O SAQUÁ 185

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Ano XV • nº 185 • 1 a 31 de maio de 2015 • Saquarema • Rio de Janeiro

www.osaqua.com.br • Diretora: Dulce Tupy

O aniversário de 174 anos de Saquarema PEDRO STABILE

WALDO SIQUEIRA

Parabéns, saquaremenses

Inauguração das obras do Posto de Saúde do Rio Mole

H

á muito o que comemorar neste aniversário de 174 anos de Saquarema. Criado em 1841, o município tem sido privilegiado pelo Governo do Estado, com inúmeras obras que contribuem para a melhoria da qualidade de vida da população, através da parceria singular entre o Executivo e o deputado Paulo Melo, hoje secretário estadual de Governo. São obras de urbanização – asfalto, iluminação e drenagem – que mudaram

s a d n a b s a d to n e im c s a n O de Saquarema

As primeiras bandas de Saquarema surgiram no século 19, mas foi no início do século 20 que a banda Lira União de Saquarema (LUS) atingiu o auge com seus saudosos dobrados. Na foto, a LUS na Praça Oscar de Macedo Soares para o hasteamento do mastro da Festa do Divino Espírito Santo

O quilombo de Bacaxá

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ARQUIVO PESSOAL DE SILÊNIO VIGNOLI

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a face do município. Por outro lado, a prefeita Franciane Motta tem cumprido um intenso calendário de inaugurações, principalmente de obras e reformas no setor de educação, escolas e creches, e saúde, hospital e postos de saúde. Assim, Saquarema tem muito a comemorar, com o seu desenvolvimento fruto de uma integração jamais vista nos três planos de governo: municipal, estadual e federal. Viva Saquarema! Páginas 2 e 3

uilombo quer dizer local de refúgio de escravos, na maioria africanos, mas que abrigava também minorias indígenas, brancas e mestiças. Depois de passar pela violência do tráfico negreiro, na dura travessia pelo oceano Atlântico, os escravos que sobreviviam eram submetidos a terríveis condições de vida nas vilas ou fazendas, entre os séculos 16 e 19. Daí surgiram os quilombos, como o quilombo de Bacaxá, situado na Serra do Amar e Querer, no Rio Mole. Descoberto por acaso, o quilombo foi cenário de uma perseguição cruenta que culminou com o desaparecimento de uma “crioula” capturada, que sobrevive na lenda e no imaginário até hoje. Páginas 6 e 7 “Caçada em Mata Virgem”, do livro Viagem Pitoresca através do Brasil, de Rugendas


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O SAQUÁ

Saquarema completa 174 anos: temos muito que comemorar!

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o dia 8 de maio, a cidade de Saquarema completa 174 anos de emancipação político-administrativa. Fundado em 1841, pelo Barão de Baependi, o município vem apresentando um grande crescimento nos últimos anos, com investimentos em estrutura educacional, na saúde e rede urbana. São anos de história e há muito que comemorar. Hoje, comprovadamente, Saquarema é o verdadeiro governo da educação! Nos seis últimos anos de gestão, a Prefeitura investiu fortemente na área educacional, com o aumento do salário dos professores, através do plano de cargos e salários dos

professores, uma antiga reivindicação da categoria, reformas de escolas e inaugurações de novas unidades escolares, tudo para dar dignidade aos alunos. Foi-se o tempo em que a maioria das escolas não possuía refeitório e as crianças faziam suas refeições de pé, sem qualquer respeito a elas.

DIVULGAÇÃO SECOM/PMS

A Escola Municipal Elcira de Oliveira Coutinho, totalmente reformada, em Água Branca

Cidade educadora e com mais saúde

A realidade mudou, notavelmente, para melhor. Novas escolas, reformas e ampliações conferiram um padrão superior ao ensino saquaremense. Todos os distritos foram beneficiados, como, por exemplo, as seguintes escolas municipais: Ismênia de DIVULGAÇÃO SECOM/PMS

