Revista da Ordem dos Biólogos Fevereiro de 2013 Distribuição Gratuita para os Membros
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ARTIGO ESPECIALIZADO
A MORTE COMO SOFISTICAÇÃO DA VIDA – PARTE II VIDAS
PROF. FRIAS MARTINS AR LIVRE
ILHA DE SÃO MIGUEL
ÚLTIMOS EVENTOS RELEVANTES
OLIMPÍADAS NACIONAIS DE BIOLOGIA
VI OLIMPÍADAS IBERO-AMERICANAS DE BIOLOGIA CONGRESSO OBIO
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 3
ÍNDICE
EDITORIAL
4
BREVES
5
DELEGAÇÕES REGIONAIS OBIO
7
COLÉGIOS
10
Colégio Biologia Humana e Saúde
10
REPRESENTAÇÕES OBIO
11
CNOP debateu profissões liberais no CESE
11
PONTOS DE VISTA
14
O Restaurante anti-envelhecimento, um modelo de negócio para a saúde humana
14
ÚLTIMOS EVENTOS RELEVANTES
17
OLIMPÍADAS NACIONAIS DE BIOLOGIA
17
VI OLIMPÍADAS IBERO-AMERICANAS DE BIOLOGIA
22
CONGRESSO OBIO
29
IV Congresso Nacional de Biólogos - a Biologia no séc. XXI
29
Direcção Regional do Ambiente - Açores
33
Ilha de São Miguel - Foto-reportagem
36
ARTIGO ESPECIALIZADO
45
A morte como sofisticação da vida - Parte II
45
ILUSTRAÇÃO CIENTÍFICA
50
A diversidade do preto e branco (3ª parte) - Manchar o desenho
50
PARCEIROS INTERNACIONIAIS
52
Deixar pegadas: descobrir o potencial crescente do comportamento animal
52
VIDAS
57
Prof. Frias Martins
57
AR LIVRE - ILHA DE SÃO MIGUEL
64
AGENDA
68
FICHA DE INSCRIÇÃO NA ORDEM DOS BIÓLOGOS
70
FICHA TÉCNICA
72
4 | BIOLOGIA & SOCIEDADE
EDITORIAL Na vida associativa da Ordem dos Biólogos, 2013 começa com o Encontro Ibérico de Biólogos, com a reactivação do Colégio de Ambiente, e com a necessidade de revisão estatutária por via da recente publicação da nova lei das ordens e associações profissionais. A estas actividades juntase a continuidade do labor na área da saúde, esperando que as autoridades sejam responsáveis em detrimento do contínuo adiar do que lhes competia tratar com máxima prioridade. Estão lançadas as Olimpíadas Nacionais de Biologia e espera-se que o Colégio de Educação possa também consolidar-se correspondendo aos desafios que o sector da Educação e Ensino oferecem aos biólogos. Manter-se-á o esforço e qualidade na oferta formativa quer para biólogos quer para outros interessados e procurar-se-á melhorar os aspectos de comunicação com e para os membros. Esta intensa actividade, a que acresce as representações institucionais em diversas frentes (Conselho Nacional de Profissões Liberais, Conselho Nacional do Ambiente e do desenvolvimento Sustentável, Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, Conselho Consultivo da Agência de Acreditação do ensino Superior, entre outros), parece esconder as naturais e reais limitações de uma organização como a OBio. Desde logo o facto de que a obrigatoriedade de inscrição na Ordem apenas abrange um diminuto número de biólogos, os que exercem enquanto profissionais por conta própria, o que, em tempo de crise económica, é condição mais que suficiente para preterir a filiação em nome de uma poupança, mesmo que reduzida, traduzida no não pagamento de quotas. Não é pois pela via das quotas ou do seu potencial aumento que se encontrará o caminho para a sustentabilidade financeira da Ordem dos Biólogos pelo que, desde já fica o compromisso de que o Conselho Directivo não proporá qualquer alteração nesse sentido à Assembleia Geral. Outras medidas serão tomadas, ao nível do funcionamento e organização de que é exemplo a extinção da Revista na sua versão impressa. Este número que agora vos chega às caixas de correio é um número transitório, em pdf que dará lugar a um próximo mais Dinâmico, interactivo e de maior facilidade de manuseamento. Em papel, e às vossas mãos, em vez da Revista, pretende-se fazer chegar uma ou duas publicações anuais, técnicas, com artigos de fundo e temáticas de interesse global para os biólogos e interessados pela biologia. Um bom ano a todos.
António Domingos Abreu Bastonário
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 5
BREVES > PRÉMIO NOBEL DA MEDICINA ATRIBUÍDO A BIÓLOGO A Assembleia Nobel decidiu distinguir dois cientistas que descobriram que células maduras e especializadas podem ser reprogramadas para se tornarem células estaminais, capazes de formarem qualquer tecido do corpo, considerando ainda que “a sua descoberta revolucionou a nossa compreensão de como as células e os organismos se desenvolvem”. John B. Gurdon, Biólogo, do Reino Unido, descobriu em 1962 que a especialização das células é reversível. Shinya Yamanaka, que nasceu no Japão, descobriu mais de 40 anos depois, em 2006, como células maduras intactas em ratos podem ser reprogramadas para se tornarem células estaminais. Em tempos pensava-se que o caminho, desde a célula imatura à célula especializada, era unidirecional, sendo impossível que as células especializadas voltassem ao estado imaturo e pluripotente, tendo sido este o dogma que John B. Gurdon e mais tarde Shinya Yamanaka quebraram. http://www.nobelprize.org/nobel_prizes/medicine/laureates/2012/ (Créditos das imagens: http://updateurgk.blogspot. pt/2012/10/2012-nobel-prize-for-medicine-or.html e http://www. kids.esdb.bg/curie.html)
> CAMPANHA GRUPO LOBO Relembramos que a campanha “Não deixe os lobos sem abrigo” continua a decorrer. Ajudem-nos e partilhem esta informação com os vossos amigos.
6 | BIOLOGIA & SOCIEDADE | Breves
> TRÊS NOVAS ESPÉCIES DE LAMPREIA EM PORTUGAL Uma equipa do Centro de Oceanografia (CO) e do Centro de Biologia Ambiental (CBA) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em colaboração com investigadores da Universidade de Évora e do Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MNHNC), identificaram três novas espécies de lampreias. As lampreias foram assim baptizadas de acordo com o seu local de origem: a lampreia da Costa de Prata (Lampetra alavariensis) é endémica das bacias hidrográficas do Esmoriz e Vouga; a lampreia do Sado (Lampetra lusitânica) tal como o nome indica é da rede hidrográfica que lhe atribui o nome vulgar e, finalmente, a lampreia do Nabão (Lampetra auremensis) é endémica desta sub-bacia afluente da margem direita do Rio Tejo. (Créditos das imagens: http://viveraciencia.wordpress. com/2012/12/06/3-novas-especies-de-lampreia-em-portugal/)
>
EVOA - ESPAÇO DE VISITAÇÃO E OBSERVAÇÃO DE AVES
Vai abrir ao público um novo espaço de observação de aves localizado no coração da Reserva Natural dos Estuário do Tejo (RNET). Este novo Centro de Interpretação corresponde a um projecto multifuncional cujo principal objectivo é promover a conservação da avifauna presente no Estuário do Tejo e na Lezíria de Vila Franca. No EVOA estão integradas três zonas húmidas de água doce, perfazendo uma área de 70 ha, servidos por três observatórios devidamente camuflados, maximizando assim a experiência dos visitantes, sem com isso causar perturbação aos animais. (Créditos da imagem: Andreas Krappweis)
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 7
DELEGAÇÕES REGIONAIS OBIO
> NOVOS PROTOCOLOS
> PRÉMIO GÜNTHER E. MAUL
O Conselho Regional da Madeira da Ordem
Pretendendo homenagear a proeminente fi-
dos Biólogos considera importante a criação
gura da Biologia que foi Günther E. Maul, foi
de laços institucionais com entidades regio-
instituído pelo Conselho Regional da Madeira
nais e nacionais, com vista à criação de estru-
da Ordem dos Biólogos (OB), o Prémio Interna-
turas de cooperação que possam trazer bene-
cional Günther E. Maul, destinado a galardoar
fícios pessoais e/ou profissionais a todos os
trienalmente o melhor trabalho científico na
Biólogos e futuros Biólogos que representa.
área da Biologia apresentado a concurso por um(a) jovem licenciado(a) em Biologia.
Na prossecução deste objetivo, este Conselho Regional estabeleceu recentemente novos
Mais uma vez o prémio conta com o alto pa-
protocolos com seis entidades locais, nomea-
trocínio da Câmara Municipal do Funchal,
damente com a Travel My Way, Alberto Ocu-
onde será atribuído e entregue ao primeiro
lista, Aquário da Madeira, Dental Dente Ma-
classificadoo valor monetário de 2.500€ (dois
deira, Farmácia Funchal e Turtle Diving Center
mil e quinhentos euros), numa sessão pública,
Madeira.
em data ainda a acordar com a Câmara Municipal do Funchal.
Para beneficiarem das condições disponibilizadas pelos nossos parceiros, os membros da Ordem deverão apresentar a Cédula Profissional válida. Os protocolos e as condições preferenciais podem ser consultados na “Área Protocolos” do sítio oficial do Conselho Regional da Madeira da Ordem dos Biólogos, disponível em www. ordembiologos.pt/obio.madeira.
8 | BIOLOGIA & SOCIEDADE | Delegações Regionais OBio
> BIO-MARATONA 2012 O Conselho Regional da Madeira em parceria com a empresa DolceVita Funchal promoveu uma maratona fotográfica, a BIO-MARATONA 2012, que teve como objectivo proporcionar Melhor fotografia - Gorette Pestana
um maior envolvimento de toda a sociedade civil com o mundo da Biologia, mais concretamente com a biodiversidade do arquipélago da Madeira, utilizando a arte da fotografia como instrumento de aproximação. Para tal, foram selecionadas 10 espécies bem conhecidas da fauna e flora regionais, onde os participantes captaram 3 imagens de espécies diferentes e submeteram-nas a concurso. O Conselho Regional da Madeira aproveitou também este momento para sensibilizar os participantes quanto à importância da conservação da biodiversidade do arquipélago da Madeira. Através de uma sessão públicanas instalações
Melhor Portefólio - Pedro Vasconcelos
do DolceVita do Funchal no passado dia 29 de Junho, foram divulgados os vencedores do concurso e entregues os respectivos prémios aos mesmos.
Escolha do público - Pedro Monteiro
Sessão pública da entrega de prémios
10 | BIOLOGIA & SOCIEDADE
COLÉGIOS COLÉGIO BIOLOGIA HUMANA E SAÚDE A Direcção do Colégio de Biologia Humana e Saúde (CBHS) e a Ordem dos Biólogos têm, ao longo dos anos, vindo a desenvolver esforços no sentido de ver reconhecidas as competências profissionais dos Especialistas em Saúde. Competências, essas, assentes na valorização da experiência profissional obtida em exercício, complementada, quando necessário, por formação específica adequada através das Ordens e Associações Profissionais competentes na regulação, certificação e revalidação dos títulos da especialidade, códigos de conduta e formação contínua necessárias para garantir a elevada qualidade que se espera destes especialistas. Mais recentemente têm, ainda, exigido junto à Administração Central dos Serviços de Saúde (ACSS) a inclusão dos Especialistas em Saúde da Ordem dos Biólogos na Portaria n.º 35/2012, de 3 de Fevereiro, a qual procura efectuar a transposição da Diretiva Europeia para o reconhecimento das Qualificação Profissionais, publicada a 30 de Setembro 2005 (“Diretiva 2005/36/EC,” com a última revisão de 16 de Outubro de 2007). Para além de dar continuidade às temáticas em curso, a actual Direcção CBHS elegeu como objectivos prioritários, a desenvolver no próximo triénio, estabelecer contactos com a Sociedade Portuguesa de Genética Humana e a Sociedade Portuguesa de Química Clínica, no sentido de enquadrar os Títulos da Especialidade em Laboratório de Análises Clínicas e Genética Humana da Ordem dos Biólogos no processo de Certificação Europeia, assim como preparar e proceder à atribuição do Título de Especialista em Reprodução Medicamente Assistida e Embriologia. A curto prazo propõese, ainda, abrir novo período de candidaturas aos Títulos de Especialista em Laboratório de Análises Clínicas e Genética Humana em 2012, o qual será anunciado através de Edital a publiBárbara Marques
car no website da Ordem.
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 11
REPRESENTAÇÕES OBIO CNOP DEBATEU PROFISSÕES LIBERAIS NO CESE
O Comité Económico e Social Europeu (CESE) assinalou o Dia Europeu das Profissões Liberais com uma conferência em Bruxelas, a 6 de Junho de 2011, em que participaram dirigentes das profissões liberais de toda Europa. Portugal esteve representado pelo Conselho Nacional das Ordens Profissionais (CNOP), a convite de Carlos Pereira Martins, representante português no CESE.
12 | BIOLOGIA & SOCIEDADE | Representações OBio
Orlando Monteiro da Silva, presidente do CNOP e bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, interveio num dos painéis composto por presidentes de organizações congéneres de outros Estados-membros (consultar programa – PDF, 123 KB). Poderá descarregar a apresentação “Orders, colleges and liberal professional associations as players under the single market and the professional qualification directive” em formato PDF no site www.cnop.pt A delegação lusa foi composta por mais dois bastonários: Carlos Maurício Barbosa, da Ordem dos Farmacêuticos, e Telmo Mourinho Baptista, da Ordem dos Psicólogos. Foram discutidos, neste encontro, o futuro das profissões liberais no mercado interno, a Directiva Europeia de reconhecimento de qualificações profissionais, a transparência, a independência e qualificação como valores comuns às profissões liberais, a monitorização na implementação de valores comuns, as ordens, os colégios e as associações de profissões liberais como actores no mercado único e a qualificação profissional prevista Directiva, que prevê também a mobilidade europeia dos profissionais. O CESE é um órgão consultivo da União Europeia (UE). Uma das principais funções é servir de ligação entre as instituições da UE e aquela a que chama “sociedade civil organizada”. Ajuda a promover o papel das organizações da sociedade civil através do estabelecimento de um “diálogo estruturado” com essas organizações nos Estados-membros e noutros países do mundo. Consulte mais documentos auxiliares sobre a conferência “European Day of the Liberal Professions” no site do CESE.
BOM ANO 2013!
A ORDEM DOS BIÓLOGOS DESEJA A TODOS OS SEUS PARCEIROS E SÓCIOS UM BOM ANO NOVO
14 | BIOLOGIA & SOCIEDADE
PONTOS DE VISTA O RESTAURANTE ANTI-ENVELHECIMENTO, UM MODELO DE NEGÓCIO PARA A SAÚDE HUMANA
“COM A INVENÇÃO
todos. O amido dos cereais é um polímero da
DA AGRICULTURA
glucose, e transforma-se em açúcar no intesti-
ENTRARAM OS CEREAIS NA
no delgado. Este aumento da carga glicémica
ALIMENTAÇÃO HUMANA,
fez com que a secreção da insulina disparasse,
E UMA NUTRIÇÃO QUE
e como vimos a insulina é uma hormona forte-
DURANTE TODO O
mente inflamatória.
PALEOLÍTICO FOI DE CAÇA, PESCA, E DA RECOLHA
As consequências deste aumento da carga gli-
DE FRUTOS SILVESTRES,
cémica para a saúde humana foram desastro-
“ENRIQUECEU-SE” COM
sas. Isto tem vindo a ser documentado pelos
UMA ENORME QUANTIDADE
antropólogos que estudam os poucos povos
DE AMIDOS VINDOS
primitivos que ainda restam, e pelos estudos,
DOS RECÉM-CHEGADOS
”
CEREAIS.
