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Matheus Felipe Zonete e Sérgio Martins Correia
inovações impulsionadas pelos benefícios
O setor florestal brasileiro, além de contribuir com uma parcela significativa no desenvolvimento da economia do País, é responsável por impulsionar o desenvolvimento tecnológico e inovações. Destaque deve ser dado às operações de colheita e transporte de madeira, que, desde o início do processo de mecanização, vêm a cada ano, surpreendendo com seus avanços e positivos resultados. Um dos motivos desse contínuo desenvolvimento é que, dentre os componentes do custo da madeira, podem-se atribuir 85%, às vezes mais, a essas etapas. Por esse motivo, o cuidado e atenção recebidos. Esses segmentos estão sempre inovando e rebalizando seus processos, de modo a aprimorar os resultados, desde o melhoramento genético e produções de muda até a reorganização de pátios de madeira, passando por espaçamentos de plantio e fertilizações.
Praticamente, toda a cadeia produtiva está, assim, sujeita às demandas que possam corroborar a etapa de colheita e transporte de madeira. Sendo assim, atualmente a colheita e o transporte de madeira têm contado com importantes ferramentas para planejamento e controle das operações de campo. As ferramentas de planejamento podem ser segmentadas em três principais: • O planejamento estratégico: que considera o direcionamento corporativo. Algumas empresas já estão incluindo as restrições e os parâmetros estabelecidos pela colheita, dada a sua importância para o processo como um todo; • Planejamento tático: que já inclui restrições de ordem espacial, de sazonalidade, movimentação de equipes, alocação de máquinas e qualidade de madeira, e • Planejamento operacional: que considera questões de logística, transporte de máquina, turnos, metas de produção, dentre outras.
O uso de ferramentas de otimização nos três âmbitos do planejamento tem contribuído para significativas reduções de custo, que têm variado entre 5 e 7%, ocasionadas principalmente por ganhos operacionais. Outro ganho importante desses três âmbitos de planejamento integrados é a garantia de uma floresta mais ordenada e a entrega de produtos dentro das especificações requeridas.
Dessa maneira, cada vez mais se faz necessário considerar o dimensionamento da colheita florestal como parte integrante do processo de planejamento estratégico, tático e operacional. Somente assim é possível otimizar a alocação dos recursos e, consequentemente, maximizar os investimentos, pois a colheita, além de deter um dos maiores orçamentos, é também responsável por intervir diretamente na mobilização de equipes e máquinas.
Quanto às ferramentas de gestão das operações de colheita e transporte, cabe ressaltar o uso de equipamentos capazes de mensurar automaticamente a produção e enviar essas informações via satélite, ou via GPRS (rede de celular) à central de dados. Esse tipo de ferramenta tem aproximado a gestão dessas operações e proporcionado que ações sejam tomadas a tempo de se intervir nos processos, a fim de se atingir determinadas metas. O uso desse tipo de ferramenta com conexões remotas é recente no Brasil, todavia já vem sendo utilizada em países nórdicos há pelo menos cinco anos.
Cabe ainda ressaltar o termo “colheita de precisão”, que deve tornar-se cada vez mais comum, tendo em vista a disponibilidade de tecnologias para envio remoto de dados, que, somados a um inventário florestal cada vez mais preciso, tem se tornado viável através da tecnologia LiDAR Aerotransportado (Sensor Laser originalmente desenvolvido para o mapeamento de terreno), provendo superfícies de produção dentro do talhão; temos, assim, um cenário ótimo para aplicação e uso de ferramentas de colheita de precisão, permitindo o monitoramento da produtividade em tempo real.
Outro item muito importante, que está conectado à colheita de precisão é o microplanejamento. Essa ferramenta tem gerado benefícios operacionais, através da determinação de melhores percursos, mapeamento das distâncias de arraste, direção de queda, alocação de estoque, bem como sequenciamento e dimensionamento de equipes. Além disso, tem contribuído também para a sustentabilidade do processo através da minimização da compactação do solo, minimização de impacto às áreas naturais e também para o manejo da paisagem. O desenvolvimento tecnológico e as inovações na colheita e transporte de madeira não estão apenas relacionados ao monitoramento das máquinas e equipamentos utilizados em campo, mas também à conectividade e comunicação entre as equipes de campo. Afinal de contas, essas pessoas é que viabilizam e fazem com que as operações aconteçam, e cabe aos gestores prover um bom planejamento e as ferramentas adequadas.
Empresas que contam com gestores participativos no desenvolvimento tecnológico tendem a apresentar bons indicadores de eficiência operacional.