O Hospital Estadual Lagos já é uma referência na região

Barros Barroso, em Jaconé, Elcira de Oliveira Coutinho, em Água Branca, Maria Luiza de Amorim Mendonça, no Rio Mole, Beatriz Amaral, no Palmital, E. M. do Jardim Ipitangas, em Ipitangas, Theófilo D’Ávila, no Porto da Roça, e Amália da Costa Melo, em Sampaio Corrêa, entre outras. O sonho da escola técnica hoje também é uma realidade. Saquarema tem a maior FAETEC do estado do Rio de Janeiro. E a educação infantil também comemora, com obras de construção, reformas e ampliações que transformaram as creches

municipais. Hoje, estas possuem um padrão elevado de estrutura e ensino, como, por exemplo, as creches Professora Nair Aguiar da Silva, no Areal, Clementina Melo, em Bacaxá, Tia Regina, no Retiro, Professora Luiza, em Bicuíba, Tia Merice Ribeiro de Oliveira, em São Geraldo e Tia Juracy, em Itaúna. Os ginásios poliesportivos das escolas municipais Edilson Vignoli Marins e João Machado da Cunha, ambas no Rio de Areia, Orgé Ferreira dos Santos, em Itaúna, Clotilde de Oliveira Rodrigues, em Sampaio


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EDIÇÃO ESPECIAL –

O SAQUÁ EDIMILSON SOARES

Programação do 174º Aniversário de Saquarema 1º DE MAIO (6ª feira) 17 às 20 h – Festa do Trabalhador – Basiléa – Sampaio Corrêa (em frente ao campo de grama sintética)

1 A 3 DE MAIO (6ª feira, sábado e domingo)

Situada na Rodovia Amaral Peixoto, em Sampaio Corrêa, a creche Maria Catharino Gonzaga é um espaço privilegiado que vai atender moradores locais e trabalhadores do Polo Industrial Corrêa e do Colégio Gustavo Campos da Silveira, em Saquarema, ganharam obras visando o melhor rendimento dos alunos e melhores condições de trabalho aos professores de Educação Física.

Obras feitas e novas inaugurações

Na área da saúde, o destaque é o Hospital Estadual dos Lagos Nossa Senhora de Nazareth, uma unidade muito bem estruturada com tecnologia de última geração, que atende demandas de média e alta complexidade tanto da população de Saquarema quanto dos municípios vizinhos. A atual gestão realizou também construções, reformas e

ampliações nos Postos de Saúde da Família, situados nos bairros e nos Postos de Urgência em Saquarema, Jaconé e Sampaio Corrêa. Foi ampliado ainda o Laboratório Municipal de Análises Imunológicas, que funciona no Posto de Saúde do Estado, atrás da Prefeitura, em Saquarema. Passaram por reformas a sede da nova Secretaria Municipal da Mulher e da Secretaria de Desenvolvimento Social, em Bacaxá, onde também foi inaugurada uma academia de ginástica ao ar livre, no calçadão. Em Saquarema, foi inaugurada a Praça do Bem-Estar e a Pista de Skate Rafael Mascarenhas, na orla da lagoa. Dezessete bairros receberam obras de pavimenta-

ção e drenagem, proporcionando mais conforto, qualidade de vida e valorização dos imóveis, como em Sampaio Corrêa, onde a Basiléa recebeu um bairro novo, asfaltado e urbanizado. Mas não para por aí. A Creche Municipal Maria Catharino Gonzaga, em Sampaio Corrêa, o trecho das obras de Revitalização de Bacaxá na Rua Professor Souza, as obras de Ampliação e Reforma do Posto de Saúde Felinto Antunes de Mattos, no Rio Mole, e as melhorias na Escola Edilson Vignoli Marins, no Rio da Areia, serão inauguradas na semana do aniversário da cidade. Assim, o governo realiza e quem ganha é a população saquaremense. EDIMILSON SOARES

Ao lado, o bairro novo da Basiléa, com asfalto e calçadas, beneficiando as famílias

8 às 17 h – VII Mostra de Carros Antigos de Saquarema – Praça do Coração – Centro – Saquarema (em frente à Igreja de Nossa Senhora de Nazareth)

4 DE MAIO (2ª feira) 18 h – Inauguração das Obras de Reforma e Ampliação do Posto de Saúde Municipal Felinto Antunes de Mattos – Rio Mole (Estrada do Rio Mole, ao lado da Escola Municipal Maria Luiza de Amorim Mendonça) 19 à 1 h – Canta Saquarema – Bacaxá (Terminal Rodoviário de Bacaxá)