A insulina é uma hormona inflamatória, cau-
dos paleoantropólogos, dos restos mortais
sa inflamação por todo o corpo (e cérebro),
de populações do paleolítico e da transição
quando secretada em altas doses pelo pân-
do paleolítico para o neolítico, quando apare-
creas. Em Outubro de 2005, o Archives of Neu-
ceu a agricultura. Por exemplo, Robb Wolf no
rology publicou um artigo de investigadores
seu The Paleo Solution relata o caso de duas
da Universidade de Washington em Seattle
populações que viviam no vale do Rio Ohio
(Mark A. Fishel e colaboradores) que revelava
há 3000-5000 anos atrás, uma população de
que voluntários sãos injectados com doses
caçadores-recolectores e outra que praticava
moderadas de insulina mostravam fortes au-
a agricultura. Este estudo é especialmente sig-
mentos em marcadores da inflamação no san-
nificativo, pois baseia-se na análise de um nú-
gue e liquido cefalorraquidiano.
mero considerável de esqueletos. E o que os paleoantropólogos descobriram foi isto:
O enfoque do artigo era a doença de Alzheimer, que é uma patologia inflamatória, mas
> os caçadores-recolectores quase que não ti-
esta descoberta tem grande importância
nham cáries, enquanto os agricultores tinham
para muitos outros processos inflamatórios,
uma média de quase 7 cáries por pessoa;
como as doenças cardiovasculares, o cancro, a depressão…
> havia muito menos malformações nos ossos dos caçadores-recolectores devido à má nutrição e às doenças infecciosas;
Uma das maiores desgraças que já aconteceram à humanidade no campo da saúde foi a
> a mortalidade infantil era muito menor nos caçadores-recolectores;
invenção da agricultura. Com a invenção da
> os agricultores mostravam forte deficiên-
agricultura entraram os cereais na alimen-
cia em ferro e cálcio, o que não se passava com
tação humana, e uma nutrição que durante
os caçadores-recolectores.
todo o paleolítico foi de caça, pesca, e da recolha de frutos silvestres, “enriqueceu-se” com
A importância destas observações para a saú-
uma enorme quantidade de amidos vindos
de humana é a seguinte: como o nosso genó-
dos recém-chegados cereais. Estes amidos
tipo não mudou consideravelmente desde há
aumentaram radicalmente a carga glicémica
8.000-10.000 anos para cá, quando se inven-
nas populações que adoptaram os novos mé-
tou a agricultura, a fisiologia da grande maio-
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 15
ria das pessoas está adaptada à dieta de baixa
carga glicémica. Isto poupá-lo-á aos perigos
“OS TELÓMEROS (...) SÃO
carga glicémica que os nossos antepassados
da resistência á insulina e uma possível sub-
OS RELÓGIOS BIOLÓGICOS
consumiam durante os 2,5 milhões de anos
sequente diabetes (e as associadas doenças
DAS CÉLULAS: QUANTO
que durou a evolução do Homem, até à mui-
cardiovasculares), que estão implicadas numa
MAIS CURTOS ESTÃO
to recente inovação agrícola. Em súmula, nós
clara redução da esperança de vida. Tal como
OS TELÓMEROS MAIS
temos genes de homens das cavernas e essa
num centenário.
PERTO ESTÁ A CÉLULA DE
herança tem que ser respeitada.
ENVELHECER E MORRER.
Os telómeros - as extremidades dos cromosA ideia do restaurante anti-envelhecimento
somas - são os relógios biológicos das células:
baseia-se nestas observações, e ainda nos
quanto mais curtos estão os telómeros mais
trabalhos de Thomas von Zglinicki, da Univer-
perto está a célula de envelhecer e morrer.
sidade de Newcastle, que demonstrou que os
Para manter os telómeros longos e a célula jo-
relógios biológicos das nossas células, os te-
vem por mais tempo, o método mais seguro
lómeros, perdem comprimento com o stress
consiste numa alimentação rica em antioxi-
oxidativo. Quanto mais baixas estão as defe-
dantes. Estes antioxidantes, além de prote-
sas antioxidantes das células mais depressa
gerem os telómeros, vão ainda defender as
se encurtam os telómeros, levando assim a
membranas celulares e os genes do ataque
um envelhecimento e morte da célula mais
dos destrutivos radicais livres. Estes proces-
rápidos. (Os telómeros são as extremidades
sos estão implicados em doenças como o can-
dos cromossomas, que perdem comprimento
cro, as doenças cardiovasculares e a doença
com cada divisão celular e com o stress oxi-
de Alzheimer.
dativo, e quando atingem um certo grau de encurtamento, as células param de se dividir
O restaurante seria ainda um restaurante para
e morrem). É, portanto, muito aconselhável
desportistas, dada a importância do exercício
uma dieta rica em antioxidantes. Além disso,
físico para contrariar o processo de envelhe-
os diabéticos e pré-diabéticos tem um stress
cimento (o exercício físico baixa fortemente a
oxidativo muito alto, o que não é irrelevante
insulina).
no âmbito do restaurante. Venderia livros sobre exercício físico, a bioloO restaurante anti-envelhecimento teria estes
gia do envelhecimento, e as doenças degene-
dois pilares teóricos explanados no menu e na
rativas do envelhecimento, e ainda os suple-
montra. Os textos que os resumem são estes:
mentos alimentares recomendados nesses livros. Seria ainda especialmente recomendá-
> RESTAURANTE ANTI-ENVELHECIMENTO DR. MAX VITAL > COZINHA BAIXA EM CARGA GLICÉMICA E ALTA EM ANTIOXIDANTES
vel para diabéticos (que são 700.000 em Portugal) e pré-diabéticos (que são mais de dois milhões) devido à baixa carga glicémica dos seus pratos. Um título especialmente interes-
sante na teoria do restaurante seria The Paleo
Os principais marcadores metabólicos dos
Diet for Athletes, que nos abriria o vasto mer-
centenários são: a insulina baixa, os triglicéri-
cado dos atletas e todas as pessoas que neces-
dos baixos e a glicémia baixa, dos quais o mais
sitam de fazer exercício físico.
importante é a insulina baixa. Para manter uma insulina baixa e eficiente, o método mais
O restaurante teria associado um supermer-
eficaz é a controle dos hidratos de carbono na
cado online que venderia alimentos de baixa
dieta, e fazer assim uma alimentação de baixa
carga glicémica, e altos em antioxidantes, su-
”
16 | BIOLOGIA & SOCIEDADE | Pontos de Vista
plementos e livros de receitas de baixa carga
Peskind, MD; Laura D. Baker, PhD; Dmitry Goldgaber,
glicémica e altas em antioxidantes, e os outros
PhD; Wei Nie, MD, PhD; Sanjay Asthana, MD; Stephen
livros vendidos nos estabelecimentos físicos.
R. Plymate, MD; Michael W. Schwartz, MD; Suzanne Craft, PhD
E uma característica essencial do restauran-
Arch Neurol. 2005;62:1539-1544. Published online Au-
te anti-envelhecimento seria que 5 por cen-
gust 8, 2005
to da conta de cada cliente seria reservado
Nutritional Anthropology: Contemporary Approaches to
para um fundo para a investigação do enve-
Diet and Culture, capítulo com o título “Nutrition and
lhecimento e das doenças degenerativas do
Health in Agriculturalists and Huntergatherers: A Case
envelhecimento.
Study of Two Pre-historic Populations” – 1 Jan 1980 Norge W. Jerome, Randy F. Kandel and Gretel H. Pelto
Rui Zambujal
The Paleo Solution: The Original Human Diet – 14 Set 2010 Robb Wolf (com excerto do livro disponível na Amazon.co.uk) The Paleo Diet for Athletes: A Nutritional Formula for
BIBLIOGRAFIA:
Peak Athletic Performance -13 Out 2005
Hyperinsulinemia Provokes Synchronous Increases in Cen-
Loren Cordain, Joe Friel
tral Inflammation and -Amyloid in Normal Adults
(com excerto do livro disponível na Amazon.com)
Mark A. Fishel, MD; G. Stennis Watson, PhD; Thomas
The Protein Power Lifeplan – Maio 2001
J. Montine, MD, PhD; Qin Wang, PhD; Pattie S. Green,
Michael R. Eades, Mary Dan Eades
PhD; J. Jacob Kulstad, BS; David G. Cook, PhD; Elaine R.
(com excerto do livro disponível na Amazon.co.uk)
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 17
ÚLTIMOS EVENTOS RELEVANTES
OLIMPÍADAS NACIONAIS DE BIOLOGIA OLIMPÍADAS DE BIOLOGIA – UMA LONGA HISTÓRIA NUM CURTO PERÍODO As Olimpíadas Nacionais de Biologia, há muito desejadas, tornaram-se realidade em 2010, ano em que a Ordem dos Biólogos conseguiu levar a sua 1ª delegação às Olimpíadas Iberoamericanas de Biologia (OIAB) em Lima (Peru), constituída por 4 alunos que são hoje, brilhantes estudantes de licenciatura em Medicina e Engenharia Biomédica. Em 2011 a Ordem dos Biólogos organizou as primeiras “Olimpíadas Nacionais de Biologia”, um projecto que a cada dia que passa vai ganhando mais participantes, mais colaboradores, mais apoiantes e porque não dizer, mais amigos e parceiros. No ano transacto, Portugal participou nas V Olimpíadas Ibero-americanas de Biologia (V OIAB) na Costa Rica através da presença dos 4 extraordinários alunos vencedores das Olimpíadas Nacionais de Biologia (ONB), onde conquistaram uma medalha de bronze, que nos encheu de orgulho e abriu excelentes perspectivas para participações posteriores. VI OIAB 2012 Em 2012, realizámos as “II Olimpíadas Nacio-
As ONB2012 contaram ainda com uma outra
nais de Biologia”, mais uma vez com o apoio
novidade: para além das 2 eliminatórias rea-
incondicional do Ciência Viva. A grande novi-
lizadas em 2011, foi também organizada uma
dade foi a criação de 2 categorias: a Olimpía-
final, um exame prático, para o qual concorre-
da Sénior, para alunos do 10º, 11º e 12º anos e
ram os 36 melhores estudantes da 2ª elimina-
a Olimpíada Júnior, apenas para os alunos do
tória. Vindos de Norte a Sul e dos Açores, 36
9º ano, permitindo assim a participação de
alunos reuniram-se em Lisboa tendo realizado
alunos e professores de Escolas que não pos-
um exame teórico; um exame prático, com a
suem Ensino Secundário.
duração de 60 minutos onde foram postos à prova as suas capacidades em Biologia Vegetal
Foram superadas as nossas melhores expec-
e em microscopia e ainda participaram num
tativas. De um total de 400 participantes e de
debate sobre Biotecnologia.
170 escolas inscritas em 2011 passámos para um inimaginável patamar de 15 000 partici-
Muitos dos alunos ficaram hospedados na
pantes oriundos de mais de 300 escolas pú-
Pousada da Juventude, com o apoio da Secre-
blicas e privadas de todo o país (incluindo as
taria de Estado da Juventude e do Desporto e
Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores).
da Agência Ciência Viva.
18 | BIOLOGIA & SOCIEDADE | Olimpíadas Nacionais de Biologia
Foram assim seleccionados os 10 melhores alunos do secundário e consequentemente os 4 melhores alunos que iriam representar Portugal nas VI OIAB (VI Olimpíadas Ibero-americanas de Biologia): Rita Prata, João Janela, João Rocha e Tiago Branco, da Escola Secundária. As ONB 2012 foram finalizadas com a “Cerimónia de Entrega de Prémios das Olimpíadas Chegada a Lisboa dos representantes de
Rui Batista, Ana Luísa Pereira, Filipa Serrazina e Liane
Nacionais de Biologia 2012”, que se realizou no
Portugal nas V Olimpíadas Ibero-americanas
Canas – representantes de Portugal nas IV Olimpíada
dia 07 de Julho no Pavilhão do Conhecimento,
de Biologia na Costa Rica
Ibero-americana de Biologia - Peru
em Lisboa e contou com a presença de mais de 200 pessoas, entre alunos, familiares e professores. Contámos também com a presença da Sr.ª Secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário, Dr.ª Isabel Santos Silva, do Director Geral da DGE, Dr. Fernando Egídio Reis, com autarcas de 3 dos 4 Municípios das escolas dos estudantes vencedores: os Vice-Presidentes das Câmaras Municipais de Cascais e de Tábua, Eng.º Miguel Pinto Luz e Dr.ª Ana Paula Neves, respectivamente, o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Dr. Barbosa Melo. Infelizmente a autarquia do Porto não pode aceitar o nosso convite para estar presente nesta cerimónia.
Realização da prova de laboratório na 3ª fase das Olimpíadas Nacionais de Biologia Sénior 2012 (27.05.2012)
Realização da prova teórica na 3ª fase das Olimpíadas Nacionais de Biologia Sénior 2012 (27.05.2012)
Debate sobre Biotecnologia na 3ª fase das Olimpíadas Nacionais de Biologia Sénior 2012 (27.05.2012)
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 19
Deve ser salientada a presença nesta cerimónia de todos os nossos parceiros, que nos permitiram este ano brindar alunos e professores vencedores com um conjunto de prémios de elevado valor simbólico e também material. Este ano contámos com um maior leque de parceiros, que nos apoiaram enquanto organização e também o evento, podendo desta forma chegar mais longe na concretização deste sonho. Todos os brindes oferecidos, foram distribuídos em sacos com material reciclado da Fundação EDP e das Fábricas Lusitana. Os vencedores (e representantes de Portugal nas VI Olimpíadas Ibero-americanas de Bio-
Cerimónia de Entrega de Prémios das Olimpíadas Nacionais
logia (OIAB) em Setembro), receberam ainda
de Biologia 2012 (07.07.2012)
prémios de prestígio como máquinas fotográficas, livros de fotografia e de estudo (receberam o livro “Biology”, de Campbell e Reece, e que é considerado a “Bíblia” dos estudantes e professores de Biologia pré-Universitários, permitindo uma melhor preparação teórica dos nossos jovens). Foram cerca de 2h de cerimónia, onde homenageámos alunos e professores que nos ajudaram uma vez mais neste projecto e nos deram forças para continuarmos a fazer mais e ainda melhor. Os objectivos são os de poder contar com mais alunos, mais escolas, mais professores e
Professores responsáveis nas escolas pela aplicação das Provas de 1ª e 2ª fase das
de futuro, possamos não só apurar 4, mas sim
Olimpíadas Nacionais de Biologia Júnior e Sénior 2012
8 alunos que representarão Portugal não só nas Olimpíadas Ibero-americanas de Biologia, como também nas Olimpíadas Internacionais de Biologia, que será o próximo passo, para o qual estudantes, professores e organização estão altamente motivados.
Alunos premiados do 9º ano – Olimpíadas Nacionais de Biologia Júnior 2012
20 | BIOLOGIA & SOCIEDADE
| Olimpíadas Nacionais de Biologia
AGRADECIMENTOS: Este ano de 2012 Portugal foi palco de dois eventos de enorme impacto para o ensino da Biologia. As Olimpíadas Nacionais de Biologia com uma extraordinária adesão por parte de professores e estudantes e as Olimpíadas Ibero-americanas de Biologia que contaram com a presença de Delegações da maioria dos países Iberoamericanos. Sobre estas falaremos em mais pormenor no próximo número desta revista. Para já queremos sublinhar que os nossos agradecimentos a todos quantos tornaram possíveis estes dois eventos. Alunos premiados do 10º ano – Olimpíadas Nacionais de Biologia Sénior 2012
Em primeiro lugar queremos agradecer às Escolas. Aos seus fantásticos professores de Biologia que não se deixam vencer pelas adversidades e utilizam a sua inesgotável energia para abraçar mais este projecto, em prol dos seus alunos, da sua paixão pelo ensino e pelo desejo indomável de querer sempre mais e melhor para os seus alunos. E aos seus voluntariosos estudantes que se deixam entusiasmar pelos professores (e muitas vezes são eles próprios também fonte de incentivo para os professores) e que se motivam para enfrentar várias provas cumulativamente com testes, exames nacionais, exames de admissão e tantos outros concursos e provas que têm que ultrapassar. Muito obrigado a todos. Em segundo lugar queremos deixar bem claro o nosso profundo agradecimento ao Ministério da Educação e Ciência, através da Direcção-Geral da Educação, e à Agência Ciência Viva, parceiros nestes eventos e que tornaram Alunos premiados do 11º ano – Olimpíadas Nacionais de Biologia Sénior 2012
possível não apenas a realização das ONB, mas também o treino dos jovens vencedores para poderem competir ao mais alto nível internacional em pé de igualdade com os seus colegas estrangeiros. Por último, mas não menos importante, queremos referir o imprescindível e enriquecedor apoio de inúmeras empresas e organizações que sempre têm apoiado o nosso esforço, o nosso objectivo e os nossos valores: promover o mérito, a dedicação e o esforço, premiar o valor e a excelência, divulgar talentos do nosso ensino da Biologia, dos nossos técnicos investigadores e cientistas nas ciências biológicas e divulgar o nosso património genético. Na impossibilidade de descrever detalhadamente o muito que lhes devemos, agradecemos a todos os nossos parceiros e patrocinadores e esperamos poder contar com eles no futuro para podermos fazer mais e melhor. MUITO OBRIGADO e até breve com notícias ibero-americanas.
Alunos premiados do 12º ano – Olimpíadas Nacionais de Biologia Sénior 2012
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 21
22 | BIOLOGIA & SOCIEDADE
| VI Olimpíadas Ibero-Americanas de Biologia
ÚLTIMOS EVENTOS RELEVANTES
VI OLIMPÍADAS IBERO-AMERICANAS DE BIOLOGIA CASCAIS 2012
Portugal foi o país escolhido para receber as VI Olimpíadas Ibero-americanas de Biologia (VI OIAB) em 2012, que se realizaram entre 3 e 7 de Setembro, em Cascais, Município que apoiou este evento desde o primeiro minuto, para enorme agrado dos participantes que aqui passaram uma semana inesquecível. Com enorme orgulho e sentido de responsabilidade a Ordem dos Biólogos, em colaboração com a Agência Ciência Viva, organizou, coordenou e realizou estas VI OIAB.
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 23
Participaram este ano Argentina, Bolívia, Bra-
de Lisboa, o Museu do Mar Rei D. Carlos, ver
sil, Costa Rica, El Salvador, Espanha, México,
golfinhos na baía de Setúbal (que pertence ao
Peru e Portugal, num total de 31 alunos, que
clube exclusivo das mais belas baías do Mun-
disputaram difíceis provas teóricas (4 horas
do) e tomar contacto com vários aspectos da
de exames teóricos realizados na Sala das
cultura portuguesa.
