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Bicampeã de 13 anos na categoria redação
Kamilly V. Castilho criou conto em que Papai Noel é psicólogo
Da reportagem
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Kamilly Vieira Castilho, de 13 anos, em 2022, tornou-se bicampeã do Concurso Artístico Literário de Natal, do jornal
O Progresso de Tatuí. No ano passado, já havia levado o prêmio de melhor redação; neste, repetiu a dose, agora no grupo 6º, 7º, 8º e 9º ano.
Otrabalhodelafoiconsiderado
“espiritual” pelo jurado Henrique Autran Dourado. No texto, ela retrata uma garota em crise de ansiedade por viver pressões da adolescência e que busca conselhos com o Papai Noel.
Na Praça da Santa, ela é então aconselhada pelo Bom Velhinho a ver o lado bom da vida e fazer atividades em Tatuí, como conversar com o Pinheirão.
“Eufaçoissodevezemquando. Quando estou um pouco cansada da rotina da escola, de casa, pressionada, vou do outro lado da minha rua e fico na frente de casaconversandocomumaárvore nobalanço.Mealivia”,confessaa aluna do 8º ano da EE “Fernando Guedes de Moraes”.
A grande incentivadora para que a bicampeã participasse novamente do certamente foi a professora Gislaine de Almeida Tavares Fogaça, que deu aulas para ela no ano passado e vem substituindoa professoratitular, então afastada.
“Fui procurar os estudantes com mais potencial e interesse, que eu sabia que se dariam bem”, conta Gislaine. “Normalmente, em língua portuguesa, eles produzem muito texto, mas, quando é competitivo, a criatividade fica mais aflorada, a vontade de ganhar é maior”, completa. um carinho especial por Tatuí, onde nasceu.“Gostomuitodemoraraqui”.
Kamilly estava confiante no prêmio. “Pensei que, se caprichasse bastante e fosse criativa, teria chances, apesar de ter escolhido o gênero conto, com o qual não sou muito acostumada. Escrevo mais poesias”, admite.
Patricia Aparecida Vieira Castilho, a mãe da bicampeã, é só orgulho. “Sempre ensinamos a nunca sair da escola com dúvidas, incentivamos a leitura em casa. Ela tem um monte de livros, e muitos já leu mais de uma vez”, conta. “Esses hábitos se refletem na redação dela”, atesta a professora.
A startup Thrive, que estreia comopatrocinadoradoConcurso deNatalem2022,resolveuentrar no projeto por acreditar no que ele representa para o futuro das crianças.
“Os jovens têm de olhar lá na frente, mas sempre estar consistentes no presente, e o concurso éummomentoemqueelesfazem isso”, observa Marco Aurélio Camargo, CEO da Thrive.
Aempresatatuiana,quetrabalha com performance, educação e finanças, está instalada há oito meses e decidiu distribuir uma carteiradeinvestimentoscomR$ 50 para cada um dos oito vencedores do Concurso de Natal de O Progresso “É uma forma de contribuir com a educação financeira dos pequenos escritores e desenhistas”,acentuaAndersonMendes, head de produtos da startup.
Elaresolveuparticipardoconcurso porquetemumaamigavencedoraem edição passada. “Ela chegou em casa eufóricaedissequeiriatentarganhar o mesmo prêmio da amiga, que foi muitolegal”,lembraPatríciaCristina Avallone Coelho, mãe da garota.
A professora Alexandra de Moura Villas Boas conta ter trabalhado a criatividade e a identificação com Tatuí junto aos alunos. Já segundo o pai de Júlia, Lúcio Silvestre Coelho Filho, a partir de agora, o incentivo vai ser ainda maior para que ela escreva em casa e leia bastante.
Na redação da vencedora, estão presentes a Praça da Matriz - local preferido dela na cidade -, o Pinheirão “e o nascimento do menino Jesus”, como descreve. “O dinheiro ela vai gastar como quiser, mas este certificado vai para um quadro na parede do quarto dela”, brinca o pai.
É o primeiro prêmio que Júlia ganha. “Agora quero ganhar mais”, projeta. Português é a matéria preferida dela, que, por enquanto, não sonha com uma carreira literária, mas em ser professora de língua portuguesa.
Para Cris Lisboa, que participa como apoiadora do certame há dez anos, a importância do certame é “o incentivo e a segurança que se passa para as crianças, de participarem de um concurso que envolve a cidade inteira”.
Paraela,ofocoéaeducação.“Ainda mais em redação, uma matéria que as criançastemdificuldade,euachoque muito por causa do imediatismo da escrita na internet”, diz.
COVID-19
Fernanda Muller Grando, de nove anos,estudantedo4ºanodoColégio Anglo, venceu na categoria redação, umadasmaisdisputadaspelonúmerodeinscritosnesteanonoConcurso
Artístico e Literário de O Progresso.
Em seu trabalho, ela uniu todas as suas referências de Tatuí e elaborou um esboço, para “amarrar tudo” com uma história sobre o espírito natalino.
Estão presentes a Praça da Santa, a Praça da Matriz e o Pinheirão, “que foi atingido por um raio e ficou pela metade”, conta a ganhadora, referindo-se ao incidente que, na década de 80, derrubou boa parte da árvorede50metros–aqual,contudo, nunca deixou de ser enfeitada para o Natal, desde 1956.
Em seu trabalho, Fernanda lembra, ainda, da Casa do Papai Noel, que sempre marca o evento “Natal Encantado”, da prefeitura de Tatuí.