5 DE MAIO (3ª feira) 20 h – Inauguração de Trecho das Obras de Reurbanização da Rua Professor Souza – Bacaxá

6 DE MAIO (4ª feira) 8 h – Café da Manhã do Idoso – Praça do Bem-Estar – Orla da Lagoa de Saquarema. 20 h – Inauguração da Creche Municipal Maria Catharino Gonzaga – Polo Industrial (Rodovia Amaral Peixoto, Sampaio Corrêa)

7 DE MAIO (5ª feira) 6 h – Aniversário do Café da Manhã do Trabalhador – Bacaxá – (Av. Saquarema, 5.123 ao lado da Secretaria de Desenvolvimento Social) 17 h – Inauguração das Obras de Reforma e Ampliação da Escola Municipal Edilson Vignoli Marins – Rio de Areia (Estrada Latino Melo)

Embaixo, as novas calçadas no centro de Bacaxá promovem uma melhor qualidade de vida DULCE TUPY

22 h – Show com o Grupo Sorriso Maroto – Praça do Coração (Centro de Saquarema, em frente à igreja Nossa Senhora de Nazareth)

8 DE MAIO (6ª feira) 10 h – Missa Solene em Homenagem ao 174º Aniversário do Município de Saquarema – Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazareth (Centro – Saquarema) 14 às 20 h – Desfile Cívico Escolar, com o tema “Diversidade, Preconceito, Inclusão” – Praça do Coração (Centro – Saquarema)

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O SAQUÁ

Parabéns, Saquarema! São os votos da equipe

EDITAL – AUTO POSTO DE SERVIÇO PISSIL LTDA CNPJ: 03.310.691/0001-18

AUTO POSTO DE SERVIÇO P1SSIL LTDA, torna-se público que REQUEREU em data superior há cento e vinte dias antes do vencimento da LICENÇA AMBlENTAL SIMPLlFICADA Nº IN003077, com validade em 04 de novembro de 2015 - Processo E-07/502.005/2009, à Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura de Saquarema, através do Processo 7464/2015, em 16/04/2015 a Licença Ambiental para atividade: RENOVAÇÃO DA LICENÇA DE OPERAÇÃO da atividade de posto revendedor de combustíveis líquidos, revenda de lubrificantes, lavagem de automóveis, troca de óleo e loja de conveniência, localizada na Rodovia Amaral Peixoto, krn 70,5 - RJ-106 - Bacaxá - Saquarema - RJ.

O SAQUÁ

O jornal de Saquarema

www.osaqua.com.br jornal@osaqua.com.br

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Editora: Dulce Tupy – dulcetupy@osaqua.com.br Editor adjunto: Silênio Vignoli Diretor comercial: Edimilson Soares Diretora de Arte: Lia Caldas Colaboradores autônomos: Alessandra Calazans (redação e revisão), Paulo Lulo e Pedro Stabile (fotografia), Ronan Conde (diagramação)

Jornalista Responsável: Dulce Tupy (registro:18940/87/62)

Gráfica: Editora Esquema Tiragem: 3.000 exemplares Circulação: Saquarema, Araruama, Silva Jardim e demais municípios da Região dos Lagos As matérias assinadas não refletem necessariamente a opinião do jornal.

COMUNICAÇÕES

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CNPJ: 04.272.558/0001-87 Insc. Munic.: 0883

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O SAQUÁ

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Os 90 anos de Porphirio Azeredo N o último carnaval, toda a família do ex-vereador e exprefeito Porphirio Azeredo deu uma pausa na folia, para comemorar o aniversário deste político que faz parte da história de Saquarema. Vereador com vários mandatos, ao completar seus 90 anos de idade, Porphirio ganhou uma festa que reuniu os familiares na Rua Pereira. Filhos, filha, netas e netos, todos homenagearam o patriarca da família, comerciante

EDIMILSON SOARES

de profissão, que foi prefeito de Saquarema de 1976 a 1981. Neste período, Saquarema passou por uma verdadeira revolução administrativa. Foi Porphirio quem construiu o Hospital Municipal Nossa Senhora de Nazareth, fez a nova sede da Prefeitura, com linhas arrojadas em concreto armado, abriu vários postos de saúde, fez o calçamento em paralelepípedos em diversas ruas no centro de Bacaxá e em outras localidades, fez uma nova ponte

ARQUIVO PESSOAL DO GERVÁSIO

O prefeito Porphirio na inauguração de duas salas na escola de Palmital, tendo ao lado, Gervásio, que foi seu vice-prefeito por 6 anos e é hoje o mais antigo funcionário da Prefeitura