Naus do Palácio Valença, em Sintra) e práticas (3 exames em Laboratório realizados na Facul-
As OIAB são a segunda mais importante com-
dade de Ciências da Universidade de Lisboa e
petição internacional na área da Biologia, logo
preparadas por professores e investigadores
a seguir às IBO (International Biology Olym-
do CBA-Centro de Biologia Ambiental). Sob o
piads), nas quais Portugal também poderá vir
tema dos Oceanos, os participantes tiveram
a participar a partir de 2014. As OIAB são um
ainda a oportunidade de visitar o Oceanário
concurso entre jovens estudantes ibero-ame-
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| VI Olimpíadas Ibero-Americanas de Biologia
ricanos de nível pré-universitário, cujos objectivos primordiais são: ‐ Promover o estudo das Ciências Biológicas e estimular o desenvolvimento de jovens talentos nesta ciência, e; ‐ Contribuir e estreitar laços de amizade entre os países participantes e criar um marco propício para fomentar a cooperação, o entendimento e o intercâmbio de experiências. Os jovens estudantes ficaram alojados na Fundação “O Século”, situada a 100 metros da praia de S. Pedro do Estoril, num ambiente extraordinário para conviverem com os outros competidores e desse modo melhor
conhecerem a sua cultura. Aos concorrentes de cada um dos países a concurso foi atribuído um “padrinho” cuja missão era a de apoiar os jovens para que estes se sentissem como em sua casa. Os “padrinhos” foram os jovens portugueses que em 2010 e 2011 constituíram as Delegações Nacionais nas OIAB de Lima (Peru) e San Jose (Costa Rica), respectivamente, e que prontamente de ofereceram como voluntários para trabalhar nestas Olimpíadas, juntamente com uma colega peruana (presentemente a estudar Biologia em Portugal) e que já trazia a sua experiência acumulada da organização das IV OIAB, no Peru. Foram realizados dois exames teóricos (de 120 minutos cada) para os quais contribuíram investigadores e professores da FCUL (Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa/ Centro de Biologia Ambiental), da Universida-
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 25
de do Porto, do ISPA (Instituto Universitário
mas Ecologia e Ambiente; Conservação e Bio-
de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida),
diversidade; Genética e Evolução, organizados
do INIAV (Instituto Nacional de Investigação
e coordenados pelo CBA, em colaboração com
Agrária e Veterinária) e do Instituto Superior
investigadores do INIAV.
Técnico (IST). Os exames teóricos ocorreram em Sintra, num espaço de extraordinária be-
Pela segunda vez na história das OIAB reali-
leza e calma gentilmente cedido pela Câmara
zou-se ainda uma prova extra-concurso, um
Municipal de Sintra – a Sala das Naus do Palá-
Rally, uma prova que mistura Biologia com
cio Valenças.
desporto aventura, na qual os jovens não con-
Os estudantes foram ainda sujeitos a 3 exa-
correm individualmente, em representação
mes práticos (de 75 minutos cada) sobre os te-
do seu país, mas sim em equipa multinacional.
26 | BIOLOGIA & SOCIEDADE
Esta prova destina-se a fomentar o espírito de
participação portuguesa neste evento, fruto
equipa e a colaboração entre jovens de dife-
de um enorme talento, esforço e dedicação
rentes países e diferentes línguas (em cada
dos nossos jovens estudantes que, acima de
equipa existia pelo menos um elemento de
tudo, foram excelentes embaixadores do
língua portuguesa (Português ou Brasileiro)
nosso país através do seu entusiasmo, compa-
numa maioria de concorrentes de língua espa-
nheirismo e verdadeiro espírito Olímpico.
nhola.). Esta prova realizou-se no Pedra Amarela Campo Base, um local extraordinário situ-
Embora os prémios não sejam a primeira prio-
ado no Parque Cascais-Sintra e foi totalmente
ridade numa prova desta natureza, sendo re-
concebida pela equipa do Campo e pela Prof.
legados para segundo plano em função dos
Otília Correia, do CBA/FCUL, que gentilmente
valores da solidariedade, companheirismo,
aceitou colaborar nesta tarefa, concebendo
esforço, dedicação, cooperação, fair-play e
um excelente teste que promoveu e divulgou
talento que são comuns a todos estes jo-
as nossas plantas autóctones.
vens que chegam a esta competição já como campeões (não nos podemos esquecer que
Portugal conquistou este ano uma medalha de
estes 31 jovens foram seleccionados de en-
prata (João Janela), duas medalhas de bronze
tre cerca de 300.000 jovens concorrentes às
(Rita Prata e Tiago Branco) e um Diploma de
Olimpíadas Nacionais de todos estes países),
Mérito (João Rocha), naquela que foi a melhor
apesar disso, é sempre com enorme prazer
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 27
que observamos que os nossos alunos ob-
(Esc. Secundária Fernando Lopes Graça) cujo
têm resultados iguais ou superiores aos de
empenho neste projecto tem seguramente
países de muito maior dimensão e com mais
contribuído para uma cada vez melhor presta-
experiência nestas competições. Para além
ção dos nossos “atletas científicos”.
do enorme talento dos nossos jovens temos que reconhecer o excelente trabalho que os
Estão neste momento a ser preparadas as
nossos professores de biologia têm vindo a
Olimpíadas Nacionais de Biologia 2013 com a
realizar nas escolas, tantas vezes em condi-
habitual organização da Ordem dos Biólogos
ções muito difíceis, e a enorme dedicação que
e da Agência Ciência Viva, com a parceria e
os professores universitários que colaboram
apoio do Ministério da Educação e Ciência,
neste projecto têm colocado no treino destes
da Fundação EDP e de muitas organizações
jovens, sendo de salientar as equipas coorde-
e empresas que têm contribuído para o êxito
nadas pelos Professores Arsénio Fialho (IST),
deste concurso. Esperamos aumentar a parti-
Joana Robalo (ISPA), Miguel Viveiros (IHMT) e
cipação para estas ONB2013 através das quais
Fernanda Simões (INIAV). Uma enorme pala-
serão seleccionados os 4 vencedores que re-
vra de profundo agradecimento terá também
presentarão Portugal nas VII OIAB que se rea-
que ser dirigida às duas professoras mentoras
lizarão em Setembro de 2013 na Argentina.
dos nossos alunos: Paula Castelhano (Externado Cooperativo da Benedita) e Joana Capucho
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| VI Olimpíadas Ibero-Americanas de Biologia
AGRADECIMENTOS
res, organizadores, autarquias, parcei-
esforço de promover e homenagear
As Olimpíadas Nacionais de Biologia e,
ros sociais, autoridades competentes e
jovens talentos na área das Ciências
em particular, a participação e organi-
escolas. Dada a sua dimensão, são ape-
Biológicas. A todos eles, em nome da
zação das VI Olimpíadas Ibero-america-
nas possíveis graças do trabalho empe-
Ordem dos Biólogos e da Agência Ciên-
nas de Biologia são projectos de enor-
nhado de muitas pessoas e aos apoio
cia Viva, organizadores das Olimpíadas,
me impacto para todos os envolvidos:
A Ordem dos Biólogos, de muitas instituições e empresas que
queremos expressar os nossos mais
agradece a todosprofessoos parceiros e patrociandores que nos apoiaram nestas Olimpíadas. estudantes e suas famílias, aceitaram ser nossos parceiros neste profundos agradecimentos. A Ordem dos Biólogos, agradece a todos os parceiros e patrocinadores que nos apoiaram nestas Olimpíadas.
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ÚLTIMOS EVENTOS RELEVANTES
CONGRESSO OBIO IV CONGRESSO NACIONAL DE BIÓLOGOS - A BIOLOGIA NO SÉCULO XXI PONTA DELGADA – REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES | 12 – 15 DE OUTUBRO DE 2011 CONCLUSÕES RESPONSABILIDADE SOCIAL A par das competências formais e funcionais atribuídas à Ordem dos Biólogos, enquanto instituição pública responsável pela regulação do exercício da profissão de biólogo em Portugal, coloca-se, hoje, um conjunto de responsabilidades sociais, cujo interesse público exige uma atenção particular. Desde logo, as implicações resultantes dos mais recentes avanços nas ciências da vida, motivo de interligação com outras disciplinas do conhecimento e com diferentes actores sociais, sejam utilizadores ou decisores. Biotecnologia, Saúde Humana, Ambiente, Mar, Turismo, Produção Animal e Agricultura são exemplos clássicos onde a exigência social não espera dos biólogos, apenas um elevado nível de prestação técnica e profissional. Cabe, também, à Ordem dos Biólogos e a todos os seus Membros, um papel cujo alcance vai muito para além do conhecimento científico e prestação técnica especializada com base no mesmo. Daí que a Ordem dos Biólogos tenha por obrigação, e prioridade, participar de forma activa na discussão e formulação de políticas e decisões que, relacionadas com estas matérias, carecem de processos participados, informados e transparentes. A Ordem dos Biólogos assume o desafio de contribuir para uma nova cultura institucional pública, integradora e geradora de adequados níveis de informação e apoio à decisão, alinhada com os objectivos estratégicos do desenvolvimento de Portugal. Uma cultura institucional capaz de romper com o imobilismo que impede a inovação e a exploração
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| Congresso OBio
em órgãos de apoio à definição de políticas sectoriais, nomeadamente no Ambiente, Biotecnologia, Biologia Humana e Saúde, Ensino e Investigação, designadamente através das participações e colaborações com os Conselhos Consultivos de Estado, nomeadamente o Conselho Económico e Social, o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, o Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, o Conselho Nacional da Água, Conselho Nacional de Educação, bem como no âmbito do Conselho Nacional das Ordens Profissionais. FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO A Ordem dos Biólogos pretende continuar a colaborar na revisão das alterações curride novas oportunidades de desenvolvimento
culares em função dos avanços científicos
para o País e que limita o empreendorismo e a
no domínio das Ciências Biológicas conside-
criatividade na exploração de novos caminhos
rando que esta, ao nível do ensino básico e
e soluções para os actuais problemas conjun-
secundário, deve privilegiar a consolidação
turais e a prossecução de uma visão e acção
e estabilização das competências educativas
toldadas pela sustentabilidade.
adquiridas em cada escola, a par de um amplo processo de formação profissional contínua,
Neste contexto, a educação, informação e
que permita uma constante actualização e in-
comunicação assumem um carácter determi-
cremento dessas competências.
nante pelo que, não chega saber e saber fazer.
A formação permanente manter-se-á como
É preciso também saber informar, comunicar
uma das maiores prioridades da Ordem dos
e, com isso, incentivar a participação respon-
Biólogos, quer seja na oferta formativa espe-
sável de todos os cidadãos nos processos de
cífica, orientada para os títulos de especiali-
interesse colectivo.
dade (Ambiente, Educação, Biotecnologia, Biologia Humana e Saúde) quer para todos as
É neste quadro conceptual, de responsabilida-
largas centenas de biólogos e não biólogos
de social que a Ordem dos Biólogos se com-
utentes do Centro de Formação da Ordem dos
promete a dedicar atenção e esforço no futu-
Biólogos.
ro imediato, incluindo esta perspectiva, não
A Ordem dos Biólogos manterá inteira dispo-
só na sua acção em território nacional como
nibilidade para colaborar com as instituições
também na esfera das suas relações interna-
de ensino superior quer no âmbito da análise
cionais, particularmente no que diz respeito à
curricular quer no que diz respeito à avaliação
cooperação no seio do espaço lusófono e no
e monitorização da inserção dos jovens biólo-
quadro da Associação de Biólogos dos Países
gos no mercado de trabalho.
Europeus (ECBA). A Ordem dos Biólogos continuará a dedicar Igual posicionamento será reforçado no qua-
o seu maior empenho na colaboração com o
dro das participações da Ordem dos Biólogos
Programa Ciência Viva no sentido de promo-
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 31
ver a informação e conhecimento científico de
SAÚDE E BIOLOGIA HUMANA AS “NOVAS-
base dos alunos e do público em geral, sendo
VELHAS” BIOLOGIAS
as Olimpíadas Nacionais da Biologia o expoente maior desta vertente, com os evidentes
Desde sempre o conhecimento da biologia
benefícios em termos de comunicação geral
humana e a saúde constituem áreas naturais
sobre o conhecimento científico.
do conhecimento e profissão dos biólogos.
O acesso ao reconhecimento mútuo de com-
A tendência para a ultra-especialização e as
petências profissionais, através do mecanis-
dificuldades em conciliar formações de base,
mo (EurProBiol) continuará a merecer a maior
especializações e as estruturas de carreiras
atenção da parte da Ordem dos Biólogos.
profissionais, particularmente no sector público, têm constituído dificuldades de participação e exercício profissional dos biólogos neste sector. A Ordem dos Biólogos continuará a trabalhar em conjunto com outros profissionais e responsáveis políticos para uma clarificação e organização do sector, tendo sempre como objectivo principal o interesse público e a qualidade dos serviços prestados.
32 | BIOLOGIA & SOCIEDADE | Congresso OBio
CONGRESSO OBIO
AMBIENTE
A Ordem dos Biólogos continuará a pugnar pela necessidade de um sistema de acredita-
No domínio do ambiente, a Ordem dos Biólo-
ção dos profissionais que exercem no sector
gos considera essencial uma mudança radical
do Ambiente, como meio de assegurar um
no paradigma que tem prevalecido no que diz
conjunto mínimo de requisitos que salva-
respeito à conservação da natureza, biodi-
guardem as distorções e perda de qualidade
versidade e gestão dos recursos naturais em
que nem sempre os mecanismos de mercado
Portugal. É tempo de reformar uma visão e
perseguem.
práticas que mais não têm promovido do que o conflito social ou ausência de responsabili-
MAR
dade partilhada. Em matéria de conservação da natureza e biodiversidade, é tempo de Por-
A Ordem dos Biólogos entende que é tempo
tugal assumir os compromissos estabelecidos
de passar à prática a vontade que o discurso
nas Estratégias Nacionais sectoriais, compa-
vem exprimindo desde há mais de uma déca-
tibilizando-as entre si e estabelecendo claras
da no que diz respeito à política do Mar. Um
responsabilidades e mecanismos de monitori-
modelo adequado de governação do oceano,
zação e avaliação. É tempo de se abandonar a
assente no melhor conhecimento disponível,
visão paternalista das instituições que tutelam
e apoiado por efectivos instrumentos de mo-
a conservação da natureza e biodiversidade,
nitorização e uma participação permanente e
responsáveis pelo vigente clima de não parti-
activa nos diversos fora internacionais ligados
cipação e antagonismo entre os actores públi-
à política e governação do Mar carece, no en-
cos e privados que deveriam estar a trabalhar
tender da Ordem dos Biólogos, de uma clarifi-
em conjunto orientados pela conservação e
cação e explicitação de responsabilidades e de
utilização sustentável dos recursos naturais e,
um verdadeiro e mobilizador programa nacio-
em particular da biodiversidade.
nal para o Mar.
Em matéria de instrumentos de gestão am-
A Ordem dos Biólogos acredita que tal pro-
biental, a Ordem dos Biólogos considera
grama, contribuiria decisivamente para o re-
fundamental apostar no incentivo dos me-
forço de competências diversas no âmbito do
canismos de implementação de sistemas de
“cluster” do mar, estimulando o empreendo-
gestão ambiental adequados à dimensão e
rismo, o emprego e o investimento ao serviço
natureza das actividades socioeconómicas e,
da gestão sustentável dos recursos marinhos
consequentemente, uma maior promoção da
e o fortalecimento das redes de cooperação
certificação ambiental como ferramenta de
entre o tecido empresarial e a comunidade
promoção da sustentabilidade.
científica.
ÚLTIMOS EVENTOS RELEVANTES
CONGRESSO OBIO DIRECÇÃO REGIONAL DO AMBIENTE - AÇORES As características oceanográficas, geomorfo-
diretas na área ambiental, nunca podem es-
lógicas, biológicas e edafo-climáticas do arqui-
quecer. O desenvolvimento sustentável desta
pélago dos Açores dotaram estas ilhas atlânti-
Região é um imperativo, mas nunca poderá
cas de uma paisagem impar, deslumbrante e
ser feito contra a preservação e valorização
que proporciona a quem nos visita momentos
dos valores essenciais do seu património na-
de inesquecível encanto.
tural. Seria contraditório, até nos conceitos.
A Natureza Viva constitui o elemento essen-
O Turismo da Natureza, Turismo Verde ou Tu-
cial e predominante dessas paisagens, onde
rismo Ecológico são sectores em franco cres-
os variados tons de verde contrastam com as
cimento a nível mundial. Estas vertentes aglu-
diversas tonalidades de azul do mar ou do céu,
tinam os turistas “verdes” que procuram não
constituindo cenários que convidam à con-
o Sol, mas uma ambiência única de equilíbrio e
templação e imortalização do momento. Nos
harmonia na relação do Homem com a Nature-
Açores, é habitual que uma fotografia, muitas
za que o rodeia e que lhe garantiu durante sé-
vezes tiradas num simples telemóvel, esteja
culos, abrigo, calor, alimento e prosperidade.
instantaneamente nas redes sociais a ser elogiada em qualquer parte do mundo.
Mas para preservar é preciso respeitar e para respeitar é importante conhecer.
Esta simples foto pode, muitas vezes sem o autor ter dado conta, revelar pormenores únicos
Quem melhor dos que se dedicam a estudar
da nossa biodiversidade, chamando a atenção
A Ciência da Vida para apreender e explicar
de alguém mais atento que logo procura saber
as particularidades da nossa biodiversidade?
mais sobre aquela espécie de fauna ou flora.
