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Marlos Schmidt

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Ensaio Especial

Ensaio Especial

inovações e perspectivas de desenvolvimento

" as grandes empresas não podem se dar ao luxo de ter equipamentos em número limítrofe a sua demanda. Os pequenos e médios produtores, podem utilizar-se de equipamentos com a maior intercambiabilidade possível, que sejam de fácil acoplamento às máquinas bases e permitam a eventual utilização em atividades concorrentes "

Marlos Schmidt Gerente de Aplicação Técnica da Penzsaur

As definições de ordem mecânica ou de aplicação dos equipamentos em cada processo são fatores muito bem desenvolvidos e dominados pelos fabricantes mundiais. Atualmente, no universo de equipamentos florestais, diferem entre si os níveis dos controles de gestão, por meio dos quais se obtêm os dados estatísticos da produtividade versus desempenho e de operação, os quais são voltados ao conforto, à qualidade, mas, principalmente, à segurança dos operadores e à conservação do meio ambiente. Entendo que esse aspecto da cadeia florestal está bem estruturado em nosso País, por intermédio dos mais diferentes fornecedores e fabricantes de soluções para a silvicultura e colheita das florestas brasileiras.

Ainda que em montanhas ou planícies, o setor florestal brasileiro é exemplo no tocante à preservação da biodiversidade e a competitividade nos mercados internacionais. Essas responsabilidades são muito bem absorvidas pelas empresas do setor, e, para isso, utilizam-se dos mais distintos recursos tecnológicos. As empresas florestais absorveram rapidamente grande parte das tecnologias aplicadas no meio e participam do desenvolvimento contínuo para a obtenção de seus resultados. Elas têm realizado estudos práticos com os mais variados equipamentos florestais, buscando otimizar a operação e reduzir proporcionalmente os custos operacionais em relação aos investimentos praticados. Isso tem impulsionado os fabricantes mundiais a investirem e a formatarem parcerias com empresas brasileiras. E isso de uma forma extremamente profissional e responsável, uma vez que os governos mundiais estão buscando conscientizar as nações da sua responsabilidade individual quanto à preservação ambiental.

Esse é um dos fatores pelos quais o nosso parque de máquinas é moderno, eficiente no tocante aos processos, na ergonomia operacional e na obtenção de custos dos produtos finais. A derrubada, o desgalhe, o processamento, o baldeio, o empilhamento e o carregamento são a síntese dos processos da colheita florestal executados no campo.

A definição do mix de equipamentos a serem aplicados passa principalmente pelos quesitos topografia e logística de processamento na indústria. Dentro disso, foram se desenvolvendo padrões na composição do mix de equipamentos aplicados para a colheita florestal, e as definições de cada empresa têm a sua fundamentação baseada nos resultados obtidos em estudos práticos realizados.

As alternativas tecnológicas que temos disponíveis são as mesmas aplicadas na Europa ou América do Norte, exceto algumas mais extravagantes, como a utilização de helicópteros. Não há nenhuma outra tendência tecnológica que se distinga do usualmente visto no cotidiano. Não chegamos à exaustão tecnológica, nem ao limite da criatividade. Áreas com declividade acentuada são palcos para novos avanços de equipamentos com maior tecnologia embarcada.

As grandes empresas não podem se dar ao luxo de ter equipamentos em número limítrofe a sua demanda. Os pequenos e médios produtores podem utilizar-se de equipamentos com a maior intercambiabilidade possível, optando pelos que sejam de fácil acoplamento às máquinas bases e permitam a eventual utilização em atividades concorrentes.

A cultura florestal brasileira é restrita a uma pequena parcela da sociedade e facilmente influenciável por interesses nem sempre ambientais. A exemplo, a contínua propagação de que o consumo de papel gera avanço no desmatamento. Essa é a maior demonstração do desconhecimento de causa dos promotores dessa campanha, que perderá força à medida que houver a divulgação maciça acerca das riquezas geradas por esse setor e pela consciência ambiental que ele tem expressado ao longo de anos. Veremos uma nação disposta a expandir seus horizontes plantando árvores para preservar o meio ambiente, restaurando áreas degradadas, conservando o solo, protegendo a biodiversidade, contribuindo significativamente no sequestro de CO 2 . As empresas florestais investem em educação, saúde e educação ambiental, gerando empregos diretos e a geração de renda indireta, por meio de projetos sólidos de fomento florestal. Tudo isso pode facilmente ser comprovado, pois, do contrário, após 50 anos de atividade, encontraríamos hoje as áreas que foram destinadas ao plantio de florestas totalmente degradadas, destruídas e abandonadas; porém o que vemos são imensas áreas verdes, solo preservado e, em alguns casos, completamente restaurado, pois eram áreas degradadas quando do início das atividades florestais. Este é o efeito que contradiz todos os pensamentos equivocados acerca da atividade florestal. Que sejam coibidos e punidos todos os abusos, mas não restrinjamos a vocação natural de um gigante com apenas 50 anos. Dessa forma, o sentimento é somente um, o de que o futuro da floresta brasileira será verde, mas também amarelo. 5