Porphirio Azeredo em família, com filhos, filha, nora e netas, na homenagem prestada a saquaremenses ilustres na Casa da Cultura Walmir Ayala sobre a Lagoa de Saquarema, a Ponte Darcy Bravo, junto com o governo do estado do Rio de Janeiro, ao lado da ponte velha, construiu o Jardim de Infância Palhacinho Dourado, pioneiro no ensino infantil no município, colocou Saquarema no cenário nacional e internacional com os grandes festivais de surfe, entre

outras inúmeras obras. Nascido em Saquarema, no dia 16 de fevereiro de 1925, Porphirio Nunes de Azeredo foi casado com Delvira de Souza Azeredo. Eleito vereador por cinco mandatos, foi também presidente da Câmara Municipal de Saquarema de 1962 a 63, de 1964 a 65 e de 1973 a 74. Conhecido

por seu temperamento forte e sincero, pois fala com espontaneidade tudo que pensa e sente, ao contrário da maioria dos políticos que preferem se esconder por trás das máscaras e das aparências, Porphirio deixou sua marca registrada na administração pública saquaremense. Hoje, com 5 filhos, 11 netos e 5 bisnetos, tem orgulho de dizer que na política não enriqueceu. o que pode ser até considerado bizarro nos dias de hoje em que grande parte dos homens públicos são passíveis de malfeitos, quando não de crimes contra o erário público. Decididamente, este não é o caso do Porphirio, um cidadão que abre todos os dias seu pequeno comércio, na Rua Pereira, durante a semana, reservando apenas o domingo para seu descanso junto à família e para a missa que frequenta religiosamente toda tarde na Igreja de Santo Antônio. Com fama de honesto e íntegro, Porphirio foi um dos homenageados no projeto “Construindo a História de Saquarema”, da Superintendência de Cultura da Secretaria de Educação e Cultura de Saquarema, no mês de março. Foi uma pequena homenagem a este grande saquaremense.

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, em visita a Saquarema, fala até da disputa presidencial

O

presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, visitou Saquarema para agradecer o trabalho daqueles que o apoiaram na última campanha eleitoral, afirmando que a vitória é de todos e que também está à disposição de quem precisar, tendo sido inclusive apresentado o seu pré-candidato a vereador, o ex-presidente da Câmara Municipal, Silvio Vidal. Recebido durante um café da manhã na Pousada Espuma da Praia, em Itaúna, Eduardo Cunha se encontrou com empresários, lideranças comunitárias e cabos eleitorais. Em entrevista à jornalista Dulce Tupy, sobre o panorama da Câmara dos Deputados em Brasília, ele brincou com a

manchete do jornal O Saquá que destacou, na edição de abril, o clima tenso na Câmara Municipal de Saquarema. “Olha, a tensão na Câmara que está aqui no jornal é aqui em Saquarema, não é em Brasília”, disse Cunha, “em Brasília está tudo correndo normalmente”, afirmou. “É claro que o país atravessa um momento de crise e agora o debate é sobre o ajuste fiscal”, explicou em seguida, emendando posteriormente: “a tensão faz parte do debate político, é uma característica da vida política”. Quanto a sua visita a Saquarema e demais municípios da Região dos Lagos, o presidente da Câmara dos Deputados afirmou que é importante visitar as cidades, para que os companheiros não pensem que, pelo fato de

FOTOS: EDIMILSON SOARES

Na Pousada Espuma da Praia, Eduardo Cunha com Everton Frutuoso, Silvio Vidal, empresários locais e lideranças comunitárias

estar em Brasília, poderia ficar longe de suas bases. “Até porque o partido vai disputar todos os cargos nas próximas eleições”, afirmou o presidente. O partido irá disputar também a presidência da República? Cunha respondeu que o PMDB tem que participar, sim, de todos os segmentos.


