ROF #130

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REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS

O GABINETE ANTIPANDEMIA | CARREIRA FARMACÊUTICA FINALMENTE REGULAMENTADA | BERC-LUSO VAI A MEIO DO CAMINHO | CARVALHO GUERRA CONDECORADO PELA SANTA SÉ | SERVIÇOS DISTINTOS PARA PAULO CRUZ FARMACÊUTICO MILITAR | RACI DEDICADA A NOVOS PARADIGMAS NA INDÚSTRIA

130 | Trimestral | Jan-Mar 2020 | ISSN 087-7554 | €5

E AS LUZES NUNCA SE APAGARAM GRAÇA FREITAS “AS FARMÁCIAS SÃO UM AGENTE DE SAÚDE PÚBLICA”

JOSÉ MIGUEL AZEVEDO PEREIRA, FARMACÊUTICO INVESTIGADOR: “ESTAMOS NA ‘ESTACA ZERO’ DAS TERAPÊUTICAS CONTRA O SARS-COV-2”


Experimente por111apenas 1€/edição Experimente Experimente Experimente Experimente Experimente Experimente 1mês 1mês 1mês mês mês mês grátis grátis grátis grátis grátis grátis A melhor informação quando eeonde onde quiser AAA melhor Amelhor Amelhor A melhor melhor melhor informação informação informação informação informação informação quando quando quando quando quando quando eeeonde eonde eonde onde onde quiser quiser quiser quiser quiser quiser Experimente gratuitamente durante 11mês mês no formato digital Experimente Experimente Experimente Experimente Experimente Experimente gratuitamente gratuitamente gratuitamente gratuitamente gratuitamente gratuitamente durante durante durante durante durante durante 1 1mês 1mês 1mês no 1mês no mês no formato no formato no formato no formato formato formato digital digital digital digital digital digital

EXPRESSO inclui: AAassintura AAassintura Aassintura Aassintura assintura Aassintura assintura EXPRESSO EXPRESSO EXPRESSO EXPRESSO EXPRESSO EXPRESSO inclui: inclui: inclui: inclui: inclui: inclui: BIBLIOTECA EXPRESSO BIBLIOTECA BIBLIOTECA BIBLIOTECA EXPRESSO BIBLIOTECA EXPRESSO BIBLIOTECA EXPRESSO EXPRESSO EXPRESSO UMA SOCIEDADE FUNCIONAL UMA SOCIEDADE UMA SOCIEDADE UMA SOCIEDADE FUNCIONAL UMA SOCIEDADE FUNCIONAL UMA SOCIEDADE FUNCIONAL FUNCIONAL FUNCIONAL F. DRUCKER PETERPETER F. DRUCKER PETER F. PETER DRUCKER PETER F. DRUCKER PETER F. DRUCKER F. DRUCKER PREFÁCIO PEDRO SANTOS GUERREIRO €12,90

OPINIÃO PESSOAS OPINIÃO OPINIÃO OPINIÃO OPINIÃO PESSOAS OPINIÃO PESSOAS PESSOAS PESSOAS PESSOAS

O mito da da O mito da O mito da O mito da O mito da O mito estagnação estagnação estagnação estagnação estagnação estagnação secular secular secular secular secular secular JOSEPH STIGLITZ E39

(CONT.) PREFÁCIO PEDRO PREFÁCIO SANTOS PEDRO PREFÁCIO GUERREIRO SANTOS PEDRO PREFÁCIO GUERREIRO €12,90 SANTOS (CONT.) PEDRO PREFÁCIO GUERREIRO €12,90 SANTOS (CONT.) PEDRO GUERREIRO €12,90 SANTOS (CONT.)GUERREIRO €12,90 (CONT.)€12,90 (CONT.)

1 de setembro de 2018 1 de setembro1 de 2018 setembro1 de 2018 setembro1 de 2018 setembro 1 de 2018 setembro de 2018 2392 €3,80 2392 €3,80

2392 €3,80

O novo normal

JOSEPH STIGLITZ E39

> Ana Lopes > Ana Lopes> Ana Lopes> AnaNova Lopes > Ana Lopes diretoraNova diretoraNova diretoraNova diretora-geral Nova da diretora-geral da -geral da -geral Zentiva da -geral da Zentiva Zentiva Zentiva Zentiva Portugal Portugal Portugal Portugal Portugal E34 E34

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LUÍS MARQUES E9

Expresso IMOBILIÁRIO Expresso Expresso Expresso Expresso Expresso IMOBILIÁRIO IMOBILIÁRIO IMOBILIÁRIO IMOBILIÁRIO IMOBILIÁRIO 2392 2392 2392 2392 de 2018 2392 2392 1 setembro & EMPREGO 1& setembro de 2018 1& setembro de 2018 1 setembro de 2018 1 setembro de 2018 1 setembro de 2018 & EMPREGO & EMPREGO & EMPREGO EMPREGO EMPREGO www.expresso.pt www.expresso.pt www.expresso.pt www.expresso.pt www.expresso.pt www.expresso.pt

Autarcas daGrande Autarcas Au Autarcas Autarcas da d Autarcas Grande da G Au Grande da nd daGrande Grande da Grande d G nd 24h 24h 4 24h24h 24h 24h 4Autarcas Lisboa propõem Lisboa L Lisboa b Lisboa propõem p Lisboa propõem pLisboa propõem m Lpropõem bpropõem p p m redução drástica redução du redução redução drástica dredução drástica redução drástica du drástica drástica d dos passes sociais dos d dos passes p dos passes dos passes sociais dos passes sociais dpasses sociais psociais sociais

INVESTIMENTOS INVESTIMENTOS INVESTIMENTOS INVESTIMENTOS INVESTIMENTOS FERROVIÁRIOS FERROVIÁRIOS FERROVIÁRIOS FERROVIÁRIOS FERROVIÁRIOS

Acusados tentam Acusados tentam Acusados tentam Acusados tentam Acusados tentam Acusados tentam anular ‘Marquês’ anular ‘Marquês’ anular ‘Marquês’ anular ‘Marquês’ anular ‘Marquês’ anular O prazo ‘Marquês’ para pe-

ATRASADOS DOIS ANOS ATRASADOS ATRASADOS ATRASADOS DOIS ATRASADOS DOIS ANOSDOIS ANOS DOIS ANOS ANOS

O prazo para peO prazo para peO prazo dir paraa peO prazo para peO prazo para peabertura dir a abertura dir a abertura dir a abertura dir a abertura d e i n sdir t r u aç ãabertura o d e i n s t r u ç ã od e i n s t r u ç ã od e i n sdo t r uprocesso ç ã od e i n das t r u ç ã od e i n s t r u ç ã o do processo dado processo dado processo dadoMarprocesso dado processo da ‘Operação ‘Operação Mar-‘Operação Mar-‘Operação ‘Operação quês’Martermina na Mar-‘Operação Marquês’ termina na quês’ termina na quês’segunda-feira. termina na quês’Maitermina na quês’ termina na segunda-feira. Maisegunda-feira. oria Maisegunda-feira. Maisegunda-feira. Maisegunda-feira. Maidos acusados vai pedir a oria dos acusados oria vaidos pedir acusados a oria vaidos pedir acusados a oria vaiinstrução dos pedir acusados a e tenoria vaidos pedir acusados a vai pedir a abertura de abertura de instrução abertura e tende instrução abertura etar tendeassim instrução abertura de instrução abertura de instrução e tenevitareotenjulgamen - e tentar assim evitar tar o julgamen assim evitar tar o julgamen assim tar o julgamen assim evitar - para tar o julgamen assim evitar o julgamen to.evitar Sócrates não revela to. Sócrates nãoto. revela Sócrates para nãoto. revela Sócrates para nãoestratégia. to. revela Sócrates para nãoto. revela Sócrates para não revela para já a sua P23 Em entrevista, Fernando Medina revela proposta ao Governo já a sua estratégia. já aP23 sua estratégia. já aP23 sua estratégia. já aP23 sua estratégia. já aP23 sua estratégia. P23 Em entrevista, Em entrevista, Fernando Em entrevista, Medina Fernando Em revela entrevista, Medina Fernando proposta Em revela entrevista, Medina Fernando ao proposta Governo revela Medina Fernando ao proposta Governo revela Medina ao proposta Governo revela ao proposta Governo ao Governo

Bessa BessaDaniel Bessa Daniel BessaDaniel BessaDanielDaniel BessaDaniel

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DESCENTRALIZAÇÃO PSP foi Bispo da daBispo da MP quis DESCENTRALIZAÇÃO DESCENTRALIZAÇÃO DESCENTRALIZAÇÃO DESCENTRALIZAÇÃO PSP foi PSP foi PSP foi PSP foi PSP foi DESCENTRALIZAÇÃO Bispo da Bispo daMP Bispo daBispo MP quisMP quisMP quis MP quis quis alertada ouvir Vieira alertadaalertadaalertada alertadaalertada Guarda Guarda não Guarda nãoGuarda Guarda nãonão Guarda não não ouvir Vieira ouvir Vieira ouvir Vieira ouvir Vieira ouvir Vieira e Moniz antes do doantes do pediu perdão e Monize Monizepediu Moniz epediu Moniz epediu Moniz antes doantes doantes doantes perdão perdão perdão pediu perdão pediu perdão mas não roubo das das às vítimas mas nãomas nãomas nãomas nãomas não roubo das roubo das roubo das roubo roubo das às vítimas às vítimas às vítimas às vítimas às vítimas conseguiu 57 Glocks de pedofilia Champalimaud com conseguiu conseguiu conseguiu conseguiu conseguiu 57 Glocks 57 Glocks 57 Glocks 57 Glocks 57 Glocks de pedofilia de pedofilia de pedofilia de pedofilia de pedofilia Champalimaud Champalimaud com Champalimaud com Champalimaud com Champalimaud com com praça em Lisboa

acordo “O Oacordo “O acordo “O“Oacordo “O acordo “O acordo O PS/PSD PS/PSD PS/PSD DPS/PSD PS/PSD PS/PSD D para osos os para para ospara ospara ospara municípios municípios m municípios n municípios municípios municípios m n é miserável” é miserável” mé miserável” é miserável” é miserável” éAljustrel: miserável” m Aljustrel: Aljustrel: Aljustrel: Aljustrel: Aljustrel: P36

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praça em Lisboa praça em Lisboa praça em Lisboa praça em Lisboa praça em Lisboa

A Câmara Municipal de LisA Câmara Municipal A Câmara de LisMunicipal A Câmara de LisMunicipal A Câmara de LisMunicipal A Câmara de LisMunicipal de Lisboa decidiu chamar Praça do armeiro boa decidiu chamar boa decidiu Praça chamar boa Suspeitos decidiu Praça chamar boa decidiu Praça chamar boa decidiu PraçaSuspeitos chamar Praça do armeiro Suspeitos do armeiro Suspeitos do armeiro Suspeitos do armeiro Suspeitos do armeiro Champalimaud ao local onde PSP quebram Champalimaud ao Champalimaud local onde ao Champalimaud local ondequebram ao Champalimaud local PSP onde ao Champalimaud local ondeda ao local ondequebram da PSP quebram da PSP da PSP quebram se encontra da situadaquebram a Fun- da PSP silêncio 18 meses se encontra situada se encontra a Fun- situada se encontra a Fun- 18 situada se encontra a depois Fun- 18 situada se encontra a depois Fun- 18 situada a depois Fun- 18depois silêncio meses silêncio meses silêncio meses silêncio meses silêncio depois 18 meses depois dação criada por António do desaparecimento dação criada por dação António criada por dação António por dação António por dação António por António do criada desaparecimento do criada desaparecimento do criada desaparecimento do desaparecimento do desaparecimento Champalimaud. das armas Champalimaud.Champalimaud.Champalimaud. das armas Champalimaud. das armas Champalimaud. das armas das armas das armas

D. Manuel Felício Felício D. Manuel Felício D. Manuel Felício D. Manuel Felício D. Manuel D. Manuel Felício que “nãoque tinha defende que “não defende tinha que “não defende tinhadefende que “não defende tinha “não defende tinha que “não tinha pedirde desculpas” de pedir desculpas” de pedir desculpas” de pedirdedesculpas” pedir desculpas” de pedir desculpas” aos abusados alunos doaos alunos aos alunos abusados aos alunos do abusados aos alunos do aosabusados alunos do abusados do abusados do seminário do Fundão seminário do Fundão seminário do Fundão seminário do Fundão seminário do Fundão seminário do Fundão

Nove meses antes de ser deNove meses antes de ser meses de- antes Nove de ser meses de- antes Nove de ser meses de- antes Nove de ser meses de- antes de ser deDireito deNove Resposta tetada a falta das 57 pistolas Direito de Resposta Direito de Resposta Direito de Resposta Direito de Resposta Direito de Resposta tetada a falta dastetada 57 pistolas a falta dastetada 57 pistolas a falta dastetada 57 pistolas a falta dastetada 57 pistolas a falta das 57 pistolas O presidente-executivo da Glock, as chefias da PSP reO presidente-executivo O presidente-executivo da O presidente-executivo da O presidente-executivo da O presidente-executivo da da Glock, as chefias Glock, da responde PSP asrechefias da PSP asrechefiasGlock, da PSP asrechefiasGlock, da PSP asrechefias da PSP reAltice Portugal à Glock, uma comunicação Altice PortugalAltice responde Portugal à Altice responde Portugal à Altice responde Portugal à uma Altice responde Portugal àceberam responde à uma comunicação ceberam comunicação ceberam comunicação ceberam uma comunicação ceberam ceberam uma comunicação notíciauma “Relvas em operação oficial dois responsáveis notícia “Relvas em notícia operação “Relvas em notícia operação “Relvas em notícia operação “Relvas em notícia operação “Relvas emdos operação oficial dos dois responsáveis oficial dos oficial dos dois responsáveis oficial dos dois responsáveis oficial dos dois responsáveis P4 dois responsáveis para comprar a PT”. pelo armeiro da polícia. No P4 P4 P4 P4 para comprar a PT”. para P4 comprar a PT”. parapelo comprar a PT”. para comprar a PT”. para comprar a PT”. armeiro dapelo polícia. armeiro No dapelo polícia. armeiro No dapelo polícia. armeiro No dapelo polícia. armeiro No da polícia. No documento, os dois agentes documento, os dois documento, agentes os dois documento, agentes os dois documento, agentes os dois documento, agentes os dois agentes alertaram para a falta de sealertaram para aalertaram falta de separa aalertaram falta de separa aalertaram falta de separa aalertaram falta de separa a falta de seIntegram esta edição semanal, além deste gurança do deste local. São alvo de Integram esta edição semanal, Integram alémesta deste edição semanal, Integram além esta deste edição semanal, Integram além esta deste edição semanal, Integram além esta deste edição semanal, além corpo principal, os seguintes cadernos: gurança do local. gurança São alvo do delocal. gurança São alvo do delocal. gurança São alvodo delocal.gurança São alvodo delocal. São alvo de corpo principal, os seguintes corpo cadernos: principal, os seguintes corpo cadernos: principal, os seguintes corpo cadernos: principal, os seguintes corpo cadernos: principal, os investigação seguintes cadernos:interna. P18 ECONOMIA, REVISTA E P18 P18 P18 P18 investigação interna. investigação interna. investigação investigação interna. investigação interna. P18 ECONOMIA, REVISTA E ECONOMIA, REVISTA E ECONOMIA, REVISTA E ECONOMIA, REVISTA E ECONOMIA, REVISTA E interna.

Os menores abandonaram Os menores abandonaram Os menores abandonaram Os menores abandonaram Os menores abandonaram Os menores abandonaram o seminário depois dos crio seminário depois o seminário dos cri- depois o seminário dos cri- depois o seminário dos cri- depois o seminário dos cri- depois dos crimes cometidos pelo padre mes cometidos mes pelocometidos padre mes pelocometidos padre mes pelocometidos padre mes pelocometidos padre pelo padre do Fundão, que cumpre do Fundão, que do cumpre Fundão, que do cumpre Fundão, que do cumpre Fundão, que do cumpre Fundão, que cumpre dez anos de prisão efetiva. dez anos de prisão dez efetiva. anos de prisão dez efetiva. anos de prisão dez efetiva. anos de prisão dez efetiva. anos de prisão efetiva. Conferência Episcopal PorConferência Episcopal Conferência Por- Episcopal Conferência Por- Episcopal Conferência Por- Episcopal Conferência Por- Episcopal Portuguesa lembra que o pedituguesa lembra tuguesa que o pedilembra tuguesa que o pedilembra tuguesa que o pedilembra tuguesa que o pedilembra que o pedido de perdão às vítimas de do de perdão àsdo vítimas de perdão de àsdo vítimas de perdão de àsdo vítimas de perdão de àsdo vítimas de perdão de às vítimas de abusos sexuais por parte do abusos sexuais por abusos parte sexuais do por abusos parte sexuais do por abusos parte sexuais do por abusos parte sexuais do por parte do clero “deve ser claro”. P20 clero “deve ser claro”. clero “deve P20 ser claro”. clero “deve P20 ser claro”. clero “deve P20 ser claro”. clero “deve P20 ser claro”. P20

ainda aqui ainda aqui ainda aquiaqui ainda aqui ainda aqui ainda se renovam se renovam se renovam se renovam se renovam se renovam gerações gerações gerações gerações gerações gerações Rui rejeita transferência dos Marcelo Rui 90% Moreira Ruirejeita Moreira Rui transferência rejeita Moreira Rui transferência rejeita Moreira Rui transferência rejeita Moreira transferência rejeita transferência 90% dos90% dos90% dos90% dos90% dosMoreira MarceloMarceloMarcelo MarceloMarcelo de competências. “O a Infarmed de competências. de competências. “O de Infarmed competências. “O de Infarmed competências. “O deAs Infarmed competências. é a Infarmed “OAs Infarmed éeleições a é“O éeleições aAs eleições éeleições a torcetorce torce candidatos candidatos a candidatos acandidatos candidatos a acandidatos aanedota aédaa descentralização”, torce torce torce eleições As As eleições dizAs anedota da anedota descentralização”, da anedota descentralização”, da anedota descentralização”, diz da anedota descentralização”, diz da descentralização”, diz diz no Sporting magistrados por no Sporting nodiz Sporting no Sporting no Sporting no magistrados magistrados magistrados magistrados magistrados por uma por uma porSporting umauma por umapor uma O presidente da Câmara Mu- verdade a defendem cinicapor por O presidente da O Câmara presidente Mu- daverdade O Câmara presidente Mua defendem daverdade O Câmara presidente cinicaMua defendem daverdade O Câmara presidente cinicaMua defendem dapor verdade Câmara cinicaMua defendem verdade cinicaavistas defendem cinicatiram ‘geringonça’ vistas vistas por vistas por vistas vistas por tiram tiram tiram tiram tiram ‘geringonça’ ‘geringonça’ ‘geringonça’ ‘geringonça’ ‘geringonça’ mente, porque “a melhor manicipal do Porto, em declaraporque “amente, melhor porque “amente, melhor porque “amente, melhor porque ma- “amente, melhor porque ma- “a melhor manicipal do Porto,nicipal em declarado Porto,mente, nicipal em declarado Porto, nicipal em declaradomaPorto, nicipal em declaradomaPorto, em declarações ao Expresso, é implacá- neira de desmontar o Estado Rui Santos ções ao Expresso, ções é implacáao Expresso, ções é implacáao ções é oimplacáao Expresso, ções é oimplacáao Expresso, é oimplacáneira deExpresso, desmontar neira de Estado desmontar neira de Estado desmontar neira de Estado desmontar neira o de Estado desmontar o Estado negativa à direita Rui Santos Rui Santos Rui Santos Rui Santos Rui Santos negativanegativanegativa negativa negativa à direita à direitaà direita vel na crítica ao modelo do social sem colocar em riscoà direitaà direita vel na crítica aovel modelo na crítica do aosocial vel modelo na sem crítica do colocar aosocial vel modelo na emsem crítica risco do colocar aosocial vel modelo na emsem crítica risco do colocar aosocial modelo emsem risco do colocar social emsem risco colocar em risco

PRIMEIRO CADERNO PRIMEIRO PRIMEIRO PRIMEIRO PRIMEIRO PRIMEIRO PRIMEIRO CADERNO CADERNO CADERNO CADERNO CADERNO CADERNO P16

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Défice Défice Défice Défice Défice Défice Défice próximo próximo próx próximo próximo mo próximo próx próx mo mo de 0% dede 0% de 0% de 0% de 0% de 0%0%

pagos Juros pagos Juros pagos JurosJuros pagos Juros pagos famílias pelas famílias pelas famílias pelaspelas famílias pelas famílias são quarto um são um quarto são um quarto são um sãoquarto um quarto do que eram do que eram do que eram do que eram do que eram antes da crise antes daantes crise daantes crise daantes crise da crise E20

irigi, em tempos, uma irigi, em tempos,irigi, umaem tempos,irigi, umaem escola tempos, uma em tempos,irigi, umaem tempos, uma deirigi, negócios. escola de negócios. escola de negócios. escola deAlunos negócios. escola de negócios. escola de negócios. adultos, pagando Alunos adultos, pagando Alunos adultos, pagando Alunos adultos, pagando Alunos adultos, pagando Alunos adultos, pagando a sua formação. Uma a sua formação. Uma a sua formação. Uma a sua formação. Uma a sua formação. Uma a sua formação. Uma experiência de que me experiência de que experiência me de que experiência me de que experiência me de que experiência me de que me orgulhava e orgulho. orgulhava e orgulho. orgulhava e orgulho. orgulhava e orgulho. orgulhava e orgulho. orgulhava e orgulho. Em determinado dia, um professor Em determinadoEm dia,determinado um professor Em dia,determinado um professor Em dia,determinado um professor Em dia,determinado um professordia, um professor vindo dos Estados Unidos vindo dos Estados vindo Unidos dos Estados vindo Unidos dos Estados vindo Unidos dos Estados vindo Unidos dos Estados Unidos iniciava a sua lecionação anual. iniciava a sua lecionação iniciava aanual. sua lecionação iniciava aanual. sua lecionação iniciava aanual. sua lecionação iniciava aanual. sua lecionação anual. Impossibilitado de estar presente, Impossibilitado de Impossibilitado estar presente,de Impossibilitado estar presente,de Impossibilitado estar presente,de Impossibilitado estar presente,de estar presente, telefonei-lhe no final da aula: telefonei-lhe no final telefonei-lhe da aula: no final telefonei-lhe da aula: no final telefonei-lhe da aula: no final telefonei-lhe da aula: no final da aula: “Então, professor, correu bem, “Então, professor, “Então, correuprofessor, bem, “Então, correuprofessor, bem, “Então, correuprofessor, bem, “Então, correuprofessor, bem, correu bem, a aula?”; “Correu, correu bem; a aula?”; “Correu,a correu aula?”; bem; “Correu,a correu aula?”; bem; “Correu,a correu aula?”; bem; “Correu,a correu aula?”; bem; “Correu, correu bem; o que correu menos bem é que o que correu menos o que bem correu é quemenos o que bem correu é quemenos o que bem correu é quemenos o que bem correu é quemenos bem é que você disse-me que os alunos eram você disse-me que você os alunos disse-me eram que você os alunos disse-me eram que você os alunos disse-me eram que você os alunos disse-me eram que os alunos eram vinte mas nunca tive na sala mais vinte mas nunca vinte tive na mas salanunca mais vinte tive na mas salanunca mais vinte tive na mas salanunca mais vinte tive na mas salanunca mais tive na sala mais de dez; e os que estavam no início de dez; e os que estavam de dez; eno osinício que estavam de dez; eno osinício que estavam de dez; eno osinício que estavam de dez; eno osinício que estavam no início não eram os que estavam no fim.” não eram os que não estavam eramno osfim.” que não estavam eramno osfim.” que não estavam eramno osfim.” que não estavam eramno osfim.” que estavam no fim.” FOTO NUNO FOX

FOTO NUNO FOX

FOTO TIAGO MIRANDA

FOTO TIAGO MIRANDA

FOTO TIAGO MIRANDA

FOTO TIAGO MIRANDA

FOTO TIAGO MIRANDA

FOTO TIAGO MIRANDA

Além da homenagem Além da a José homenagem Além da a José homenagem Além da a José homenagem Além da a José homenagem a José Mário Branco, a Feira do LiMário Branco, aMário Feira do Branco, Li- aMário Feira do Branco, Li- aMário Feira do Branco, Li- aMário Feira do Branco, Li- a Feira do Livro do Porto, que arranca na vro do Porto, quevro arranca do Porto, na quevro arranca do Porto, na quevro arranca do Porto, na quevro arranca do Porto, na que arranca na sexta-feira, vai inaugurar resexta-feira, vai inaugurar sexta-feira, re-vai inaugurar sexta-feira, re-vai inaugurar sexta-feira, re-vai inaugurar sexta-feira, re-vai inaugurar residências literárias. Bernarsidências literárias. sidências Bernarliterárias. sidências Bernarliterárias. sidências Bernarliterárias. sidências Bernarliterárias. Bernardo Carvalho, um dos nomes do Carvalho, umdodos Carvalho, nomes umdodos Carvalho, nomes umdodos Carvalho, nomes umdodos Carvalho, nomes um dos nomes mais relevantes da literatura mais relevantes da mais literatura relevantes da mais literatura relevantes da mais literatura relevantes da mais literatura relevantes da literatura brasileira, foi escolhido para brasileira, foi escolhido brasileira, para foi escolhido brasileira, para foi escolhido brasileira, para foi escolhido brasileira, para foi escolhido para iniciar esta primeira permainiciar esta primeira iniciar permaesta primeira iniciar permaesta primeira iniciar permaesta primeira iniciar permaesta primeira permanência prolongada de um esnência prolongada nência de um prolongada esnência de um prolongada esnência de um prolongada esnência de um prolongada esde um escritor no Porto. critor no Porto. critor no Porto. critor no Porto. critor no Porto. critor no Porto.

