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Eliane Sampaio dos Anjos

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José Goldemberg

José Goldemberg

O ponto de equilíbrio em que germina a sustentabilidade

O aquecimento global, a violência em grande escala, a globalização, o desenvolvimento tecnológico, a perda da biodiversidade e outras situações em nosso dia a dia são desafios que trazem em si oportunidades. A oportunidade de reflexão sobre as escolhas que a humanidade fez que nos conduziram a esses resultados. A oportunidade de não só fazer diferente como também de fazer melhor. A oportunidade de usar todos os recursos e aparatos tecnológicos para a coexistência de tantos interesses conflitantes que, apesar disso, possam ser harmonizados pelo bem comum. de partidos de oposição ao governador do estado; quando as instituições públicas e privadas atendem a critérios dissonantes das prioridades das comunidades em que atuam; quando os orçamentos são restritos; quando impera a falta de gestão ou má gestão de recursos disponíveis... Enfim, um mosaico de premissas e interesses que nem sempre são sinérgicos e, nem necessariamente, conflitantes. Às vezes, é mais fácil e barato construir tudo sozinho, mas qual a legitimidade dessa atitude? Qual é a curva de aprendizado que se conquista? Como as instituições (empresas, poder

" Às vezes, é mais fácil e barato construir tudo sozinho, mas qual a legitimidade dessa atitude? Qual é a curva de aprendizado que se conquista? "

Eliane Sampaio dos Anjos Gerente de Sustentabilidade da Veracel Celulose

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Onde está o ponto de equilíbrio? A sustentabilidade que foi pensada como o ponto de equilíbrio entre as ações ambientais, sociais e econômicas deixou de lado as ações políticas. Mas como ter equilíbrio de produção e consumo sem discutir comportamento político?

Quanto maior a carência e o risco social, maior o desafio da articulação institucional, trabalhando para além dos impactos positivos do negócio e dos processos produtivos, sejam eles quais forem, e ser parte da construção de uma nova realidade.

O natural é pensar que não é responsabilidade das empresas implantarem sistema de abastecimento de água, escolas, postos de saúde e estradas, mas como avançar em outras frentes quando as pessoas com quem interagimos não recebem esses serviços básicos. Bem, ao invés de dizer apenas “não é responsabilidade da empresa”, apresenta-se aqui uma reflexão: como participar da construção de um arranjo institucional que possibilite a conquista desses serviços? Como fazer isso e não concorrer com o governo ou não ser confundido no seu papel? Esse pode ser o viés saudável do fazer político. No entanto, também abriga fragilidades nas quais a percepção nem sempre favorece a empresa. Ser o catalisador da gestão de conflitos e quebrar as barreiras que isolam os atores sociais do processo de desenvolvimento são papéis possíveis para as empresas. Por exemplo, atuando quando os prefeitos de interface são público e comunidades) podem ser desafiadas a mudar se não são envolvidas e não encaram as dificuldades inclusive de dialogar? Como buscar protagonismo, quando não há espaço para o exercício do aprender-a-ser-e-fazer?

Em alguns anos de estrada, já é possível afirmar que não há receita de bolo. Há mais perguntas do que respostas. A construção da sustentabilidade passa, antes de tudo, pelo exercício da inclusão. É importante aprender como levar conhecimento a quem não sabe ler; convidar a construir junto com quem está habituado ao isolamento; a colocar, na mesma mesa de diálogo, instituições que têm lógica de atuação antagônicas; a buscar entender os sistemas e processos legítimos que têm que ser obedecidos; a não desanimar; a ter foco no que mais pode ser tentado, ao invés de ficar preso ao mesmo jeito de fazer; a ouvir os outros; a tentar descobrir como deve ser feito de maneira legítima e obter reconhecimento como tal...

A lista é grande, mas honesta! Dessa forma, pode ser que empresas, comunidades, sociedade, organizações governamentais e não governamentais construam uma realidade mais próxima do equilíbrio. Talvez porque o grande desafio da sustentabilidade não consista em desenvolver novas e mirabolantes tecnologias produtivas, mas sim desenvolver e aplicar novas tecnologias de relacionamento capazes de construir o tão desejado desenvolvimento sustentável.

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