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O SAQUÁ

O quilombo de Bacaxá Uma história de luta e resistência negra em Saquarema no ano de 1730 DEBRET

DEBRET

O tronco era um instrumento de suplício, tortura e humilhação, usado para castigar os escravos que ficavam presos e imobilizados, sofrendo um intenso desgaste físico e moral

Dulce Tupy

U

m dos capítulos mais encobertos na história de Saquarema é sem dúvida a do Quilombo de Bacaxá, descoberto em 1730, quando o então governador do Rio de Janeiro, Luis Vahia Monteiro, tomou conhecimento, através de uma carta enviada pelo juiz de Santo António de Sá, localidade onde hoje se encontra o Comperj, Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro, em Itaborái. Conforme a denúncia do capitão e juiz Sebastião Gomes Sardinha, no início de agosto, dois caçadores de Santo António de Sá foram mortos a flechadas por um grupo de 50 a 60 negros no sertão de Bacaxá. Denunciado o quilombo, em 11 de agosto de 1730, veio a resposta do autoritário governador que, diante da notícia dos “negros quilombeiros”, tomou imediatas providências, estranhando que a notícia não havia

chegado pelos oficiais militares responsáveis pela área e sim pelo capitão juiz de Santo António de Sá. O violento governador Vahia enviou também, para se precaver, uma carta ao coronel João de Abreu Pereira, determinando o combate urgente à “desordem” pelo “perigo de semelhantes e maiores consequências”, recomendando que reunisse seus oficiais de maior confiança e soldados auxiliares “mateiros” para dar fim ao Quilombo de Bacaxá. Naquela época, o sertão de Bacaxá se estendia da margem esquerda do Rio Bacaxá, na Serra da Castelhana, até o sul da Lagoa de Saquarema, passando pela serra do Amar e Querer, no limite com o sertão de Tanguá. Eram terras praticamente “incultas”, quer dizer sem cultivo algum, praticamente vazias. Tanto que, anos depois, no mapa feito por Vieyra Leão em 1767, só aparecem registrados no campo de Bacaxá o Curral de Sombá, o Curral do Meio, Bacaxá e o Curral de Baixo. Os maiores povoamentos próximos eram Cabo Frio, de um lado e Santo Antó-

nio de Sá, do outro, onde florescia a cana de açúcar e engenhos. Santo António de Sá, hoje Itaboraí, era o local mais povoado da baixada litorânea, desde fins do século 17, e por isso mesmo o mais interessado em destruir o Quilombo de Bacaxá, situado na fronteira de suas fazendas. Ao tomar conhecimento da morte dos dois caçadores atacados por quilombolas de Bacaxá, já no dia seguinte o governador Vahia escreveria ao capitão mor da Vila de Santo António de Sá, Caetano de Souza, cobrando-lhe providências e reclamando por não ter sido notificado por ele e sim pelo juiz Sardinha. Na mesma carta, o governador ordena-lhe que junte as forças possíveis para liquidar o quilombo, caçando os negros “presos ou mortos”. E como dizia o tirano Vahia em carta do dia 14 de agosto ao coronel Abreu: “é necessário não só extinguir o dito quilombo, mas prender todos os negros e negras e filhos que tiverem no mato (...) puxando, se necessário for, por todo seu Regimento (...) mandando as companhias de

O pau de arara, uma invenção nativa, era muito utilizado nas fazendas para castigar os escravos

Maricá e Saquarema”. E justifica em seguida: “não me contento com os afugentar (os negros quilombolas), nem com a desculpa de que se meteram no mato, porque por esse mesmo mato, por onde entram os negros, podem entrar (também) os soldados e brancos”. E determina: “é necessário que os vivos, e mortos se resistirem, venham a minha presença, porque de outra sorte virão todos os dias os negros a insultar esse País”.

“23 cabeças” presas e o sumiço de uma “crioula”

Além desta intimação ao militares locais, o governador intimou também o capitão José de Águila Moreira que partiu do Rio para a sua fazenda em Saquarema, chegando no dia 26 de agosto, pronto para o combate que se iniciaria no final de setembro. Assim, com os preparativos feitos, com o envio de pólvora e balas - ficando os mantimentos (farinha e peixe) por


Maio/2015 conta dos comerciantes e fazendeiros locais - a perseguição ao quilombo começou! Na verdade o quilombo era dois: o quilombo velho, mais antigo e grande, e o quilombo novo, bem menor. Nos primeiros dias de outubro o combate já exibia seus trunfos: os negros quilombolas capturados foram levados para o Rio de Janeiro, escoltados por um tenente e soldados. Eram “23 cabeças”, conforme foi registrado na carta do capitão João de Abreu Pereira enviada ao governador Vahia. Mas pelo próprio relatório do capitão, as contas apresentadas não batiam com as do governador que reclamou a falta de uma “crioula”. Há hipóteses de que ela tenha sido morta, pela crueldade dos castigos. Mas não há confirmação... Como há relatos também de que, se não fosse o episódio da morte dos dois caçadores de Santo António de Sá, os quilombolas, negros e mulatos de Bacaxá não teriam sido denunciados, porque o quilombo já existia há anos, talvez décadas, com seus mocambos (palhoças) e roças, vivendo numa certa harmonia com as populações locais, praticando escambo (troca) com al-