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AS MALAS AS MALAS AS MALAS AS MALAS AS MALAS DE DEVEM MÃO DE MÃO DEVEM DE MÃO DEVEM DE MÃO DE DEVEM MÃO DEVEM SER PAGAS NOS NOS SER PAGAS NOS SER PAGAS NOS SER PAGAS NOS SER PAGAS AVIÕES? RYANAIR AVIÕES? RYANAIR AVIÕES? RYANAIR AVIÕES? RYANAIR AVIÕES? RYANAIR O CAMINHO ABRE O CAMINHO ABRE O CAMINHO ABRE ABRE O CAMINHO ABRE O CAMINHO

A A A AAA A A receita e receita e receita areceita receita receita e e a do êxito do dodo êxito êxdo êxito o do êxito do êxito do êxito êx o por José por popor José opor José épor José por José po Joséo é Avillez Avillez AvAvillez eAvillez Avillez Avillez Av e Oaclamado mais aclamado O mais aclamado O mais aclamado O mais O mais aclamado O mais aclamado cozinheiro cozinheirocozinheiro portuguêscozinheiro português soma cozinheiro português somaportuguês cozinheiro português somasoma português soma soma e segue. Ainda anoAinda vai e segue. Ainda e segue. esteAinda ano e segue. vai este Ainda ano e segue. vai esteAinda ano eeste segue. vai este ano vai este ano vai inaugurar dois restaurantes inaugurar dois inaugurar restaurantes dois inaugurar restaurantes dois inaugurar restaurantes dois inaugurar restaurantes dois restaurantes em Cascais e prepara a ae prepara a em Cascais em e prepara Cascais em ae prepara Cascais em ae prepara Cascais em ae prepara Cascais internacionalização no no internacionalização internacionalização no internacionalização no internacionalização no internacionalização no A estrela que falta Dubai. A estrela Dubai.que A estrela Dubai. falta Dubai. que A estrela Dubai. falta que A estrela Dubai. falta que A estrela falta que falta chegar em novembro pode chegar pode emchegar novembro pode empode chegar novembro pode emchegar novembro pode emchegar novembro em novembro Por Nelson Marques Por NelsonPor Marques NelsonPor Marques Nelson Por Marques Nelson Por Marques Nelson Marques e Tiago Miranda e Tiago Miranda e Tiago Miranda e Tiago Miranda e Tiago Miranda e Tiago Miranda

Lições LiçõesLiçõesLições Lições de Pedrógão de Pedrógão de Pedrógão de Pedrógão de Pedrógão

Governo assume derrapagem de prazos. Maioria Governo assume Governo derrapagem assume de Governo derrapagem prazos. assume Maioria de Governo derrapagem prazos. assume Maioria dederrapagem prazos. de prazos. Maioria dos projetos da Infraestruturas deMaioria Portugal dos projetos dados Infraestruturas projetos dados de Infraestruturas Portugal projetos dados de Infraestruturas Portugal projetosem da 2022. de Infraestruturas Portugal decomboios Portugal só estará concluída Aluguer de só estará concluída só estará em 2022. concluída Aluguer só estará emde concluída comboios Aluguer só estará emde 2022. concluída comboios Aluguer em de 2022. comboios Aluguer de comboios E10 a2022. Espanha está “iminente” a Espanha está a“iminente” Espanha estáE10a“iminente” Espanha estáE10a“iminente” Espanha estáE10“iminente” E10

para redução radical do preço dos transportes públicos nos 18nos para redução para radical redução do para preço radical redução dos do para transportes preço radical redução dos do para transportes preço radical públicos redução dos dotransportes nos preço radical públicos 18 dos dotransportes nos preço públicos 18 dos transportes nos públicos 18 públicos 18 nos 18

Marcelo condecora municípios da Área Metropolitana de Lisboa Passe social nãoPasse deverá Marcelo condecora Marcelo condecora Marcelo condecora Marcelo condecora Marcelo condecora municípios municípios da Área Metropolitana municípios da Área Metropolitana municípios dade Área Lisboa Metropolitana municípios daPasse de Área Lisboa social Metropolitana daPasse de Área não Lisboa deverá social Metropolitana Passe de não Lisboa deverá social Passe de não Lisboa deverá social não deverá social não deverá Amado Nuno Amado Nuno Amado NunoNuno Amado Nuno Amado Nuno Amadopassar dos 40 euros por mês e 80 por família Medida custa 65 O Presidente da Repúbli-

Residência literária Residência literária Residência literária Residência literária Residência literária Residência literária na Feira do Livro na Feira do na Livro Feira do na Livro Feira do na Livro Feira do na Livro Feira do Livro Além da homenagem a José

A Revista do Expresso A Revista do A Revista Expressodo A Revista Expresso do A Revista Expresso do A Revista Expressodo Expresso

LUÍS obstáculos oportunidades obstáculos oportunidades obstáculos obstáculos oportunidades FRANCISCO FRANCISCO E5 LUÍS LOUÇÃ FRANCISCO E5 LUÍS LOUÇÃ FRANCISCO E5 LOUÇÃ FRANCISCO E5 LOUÇÃ E5 LUÍS LUÍS LOUÇÃ MARQUES E9 numaoportunidades entrevista E34 MARQUES E9 MARQUES E9 MARQUES E9 MARQUES E9 E34entrevista E34entrevista E34entrevista E34 numa entrevista numa numa numa

E CE O CEEO N CECO N CEOO M N CENO M N C IOAO M N IM AO M N I IAO M IAAM I AI A

www.expresso.pt www.expresso.pt www.expresso.pt www.expresso.pt www.expresso.pt www.expresso.pt

passar dospassar 40 euros dospor passar 40mês euros dos e 80 por passar 40 por mês euros família dos e 80 por passar 40 por Medida mês euros família dos e 80 por custa 40 por Medida mês euros família 65e 80 por custa por Medida mês família 65e 80 custa por Medida família 65 custa Medida 65 custa 65 O Presidente da O Presidente Repúbli- da O Presidente Repúblida O Presidente Repúblida O Presidente Repúblida República condecorou o chairman Presidente da diz que vai alugar casas no paranopara ca condecorou ca o chairman condecorou ca o chairman condecorou ca o chairman condecorou ca o chairman condecorou omilhões chairman Presidente milhões damilhões CML diz Presidente da que milhões CML vaidiz alugar Presidente da que milhões CML casas vaiCML diz alugar Presidente da no que CML mercado casas vai diz alugar da no que para CML mercado casas vaidiz alugar no que para mercado casas vai mercado alugar nopara mercado casas mercado para domilhões Millennium bcp, Nuno Presidente do Millenniumdo bcp, Millennium Nuno do bcp, Millennium Nuno do bcp, Millennium Nuno do bcp, Millennium Nuno bcp, Nuno subarrendar, reduzindo o risco dos proprietários Medina anuncia Amado, com a Grã-Cruz da subarrendar, subarrendar, subarrendar, risco dos subarrendar, oproprietários risco dos subarrendar, reduzindo oproprietários risco Medina dosreduzindo oproprietários anuncia risco Medina dosoproprietários anuncia risco Medina dos proprietários anuncia Medina anuncia Medina anuncia Amado, com a Grã-Cruz Amado, com da a Grã-Cruz Amado, com da a Grã-Cruz Amado, com da reduzindo a Grã-Cruz Amado, com da reduzindo aoGrã-Cruz da reduzindo Ordem do Mérito. Marcelo que se candidatar a vai novo mandato, defende oque PSdefende mantenha Ordem do Mérito. Ordem Marcelo do Mérito. Ordem Marcelo doque Mérito. Ordem Marcelo Mérito. Ordem Marcelo doque Marcelo se vaidocandidatar que se aMérito. novo se vai mandato, candidatar que avai novo se vai defende mandato, candidatar que a novo se que defende mandato, ocandidatar aPS novo mantenha que defende mandato, o aPS novo mantenha que defende mandato, oque PS mantenha o PS mantenha que o PS mantenha justifica a distinção com o vai candidatar justifica a distinção justifica coma odistinção justifica coma odistinção justifica a odistinção justifica coma odistinção com oe condena quem trata adversários como inimigos P6e7 pontes trabalho de “mecenato” no e P6e7 P6e7 P6e7 P6e7 pontes ecom condena pontes quem condena pontes trata equem adversários condena pontes equem adversários condena como pontes trata inimigos equem adversários condena como trata inimigos quem adversários como trata inimigos adversários como inimigos como inimigos P6e7 trabalho de “mecenato” trabalho de no “mecenato” trabalho de no “mecenato” trabalho de no “mecenato” trabalho de no “mecenato” no trata domínio da Cultura e o papel domínio da Cultura domínio e o papel da Cultura domínio e o papel da Cultura domínio e o papel da Cultura domínio e o papel da Cultura e o papel de Amado na recuperação de Amado na recuperação de Amado na recuperação de Amado na recuperação de Amado na recuperação de Amado na recuperação do banco. do banco. do banco. do banco. do banco. do banco.

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A doença A doençaOAnovo doença A doença A doença A doença democracia O novoda democracia O novoda democracia O novoda democracia Oda novo da democracia da democracia normal > Dicas Como fazer dos americana normalamericana normal normalamericana normal > Dicas Como > Dicas fazer dos Como > Dicas fazer dos Como > Dicas fazer dos Como fazer dos americana americana americana obstáculos oportunidades FRANCISCO LOUÇÃ E5

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FOTO NUNO FOX

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Diretor: Pedro Santos Guerreiro Diretor: Pedro Santos Diretor: Guerreiro Pedro Santos Diretor: Guerreiro Pedro Santos Diretor: Guerreiro Pedro Santos Diretor: Guerreiro Pedro Santos Guerreiro Diretor-Executivo: Martim Silva Diretor-Executivo: Martim Diretor-Executivo: Silva Martim Diretor-Executivo: Silva Martim Diretor-Executivo: Martim Diretor-Executivo: Silva Martim Silva Diretores-Adjuntos: JoãoSilva Vieira Pereira Diretores-Adjuntos: João Diretores-Adjuntos: Vieira Pereira João Diretores-Adjuntos: Vieira Pereira João Diretores-Adjuntos: Vieira Pereira Diretores-Adjuntos: Vieira Pereira João Vieira Pereira e MiguelJoão Cadete e Miguel Cadete e Miguel Cadete Diretor e Miguel Cadete e Miguel Cadete e Miguel Cadete de Arte: Marco Grieco Diretor de Arte: Marco Diretor Grieco de Arte: Marco Diretor Grieco de Arte: Marco Diretor Grieco de Arte: Marco Diretor Grieco de Arte: Marco Grieco

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JOSEPH JOSEPH STIGLITZJOSEPH E39 STIGLITZ E39 STIGLITZ E39

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Fundador: Francisco Pinto Balsemão Fundador: Francisco Fundador: Pinto Balsemão Francisco Fundador: Pinto Balsemão Francisco Fundador: Pinto Balsemão Francisco Fundador: Pinto Balsemão Francisco Pinto Balsemão

JOSEPH STIGLITZ E39

Governo Governo Governo Governo Governo negoceia comcom Sob alegada orientação do negoceia negoceia com negoceia com negoceia com Sob alegada Sob orientação alegadado Sob orientação alegadado Sob orientação alegadado orientação do político local, muito Suécia ‘borla’ poder político poder local,político muitopoder local,poder político muitopoder local,político muito local, muito Suécia ‘borla’ Suécia ‘borla’ Suécia ‘borla’ Suécia ‘borla’ do dinheiro foi malfoi gasto. do dinheiroaos foi domal dinheiro gasto.foi domal dinheiro gasto. foi domal dinheiro gasto. mal gasto. fiscal de indignação, fiscal aos fiscal aos fiscal aos fiscal aos Motivo de indignação, Motivo de indignação, MotivoMotivo de indignação, Motivo de indignação, ainda que sem surpresa pensionistas ainda que sem ainda surpresa que sem ainda surpresa que sem ainda surpresa que sem surpresa pensionistas pensionistas pensionistas pensionistas

Uma humilhação. Julgava dirigir Uma humilhação. Uma Julgava humilhação. dirigir Uma Julgava humilhação. dirigir Uma Julgava humilhação. dirigir Uma Julgava humilhação. dirigir Julgava dirigir uma escola; dirigia uma choldra.

uma escola; dirigia uma uma escola; choldra. dirigia uma uma escola; choldra. dirigia uma uma escola; choldra. dirigia uma uma escola; choldra. dirigia uma choldra. Durante um ano, Pretextei com “a cultura”. “Não Durante um ano, Durante um ano, Durante um ano, Durante um ano, Pretextei com “aPretextei cultura”. com “Não“aPretextei cultura”. com “Não“aPretextei cultura”. com “Não“aPrete cultura”. “Não autoridades suecas me fale em cultura. Nos Estados autoridades suecas autoridades suecas autoridades autoridades me falesuecas em cultura. meNos falesuecas Estados em cultura. meNos fale Estados em cultura. meNos fale Estados em cultura. Nos Estados pressionaram Lisboa Unidos seria igual. Só não é igual pressionaram Lisboa pressionaram Lisboa pressionaram Lisboa pressionaram Lisboa Unidos seria igual. Unidos Só não seria é igual igual. Unidos Só não seria é igual igual. Unidos Só não seria é igual igual. Só não é igual pordocausa do Regime de porque eu entro na sala e fecho a por causa do Regime por causa de do Regime por causa de Regime causa de do eRegime porque eupor entro na porque sala eufecho entroa de na porque sala eeufecho entroa na porque sala eeufecho entroa na sala e fecho a Residente Não Habitual porta, só voltando a abri-la no final Residente Não Habitual Residente Não Habitual Residente Não Habitual Residente Não Habitual porta, só voltando porta, a abri-la só voltando no final porta, a abri-la só voltando no final porta, a abri-la só voltando no final a abri-la no final

da aula.” Uma lição que me ficou da aula.” Uma lição da aula.” que me Uma ficou lição da aula.” que me Uma ficou lição da aula.” que me Uma ficou lição que me ficou A ministra das Finanças sueca, para sempre. Passámos a proceder A ministra das Finanças A ministra sueca, das Finanças A ministra sueca, das Finanças A ministra sueca, das sueca, para sempre. Passámos para sempre. aFinanças proceder Passámos para sempre. a proceder Passámos para sempre. a proceder Passámos a proceder Magdalena Andersson, condesse modo, e a escola tornou-se Magdalena Andersson, Magdalena conAndersson, Magdalena conAndersson, Magdalena conAndersson, condesse modo, e a escola desse modo, tornou-se e a escola desse modo, tornou-se e a escola desse modo, tornou-se e a escola tornou-se gratula-se por ter “arrastado” exemplar, desse ponto de vista. gratula-se por ter gratula-se “arrastado” por ter gratula-se “arrastado” por ter gratula-se “arrastado” por “arrastado” exemplar, desse ponto exemplar, deter vista. desse ponto exemplar, de vista. desse ponto exemplar, de vista. desse ponto de vista. o Governo português para a O que viemos a saber sobre o o Governo português o Governo paraportuguês a o Governo para português a viemos o Governo para português asobre para O que a saber O que viemos o a saber O queasobre viemos o a saber O quesobre viemos o a saber sobre o mesa das negociações por cauque se passou em Pedrógão fez-me mesa das negociações mesa das pornegociações cau- mesa das por caumesaem das por negociações caupor cauquenegociações se passou que Pedrógão se passou fez-me em que Pedrógão se passou fez-me emque Pedrógão se passou fez-me em Pedrógão fez-me sa do Regime de Residente Não recordar esta lição. A tragédia sa do Regime de Residente sa do Regime Nãode Residente sa do Regime Nãode esta Residente sa dolição. Regime Não de esta Residente Não recordar recordar A tragédia lição. recordar A tragédia esta lição. recordar A tragédia esta lição. A tragédia Habitual. Reformados suecos convocou a generosidade de Habitual. Reformados Habitual. suecos Reformados Habitual. suecos Reformados Habitual. suecos Reformados suecos de convocou a generosidade convocou de a generosidade convocou a generosidade convocoude a generosidade de que vieram para Portugal para milhares de portugueses, pessoas que vieram paraque Portugal vierampara paraque Portugal vieram para parade que Portugal vieram para parapessoas Portugal para pessoas milhares portugueses, milhares de portugueses, milhares de portugueses, milhares pessoas de portugueses, pessoas aproveitar a isenção nos impos e empresas, que se empenharam aproveitar a isenção aproveitar nos impos a isenção - aproveitar noseimpos a isenção - aproveitar nosse a isenção nosse empresas, que eimpos empresas, empenharam que eimpos empresas, empenharam que se e empresas, empenharam que se empenharam tos estão em vias de perder o em doar a soma necessária à tos estão em vias tosdeestão perder em ovias tosdeestão perder ovias deestão perder ovias o a soma emem doar atos soma necessária emem doar a soma à de perder necessária em doar à necessária em doar a soma à necessária à eldorado fiscal. E8 reconstrução das habitações eldorado fiscal. E8 eldorado fiscal. E8 eldorado fiscal. E8 eldorado fiscal. E8 dasreconstrução reconstrução dasreconstrução habitações habitações dasreconstrução habitações das habitações à parteà parte destruídas. Dois trabalhos Cobrar à parte Cobrar à parte CobrarCobrar à parte Cobrar destruídas. Dois trabalhos destruídas. Dois trabalhos destruídas. Dois trabalhos destruídas. Dois trabalhos a bagagem de jornalísticos recentes acabam de a bagagem de a bagagem de a bagagem de a bagagem de jornalísticos recentes jornalísticos acabamrecentes de jornalísticos acabamrecentes de jornalísticos acabamrecentes de acabam de revelar que, sob alegada orientação éuma maiséuma revelar que, sob alegada revelar que, orientação sob alegada revelar que, orientação sob alegada revelar que, orientação sob alegada orientação bordo é maisbordo uma é maisbordo uma bordo é maisbordo mais uma do poder político local, muito do fonte de receita, do poder políticodo local, poder muito político do do local, poder muito político do do local, poder muito político do local, muito do fonte de receita, fonte de receita, fonte de receita, fonte denão receita, O Ministério das Finanças não confirma alerta mesmo que “se o défice fechar, por dinheiro foi mal gasto. Motivo O Ministério OFinanças Ministério das confirma OFinanças Ministério não alerta das confirma O mesmo Finanças Ministério que não alerta “se das confirma omesmo Finanças défice fechar, que não alerta “seconfirma por omesmo défice fechar, que alerta “sepor omesmo défice fechar, que “sepor o défice fechar, dinheiro por foi mal gasto. dinheiro Motivo foi mal gasto. dinheiro Motivo foi mal gasto. dinheiro Motivo foi mal gasto. Motivo quedas pode render nem desmente se irá rever novamente em exemplo, nos 0,2% em 2018, então o Gode indignação, uma vez mais, que pode render que pode render quedesmente pode render que pode render nem senem irá rever desmente novamente nem irá rever em desmente novamente exemplo, senem irá rever nos em desmente 0,2% novamente exemplo, em se 2018, irá rever nos ementão 0,2% novamente exemplo, oem Go-2018, nos ementão 0,2% exemplo, oem Go-2018, nosentão 0,2%oem Go-2018, então o de Go-indignação, uma de indignação, vez mais, uma de indignação, vez mais, uma de indignação, vez mais, uma vez mais, baixa a meta do défice orçamental deste verno não terá qualquer dificuldade em ainda que sem surpresa. É “a €1000 milhões àdosebaixa baixa do baixa défice meta défice deste meta verno do baixa défice não deste terá aorçamental meta qualquer verno do défice não deste dificuldade terá orçamental qualquer verno em não deste dificuldade terá qualquer verno em não dificuldade terá qualquer em dificuldadeainda em que sem surpresa. ainda que É “a sem surpresa. ainda que É “a sem surpresa. ainda que É “a sem surpresa. É “a €1000 milhões €1000 à milhões €1000 à a meta milhões €1000 à aorçamental milhões à aorçamental ano, apesar dos últimos dados sobre a exe- fazer o Orçamento do Estado (OE) do cultura”; somos assim. Dói, isso Ryanair. E promete ano, apesar últimos ano, apesar dados sobre últimos ano, a exeapesar dados fazer dos sobre últimos ano, o aOrçamento exeapesar dados fazer dos sobre do últimos o Estado aOrçamento exe-dados (OE) fazer sobre do do o Estado aOrçamento exe- (OE) fazerdo do o Estado Orçamento (OE)do doEstado (OE)cultura”; do somos assim. cultura”; Dói,somos isso assim. cultura”; Dói,somos isso assim. cultura”; Dói,somos isso assim. Dói, isso Ryanair. E promete Ryanair. E promete Ryanair. Edos promete Ryanair. Edos promete cução orçamental já permitirem antever próximo ano, embora políticas eleitoralisdói, que, ao mais alto nível político, cução orçamental cução já permitirem orçamental antever já permitirem orçamental próximo cução antever jáano, permitirem orçamental embora próximo políticas antever jáano, permitirem embora eleitoralispróximo políticas antever ano, embora eleitoralispróximo políticas ano, embora eleitoralispolíticas eleitoralisdói, que, ao maisdói, altoque, nívelao político, maisdói, altoque, nívelao político, maisdói, altoque, nívelao político, mais alto nível político, estender-se a maisacução um défice praticamente nulo no final do tas deixarão um problema para quem vier leis e sistema de justiça sejam estender-se aestender-se mais aestender-se mais aestender-se mais mais um déficecompanhias praticamente um défice nulo praticamente no um final défice do nulo praticamente tasno deixarão um finaldéfice doum nulo problema praticamente tasno deixarão finalpara doum nulo quem problema tasno deixarão vier finalpara doum quem problema tas deixarão vier para um quem problema vier para quem leis viere sistema de justiça leis e sistema sejam de justiça leis e sistema sejam de justiça leis e sistema sejam de justiça sejam E13 ano. O professor de Finanças e porta-voz fazer o OE de 2020 e 2021, com a previsão desenhados para que tudo continue E13 E13 O professorano. E13 companhias companhias companhias ano. decompanhias Finanças O professor e porta-voz ano. deE13Finanças O professor fazer e porta-voz oano. de OEFinanças O deprofessor 2020 fazer e 2021, porta-voz ode OEFinanças com de 2020 a previsão fazer e 2021, porta-voz o OEcom de 2020 a previsão fazer e 2021, o OEcom de 2020 a previsão e 2021, com a previsão desenhados paradesenhados que tudo continue paradesenhados que tudo continue paradesenhados que tudo continue para que tudo continue do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, de desaceleração da economia”. E6 E36 na mesma, sem correção. do PSD, Joaquim do Miranda PSD, Joaquim Sarmento, do Miranda PSD, Joaquim deSarmento, desaceleração do Miranda PSD, Joaquim de daSarmento, desaceleração economia”. Miranda E6de daSarmento, desaceleração economia”. E6de dadesaceleração economia”. E6da economia”. E6 E36 E36 E36 E36 na mesma, sem correção. na mesma, sem correção. na mesma, sem correção. na mesma, sem correção.