Quem melhor dos que os biólogos para nos fascinarem com as relações dos diversos com-
A preservação deste importante património
ponentes do nosso mundo natural? Quem me-
natural e paisagístico é uma responsabilida-
lhor do que os biocientistas para nos sensibili-
de que cabe a todos, mas que os decisores,
zarem para a importância do desenvolvimento
principalmente os com responsabilidades
sustentável, fazendo-nos compreender que o
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 33
34 | BIOLOGIA & SOCIEDADE | Congresso OBio
património natural não é um entrave, mas sim
verificar o estado de conservação das nossas
um recurso essencial para o progresso?
principais espécies e serviram para definir a implantação da Rede Natura 2000, das Áreas
O contributo dos biólogos para aprofundar
Ramsar e das Áreas Marinhas Protegidas OS-
o conhecimento dos valores patrimoniais
PAR todas, largamente graças ao vosso traba-
naturais dos Açores é inquestionável e é
lho, integradas hoje na Rede Regional de Áre-
imprescindível.
as Protegidas. A complexidade, abrangência e intensidade do que já foi estudado apenas é
Felizmente, já não é possível contabilizar os
comparável com o que falta descobrir. A cada
inúmeros contributos que os diversos depar-
resposta, que é preciosa para a boa decisão,
tamentos da Universidade dos Açores deram
seguem-se novas perguntas e novos desafios
para o estudo da nossa natureza, desde a ín-
científicos. Aos que contemplam o vosso tra-
ALGUNS DOS GALARDÕES DE EXCELÊNCIA AMBIENTAL DOS AÇORES > Património da Humanidade, atribuí-
sustentável;
observação de cetáceos”;
do pela UNESCO à Paisagem da Cultu-
> Revista Island - “Ilha do Pico, uma
> 32 áreas balneares galardoadas
ra da Vinha da Ilha do Pico;
das 20 melhores ilhas do mundo para
com Bandeira Azul, atribuídas pela
> Destino QualityCoast, com reco-
se viver”;
ABAE;
nhecimento Ouro e número 1 em
> National Geigrafic Traveler - “Aço-
> 43 áreas balneares com Qualidade
2012. Distingue os mais sustentá-
res, segundas melhores ilhas do Mun-
de Ouro segundo a Quercus;
veis destinos costeiros de férias na
do para turismo sustentado”;
> 15 áreas balneares classificadas
Europa;
> Forbes - “Açores, um dos destinos
como “Praia Acessível, Praia para
> O prémio European Destinations
mais singulares do mundo”;
Todos”, segundo o Instituto Nacional
of Excellence (EDEN) foi atribuído
> 7 Maravilhas Naturais de Portugal,
para a Reabilitação;
na edição de 2011 ao Parque Natu-
duplo prémio atribuído à Paisagem
> 12 áreas Ramsar;
ral do Faial e distingue os destinos
Vulcânica do Pico e à Lagoa das 7
> 8 áreas marinhas protegidas, se-
não muito conhecidos, mas que são
Cidades;
gundo a Convenção OSPAR;
considerados “tesouros escondidos
> Jornal Telegraph “Açores, um dos
> 40 áreas Rede Natura 2000 da
na Europa” por praticarem turismo
10 melhores destinos mundiais para
União Europeia.
fima molécula à deslumbrante paisagem! Não
balho, apenas resta a consolação da certeza
há setor de atividade no âmbito dos Recursos
que as novas hipóteses, teorias, planos, proje-
Naturais que não tenha sido objeto de inúme-
tos e resultados nos irão igualmente fascinar.
ras publicações, teses, relatórios, trabalhos e
Também, muito foi feito ao nível da decisão
intervenções, desde os fósseis de Santa Maria,
e investimento, muito há ainda por fazer. Na
aos artrópodes das nossas cavidades vulcâni-
área da biologia marinha, toda a atividade li-
cas, dos extremófilos das águas profundas, à
gada ao turismo do mar, onde o mergulho, a
descoberta de novas espécies, desde o estu-
fotografia subaquática, a exploração de gru-
do profundo da nossa flora e fauna endémica,
tas marinhas e os passeios de barco podem
bem como, ao estudo da flora e fauna exótica
ser mais interessantes se acompanhados por
invasora que a ameaça... Estes trabalhos já
profissionais qualificados, como já acontece
deram a conhecer a localização e permitiram
com a observação de cetáceos.
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 35
Na componente terreste, com a promoção das diversas modalidades de Turismo Natureza, podem ainda ser criados novos roteiros com experiências únicas, explorando as singularidades e possibilidades das diversas ilhas açorianas e promovendo um novo nicho de mercado. Tudo isto terá de ser gerado e gerido por gente dinâmica, conhecedora e atenta, capaz de fazer valorizar os inúmeros galardões de excelência que os Açores receberam das mais
diversas e respeitáveis instituições e revistas
o seu saber, discernimento, espirito empreen-
da especialidade (ver caixa).
dedor e de inovação e experiencia e espirito crítico, o Turismo Natureza abre um leque de
É também este reconhecimento internacio-
possibilidade aos empreendedores e aos ino-
nal do património natural e paisagístico dos
vadores onde os amantes da natureza e os
Açores que nos compete preservar, valorizar
biólogos, em particular, têm uma oportunida-
e dar como legado às gerações vindouras.
de de emprego ou de negócios que importa
Contamos com todos, mas os Açores contam
realçar.
em particular com aqueles que por natureza e por formação estão mais vocacionados para o
Obrigado por tudo o que fizeram, convido-os
fazer. Nesse aspeto, os biólogos são os parcei-
a continuar.
ros indispensáveis do nosso arquipélago. Com
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ÚLTIMOS EVENTOS RELEVANTES
CONGRESSO OBIO ILHA DE S. MIGUEL - FOTO-REPORTAGEM
Costa Norte
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 37
Chรก Gorreana
38 | BIOLOGIA & SOCIEDADE | Ilha de S. Miguel - Foto-Reportagem
Furnas
Festa de Lagoa
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 39
Lagoa do Congro
Lagoa das Empadadas
Lagoa de Santiago
40 | BIOLOGIA & SOCIEDADE
Lagoa do Fogo
| Ilha de S. Miguel - Foto-Reportagem
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 41
Mosteiros
Vila Franca do Campo
42 | BIOLOGIA & SOCIEDADE
| Ilha de S. Miguel - Foto-Reportagem
Parque Terra Nostra - Furnas
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 43
Sete Cidades
Ponta Delgada
44 | BIOLOGIA & SOCIEDADE
Caldeira Velha
| Ilha de S. Miguel - Foto-Reportagem
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 45
ARTIGO ESPECIALIZADO
A MORTE COMO SOFISTICAÇÃO DA VIDA - PARTE II Na mente humana, o conceito de morte ou au-
celular e individual tem revelado inesperadas
to-destruição exorta sempre um sentimento de
subtilezas e complexidades acerca da natu-
tristeza, de vazio, de finitude. Mas será o con-
reza da morte em organismos multicelulares
ceito de morte assim tão simplista, tão inconse-
como nós, como é exemplo a larga ocorrência
quente e reducionista? Sim, talvez seja apenas
de suicídio celular no nosso corpo. Contudo, o
isso, sob o ponto de vista de um ser que, fruto
estudo de organismos unicelulares evolutiva-
da sua complexidade biológica e da mente que
mente muito mais antigos sugere que o enve-
adquiriu, aprendeu a pensar, granjeou cultura,
lhecimento e a morte não terão sido atributos
estabeleceu laços sociais e amou – o Homem.
obrigatórios da vida na Terra. A morte, como resultado de senescência – ou envelhecimen-
Se olharmos sob o ponto de vista biológico e
to natural – terá apenas surgido sensivelmen-
evolucionista, concluímos que a morte pode
te 1 bilião de anos depois o aparecimento da
simplesmente ser a mais importante razão
primeira forma de vida neste planeta e é uma
da existência da vida, tal como a conhecemos
consequência evolutiva da forma como nos
hoje, diversificada, fascinante e tão perfeita.
reproduzimos e da nossa pluricelularidade.
Por mais cruel que possa parecer, a perda de
A morte não surgiu simultaneamente com a
indivíduos mais fracos de uma determinada
vida; e esta é talvez uma das mais importantes
espécie em detrimento de indivíduos mais
e profundas revelações da biologia.
aptos e fortes, seja por via de predadores ou por morte natural devido a um defeito gené-
Através do sexo, a morte tornou-se uma sofis-
tico letal, constitui a força motriz para a per-
ticação da vida. A mesma vida que transpor-
petuação biologicamente viável desta mesma
tou ao longo da linha evolutiva até aos huma-
espécie. Este mecanismo intrínseco ao concei-
nos gerações de ADN segregado no núcleo
to evolucionista de espécie, o qual tem sido
de cem triliões de células somáticas, as quais
alvo de incontáveis teorias, livros e discussões
dão forma e vida a um organismo que ainda
científicas ao longo de séculos, é conhecido
mal conhecemos, nós. Contudo, a decisão de
como seleção.
usar o sexo como um meio de reprodução ao longo da evolução, deu lugar à criação de ADN
Uma forma de entender a morte humana re-
excedentário, reprodutivamente irrelevante e
side na procura e na compreensão da mais
que “habita” a quase totalidade das células do
pequena unidade que representa a vida na
nosso corpo.
Terra, a célula. O estudo da morte ao nível
Figura 1. Aparência morfológica típica de células em processo de apoptose. Imagens obtidas por microscopia electrónica (esquerda) e por microscopia de fluorescência (direita).
46 | BIOLOGIA & SOCIEDADE
| Artigo Especializado
O ADN tem apenas um objetivo: reproduzir-
seletiva durante a embriogénese. A rã, por
se. Depois de um número razoável de células
exemplo, inicia a vida como girino, enquanto
germinativas terem a oportunidade de trans-
forma adaptada ao ambiente aquático. Poste-
mitir o seu ADN à geração seguinte, as nossas
riormente, ganha outras estruturas para viver
células somáticas (contendo o nosso ADN so-
em terra, perdendo as guelras e a cauda. Essas
mático) tornam-se excedente biológico, sem
perdas decorrem da morte seletiva, natural e
nenhuma função útil enquanto peças de um
controlada das células. No desenvolvimento
puzzle evolutivo, e elas – ou “nós” - devemos
dos humanos, a formação da nossa mão se-
morrer, para que a mudança possa ser trans-
gue um processo semelhante. No início, é um
mitida à geração seguinte. Assim, o único pro-
apêndice homogéneo e arredondado, sem de-
pósito das nossas células somáticas, do ponto
dos definidos, mas mais tarde, algumas célu-
de vista da natureza, é a otimização da sobre-
las, programadas para morrer a determinada
vivência e da função das verdadeiras guardiãs
altura da embriogénese, vão desaparecendo,
do ADN, as células germinativas; aquelas que
dando lugar aos espaços interdigitais que tan-
asseguram, de facto, a transmissão da vida.
tas potencialidades nos conferem (Figura 2).
Sob orientação do ADN, cada célula somática
Todavia, é no indivíduo adulto, no controlo
do nosso corpo sofre um mecanismo de se-
e na determinação da morte celular progra-
nescência, morrendo finalmente. Por outras
mada, que a apoptose se reveste de uma
palavras, se escaparem da morte acidental,
importância fulcral. A apoptose ocorre fre-
as células somáticas serão instruídas a come-
quentemente em situações celulares onde a
ter suicídio, executando uma sequência de
acumulação de danos ao nível do ADN atingiu
eventos genéticos e bioquímicos, conhecida
níveis de tal forma elevados que colocam em
como morte celular programada ou “apop-
perigo não só a própria célula, mas principal-
tose” (Figura 1). Ao nível molecular, a maioria
mente a sua descendência. Estes danos são na
dos eventos conducentes a esta morte celular
maior parte dos casos provocados ou por er-
programada tem lugar na mitocôndria, o or-
ros de leitura e descodificação do próprio ADN
ganelo celular que herdamos dos nossos lon-
ou por deficiências no sistema de reparação
gínquos antepassados eucariotas unicelulares
do ADN celular, que tem a importante função
de que falamos na Parte I – Sexo, O Princípio
de detetar tais mutações e repará-las antes de
da (I)mortalidade. No entanto, a apoptose
as mesmas serem transmitidas às gerações se-
celular deve ser vista como elemento essen-
guintes. Contudo, a morte do corpo de um or-
cial na formação dos seres pluricelulares. A
ganismo complexo, como o de um mamífero,
forma estrutural final destes organismos é,
raramente ocorre devido aos efeitos cumu-
na sua maioria, atingida por via da apoptose
lativos de extinção sequencial de células so-
Figura 2. Processo de apoptose interdigital na mão humana. Áreas de apoptose detectadas por ensaio de TUNEL.
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 47
máticas, uma por uma, simplesmente porque
alteradas tanto quanto são segregadas umas
as células se encontram organizadas funcio-
das outras à medida que a célula se desintegra
nalmente em órgãos. De facto, autópsias de
em corpos fragmentados. Todos os organelos
pessoas com idade muito avançada, revelam
e estruturas celulares subsistem, mas a intera-
em geral, a presença de uma série de doenças
ção funcional entre estas terminou. Da mesma
“(...) OS SERES HUMANOS
que poderiam ter causado uma morte preco-
forma que uma coleção de órgãos separados
PARECEM TER ESTIPULADO
ce. Mais cedo ou mais tarde, à medida que gra-
em sacos não representa um ser humano, uma
QUE AS CÉLULAS DO CÉRE-
dualmente as células morrem por apoptose e
coleção de organelos celulares organizados
BRO SÃO MAIS IMPORTAN-
órgãos essenciais como os rins, os pulmões ou
em corpos apoptóticos não é uma célula. A
TES NA DEFINIÇÃO DA VIDA
o fígado começam a falhar devido à perda do
estrutura de cada órgão ainda ali está e pode
DO QUE AS DEMAIS CÉLULAS
número de células que deveriam assegurar o
funcionar por algum tempo, mas a estrutura
QUE COMPÕEM O CORPO.
seu normal funcionamento, a vida individual
do organismo perdeu-se para sempre. A mor-
daquele organismo começa a perder-se. Se o
te celular programada é de facto natural em
coração for o alvo deste processo de morte
organismos complexos, como répteis, aves ou
celular, as restantes células do corpo sofrerão
mamíferos, que vêm as suas células espalha-
uma rápida e violenta morte necrótica, provo-
rem partes de si mesmas como pétalas de uma
cada pela privação de nutrientes e de oxigénio
flor ou folhas de uma árvore.
”
que deveriam ter sido bombeados por aquele coração agora inútil. As células com maiores
Todavia, embora isso recentemente se tenha
necessidades de disponibilidade energética
vindo a tornar uma preocupação crescente
imediata, como as células cerebrais, são as
para os humanos, a ordem em que morrem
primeiras a sentir a derradeira alteração do
as células somáticas não constitui uma “preo-
seu ciclo de vida, conceito que tem, em mui-
cupação” para a natureza. Quando o coração
to, contribuído para largas discussões éticas
pára de bater, as células cerebrais morrem
e para a introdução e distinção do conceito
primeiro, como vimos, e as restantes seguem
de morte cerebral relativamente ao restante
essa mesma morte. Atualmente, os seres hu-
corpo.
manos parecem ter estipulado que as células do cérebro são mais importantes na definição
“(...)