Mata Atlântica na serra, desenhada pelo francês Jean Baptiste Debret

EDIÇÃO ESPECIAL –

O SAQUÁ guns comerciantes e mantendo uma comunicação clandestina, mas atuante com os escravos nas fazendas. Na Serra do Amar e Querer, registrada no mapa de Vieyra Leão, também foi registrada uma localidade com o nome de Pico do Quilombo, que ainda precisa ser investigada. O fato é que as histórias passaram de boca em boca, nas fazendas, mas poucas, pouquíssimas chegaram até hoje. Ficaram apenas as lendas. E contos e poemas como os que foram publicados no livro “Testemunhos IV & Verso e Prosa”, da Oficina Literária Ivan Proença, a mais antiga oficina literária existente no Brasil.

Contos e poemas foram inspirados no Quilombo de Bacaxá

O livro da Editora Oficina do Livro (Rio de Janeiro, 2003), do casal de professores Ivan e Isis Proença, moradores do Rio mas com casa de veraneio em Saquarema há mais de 20 anos, tem contos e poemas inspirados no histórico Quilombo de Bacaxá. Vale destacar o da jornalista Marisa de Oliveira chamado “Propriedade de Jesus” por sua

narrativa impregnada de suspense com toques de realismo fantástico, onde a personagem bem poderia ter sido a “crioula” que desapareceu. No conto, a escrava que tinha sido amante do filho do fazendeiro reencarnou na neta (ou bisneta?), criada na capital por uma família branca, sem saber de suas origens mestiças. Ao ficar doente e começar a frequentar uma casa de cura, a jovem começou a reviver o passado dramático de seus ancestrais, acordando transtornada, com ranhaduras, feridas, desgrenhada, sem explicação aparente. A jovem sonha então com outra jovem negra que corre numa mata escura e densa, onde é presa numa armadilha em que se encontra o amante branco, filho do senhor, assassinado pelos militares que destruíram o quilombo. Envolto num forte sincretismo religioso o conto se encerra de forma surpreendente. “Manteve-se acocorada por muito tempo, as pernas e o coração dormentes. Alerta, quando pensou ouvir apenas a natureza, avançou. Sinhô, tão lindo, parecia lhe sorrir. A mão, em sofrimento, esticou-se para

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Caçadores desenhados pelo naturalista Maximiliano, o Príncipe de Wied

tocá-lo. Não conseguiu, pegaram-na primeiro com a ponta do chicote. A dor não foi maior que perder o amor. Açoitada sem dó, as pernas da crioula, lanhadas, sangravam, as chagas se abriam nas costas. E porque não morria como os outros quilombolas, levaram-na amarrada, arrastada pelo caminho através da mata fechada, que pensava fosse só dela. Quando o verde se abriu em céu, aquela

mulher de pele negra, a crioula, tingida por um vermelho sangue sofrido, vislumbrou Nananburuquê, linda, sorrindo. E a crioula entendeu. Nascera quilombola, nascera para ser livre. Da dor fez-se liberta, criou asas e voou. De cima, Amar e Querer era muito mais linda. Tiê sangue, escolheu pousar no cajá do mato. A alma, Nananburuquê acolheu. Era agora propriedade de Jesus.”


8 – EDIÇÃO ESPECIAL

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O SAQUÁ

Museu de Conhecimentos Gerais A Semana Nacional de Museus será realizada pela primeira vez em Saquarema