>aprovada Meta inicial aprovada deputados > Meta inicial > Meta aprovada inicial > Meta pelos inicial > Meta deputados aprovada pelos inicial deputados aprovada no pelospelos deputados no pelos deputados no no no OE 2018 era de do>PIB >PIB Porta-voz do PSD OE 2018 era OE de 2018 1,1% era OE dode 2018 PIB 1,1% era > OE do Porta-voz de 2018 PIB 1,1% era > 1,1% do Porta-voz do dePIB PSD 1,1% do Porta-voz do PSD > Porta-voz do PSD do PSD já alerta para riscos eleitoralistas do2019 OE já alerta para já alerta riscos para jáeleitoralistas alerta riscos para jáeleitoralistas alerta riscos do para OE eleitoralistas 2019 riscos do OEeleitoralistas 2019 do OE do2019 OE 2019

ECONOMIA ECONOMIA ECONOMIA ECONOMIA ECONOMIA ECONOMIA ECONOMIA Negócios Negócios Negócios Negócios Negócios da Mota-Engil da Mota-Engil da Mota-Engil da Mota-Engil da Mota-Engil afetados afetadosafetadosafetados afetados por ‘Lava Jato’Jato’ por ‘Lavapor Jato’ ‘Lavapor Jato’ ‘Lava por Jato’ ‘Lava na Argentina na Argentina na Argentina na Argentina na Argentina

ACEDA1 AOACEDA SEMANÁRIO E AO1DIÁRIO 1 ACEDA AO SEMANÁRIO 1 ACEDA E AOAO DIÁRIO SEMANÁRIO 1 ACEDA E AO1 AO DIÁRIO SEMANÁRIO E AOAO DIÁRIO SEMANÁRIO ACEDA E AOAO DIÁRIO SEMANÁRIO E AO DIÁRIO NAEMAPP EM LEITOR.EXPRESSO.PT EM LEITOR.EXPRESSO.PT OU NA APP EXPRESSO EM LEITOR.EXPRESSO.PT OU NAEM APPLEITOR.EXPRESSO.PT EXPRESSO EM LEITOR.EXPRESSO.PT OU NA APPOU EXPRESSO LEITOR.EXPRESSO.PT OUEXPRESSO NA APP EXPRESSOOU NA APP EXPRESSO 2 USE ESTE CÓDIGO LER2PARA O USE CONTEÚDO EXCLUSIVO 2 USE ESTE CÓDIGO2PARA USELER ESTEO CONTEÚDO CÓDIGO2PARA USE EXCLUSIVO LER ESTE O CONTEÚDO CÓDIGO 2PARA USE EXCLUSIVO LER ESTEOPARA CONTEÚDO CÓDIGO EXCLUSIVO LER ESTEO CONTEÚDO CÓDIGO PARA EXCLUSIVO LER O CONTEÚDO EXCLUSIVO 3ESTA ACESSO GRÁTISESTA DURANTE ESTA SEMANA 3 O ACESSO É GRÁTIS 3 DURANTE O ACESSOESTA É GRÁTIS SEMANA 3 DURANTE O ACESSO ÉOGRÁTIS SEMANA 3 DURANTE OÉ ACESSO É GRÁTIS SEMANA 3 DURANTE O ACESSO ESTA É GRÁTIS SEMANA DURANTE ESTA SEMANA

REVISTA REVISTA REVISTA REVISTA REVISTA REVISTA REVISTA E E EEE E E

Jornalismo de investigação Tudo sobre Jornalismo Jornalismo JoJornalismo na Jornalismo Jornalismo smo JoJona de na de smo investigação de nvest smo investigação de investigação de investigação de gação nvest nvest gação gação Tudo Tudo Tudo Tudo sobre sob Tudo sobre Tudo sobre esobre osob mundo osob mundo oomundo oemundo mundo oe mundo o mundo Jornalismo JoJornalismo na Jornalismo Jornalismo smo JoJonanasmo smo e os principais temas da semana da economia e dos negócios de grande formato e os e os eprincipais pos eprincipais os e nc principais os eprincipais pa os p spnc temas nc temas pa temas pa temas sda temas sda temas semana da semana da semana da semana da semana semana dada economia econom da economia da economia da economia da econom econom a e dos e dos e dos eanegócios negóc dos eanegócios dos enegócios dos negócios os negóc negóc osos dede grande gde grande ande de grande de grande de gformato fogande formato mato ande formato formato fofomato mato R24

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Governo para a transferência ospara barões instalados na capiGoverno para a transferência Governo para a transferência os Governo barõespara instalados a transferência os Governo barões na capipara instalados a transferência os Governo barões na capiinstalados a transferência os barões na capiinstalados os barões na capiinstalados na capicompetências. Eresponsabilidades vai tal proéresponsabilidades alijar de competências. de Ecompetências. vai pro- tal de Ecompetências. é alijar vaide proresponsabilidades tal de Ecompetências. é alijar vai prode Ecompetências. é alijar vaital protalresponsabilidades Eé alijar vai proresponsabilidades tal é alijar responsabilidades por na reunião do executivo para as autarquias”. Quando por na reunião do porexecutivo na reunião para do porexecutivo na as reunião autarquias”. para do porexecutivo na Quando as reunião autarquias”. para do porexecutivo na Quando as reunião autarquias”. para do executivo Quando as autarquias”. para Quando as autarquias”. Quando

Isabel Alçada Ana Maria Magalhães

Isabel Alçada Ana Maria Magalhães

Histórias HistóriasHistórias num Histórias num Histórias numnum Histórias num num viciado país viciado país viciado paíspaís viciado país viciado país viciado em frango em frango em frango em frango em frango em frango assado assado assado assado assado assado

Não acontecia há na terça-feira, a malaspor coisas por só vê só vê Marcelo só vê Isabel Isabel Não acontecia há Não mais acontecia de há Não camarário, mais acontecia de nahá Não terça-feira, camarário, mais acontecia demaisanade há Não terça-feira, as camarário, mais coisas acontecia decamarário, correrem anaháterça-feira, as camarário, mais coisas mal de por correrem ana terça-feira, as camarário, coisas correrem ana terça-feira, ascorrerem coisas mal por correrem amalas coisas Marcelo mal por correrem só vê Marcelo mal porsó vê MarceloMarcelo só vê Marcelo Isabel Isabel do modelo de falta desdinheiro, o ónus falta será o número de umacontra saída contra rejeição do modelo rejeição de desdo modelo falta rejeição de derejeição dinheiro, desdo modelo falta rejeição o ónus de dedinheiro, desserá do modelo rejeição o ónus de defalta dinheiro, desserá do de modelo falta o ónus de dedinheiro, desserá o ónus de dinheiro, será o ónus será vinte Alçada anos: o número vinte anos: de o número vinte anos: devinte o anos: número vinte anos: de o número vinte anos: de o número de uma saída contra uma uma saída contra uma uma saída uma uma saídauma contra uma uma saída contra uma Alçada Alçada Alçada centralização. Mas as críticas das autarquias. Nesta quesao com absoluta do maioria centralização. Mas centralização. asCEJ críticas Mas das centralização. asautarquias. críticas Mas das centralização. Nesta asautarquias. críticas quesMas das centralização. Nesta asautarquias. críticas quesMas das Nesta asautarquias. críticas quesdas Nesta autarquias. ques-absoluta Nesta ques-absoluta candidatos ao CEJ candidatos com ao CEJ candidatos comcandidatos ao CEJ candidatos com ao CEJ candidatos com ao CEJ com maioria maioria do maioria do maioria absoluta maioria do absoluta do absoluta do Ana Maria ficam por aqui. Ruiaqui. MoRuiaqui. Moreira frisa connotapor positiva não um entendimento Ana Maria Ana Maria Ana Maria nota positiva não nota chegou positiva não nota chegou positiva não nota chegou positiva não nota chegou positiva nãoaqui. chegou PS: entendimento PS: um entendimento PS: um PS: entendimento PS: um entendimento PS: um entendimento não ficam aqui. não ficam Ruichegou Mopor aqui. tão, não ficam Ruinão MoMoreira por tão, não frisa ficam Rui conMoMoreira por tão, não frisa ficam Ruitão, conMoMoreira por tão, frisa Rui conMoMoreira tão, frisa Ruium conMoreira frisa conMagalhães reira dos fala “falsos cordar “absolutamente commínimo parados preencher as vagas. entre PSD, CDS Magalhães Magalhães Magalhães fala “falsos fala aliados dos “falsos reira fala aliados “absolutamente dosfala “falsos reira aliados “absolutamente com dosaliados “falsos cordar reira fala aliados “absolutamente com dos “falsos cordaraliados “absolutamente com cordar “absolutamente comentre PSD, comentre PSD, para preencher para as vagas. preencher para asreira vagas. preencher para asreira vagas. preencher para ascordar vagas. preencher ascordar vagas. mínimo CDS mínimo CDSmínimo entre PSD, mínimo CDS entre PSD, mínimo CDS entre PSD, CDS P19 da descentralização”, na a P4 CDU”. P9 E bastava ter dezqueter a nova Aliança R38 E bastava ter dezE bastava ter dezEda bastava ter dezEda bastava bastava ter dez adaCDU”. nova Aliança novae Aliança nova Aliança e aP9nova Aliança P9 P19 P19 descentralização”, P19 descentralização”, nadezEada CDU”. P19 descentralização”, que P4na P19 descentralização”, queP4na que adaCDU”. descentralização”, que na aP4CDU”. P4na a CDU”. P4 Aliança R38 que R38e a nova R38e aP9 R38e aP9 R38e aP9

Aos sábados AOS AOS AOS AOS SÁBADOS AOS SÁBADOS AOS SÁBADOS SÁBADOS SÁBADOS SÁBADOS

EXPRESSO DIÁRIO EXPRESSO EXPRESSO EXPRESSO EXPRESSO EXPRESSO EXPRESSO DIÁRIO DIÁRIO DIÁRIO DIÁRIO DIÁRIO DIÁRIO AA análise do dia AA análise aná A análise análise se A análise A aná doaná do dia ddo se dia ado se dia do dia do d ad a no próprio dia nono próprio pno próprio óp no próprio no próprio no opdia dpóp dia a óp diadia o do ad a aSÁBADO sábado 2ª2ªA2ªASÁBADO 2ªASÁBADO 2ªA 2ªA SÁBADO ASÁBADO SÁBADO

Para assinar ligue 214 698 801 ou vá avá bit.ly/OFarmaceuticos Para Para Para Para assinar Para assinar assinar assinar assinar ligue ligue ligue ligue ligue 214 214 214 698 214 214 698 698 698 801 698 801 801 ou 801 801 ou ou vá ou ou vá avá bit.ly/OrdemFarma avá bit.ly/OrdemFarma abit.ly/OrdemFarma abit.ly/OrdemFarma abit.ly/OrdemFarma bit.ly/OrdemFarma Indique ao operador oo código promocional: COBVJ Indique nd Indique Indique que Indique Indique aond ao operador ao que operador ao operador ao operador ao operador operador oo código cód o código código go o código o código promocional: promoc cód promocional: promocional: promocional: go promocional: ona promoc COBSB COBSB ona COBSB COBSB COBSB COBSB Dias úteis das às |19h das às9h Dias D aDias úteis úDias eúteis Dias das úteis da Dias das úteis D 9h 9h das úteis a9h às àdas ú9h 19h às e9h das 9h 19h às|da Sábados 9h Sábado 19h às|19h Sábados 9h 19h às| Sábados àSábados | Sábados das da 9h | Sábados das 9h 9h Sábado das 9h às àdas 9h 17h às9h das h9h 17h àsda 17h às17h 9h 17h às 17h à h Campanha até 31/12/2018, erro Campanha Campanha Campanha Campanha Campanha Campanha válida áCampanha válida daválida até aválida válida éaté 31/12/2018, 3válida até 31/12/2018, 2até á31/12/2018, 20 da até 31/12/2018, 8a31/12/2018, salvo éa 3salvo o salvo erro e2salvo 20 salvo erro o tipográfico. salvo erro 8pog tipográfico. erro atipográfico. erro átipográfico. otipográfico. e otipográfico. o pog á o

Liberdade para pensar. Liberdade L be Liberdade Liberdade dade Liberdade Liberdade para paLpara be a para pensar. pensa dade para pensar. para pensar. pa pensar. pensar. a pensa


5 EDITORIAL

E as luzes nunca se apagaram!

16 TEMA DE CAPA

O gabinete antipandemia

Sumário

24

Foto: Lusa/Paulo Cunha

NOTÍCIAS

6 28 AQUI AO LADO

Graça Freitas: “Farmácias são agente de Saúde Pública”

32 NÓS FARMACÊUTICOS

32 BERC-Luso completou metade do percurso 32 Konsé, uma semente farmacêutica em São Tomé 34 78 novos especialistas 34 Carvalho Guerra condecorado 36 Serviços distintos para Paulo Cruz 37 Nova equipa para Jovens Farmacêuticos

40 PARCEIROS

LPCDR. Prevenir doenças reumáticas e reduzir custos

6 C ARREIRA FARMACÊUTICA finamente regulamentada 8O RDEM ESCLARECE dispensa sem prescrição médica 10 M AIS DEBATE sobre eutanásia 12 F ARMÁCIA HOSPITALAR mais risonha 14 R ACI com novos paradigmas

40 ENTREVISTA

José Miguel Azevedo Pereira: “Estamos na ‘estaca zero’ das terapêuticas contra novo coronavírus”

Ficha técnica

DIRETORA Ana Paula Martins (Bastonária) CONSELHO EDITORIAL Anabela Mascarenhas, Franklim Marques, Luís Lourenço, Paula Costa, Helena Farinha, Ema Paulino COORDENAÇÃO EXECUTIVA Miguel Vieira e Pedro Nandin de Carvalho REDAÇÃO Ana Domingos, Carla Torre, Carla Diogo, Diana Costa, João Dias, Jorge Batista, Liliana Ribeiro, Lúcia Santos, Maria Luís Santos, Sofia Crisóstomo, Tiago Rodrigues e Andreia Fernandes (Secretária de Redação) JORNALISTAS CONVIDADOS Sónia Graça e Ricardo Nabais FOTOGRAFIA Pedro Mensurado PUBLICIDADE Ordem dos Farmacêuticos, Rua da Sociedade Farmacêutica, 18; 1169¬ 075 Lisboa; Tel. : 213 191 380; Fax: 213 191 399; e-mail: comunicacao@ordemfarmaceuticos.pt DESIGN Pedro Martins PAGINAÇÃO Sofia Duarte PRODUÇÃO GRÁFICA Inprintout - Rua D. João V, 16 loja, 1250-090 Lisboa inprintout@inprintout.com PROPRIEDADE, EDITOR E REDACÇÃO Ordem dos Farmacêuticos - Rua da Sociedade Farmacêutica, 18; 1169-075 Lisboa NIPC: 500 998 760 Tel.: +351 213 191 380; fax: +351 213 191 399; e-mail: geral@ordemfarmaceuticos.pt Depósito legal no. 77129/94 Publicação inscrita na ERC sob o no. 118027 Publicação trimestral; ISSN 0872-7554 | A ROF é acessível em formato eletrónico no sítio da Ordem dos Farmacêuticos, em www.ordemfarmaceuticos.pt Tiragem em papel: 1.500 exemplares Assinatura anual: 20€ A Revista da Ordem dos Farmacêuticos adota as regras do acordo ortográfico. O Estatuto Editorial encontra-se publicado em https://www. ordemfarmaceuticos.pt/pt/publicacoes/revista-da-ordem-dos-farmaceuticos/rof-estatuto-editorial. Os artigos assinados não refletem necessariamente o ponto de vista da Ordem dos Farmacêuticos

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Editorial

Bastonária da Ordem dos Farmacêuticos

E as luzes nunca se apagaram... A nossa resposta à pandemia foi firme. E, ao que tudo indica, continuará a sê-lo. Os farmacêuticos souberam estar na linha da frente, irredutíveis, de forma exemplar. As luzes nunca se apagaram... Por isso recebemos palavras de conforto do Presidente da República, da Direção-Geral da Saúde (reafirmadas na entrevista que deu a esta ROF a diretora-geral Graça Freitas), das associações de pessoas portadoras de doença e de cidadãos anónimos... Não houve um reparo! Isso enche-nos de orgulho. Soubemos sempre encarar as dificuldades e resolvê-las a tempo, nunca comprometendo a missão farmacêutica e sendo solidários. Houve momentos, sim, em que os farmacêuticos, talvez pela sua excessiva discrição, foram ignorados. Não fomos ouvidos em várias etapas da produção de normas e de legislação e fizemos saber o nosso desconforto quando não contámos para os sucessos do combate ou para a solução dos graves problemas que se vivem nas unidades que recebem, em condições deploráveis, os nossos cidadãos seniores. Acreditamos que, no final do dia, a lição ficará aprendida e que a política da saúde, a partir do tsunami que foi a pandemia, passará a ser mais cuidada e menos discriminatória. Da nossa parte, ficámos convictos de que, face à subida inusitada da curva do desprezo ou da ignorância daquilo que representam os farmacêuticos para o sistema de saúde e Serviço Nacional de Saúde, não podemos manter o “low profile” que nos carateriza e temos de ser nós, antes que se descontrole a situação, a achatar a curva... Foi o que fizemos em resposta ao rótulo de inexistência que nos quiseram aplicar. Fomos exemplares quando desde a primeira hora ajudámos a criar a Linha de Apoio ao Farmacêuticos, a LAF, que, incansável, se mostrou de insuperável utilidade, particularmente nos momentos em que claudicavam plataformas como a SNS24 e outros linhas. Merece também uma referência a ação dos nossos colegas das análises clínicas que, em condições difíceis, nunca viraram costas ao inimigo invisível. Fomos exemplares quando ajudámos a criar a Operação Luz Verde, que permitiu aos hospitais manter o fornecimento de terapêuticas aos seus doentes sem que estes tivessem de deslocar-se ao

FIZEMOS SABER O NOSSO DESCONFORTO AO NÃO CONTARMOS PARA A SOLUÇÃO DOS GRAVES PROBLEMAS NAS UNIDADES QUE RECEBEM, EM CONDIÇÕES DEPLORÁVEIS, OS NOSSOS CIDADÃOS SENIORES. ACREDITAMOS QUE A LIÇÃO FICARÁ APRENDIDA E QUE A POLÍTICA DA SAÚDE PASSARÁ A SER MAIS CUIDADA “olho do furação”. Inexcedíveis, os farmacêuticos deram uma lição de unidade e sentido cívico, juntando os serviços farmacêuticos hospitalares (com casos de encerramento por registo de infeção) às farmácias comunitárias, à distribuição e às associações de portadores de doença. A Bolsa de Voluntários, que foi desenvolvida e mantida desde a primeira hora, também ajudou a acudir às situações de aflição que a pandemia provocou. Foram 14 voluntários farmacêuticos na LAF, 29 na Operação Luz Verde e 22 nas farmácias. Os números continuarão a crescer. Fomos ainda exemplares ao associarmo-nos à iniciativa Todosporquemcuida para acudir, em parceria com a Ordem dos Médicos e a Apifarma, às falhas de material de proteção que iam e vão sucedendo por todo o país. E não só nas farmácias. Mas também estivemos na linha da frente dos Planos de Contingência das várias áreas em que atuamos, atualizando-os, reforçando-os, confrontando-os com a realidade movediça e

imprevisível da Covid-19. De igual modo, traduzimos e adotámos os manuais divulgados pela FIP, Federação Internacional Farmacêutica, num esforço por fazer chegar a mensagem correta ao maior número de pessoas. Participámos por consciência e obrigação nas campanhas contra o esquecimento, especialmente da vacinação, em sinal de que nos preocupamos seriamente com o que a Covid está a deixar para trás e que constitui o lado negro do nosso exemplar confinamento. Mas também, em parceria com a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, procurámos acudir aos Países de expressão portuguesa na solução do escasso bem que são os testes ao SARS-CoV-2. Num caso também ele exemplar, os farmacêuticos do Laboratório Militar responderam com prontidão aos desafios da pandemia, socorrendo o SNS com gel desinfetante e ganhando, assim, uma nova vida.