Podemos então perceber que existem dois
da vida do que as demais células que com-
RA ESTA AQUISIÇÃO NÃO
tipos de morte celular: aquela que é parte in-
põem o corpo. A natureza claramente não faz
SIGNIFIQUE
tegrante e terminal de um processo de senes-
essa distinção, não reconhecendo nenhuma
A NATUREZA, ELA TRANS-
cência ou envelhecimento, que é programada
hierarquia entre as células somáticas. Então
PORTA O HOMEM, COMO
e natural; e a morte celular necrótica, que tal
porque fazemos esta distinção se a natureza
ORGANISMO
como já referido, é causada por uma agres-
não a faz? O cérebro evoluiu para coordenar
PARA CENÁRIOSDISTINTAMENTE
são externa, seja ela a falta de nutrientes,
as atividades do corpo com mais eficácia, para
NÃO-BIOLÓGICOS QUE APA-
um acidente, ou ainda a desidratação de uma
capacitar o organismo que dirige na competi-
RENTEMENTE TÊM POUCO A
bactéria no seu habitat natural. O conceito
ção por recursos, por sobrevivência e pelo di-
VER COM A SOBREVIVÊNCIA
importante a reter é que, quer as células mor-
reito de transmitir um conjunto específico de
E COM A REPRODUÇÃO.
ram por necrose ou por apoptose, o principal
genes — um padrão específico de ADN. Mas,
elemento da sua morte é a perda da estrutura
algures ao longo do caminho evolutivo, o cére-
que permite a sustentabilidade do respetivo
bro humano experimentou uma mudança sem
metabolismo. Na morte celular necrótica, a
precedentes: adquiriu a mente. Embora esta
destruição ocorre principalmente pelo influxo
aquisição não signifique nada para a nature-
de água, que a estica, rasga e dilacera a célu-
za, ela transporta o homem, como organismo
la (Figura 3). Na apoptose, pelo contrário, as
biológico, para cenários distintamente não-
estruturas internas (além do ADN) não são
biológicos que aparentemente têm pouco a
A
MENTE. NADA
EMBOPARA
BIOLÓGICO,
”
48 | BIOLOGIA & SOCIEDADE
| Artigo Especializado
Figura 3. Aparência morfológica típica de célula em processo de necrose (esquerda); imagem obtida por microscopia electrónica. Tecido glandular mamário com proeminente área de necrose celular (direita); imagem obtida por microscopia óptica.
ver com a sobrevivência e com a reprodução:
genética, entre muitas outras abordagens
a poesia, por exemplo, o raciocínio puro ou a
biomédicas emergentes, poderá estender
matemática pura, a arte, a religião ou a músi-
esta tendência a fronteiras que ainda só timi-
ca. Daí para a frente, as pressões que regem
damente entendemos e com consequências
a nossa evolução deixam de ser estritamente
genéticas que apenas podemos conjeturar. A
biológicas; através da mente, adquirimos cul-
interferência do Homem sobre o universo bio-
tura e esta, em vez de uma competição pelos
lógico não se fica apenas pelas mudanças que
recursos necessários até a idade de reprodu-
ele é capaz de produzir através da deturpação
ção, é agora a força seletiva predominante
da seleção natural e da competição por recur-
no nosso sucesso reprodutivo. Como terá as-
sos, tal como são impostas a outros seres vi-
sinalado Richard Dawkins, “embora a cultura
vos, mas também pelas alterações impressas
exista só na nossa mente, ela tem seu próprio
em todo o universo que o rodeia. A interferên-
momentum evolutivo, assim como os genes e
cia do Homem sobre si próprio e sobre tudo
o ADN”.
o que o rodeia tem estado na base da perpetuação de defeitos genéticos ao longo de ge-
“A VERDADE É QUE OS SE-
A verdade é que os seres humanos, graças a
rações, com a prevalência ou reincidência de
evidentes avanços científicos, têm vindo a
patologias, mas também com o aparecimen-
escapar à árdua realidade da seleção natural.
to de novas doenças desastrosas (como por
Mas esquecemo-nos que o mesmo não sucede
exemplo as provocadas pelos vírus HIV e Ébo-
com o restante planeta biológico. Através da
la) outrora restritas a outros animais. De uma
mente, poderosa ferramenta que curiosamen-
forma provocatória, podemos questionar-nos
te nos foi facultada pela biologia, começamos
de como é possível que o Homem, através da
a alterar a natureza e até o nosso “eu” bioló-
notável ferramenta biológica que lhe confere
gico, de formas nunca antes vistas na biosfera
inteligência, esteja a interferir e a destruir não
em que evoluímos. Curiosamente, e de forma
só o curso natural desta mesma biologia que
RES HUMANOS, GRAÇAS A
intrigante, nós, seres biológicos, através da
lhe concedeu a mente, como de tudo o que o
EVIDENTES AVANÇOS CIEN-
ciência biomédica, trabalhamos arduamente
rodeia? A degradação do planeta, a poluição
TÍFICOS, TÊM VINDO A ESCA-
para contrariar o sentido biológico da vida
descontrolada, a extinção de espécies e a fe-
PAR À ÁRDUA REALIDADE DA
humana, que é a morte. O Homem, não mais
roz alteração dos nossos hábitos alimentares,
SELEÇÃO NATURAL.
sujeito à morte primitiva, precoce e ríspida
são obras exemplares da mente humana. Ou-
que a natureza reserva para os fracos ou desa-
tros poderão interrogar se tudo isto não fará
justados, vê a sua longevidade largamente au-
parte integrante de um programa “natural”
mentada para além da idade reprodutiva, mas
de evolução, o qual conhecerá inexoravelmen-
a acumula defeitos genéticos que em tempos
te um fim e um novo princípio?
”
atrás teriam sido simplesmente rejeitados pela natureza. Neste novo século, a terapia
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 49
Ao contrário da natureza reprodutiva com
somático — não terá mais nenhuma utilidade
“O SEXO E A MORTE SÃO
que fomos evoluindo ao longo de milhões de
e será destruído. Para parafrasear uma velha
POR ISSO ARQUITETOS DE
anos, a nossa mente tendencialmente con-
visão biológica, um ser humano é apenas a for-
UMA COMPLEXA E FASCI-
sidera o nosso corpo como algo mais do que
ma de uma célula germinativa produzir outra
NANTE OBRA DA NATUREZA,
um veículo elegante para promover e transmi-
célula germinativa - como acontece na barata;
A QUE CHAMAMOS VIDA.
tir o ADN - e temos sido relutantes em deixar
como acontece no repolho. Esta não é uma
que a reprodução seja, como é para todas as
forma muito agradável de nos explicarmos a
outras criaturas vivas, o nosso único imperati-
nós mesmos. A verdade é que as células somá-
vo, o nosso único impacto sobre o mundo em
ticas morrerão no fim de cada geração, quer
que vivemos. Tornámo-nos criaturas racionais
sejam parte da asa de um inseto ou de um cé-
que pensam em muito mais do que no ADN.
rebro humano. Podemos vir eventualmente a
Quando tentamos pensar no universo e sobre
entender a morte, mas não podemos mudar
o nosso lugar nele, quando pensamos no que
este facto simples e singular: num conceito
nos define como seres humanos, ou na vida e
holístico, não importa nem um pouco que
na morte, talvez devêssemos reter um certo
algumas células somáticas contenham tudo
ceticismo relativamente às nossas conclu-
aquilo que mais estimamos em nós mesmos;
sões. Devemos lembrar-nos de que quaisquer
a nossa capacidade de refletir, de sentir — de
que sejam as ideias que possamos sustentar
escrever e ler estas palavras.
”
sobre a importância do cérebro como mente, estas ideias tiveram origem na mente como
Tal como escreveu William Clark, na sua mag-
cérebro. É uma ideia simples, mas felizmente
nífica obra “Sex & the Origins of Death”, a qual
a mente humana não é o poder que impele a
suportou grande parte desta compilação de
vida. Não é reducionista, mas sim desmisti-
conceitos, pensamentos e exortações, “…
ficante para muitos; a mente, a inteligência
em relação ao processo básico da vida, que é
para pensar, sorrir, chorar e amar é fruto de
a transmissão de ADN de uma geração à se-
uma brilhante máquina biológica, movida a
guinte, tudo isso não passa de som e fúria, o
genes. Quer gostemos ou não, a mente como
que certamente significa muito pouco e muito
cérebro é determinantemente impelida pelo
possivelmente não quer dizer nada”.
ADN, esta estranha molécula que por sua vez é também impelida - de certa forma desespe-
A morte pode não ser necessária para a vida,
radamente — a reproduzir-se.
mas a morte programada é aparentemente essencial para que a vantagem biológica do
Como é pretensão da natureza, quando com-
sexo, como forma de reprodução, se realize
pletarmos o processo de morte, cada célula
em pleno. O sexo e a morte são por isso arqui-
do nosso corpo estará morta. Se tivermos
tetos de uma complexa e fascinante obra da
cumprido a nossa parte do acordo com a natu-
natureza, a que chamamos Vida.
reza, teremos transmitido o nosso ADN, acondicionado nas nossas células germinativas, à
Nota 1. Referências de Imagens:
geração seguinte, à nossa descendência. Este
Salvo origem particular indicada,
ADN estará assim sempre presente, “imortal”
as imagens são adaptadas de Bruce
ao longo de gerações, perpetuando-se nos
Alberts, Alexander Johnson, Martin
séculos através dos nossos filhos; tudo isto
Raff et al., Molecular biology of the
graças a um magnífico e singular mecanismo
cell. 4th edition, New York, Garland
da natureza, que usou o sexo como forma de
© André Albergaria
reprodução. Em relação ao ADN de todas as
Professor Afiliado da Faculdade de
outras células do nosso corpo — o nosso ADN
Medicina da Universidade do Porto
Science, 2002. Nota 2. Este texto foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.
50 | BIOLOGIA & SOCIEDADE
ILUSTRAÇÃO CIENTÍFICA A DIVERSIDADE DO PRETO E BRANCO (3ª PARTE) - MANCHAR O DESENHO
“A TERCEIRA TÉCNICA, AQUI APRESENTADA, IMPLICA UM
Os desenhos de linha e ponto que foram ex-
O modelo escolhido é um dos mais deliciosos
plorados nos anteriores artigos conseguem
crustáceos que possamos degustar — a la-
traduzir e simular volumes e até texturas/or-
gosta. Podemos criar o nosso desenho preli-
namentação, para alem da simples contorno
minar, a lápis de grafite, com base em várias
e silhueta. Como vimos transformar imagens
fotografias ou recorrendo a um
contínuas em abordagens gráficas expressi-
congelado (do qual depois teremos apenas
vas à base de linhas/pontos (descontinuar e
que reconstruir as antena) à venda em qual-
codificar mapas de texturas tonais) através de
quer hipermercado. Depois de descongelado
hardware/software — sem que esta exiba um
e tendo como base de suporte uma placa de
aspecto artificial e mecanizado, evitando pa-
esferovite, criamos a pose e colocamos as
drões visuais repetitivos e desagradáveis à vis-
patas na posição requerida recorrendo a alfi-
ta, continua a ser um dos grandes desafios que
netes de costura para imobilizar os apêndices
se colocam aos informáticos e matemáticos.
locomotores na postura desejada (a rigidez
COMPROMISSO … É POIS
exemplar
dos artículos ajuda a esta tarefa). Findo o tra-
UMA TÉCNICA HÍBRIDA, NO
A terceira técnica, aqui apresentada, implica
balho, criados os estudos preliminares, tiradas
CONCEITO E NA FORMA.
um compromisso entre o desenho de ponto e
as fotografias para referencia futura, panela
o de linha (tom descontínuo), isolados na sua
com ela, especiarias e picante a gosto, alguns
especificidade ou então aplicadas em conjun-
convivas e toca a festejar, pois á que alimentar
to e num mesmo plano/área, bem como tam-
o espírito e o corpo — e ilustrar é um pouco
bém o uso de manchas tonais (tom contínuo),
disto tudo.
”
sólidas ou em transparência, planas ou em gradiente — algo que em tinta-da-china, tem o nome de aguada. É pois uma técnica híbrida, no conceito e na forma.
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 51
:1
:2
DESENHO DE LINHA VARIÁVEL E MANCHA
elipse ao plano, simulando os pincéis mais
Para criar um ficheiro novo e gerir parâmetros dos
ou menos truncados em cunha).
pincéis digitais, seguir as indicações fornecidas nos
2. O anexar de um sombra simples (da es-
dois números anteriores.
querda para a direita) cria automaticamente o efeito de tridimensionalidade, projectan-
Depois de digitalizado o desenho preliminar
do um volume sobre um plano (seleccionar
que queremos arte-finalizar, vamos criar
espaço negativo externo à linha de contor-
uma nova layer para o “tintar” das linhas de
no desenho com magic hand tool; inverter
contorno e a ornamentação. Se alterarmos
— option+cmd+i ou menu>select>inverse e
os parâmetros que controlam o pincel digi-
gravar select>save selection como “lagosta”;
tal podemos ainda criar ilustrações a traço li-
criar uma camada nova — layer>new deno-
vre e que dantes estavam restritas ao domí-
minada “sombra”; despejar um balde de cin-
nio do aparo metálico (surgido no séc. XVIII
zento — paint bucket tool a 100% de opaci-
para aplicar a tinta da china e substituir as
dade; ajustar patas e resto do corpo através
penas das aves afiladas em quilha). De facto,
de distorção ortogonal e não-ortogonal, isto
esta ferramenta gráfica de grande versatili-
é, free transform ou warp; clarear as zonas
dade permitia executar traços expressivos e
mais iluminadas com dodge tool>range mi-
secos (sem nuances de tonalidades, como as
dtones, e escurecer as zonas mais profundas
produzidas pelos pincéis finos), com espes-
com burn tool, no mesmo modo).
:3
suras diferenciais numa mesma linha e que mantinha a regularidade do seu contorno
3-4.Embora as linhas internas da ornamen-
— vamos pois ensaiar esta nova abordagem
tação já criem a ilusão de volumetria, esta
gráfica percorrendo, por sobreposição, os
pode acentuar-se com o padrão de colora-
traços inicialmente criados em grafite.
ção e recorrendo a manchas apagadas de
:4
modo diferencial e interagindo opticamen-
1: 2: 3: 4:
1. Para obter o efeito simples de um aparo,
te com a linha e/ou entre si. Para se obter
Lagosta-castanha (Palinurus elephas)
além de se ter que recorrer a uma mesa
um resultado rápido basta criar uma nova
digital sensível à pressão, basta alterar o
layer (modo multiply), activar a selecção
controlo do Size jitter (Brushes palette),
previamente guardada (menu selection >
mantendo-o a 0%, mas recorrendo ao modo
load selection> channel “lagosta”), despejar
pen pressure. É ainda possível refinar o afilar
um balde de tinta de 20% grey com opacity a
do traço, caso este tenha uma direcção pre-
100% e com recurso à borracha (mode>brush,
ferencial e repetitiva (traços distanciados
opacity/flow a 100%) apagar áreas ao longo
e paralelos, como os da cauda), clicando e
de todo o corpo. Criar de seguida uma se-
activando o “Brush tip shape” e modifican-
gunda layer (também em multiply), activar a
do o ângulo (angle; 20° se o traço corre na
selecção “lagosta” e pintar sem medo áre-
diagonal, de cima para baixo e da esquerda
as interiores com recurso ao pincel e com a
para a direita; este ângulo pode ser inferido
mesma tonalidade de cinzento. O resultado
© Fernando Correia
clicando em cima do círculo e movendo-o
final simula as ilustrações criadas em traço
Biólogo e Ilustrador Científico
para a orientação desejada) e o maior ou
de tinta-da-china e arte-finalizadas na técni-
Universidade de Aveiro
menor achatamento da ponta (roundness;
ca de aguada.
fjorgescorreia@sapo.pt
80% já promove uma ponta que oferece uma
www.efecorreia-artstudio.com
52 | BIOLOGIA & SOCIEDADE
PARCEIROS INTERNACIONAIS DEIXAR PEGADAS: DESCOBRIR O POTENCIAL CRESCENTE DO COMPORTAMENTO ANIMAL Por Christine Buske, Wilko Dijksma & André Kraaijkamp Tradução por José Matos Pode ser difícil acreditar que haja algo em co-
sobre comportamento por razões éticas; na
mum entre a observação de um peixe zebra a
maioria dos casos um animal não é sacrifica-
movimentar-se para a frente e para trás num
do no final de um estudo. Todavia, um aspecto
aquário, de um rato a lamber-se, e de moscas
que se crê ser responsável pelo aumento da
da fruta a agregarem-se num grupo. Cada
investigação em comportamento é o desen-
um destes comportamentos pode fornecer-
volvimento de ferramentas sofisticadas que
nos pistas incríveis sobre os efeitos de novos
ajudam os investigadores a registar e analisar
fármacos, e ajudar-nos a entender estados
resultados comportamentais muito finos.
psiquiátricos tais como distúrbio obsessivo-
compulsivo, ansiedade e depressão crónicas,
No início da investigação comportamental, o
entre muitos outros.
observador observaria o animal e iria registar manualmente o comportamento observado.
A distância entre o comportamento e a função
Dependendo do estudo, isto pode também
cerebral não é necessariamente muito gran-
significar registar a duração de um compor-
de; os distúrbios psiquiátricos nos humanos
tamento particular com um cronómetro. As
possuem uma componente comportamental
máquinas de filmar tornaram-se menos dis-
e os fármacos para os tratar são seguramen-
pendiosas, o registo das experiências tronou-
te concebidos de modo a provocar um efeito
se mais amplo, permitindo rever a sessão para
comportamental.
observações mais rigorosas. As limitações
deste modo intensivo e muito trabalhoso de
AS FERRAMENTAS QUE PERMITEM O DE-
medir o comportamento, e os resultados po-
SENVOLVIMENTO DA INVESTIGAÇÃO DO
sitivos de trabalhos experimentais anteriores
COMPORTAMENTO
na área do comportamento tornaram óbvia
Observar o comportamento não é algo par-
a necessidade de ferramentas que fossem
ticularmente novo na investigação. Embora
mais sofisticadas e que reduzissem o erro
tenha sido utilizado de uma forma mais exclu-
experimental.
sivamente ligada a estudos ecológicos, mais
recentemente foram-se formando novas dis-
À medida que foram desenvolvidos sistemas
ciplinas com base neste conceito, como por
de registo automatizados, a investigação na
SENVOLVIDOS SISTEMAS DE
exemplo as neurociências comportamentais.
área do comportamento passou a ser realiza-
REGISTO AUTOMATIZADOS,
À medida que o estudo do comportamento
da de forma mais rápida e rigorosa. Para além
A INVESTIGAÇÃO NA ÁREA
cresce exponencialmente, é impossível não
da redução do erro experimental, o sistema
DO COMPORTAMENTO PAS-
considerar as razões pelas quais se observa
de registo automatizado também abriu por-
SOU A SER REALIZADA DE
esta onda. Seguramente, à medida que au-
tas para a utilização do comportamento em
FORMA MAIS RÁPIDA E RI-
menta o nosso conhecimento sobre a liga-
planos de rastreio de produção elevada. Em-
GOROSA.