empresas florestais foco estratégico

nas soluções

Hoje, o setor florestal enfrenta um cenário de negócios que está impactado por várias mudanças conjunturais que precisam ser enfrentadas, para se manter a competitividade da cadeia econômica para a produção de madeira e das atividades das demais cadeias decorrentes que a usam como matéria-prima. Temos um cenário macroeconômico brasileiro com o Real valorizado, alto custo do capital, mão de obra subindo além da inflação, terras cada vez mais inflacionadas, estruturas de logística públicas degradadas ou saturadas, entre outros aspectos a considerar dentro do famoso custo Brasil. Nesse cenário, juntam-se as demandas crescentes e justificáveis por operações focadas em sustentabilidade que nos levam a repensar nossas atividades, procurando torná- -las mais amigáveis sob o ponto de vista ambiental e social. mais nossas atividades e a busca de soluções de crescente competitividade têm nos levado a modelos de terceirização baseados em performance operacional e não numa simples contratação de prestação de serviços "

Renato Alfonso Rostirolla

Nosso desafio é conjugar os fatores econômicos, ambientais e sociais numa operação competitiva que atenda à lucratividade almejada nos nossos negócios. Não é possível alcançar esse objetivo apenas otimizando os paradigmas atuais empregados nas atividades florestais.

A colheita tem evoluído na mecanização ao utilizar equipamentos cada vez mais desenvolvidos, que operam 24 horas por dia, e, com isso, obtém-se um maior retorno sobre o investimento. As modernas máquinas permitem a obtenção de indicadores de eficiência operacional que nos possibilitam estabelecer metas a serem perseguidas, visando a uma crescente eficácia. Na parte de logística da madeira, existe uma necessidade de se explorar modais até aqui não tão tradicionais, como as hidrovias e ferrovias, além de se buscar otimizar o modal rodoviário com equipamentos como tritrens. Também nesse caso, o uso de modelos de controle dos modais logísticos e sua rastreabilidade são fatores imprescindíveis para aumentarmos a eficiência de uso dos equipamentos.

Do ponto de vista ambiental, cresce também o controle sobre o uso eficaz dos combustíveis, visando, além da questão econômica, minimizar as emissões dos gases geradores do efeito estufa. Associado a isso, temos os diversos mecanismos de certificação florestal a atender, pois estes passam a ter na economia globalizada um papel de legislação transnacional, vinda por imposição poderosa dos mercados compradores.

Os princípios, critérios e indicadores das certificações FSC, Cerflor e as ISOs, passando pela qualidade ambiental e pela segurança, devem hoje estar inseridos nas operações florestais. Não podem ser tratados de forma isolada. Os impactos das operações deverão ser, cada vez mais, minimizados. Podemos citar alguns exemplos das demandas que se devem intensificar para as atividades de colheita, transporte, construção e manutenção de estradas: ruído dos equipamentos, compactação do solo, balanço do regime hídrico nas bacias hidrográficas e intervenção visual. A necessidade de aprimorarmos cada vez mais nossas atividades e a busca de soluções de crescente competitividade têm nos levado a modelos de terceirização baseados em performance operacional

" a necessidade de aprimorarmos cada vez

Gerente Regional Florestal da CMPC Celulose Riograndense

e não numa simples contratação de prestação de serviços. 6

Precisamos buscar companhias que tenham foco estratégico nas soluções de serviço com desempenho operacional que se aprimore no tempo, de forma a garantir resultados que suportem a sobrevivência dos nossos negócios ao remunerar adequadamente nossos acionistas investidores.

Nesses casos, as companhias agregadas a nossa cadeia formadora de valor precisam ter uma cultura organizacional pautada por inovação, seja nos processos de gestão, seja na busca de tecnologias de data aquisition, seja na tecnologia dos equipamentos utilizados na mecanização.

Nesse ponto, é importante salientar que a mão de obra no Brasil tenderá a ser extremamente onerosa, por vários fatores: pressão por aumentos salariais acima da inflação, valorização do Real e aumento dos gastos sociais diretos e indiretos (ultimamente, fala-se em 40 horas semanais e aumento da hora extra). Essa pressão no aumento dos gastos acelerará ainda mais os processos de mecanização como forma de minimizar os aumentos de custos.

Essa tendência se justificará ainda mais se houver uma queda no custo de capital e a redução dos preços das máquinas com a entrada mais efetiva da China e Índia no mercado ofertante. Por outro lado, em muitas regiões do Brasil, com o crescimento de outras atividades econômicas, começa a existir uma carência de mão de obra qualificada para atender às necessidades operacionais florestais.

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