UMA MENSAGEM DE REALISMO PARA O QUE NOS ESPERA

É sobre tudo isto, em pinceladas ou maior detalhe, que esta ROF nos fala, revisitando o nosso Gabinete Covid, cheio de inquietações e vontade de resolver dilemas, ouvindo os dirigentes, mas também a investigação (o prof. José Miguel Pereira) e, como já referi, a dra. Graça Freitas que representa a autoridade de Saúde. Estamos a entrar agora numa nova fase. Devemos estar cautelosos, talvez ainda mais atentos do que já estivemos. E devemos aproveitar o lado positivo da crise que desabou, já que, ainda assim, desabou de forma contida, como que a dar-nos uma última oportunidade de corrigir o que precisa ser corrigido ou lembrando-nos que, nos temas de saúde, económicos, políticos ou ambientais, precisamos de um mundo novo e, dentro dele, um SNS renovado. Deixo-vos uma mensagem realista, mas de força e esperança, para continuarmos a fazer o que tem de ser feito, que não é só tratar dos vivos, não é só impedir que as pessoas morram e cuidar dos que têm ficado para trás. Temos de fazer isso muito bem feito. E, para isso, exijamos que o sistema nos dê condições e confiança. E nem nos faltará o apoio dos nossos psicólogos para continuar este trajeto, que é muito longo. REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS | 5


CARREIRA FARMACÊUTICA FINALMENTE REGULAMENTADA Quase três anos depois da publicação dos diplomas que instituíram a Carreira Farmacêutica no SNS, ficou finalmente concluída a sua regulamentação com a publicação do Decreto-Lei que cria a Residência Farmacêutica. Foi publicado em Diário da República o Decreto-Lei n.o 6/2020, que cria a Residência Farmacêutica para atribuição das especialidades em Farmácia Hospitalar, Análises Clínicas ou Genética Humana e acesso à Carreira Farmacêutica no Serviço Nacional de Saúde (SNS). O diploma estabelece os termos do ‘internato’ dos farmacêuticos enquanto percurso formativo pós-graduado, tendo em vista a sua especialização nas referidas áreas. “A integração nas carreiras farmacêuticas pressupõe a posse do título definitivo de farmacêutico, concedido pela Ordem dos Farmacêuticos (OF), bem como o título de especialista na correspondente área de exercício profissional”, explica o preâmbulo do diploma. “Com a autonomização e reformulação das carreiras farmacêuticas foi diferida para momento posterior a regulamentação de várias matérias, nas quais se inclui a formação especializada tendo em vista a obtenção do título de especialista”, acrescenta o articulado. O decreto-lei estabelece então um “sistema coerente de formação”, denominado por residência farmacêutica, que tem como objetivo a “formação teórica e prática no sentido de capacitar os profissionais de saúde, detentores do título de farmacêutico concedido pela OF, para o exercício autónomo e tecnicamente diferenciado, na correspondente área de exercício profissional”.

OF CONTRAGULA GOVERNO

A Ordem dos Farmacêuticos (OF) congratulou o Governo pela publicação e aprovação e publicação do diploma, destacando a vontade política desde sempre manifestada pelo atual e anterior Executivo para reconhecer a diferenciação profissional dos farmacêuticos que trabalham nos hospitais do SNS.

Em comunicado, a OF recorda o caráter estruturante da instituição da Residência Farmacêutica, ao definir claramente o percurso formativo pós-graduado dos farmacêuticos no seu processo de especialização. O diploma agora aprovado conclui um longo processo legislativo e uma reivindicação dos farmacêuticos portugueses com quase duas décadas. Embora o enquadramento legislativo esteja formalmente definido, inicia-se agora um processo que levará à abertura de concursos para farmacêuticos residentes e consequente formação de mais farmacêuticos especialistas, num percurso que permitirá colmatar graves carências de recursos humanos nos serviços farmacêuticos hospitalares. A coordenação da Residência Farmacêutica fica a cargo da Comissão Nacional da Residência Farmacêutica, que integra um elemento designado pelo membro do Governo responsável pela área da Saúde, outro indicado pela OF para cada área de especialização e sete elementos da Administração Central do Sistema de Saúde. Nesta fase, fica desde já previsto que o acesso ao programa de residência farmacêutica é precedido de uma prova de ingresso, sendo o número de vagas fixado por despacho dos membros do Governo com as pastas das Finanças, Administração Pública e Saúde. Contudo, o diploma determina, enquanto disposição transitória, que os farmacêuticos que não detenham o título de especialista mas que já exerciam funções em serviços ou estabelecimentos integrados no SNS, em regime de trabalho subordinado, possam requerer o grau de especialista na respetiva área profissional, por equiparação à residência farmacêutica.

OF avalia idoneidade e capacidade formativa das farmácias hospitalares

Ainda antes da publicação do diploma que veio regulamentar a Residência Farmacêutica, a Ordem dos Farmacêuticos (OF), através do Conselho do Colégio de Especialidade de Farmácia Hospitalar, iniciou um trabalho de avaliação da idoneidade e capacidade formativa das farmácias hospitalares portuguesas. Foi enviado, para o efeito, um questionário aos diretores dos Serviços Farmacêuticos Hospitalares e aos Conselhos da Administração de todos os hospitais portugueses, públicos, privados e do setor social, para avaliar a respetiva capacidade para formar farmacêuticos residentes. Este trabalho visa distinguir estas unidades quanto à sua idoneidade formativa, assim como refletir as várias áreas/atividades presentes e previstas na Farmácia Hospitalar, consideradas nucleares para a formação cabal do residente, em conformidade com o programa de Residência e as boas práticas europeias. 6 | REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS


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PROGRAMA DA RESIDÊNCIA FARMACÊUTICA CANDIDATURA E ADMISSÃO AO PROCEDIMENTO REALIZAÇÃO DA PROVA DE INGRESSO À RESIDÊNCIA FARMACÊUTICA ESCOLHA DA ESPECIALIDADE E DO ESTABELECIMENTO DE SAÚDE COLOCAÇÃO NA RESIDÊNCIA FARMACÊUTICA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E DE CONHECIMENTOS AVALIAÇÃO FINAL ATRIBUIÇÃO DO TÍTULO E ESPECIALISTA

ESTRUTURA-TIPO: DURAÇÃO TOTAL DA FORMAÇÃO ESPECÍFICA NA ESPECIALIDADE SEQUÊNCIA, OBRIGATÓRIA E PREFERENCIAL, DAS VALÊNCIAS DE FORMAÇÃO CARACTERIZAÇÃO DAS VALÊNCIAS DE FORMAÇÃO, OBRIGATÓRIAS E OPCIONAIS DURAÇÃO DE CADA VALÊNCIA DE FORMAÇÃO OBJETIVOS DE DESEMPENHO E DE CONHECIMENTOS PARA CADA UMA DAS VALÊNCIAS DE FORMAÇÃO REGRAS DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO E DE CONHECIMENTOS EM CADA VALÊNCIA DE FORMAÇÃO REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS | 7


ORDEM ESCLARECE DISPENSA SEM PRESCRIÇÃO MÉDICA A OF emitiu um esclarecimento sobre as condições de dispensa de MSRM sem a correspondente prescrição médica. Em termos gerais, a inexistência de uma prescrição médica válida impede a dispensa de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM). No entanto, a lei admite a dispensa excecional, sem a apresentação da respetiva receita, em casos de força maior devidamente justificados. Embora não seja possível tipificar uma lista de situações onde a dispensa de exceção esteja justificada, vislumbram-se alguns motivos de força maior que justificam a dispensa destes fármacos: nos casos em que o utente se apresente na farmácia com um cenário de emergência ou urgência, de diagnóstico identificável, não sendo possível deslocar-se, em tempo útil, a local onde possa obter a prescrição para o medicamento que necessita; ou nos casos em que o utente utilize determinada medicação de forma crónica, de que já não dispõe, e não possa obter uma prescrição médica em tempo útil para evitar riscos sérios para a sua saúde, nomeadamente para a sua vida. Em qualquer dos casos, a dispensa de MSRM sem receita médica válida deve ser realizada em termos conservadores, devendo sempre ser acompanhada de justificação ponderosa e passível de prova por documentos. São casos paradigmáticos desta realidade a dispensa de medicamentos para evitar episódios agudos do foro respiratório, cardiovascular e do sistema nervoso. Porém, essas dispensas de exceção devem ter em consideração o perfil do utente (nomeadamente o histórico de dispensas anteriores) e a existência de um prejuízo potencial de elevada probabilidade pelo decurso do tempo. Ainda assim, o farmacêutico deve ter em consideração outros elementos determinantes nesta avaliação. Desde logo se há uma ausência total da receita médica ou se, existindo, tem alguma incorreção que obste a dispensa e fundamentalmente os aspetos relacionados com a segurança do próprio fármaco: as suas indicações terapêuticas, a forma farmacêutica e via de administração, os motivos que justificam a sua classificação como MSRM ou os efeitos adversos, contraindicações, advertências e precauções especiais enunciadas no resumo das características do medicamento.

1 2 CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO DE MSRM F RISCO PARA A SAÚDE DO DOENTE, DIRETA OU INDIRETAMENTE, SE FOREM UTILIZADOS SEM VIGILÂNCIA MÉDICA, MESMO QUANDO USADOS PARA O FIM A QUE SE DESTINAM F SUBSTÂNCIAS, OU PREPARAÇÕES À BASE DE SUBSTÂNCIAS, QUE PELA SUA AÇÃO OU REAÇÕES ADVERSAS REQUEREM MONITORIZAÇÃO ADICIONAL F ADMINISTRAÇÃO POR VIA PARENTÉRICA

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SITUAÇÕES-PADRÃO DE DISPENSA SEM RECEITA F SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA OU URGÊNCIA, DE DIAGNÓSTICO IDENTIFICÁVEL, SEM POSSIBILIDADE DE DESLOCAÇÃO, EM TEMPO ÚTIL, A LOCAL ONDE POSSA OBTER A PRESCRIÇÃO F MEDICAÇÃO PARA DOENTES CRÓNICOS, SEM POSSIBILIDADE DE DESLOCAÇÃO, EM TEMPO ÚTIL, A LOCAL ONDE POSSA OBTER A PRESCRIÇÃO PARA EVITAR RISCOS SÉRIOS PARA A SUA SAÚDE


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Reportagem sobre alegada má prática

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ASPETOS EM CONSIDERAÇÃO F PERFIL DO UTENTE (HISTÓRICO DE DISPENSAS ANTERIORES) F PREJUÍZO POTENCIAL PARA O DOENTE DE ELEVADA PROBABILIDADE PELO DECURSO DO TEMPO F AUSÊNCIA TOTAL DE RECEITA MÉDICA OU INCORREÇÃO QUE OBSTE A DISPENSA F INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS DO MEDICAMENTO; F FORMA TERAPÊUTICA E VIA DE ADMINISTRAÇÃO DO MEDICAMENTO F MOTIVOS QUE JUSTIFICAM A CLASSIFICAÇÃO COMO MSRM F EFEITOS SECUNDÁRIOS, CONTRAINDICAÇÕES, ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES ESPECIAIS DE UTILIZAÇÃO PREVISTAS NO RCM

A Ordem dos Farmacêuticos (OF) foi confrontada com um trabalho da jornalista da TVI, Márcia Sobral, que se deslocou a duas farmácias da região de Lisboa, com uma câmara oculta, para solicitar, sem a correspondente prescrição médica obrigatória, a dispensa de um medicamento com valporato, indicado para o tratamento da epilepsia. À luz da descrição efetuada na reportagem e das imagens veiculadas pela estação de televisão, estamos perante um ato farmacêutico negligente, em que não foram cumpridos vários procedimentos determinados pelas autoridades reguladoras nacionais (Infarmed) e europeias (EMA). Com a ressalva de não conhecer os exatos termos em que foi efetuada a dispensa, OF criticou publicamente a atuação de farmacêuticos que não cumprem deliberações das autoridades reguladoras relativos a determinados medicamentos com perfis de segurança apertados. Neste caso concreto, mesmo os preceitos da renovação da terapêutica prevista na lei não dispensavam a transmissão de informações sobre métodos contracetivos e a obrigatória entrega de cartão do doente, que faz parte do programa de prevenção da gravidez devido aos riscos de teratogenicidade dos valporatos. Nada justifica a dispensa de um medicamento sujeito a monitorização adicional (identificado com o triângulo preto invertido) sem uma avaliação do historial clínico do utente e a advertência para os riscos associados à sua toma e/ ou ao abandono do tratamento, razão pela qual a Ordem dos Farmacêuticos aceitou o convite da TVI para participação no debate televisivo, procurando deixar claro para todos os portugueses que a dispensa de MSRM sem a correspondente prescrição não constitui uma ilegalidade por si só, mas requer cuidados e atenção redobrada para garantir o seu uso seguro e responsável. A OF desafiou a equipa de reportagem a enviar uma participação formal à OF, que até à data não se confirmou, para poder acionar os mecanismos jurisdicionais e assim avaliar a prática profissional destes colegas. Deixou, no entanto, a ressalva de que as imagens editadas de câmaras ocultas não poderiam julgar a atuação dos profissionais. A análise de matérias disciplinares resulta de uma apreciação séria, isenta, com auscultação das partes e uma decisão em conformidade com as melhores práticas nacionais e internacionais neste domínio. REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS | 9


FARMACÊUTICOS QUEREM MAIS DEBATE SOBRE PROJETOS DE LEI DA EUTANÁSIA A Assembleia da República aprovou na generalidade os cinco projetos de lei que sobre a morte medicamente assistida foram apresentados pelo Partido Socialista, Bloco de Esquerda, Partido das Pessoas, Animais e Natureza, Partido Ecologista “Os Verdes” e Iniciativa Liberal. Os diplomas baixaram à Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias para debate na especialidade, cabendo agora aos diferentes partidos políticos com representação parlamentar apresentar propostas e conciliar um texto comum. O tema da eutanásia tem sido alvo de amplo debate no seio da sociedade portuguesa ao longo dos últimos anos. Em 2017, o Conselho Nacional de Éticas para as Ciências da Vida (CNECV) realizou um ciclo de onze debates, de 10 | REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS

norte a sul do País, com a presença de políticos, filósofos, constitucionalistas, profissionais de saúde, representantes de pessoas que vivem com doença, e outros especialistas, convocando a sociedade para esta discussão. Este mesmo Conselho, tendo por base a auscultação e a interpretação do caminho que trilhou, deu o seu parecer negativo às cinco iniciativas legislativas a debate na Assembleia da República. A Ordem dos Farmacêuticos teve também a oportunidade de participar nestas discussões promovidas pelo CNECV, particularmente focadas numa posição de princípio sobre a prática de eutanásia no nosso País. Se boa parte dos portugueses tem, por isso, uma posição fundamentada sobre o assunto, o mesmo não se poderá dizer sobre o teor das iniciativas legislativas que estiveram em

discussão no Parlamento, considerou a OF. Por essa razão, a Ordem chamou a atenção para o facto de a sociedade precisar de conhecer melhor os termos dos projetos de lei em apreciação e as suas diferenças. “Entendemos que este debate não foi feito e que a matéria legislativa em apreço que verte este tema tão complexo dos ângulos do final da vida não deve ser refém de pressas injustificáveis”, lê-se na posição da OF. Apesar das legítimas convicções individuais, também o debate no seio da profissão farmacêutica, enquanto profissionais de saúde muitas vezes envolvidos na prestação de cuidados paliativos, carece de maior profundidade, muito particularmente sobre as propostas de diplomas e sobre um eventual referendo aos portugueses sobre esta matéria.


Prémio de Investigação Científica Professora Doutora

Maria Odette Santos - Ferreira

Investigação Científica realizada por Farmacêuticos no domínio das Ciências da Saúde. Júri: Francisco Carvalho Guerra António Hipólito de Aguiar Clara Carneiro Constantino Sakellarides Henrique de Barros José Pereira Miguel Margarida Caramona Patrícia Cavaco Silva Prémio monetário: 10.000€

www.premioinvestigacao.ordemfarmaceuticos.pt/


FUTURO MAIS RISONHO PARA A FARMÁCIA HOSPITALAR O CCEFH-OF realizou, nos dias 14 e 15 de fevereiro, no Hotel Olissippo Oriente, em Lisboa, mais uma edição, a décima segunda, das suas jornadas científicas, desta feita com o tema “Inovar o Futuro”. As XII Jornadas de Farmácia Hospitalar, organizadas pelo Conselho do Colégio de Especialidade de Farmácia Hospitalar da Ordem dos Farmacêuticos (CCEFH-OF), decorreram poucos dias após da promulgação pelo Presidente da República do diploma que conclui a regulamentação da Carreira Farmacêutica no Serviço Nacional de Saúde (SNS), através da criação da Residência Farmacêutica, cuja publicação em Diário da República ocorreu alguns dias depois, a 24 de fevereiro, com entrada em vigor a 1 de março. A atualidade do tema justificou, por isso, um amplo debate durante esta edição da reunião anual dos farmacêuticos hospitalares portugueses. A bastonária da OF, Ana Paula Martins, e a presidente do CCEFH-OF, Paula Campos, recordaram o longo percurso legislativo que levou à restituição de uma carreira reservada aos farmacêuticos com vínculo laboral às unidades do SNS. Lembraram também a morosidade do processo de regulamentação da residência farmacêutica e explicaram o trabalho que está a ser desenvolvido pelo Colégio de Especialidade para atribuição de idoneidade formativa, total ou parcial, para os estabelecimentos e serviços de saúde, públicos, privados ou do setor social, poderem receber farmacêuticos residentes e garantir o cumprimento do programa de formação nas diferentes valências. Presente na sessão de encerramento do evento, o secretário de Estado da Saúde, António Sales, relevou o trabalho da Ordem, dos farmacêuticos e do Governo no desenvolvimento da legislação que estabelece uma carreira autónoma e diferenciada para os farmacêuticos. O membro do Governo não quis adiantar uma data

para abertura dos primeiros concursos para farmacêuticos residentes, sublinhado tratar-se de um trabalho conjunto que agora se inicia entre a Administração Central do Sistema de Saúde, a OF e a Comissão Nacional da Residência Farmacêutica, criada especificamente para coordenar tecnicamente os programas de formação de cada área de exercício profissional dos farmacêuticos.

ACESSO AO MEDICAMENTO HOSPITALAR

O programa das XII Jornadas de Farmácia Hospitalar iniciou-se com um debate sobre os medicamentos de uso exclusivo hospitalar, que registou a participação, além da presidente do CCEFH-OF, do ex-secretário de Estado da Saúde, Francisco Ventura Ramos, do presidente do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), Fernando Araújo, e do presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço. Estes responsáveis falaram sobre a passagem de alguns medicamentos de dispensa exclusiva em hospitais para as farmácias comunitárias,

dando como exemplo os projetos TARV II, na área da Grande Lisboa, e Farma2Care, impulsionado pelo CHUSJ (Centro Hospitalar Universitário São João, Porto), ambos no âmbito do VIH/sida. O objetivo do Governo, através da autoridade reguladora, é alargar a acessibilidade a outros medicamentos e áreas terapêuticas, como os medicamentos orais para oncologia, para os doentes transplantados, com esclerose múltipla ou artrite reumatoide, entre outros. Em qualquer dos casos, foi reforçada a importância do envolvimento das associações que representam os doentes neste processo de transferência de competências do hospital para a comunidade, que deve ter associado um rigoroso procedimento e informação para acompanhamento e monitorização da evolução da doença, em especial nos casos em que são utilizados medicamentos inovadores, que requerem outro tipo de vigilância. No painel seguinte, houve lugar à apresentação do diretor do Serviço de Inteligência de Negócio e Ciência de Dados do Centro de Gestão da Informação do CHUSJ, José Afonso Pedrosa, que explicou os projetos de inteligência artificial em curso naquela unidade hospitalar, alguns dos quais com aplicação direta na Farmácia Hospitalar, e as mais-valias para farmacêuticos hospitalares, clínicos e doentes, designadamente no domínio da gestão da informação. Sob a moderação do responsável pelos Serviços Farmacêuticos do IPO-Lisboa, António Melo Gouveia, anterior presidente do CCEFH-OF, o tema foi debatido também pelo presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, Henrique Martins, pelo diretor de Tecnologias de Saúde do Grupo Luz Saúde, Francisco Rocha Gonçalves, e pela coordenadora dos Serviços Farmacêuticos do Hospital Egas Moniz, Helena Farinha, da Direção Nacional da OF.

HOSPITALIZAÇÃO DOMICILIÁRIA E CUIDADOS PALIATIVOS

O segundo dia de trabalhos foi dedicado à “Humanização na Farmácia Hospitalar”, com dois painéis de debate sobre a hospitalização domiciliária e os cuidados paliativos. Na primeira parte, o responsável pela implementação do Programa de Hospitalização Domiciliária nos Hospitais do SNS, Delfim Neto Rodrigues, deu a conhecer as metas do programa e as instituições com projetos em curso nesta área, cabendo, em seguida, à farmacêutica hospitalar Ana Mafalda Brito e ao médico Pedro Correia Azevedo, ambos da Unidade de Hospitalização Domiciliária do Hospital Garcia de Orta, apresentar a sua experiência na prestação 12 | REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS


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de cuidados no domicílio, com especial enfoque sobre a intervenção dos farmacêuticos neste processo. O último painel de debate do evento foi dedicado aos cuidados em fim de vida, tendo a discussão resvalado, com naturalidade, pela atualidade do tema, para a eutanásia, que esteve em discussão no Parlamento na semana seguinte. Isabel Galriça Neto, diretora da Unidade de Cuidados Paliativos e Continuados do Hospital da Luz, e o farmacêutico hospitalar Rui Rodrigues, do mesmo hospitalar, realçaram a importância de uma intervenção multidisciplinar junto destes doentes e debateram a utilização de

fármacos no controlo da dor em doentes terminais. A farmacêutica hospitalar Nélia Bettencourt Coutinho, descreveu, por sua vez, a sua experiência na prestação de cuidados paliativos no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, São Miguel, Açores, enfatizando as competências na área da comunicação na relação com estes doentes. Uma nota final para uma justa e sentida homenagem do CCEFH-OF à farmacêutica hospitalar Odete Isabel, que deu nome à edição deste ano do Prémio Pegadas: deixe a sua marca no percurso da Farmácia Hospitalar. Foi também atribuído um prémio, no valor

de 1.500 euros, que visa distinguir a melhor DIFH - Divulgar Iniciativas em Farmácia Hospitalar. Entre as DIFH submetidas ao longo do último ano, o CCEFH-OF distinguiu três para apresentação nesta edição das Jornadas e o trabalho intitulado “Validação informatizada de doses cumulativas de citotóxicos”, da autoria das farmacêuticas Marta Mendes, Idalina Freire e Maria Olímpia Fonseca, do Centro Hospitalar da Cova da Beira, foi o distinguido com o prémio de melhor DIFH, a qual ficará também disponível para consulta de todos os farmacêuticos na página eletrónica dedicada ao projeto, em www. difh.ordemfarmaceuticos.pt. REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS | 13


RACI DEDICADA AOS NOVOS PARADIGMAS NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA Os farmacêuticos de indústria portugueses estiverem reunidos de 28 de fevereiro a 1 de março, em Elvas, para mais uma edição da Reunião Anual do Colégio de Indústria (RACI). “New Paradigms in Pharmaceutical Industry” foi o tema da edição deste ano, que juntou mais de uma centena de colaboradores farmacêuticos de diferentes áreas e departamentos das empresas farmacêuticas. O evento arrancou com as intervenções do presidente do Conselho do Colégio de Especialidade de Indústria Farmacêutica da Ordem dos Farmacêuticos (CCEIF-OF), Nuno Moreira, e da bastonária da OF, Ana Paula Martins, que lançaram os temas que estariam em discussão durante os três dias de trabalhos, o primeiro dos quais relacionado com a regulamentação da produção de canábis para fins medicinais. Vasco Bettencourt, do Infarmed, apresentou a perspetiva da autoridade reguladora, desde os requisitos de licenciamento, inspeções, importação e exportação de medicamentos e substâncias à base da planta de canábis, aos aspetos relacionados com a colocação no mercado, preço e condições de prescrição e dispensa. O tema esteve ainda em discussão no segundo dia de trabalhos, durante a apresentação dos responsáveis das empresas Pharmaium Cannabis e Rodon Biologics, que detalharam os requisitos técnicos e conceptuais das unidades industriais de extração de óleo de canábis. Ainda no primeiro dia, foi dado particular destaque ao trabalho desenvolvido no Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos (LMPQF) e às suas valências na área da produção de medicamentos. A farmacêutica militar Inês Martins relatou a história centenária da instituição, recordando os projetos em que o Laboratório tem estado envolvido, bem como a colaboração intensa com o Ministério da Saúde. Nesta 38o edição da

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RACI, o CCEIF-OF decidiu homenagear o LMPQF, reconhecendo assim o inestimável contributo da instituição e dos farmacêuticos militares que fizeram parte dos seus quadros durante os 102 anos de vida. O primeiro dia de trabalhos terminou com uma visita ao Museu Militar de Elvas, onde a coleção dedicada à Saúde e à Farmácia captou especial atenção dos participantes. No segundo dia, os temas do controlo da qualidade digital e a indústria 4.0 evidenciaram novos caminhos e “novos paradigmas” da Indústria Farmacêutica. Nota ainda para a apresentação de dois responsáveis da QCPharma sobre a presença de nitrosaminas em medicamentos que contêm substâncias sintetizadas quimicamente. Os trabalhos terminaram com uma revisão das competências e responsabilidades da Qualified Person, em particular nos processos de serialização. Com um carácter mais informal, o último dia esteve reservado à apresentação da jornalista Carla Rocha sobre a comunicação no contexto profissional, e à entrega de prémios para os melhores trabalhos apresentados nesta edição da RACI. A escolha da Comissão Científica contou com a colaboração dos participantes e recaiu sobre o trabalho intitulado “Patients suffering from rare diseases deserve the same quality of treatment as other patients within the European Union”, da autoria de Inês Martins, farmacêutica especialista em Indústria Farmacêutica no LMPQF.