ção entre os genes e o comportamento, e os
bora o registo automatizado possa capturar
resultados comportamentais dos fármacos,
uma enorme multiplicidade de dados, alguns
esperamos observar mais estudos comporta-
comportamentos complexos (por exemplo
mentais. Alguns podem favorecer os estudos
saltar e raspar o fundo no caso dos peixes
“À MEDIDA QUE FORAM DE-
”
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 53
zebra) necessitam de ser identificados por
têm sido um modelo clássico em ciências do
“UM DOS PRIMEIROS PAS-
observador humano. Embora o investigador
comportamento e, sendo a sua fisiologia se-
SOS NECESSÁRIOS NA DES-
identifique o comportamento, uma ferra-
melhante à dos humanos demonstraram ser
COBERTA
menta como “The Observer XT” disponibiliza
um excelente modelo para o estudo de ór-
FÁRMACO É O TESTE EM ANI-
uma plataforma para registar mais rapida-
gãos, função cerebral ou questões psicoló-
MAIS.
mente e de forma mais rigorosa os resultados
gicas como o comportamento maternal. Por
comportamentais.
outro lado, as moscas da fruta são pequenas
e pouco dispendiosas, e podem ser utiliza-
OS MELHORES MODELOS EM INVESTIGAÇÃO
das para estudar processos microscópicos
COMPORTAMENTAL
ao nível celular. Os peixes zebra parecem um
O comportamento pode ser observado como
meio feliz, proporcionando os benefícios de
um atalho para o cérebro; a compreensão
um sistema vertebrado, como os murganhos
do comportamento fornece pistas para a
e os ratos, enquanto o seu tamanho pequeno
funcionamento a as disfunções do cérebro.
e baixo custo os tornam mais adequados para
Isto estende-se desde o rastreio para novos
estudos com elevado número de observações
compostos farmacêuticos até à expansão do
e registos. O custo e a logística que podem es-
nosso conhecimento de condições psiquiátri-
tar envolvidos num estudo de elevado núme-
cas. Um dos primeiros passos necessários na
ro de registos com um roedor são proibitivos e
descoberta de um novo fármaco é o teste em
por isso ele é apenas realizado por um número
animais.
restrito de consórcios de grande dimensão.
DE
UM
NOVO
”
Estão a ser utilizados vários modelos animais
ZEBRAFISH
em estudos comportamentais, desde a mosca
Quando se trata de analisar um número ele-
da fruta até murganhos e ratos, ou mesmo o
vado de indivíduos num paradigma compor-
peixe zebra. Não existe um modelo que seja
tamental, uma das melhores opções é o peixe
perfeito para todos os estudos e a escolha do
zebra. Para além de ser um organismo modelo
modelo comportamental depende muito dos
bem suportado por um vasto conhecimento
parâmetros da investigação que se deseja re-
sobre a sua genética e reportório comporta-
alizar. Por exemplo, os ratos e os murganhos
mental, foram desenvolvidas algumas ferra-
“QUANDO
SE TRATA DE
ANALISAR
UM
NÚMERO
ELEVADO DE INDIVÍDUOS NUM PARADIGMA COMPORTAMENTAL, UMA DAS MELHORES OPÇÕES É O PEIXE ZEBRA.
”
54 | BIOLOGIA & SOCIEDADE
| Parceiros Internacionais
animais comparáveis aos efeitos esperados nos humanos. Analisar um murganho ou um peixe zebra com uma ferramenta disponível comercialmente como o EthoVision XT dá ao investigador um conjunto de dados incrivelmente rico sobre o comportamento do animal. Os movimentos do animal são registados com exactidão, fornecendo informação como a distância percorrida, velocidade, ângulo de curva, e localização, entre outros parâmetros. Imagine expor um animal a um composto que se suspeita diminuir a ansiedade, e depois apresentar a esse animal um estímulo que seja considerado stressante. A obtenção de informação sobre a localização do animal num campo aberto irá dizer-nos algo sobre o comportamento tigmotáctico, enquanto a velocidade pode fornecer dados sobre a hiperactividade e mesmo a depressão. Um registo segundo a segundo da localização do indiví-
“OS
mentas muito especializadas para este peque-
duo abre a porta para qualquer tipo de análise
no peixe. DanioVision é apenas um exemplo
comportamental que se possa imaginar. Um
destas ferramentas. É um sistema concebido
observador humano pode ser capaz de dizer
para a análise em grande escala de larvas de
qual é a diferença entre um murganho que
peixe zebra (Danio rerio) em placas de multi-
gasta mais tempo no centro de um espaço
poços. Imagine uma placa com 96 poços, cada
aberto em comparação com um que fica junto
um contendo um pequeno peixe zebra, que
às paredes, mas o investigador nunca será ca-
é observado durante uma hora enquanto os
paz de dizer com tosa a certeza que um animal
peixes são expostos a um composto farma-
está a gastar uma maior quantidade de tempo
cêutico potencialmente novo. Um laboratório
estatisticamente significativa na zona exac-
COMPOSTOS FARMA-
de dimensão média, utilizando apenas um sis-
tamente 5-10% externa de uma arena. Obter
CÊUTICOS UTILIZADOS PARA
tema DanioVision pode processar facilmente
dados sobre a localização pode revelar estas,
TRATAR
DISTÚRBIOS
EM
até quase 1000 indivíduos por dia. Dado que
e outras diferenças comportamentais subtis
APRESENTAM
podem ser rastreados milhares de compostos
entre os indivíduos testados.
RESPOSTAS EM ESTUDOS
para descobrir eventualmente um novo fár-
ANIMAIS COMPARÁVEIS AOS
maco levando-o até ao mercado, isto abre a
MURGANHO – IMAGEM DE PHENOTYPER
EFEITOS ESPERADOS NOS
porta para o rastreio acelerado até um grau
Com as ferramentas disponíveis hoje em dia,
HUMANOS.
nunca imaginado.
os estudos de comportamento podem ser
HUMANOS
”
realizados a partir da gaiola (por exemplo IMAGEM ETHOVISION Mesmo
comportamentos
utilizando PhenoTyper), estudando o comaparentemen-
portamento sem qualquer intervenção huma-
te simples, como a velocidade e a distância
na, ou de uma pequeníssima placa de multi-
percorrida, pode fornecer pistas sobre a an-
poços utilizando DanioVision. A investigação
siedade e a depressão. Os compostos farma-
em comportamento vai muito para além do
cêuticos utilizados para tratar distúrbios em
rastreio farmacêutico. Os estudos que envol-
humanos apresentam respostas em estudos
vem o comportamento ajudam a aumentar a
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 55
nossa compreensão sobre o controlo motor,
características comportamentais em estados
“PODE
o processo de aprendizagem, o autismo, os
psiquiátricos. O conhecimento das limitações
QUE CERTAS CARACTERÍS-
processos de habituação e desmame, distúr-
de um modelo animal cria a oportunidade
TICAS COGNITIVAS E COM-
bio de déficite de atenção e hiperactividade, e
para desenvolver novos testes de comporta-
PORTAMENTAIS HUMANAS
mesmo da dor em estados cancerígenos, para
mento para avaliar pelo menos algumas delas.
NÃO PODEM SER TOTAL-
designar apenas alguns.
A única forma de limitar as limitações de estu-
MENTE REPRODUZIDAS EM
dos comportamentais em animais é expandir
ANIMAIS(...)
Pode argumentar-se que certas característi-
ainda mais o presente repertório. Assim, da
cas cognitivas e comportamentais humanas
próxima vez que vir um peixe a nadar ou um
não podem ser totalmente reproduzidas em
rato a lamber-se, considere olhar uma segun-
animais, o que complica a tradução de sinto-
da vez e ver o que é que o seu comportamento
mas humanos nos testes animais. Os paradig-
pode realmente estar a dizer-lhe.
mas animais frequentemente não significam reproduzir distúrbios humanos complexos com sintomas múltiplos e alternativamente focar em características comportamentais mais isoladas ou efeitos de fármacos. Contudo, isto ilustra a necessidade para ainda mais testes de comportamento. À medida que os ensaios de comportamento adicionais vão
Christine Buske, Wilko Dijksma
sendo validados, eles podem ser utilizados
& André Kraaijkamp
para estudar os efeitos do fármaco ou desmembrar os mecanismos por trás de certas
ARGUMENTAR-SE
”
56 | BIOLOGIA & SOCIEDADE
| Parceiros Internacionais
BIBLIOGRAFIA:
Para mais informações
• Barkley, R. (1997). Behavioral inhibition, sustained at-
sobre os nossos produtos e serviços, por favor
tention, and executive functions: Constructing a unifying
contacte o nosso Representante em Espanha e
theory of ADHD Psychological bulletin.
Portugal, André Kraaijkamp:
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Molino Nuevo
age in Zebrafish (Danio rerio) Progress in neuro-psycho-
Apartado 110
pharmacology & biological psychiatry. doi:10.1016/j.
46180 Benaguasil/Valencia
pnpbp.2010.09.003
España
• Calabrese, E. (2008). An assessment of anxiolytic drug
Tel: 0034-962732328
screening tests: hormetic dose responses predominate.
Mobil: 0034-637475155
CRC Critical Reviews in Toxicology.
Fax: 0034-901667153
• Holmes, A. B., Kalvala, S., & Whitworth, D. E. (2010).
Email: info-spain@noldus.com
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BIOLOGIA & SOCIEDADE | 57
VIDAS PROF. FRIAS MARTINS
COM QUE IDADE DECIDIU QUE QUERIA ESTU-
à altura responsável pela ciência e cultura
DAR BIOLOGIA E QUAIS AS CAUSAS DESSA
no Governo Regional, me ofereceram bolsas
ESCOLHA?
para que eu fosse estudar; porém, foi o Bispo
Acho que devo começar por distinguir decisão
de Angra, Aurélio Granada Escudeiro, minha
de desejo, estudo de interesse e causas de cir-
tutela na altura, que chamou a si esse encar-
cunstâncias. O desejo e as circunstâncias do
go e permitiu que, aos 30 anos, eu saísse de
meu interesse pela biologia têm contornos di-
Portugal para iniciar uma formação científica.
fusos e perdem-se na bruma dos tempos. Mas guardo com saudade a convicção de que foi a
FALE-NOS UM POUCO SOBRE O SEU PERCUR-
curiosidade insaciável de meu pai, “aos om-
SO ACADÉMICO E CIENTÍFICO.
bros de quem fui apresentado ao mar” (não
Distingo duas fases no meu percurso aca-
íamos à pesca só para pescar, mas frequente-
démico, embora com frequentes incursões
mente para ver o que por lá havia e, no proces-
mútuas. Entrei para o seminário em 1956, fui
so, inovar toscas metodologias de procura),
ordenado padre em 1969 e até 1976 ensinei
que permitiu que em mim se desenvolvesse o
biologia no Seminário Menor, em Ponta Del-
vírus benéfico da curiosidade. Mas a decisão
gada. Permitindo-me uma desaconselhada vi-
para ir estudar Biologia aconteceu algures em
vissecção, separo aqui percurso académico de
1976 quando José Enes, Reitor do então Insti-
vivência vocacional. A preparação nas chama-
tuto Universitário dos Açores, e independente
das “humanidades” que esta fase do percurso
mas concomitantemente Victor Hugo Forjaz,
me deu, influencia profundamente o modo
58 | BIOLOGIA & SOCIEDADE
“TODA
| Vidas
A MINHA CARREI-
de expressão com que extravaso e partilho a
RA CIENTÍFICA SE DESEN-
realidade científica que investigo. Ao mesmo
VOLVEU NA ÁREA DA MA-
tempo, embora como que em aparente con-
LACOLOGIA – O ESTUDO
trassenso, foi o ensino da biologia que quase
DOS MOLUSCOS -, COM IN-
subrepticiamente marcou a direcção desse
CIDÊNCIA NA ANATOMIA E
percurso humanístico. Entrei para a Universi-
SISTEMÁTICA.
dade de Rhode Island, USA, em 1977, para um
”
mestrado em biologia condicionado à obtenção das competências básicas em ciências que o meu bacharelado em teologia me não conferia. Consegui, porém, avançar directamente para o doutoramento em Ciências Biológicas, que terminei em 1985. Regressei aos Açores, onde fiz o restante percurso, sendo desde 1995 catedrático no Departamento de Biologia desta Universidade. Toda a minha carreira
plantas, não caracóis. Durante uma semana
científica se desenvolveu na área da Malacolo-
observei freneticamente cálices e corolas, an-
gia – o estudo dos moluscos -, com incidência
droceus e gineceus mas, cabisbaixo, regressei
na anatomia e sistemática.
à biblioteca e devolvi o precioso instrumento ao magnânimo dador, com a confissão expres-
QUE MOMENTOS CONSIDERA DECISIVOS NA
sa de que eram os caracóis que me interessa-
SUA FORMAÇÃO PARA TER ESCOLHIDO AS
vam, não as plantas. José Enes, com aquela
SUAS LINHAS DE INVESTIGAÇÃO?
sua semi-gargalhada característica, entrega-
Houve três momentos decisivos, se bem que
me então definitivamente o microscópio liber-
de uma leveza aparentemente aleatória, que
to da exigência botânica. Estava oficialmente
influenciaram as escolhas das minhas linhas de
livre para me dedicar à Malacologia!
investigação.
2. Elobiídeos. Um outro momento decisivo
1. Caracóis. Estava eu entre os 16 e os 17 anos
relaciona-se com a escolha do tema de disser-
quando integrei um grupo que, sob a orien-
tação. Por fins dos anos 60 e inícios dos anos
tação do Padre José Enes, se dispôs a ajudar
70, já não me lembro exactamente porquê,
na catalogação da biblioteca do Seminário de
decidi fazer um estudo da distribuição das 5
Angra. Já antes recolhia conchinhas na areia
espécies de elobiídeos (moluscos pulmonados
da praia e as guardava em colecção rudimen-
que vivem mesmo acima da maré cheia) dos
tar; já antes havia iniciado visitas ao Ten.-Cor.
Açores. Em uma dúzia de transectos totali-
José Agostinho, o guru da ciência nos Açores.
zando 150 metros quadrados de calhau rolado
Na biblioteca, tropecei em dois manuais de
revirei cerca de 20 toneladas de pedra e, em
malacologia franceses do séc. XIX, um achado
esquema artesanal, representei essa distribui-
sublime que, ingenuamente assumi, me iria re-
ção no que foi a minha primeira apresentação
solver todos os problemas de identificação de
em congresso científico da American Malaco-
conchas. José Enes, atento às minhas leituras,
logical Union, 1974. Quando em 1977 me foi
comentou o tema com José Agostinho, que
perguntado que tema escolheria para disser-
o aconselhou a desviar-me para a botânica,
tação de doutoramento, agarrei-me à única
pois tínhamos muito mais informação sobre
informação mais ou menos científica de que
plantas do que sobre caracóis. José Enes, em
dispunha: os elobiídeos. Fiz a tese, continuei a
ar de declarado suborno, ofereceu-me um mi-
investigar, e hoje em dia não se publica traba-
croscópio de bolso com a condição de estudar
lho sobre elobiídeos que não me passe primei-
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 59
ro pelas mãos.
menos pretensamente atentos às minhas
3. Evolução dos moluscos terrestres dos Aço-
histórias. E que melhor audiência senão os
res. Quando regressei aos Açores em 1985,
alunos?
