou investimentos, não só na produção, como também no consumo do etanol de cana-de-açúcar, biocombustível extremamente importante para o País, cuja efi ciência da cadeia produtiva causa admiração até em países com economia em patamar de estabilidade mais avançado que o Brasil.

Em suma, a chamada Lei do RenovaBio, traz, em seu bojo, 30 artigos, recarregando a esperança do setor sucroenergético brasileiro, que sofre redução de investimentos e endividamento jamais vistos na história. Como causa, poder-se-iam lançar inúmeros fatores, merecendo destaque reiteradas práticas desleais no preço do combustível fóssil havidas em um passado recente.

Tal cenário força a concluir que o RenovaBio é um programa que não pode existir de forma isolada, ou seja, somente pelos seus artigos legislativos, uma vez que o endividamento carregado pelo setor sucroenergético afasta a capacidade de investimento dos produtores. O endividamento é um fato notório, aliás bastando atentar-se ao número assombroso de unidades produtoras que encerraram suas atividades entre 2015 e 2017, sem que, ao menos, outros players dessem continuidade no escopo social das indústrias.

Tal condição extirpa cruelmente a capacidade de investimento dos produtores na renovação dos canaviais, e cada hectare de cana que deixa de ser investido/plantado torna muito mais difícil a missão do RenovaBio, que está textualmente descrita no comando do artigo 1º, inciso I, da Lei Ordinária nº 13.576/2017, que dispõe: “Fica instituída a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), parte integrante da política energética nacional vação dos canaviais, e cada hectare de cana que deixa de ser investido/plantado torna muito mais difícil a missão do RenovaBio, que está textualmente descrita no comando do artigo 1º, inciso I, da Lei Ordinária nº 13.576/2017, que dispõe: “Fica instituída a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), parte integrante da política energética nacional de que trata o art. 1º da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, com os seguintes objetivos: I. contribuir para o atendimento aos compromissos do País no âmbito do Acordo de Paris sob a Convenção-Quadro da Nações Unidas sobre Mudança do Clima” .

Isso porque, com toda a vênia devida às outras culturas e formas que estariam aptas à produção de biocombustíveis, as atuais não estão dotadas da mesma capacidade que a cana-de-açúcar comprovadamente detém, na função de sequestrar carbono, contribuindo positivamente para reduzir o chamado efeito estufa. Ademais, a geração dos 3 milhões de empregos noticiada pelo Senado Federal seria muito mais agilizada se o setor sucroenergético obtivesse viabilidade para simplesmente retomar o investimento no plantio de cana, ou seja, renovação de canaviais, sendo desnecessária qualquer invenção muito grande, daí a necessidade de ser criado um mecanismo de fi nanciamento do plantio de cana, diferenciado das demais culturas, e que acompanhasse a relevância de se atingir, verdadeiramente, a fi nalidade instituída pelo RenovaBio.

O BNDES, com seu papel fundamental, necessita, pois, rever seus limites para a retomada de fi nanciamento de investimentos em plantio de cana, permitindo, inclusive, contratação direta e até mesmo reestruturando operações passadas, para que os produtores consigam avançar e fazer frente aos desafi os lançados pelo programa legislativo. A cana-de-açúcar, por possuir a particularidade de atingir os objetivos ambientais do RenovaBio, necessita obter um impulso mais forte, para que se torne atrativo aos produtores renovar os canaviais, evitando-se a conversão para outras culturas, cuja efi ciência ambiental não será a mesma da cana-de-açúcar, podendo até colocar em xeque a real fi nalidade do programa. O desafi o será, com toda certeza, a obtenção de fi nanciamento para que os canaviais continuem contribuindo para a melhoria da intensidade de carbono da matriz brasileira de combustíveis. Para tanto, produtores, governantes, setor fi nanceiro, enfi m, todos os envolvidos nessa cadeia precisam atentar para esse ponto sensível, e que, em 2018, o Brasil possa assistir ao setor sucroenergético retomar, ainda que parcialmente, o investimento no plantio de cana-de-açúcar.

O tempo urge! n

o endividamento é um fato notório, aliás bastando atentar-se ao número assombroso de unidades produtoras que encerraram suas atividades entre 2015 e 2017 "

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