ROF #135

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Victor Herdeiro, presidente da ACSS

“PRR É UMA OPORTUNIDADE SOBRETUDO PARA A SAÚDE” Ricardo Nabais, jornalista convidado. Vindo de uma formação em Direito, especializou-se em Administração Hospitalar e percorreu um trajeto intimamente ligado à gestão da Saúde: presidiu ao conselho de administração da Unidade Local de Saúde de Matosinhos, integrou o Núcleo Executivo da Comissão Nacional para o Desenvolvimento da Cirurgia de Ambulatório e foi administrador hospitalar no Hospital Geral de Santo António e no Hospital Infante D. Pedro (Aveiro). Em março, tornou-se presidente da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS). Antes era vice-presidente da Agência de Investigação Clínica e Inovação Biomédica (AICIB). É sobre os desafios lançados pela pandemia à sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que fala à Revista da Ordem dos Farmacêuticos (ROF), sem esquecer a relação entre o sistema de saúde e asfarmácias e laboratórios de análises clínicas e a Carreira Farmacêutica no SNS. Victor Herdeiro tem esperança e afirma que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) trará novas oportunidades para a saúde e para a consolidação do SNS. É possível fazer um balanço dos gastos suplementares do SNS com a pandemia? A pandemia atingiu-nos num momento em que os indicadores financeiros do SNS apresentavam melhorias sustentáveis, fruto de um caminho que estava a ser desenvolvido nos últimos anos, através do reforço do orçamento anual da Saúde. No entanto, o surgimento do vírus SARS-CoV-2 travou o trabalho que estava a ser desenvolvido e mudou prioridades. Na minha opinião, o que foi conseguido no último ano e meio tem sido notável, apesar dos muitos problemas que ainda subsistem. E isso deve-se, em 38 | REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS

grande parte, às pessoas que fazem o SNS e que conseguiram cuidar e salvar vidas de forma extraordinária. A dimensão humana merece o maior realce em todos os balanços que possamos realizar a este processo. Também ao nível financeiro trabalhamos para dar a melhor resposta. O Orçamento de Estado suplementar de junho de 2020, no valor de 504,4 milhões de euros, serviu, em parte, para assegurar o desenvolvimento das medidas previstas no Programa de Estabilização Económica e Social, que permitiu a recuperação da atividade assistencial no SNS, a criação de uma linha de financiamento para o reforço

da resposta em medicina intensiva e da rede laboratorial, a valorização dos profissionais do SNS e a melhoria das redes de sistemas de informação em saúde. As instituições do SNS demonstraram ser capazes de se reorganizar e superar, encontrando-se hoje mais fortes, com uma autonomia reforçada. Esses gastos, imprevistos até há um ano e meio, podem debilitar o SNS para o futuro? Obviamente que existem desafios importantes para o presente e para o futuro do SNS. A sustentabilidade financeira das instituições está e estará no topo das prioridades, assim como


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