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O GABINETE ANTIPANDEMIA Partilham dúvidas e soluções – do equipamento que escasseia às regras de segurança. Todas as semanas, um grupo de farmacêuticos e especialistas reúne-se numa plataforma online para discutir e resolver problemas gerados pela crise pandémica. O «gabinete de crise» estará alerta enquanto durar a Covid-19. Sónia Graça, jornalista convidada

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os postigos e abrir portas, outros pretendem medir a temperatura dos utentes à entrada e a maioria entende que toda a gente devia entrar com máscara…» Estávamos, nesta altura, a poucos dias do fim do estado de emergência, prestes a entrar na fase de desconfinamento. No Porto, as coisas têm corrido «naturalmente», diz Franklin Marques, mas também há «muitas perguntas e pedidos de esclarecimento», inclusive «sobre testes serológicos», indica o presidente da Secção Regional do Norte. A Sul, a classe também se prepara para a reabertura de serviços. «Lançámos uma newsletter sobre a utilização de máscaras, porque é importante veicular informação que ajude os nossos membros no dia a dia», adianta Luís Lourenço.

RENOVAÇÃO AUTOMÁTICA DAS PRESCRIÇÕES LANÇA «CONFUSÃO NO TERRENO»

Nas farmácias comunitárias, a dispensa de medicamentos hospitalares através da Operação Luz Verde «está a decorrer normalmente», aponta Carolina Mosca, referindo-se à parceria entre hospitais, distribuidores e farmácias para entrega de medicamentos de prescrição hospitalar em proximidade, mas o mesmo já não sucede com a renovação automática das prescrições para doentes crónicos, e os farmacêuticos têm-se articulado com os médicos nesta matéria. «Estamos a aguardar pelo Conselho Nacional da Ordem dos Médicos…», diz a presidente do Colégio de Farmácia Comunitária da Ordem. Nuno Flora, chamado a pronunciar-se mais adiante, explica a dimensão do problema. «A confusão está criada no terreno, com o envio massivo de sms a doentes que já mu-

Foto: Lusa/Paulo Cunha

Mais de uma dezena de pessoas, em diferentes pontos do país, vão entrando na sala virtual do Teams. Ligam-se os microfones, cumprimentam-se os presentes. Não é uma aula, nem uma conferência, nem uma palestra. É mais uma reunião do Gabinete de Apoio ao Farmacêutico, criado pela Ordem dos Farmacêuticos (OF) no início de março, para discutir e resolver questões relacionadas com a pandemia Covid-19: desde dificuldades logísticas a dúvidas sobre protocolos de atendimento ao público. «Um gabinete de crise», como lhe chama Ana Paula Martins, que tem permitido «uma vivência em conjunto das dificuldades» nestes tempos disruptivos. É a bastonária, com a ajuda da secretária-geral da OF, Carla Torre, que coordena estas sessões semanais, que não têm uma ordem de trabalhos – a ideia é que cada interveniente fale sobre o panorama atual na sua área. Ao todo, são cerca de vinte, entre elementos da direção nacional, presidentes dos colégios de especialidade e do conselho para a cooperação da Ordem, representantes de associações setoriais (Associação Nacional das Farmácias, ANF, Associação de Farmácias de Portugal, AFP, Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares, APFH, Associação Portuguesa de Analistas Clínicos, APAC, e Associação de Distribuidores Farmacêuticos, Adifa, entre outras) e diferentes especialistas e colaboradores. Esta noite, estão reunidos 16 participantes. Anabela Mascarenhas dá início à ronda. «Temos recebido muitas perguntas de colegas, que querem saber como será o funcionamento das farmácias a partir da próxima semana», conta a presidente da Secção Regional do Centro da OF. «Uns acham que devem abandonar


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daram de terapêutica, outros que recebem medicação de familiares e não sabem qual é qual… E vão às farmácias pedir ajuda, porque recebem códigos que não conseguem decifrar», descreve o secretário-geral da ANF, lamentando os efeitos de «uma situação mal gerida» pela tutela: «O Ministério não soube confiar nos médicos e nos farmacêuticos, tentou resolver um problema por via administrativa e correu mal.» «Felizmente», intervém a dada altura a bastonária, «a confusão só durou três ou quatro dias». Ana Paula Martins voltará ao assunto, no fim da reunião. Entretanto, outros problemas emergentes têm afetado as farmácias. O maior de todos talvez seja a falta de equipamentos de proteção individual (EPI) – nomeadamente máscaras, luvas e viseiras. «Continua a haver uma forte carência. E não tivemos ajuda de ninguém; todo o investimento neste âmbito tem sido feito pelas próprias farmácias», sublinha Nuno Flora, admitindo «forte preocupação» com este assunto: «Um estudo já provou que, quando a linha SNS24 falhou, 18 | REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS

QUANDO A LINHA SNS24 FALHOU, AS FARMÁCIAS FORAM PORTA DE ENTRADA DE MUITOS DOENTES. SOMOS A PRIMEIRA LI­NHA DE CONTACTO [COM O SISTEMA DE SAÚDE] nas primeiras semanas, as farmácias foram a porta de entrada de muitos doentes assintomáticos. Somos a primeira linha de contacto do doente [com o sistema de saúde], e por isso é tão importante a proteção das equipas.»

MORTES, CASOS POSITIVOS E FARMÁCIAS ENCERRADAS

E recorda, a propósito, que a Covid-19 já afetou dezenas de profissionais, levando até ao encerramento de estabelecimentos em todo o país. Desde o início da pandemia, adianta o porta-voz da ANF, morreram uma farmacêutica e um proprietário de farmácia – ambos na casa dos 80 anos, mas ainda ativos. Um deles foi infetado na farmácia. Além disso, foram

registados 19 casos positivos em 13 farmácias, o que obrigou ao respetivo encerramento, pois os profissionais tiveram de cumprir quarentena (entretanto, 12 destes estabelecimentos já reabriram). E outras 26 unidades sofreram restrições de funcionamento, por se terem registado casos de infeção entre as suas equipas. Em preparação, acrescenta Nuno Flora, está já uma nova versão – a sexta – do plano de contingência das farmácias. E, embora o postigo tenha sido até agora uma forte recomendação, o responsável defende que «as farmácias devem ir abrindo progressivamente, nomeadamente os serviços farmacêuticos» (que foram suspensos), mas «no respeito máximo pelas regras de proteção».


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NUNO FLORA Secretário-geral da Associação Nacional de Farmácias Desde o início da pandemia, quais as maiores dificuldades que teve de enfrentar? Uma das maiores preocupações foi o acesso a equipamento de proteção individual, essencialmente máscaras e luvas, não só para dispensa aos utentes, mas para uso das próprias equipas das farmácias. No início de abril, não tínhamos stock, de todo, e os profissionais tinham de continuar a usar máscara todo o dia… Neste momento, a situação está mais controlada; todos têm equipamentos, mas ainda não nas quantidades ideais. E rapidamente podemos voltar às dificuldades iniciais. Estamos a competir num mercado global, centrado essencialmente na China, e a produção nacional praticamente não existe para as necessidades. A segunda maior dificuldade foi continuar a assegurar os turnos noturnos e ao fim de semana, porque as equipas estavam reduzidas (houve profissionais que tiveram de ficar em casa a tomar conta dos filhos, outros estavam infetados ou de quarentena, etc.) e sob muita pressão, com doentes para atender todos os dias… O que aprendeu - ou está a aprender - com esta crise sanitária? É importante estarmos cada vez mais perto dos utentes e das comunidades. É muito importante que as farmácias tenham o registo terapêutico dos seus doentes, porque, em tempos de crise como atualmente vivemos, isso tornará muito mais fácil fazer uma dispensa à distância, por telefone. Como agentes de saúde pública, os farmacêuticos prestam um serviço de excelência na linha da frente e vão ter de sair mais do seu espaço para se aproximarem dos doentes, porque muito provavelmente eles não podem ou não devem fazer deslocações. Temos de estar constantemente preparados para estes cenários de crise. Depois, é aconselhável que as farmácias escolham fontes seguras de informação – da DGS, do Infarmed, da ANF – para prestar um bom serviço à população.

Manuela Pacheco, que representa a AFP, levanta precisamente esta questão. «Há uma dúvida generalizada da parte de muitas farmácias que estão a atender pelo postigo: querem deixar de o fazer para abrir portas, mas precisam de saber que orientações dar aos utentes. E, por isso, gostaria que ficassem definidos os procedimentos a adotar, nomeadamente sobre a obrigatoriedade ou não de os utentes usarem máscara.»

FALTA DE EPI PARA PREPARAR CITOTÓXICOS

Nos serviços farmacêuticos hospitalares também se prepara o regresso à ‘normalidade’. «Os hospitais estão preocupados em retomar as consultas externas e as cirurgias, devagar, mantendo os circuitos para doentes Covid e não Covid, evitando salas de espera muito cheias e mantendo o distanciamento», relata Paula Campos, presidente do Conselho do Colégio de Especialidade de Farmácia Hospitalar. No entanto, a falta de EPI específicos para a preparação de citotóxicos tem sido motivo de preocupação: «Muitas das másca-

Como antecipa o futuro imediato? E como se está a preparar? Acreditamos que possa haver uma segunda vaga, principalmente no próximo inverno. Os farmacêuticos devem manter ativas todas as medidas de prevenção, nomeadamente ao nível dos equipamentos de proteção, e também atuar como agentes identificadores de casos de infeção – é bom lembrar que, por dia, entram nas farmácias 500 mil portugueses, e muitos poderão estar infetados. Os farmacêuticos devem também preparar-se para trabalhar mais com os médicos e outros agentes de saúde, por exemplo, no maior acompanhamento do doente à distância e no seu domicílio, e na renovação da sua terapêutica crónica, seguindo protocolos de intervenção muito estritos. A ANF está a desenvolver esforços que permitam, caso haja uma segunda vaga, assegurar às farmácias suas associadas todo o apoio necessário. Em relação aos serviços farmacêuticos, como serão prestados doravante? Que regras de segurança serão aplicadas, neste caso? As farmácias têm estado gradualmente a retomar a prestação dos seus serviços farmacêuticos e de saúde, com medidas de proteção individual reforçadas, quer para os profissionais, quer para os utentes, uma vez que a maioria dos serviços realiza-se no gabinete de atendimento personalizado, implicando um contacto mais próximo. Temos atualizado a informação sobre os procedimentos e cuidados adicionais a adotar a este nível. Acreditamos que os utentes irão sentir-se seguros e com confiança na prestação dos seus cuidados de saúde pelas farmácias.

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HELDER MOTA FILIPE Presidente do Conselho da Cooperação da Ordem dos Farmacêuticos Desde o início da pandemia, quais as maiores dificuldades que teve de enfrentar? A maior dificuldade foi adaptar a minha rotina e a resposta profissional ao trabalho a partir de casa, com recurso ao teletrabalho. Passei a dar aulas através de plataformas informáticas. A relação professor-aluno é profundamente alterada, havendo muito menos capacidade de exposição de dúvidas e respetivo esclarecimento. Ao nível pessoal, a minha maior dificuldade é manter as relações familiares no nível que merecem, com todas as limitações de proximidade e contacto. O que aprendeu - ou está a aprender - com esta crise sanitária? Esta crise sanitária tem vindo a revelar que a sociedade portuguesa tem um nível de maturidade cívica impressionante, que se traduz pela forma como rapidamente compreendeu os aspetos fundamentais em causa para evitar a propagação da doença, tendo alterado os seus comportamentos em conformidade. Na minha opinião,

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demonstrou ainda o papel importante desempenhado pelas redes sociais na informação e na desinformação sobre a Covid-19 e o papel frequentemente pouco crítico da comunicação social relativamente às notícias sobre a doença e aspetos relacionados com a pandemia.

Como antecipa o futuro imediato? E como se está a preparar? O futuro imediato inclui continuar a viver com o risco de infeção. Penso que apenas se tornará mais fácil de gerir se as pessoas mantiverem alguns comportamentos que diminuam o risco de contágio. É importante evitar a saturação dos serviços de saúde. Espero que se consiga ir diluindo e mantendo o número de casos controlado, evitando ao máximo um novo pico. Pessoalmente, estou a preparar-me para regressar a algumas tarefas profissionais e pessoais fora do confinamento, tentando cumprir com as regras básicas que se aplicam a este período: higiene das mãos, distanciamento social, etiqueta respiratória e uso de máscara.

ras e batas estão esgotadas e, nalguns casos, tem sido complicado manter tudo a funcionar com normalidade e em simultâneo. Mesmo assim, temos conseguido dar resposta; não tenho notícia de nenhum hospital ter parado a sua produção por falta de material.» Helena Farinha, coordenadora dos Serviços Farmacêuticos do Hospital Egas Moniz, acentua a palavra «prudência»: «O hospital está a preparar-se paulatinamente para receber os doentes das consultas externas, mas é preciso manter as normas de segurança que adotámos para que não haja um crescimento muito grande de casos, embora saibamos que haverá uma segunda vaga. Os circuitos


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SOFIA CRISÓSTOMO

Assessora da Ordem dos Farmacêuticos para o Envolvimento dos Cidadãos Desde o início da pandemia, quais as maiores dificuldades que teve de enfrentar? O maior desafio foi, em primeiro lugar, a pandemia em si mesma, em particular na fase inicial. Por ser uma situação completamente nova, ninguém sabia o que esperar, nem o que iria acontecer. As necessidades e as mais diversas solicitações começaram a surgir em catadupa e foi necessário perceber que não era possível darmos resposta a tudo, ou pelo menos com a urgência com que as circunstâncias nos convocam. Trabalhámos muito mais horas diárias do que é habitual, para dar resposta a um acontecimento novo e inesperado. No entanto, foi também essencial mantermos a nossa saúde mental e física, e a nossa capacidade de resiliência, porque cedo percebemos que a pandemia era uma maratona e não uma corrida de 100 metros.

Foto: Lusa/Eduardo Costa

O que aprendeu - ou está a aprender - com esta crise sanitária? Quando a nossa vida para de repente, no sentido em que tudo o que fazíamos no nosso dia a dia – a normalidade – ficou em suspenso, as prioridades tornam-se mais evidentes, mas não só. Apercebemo-nos melhor de tudo o que, realmente, somos capazes. Apercebemonos também de que as escolhas que, às vezes, não fazemos são afinal possíveis. Esta crise mostrou muito bem a capacidade de nos reinventarmos, de reinventarmos a nossa atuação enquanto profissionais, de reinventarmos a prestação de cuidados de saúde. A solidariedade e os laços comunitários foram também reforçados, mostrando a importância das instituições locais e das relações sociais na resposta à pandemia.

estão rotinados e os processos definidos. Assim seja na comunidade…» É a vez de Cristina Furtado intervir. A investigadora auxiliar no Instituto Ricardo Jorge confessa ter «muitas dúvidas» sobre a segurança das máscaras sociais, cujo uso pode ser «perverso e, às vezes, contraproducente». A epidemiologista lembra que «a probabilidade de haver surtos epidémicos pontuais, de acordo com a nossa densidade populacional, é muito grande» e apela ao sentido de responsabilidade dos colegas: «Tomar conta ‘disto’ passa, em primeira linha, pelos clínicos e pelos farmacêuticos.» Quanto aos testes serológicos, Cristina Furtado ressalva

que «têm uma sensibilidade muito baixa» e que «o facto de termos anticorpos não significa que tenhamos imunidade». Entretanto, adianta, estão em curso «estudos de imunidade» no Ricardo Jorge e noutras entidades.

«SEM SOLUÇÃO IMEDIATA À VISTA»

A reunião já vai longa quando termina a ronda pelos participantes. Ana Paula Martins toma então a palavra e começa pelo tópico que tem estado na ordem do dia: a máscara deve ou não ser de uso obrigatório nas farmácias? «A Ordem não precisa de adotar uma posição, porque as posições estão adotadas formalmente por via das normas da Direção-Geral da

Como antecipa o futuro imediato? E como se está a preparar? Os momentos de crise podem também ser momentos de transformação social positiva. É com essa perspetiva que encaro o futuro. Quanto a uma eventual segunda vaga, não diria que sinto temor que ela aconteça. Tenho consciência de que pode acontecer e, portanto, é importante prepararmo-nos para tal, sobretudo para que não sejam necessárias medidas de isolamento social como aquelas a que assistimos agora. Algumas das mudanças ao nível da prestação de cuidados deverão ser mantidas, não só na perspetiva de uma segunda vaga de Covid-19, mas sobretudo para introduzir maior eficiência no Serviço Nacional de Saúde. Falo, por exemplo, de telemedicina/teleconsultas, renovação da prescrição pelos farmacêuticos entre consultas médicas, dispensa de medicação hospitalar na farmácia comunitária ou no domicílio, a Linha de Apoio ao Farmacêutico ou a linha 1400 para os utentes. A principal melhoria a operar é sobretudo na comunicação e no envolvimento de todos os atores – incluindo os utentes – na construção da resposta à Covid-19 ou em qualquer outra situação no contexto da saúde. REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS | 21


Saúde», sublinha a Bastonária, lembrando que as farmácias estão entre os espaços fechados: «Acho muito difícil que não seja percecionado pelos cidadãos a necessidade de usar máscara quando entrarem nas farmácias, e já não falo da sua utilização em gabinete para prestação de serviços, porque, nesse caso, obviamente serão precisos EPI.» 22 | REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS

Mas esta realidade levanta outra questão, mais sensível: a dos EPI disponíveis para as equipas. «Já temos aprovados alguns pedidos feitos por farmácias que estão em situação extremamente difícil, sobretudo no Sul. A entrega (graças à missão TodosPorQuemCuida, uma iniciativa conjunta da OF e Ordem dos Médicos, OM, em conjunto com a Associação Portuguesa

da Indústria Farmacêutica, Apifarma) será feita pelos presidentes das secções regionais», anuncia Ana Paula Martins, que, no entanto, admite: «Não vamos conseguir responder à necessidade de milhões de máscaras para que as farmácias possam laborar em segurança nos próximos tempos, mas pelo menos vamos conseguir identificar as mais carenciadas.»


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NUNO CARDOSO Presidente da Associação de Distribuidores Farmacêuticos, Adifa Desde o início da pandemia, quais as maiores dificuldades que teve de enfrentar? Na minha perspetiva, nenhum setor na sociedade estava preparado para uma pandemia, que, na realidade, paralisou o mundo. Não obstante, o setor da distribuição farmacêutica de serviço completo demonstrou uma grande capacidade de resistência e resiliência, o que permitiu uma resposta muito adequada às novas necessidades das farmácias e da população. Esta foi sempre a nossa prioridade. Numa primeira fase, em meados de março e perto da primeira declaração do estado de emergência, houve um crescimento muito significativo do volume de atividade das farmácias, o que colocou o setor da distribuição sob grande pressão. No entanto, prontamente o setor se adaptou e, através de planos de contingência e planos de continuidade operacional, suportados por ajustes logísticos e das equipas, foi possível garantir um abastecimento contínuo e adequado das farmácias comunitárias, mesmo perante um cenário completamente excecional.

Foto: Lusa/António Cotrim

O que aprendeu - ou está a aprender - com esta crise sanitária? O dia a dia desta crise sanitária tem sido uma aprendizagem constante. Creio que, de forma transversal, a crise veio reforçar a importância de uma colaboração multidisciplinar e a vários níveis entre os diferentes intervenientes do circuito farmacêutico, considerando que todos têm uma missão comum: a saúde pública. Um exemplo disso é a Operação Luz Verde, que colocou a trabalhar em conjunto: hospitais, distribuidores farmacêuticos de serviço completo, farmácias, associações de pessoas que vivem com doença, entre outros. No âmbito desta iniciativa, a distribuição farmacêutica encontra-se em contacto direto com os hospitais e as farmácias, visando assegurar a distribuição das terapêuticas habitualmente dispensadas em regime hospitalar às farmácias comunitárias, garantindo um serviço de proximidade para a população, com os mais elevados padrões de qualidade e especialização.

Recordando que há, atualmente, cerca de 900 farmácias «em situação extraordinariamente difícil, com rentabilidades negativas», a representante dos farmacêuticos não escolhe meias-palavras: «Já não nos basta fazermos mais. Vamos ter de fazer o nosso melhor para acomodar esta situação, que não tem solução imediata à vista...»

Como antecipa o futuro imediato? E como se está a preparar? Neste momento, é muito difícil fazer previsões, dado que a probabilidade de erro é enorme. Na nossa perspetiva, é essencial manter o setor preparado para uma nova vaga da doença, assegurando que os medicamentos e produtos de saúde continuam a ser disponibilizados a quem deles necessita. Os objetivos a que a Operação Luz Verde se propôs a responder não devem ser esquecidos e, como tal, devemos encontrar formas de manter a dispensa de medicamentos de dispensa exclusiva hospitalar também nas farmácias comunitárias. Seja qual for o contexto, a distribuição farmacêutica de serviço completo continuará a demonstrar o seu papel vital no circuito farmacêutico e o serviço de interesse público prestado diariamente.