Vasco Garcia, então director do Departamento de Biologia, encarregou-me de indagar como
COMO VÊ HISTÓRIA DA BIOLOGIA DA UNI-
fazer luta biológica contra uma parasitose que
VERSIDADE DOS AÇORES, NOS ÚLTIMOS 30
se havia instalado na região: a fasciolose. Ora,
ANOS?
no ciclo de vida do parasita entra como hos-
Vejo melhor a história dos biólogos, não tan-
pedeiro intermédio um caracol de água doce,
to da Biologia. É certo que a programação da
Lymnaea truncatula, e esse foi julgado o elo
Universidade dos Açores contemplava, desde
mais fraco para um plano de ataque biológi-
o seu início, uma alocação específica da Bio-
co. Em outras paragens utilizavam-se espécies
logia: mar para o Faial, agricultura e pecuária
de caracóis carnívoros da família Oxychilidae
para a Terceira, e o resto (?) para São Miguel.
como controladores biológicos. Acontece, po-
E cada pólo tinha igualmente escalonados os
rém, que nos Açores é precisamente o género
seus temas prioritários de investigação. No
Oxychilus que tem mais espécies endémicas,
entanto, tais planos referiam-se a investiga-
pelo que melhor seria utilizar a prata da casa
dores maduros, e eu aqui prefiro contemplar
num esquema de luta biológica. A prata tor-
o desabrochar dos novos contratados, den-
nou-se em ouro, pois um estudo aprofundado
tro desse esquema necessariamente solene e
do género veio a mostrar a existência de mais
pomposo. Assim, divirto-me a rever, com sau-
de uma dezena de espécies novas para a ciên-
dade, os tempos em que, jovens e à solta, pro-
cia, actualmente em processo de descrição.
curávamos conhecer o que a rica Natureza dos
“(...)ACHO QUE NECESSITA-
Açores escondia. Maravilhávamo-nos com as
REI SEMPRE DE OUVIDOS AO
SE FOSSE OBRIGADO A OPTAR ENTRE A FUN-
frequentes descobertas para logo de seguida
MENOS
ÇÃO DE DOCENTE E A DE INVESTIGADOR, TE-
nos interrogarmos sobre a nossa ignorância e
ATENTOS ÀS MINHAS HISTÓ-
RIA FACILIDADE EM FAZER ESSA OPÇÃO?
o perigo de optimismo exagerado. À maneira
RIAS. E QUE MELHOR AUDI-
Um docente universitário não poderá sê-lo ca-
que o corpo investigador/docente da Universi-
ÊNCIA SENÃO OS ALUNOS?
balmente se não for investigador. Assim, por-
dade foi amadurecendo, foram-se identifican-
que gosto muito de investigação e não consi-
do no mundo real aqueles problemas previs-
go guardar segredo do que vou descobrindo,
tos no papel e foi-se dirigindo a investigação
acho que necessitarei sempre de ouvidos ao
já com os pés assentes na terra, isto é, com
PRETENSAMENTE
”
60 | BIOLOGIA & SOCIEDADE
| Vidas
conhecimento de causa. No Departamento de Biologia sempre tivemos o saudável costume de associar co-orientação externa (estrangeira) para as muitas provas em curso; daqui nasceram equipas internacionais produtivas e o conhecimento assim desenvolvido radicouse na região. É com satisfação e até com uma pontinha de orgulho que contemplo o corpo investigador/docente da Universidade dos Açores, que adquiriu naturalmente a internacionalidade e que é respeitado como parceiro válido em muitas áreas da ciência. A dinâmica de investigação que se percebe nos três pólos (Faial, Terceira, São Miguel) indica claramente a presença de equipas maduras, estudando temas regionais mas libertas do sentimento de paroquialidade, servindo de plataforma internacional para a ciência mas não se reduzindo a albergue de cientistas em trânsito. E, sobretudo, a investigação em Biologia na Universidade dos Açores é, como foi planeado desde o início, um elemento integrante indispensável no desenvolvimento da Região. Nesse sentido, saliento o dinamismo de uma bem sucedida experimentação em parceria: o CIBIO-Açores. SE TIVESSE PODERES ILIMITADOS DE RECURSOS FINANCEIROS E HUMANOS, O QUE MUDAVA NO ENSINO DA BIOLOGIA EM PORTUGAL? Este é um cenário retórico inconsequente e a resposta será por isso irrelevante. Porque não me pergunta “apesar da crise, o que mudava…”? É que a resposta, sendo de facto a mesma, arrisca-se até a ser lida por alguém. Admitindo que o ensino universitário não pode sê-lo realmente sem investigação – o professor universitário tem obrigação de fazer avançar a ciência -, o ensino aí terá a mesma orientação da investigação que se fizer. A investigação fundamental tem sido por vezes imputada, com certo menosprezo, como característica dos círculos universitários. É vista como sinónimo de “investigação irrelevante”, pois não dá resposta satisfatória a quem
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 61
capciosamente (ou ingenuamente) pergunta
30 ANOS?
“(...)
“para que serve?” Eu que o diga; o aforisma
Os alunos entram “às ondas”. Há anos em que
EQUIPAS
popular “não vale um caracol” fala por si…
os temos mais dedicados, outros em que os
PRODUTIVAS E O CONHE-
As verbas são indispensáveis para apetrechar
temos mais distantes. Não compreendo as ra-
CIMENTO
laboratórios, promover trabalhos de campo,
zões de tal padrão. Mas o que interessa não é
VOLVIDO RADICOU-SE NA
financiar visitas de estudo. Mais ainda, a dis-
tanto como vêm no ano em que entram mas
REGIÃO.
ponibilidade financeira para o desenvolvimen-
sim como estão no ano em que saem. De qual-
to de projectos de investigação fundamental
quer modo, não se podem comparar os incen-
é essencial numa Universidade, quaisquer que
tivos e facilidades de hoje com os de há 20 ou
sejam os constrangimentos económicos do
30 anos. Quase toda a informação de que os
momento. Mas atrevo-me a aventar que o que
alunos podem vir a necessitar está à distância
há a incentivar no ensino da biologia, qualquer
de um click. Há 20 ou 30 anos atrás era neces-
que seja o cenário financeiro em que se desen-
sário ler livros de papel, anotar as leituras, sis-
volva, é a dedicação de professores que in-
tematizar as notas, digeri-las e construir um
vestigam e se servem dessa investigação para
texto original. As facilidades de hoje podem
motivar os alunos a assimilar as teorias que
amolecer alunos desprevenidos.
DAQUI
NASCERAM
INTERNACIONAIS ASSIM
DESEN-
”
os hão-de levar para além daquilo que lhes é ministrado.
SE PUDESSE TER TIDO A POSSIBILIDADE DE FALAR COM CHARLES DARWIN, QUANDO
ALGUMA VEZ SE ARREPENDEU DAS OPÇÕES
ESTE REFERIU QUE NÃO HAVIA NADA DE IN-
PROFISSIONAIS QUE TEVE QUE TOMAR AO
TERESSANTE A REGISTAR NOS AÇORES, O
LONGO DA SUA CARREIRA?
QUE LHE TERIA DITO, SABENDO O QUE SABE
A minha vida (mais do que a minha carreira)
HOJE?
tem duas fases as quais, se bem que distintas
Sabendo o que sei hoje não só dos Açores mas
em aspectos fundamentais, não são todavia
do que Charles Darwin ainda não sabia das Ga-
estanques na construção daquilo que sou. En-
lápagos quando em 1836 aportou a estas ilhas
quanto padre, e procurando não descurar as
Açorianas, eu estaria em franca vantagem.
obrigações a tal vocação inerentes, fui sem-
Darwin investigou o porquê e o como dos en-
pre biólogo e fervoroso aprendiz de cientista;
demismos, pois tais respostas lhe trariam luz
para isso contribuiu a condescendência e mes-
para a explicação natural que ele procurava
mo o apoio declarado de meus professores e
para a diversidade visível em todo o lado. Se
colegas. Agora, como cientista, invade-me a
eu tivesse oportunidade de receber Charles
necessidade de responder à minha fé, numa
Darwin, sentar-nos-íamos relaxadamente em
“SE EU TIVESSE OPORTUNI-
progressão contínua de descoberta de um en-
frente a uma caneca de cerveja e discorrería-
DADE DE RECEBER CHARLES
tendimento daquilo que sou, de quem sou e
mos sobre os moluscos terrestres dos Açores.
DARWIN,
da razão por que sou. Mas a transição de uma
De como em 100 espécies metade são endémi-
MOS RELAXADAMENTE EM
fase para a outra foi necessariamente doloro-
cas, e aqui entusiasmar-nos-íamos com a pers-
FRENTE A UMA CANECA DE
sa, fracturante e plena de angústia. Não me
pectiva de descobrir algures a ancestralidade
CERVEJA E DISCORRERÍA-
arrependi; ambas as situações exigem dedi-
comum que as liga. De como, sendo pratica-
MOS SOBRE OS MOLUSCOS
cação sincera, e é por isso que ambas estão
mente todas de origem Europeia, os ventos e
TERRESTRES DOS AÇORES.
totalmente presentes na construção daquilo
as correntes de hoje negam-lhes o transporte
que sou.
a partir da suposta terra-mãe; e aqui discorreríamos em como seria importante indagar
COMO VÊ OS ALUNOS DE BIOLOGIA QUE
como teriam sido as correntes de milhões
HOJE ENTRAM NA UNIVERSIDADE, EM COM-
de anos atrás, quando não havia Panamá ou
PARAÇÃO COM OS QUE ENTRAVAM HÁ 20 OU
ainda mais atrás quando o mar de Tétis corria
SENTAR-NOS-ÍA-
”
62 | BIOLOGIA & SOCIEDADE
| Vidas
do Índico ao Pacífico através de mares préAçorianos. Abordaríamos até a proposta de Eldredge e Gould, que força a teoria darwiniana do processo gradual na evolução para um entendimento dessa evolução a dois tempos, em que diversificação e estase se alternam naquilo que se chamou “equilíbrio pontuado”; e certamente nos divertiríamos na constatação de que afinal os receios de Darwin de que o registo fóssil incompleto minaria a sua teoria eram infundados; e aqui eu explicar-lhe-ia que nos Açores aquela proposta pós-darwiniana podia ser vista ao vivo. Enfim, teria quase a certeza de que pouparíamos a Sua Majestade Inglesa uma pipa de massa, pois Darwin iria escolher ficar-se pelos Açores porque aqui encontraria todos os elementos de que necessitaria para formular a teoria da Evolução. Presunção? Sei lá, obrigaram-me a sonhar… PENSA QUE OS AÇORES SÃO UM LABORATÓRIO VIVO PARA QUEM QUEIRA ESTUDAR EVOLUÇÃO? PORQUÊ? O estudo científico consegue resultados fiáveis porque manipula, controla a experimentação: minimiza as variáveis (por isso isola as experimentações em tubos de ensaio) e afunila as perguntas (isolando os problemas, dissecando-os e selecionando um deles como alvo) de modo a que as respostas sejam inequivocamente dirigidas ao único problema proposto. A posição geográfica dos Açores isola o arquipélago das massas continentais e o oceano que delas o separa oferece explicação privilegiada como meio de transporte para até lá chegar; esse mesmo isolamento contribuiu para que nestas ilhas se preservassem relíquias de um passado que as glaciações destruíram no continente Europeu; a existência de um registo fóssil rico permite uma viagem a esse passado, elucidativa sobre as vicissitudes climatéricas ancestrais; a extensão de ponta a ponta do arquipélago, tanto quanto do Minho ao Algarve, confere-lhe espaçamento interno apreciável para que lá se possa indagar sobre os sentidos de fluência da colonização; a
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 63
distribuição dos grupos de ilhas proporciona
FORMAÇÃO. TEM ESSA NOÇÃO, DO QUANTO
“ESSE
sub-conjuntos distintos que permitem testar
TOCA OS SEUS FORMANDOS?
CONTRIBUIU PARA QUE NES-
pormenores dessas trocas de biota; a existên-
Já ouvi histórias dessas, é certo, e dou-lhes
TAS ILHAS SE PRESERVAS-
cia de ilhas de idades diferentes (de 250 mil
algum crédito porque os meus ex-alunos em
SEM RELÍQUIAS DE UM PAS-
anos a 8 milhões de anos) faculta a individua-
geral ficaram a ser meus amigos. Não faço
SADO QUE AS GLACIAÇÕES
lização dada pelos tubos de ensaio; a própria
nada de especial; apenas falo com entusiasmo
DESTRUÍRAM NO CONTINEN-
história da génese vulcânica de cada ilha con-
da investigação que desenvolvo, misturo isso
TE EUROPEU (...)
fere peculiaridade à interpretação da origem
com algumas piadas estafadas e com anedo-
e evolução do biota nelas existente. Em suma,
tas pessoais que na minha já madura vida fui
os Açores têm todas as características de um
acumulando. Mas são os bons alunos que dão
laboratório, com exemplares antigos ainda
bom nome aos professores…
(...)
ISOLAMENTO
”
vivos, em vários graus de progresso no caminho evolutivo, com várias bancadas de experi-
COMO GOSTARIA DE SER REFERIDO, HOJE,
mentação e tubos de ensaio individualizados.
EM MEIA DÚZIA DE LINHAS, NA WIKIPEDIA?
Aqui, um estudioso dos processos evolutivos
Açoriano estudioso da evolução, contribuiu
sente-se como uma criança mimada à solta
para o conhecimento dos processos que le-
numa loja de brinquedos.
vam à formação das espécies através do estudo dos moluscos terrestres dos Açores;
O QUE LHE FALTA FAZER NA SUA CARREIRA?
descreveu mais de 30 espécies endémicas e
Atendendo a que considero a minha carreira
demonstrou que o arquipélago dos Açores é
como parte integrante da minha vida e, por
um autêntico laboratório vivo onde se podem
isso, com fim em aberto, ainda me falta fazer
estudar os processos evolutivos e os meca-
tudo o que tenho para fazer e aquilo que irei
nismos que os tornam possíveis. Presunção e
descobrindo durante o percurso. O que tenho
água benta…
para fazer: desvendar os caminhos da evolução sobretudo nos moluscos terrestres dos
O QUE RESPONDE A UM JOVEM DE 17 ANOS
Açores; com parte desses resultados publicar
QUE QUER ESTUDAR BIOLOGIA E LHE PEDE
um livro acessível a todos de modo a desper-
UM CONSELHO SOBRE A MELHOR FORMA DE
tar a curiosidade das pessoas; com esta acti-
O FAZER?
vidade contribuir para a promoção intelectual
Seja proficiente em Inglês, domine a estatísti-
das pessoas e para nelas despertar o interesse
ca e mergulhe de cabeça em biologia molecu-
pela natureza e o respeito para com a vida. O
lar. Mas nunca perca de vista os bichos: como
que irei descobrindo durante o percurso: este
são, onde vivem e como vivem. Assim poderá
é o segredo da investigação, pois a cada curva
aprender neles, entusiasmar-se com eles, gos-
no caminho novos cenários se nos deparam,
tar deles e, caso seja necessário, respeitosa-
rejuvenescendo-se deste modo a ciência e os
mente usá-los.
que a fazem. Mas disso vos irei dando conta à medida em que for acontecendo.
“ESTE É O SEGREDO DA IN-
(texto intencionalmente em desacordo com o acordo
VESTIGAÇÃO, POIS A CADA
ortográfico)
CURVA NO CAMINHO NOVOS
COMO PROFESSOR, TOCOU DE FORMA MAR-
CENÁRIOS SE NOS DEPA-
CANTE UM NÚMERO INFINDÁVEL DE ALU-
RAM, REJUVENESCENDO-SE
NOS, QUE HOJE SÃO BIÓLOGOS, JORNALIS-
DESTE MODO A CIÊNCIA E OS
TAS OU EXERCEM QUALQUER OUTRO TIPO
QUE A FAZEM.
DE PROFISSÃO, MAS QUE NUNCA ESQUECERAM O QUANTO GOSTARAM DAS SUAS AULAS E O QUANTO BENEFICIARAM DA SUA
”
64 | BIOLOGIA & SOCIEDADE
AR LIVRE - ILHA SÃO MIGUEL
ILHA DE SÃO MIGUEL E de novo, os Açores – os incontornáveis Aço-
ra, Algarve, Alto Alentejo e até estrangeiros
res. Não querendo tornar-me repetitiva, mas
oriundos da França, cuja presença é facilmen-
já tornando, com a certeza de que os leitores
te comprovada pela designação dada a uma
se incomodarão tanto quanto eu com esta mi-
das suas freguesias, Bretanha. Actualmente
nha tendência para realçar o que temos de úni-
divide-se nos seguintes concelhos: É compos-
co no nosso País, falemos agora de S. Miguel.
ta pelos concelhos: Lagoa, Nordeste, Ponta
Terra de poetas maiores como Antero de
Delgada, Vila da Povoação, Ribeira Grande e
Quental ou Natália Correia - a quem se deve
Vila Franca do Campo.
o hino da Região Autónoma - este pedaço de terra, que teimou em nascer no meio do Atlân-
Dos seus ex libris já todos ouvimos falar, desde
tico, corresponde à maior das nove ilhas do ar-
as grandes crateras das Sete Cidades, Fogo e
quipélago dos Açores, sendo a partir dela que
Furnas, à não menos emblemática cidade de
se organiza o poder administrativo actual.
Ponta Delgada, mas como é que tudo se une para formar o mais perfeito local para quem
Sete Cidades
S. Miguel já quase que dispensa apresenta-
quer unir cultura, património, natureza e uma
ções, mas ainda assim há coisas que merecem
enorme monumentalidade, velada pelos ne-
ser reditas. Começou por ser ocupado ape-
voeiros açorianos, numa só viagem? É simples
nas para maneio de gado a mando do Infante
– Áreas Protegidas e Geoparque! São estes os
D. Henrique, mas depressa foi povoado por
nosso guias.
colonos portugueses vindos da Estremadu-
BIOLOGIA & SOCIEDADE | 65
As diversas Áreas Protegidas de São Miguel formam, em conjunto, o Parque Natural de São Miguel, criado pelo D.L.R 19/2008/A, de 8 de Julho, e que é parte integrante da Rede Regional de Áreas Protegidas da Região Autónoma dos Açores. Dele fazem então parte: duas Reservas Naturais – Lagoa do Fogo e Pico da Vara; oito Áreas Protegidas para a Gestão de Habitats ou Espécies (Categoria IV, IUCN) - Ponta da Bretanha, Ponta do Escalvado Ferraria, Feteiras, Ponta
Sete Cidades
do Cintrão, Serra de Água de Pau, Ilhéu de Vila Franca do Campo e Lagoa do Congro; duas Áreas de Paisagem Protegida – Sete Cidades e Furnas; e cinco Áreas Protegidas de Gestão de Recursos (Categoria VI, IUCN) de cariz marinho - Caloura – Ilhéu de Vila Franca do Campo, Costa Este, Ponta do Cintrão – Ponta da Maia, Porto das Capelas – Ponta das Calhetas e Ponta da Ferraria – Ponta da Bretanha; e por fim, três Monumentos Naturais (Categoria III, IUCN) - Caldeira Velha, Gruta do Carvão, Pico das Camarinhas – Ponta da Ferraria. Lagoa de Santiago
Claro está que grande parte destes locais de interesse natural, estão igualmente classifica-
Comunitária da Lagoa do Fogo e da Caloura/
dos como geossítios do Geoparque dos Aço-
Ponta da Galera e ainda a Zona de Protecção
res, o que significa que a riqueza na sua inter-
Especial do Pico da Vara/ Ribeira do Guilher-
pretação é a dobrar, surgindo-nos ao longo do
me, habitat do tão especial Priôlo, enquanto
caminho numa mistura de relevância cénica,
ave endémica, que mais perigo de extinção
ecológica e geológica.
enfrenta em toda a Europa.