S

aquarema praticamente não tem museu, a não ser o pequeno museu arqueológico a céu aberto na Praça do Sambaqui da Beirada, em Barra Nova, e o Museu do Vôlei, quase sempre fechado à comunidade, no Centro de Treinamento da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), na Avenida Ministro Salgado Filho, em frente à praia, também em Barra Nova. Mas não há um museu histórico numa cidade que fica sem memória, carente de informação, porque um museu é uma instituição científica que preserva registros importantes para pesquisas, tornando-se local de referência da evolução de uma localidade e seu povo. Diante disso, surgiu a iniciativa do biólogo Carlos Alexandre Cardoso, com pós-graduação na Fiocruz, de tornar o conhecimento algo interessante e acessível a todos, em Saquarema, onde mora há alguns anos. Assim, Carlos Alexandre criou o Museu Aimberé de Conhecimentos Gerais, baseado em tudo que ele já conhecia de suas passagens pelo Museu Nacional, no Rio e de Astronomia, em Paracambi, entre outros. O projeto começou com a apresentação em escolas da exposição “Em busca da Biodiversidade”, montada por ele com espécies da fauna. Depois, passou também a colecionar objetos históricos, iniciando então o “Museu de Conhecimentos Gerais”. Com esse trabalho, participou da Semana Na-

cional de Ciências e Tecnologia, em Paracambi; do evento “Insetos da Cultura Brasileira”, no Museu da República, no Rio; realizou exposição e palestra na Associação de Moradores de Jaconé; produziu o 1º Simpósio de História de Saquarema, na Faetec-Bacaxá; além da Exposição Darwin Now, do Conselho Britânico, na Biblioteca Pública de Niterói e na Casa da Cultura de Araruama, entre outras iniciativas, como o I Simpósio de Doenças

Parasitárias, em abril, no Teatro Mário Lago, em Saquarema.

Instituto Sociocultural Aimberê, homenagem ao guerreiro tamoio

O museu ainda não tem sede, mas existe a proposta de doação. A equipe do museu inclui artistas, jornalistas, pesquisadores, ambientalistas e moradores, para formação da OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) InstiDIVULGAÇÃO SECRETARIA DE CULTURA ARARUAMA

tuto Sociocultural Aimberê, com o nome fantasia de Museu de Conhecimentos Gerais. A futura sede contará com biblioteca, auditório, salão para exposições permanente e temporárias, alojamentos e laboratório para pesquisadores que pesquisam o município, incentivando o retorno das pesquisas científicas para Saquarema. De 18 a 22 de maio, durante a Semana Nacional de Museus, Carlos Alexandre estará coordenando um evento no Teatro Mário Lago, com exposições, apresentações teatrais, palestras e debates, com entrada franca. Além de vários grupos de teatro, pela manhã, à tarde haverá palestras e debates com a jornalista Dulce Tupy, a artista plástica Telma Cavalcanti, o historiador popular Herivelto Bravo Pinheiro, o pesquisador de Paracambi Rogério Silva e o carnavalesco Sérgio Braz, de Jaconé.

Festa dos Pretos Velhos Mãe Dolores de Xangô

A exposição itinerante atrai e encanta com seu acervo diversificado

Dia 13 de maio A partir das 18 horas No Areal


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O legado do maestro Francisco Vignoli ARQUIVO PESSOAL DE SILÊNIO VIGNOLI

Silênio Vignoli

A

o enaltecer Saquarema como “terra geradora de filhos notáveis por seus valores morais e intelectuais, em condições de poder ufanar-se como berço de homens ilustres”, o historiador Darcy Bravo destacou em seu livro “Minha Terra Saquarema” Alberto de Oliveira, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, eleito “Príncipe dos Poetas”, o renomado sociólogo Oliveira Viana, o jurisconsulto e deputado estadual Oscar de Macedo Soares e o coronel José Pereira, Barão de Saquarema. Além desses, o historiador incluiu também o professor e maestro Francisco Vignoli, de quem foi aluno no curso primário. A vocação musical de Saquarema começou a se manifestar em 1867, precisamente no dia 16 de junho, quando surgiu no município a primeira banda de música com o nome de Sociedade de Dança Recreio Familiar, que promovia bailes sempre no primeiro sábado de cada mês. Entre 1898 e 1905, o município passou a contar com outras duas bandas: uma na sede do município, na Vila de Saquarema, a Lira Saquaremense, e outra no Rio da Areia, a Lira do Rio D’Areia, fundada e regida pelo maestro Francisco Vignoli, que era também professor público do Estado.

