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Pedro Jacob Christoffoleti

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Ensaio especial

Ensaio especial

plantas daninhas manejo de plantas daninhas na implantação da floresta Opiniões

Do pré-plantio até o domínio da vegetação pela floresta implantada, enquanto a floresta não ocupa 100% do nicho ecológico dispo nível no ambiente de produção, as plantas daninhas podem completar esses “espaços” disponíveis. Como as plantas daninhas são muito prolíficas e biologicamente agressi vas, acabam afetando negativamente o crescimento e o desenvolvimento da floresta, resultando em redução do potencial produtivo de madeira na colheita. Essa redução pode ser da ordem de 20% a 75%, dependendo da dinâmica e do tamanho do banco de se mentes das plantas daninhas e das condições culturais da floresta. Sendo assim, para uma exploração econômica da floresta, é essen cial que medidas de manejo das plantas daninhas sejam aplicadas durante o estabelecimento da floresta.

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Os investimentos em herbicidas, atualmente, estão cada vez mais intensos, pois, cada vez mais escassa está a mão de obra para controle manual das plantas daninhas. "

Pedro Jacob Christoffoleti

Professor de Biologia e Manejo de Plantas Daninhas do Departamento de Produção Vegetal da Esalq-USP

As medidas culturais estão representadas por práticas silviculturais que proporcionam o “fechamento” rápido da floresta. Já as medidas químicas são realizadas através do uso de herbicidas que retardam o crescimento das plan tas daninhas e, seletivamente, permite o crescimento das plantas de eucalipto. Boa prática deve ser utilizada quando os herbicidas são utilizados durante as etapas do processo produtivos, e, para isso, o herbicida deve ter algumas ca racterísticas importantes, que influenciam sua eficácia no manejo de plantas daninhas e seletividade para a cultura.

Dentre as principais características que os herbicidas devem possuir, destacam-se: seletivo para a cultura, am bientalmente de baixo impacto, toxicologicamente seguro, sustentável economicamente, viável como parte das boas práticas agrícolas e com suporte técnico para atuação res ponsável (stewardship).

Esse manejo deve ser feito até o “fechamento” da floresta, quando não há mais nicho de sobrevivência para as plantas daninhas. Geralmente, esse período de convivência en tre a floresta e as plantas daninhas ocorre do plantio até aproximadamente 200 dias. Além de interferir negativamente na produtividade de madeira, as plantas daninhas podem re presentar risco de fogo, abrigo de pragas e doenças e custo dos tratos culturais e de ma nejo da floresta. Em um sistema de produção visando à obtenção de níveis de produtivida de econômica, as plantas daninhas são controladas através da integração de medidas culturais e química.

Nos últimos anos, diversas inovações foram introduzidas pelas empresas de agroquímicos no setor florestal, com o objetivo de disponibilizar novas alternativas de manejo das plantas daninhas. Essas inovações estão focadas principalmente no manejo das plantas daninhas em condições de pré-emergên cia das plantas daninhas. Na ilustração em destaque, é possível observar o efeito de herbicidas residuais aplicados no dia do plantio do eucalipto, sendo que a foto foi tirada 45 dias após o plantio das mudas de eu calipto, com seletividade para a cultura e eficácia de controle da planta daninha. Sendo assim, está haven do mudanças significativas das práticas de manejo de plantas daninhas em áreas florestais. Antes do plan tio de uma floresta, é prática realizar a dessecação da vegetação da área. Para isso, é utilizado o herbicida glyphosate, que exige alguns cuidados importantes para uso apropriado. Destacam-se a tecnologia de aplicação a baixo volume, água de boa qualidade no preparo da calda e condições climáticas favoráveis no momento da aplicação, bem como a planta daninha não deve estar estressada e em fase vegetativa de in tenso crescimento. Uma prática que tem sido usada é fazer a dessecação sequencial, em que a primeira aplicação é feita para destruição da vegetação de senvolvida na área, utilizando apenas o glyphosate. Na segunda aplicação, em pré-plantio, uma nova aplicação de glyphosate pode ser feita associada com herbicidas residuais, destacando-se o flumioxazin ou sulfentrazone (herbicidas inibidores da Protox).

Dessa forma, é possível fazer o plantio das mudas florestais “no limpo”, ou seja, o efeito residual do herbicida em pré-plantio possibilita uma dianteira competitiva para a cultura.

Após o plantio, é geralmente realizada a apli cação de herbicida para o controle de gramíneas (isoxaflutole), em área total sobre as mudas. Esse herbicida é um inibidor da biossíntese de caroteno e, junto com o herbicida de pré-plantio, proporcio na um residual de 40 a 50 dias, quando é efetuada a segunda aplicação de herbicida residual chamada de “remonta”.

A “remonta” proporciona uma extensão do resi dual do herbicida já aplicado nas etapas anteriores. Ela é feita em área total, inclusive sobre a linha da cultura. Nesse momento, pode ser feita a aplicação isolada do herbicida isoxaflutole, associado ou não ao flumioxazin ou ao sulfentrazone. Essa aplicação permite que a cultura fique “no limpo” até 70 a 90 dias, quando, no caso da cultura do eucalipto, as plantas da cultura encontram-se com porte suficien te para receber aplicações dirigidas com glyphosate.

As aplicações dirigidas são geralmente feitas com o glyphosate. No entanto há necessidade de duas a três aplicações antes do “fechamento” da cultura. Assim, há também a recomendação de, na primeira aplicação de glyphosate na entrelinha da cultura, ser utilizada a associação do glypho sate com herbicidas residuais. Dentre eles, destacam-se o indaziflan, recentemente lançado pela Bayer, porém também pode ser usado flumioxa zin, sulfentrazone, ou a formulação que contém clomazone + carfentrazone. Em situações com plantas daninhas, folhas largas de difícil contro le, é também utilizada a associação de glyphosate com saflufenacil.

Após o “fechamento” da cultura, alguns produ tores que fazem a fertilização da cultura parcelada em anos seguidos, e para aproveitamento rápido dos nutrientes aplicados, realizam a aplicação de herbicidas durante os dois primeiros anos do ciclo. No entanto essa aplicação de herbicida não resulta em retorno econômico, pois, nessa fase da cultura, as plantas daninhas não interferem negativamente na produtividade.

O manejo de plantas daninhas nas áreas flores tais representa uma forma de proteção do potencial produtivo do ambiente. Os investimentos em her bicidas, atualmente, estão cada vez mais intensos, pois, cada vez mais escassa está a mão de obra para controle manual das plantas daninhas. Sendo assim, os herbicidas estão se tornando uma ferramenta im portante nos sistemas florestais. Se usados de acordo com sua bula de recomendação, e boa prática de aplicação, os herbicidas contribuem para a susten tabilidade e a proteção da produtividade florestal. No entanto, como produtos químicos, eles devem ser usados com segurança para os aplicadores e de forma adequada, sem afetar o ambiente. n

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