Os geossítios decritos para a ilha de S. Miguel
À falta de espaço nesta rubrica e porque se me
são: a Caldeira do Vulcão das Furnas, a Caldei-
deixassem eu conseguia falar sobre os Açores
ra do Vulcão das Sete Cidades, a Caldeira do
até ficar sem voz, ou sem dedos neste caso,
Vulcão do Fogo, a Caldeira Velha, a Gruta do
vou salientar os valores naturais que mais clas-
Carvão, o Ilhéu de Vila Franca, as Lagoas do
sificações reúnem.
Congro e dos Nenúfares, a Ponta da Ferraria e Pico das Camarinhas, a Serra Devassa e o Vale
A Lagoa do Fogo é mágica. Adora jogar às
da Ribeira do faial da Terra e Fajã do Calhau.
escondidas, mas quando se mostra é deslum-
Notam as semelhanças?
brante de todos os ângulos. É longe do mar? É, mas é nas margens abrigadas da lagoa que
A todas elas convém ainda acrescentar as áre-
nidificam espécies como o garajau-comum
as classificadas como Rede Natura 2000, des-
(Sterna hirundo) e gaivota-de-patas-amarelas
ta feita ‘apenas’ três: os Sítios de Importância
(Larus michahellis atlantis).
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| Ar Livre
Daqui saltamos para o Pico da Vara, que inclui o ponto mais alto da ilha e no qual são de destacar a presença de prados dominados por Deschampsia sp. nos topos das montanhas e da Floresta Laurissilva constituída por Erica azorica (Urze), Vaccinium cylindraceum (Uva-da-Serra), Juniperus brevifolia (Cedro-doMato) e Laurus azorica (Louro), santuário do já referido Priôlo. Monumento natural incontornável é a Caldeira Velha que nasce de uma importante falha do Complexo Vulcânico do Fogo. Corresponde Furnas
portanto a uma zona de vulcanismo secundário onde sobressai um campo fumarólico, associado a um sistema de nascentes termais que caem em cascata numa pequena lagoa de águas quentes e alaranjadas cujo presença em ferro não deve desencorajar ao banho. A costa é toda ela de uma beleza única, coroada pelos nasceres do Sol na Ponta da Madrugada, a Este, e daí é obrigatória a visita às plantações de chá Gorreana, únicas na Europa e perfeitas para retemperar forças. Com mais ou menos passeios pedestres, ao
Lagoa do Fogo
longo dos onze trilhos pedestres da ilha, é óbvio que as Sete Cidades são ponto de paragem incontornável. Sejam as lagoas azuis ou verdes, a crater principal e as pequenas lagoas adjacentes são dignas de visita, para além de igualmente ricas em endemismos dos quais se destacam, na flora, o Juniperus brevifolia, a Angelica lignescens, e a Lactuca watsoniana e na avifauna o Turdus merula azorica e a Regulus regulus azoricus. Regresse a Ponta Delgada. Admire as Portas do Sol e passeie-se pelas ruas de pedras negras. Agora descanse... amanhã será um novo dia.
Mosteiros
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Chá Gorreana
Sara Duarte
Ficha Técnica S. Miguel Localização: Açores Coordenadas de GPS: 37°44’N, 25°41’W A não perder: geossítios, áreas protegidas, espécies endémicas, chá gorreana, Ponta Delgada Parque Terra Nostra - Furnas
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AGENDA Formadoras: Carla Borges - Mestre em Biotecnologia Ana Cláudia Sousa - Engª Biotecnóloga Ação de Formação acreditada para os Docentes dos Grupos Disciplinares 230, 510, 520 e 560 Ação de Formação 25 horas - 1.0 U.C
Ciências Forenses Um crime na escola Ação de Formação
FICHA DE INSCRIÇÃO ONLINE Clique no link constante na imagem ou caso tenha dificuldades em visualizar ou submeter o formulário, pode preenchê-lo online: https://docs.google.com/ spreadsheet/viewform? fromEmail=true&formkey=dFMyTjJ 3Tjd5bThBbTZxNGxhbjI0NGc6MA Informações: 220 169 962 E-mail: cfobio@gmail.com
Esta formação, têm como objetivo permitir aos professores alargar os seus conhecimentos em Biologia Molecular, na área das ciências forenses. A formação será composta por aulas teóricas e por uma forte componente prática, que permitirá a realização de experiências que podem ser reproduzidas em ambiente sala de aula.
PREÇOS: Membros Ordem dos Biólogos - 100€ Público em geral - 120€
Objectivos a atingir : * Aplicação de técnicas de Biologia Molecular na área das ciências forenses; * Realização de experiências que podem ser reproduzidas em ambiente sala de aula; * Análise de resultados.
Local de Realização:
Centro de Formação Almadaforma Escola Secundária Monte da Caparica
Conteúdos da acção:
Cronograma
Aulas teóricas:
* Conceitos básicos utilizados em ciências forenses; * Técnicas utilizadas em Biologia Molecular: extração de *ADN, electroforese, amplificação de ADN; * Recolha e preservação de amostras; * Natureza dos vestígios biológicos; * Cadeia de custódia; * Utilização de marcadores moleculares em ciências forenses; * Study cases.
Aulas práticas:
* Simulação de um local de crime; * Visualização de vários tipos de amostras biológicas para extração de ADN; * Armazenamento de várias amostras biológicas; * Cuidados a ter com o manuseamento das amostras ao longo de todo o processo; * Extração de ADN; * Utilização do Kit BioGénius: electroforese; * Preparação das várias reações para amplificação do ADN.
01.mar.2013 - 18.30h às 23.00h 02.mar.2013 - 9.00h às 18.30h 08.mar.2013 - 18.30h às 23.00h 09.mar.2013 - 9.00h às 18.30h
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Ação de Formação 32 horas - 1.3 U.C Ação de Formação acreditada para efeitos de progressão na carreira docente para todos os Grupos ao abrigo disposto no artº 5 do Regime Jurídico da Formação Contínua (Formação Específica). Formadores Artur Viana - Licenciado em Biologia/Geologia com especialização em património Geológico e GeoConservação
REPENSAR O LITORAL 2012-2013 - 23ª Campanha
João Joanaz de Melo - Eng.º Ambiente, Doutorado com Agregação em Sistemas Ambientais
Maria Guilhermina Delgado - Licenciada em Geologia - ramo educacinal
Mónica Maia Mendes - Bióloga - Mestre em Ciências do Mar e Recursos Marinhos Sofia Quaresma - Bióloga, Mestre em Biologia da Conservação
Coastwatch Repensar o Litoral Ação de Formação FICHA DE INSCRIÇÃO ONLINE Clique no link constante na imagem ou caso tenha dificuldades em visualizar ou submeter o formulário, pode preenchê-lo online: https://docs.google.com/ spreadsheet/viewform? fromEmail=true&formkey=dFRoZE hScVRGVEZzQThOZlAyd0hNYkE6MA
Informações: 220 169 962 E-mail: cfobio@gmail.com coastwatchnacional@gmail.com Apoio de:
COASTWATCH “Repensar o Litoral – 23ª CAMPANHA” O Coastwatch é um projeto de âmbito europeu, que promove a cidadania ativa, e consiste na monitorização e caracterização ambiental do litoral. Este Projeto, que conta com a participação de milhares de voluntários europeus, é um importante instrumento de educação para a cidadania ambiental. A campanha nacional de monitorização, traduz-se por uma forte componente de instrução e informação pedagógicas, a qual, acaba por valorizar a preservação do ambiente litoral, alterar padrões de comportamento e em simultâneo proporcionar o fácil envolvimento voluntário de alunos, professores e cidadãos, estimulando assim a participação da comunidade, nomeadamente das autarquias, provocando-se, desta forma, consequências práticas e sistemáticas nas diferentes comunidades educativas, formando assim “adultos” mais preocupados e conscientes. O Seminário que contará com a presença de oradores de renome (representantes de estruturas públicas do Ambiente, do Mar, e de ONGA) centrada nos problemas do Mar, onde se fará uma divulgação de projetos de âmbito nacional e/ou internacional, sobre as várias perspetivas culturais, turísticas recreativas e de sustentabilidade, encerrando com a divulgação dos dados da Campanha de 2012-2013 e visita temática.
PREÇOS: Ordem dos Biólogos e GEOTA (18€) Colaborador CoastWatch + 4 campanhas (18€) Publico em geral (38€) Cronograma 1ª sessão (18.30 - 21.30h) Lisboa 16 Jan 2013 Algarve 18 Jan 2013 Alcobaça 21 Jan 2013 Esposende 25 Jan 2013 2ª sessão (9 - 13h) - 16 Fev 2013 Lisboa, Alcobaça, Algarve e Esposende 3ª sessão até 31 de Março monitorização de um troço de praia (mínimo 2 unidades) 4ª sessão (9—19h) Cascais Seminário 27 e 28 Jun
EXCERTOS DO DECRETO PREAMBULAR E DOS ESTATUTOS DA ORDEM DOS BIÓLOGOS (DECRETO-LEI Nº 183/98 DE 4 DE JULHO) ESTATUTOS A Ordem tem membros efectivos, graduados, estudantes e honorários.
INSCRIÇÃO 1- À inscrição como membro efectivo ou graduado corresponde a
d) Estudos, análises biológicas e tratamento de poluição de origem
emissão de, respectivamente, cédula profissional ou cédula profis-
industrial, agrícola ou urbana;
sional provisória. 2- Cabe recurso para a Assembleia Geral das decisões do Conselho Directivo que recusem a inscrição como membro efectivo, graduado ou estudante. 3- A nomeação de membros honorários é sujeita a aprovação da Assembleia Geral, mediante proposta fundamentada do Conselho Directivo e parecer favorável do Conselho Nacional. 4- Os membros graduados que venham a obter as qualificações necessárias à inscrição como membros efectivos devem requerer
e) Estudos e análises biológicas e de controlo da qualidade de águas, solos e alimentos; f) Organização, gestão e conservação de áreas protegidas, parques naturais e reservas, jardins zoológicos e botânicos e museus cujos conteúdos são dedicados fundamentalmente à biologia ou similares; g) Estudos e análises de amostras e materiais de origem biológica; h) Estudo, identificação e controlo de agentes biológicos patogénicos, de parasitas e de pragas;
a mudança de categoria ao Conselho Directivo, produzindo prova
i) Estudo, desenvolvimento e controlo de processos e técnicas bioló-
dessas qualificações.
gicas de aplicação industrial;
5- Os membros estudantes que concluam a sua licenciatura e aque-
j) Estudo, identificação, produção e controlo de produtos e mate-
les que abandonem os estudos sem conclusão da licenciatura devem
riais de ordem biológica, e de agentes biológicos que interferem na
comunicar tais circunstâncias ao Conselho Directivo para efeitos de,
conservação e qualidade de quaisquer produtos e materiais;
respectivamente, requererem a mudança de categoria ou a perda da qualidade de membro.
l) Estudos de genética humana, animal, vegetal e microbiana; m) Estudo e aplicação de processos e técnicas de biologia humana;
EXERCÍCIO DA PROFISSÃO DE BIÓLOGO Profissão de biólogo 1- O exercício da profissão de biólogo depende de licenciatura no domínio das Ciências Biológicas ou de título legalmente equiparado. 2- Para os efeitos do presente Estatuto, consideram-se actividades profissionais no domínio das Ciências Biológicas as que versam sobre: a) Estudo, identificação e classificação dos seres vivos e seus vestígios; b) Estudos ecológicos, de conservação da natureza, de aspectos biológicos do ambiente, do ordenamento do território e de impacto ambiental; c) Gestão e planificação da exploração racional de recursos vivos;
n) Ensino da biologia a todos os níveis, bem como educação ambiental e para a saúde; o) Investigação científica fundamental ou aplicada em qualquer área da biologia; p) Consultadoria, peritagem, gestão e assessoria técnica e científica em assuntos e actividades do âmbito da biologia; q) Quaisquer outras actividades que, atentas as circunstâncias, devam ser realizadas por pessoas com habilitações científicas, técnicas e profissionais especializadas no âmbito da Biologia. 3 - O disposto no número anterior não prejudica as disposições legais aplicáveis ao exercício de outras profissões.
MEMBRO DA EUROPEAN COMMUNITIES BIOLOGISTS ASSOCIATION MEMBRO DO CONSELHO NACIONAL DAS PROFISSÕES LIBERAIS MEMBRO DA FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE ASSOCIAÇÕES E SOCIEDADES CIENTÍFICAS MEMBRO DA INTERNATIONAL UNION BIOLOGICAL SCIENCIES
FICHA DE INSCRIÇÃO NA ORDEM DOS BIÓLOGOS A enviar à Sede Nacional ou à Sede do Conselho Regional mais próximo (A ORDEM DOS BIÓLOGOS INFORMARÁ O CANDIDATO DA SUA ADMISSIBILIDADE E DAS RESTANTES FORMALIDADES NECESSÁRIAS À SUA INSCRIÇÃO) DADOS PESSOAIS Nome Morada Cód. Postal
Localidade
Telef.
Distrito
Telem.
Data de Nascimento
Nacionalidade
Estado Civil
B.I. nº
Emitido em
Arquivo de Ident.
Contribuinte nº
Código Rep. Finanças
Bairro Fiscal
DADOS ACADÉMICOS Estudante
Licenciado
Licenciatura em Estabelecimento de Ensino Data de Conclusão
Duração do Curso
Outros Graus Académicos Data
Univ.
Data
Univ.
Áreas de Especialização
DADOS PROFISSIONAIS Experiência profissional de
anos
Actividade Actual Instituição Morada Cód. Postal Telef.
Localidade Fax
Distrito E-mail
Autorizo a Ordem dos Biólogos a introduzir os dados acima indicados numa base da dados a ser utilizada de acordo com as finalidades da Ordem e a legislação em vigor. Assinatura
Sede e Conselho Regional de Lisboa e Vale do Tejo Rua Cidade de Rabat Nº38 R/C - 1500-164 Lisboa Tel/fax: 21 8401876 Conselho Regional do Norte Praça Coronel Pacheco, nº 33 - 4050-453 Porto Tel/fax: 22 0169962 Conselho Regional da Madeira Av do Colégio Militar -Comp Habit Nazaré, C/V Bl 17/19/21-Sala E 9000-135 FUNCHAL Tel: 29177 3 436 / Fax: 291 77 3 463
Data
Conselho Regional dos Açores Deptº Biologia Univ. Açores - Secção de Biologia Marinha, R. da Mãe de Deus, 58 9502 PONTA DELGADA Codex Conselho Regional do Alentejo Rua de Machete, nº 53 A – 7000-864 Évora
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FICHA TÉCNICA DIRECTOR: António Domingos Abreu
PROPRIEDADE, PUBLICIDADE:
EDITORA: Sara Duarte
ORDEM DOS BIÓLOGOS
REDACÇÃO: José António Matos,
Sede Nacional: Rua Cidade de Rabat
Sara Duarte e Sofia Brogueira
Nº38 R/C
SECRETARIADO: Teresa Rodrigues e Sónia
1500-164 Lisboa
Fernandes
TEL.: 21 8401878 | FAX: 21 8401876 E-MAIL: revistabs@ordembiologos.pt
COLABORARAM NESTE NÚMERO:
www.ordembiologos.pt
Bárbara Marques, Rui Zambujal, José António Matos, André Albergaria, Mónica Maia-
REVISTA TRIMESTRAL
Mendes
TIRAGEM: 3000 exemplares ISSN: 1646-5784
COLÉGIOS:
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BIOLOGIA HUMANA E SAÚDE: Bárbara
ERC: 125068
Marques CONSELHO DIRECTIVO ILUSTRAÇÃO CIENTÍFICA: Fernando Correia
DA ORDEM DOS BIÓLOGOS BASTONÁRIO: António Domingos Abreu
FOTOGRAFIAS
VICE-PRESIDENTE: José António Matos
VIDAS: Professor Frias Martins
SECRETÁRIO-GERAL: Luís Manuel Alves
FOTORREPORTAGEM E AR LIVRE: Sara Duarte
TESOUREIRO: Rui Raimundo
OLIMPÍADAS DA BIOLOGIA: João Reis,
VOGAIS: Pedro Lourenço, Mónica Maia-
António Luís Campos e Sara Duarte
Mendes, Miguel Viveiros Bettencourt, Sara Duarte, Sónia Centeno Lima
CAPA | EDIÇÃO GRÁFICA
ESPECIAL AGRADECIMENTO
PAGINAÇÃO: Francisca Fleming
Professor Frias Martins
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IMAGENS: iStockphoto, StockExchange
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