As inovações no setor florestal têm firmado um processo cada vez mais eficiente, graças ao planejamento integrado e otimizado de recursos, que maximiza os resultados corporativos, colaborando para o manejo sustentável das florestas e na conectividade das equipes de campo.
fornecedores do sistema Opiniões a logística operacional do transporte rodoviário de madeira
A estruturação da logística operacional para o transporte rodoviário de madeira destinada ao segmento de celulose e papel engloba diversas atividades específicas, de modo a proporcionar um nível de produtividade, custos otimizados, qualidade e segurança necessários ao cumprimento dos objetivos estratégicos da atividade.
Em geral, os fatores determinantes do transporte florestal rodoviário relacionam-se à expertise da empresa na área florestal, que inclui a definição do modelo logístico operacional, o desempenho dos veículos e equipamentos utilizados e seus custos. Nesse contexto, é importante definir o tipo de veículo escolhido para cada operação, as características e condições das estradas, o planejamento de trabalho e os fatores humanos. A escolha e dimensionamento da frota deve considerar as condições locais de trabalho, as distâncias das rotas, os volumes e características da madeira transportada, buscando o melhor desempenho operacional e a otimização dos custos.
Nesse cenário, verifica-se, na prática, que a utilização de conjuntos de transportes convencionais de 6 eixos (cavalo mecânico e carretas 3 eixos) e de composições especiais, bitrens, rodotrens e tritrens, tracionados com cavalos mecânicos 6 x 4, mostra-se a mais adequada à logística florestal, em função dos tipos de cargas e características das estradas florestais, notadamente em MG, ES, BA, SP, SC e MS.
A utilização dessas composições encontra-se restrita à Lei da Balança, com a finalidade de preservar as condições das estradas e obras de artes. O excesso de peso danifica de forma expressiva a suspensão dos caminhões, a capacidade de transporte e a durabilidade dos sistemas de freios, prejudica a direção e gera desgastes prematuros nos pneus. Assim, o peso bruto por unidade de transporte ou composição de veí- -culos pode chegar até 45 toneladas. O transporte com peso acima desse valor necessita de autorização especial (bitrens, rodotrens e tritrens). Para os bitrens, nas rodovias estaduais de Santa Catarina, é necessário licença especial, e, nos demais estados e rodovias federais, não há necessidade dessa licença. Para rodotrens nas rodovias federais e nas rodovias do estado de São Paulo, necessita-se de licença especial. Em geral, pode-se constatar que a utilização de rodotrens, tritrens e bitrens representa menos veículos circulando nas estradas, gerando menor dispêndio de combustível, e, portanto, deveria ser motivo de priorização de interesses e procedimentos nas operações logísticas do transporte florestal, e também, de outros segmentos de relevância na economia brasileira. Para ilustrar a otimização de cargas e ganhos operacionais associados, apresentam-se, a seguir, os volumes médios transportados para essas composições: bitrens – 39 toneladas/74 de metros cúbicos estéreis/46 de metros cúbicos compactos; rodotrens – 53 toneladas; e tritrens – 51 toneladas/110 metros cúbicos estéreis/70 metros cúbicos compactos.
Outro fator de suma importância relaciona-se à qualificação dos motoristas condutores dos caminhões, de modo a diminuir os acidentes, melhorar o aproveitamento do combustível, reduzir o dispêndio com a manutenção veicular e aumentar a segurança no transporte das cargas transportadas. Nessa questão, são importantes a seleção e treinamento dos motoristas, iniciais e periódicas, que incluem o detalhamento de assuntos/atividades relacionados a essa atividade e distribuição de uma “cartilha do motorista”, contendo informações sobre direção defensiva, cuidados básicos na utilização dos caminhões, verificação de pneus durante a viagem e importância do preenchimento do diário de bordo das viagens.
O monitoramento operacional das viagens, como produtividade estabelecida nas rotas, e aspectos comportamentais dos motoristas, nas estradas e nos contatos com o cliente, deverão ter atenção especial. A logística operacional responsável pelo atendimento às programações de carregamentos dos clientes deverá atentar para as questões envolvendo o cumprimento da produtividade de viagens, que se encontra alinhada com os custos associados e, por consequência, com os fretes negociados com a empresa contratante. Devem-se utilizar sistemas de rastreamento, controlando cada etapa da operação, através da definição de pontos chaves do trajeto, verificando os horários de carga e descarga. Enfim, a gestão do transporte florestal rodoviário deverá ser estruturada com base numa visão sistêmica da operação, envolvendo a indústria e o transportador, e este, atento para a qualificação da mão de obra envolvida nas operações. Assim, a escolha das melhores técnicas de controle logístico, as tecnologias inerentes aos veículos e equipamentos, a qualificação e treinamento permanente do pessoal envolvido e a avaliação operacional periódica, que deverão proporcionar melhorias constantes e ganhos entre as partes, garantirão o sucesso da operação como um todo.