“Eu amo o espírito natalino e ver a família toda reunida”, anima-se a menina.
O prêmio levou um tanto de alegria a Fernanda. Isso porque, no dia em que soube ter sido agraciada, ela tinha recebido o diagnóstico de Covid-19.
“Ela estava muito triste, porque não poderia ir à escola, mas, quando soube que ganhou, o brilho nos olhosdelavoltou”,contaopai,Paulo Grando.Segundoele,Fernandagosta muitodeescrevereéestimuladaem casa com muita leitura.
E língua portuguesa não é o único forte de Fernanda. Recentemente, ela ganhou medalha de bronze em uma olimpíada de matemática.
Apesar de sonhar em ser médica pediatra, ela já faz planos para o concurso do ano que vem. “Eu não esperava ganhar, mas minha melhor amiga, a Ana Helena, já ganhou na categoria desenho, e eu fiquei animada”, afirma.
Mas, talvez em 2023, ela surja competindo em outra categoria. Os pais a matricularam em uma escola de desenho, para desenvolver o outro talento que a pequena escritora possui.
Para Gisele Sebastião, gerente do Habib’s, apoiador do projeto que premiou Fernanda, “é importante incentivar as crianças com qualquer expressão de cultura, como desenho ou redação”.
“Precisa de um incentivo, inclu- sive, para que as crianças sejam competitivas, porque a vida trás este elemento, e o concurso é uma forma sadia de estimular isto”, conclui.
CONSERVATÓRIO
O Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”, de Tatuí, foi inspiração para muitos participantes.AnaHelenaMonteiro Martins de Souza é outra “tatuiana por adoção” que ama a cidade.
Paulistana de dez anos, está há sete em Tatuí e tem “a cidade como lar e no coração”, segundo a mãe, Elisângela Plazas Monteiro. “Ela é tatuiana!”, reforça.
Estudante do Colégio Anglo, Ana Helena é vencedora da categoria desenho do grupo 3º e 4º ano (ela estuda no 4º) e “veterana” em desenhos.
Desde pequena, exercita os traços e o colorir, o que foi observado pelos pais Elisângela e Marcelo Martins de Souza, que a matricularam em uma escola particular de desenho. “Estou adorando”, diz Ana Helena.
A menina já passou perto de vencer duas vezes, ganhando nas oportunidades menções honrosas no Concurso Paulo Setúbal, na categoria artes visuais. “Ganhei uma medalhalinda.Sinceramente,achei que, no concurso do Progresso, com sorte, eu iria ganhar uma menção honrosa também. Vencer foi uma surpresa que me deixou muito feliz”, celebra. Odesenhoescolhidotransformou uma escultura do Conservatório em Papai Noel, com um piano enfeitado.
Os elementos são presentes na vida de Ana Helena: além de achar Tatuí uma “cidade deliciosa”, ela estuda teclado e já chegou a frequentar aulas no Conservatório. Contudo, parou na fase mais restritiva da pandemia do novo coronavírus.
“Amo o Natal também, pela festa, pelo clima de felicidade que fica”, diz a aluna vencedora. A professora de desenho Teresa Cristina Neves Fonseca Batista diz que Ana Helena, “além de muito talentosa, é dedicada”.
“Isso faz toda a diferença. É ótimo quando você tem um aluno que se dedica e quer alcançar o melhor resultado. Ela tem um dom muito grande; já é uma artista”, aponta a educadora.
“Não me envolvi em nenhuma parte do trabalho dela. Só expliquei o regulamento e a incentivei a participar, como fiz em outras vezes”, conta. “Ela tem o sentimento de pertencimento a Tatuí, assim como a maioria dos alunos, e isso é muito bacana”.
O prêmio, Ana Helena vai investir nos desenhos. “Ela vai comprar lápis, canetinhas, cadernos. Se ela quiser ser uma artista no futuro, nós vamos incentivar”, diz o pai.
“Por se tratar da cultura, sempre estamos presentes. Acho que estamos no concurso de o Progresso de Tatuí há pelo menos 20 edições. E premiar uma criança de dez anos é gratificante por fazermos parte desse estímulo. Estamos completando 40 anos, uma história. E tentamos fazer dessa história um enredo bonito”, diz Aristides Ferreira Filho, do Palácio do Sorvete, que premiou Ana Helena.
O Conservatório de Tatuí também inspirou Jasmine Cristina Daniel Marques, de sete anos, aluna do 2º ano da Emef “Professora Sarah de Campos Vieira dos Santos”.
Ela foi a vencedora na categoria desenho entre os alunos do 1º e 2º ano e é motivo de muito orgulho na escola, segundo a diretora Maria Ester Gaspar do Nascimento.
“Nosso sonho era ganhar um dia este concurso. Todo ano participamos, mas nunca tínhamos conseguido. Chegou a nossa vez”, festeja a professora de artes Ana Cláudia Cândido Silveira. Jasmine nasceu em Votorantim e morou em Araçoiaba da Serra, mas, com quatro anos, mudou-se com a família para Tatuí, com a qualtemum“casodeamor”.“Ela é tatuiana já”, diz a mãe, Mircéia Cristina Daniel, que também dá aulas na escola “Sarah”.
“Eu amo Tatuí, amo o Conservatório, as calçadas, as ruas, a Praça da Matriz, as árvores, o Pinheirão”, diz Jasmine. A história do desenho tem a ver com o