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Antonio Paulo Mendes Galvão

homens de fibra Opiniões empreendedores do sistema florestal brasileiro

É notável a herança que a atual e a futura geração do Setor Florestal Brasileiro estão recebendo de empreendedores que já deixaram ou estão deixando a atividade profissional. O legado, cuja maior parte foi construída a partir da década de 60, representa 3,4% do PIB do País, que corresponde a US$ 44,6 bilhões. As exportações de produtos de base florestal do Brasil equivalem a mais de 5% do total exportado. A área de florestas plantadas aproxima-se dos 6 milhões de hectares, e os reflorestamentos anuais superam 600 mil hectares. Poderoso estoque de tecnologias permite liderança mundial na produção de madeira e celulose/ papel de eucalipto. Fica, assim, evidente a responsabilidade dos atuais executivos e cientistas na conservação e ampliação desse patrimônio. Esse desafio exige, porém, profissionais de alto nível, com características apropriadas ao contexto do Sistema Florestal Brasileiro e do cenário internacional, que mudam rápida e continuamente. Esse panorama inclui a indesejada realidade do setor de florestas plantadas: não possuir, ainda, um abrigo apropriado, justo e seguro nas instituições governamentais.

À medida que os meios de comunicação evoluem e se tornam mais acessíveis e velozes, as mudanças de contexto são mais frequentes. A globalização implica crescente interdependência tecnológica e econômica entre países de diferentes culturas. Novas tecnologias, exigências de mercado e cobranças ambientais surgem e se sucedem com frequência. Por isso, o executivo moderno tem de acompanhar com eficácia tudo o que ocorre na sua área de atuação, em nível nacional e internacional. Isso implica a necessidade de o profissional do Setor de Base Florestal dominar bem outros idiomas, como o inglês e o espanhol, e de ser competente no uso da informática. Paradoxalmente, essas facilidades implicam grande quantidade de informação, e, consequentemente, o profissional moderno deve ser capaz de geri-la eficazmente, separando prontamente o útil do inútil. Como a quantidade de tecnologias e especializações profissionais é enorme, é essencial outra qualidade: trabalhar em equipe e saber delegar aquilo que pode e deve ser delegado. " para esta próxima década, teremos um novo tipo de cana-de-açúcar, que, neste nesse caso, melhor seria se a chamássemos de “cana-ener- gia”: uma cana mais rústica e com altíssimo potencial de produção de biomassa, duas vezes maior que a cana convencional. " " A área de florestas plantadas aproxima-se dos 6 milhões de hectares, e os reflorestamentos anuais superam 600 mil hectares. Poderoso estoque de tecnologias permite liderança mundial na produção de madeira e celulose/papel de eucalipto. "

Antonio Paulo Mendes Galvão Consultor Florestal Independente

Outro predicado necessário ao empreendedor moderno é competência para compreender não só “o como executar”, mas também “o porquê”, “o para quê”e“o para quem” são realizadas suas atividades. Deve, ainda, possuir uma visão sistêmica, que lhe possibilite entender o todo com base numa análise global das partes e da interação entre elas. Precisa também possuir compreensão estratégica, isto é, ter a percepção do futuro desejado, em um dado período de tempo, e ser capaz de alcançar as metas desejadas por meio de ações dirigidas.

Como solicita o editor chefe da Revista Opiniões, ilustro minha participação na construção do legado representado pelo Sistema Florestal do País. Quando professor na Esalq, fui convidado pela Embrapa a dirigir o Programa Nacional de Pesquisa Florestal - PNPF. Esse desafio resultou em parcerias com 28 entidades de pesquisa e 69 empresas privadas e uma rede de 597 experimentos em 22 estados, grande parte deles sem pesquisa florestal, naquela época. Foi também criado o Centro Nacional de Pesquisa de Florestas, atualmente, Embrapa Florestas. Dentre as atividades desenvolvidas na Embrapa/PNF, destaco o projeto cooperativo com empresas e instituições de pesquisa para a coleta de sementes de eucalipto na Austrália durante um ano.

Vinte e duas empresas privadas do setor florestal e 6 instituições governamentais participaram do projeto. Fo- ram instalados testes e populações-base em 59 diferentes locais do País. Muitos clones em uso no Brasil descendem desse material. Como pesquisador da Embrapa, também liderei o processo que permite, sob a administração do Mapa/SNPC, proteger internacionalmente valiosos clones de eucalipto obtidos por melhoramento genético, contra uso não autorizado. Permito-me registrar meu trabalho de coordenação geral de três congressos florestais brasileiros: Olinda (1986), Curitiba (1993) e São Paulo (2004), e a responsabilidade pela área técnica/científica no congresso de Manaus, em 1978. Para concluir, resta desejar sucesso aos atuais e futuros empreendedores do Sistema Florestal Brasileiro. Eles, com certeza, farão mais e melhor que a minha geração.

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