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ORDEM TOMA POSIÇÃO SOBRE POLÉMICA PORTARIA

HÁ UMA CULTURA DE ANTIENVOLVIMENTO DOS FARMACÊUTICOS QUE TEM DE MUDAR 24 | REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS

Quanto à controversa renovação automática da terapêutica a utentes com doença crónica, Ana Paula Martins lembra que a proposta original das ordens dos Farmacêuticos e dos Médicos ia no sentido de este ser «um ato profissional, não administrativo». Mas, perante o desenrolar do processo, a Ordem teve de tomar uma posição. «Entendemos que há dois caminhos: ou não se renova a portaria, havendo a certeza de que todos os doentes terão assegurada a renovação da sua medicação através do seu médico assistente, por retoma dos cuidados

primários, ou prolongando-a, se encontra uma metodologia que não seja um ato meramente administrativo, de receitas com medicamentos de que o doente não precisa e que coloca em causa competências profissionais, a segurança dos doentes e o seu acesso à medicação. (…) Os farmacêuticos apenas renovarão a terapêutica crónica aos doentes que apresentarem uma receita válida», anuncia a Bastonária, citando parte da resposta que enviara, por email, ao presidente do Infarmed e ao bastonário da OM sobre este assunto. «Há uma cultura de antienvolvimento dos farmacêuticos que tem de mudar», comenta


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HELENA FARINHA

Coordenadora dos Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, membro da Direção Nacional da OF

Desde o início da pandemia, quais as maiores dificuldades que teve de enfrentar? O maior desafio que esta pandemia colocou aos Serviços Farmacêuticos Hospitalares (SFH) foi a manutenção da sua atividade assistencial e de apoio à ação médica, procurando garantir uma resposta e cobertura eficazes e seguras aos serviços clínicos, profissionais de saúde (PS) e utentes. Num período de grande exigência assistencial, os farmacêuticos hospitalares (FH) desenvolveram esforços no sentido de não verem comprometida a sua atividade assistencial aos doentes não-Covid (internamento, hospitais de dia, ambulatório) e, simultaneamente, darem uma resposta pronta, eficaz e segura face à nova realidade. Para tal, tiveram de se antecipar, criar planos de contingência em adaptação contínua, reorganizar circuitos e fluxos de distribuição dentro e fora da farmácia, formar as suas equipas (que incluem TSDT, AT, AO), adequar stocks, abrir e apetrechar novos serviços, em colaboração multidisciplinar, e encontrar soluções seguras, algumas com a colaboração da sociedade civil, para os seus utentes em regime de ambulatório, seja quando estes têm meio de se deslocar em segurança aos SFH ou por via do seu acesso em proximidade (farmácia comunitária ou domicílio).

Foto: Lusa/António Cotrim

Como está a ser feita a terapêutica das pessoas com Covid-19? Que dificuldades tem havido neste domínio? Os hospitais produzem as suas recomendações de tratamento da Covid-19, resultado da evidência disponível à data, sendo estas periodicamente atualizadas à medida que mais dados se vão acumulando. Contudo, tratase de um vírus novo, ainda pouco conhecido, sendo também escassa a evidência científica quanto às terapêuticas possíveis. Assim, a colaboração interdisciplinar assume grande relevância não só no âmbito das terapêuticas usadas em cada fase da infeção e monitorização do seu uso, mas também no que diz respeito à geração de evidência (estudos). No âmbito dos cuidados ao doente Covid+, especialmente em UCI, a maior dificuldade será a avaliação das interações farmacológicas em contexto de comorbilidades decorrentes desta infeção (ex: insuficiência renal; falência multiorgânica), situações que exigem ajuste de doses, restringem as opções terapêuticas e nas quais o risco de acontecimentos adversos é maior, sendo por isso necessária uma intervenção farmacêutica frequente. Por outro lado, alguns dos fármacos usados no tratamento desta doença requerem uma farmacovigilância ativa, dada a sua utilização ser off-label.

Hélder Mota Filipe, presidente do Conselho da Cooperação da OF, acrescentando que «é importante partilhar o problema com os doentes, que são o principal interessado nesta matéria». Concordando, Ana Paula Martins aproveita para lembrar que, na tomada de posição, frisou isso mesmo: «(…) O doente é uma parte fundamental de todo este processo, e quem, perante o seu farmacêutico, além do médico, pode e deve desencadear o pedido de renovação da prescrição por sua estrita necessidade.» Manuela Pacheco intervém, nesta altura, para relatar um caso que parece ter fugido à norma:

O que aprendeu - ou está a aprender - com esta crise sanitária? Se algo há a retirar deste período de crise sanitária é que, de facto, todos juntos somos mais fortes. Ao nível hospitalar, destaco, por um lado, a grande capacidade de organização, adaptação e resposta dos FH e das suas equipas e, por outro, não menos importante, o elevado espírito de solidariedade, união e entreajuda entre todos os PS. Globalmente, importa também salientar as iniciativas, de várias origens, a que assistimos no nosso país e que muito têm contribuído para o combate a esta pandemia. Neste âmbito, não posso deixar de mencionar o empreendedorismo da Ordem dos Farmacêuticos (OF), na pessoa da sua Bastonária, que em boa hora criou o Gabinete Covid da OF, tão importante para sentir o pulsar da profissão, bem como as várias iniciativas desenvolvidas, de apoio aos PS e pessoas com doença. Como antecipa o futuro imediato? E como se está a preparar? Os PS/hospitais mantêm a prudência necessária nesta fase de retoma gradual da atividade, pois estão conscientes de que virá uma segunda vaga. Os planos de contingência são continuamente ajustados a cada nova realidade, os processos estão definidos, bem como as ações a aplicar nessa situação, cujo impacto se deseja baixo. As regras aplicáveis na fase em que nos encontramos estão definidas, constituem já uma nova rotina e terão de ser rigorosamente aplicadas.

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EMA PAULINO Membro da Direção Nacional da Ordem dos Farmacêuticos

JÁ NÃO NOS BASTA FAZERMOS MAIS. VAMOS TER DE FAZER O NOSSO MELHOR PARA ACOMODAR A SITUAÇÃO DAS FARMÁCIAS, QUE NÃO TEM SOLUÇÃO À VISTA.

Desde o início da pandemia, quais as maiores dificuldades que teve de enfrentar? Os maiores desafios, enquanto farmacêutica comunitária, prenderam-se com a necessidade de encontrar estratégias e ferramentas para manter a proximidade profissional necessária ao adequado aconselhamento e acompanhamento da efetividade e segurança das terapêuticas nos utentes, num contexto de distanciamento físico. Para a questão da acessibilidade ao medicamento, em si, existem já hoje várias alternativas que podemos utilizar para entrega ao domicílio, mas face ao volume crescente de pessoas em isolamento, e ainda pelo facto de estarmos a atender ao postigo, foi preciso reorganizarmo-nos para efetuar contactos à distância após a cedência/ entrega, por exemplo via telefone, que nos permitissem prestar os aconselhamentos que habitualmente prestamos no ato da dispensa. O que aprendeu - ou está a aprender - com esta crise sanitária? Que ainda temos muito trabalho pela frente no sentido de garantir que temos informação necessária e suficiente sobre os nossos utentes, que nos permita perceber quais destes não estão a procurar os nossos serviços neste momento, e que deveríamos estar a contactar proactivamente no sentido de averiguar as suas necessidades. Numa nota positiva, penso que ficou mais uma vez evidente a união do setor e a capacidade de adaptação dos farmacêuticos que exercem nas várias áreas de intervenção profissional. Como antecipa o futuro imediato? E como se está a preparar? Por um lado, e tendo presente que existem dados que indiciam que existe um excesso de mortalidade não-Covid, relacionada com a não procura de cuidados de saúde urgentes necessários, e ainda prevendo um excesso de morbilidade e mortalidade tardia, fruto da interrupção ou intermitência dos cuidados de saúde (incluindo a toma de medicamentos), queremos dar a confiança necessária à população para nos procurar quando necessitar. Mas, por outro, continuar a recomendar prudência e a adoção das medidas preconizadas pelas autoridades. Pretendemos, assim, reforçar os nossos contactos à distância, e torná-los mais proativos de acordo com o perfil dos utentes, nomeadamente os que se inserem em grupos de risco. 26 | REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS

«Os farmacêuticos de Torres Vedras, com os respetivos médicos da zona, articularam-se desde o início da quarentena, e têm feito a renovação a pedido do utente: fazemos o pedido aos centros de saúde por email e, em menos de 24 horas, os utentes têm nos seus telemóveis uma mensagem com a nova prescrição do que efetivamente precisam.» A representante da AFP deixa a pergunta: «Não sei até que ponto este caso não poderá ser um testemunho eficaz que se pode replicar por mais locais…» Quase no fim da reunião, Ema Paulino, membro da direção nacional da OF, “entra” na sala virtual, precisamente para falar deste assunto: «Hoje, as ordens profissionais tiveram uma reunião com o Secretário de Estado [da Saúde]. E eu referi que o princípio da portaria era bom, mas, do ponto de vista da operacionalização, estava a ser um desastre. Sublinhei que não acreditamos que os centros de saúde retomem a sua atividade assistencial de forma a que não haja mais problemas de acesso às prescrições e que, por isso, devia haver uma solução. E reiterei que estávamos a trabalhar com a Ordem dos Médicos para abrir canais de comunicação que permitissem uma intervenção profissional e não administrativa.»

A portaria foi, entretanto, revogada com o fim do estado de emergência e aguarda-se, agora, a decisão da tutela: será ou não renovada e, em caso positivo, que modelo será aprovado?

«UM TRAJETO MUITO LONGO»

Duas horas depois de iniciada, Ana Paula Martins dá por encerrada a reunião: «Vamos entrar numa nova fase e devemos estar cautelosos. Deixo-vos uma mensagem realista, mas de força e esperança, para continuarmos a fazer o que tem de ser feito, que não é só tratar dos vivos, não é só impedir que as pessoas morram e cuidar dos que têm ficado para trás; temos de fazer isso muito bem feito, exigindo que o sistema nos dê condições. E não nos faltará apoio dos nossos psicólogos para continuar este trajeto, que é muito longo.» Doravante, os farmacêuticos que precisem de apoio psicológico para gerir o impacto emocional e a sobrecarga de trabalho resultantes da crise pandémica tê-lo-ão, graças a uma parceria estabelecida com a Ordem dos Psicólogos, que disponibiliza um aconselhamento especializado, no âmbito da LAF, a Linha de Apoio ao Farmacêutico.


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Graça Freitas, diretora-geral da Saúde

AS FARMÁCIAS SÃO UM AGENTE DE SAÚDE PÚBLICA Ainda mal tinha chegado à DGS, já era confrontada com um estado de emergência de saúde pública a nível global. A gripe aviária de 1997 teve epicentro em Hong Kong e, recorda-se, “era extremamente agressiva”. Contida a crise, percebeu “que em poucas horas, em poucos dias, em poucas semanas, podia emergir um novo vírus, e esse vírus podia mudar completamente tudo o que tínhamos em termos de saúde”.

Ricardo Nabais, jornalista convidado. A questão da saúde pública acompanha o trajeto de Graça Freitas há mais de 20 anos. Experiências de alerta pandémico como aquela haviam de se repetir e este ano, já como diretora-geral – cargo que assumiu em 2017, após a saída de Francisco George –, confrontou-se com outro fenómeno deste género, iniciado com o surto do novo coronavírus, em Wuhan, na China. Na DGS desde 1996, teve, até 2005, enquanto chefe da Divisão de Doenças Transmissíveis, várias incumbências: coordenou o Programa Nacional de Vacinação, vários programas de controlo de doenças transmissíveis, integrou o grupo gestor da Reserva Estratégica de Medicamentos, os comités de Doenças Transmissíveis e de Vacinação da OMS e representou a DGS e o país no Sistema de Alerta e Resposta europeu, entre outros cargos. Encara a saúde pública como uma gestão dos graus de risco e zela, sobretudo, pela boa comunicação desse risco à população. Perante os novos paradigmas trazidos pela comunicação instantânea e as redes sociais, defende que devemos “ter essa rapidez de saber, em cada momento, o que está a ser feito, e de ver qual é a forma mais efetiva de comunicar, especialmente sobre o que é o risco, para não haver pânico”. Que balanço faz do plano nacional para o combate à disseminação da covid-19? A resposta nacional à Covid-19 reflete-se na capacidade que o País demonstrou para aplanar a curva epidémica, através de medidas de 28 | REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS

saúde pública que foram adotadas pela generalidade da população, pela nossa capacidade de detetar, isolar e tratar adequadamente os casos de doença e de, através da rede de serviços de saúde pública, detetar, isolar e vigiar contactos de pessoas doentes, interrompendo as cadeias de transmissão. O país garante, também, a monitorização da epidemia, aliando a vigilância epidemiológica da responsabilidade da DGS com a participação da academia na análise da informação e em estudos específicos. Estamos alinhados com as instituições internacionais como a OMS e o ECDC, e aprendemos todos os dias com a nossa experiência e com a de outros países, adaptando a resposta ao contexto epidemiológico, social e científico. Das linhas de investigação atualmente em curso para uma futura terapêutica, ou vacina, quais as que parecem ser mais promissoras? Acompanhamos as linhas de investigação de novas vacinas e terapêuticas com esperança e cautela, uma vez que os novos medicamentos carecem de avaliação da sua eficácia, segurança e qualidade, aspetos que requerem ensaios, estudos e tempo.

ESTAMOS A APRENDER O CAMINHO DE ADEQUAR A MENSAGEM A TODOS

Numa época em que a comunicação circula a uma velocidade estonteante em diversos


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meios, a gestão da saúde pública não é também uma gestão da comunicação? Estamos a aprender a gerir estas situações. Não era este o paradigma a que estávamos habituados. Primeiro, temos de saber o que se está a passar, quer nos media tradicionais, quer nas redes sociais. Estas últimas, mal ou bem, dão, de facto, o ponto da situação. Neste momento, decidimos ter, na DGS, pessoas dedicadas a ler esse mundo, a ver o que se está a passar para que, sempre que surja algo que não corresponde à realidade, com as mesmas formas de comunicar, possamos dizer “não é preto. Na nossa opinião, é branco”. Temos de ter essa rapidez de saber, em cada momento, o que está a ser feito, e de ver qual é a forma mais efetiva de comunicar, sobretudo sobre o que é o risco, para não haver pânico. Uma coisa é o risco real, que é a probabilidade de algo efetivamente acontecer. Outra coisa é o risco amplificado pelas redes sociais e pelo medo, suscetível de gerar confusão social. Para contrariar essas questões, baseamo-nos, obviamente, na ciência, sempre alinhados com organizações internacionais. Não devemos tomar medidas de saúde pública nem abaixo nem acima do que é recomendado. Tal como a medicação de um doente, que deve ser adequada: nem mais, nem menos para aquele doente. E a mensagem deve ser simples. A comunicação, neste caso, não é só com um doente, é com toda a população. Também estamos a aprender este caminho, o de adequar a mensagem a todos, independentemente do seu grau de instrução, idade, características sociais... No fundo, é zelar pela saúde pública da comunicação... Exatamente (risos). Estamos todos a aprender novas formas de comunicar. Temos de ser transparentes, verdadeiros e dizer às pessoas qual é o risco. E conseguir a arte de conseguir transmitir uma só mensagem, que todos compreendam ao mesmo tempo? Sim. Outra dificuldade é conseguir alinhar os parceiros, que podem ser as farmácias, os autarcas, os padres, a sociedade civil, as ONG... Eles têm de estar alinhados pela mensagem. No fundo, é dizer que as pessoas podem ler tudo o que quiserem, mas que tenham mais confiança na nossa informação, quando dizemos se nos devemos cumprimentar com um beijinho, com um aperto de mão, com uma vénia, o que for… É muito importante gerar confiança.

FARMACÊUTICOS: UM DOS PILARES MAIS IMPORTANTES DA SAÚDE

Que papel podem ter as farmácias nestas situações de emergência de saúde pública? Nestas situações de crise, dois dos nossos par30 | REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS

ceiros essenciais são a ANF e a AFP. De facto, as farmácias são um agente de saúde pública. Têm uma capilaridade, uma proximidade e um número de contactos com o cidadão que não podemos desprezar. Além disso, já têm redes de comunicação muito bem montadas – nomeadamente estas associações que as representam – e que podemos utilizar para transmitir as tais mensagens de que falávamos. E o que é preciso ainda fazer para ligar mais a atividade da DGS com a das farmácias? Além das associações, temos uma grande ligação com a OF. E temos, ainda, alguns projetos-piloto em que participamos, em que testamos, por exemplo, a capacidade das farmácias de vacinar contra a gripe sazonal. Há um projeto-piloto muito importante na ARS de Lisboa e do Vale do Tejo, que temos apadrinhado desde o primeiro dia. Há variadíssimos canais para chegar às farmácias: um direto – diretamente com os farmacêuticos e as farmácias comunitárias – e um mais alargado, com representantes das farmácias e ainda um supra-farmácias, com a OF.

Mas ainda estamos todos a aprender com esta rede. É para aí que temos de tender, temos de considerar não apenas o papel das instituições formais, mas irmos no sentido de sermos agentes de saúde pública: o farmacêutico de oficina, de hospital, na academia, onde estiver... Até porque são um dos pilares mais importantes da saúde, não tenho a mínima dúvida. Têm uma capacidade muito importante de chegar ao público, e há um capital de confiança grande do público com as farmácias. É onde se recorre a qualquer hora, do dia e da noite. Muitas vezes estão na primeira linha, são os primeiros profissionais de saúde a quem as pessoas recorrem... Muitas vezes, pela proximidade, por estar aberto a qualquer hora, porque não carece de marcação de consulta, o canal mais simples para conseguir um conselho, um medicamento, uma medição de um parâmetro qualquer, como a tensão arterial, ou o peso, é, de facto, a farmácia. Podemos ir ao médico de seis em seis meses, mas à farmácia vamos constantemente, buscar receitas das nossas doenças crónicas, agudas. São contactos muito frequentes. Esse contacto tem de ser capitalizado.

DEPENDEMOS MUITO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE

NOVOS MEDICAMENTOS CARECEM DE AVALIAÇÃO DA SUA EFICÁCIA, SEGURANÇA E QUALIDADE, O QUE REQUER ENSAIOS, ESTUDOS E TEMPO

A conjuntura demográfica obriga a reforçar essa ligação? Com a maior longevidade, o envelhecimento da população... Esse é o grande desafio da maior parte dos países desenvolvidos. Este padrão da demografia não é só de Portugal: a pirâmide é neste momento invertida, ou já nem sequer é uma pirâmide. Nascem poucas pessoas, já há poucos jovens e o que aumenta é a população idosa. Temos um grande avanço da medicina, que é o de aumentar a nossa esperança de vida à nascença e aos 65 anos. O grande desafio é, então, aumentar a qualidade de vida. As mulheres, aos 65 anos, têm uma esperança média de vida de mais 20 anos. Queremos que esses 20 anos sejam saudáveis. Mas a questão é que não podemos preparar o envelhecimento quando já formos velhos. É agora: desde que nascemos, começamos a envelhecer. Portanto, temos de fazer tudo para que as gerações futuras cheguem aos 65 anos com menos carga de doença, mais saudáveis, mais ativas, mais autónomas, menos frágeis. Mas já temos esse cenário no presente. Com esta carga de doença, vêm outros problemas: a falta de autonomia, a fragilidade, a incapacidade. Estas pessoas, de facto, dependem muito de serviços de saúde. Há ainda a questão da suborçamentação do SNS. O acesso é a principal preocupação do SNS. Há que dizer que o papel dos farmacêuticos é muito importante, tal como o papel dos médicos na prescrição e na utilização dos medicamentos


Aqui ao Lado Como? Precisamos de soluções descentralizadas, pensar nas assimetrias sociais e regionais que existem, como nas populações idosas. Não podemos tratar de forma igual populações que não são iguais. Está, há relativamente pouco tempo, no papel de diretora-geral da Saúde, mas já está ligada à DGS há muitos anos. Qual foi a situação de saúde pública mais preocupante que testemunhou, antes da atual? Em 1997, estava há um ano na DGS, fui confrontada pela primeira vez com uma emergência de saúde pública a nível global. Nessa altura, houve a chamada gripe das galinhas, em Hong Kong, e era extremamente agressiva. O contágio era feito, aparentemente, através dos ares condicionados de edifícios. As gotículas acabavam por ser aerossolizadas, e transmitiam-se. Depois houve todo o abate sanitário das aves de capoeira, que foram exterminadas em Hong Kong. E de certa forma, a crise ficou contida. Percebi que em poucas horas, em poucos dias, em poucas semanas, podia emergir um novo vírus, e esse vírus podia mudar completamente tudo o que tínhamos em termos de saúde.

é fundamental. Há aqui uma complementaridade de especialidades na área da saúde. Há dois lados da questão: o acesso aos cuidados de saúde médicos, porque as pessoas carecem de uma avaliação clínica e de uma prescrição para muitos medicamentos que não são de venda livre, e isso deve, de facto, ser feito; e a outra face, o acesso às farmácias e aos farmacêuticos.

NÃO DEIXAR NINGUÉM PARA TRÁS

Mas uma das faces não acaba por estar suborçamentada? Creio que aqui há um desafio, que o Ministério da Saúde sabe que tem, que é fazer uma mudança organizacional que permita fazer o melhor possível com todos os financiamentos. Deve partir-se não de diagnósticos longos que não chegam a soluções, mas de algum diagnóstico da situação que permita, depois, encontrar soluções. Mas obviamente que o desafio da organização e da administração é importantíssimo, sendo que a grande questão é o acesso universal aos cuidados de saúde. Aliás, essa é também a preocupação da OMS e de todas as organizações que se preocupam com a saúde da população. É o lema “não deixar ninguém para trás”.

