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Nelson Barboza Leite
Opiniões
lições de vida e realizações, novos desafios
A silvicultura brasileira tem sido marcada por realiza- ções que mudaram rumos e deixaram lições de vida para muitas gerações. Uma história que soma ciência e arrojo empresarial. As grandes realizações foram respostas à im- portância econômica, social e ambiental que a atividade foi alcançando. O sucesso foi o resultado da visão e da credibilidade dos profissionais envolvidos nos processos de criar, de mudar e de encontrar as melhores alternati- vas para a produção de madeira. Nesses anos, a madeira deixou de ser o incômodo do setor de compras, para se tornar diretriz estratégica das empresas. Essa valorização, no entanto, tem tido altos e baixos.
Há até casos em que o “homem da floresta” sumiu das organizações! Algumas realizações serão sempre lem- bradas. Além do que as contribuições promovidas foram exemplos de profissionalismo de quem as promoveu. Des- taque a profissionais de empresas, de universidades e de instituições governamentais. Deram lições “de tudo” para a história da silvicultura. Foram exemplos de ética, respeito, humildade e paixão pelo que faziam. Um privilégio para quem teve a felicidade de conhecê-los e de conviver com eles. No final da década de 60 e início de 70, foram criadas as bases da silvicultura brasileira: o atual Código Flores- tal, o surgimento do IBDF, a política de incentivos fiscais, a formação dos primeiros cursos de engenharia florestal e das principais instituições de pesquisa. De 70 a 90, o Brasil tri- plicou a produtividade de suas florestas plantadas. Um pe- ríodo riquíssimo, marcado por grandes programas de reflorestamento, muitas pesquisas, intensa participação e estreita colaboração entre universidades, empre- sas e organizações governamentais. Tivemos o privilégio de conviver, em Piracicaba, com mestres co- mo Helládio do Amaral Mello, Paulo Galvão, Luiz Barrichelo, Celso Foelkel, Walter Suiter Filho, Mario Ferreira, João Walter Simões, Paulo Kageya- ma, Fábio Poggiani, dentre ou- tros. Um time de professores, que se doou de corpo e alma à formação de profissionais. Participaram da criação e de- senvolvimento do IPEF, com a colaboração de respeitáveis diretores empresariais.
Algumas realizações, por suas peculiaridades, pri- vilegiaram ainda mais aqueles que delas participaram - Antonio Rensi Coelho e Ronaldo Guedes Pereira promo- veram um salto gigantesco no melhoramento genético com a introdução de sementes de E. grandis, colhidas na Austrália; Leopoldo Brandão revolucionou a silvicultura com a utilização comercial de clones; Osmar Zogbi transformou sua empresa florestal numa referência em inovações tecnológicas. Foram memoráveis também as contribuições de Roberto Alvarenga, Laerte Setúbal, dos irmãos Geraldo e Raul Speltz, dos irmãos Gualter e Ge- raldo Moura, Luiz Ramires, Rubens Tocci, Pieter Prange, Francisco Bertolani, Amantino de Freitas, Mauro Reis, Lamberto Golfari, Carlos Eugênio Thibau.
Tive a satisfação de conviver e de aprender com profis- sionais extraordinários: Edson Balloni, Arnaldo Salmeron, Walter Jacob, Joésio Siqueira, Sebastião Machado, Gilmar Bertolloti, Admir Lopes Moura, José Maria Mendes, Ade- mir Cunha Bueno, Ubirajara Brasil, Carlos Alberto Guer- reiro, Lineu Wandouski, José Zani, José Luiz Stape, Maria José Zakia, José Geraldo Rivelli, Claudio Cerqueira, dentre muitos companheiros de equipe. Nesse mesmo período, ini- ciaram os movimentos sociais e ambientais, questionando a monocultura de eucalipto e pinus.
Essas discussões, que continuam vivas dentro do setor, foram enriquecidas pelas contribuições do respeitável Wal- ter de Paula Lima. Novo importantíssimo marco surge na década de 90, com os sistemas de certificação florestal em que se destacou a competência e a dedicação de Rubens Garlipp e colaboradores para a estruturação do CERFLOR, através da SBS. Nos anos de 2005/2006/2007, os programas de plantio aumentaram significativamente e com um ingrediente especial: a participação significativa do fomen- to florestal. A silvicultura encontrava, de fato, a forma de se integrar com suas comunidades e parceiros vizinhos.
De 2008 até hoje, surpresas e novidades: uma profun- da crise, que abalou o setor e ainda não se afastou de algu- mas empresas, e o surgimento de novos investidores inte- ressados na formação de ativos florestais. Surgem novas fronteiras da silvicultura, e estamos diante de mudanças e grandes desafios. Há lições de sobra para superarmos eventuais dificuldades e fortalecermos ainda mais a silvi- cultura. E o mais importante: há silvicultores brilhantes se destacando nesses novos tempos. Com certeza, as lições de comprometimento não foram esquecidas e serão perpetuadas por gerações.