PELA PROXIMIDADE, POR ESTAR ABERTA A QUALQUER HORA, POR NÃO CARECER DE MARCAÇÃO DE CONSULTA, A FARMÁCIA É O CANAL MAIS SIMPLES PARA CONSEGUIRSE UM CONSELHO, UM MEDICAMENTO, A MEDIÇÃO DA TENSÃO ARTERIAL OU DO PESO

Mas passou por outras situações de emergência... Em 2002-2003, apareceu a que ficou conhecida como pneumonia atípica, ou SARS. E talvez tenha sido um susto até mais importante para mim por um motivo: quando se descobriu, não se sabia qual era o agente. Agora sabe-se em poucos dias, faz-se a sequenciação do genoma e sabe-se se é um vírus, ou se é uma bactéria. Havia esse grau de incerteza, e a ela juntou-se o medo. A SARS teve focos em vários pontos do mundo, Canadá, Singapura, Austrália, Vietname... Não posso deixar de dizer que nos preparámos, aqui na DGS, e muito. O anterior diretor-geral tinha delegado em mim muita dessa preparação para uma pandemia de gripe. E finalmente, em 2009, ela apareceu: um novo vírus, vindo do continente americano – os primeiros casos foram nos EUA e no México –, que teve o potencial de ser pandémico. E o meu lema é preparar para o pior e esperar o melhor. Por isso, preparámo-nos para o pior, para que ele fosse muito agressivo. E tivemos a grande sorte de ele não o ter sido. Mas, no dia em que vi o anúncio da pandemia, chorei. Pensei que se o vírus fosse grave, muitas das pessoas que conhecemos poderiam não estar aqui no fim da pandemia. Tivemos a pandemia de 1918, a gripe espanhola, a de 1957 e a de 1968, menos graves. Mas obviamente hoje os serviços estão muito mais preparados do que estavam. A virulência do vírus vai ser determinante até termos imunidade ou termos uma vacina. Este foi, de facto, mais benigno e todos os vírus novos acabam por se tornar residentes. É como se inaugurassem uma nova dinastia. REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS | 31


BERC-LUSO COMPLETOU METADE DO PERCURSO Com uma duração prevista de três anos, o projeto BERC-Luso (Biomedical Ethics and Regulatory Capacity Building Partnership) completou já metade do seu percurso. Os próximos passos passam pela implementação de ações a nível individual e institucional nos vários países parceiros. O BERC-Luso é um projeto inovador que, criado em 2018, visa a capacitação ética e regulamentar no domínio da investigação biomédica dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), quebrando barreiras geográficas entre Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. O projeto procura desenvolver e fortalecer os sistemas nacionais de regulação de medicamentos e as capacidades para a revisão ética da investigação clínica nos cinco países de língua oficial portuguesa, criando condições para o desenvolvimento da investigação biomédica e especificamente de ensaios clínicos, na adoção das melhores práticas internacionais, garantindo assim a proteção das populações e o desenvolvimento dos países. O projeto teve início em outubro de 2018 e é constituído por cinco planos de ação. Foi aprovado e financiado pelo Programa EDCTP2 (Parceria entre a Europa e os Países em Desenvolvimento para a Realização de Ensaios Clínicos), com o apoio da União Europeia e cofinanciado pela Fundação Calouste Gulbenkian. Tem como parceiros várias instituições portuguesas especialistas nas áreas da ética e da regulamentação da investigação e do medicamento, nomeadamente a Cátedra Unesco de Bioética da Universidade Católica do Porto, Comissão de Ética para a Investigação Clínica (CEIC), Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde e a Ordem

dos Farmacêuticos. Numa primeira fase, realizou-se um estudo legislativo comparativo que traça o quadro geral da legislação nos países parceiros em matéria de regulamentação ético-jurídica dos ensaios clínicos, identificando também as áreas prioritárias para o desenvolvimento de regulamentação conforme as boas práticas internacionais. O estudo, realizado por uma equipa de juristas de todos os PALOP, foi apresentado publicamente no Simpósio “As melhores práticas internacionais em matéria de investigação clínica: uma parceria com Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa”, realizado a 6 de junho de 2019, no Infarmed, em Lisboa, que contou com a participação de mais de 200 pessoas provenientes dos países e organismos parceiros, tendo sido simultaneamente transmitido via videoconferência para os países parceiros. Na presença da bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, Ana Paula Martins, a abertura do Simpósio esteve a cargo da secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro, e do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Francisco Ramos. Nos dias que antecederam o Simpósio (3 a 5 de junho) destacou-se a realização do workshop sob o tema “As boas práticas internacionais para a investigação biomédica: requisitos éticojurídicos”, que juntou a equipa de juristas autores do Estudo Legislativo Comparativo, apresentado

no simpósio. O evento, ainda que não estivesse inicialmente previsto na descrição do projeto, superou as expetativas, juntando os juristas dos países lusófonos e representantes das respetivas embaixadas, que participaram ativa e entusiasticamente nesta iniciativa. Mais do que um projeto de ética e reforço da capacitação regulamentar nos PALOP, o BERC-Luso pretende capacitar os formandos do presente para que, num futuro próximo, se tornem os formadores nos seus países, cooperando com as comunidades locais e contribuindo para que os seus países prosperem. O projeto coordenado por Maria do Céu Patrão Neves é reconhecido a nível internacional, contando com o apoio institucional da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que qualificam o projeto como pioneiro nas suas ações e ambições. Além de todas as atividades realizadas durante o primeiro ano, o BERC-Luso participou em vários congressos internacionais, a destacar o 9.o Fórum EDCTP em 2018, com a exposição de um póster de apresentação do projeto pela coordenadora do BERC-Luso; o XIII Congresso Mundial de Farmacêuticos de Língua Portuguesa, em 2018, na Cidade da Praia, espaço onde Jorge Batista, farmacêutico e gestor do projeto, apresentou o poster “Projecto de Capacitação

KONSÉ, UMA SEMENTE FARMACÊUTICA EM S. TOMÉ Rita Romano Adão, farmacêutica Konsê, Um Passo Na Saúde. Palavras levianas no dia em que as escrevi, mas que se tornaram numa experiência de vida. O meu nome é Rita e em fevereiro do ano passado quis desafiar-me. Integrei o curso de Empreendedorismo e Intervenção Social da WACT, uma ONG para o Desenvolvimento, com o intuito de participar no programa Spirit. O conceito deste programa é criar um projeto. A minha ideia era, sendo eu farmacêutica, vivenciar a minha profissão numa 32 | REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS

realidade diferente. Queria pôr a mão na massa e, acima de tudo, ter a oportunidade de dar o meu contributo. Foi assim que, sessão após sessão, aprendizagens todas as semanas, iniciei as descobertas do setor farmacêutico de São Tomé. Entrei em contacto com algumas pessoas que me ajudaram nessa tarefa, entre elas o Dr. Ahmed Zaky, do Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF), o Dr. Tomé Lima, delegado do Centro de Saúde de Neves, a Dr. Neurice Ramos, do Fundo Nacional de Medicamentos, e o Sr.

Ministro Dr. Edgar Neves e seus colaboradores do Ministério da Saúde de São Tomé. Todos eles contribuíram para que a realidade de São Tomé começasse a caminhar no meu pensamento. Depois de formulado o problema evidente da falta de medicamentos, percebi que este se devia ao facto de os profissionais de saúde não conhecerem a realidade em termos de necessidades (em medicamentos e produtos de saúde e bem-estar). Foi-me então sugerido pelo Dr. Ahmed a criação de uma base de dados, a qual serviria para

sistematizar gastos e precaver essas mesmas necessidades. Por outras palavras, uma requisição dos medicamentos com base nos consumos já verificados tornaria o processo mais fidedigno, tanto para São Tomé como para as instituições que os apoiam, como o IMVF. Depois dos primeiros pontos do Konsê já definidos, estava na altura de delinear as atividades, os timing, os contactos, as reuniões, e todos os passos que daria em São Tomé. Expor todos os detalhes dos planos A, B... e ter em mente que tudo poderia vir a ser alterado em


Nós Farmacêuticos

Ética e Regulamentar nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (BERC-Luso)”; e o 79th FIP World Congress of Pharmacy and Pharmaceutical Sciences, em Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos sob a apresentação do poster “Building Biomedical Ethics/Regulatory Capacity in Portuguese Speaking African Countries: BERC-Luso”. Já em 2020, no âmbito do “Programa Educativo”, 2.o Plano de Ação do Projeto, o BERC-Luso organizou uma ação de formação, de 17 a 22 de fevereiro, na Cidade da Praia em Cabo Verde, com o tema “Investigação Biomédica e Ensaios Clínicos: capacitação regulamentar e ética”. O evento contou com a participação de especialistas na área de revisão ética e regulamentar de Portugal, assim como representantes internacionais da OMS e da Unesco, que apresentaram o trabalho que as suas organizações desenvolvem no âmbito da revisão ética e apoio regulamentar para o desenvolvimento de ensaios clínicos. O evento foi coorganizado por duas instituições caboverdianas de elevado prestígio: a Entidade Reguladora Independente da Saúde e o Comité Nacional de Ética em Pesquisa em Saúde. Dirigida a profissionais com responsabilidades regulamentares nas áreas da investigação clínica e bioética, a ação de formação registou a participação de 25 de profissionais (formandos oficiais do projeto) de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e S. Tomé

terreno. Foi assim que me preparei para as seis semanas de trabalho no Centro de Saúde de Neves, um distrito na zona noroeste da ilha. Ao fim de cinco meses de preparação, cheguei e apenas queria marcar a diferença, fazendo do Konsê um projeto sustentável. Nas primeiras semanas o impacto foi grande. Depois das autorizações cedidas e de muitas reuniões seguiram-se as primeiras etapas no Centro de Saúde. Os dias passavam e a confiança crescia. Unimos esforços para uns armários mais organizados e medicamentos devidamente etiquetados. Posteriormente destaquei três áreas de intervenção. A farmácia

e Príncipe, aos quais se associaram cerca de dez profissionais de Cabo Verde. Do Programa destacam-se alguns momentos institucionais: a Sessão de Abertura, que decorreu na manhã de 17 de Fevereiro, na sede da Ordem dos Médicos de Cabo Verde; a Sessão Solene, no dia 21 de Fevereiro, com a presença do ministro da Saúde e da Segurança Social de Cabo Verde, Arlindo do Rosário; e a Sessão de Celebração de Compromisso, no dia 22 de Fevereiro, com intervenções dos representantes da OMS e da Unesco. Os restantes dias foram compostos por módulos de formações nas áreas éticas e regulamentares. Os formandos também apresentaram um relatório sobre a investigação clínica nos respetivos países, mencionando os principais instrumentos ético-jurídico, disposições legais, entidades envolvidas e o seu funcionamento. Este trabalho forneceu uma visão geral sobre investigação biomédica nos cinco países parceiros do projeto BERC-Luso. No encerramento do evento, o ministro da Saúde e Segurança Social de Cabo Verde, Arlindo Nascimento do Rosário, assumiu o compromisso de promover o desenvolvimento da investigação clínica no país, através de legislação robusta e capacitação das instituições e profissionais.

VISITA AO SETOR FARMACÊUTICO CABO-VERDIANO O presidente do Conselho Nacional para Cooperação da Ordem dos Farmacêuticos,

dita ‘hospitalar’, a enfermaria e o banco de urgência. O plano de ação incidiu sobretudo no trabalho entre enfermeiros e técnicos de farmácia. Desde a organização ao detalhe e precisão, o foco foi sempre tornar os processos mais eficientes. Juntos conseguimos uma melhor comunicação. Havendo pedidos, estes eram detalhados e pensados com base nos stocks mínimos e máximos. O desgoverno de ‘pedir por pedir’ foi posto de lado. A materialização dos registos feitos à mão subiu a fasquia e passou a ser também online. É certo que por vezes foi difícil, mas a vontade de deixar tudo organizado e atualizado persistiu.

Helder Mota Filipe, realizou um conjunto de visitas oficiais a instituições e unidades de saúde de cabo-verdianas, numa iniciativa à margem da formação sobre “Investigação Biomédica e Ensaios Clínicos: capacitação regulamentar e ética”. Num primeiro momento, o responsável da OF reuniu com a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos de Cabo Verde, Marcília Fernandes, para explorar pontos de colaboração entre as duas instituições. Criada formalmente em 2015, a OF de Cabo Verde é a mais recente Ordem profissional no setor farmacêutico lusófono. Um dos projetos apresentados pela bastonária foi a biblioteca da OF de Cabo Verde, formalmente inaugurada no Dia do Farmacêutico 2019. Estes dois responsáveis realizaram depois uma visita conjunta ao Hospital de Agostinho Neto/ Hospital Central da Cidade da Praia. Após uma reunião com o Conselho de Administração, dirigiram-se ao Serviço de Oncologia, que foi intervencionado em 2018, para a melhoria das condições de preparação de medicamentos citostáticos, num projeto que contou com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e da OF de Portugal. No decurso desta visita foram encetados contactos com colegas farmacêuticos envolvidos na manipulação destes medicamentos. Em seguida, os dirigentes das duas Ordens visitaram a unidade fabril da única indústria farmacêutica de Cabo Verde, a Inpharma, com quase três décadas de atividade. Em reunião com a diretora geral, Elizete Mascarenhas Lima, e com farmacêuticos de vários departamentos da empresa, foram apresentadas as principais atividades desenvolvidas, as certificações e acreditações das entidades reguladoras e as perspetivas futuras de expansão, através de um alargamento a outros mercados. No final da visita, as duas Ordens dos Farmacêuticos manifestaram disponibilidade para colaboração e desenvolvimento de pontos de contacto para cooperação institucional.

Hoje em dia sinto um orgulho enorme. Entrar na página de registos, que ainda se mantém ativa, e ver que os números crescem de dia para dia é ter a sensação de dever cumprido. Os planos iniciais foram desviados dos contratempos e a eletricidade continua a ser um problema na ilha, porém os percalços puseram à prova a resiliência, a dedicação e, acima de tudo, a capacidade de contornar obstáculos. Acreditei em São Tomé até ao fim e hoje os resultados estão à vista. Os são-tomenses mostraram que a semente que o Konsê deixou está a ser cuidada. E que bem que está a ser!

Hoje permanece uma vontade de melhorar e espera-se que destes registos haja uma atenção devida, para que não experienciem a falta de medicamentos outrora sentida. E que possam assistir de perto à concretização do objetivo final do Konsê. Afinal de contas, foi isso que tudo moveu. Comigo trouxe os maiores sorrisos. Os que recebi e que partilhei. Uma aprendizagem para a vida. De uma cultura simples e feliz. Pura e genuína na sua essência. Onde os bens materiais não são a chave do sucesso. E que apesar de aparentes, não há limitações para o avanço. Dêem-lhes mais condições e surpreendam-se. REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS | 33


78 NOVOS FARMACÊUTICOS ESPECIALISTAS EM 2019 A Ordem dos Farmacêuticos entregou o diploma de especialista aos farmacêuticos que concluíram as especialidades em Análises Clínicas, Assuntos Regulamentares, Farmácia Hospitalar e Indústria Farmacêutica durante o ano de 2019. A cerimónia realizada no Salão Nobre da sede nacional da OF, no dia 17 de janeiro, contou com a presença de vários novos farmacêuticos especialistas, da bastonária e dos presidentes dos Conselhos dos Colégios de Especialidade. Atualmente, existem quase 3.500 farmacêuticos no ativo com uma ou mais especialidades atribuídas pela OF – Análises Clínicas, Assuntos Regulamentares, Farmácia Comunitária, Farmácia Hospitalar, Genética Humana e Indústria Farmacêutica. No ano passado, foram atribuídos títulos de

FARMACÊUTICOS ESPECIALISTAS PELA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS Análises Clínicas

Novos Especialistas em 2019 Total de Especialistas

7 951

Assuntos Farmácia Regulamentares Comunitária

8 157

905

Farmácia Hospitalar

Genética Humana

Indústria Farmacêutica

54 887

220

9 365

CARVALHO GUERRA RECEBEU A MAIS ALTA CONDECORAÇÃO DA SANTA SÉ

O primeiro bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Francisco Carvalho Guerra, foi condecorado pelo Papa Francisco, a pedido do bispo do Porto, com a mais alta insígnia atribuída pela Santa Sé: a comenda da Ordem Equestre de São Gregório Magno, em reconhecimento dos serviços à Igreja, feitos notáveis, apoio à Santa Sé e do exemplo dado à sociedade. A condecoração e imposição das insígnias decorreu no 7 de janeiro, no Paço Episcopal do Porto, na cerimónia de votos de Ano Novo, durante a qual foi também distinguido o professor catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Walter Osswald. O bispo do Porto, D. Manuel Linda, destacou o reconhecimento merecido a “dois homens bons e grandes que marcaram e marcam com a sua atividade profissional e com o seu sentido de fé” a cidade do Porto. Francisco Carvalho Guerra esteve na génese da Universidade Católica do Porto. Entre outras atividades, dispensou sempre um carinho especial à Associação das Escolas Jesus, Maria, José da Associação Monte Pedral na qual desempenhou cargos de dirigente, sendo atualmente associado honorário. 34 | REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS

especialista em Análises Clínicas (7), Assuntos Regulamentares (8), Farmácia Hospitalar (54) e Indústria Farmacêutica (9), num total de 78 farmacêuticos com novas especialidades. Os presidentes dos Conselhos dos Colégios de Especialidade destacaram a qualificação e diferenciação profissional destes colegas, destacando o seu esforço e mérito na conclusão de um processo exigente de atribuição do título de especialista. A bastonária realçou, por sua vez, que uma das maiores responsabilidades da OF é a qualificação dos seus membros, procurando assim promover um exercício profissional de elevada qualidade, de excelência. Ana Paula Martins considerou que a conclusão da especialidade constitui prova do «compromisso dos farmacêuticos com a Ciência, um compromisso assumido por vontade própria, com custos e esforço pessoal, que valoriza profissionalmente os farmacêuticos e reconhece as suas competências para enfrentar os desafios do sistema de saúde e da atividade farmacêutica em especial».


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MEDALHA DE SERVIÇOS DISTINTOS PARA O TENENTE-CORONEL FARMACÊUTICO PAULO CRUZ O tenente-coronel farmacêutico Paulo Cruz, chefe de Gabinete do diretor do Hospital das Forças Armadas, foi distinguido, no dia 17 de abril, durante as comemorações do 102.o aniversário do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos (LMPQF), com a Medalha Militar de Serviços Distintos, pela sua “extraordinária organização, persistência, abnegação e espírito de missão” ao serviço do LMPQF. As Medalhas Militares, nas diferentes modalidades, destinam-se a reconhecer serviços notáveis prestados às instituições militares e ao País. A Medalha de Serviços Distintos visa galardoar “serviços de caráter militar, relevantes e extraordinários, ou atos notáveis de qualquer natureza ligados à vida da instituição militar, de que resulte, em qualquer dos casos, honra e lustre para a Pátria ou para a própria instituição”. Presente na cerimónia evocativa dos 102 anos do LMPQD, o chefe do Estado-Maior do Exército, Nunes da Fonseca, destacou o “sentido de missão”, “competência” e “profissionalismo” de todos quantos prestam serviço neste “singular estabelecimento” de “inegável importância”,

realçando também o carater pró-ativo do Laboratório Militar, “sempre em busca das melhores soluções e práticas orientadas para a saúde e bem-estar das pessoas”. Nunes da Fonseca evidenciou ainda as relações com o Ministério da Saúde, materializadas na produção de medicamentos não comercializados em Portugal, “imprescindíveis na prática clínica, em toda a rede hospitalar do Sistema Nacional de Saúde”. Sob a presidência do Chefe do EstadoMaior do Exército a cerimónia decorreu com dignidade e plena de significado, nela estando presentes inúmeras entidades militares e civis, de entre as quais se salienta a Bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, o Presidente do Infarmed e a Diretora-Geral da Saúde. A sessão teve o seu início com uma palestra subordinada ao tema “Canábis Medicinal – Um Novo Paradigma”, proferida pelo Professor Doutor Rui Miguel Dias Loureiro, seguindo-se alocuções da Diretora do LMPQF, Coronel Margarida Figueiredo, e do Chefe do Estado-Maior do Exército, General Nunes da Fonseca.

NUNO CARDOSO ASSUME PRESIDÊNCIA DA ADIFA A Associação de Distribuidores Farmacêuticos (Adifa) elegeu o farmacêutico Nuno Cardoso como o novo presidente para o triénio 2020-2022. Membro da Direção da Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos, assumia as funções de secretário-geral da associação desde a sua fundação, no início de 2017. “É com grande honra e sentido

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de responsabilidade que assumo a presidência da Adifa, num momento em que tantos desafios se impõem. A distribuição farmacêutica de serviço completo é o elo vital do circuito farmacêutico, assegurando, no dia-a-dia, o abastecimento atempado e contínuo das farmácias em todo o território nacional, permitindo a acessibilidade aos medicamentos,

dispositivos médicos e produtos de saúde essenciais para a saúde e bem-estar da população. Um verdadeiro serviço de interesse público”, destacou Nuno Cardoso, citado em comunicado da associação. A eleição de um novo presidente ocorreu num período particularmente desafiante para a distribuição farmacêutica, que “tem redobrado esforços para assegurar diariamente o abastecimento atempado e contínuo das farmácias em todo o país” durante o estado de emergência devido à pandemia de Covid-19. “Neste momento de emergência de saúde pública, o papel estrutural da distribuição farmacêutica de serviço completo é ainda mais evidente. As empresas associadas da Adifa desenvolveram todos os esforços para garantir a continuidade do abastecimento a nível nacional”, disse ainda o novo presidente.

“A distribuição farmacêutica de serviço completo fará sempre parte das soluções para os diversos desafios e, como tal, está totalmente disponível para, em colaboração com as farmácias e hospitais, participar na transição de medicamentos de uso hospitalar para as farmácias, melhorando o acesso das pessoas aos medicamentos de que necessitam”, acrescentou. “Em colaboração com as empresas associadas, este é um trabalho de afirmação que teremos de continuar a desenvolver, debatendo com as diversas entidades governamentais e decisores políticos a necessidade de se adotarem medidas que assegurem a valorização, sustentabilidade e o desenvolvimento do setor da distribuição farmacêutica, garantindo as condições para continuar este serviço essencial”, concluiu o farmacêutico.


Nós Farmacêuticos

NOVA EQUIPA PARA LIDERAR OS JOVENS FARMACÊUTICOS Os novos membros dos órgãos sociais da Associação Portuguesa dos Jovens Farmacêuticos (APJF) tomaram posse no dia 18 de fevereiro. “Juntos pelos Jovens Farmacêuticos, em prol da Sociedade” foi o mote da equipa que agora assumiu funções. O novo presidente, Manuel Talhinhas, definiu algumas prioridades a nível político, internacional, formativo e no âmbito da comunicação, integradas na missão de “dar voz às preocupações e motivações de uma geração de farmacêuticos” Presente no ato de posse, a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos reforçou a importância e os contributos da APJF para a evolução da profissão, lembrando que 40 por cento dos farmacêuticos portugueses têm menos de 35 anos, sendo uma das profissões da saúde com uma média etária mais baixa. Manuel Talhinhas afirmou o desejo de colocar a APFJ “num patamar elevado de credibilidade, onde, além de respeitado o nosso contributo nos temas em discussão, as opiniões e propostas [dos jovens farmacêuticos] sejam valorizadas”.

ALTERAÇÃO AO REGULAMENTO REDUZ INSCRIÇÃO PARA RECÉM-DIPLOMADOS

A Assembleia Geral da Ordem dos Farmacêuticos (OF) aprovou, por unanimidade, uma alteração ao Regulamento de Quotas e Taxas, proposta pela Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos (APJF), no sentido de reduzir o valor da joia de inscrição para jovens farmacêuticos recém-diplomados. A alteração foi publicada em Diário da República a 22 de janeiro (Deliberação n.o 112/2020), entrando em vigor logo no primeiro mês do ano. Deste modo, os farmacêuticos admitidos até cinco anos após a conclusão do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas beneficiam de uma significativa redução do valor da joia de inscrição. No entanto, para não prejudicar todos aqueles que se inscreveram antes da entrada em vigor destas alterações, foi criado um período de transição que permite usufruir de uma quota reduzida até os novos farmacêuticos completarem os dois anos após a conclusão do curso. O impacto financeiro desta alteração será atenuado com a abolição da quota mensal reduzida para os membros da OF com menos de dois anos de conclusão do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. A Direção Nacional da OF considera que as alterações ao Regulamento terão um impacto significativo no número de novas inscrições, pela redução de eventuais constrangimentos financeiros no acesso à profissão.

FARMACÊUTICOS COM NOVA CARTEIRA PROFISSIONAL A Ordem dos Farmacêuticos enviou a todos os farmacêuticos um novo

modelo de Carteira Profissional, válido para os próximos cinco anos (2020-2025). Com um novo formato e visual renovado, a nova Carteira Profissional de Farmacêutico atesta as suas qualificações para o exercício da profissão em Portugal, sendo válida em todo o território nacional para os membros com a sua situação regularizada. Foi pensada e desenhada por farmacêuticos, para farmacêuticos, procurando assim responder às necessidades e exigências regulamentares e de identificação profissional, desde logo por incorporar os averbamentos das especialidades atribuídas pela OF, e por apresentar também a informação em formato bilingue (português e inglês). Por outro lado, este novo documento identifica os farmacêuticos junto dos vários parceiros da OF, possibilitando o aceso ao vasto conjunto de benefícios protocolados com múltiplas entidades, de diferentes geografias e setores de atividade. O novo modelo de Carteira Profissional representa também um compromisso ético e deontológico dos farmacêuticos com a profissão, com os cidadãos e com o País. Um compromisso em torno de uma causa comum: a qualidade da assistência farmacêutica aos portugueses. REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS | 37


Liga Portuguesa Contra as Doenças Reumáticas

PREVENIR DOENÇAS REUMÁTICAS E REDUZIR OS SEUS CUSTOS

As doenças reumáticas incluem mais de 150 doenças ou síndromes. Em Portugal, têm uma prevalência de 56% (EpiReumaPt), sendo responsáveis por 40-60% das situações de incapacidade física prolongada e perda de autonomia, por 43% de absentismo no trabalho e por 35-41% de reformas antecipadas devido a doença (DGS, 2004). As reformas antecipadas por doenças reumáticas custam mais de 900 milhões de euros por ano (EpiReumaPt).

Conferência da EULAR, Bruxelas, outubro de 2019. Da esq. para a dir., Andréa Marques, presidente da APPSReuma, Luís Cunha Miranda, presidente da SPR, Manuel Pizarro, eurodeputado, e Elsa Mateus, Presidente da LPCDR

A LPDCR organiza anualmente o Fórum de Apoio ao Doente Reumático. As edições de 2018 e 2019 estão disponíveis no canal de YouTube da LPCDR. 38 | REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS

As patologias reumáticas são a maior causa de faltas ao trabalho por doença e de reforma antecipada em todo o mundo. Afetam um quarto de todas as pessoas na União Europeia - mais de 120 milhões de pessoas (EULAR). Têm globalmente um enorme peso económico nos sistemas de saúde. Na Europa, a despesa pública com estas doenças totaliza mais de 200.000.000.000 de euros por ano. São as doenças mais caras para os sistemas socioeconómicos e de saúde europeus. Os custos estão relacionados com o diagnóstico, tratamento, medicamentos, cuidados, dispositivos auxiliares, modificações em casa e investigação. Além disso, a diminuição da produtividade e ausência ao trabalho em resultado destas doenças contribui significativamente para estes custos (EULAR). O diagnóstico e tratamento atempado podem impedir lesões permanentes e melhorar a qualidade de vida das pessoas com doenças reumáticas e músculo-esqueléticas (EULAR).

EDUCAÇÂO SOCIAL PARA A PREVENÇÃO

A Liga Portuguesa Contra as Doenças Reumáticas (LPCDR) foi criada em 1982 com o objetivo de promover a educação social do doente reumático e da população em geral, difundindo informações sobre a natureza, tratamento, prevenção e repercussões sociais das doenças reumáticas. Esta IPSS desenvolve a sua ação em torno de seis eixos principais: 1) Apoio, 2) Educação, 3) Sensibilização, 4) Advocacia, 5) Cooperação e 6) Investigação. São associadas da Liga a Associação de Doentes com Lúpus, a ANEA (Associação Nacional da Espondilite Anquilosante), a ANDAI (Associação Nacional dos Doentes com Artrites e outros Reumatismos da Infância), a ANDAR (Associação Nacional de Doentes com Artrite Reumatoide), a APDE (Associação Portuguesa de Doentes com Esclerodermia), a APJOF (Associação Portuguesa de Jovens com Fibromialgia), a APOROS (Associação Nacional contra a Osteoporose), a MYOS (Associação Nacional Contra a Fibromialgia e Síndrome de Fadiga Crónica), a Força3P (As-


Parceiros

Corrida e Caminhada Solidária MOVER para sensibilizar para as doenças reumáticas e a importância do exercício físico sociação de pessoas com dor crónica) e a PSOPortugal (Associação Portuguesa da Psoríase). A Liga conta ainda com cinco núcleos de apoio ao doente: Núcleo da Dor, Núcleo de Osteoartrose, Núcleo de Sjögren, Núcleo de Esclerodermia e Núcleo de Behçet. A nível internacional, a Liga está ativamente representada na EULAR (European League Against Rheumatism), na AGORA (platform of Southern European organizations of people with Rheumatic and Musculoskeletal Diseases), na FESCA (Federation of European Scleroderma Associations), na Sjögren Europe (European Federation of Sjögren’s Syndrome Patient Associations) e na EURORDIS (Rare Diseases Europe). Adicionalmente, está representada na ERN ReCONNET (European Reference Network on Rare and Complex Connective Tissue and Musculoskeletal Diseases) e participa em muitos outros projetos de investigação, através de pessoas que vivem com doenças reumáticas e que receberam formação como peritos ou parceiros na investigação. A nível nacional, a Liga integra a Plataforma Saúde em Diálogo, o projeto Mais Participação, Melhor Saúde e a Convenção Nacional da Saúde. Nos últimos tempos, tem focado a sua ação na promoção da literacia e na comunicação, fatores essenciais a uma melhor gestão destas doenças que, na sua grande maioria, são crónicas. Apesar da sua prevalência na população portuguesa, as doenças reumáticas continuam subvalorizadas e subdiagnosticadas. Pode ser frequente que os sintomas de dor sejam atalhados por intermédio de medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) que, embora eficazes no alívio pontual do sintoma, não constituem em si tratamento para a doença possivelmente subjacente. No caso das doenças reumáticas, o

atraso no seu diagnóstico e no acesso à terapêutica adequada contribui para um pior prognóstico na evolução da patologia e outras comorbidades associadas, seja pela doença em si, seja pelos tratamentos associados.

FARMACÊUTICO FUNDAMENTAL

É, por isso, fundamental a intervenção do farmacêutico comunitário, pela sua proximidade privilegiada com os utentes, na deteção de potenciais casos de doença reumática em evolução (por exemplo, através do recurso recorrente a analgésicos MNSRM e/ou do aumento do seu consumo) e no aconselhamento a uma consulta da especialidade de Reumatologia para despiste de eventual patologia reumática.

A LPDCR APOSTA NA PROMOÇÃO DA LITERACIA E NA COMUNICAÇÃO, FATORES ESSENCIAIS A UMA MELHOR GESTÃO DAS DOENÇAS REUMÁTICAS QUE, NA SUA GRANDE MAIORIA, SÃO CRÓNICAS

De igual modo, os farmacêuticos podem estar atentos a sinais e sintomas de outras patologias concomitantes, como a hipertensão, a diabetes, complicações gastrointestinais, oftalmológicas, dermatológicas ou até mesmo a nível da saúde oral, que podem não estar a ser relacionadas pelo utente com estas doenças, na sua maioria imunomediadas, ou com os tratamentos efetuados, sendo muitíssimo importante a sua referenciação ao médico. O mesmo se aplica ao farmacêutico hospitalar, muito embora as características próprias do atendimento possam dificultar o mesmo tipo de abordagem. O ideal seria que, quando aplicável, ambos pudessem ter acesso à informação sobre as terapêuticas utilizadas pelo utente, possibilitando uma maior e melhor comunicação na área da farmacovigilância e da intervenção clínica atempada em manifestações que podem estar associadas às características da doença reumática. A Liga Portuguesa Contra as Doenças Reumáticas estará sempre disponível para ajudar a esclarecer situações, tanto aos farmacêuticos como aos seus utentes, e/ou a desenvolver projetos nas suas áreas de intervenção. O nosso boletim informativo “LPCDR Info” encontra-se disponível para download (http:// lpcdr.org.pt/publicacoes/boletim), sendo-nos igualmente possível fazer chegar exemplares impressos via CTT a quem o solicite. Liga Portuguesa Contra as Doenças Reumáticas R. Quinta do Loureiro, 13 – Loja 2 1350-410 Lisboa lpcdr@lpcdr.org.pt 213648776 – 925609937 (2.ª a 6.ª feira – 14h/18h) www.lpcdr.org.pt www.facebook.com/lpcdr.org.pt REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS | 39


José Miguel Azevedo Pereira, farmacêutico investigador

“VISÕES DISTORCIDAS DO FINANCIAMENTO DA INVESTIGAÇÃO FIZERAM COM QUE ESTEJAMOS A ARRANCAR QUASE DA ‘ESTACA ZERO’ NAS TERAPÊUTICAS DO NOVO CORONAVÍRUS” Ricardo Nabais, jornalista convidado. Um olhar atento sobre o VIH-2 marca o percurso deste investigador da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa. O SARS-Cov-2 é, naturalmente, para alguém dedicado à microbiologia e à imunologia, um desafio ao conhecimento e um estímulo à investigação, em particular de terapêuticas que deem resposta à crise pandémica que agora vivemos. O novo coronavírus foi, por isso, omnipresente na entrevista que José Miguel Pereira concedeu à ROF. Investigador principal no Host-Pathogen Interaction Unit, no iMed.ULisboa-Instituto de Investigação do Medicamento e Professor Auxiliar no Departamento de Microbiologia e Imunologia da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, considera que o abandono precoce das linhas de investigação terapêutica noutras epidemias recentes levou às dificuldades que a comunidade científica está agora a sentir para dar uma resposta rápida ao SARS-Cov-2. 40 | REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS

Muito se tem falado de uma segunda vaga da covid-19 e de que modo ela chegará. Com o dilema saúde pública vs. economia muito exacerbado, crê que se pode, efetivamente, deitar a perder todo o esforço exigido até agora? Poderá acontecer, se o bom senso e as campanhas de informação estiverem ausentes. O que quero dizer com isto é que será impossível manter um estado de confinamento eterno. As pessoas terão de sair de casa e começar a sua vida normal. Mas tem de se perceber que a transmissão de SARS-CoV-2 vai continuar a poder acontecer. Havendo mais pessoas em circulação, é fundamental que estas usem máscara e tenham todos os cuidados em relação à lavagem/desinfeção das mãos por forma a evitar ao máximo o risco de contagio. Além das campanhas visando o distanciamento social, é fundamental a distribuição massiva de máscaras e soluções alcoólicas desinfetantes para as mãos. É primordial também que, nos espaços públicos onde haja maior circulação de pessoas (transportes públicos, átrios de edifícios, escritórios, etc.), seja feita a descontaminação frequente de maçanetas, puxadores, botões, corrimãos, etc. Mesmo assim, é previsível (e modelos matemáticos assim o demonstram) que haja segundas, terceiras e eventualmente mais ondas epidémicas. Até que haja uma imunidade de grupo (ou seja, na população em geral) acima dos 60-70%, essas “vagas” podem acontecer. Essa taxa de imunidade de grupo pode ser atingida naturalmente ou, mais rápida e seguramente, por via da vacinação. Podemos, nesse sentido, evoluir, no próximo ano, ou ano e meio, para uma sociedade dividida entre os de risco, que continuam confinados, e os “sem risco”, que circulam com limitações? E que podem, aliás, aumentar os índices de contágio, mas doméstico? Os “de risco” são os idosos e os que tenham comorbilidades que comprovadamente au-

mentam o risco de infeções graves (diabetes, hipertensão, cancro, etc.) e esses, enquanto não houver uma forma de os vacinar, terão de se proteger e ser protegidos.

INFEÇÃO MAIS GRAVE RESULTA DA “TEMPESTADE DE CITOCINAS”

A par dos profissionais de saúde que combatem, no terreno, esta pandemia, a investigação científica e farmacêutica emerge desta crise como algo fundamental. É certo que podemos contar com alguma terapêutica eficaz nos tempos mais próximos? Temos de ser otimistas quanto a esse aspeto. Foi pena que as linhas de investigação levadas a cabo em 2003 em consequência da pandemia provocada pelo vírus SARS-CoV-1 tenham sido abandonadas. E foram-no porque deixou de ser convenientemente financiada a investigação científica a nível da academia e porque as grandes companhias farmacêuticas não viram interesse em continuar com o que tinha sido iniciado. Ou seja, as opções baseadas nas visões distorcidas do financiamento da investigação e as leis do lucro imediato fizeram com que estejamos a arrancar quase da “estaca zero”. É fundamental alterar-se este estado de coisas em que a “aplicabilidade imediata” da investigação e do R&D seja o paradigma. Que substâncias se têm demonstrado mais promissoras para o combate ao vírus, até agora? Embora oficialmente (ou seja, aprovada) não haja nenhuma molécula específica para inibir a replicação do SARS-CoV-2, vários dados têm surgido, provenientes de estudos de pequena dimensão e com óbvias limitações nas conclusões. Destas destaco as moléculas inibidoras da replicação do RNA genómico do SARS-CoV-2, nomeadamente o redemsivir; e os inibidores da atividade das proteases celula-


Entrevista

res e virais indispensáveis ao ciclo replicativo do vírus. Relembro, no entanto, uma noção fundamental do processo patogénico deste vírus: as formas mais graves da infeção resultam da “tempestade de citocinas” induzidas pela resposta pró-inflamatória desencadeada pela replicação viral. Assim sendo, qualquer fármaco que tenha como alvo a replicação do vírus terá de ser usado precocemente, antes dos danos provocados pela referida resposta pró-inflamatória exacerbada. Quando os ensaios clínicos com antivirais são levados a cabo em doentes em fases avançadas e graves da infeção é óbvio que os efeitos benéficos vão ser muito limitados. Nestas fases, a intervenção farmacológica terá de ter como alvo as consequências nefastas da tempestade de citocinas, usando inibidores, por exemplo, da IL-6. Há alguma linha promissora de investigação na Faculdade de Farmácia da UL? E no Porto? Só me posso pronunciar pela FFUL, e aqui estamos envolvidos em fazer o diagnóstico de

infeções por SARS-CoV-2. Desde o início de abril que damos apoio a vários laboratórios e a entidades públicas e privadas. Foi uma iniciativa do Departamento de Microbiologia e Imunologia, liderada pelo Prof. João Gonçalves, e à qual aderiram vários voluntários, quer docentes quer bolseiros. E aproveito para saudar todos os que de uma forma inexcedível se ofereceram para integrar esta equipa. Claro que esta prestação de serviços tem várias vertentes que resultaram em várias linhas de investigação. Em breve haverá frutos desses estudos.

AS PESSOAS TERÃO DE SAIR DE CASA E COMEÇAR A SUA VIDA NORMAL. MUITOS CAMINHOS E MUITAS PERGUNTAS MAS TEM DE SE PERCEBER É inevitável falar também da verdadeira “corQUE A TRANSMISSÃO rida à vacina”. No momento em que falamos, creio que há 70 projetos dispersos. Que liDE SARS-COV-2 VAI CONTINUAR nhas básicas têm seguido estas experiências? Tal como para o desenvolvimento de antivirais, A PODER ACONTECER também o desenvolvimento de vacina para o SARS-CoV-2 sofreu com as opções erradas seguidas por governos e empresas. Sabe-se muito REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS | 41


Entrevista bem que existe um potencial enorme de surgirem infeções emergentes, nomeadamente de coronavírus, que têm como reservatórios naturais várias espécies de animais. Estão identificados esses vírus e os seus genomas são conhecidos. Mas... como a pandemia de SARS de 2003 desapareceu, tudo foi esquecido ao longo dos anos e nada mais foi feito. Moral da história: também aqui estamos na “estaca zero”. Apesar de tudo, os ensaios são vários e um dos que mais sucesso poderá vir a ter é o que usa o mesmo conceito da vacina para o vírus Ébola. Esta é baseada num vírus quimérico com duas porções distintas: uma parte é derivada de um adenovírus dos chimpanzés, que é incapaz de infetar as células humanas, e a outra porção é constituída pela proteína S (de “spike” ou espícula em português) de SARS-CoV-2. Ao ser inoculado, este vírus quimérico induzirá (assim se espera) a produção de anticorpos específicos para a proteína S, que é a proteína responsável pela ligação do vírus ao recetor presente na célula alvo (a proteína ACE2). Estes anticorpos irão assim impedir o início do ciclo replicativo de SARS-CoV-2, tornando o indivíduo vacinado imune à infeção. Muitas questões ainda se colocam neste âmbito; nomeadamente: Haverá produção de anticorpos em quantidade suficiente?; Serão estes anticorpos neutralizantes?; Se sim, durante quanto tempo existirão estes anticorpos em quantidade suficiente para serem efetivos na proteção?; Quais os riscos de se aumentar a infeção por via da produção de anticorpos (tal como se observou na vacina para o vírus da Dengue)? As respostas serão obtidas ao longo dos ensaios em curso. Falhada a expectativa na cloroquina ou no remdesivir, há alguma nova linha promissora em relação aos medicamentos?

de uma forma avassaladora. Ora, este vírus, tal como os demais coronavírus, conseguem impedir isso. Apesar de terem uma RNA-polimerase que introduz erros (bases nucleotídicas erradamente inseridas na cadeia nascente do RNA) aquando da replicação e transcrição do genoma viral, possuem uma outra enzima que a capacidade de “corrigir” esses erros, diminuindo assim a taxa de mutação de SARS-CoV-2. Não quer isto dizer que não possam surgir mutantes que escapem aos antivirais ou à imunidade criada, mas será numa proporção muito inferior à observada para o HIV. Também tem circulado a informação de que alguns medicamentos eficazes podem potenciar a infeção por SARS-CoV-2, como o ibuprofeno. É verdade? Já se confirmou esta ligação? Como em muitos outros casos, medicamentos úteis para uma situação clínica podem exacerbar outra patologia, ou potenciar efeitos nefastos associados a essa patologia. Os dados que potencialmente associavam o ibuprofeno (ou outros AINE) com a maior suscetibilidade à infeção por SARS-CoV-2 foram já desmentidos pelas autoridades competentes.

Temos de ser precisos nessa afirmação. Tal como referi anteriormente, qualquer fármaco com uma atividade antiviral (ou seja, cujos alvos são proteínas virais ou passos do ciclo replicativo do vírus) têm de ser administrados precocemente (até aos 8-10 dias após o início dos sintomas). Se se esperar que a infeção entre numa fase de “imunopatologia”, inibir o vírus já não chega. Os ensaios que foram feitos, e cujos resultados foram muito desanimadores, envolveram indivíduos em fases muito avançadas da infeção. Para estes, a terapia teria de incluir anticorpos monoclonais para IL-6 ou outras citocinas pró-inflamatórias que são, em última análise, as responsáveis pela patologia observada nesta fase. E se, pelo contrário, podemos ter pela frente um vírus tão “arredio” como o VIH, por exemplo, para o qual se possa demorar anos até descobrir um antiviral eficaz? O “arredio” seria uma hipótese se este, tal como o VIH, fosse um vírus que acumulasse mutações

QUALQUER FÁRMACO QUE TENHA COMO ALVO A REPLICAÇÃO DO VÍRUS TERÁ DE SER USADO PRECOCEMENTE, ANTES DOS DANOS PROVOCADOS PELA RESPOSTA PRÓ-INFLAMATÓRIA EXACERBADA 42 | REVISTA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS

UM PRINCÍPIO: BLOQUEAR A INTERAÇÃO ENTRE A GLICOPROTEÍNA VIRAL S E O RECETOR CELULAR ACE2

É verdade, de acordo com um estudo publicado recentemente, que a mortalidade por Covid-19 é superior nas regiões com a qualidade do ar mais baixa (Wuhan, Milão, Madrid...)? Tal como também é para quem sofrer de asma, DOPC, bronquite crónica, patologias cardíacas, etc. Ou seja, uma doença respiratória ou cardíaca tem potencialmente um curso mais desfavorável quando o ambiente é rico em poluentes. A recente descoberta de um anticorpo monoclonal por cientistas de Israel é mesmo fator de esperança para uma vacina? Esse e outros que vários grupos têm criado e testado. O princípio é o mesmo que enunciei a propósito da vacina: bloquear a interação entre a glicoproteína viral S e o recetor celular ACE2. Se forem eficazes nesse bloqueio, impedem a infeção viral e informam sobre quais as regiões da glicoproteína S que são cruciais para que ocorra a fixação e entrada do vírus na célula. Note-se, no entanto, que esta estratégia não é uma vacina. Ou seja, neste caso o anticorpo monoclonal terá de ser administrado regularmente, tal como outro medicamento, para que o seu efeito se verifique. Ao invés, numa vacina é a resposta imunológica do indivíduo vacinado que irá produzir os anticorpos capazes de neutralizar o poder infeccioso do vírus.


ADIRA

A UM

FUTURO CERTO  Farmacêuticos  Proprietários de Farmácia  Colaboradores de Farmácia

 Ascendentes, Descendentes e Cônjuges dos Associados

e agora  Colaboradores de Instituições do Sector Farmacêutico

e de empresas suas participadas

PREVIDÊNCIA

PLANO I PLANO II Pensão Vitalícia ao Cônjuge Sobrevivo

Renda Mensal para toda a vida, a receber entre os 60 e os 70 anos, com proteção à Família em caso de Morte

PLANO III Proteção aos Filhos até aos 24 anos

PLANO I.I

PLANO I.II

Recebimento Imediato de uma Renda Mensal e Vitalícia, subscrição a partir dos 60 anos

Recebimento Diferido de uma Renda Mensal Vitalícia, com contrasseguro, a iniciar-se entre os 60 e os 70 anos

POUPANÇA

INVESTIMENTO

PLANO V

PLANO VI

Mealheiro com seguro de vida, prazos entre os 5 e os 25 anos. A contribuição mensal é calculada em função do “objectivo” a atingir

Aplicações a partir dos 100 euros por prazos de 3, 5, 10 e 15 anos

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MONTEPIO NACIONAL DA FARMÁCIA, A.S.M. Rua Marechal Saldanha, 1 | 1249-069 Lisboa | Telf.: 213 400 690 - 213 400 693

monaf@monaf.pt


Linha de Apoio ao Farmacêutico

Gabinete de apoio ao farmacêutico para o covid-19

800 219 219 Primir tecla 2 para Apoio Psicológico confidencial e anónimo

covid19@ordemfarmaceuticos.pt ordemfarmaceuticos.pt/coronavirus


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