LUS na Região dos Lagos

Os quatro filhos de Francisco, da esquerda para a direita: Antônio e Achilles em pé, Casimiro e Manoel “Nascimento” sentados

O maestro Francisco Vignoli, retratado pelo pintor e ex-vereador Antenor de Oliveira

A fusão das duas bandas

A casa de Francisco Vignoli, na rua Barão de Saquarema, onde também funcionou as Coletorias Estadual e Federal no município

PAULO LULO

Segundo apontamentos do maestro Francisco Vignoli, a Lira do Rio D’Areia fez sua estreia em 28 de maio de 1898, na ladainha de véspera da festa do Divino Espírito Santo. No dia seguinte, 29 de maio, Domingo de Pentecostes, a Lira do Rio D’Areia despertou a população com sua alvorada às 5 horas da manhã, tocando vibrantes dobrados. Às 10 horas, a banda acompanhou a procissão do Quadro do Divino, da casa do festeiro até a igreja matriz de Nossa Senhora de Nazareth, onde o maestro Francisco Vignoli assumiu a regência do Coro Paroquial, executando músicas sacras na missa solene. Terminada a missa, o cônego Brito, vigário da Paróquia, benzeu o belo estandarte e a farda dos componentes da banda.

ral, que funcionavam anexas, em Saquarema. Certa ocasião tocavam as duas bandas, quando alguns descontentes com a Lira União Saquaremense gritaram exaltados: “Viva a Banda do Rio D’Areia e morra a de Saquarema”. Mas o maestro Francisco Vignoli retrucou prontamente: “Viva uma e morra a outra não! Viva as duas”... Idealista e apaixonado pela arte musical, Francisco Vignoli decidiu reunir os remanescentes das duas bandas, resultando na fusão em uma só, sob a denominação de Lira União Saquaremense, sintetizada na sugestiva sigla: LUS.

Nos anos de 1906 e 1907, as duas bandas, a de Saquarema e a do Rio D’Areia, tiveram uma decaída em suas atividades, provocada principalmente pelo êxodo de muitos de seus integrantes para outras localidades, principalmente Rio e Niterói, em busca de emprego. Em 1907, atingido por uma exoneração em massa do cargo de Professor Público do Estado, pelo governo Nilo Peçanha, o maestro Francisco Vignoli passou a trabalhar nas Coletorias Estadual e Fede-

Em 1914, o maestro Francisco Vignoli – que hoje é nome da rua transversal à rua Barão de Saquarema, na orla da lagoa, e desemboca quase em frente ao Supermercado Batista – conseguiu angariar minguados recursos para custear a confecção de fardamento para a nova banda: a LUS. Em 1918, eleito presidente do Estado o Dr. Raul de Moraes Veiga, empreendeu uma excursão pelos municípios da Região dos Lagos, para inaugurar diversos melhoramentos, começando pela ponte de madeira na entrada de Saquarema. Foi então recepcionado pela Lira União de Saquarema que o acompanhou até Araruama, Iguaba Grande e São Pedro D’Aldeia. Em 1923, o então presidente do Estado, major-engenheiro militar Feliciano Sodré veio inaugurar a estrada de rodagem ligando Bacaxá a Saquarema, sendo recepcionado pela banda LUS em todos os atos com a execução de dobrados marciais, além do Hino Nacional em sessão solene da Câmara. Além da banda de música, o maestro Francisco Vignoli também participava do Coro Paroquial, como tenor e regente, dispondo de vasto repertório sacro e excelentes cantoras como Mocinha, Basília e Joaquina. A LUS alcançou seu apogeu a partir de 1914, quando se apresentou nas festividades comemorativas do Centenário da Independência, em 1922, mas logo em seguida experimentou uma gradativa redução no número de seus integrantes, o que acabou provocando o encerramento de suas atividades em 1924.


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Finalmente reaberta a estrada no bairro Morro dos Pregos

ituado entre a Mombaça e a Rodovia Amaral Peixoto – a RJ 106 – na altura do antigo “Amanteigado”, que antigamente era uma parada obrigatória e onde ainda hoje tem um posto de gasolina, no retão que passa pela entrada do Rio Mole, o Morro dos Pregos é uma localidade rural por onde circulava a Estrada de Ferro Maricá que ligava Niterói a Cabo Frio. Utilizada como via de acesso pelos moradores, sitiantes e fazendeiros locais, com o desaparecimento dos trilhos a estrada foi ficando abandonada, escura, estreita, coberta de mato. No ano passado, um morador resolveu fechar o antigo leito da estrada de ferro ao lado de sua propriedade, colocando um muro alto para impedir definitivamente a circulação de pedestres e carros. Ou seja, pretendia tomar posse da estrada, um espaço público, agora retomado pela Prefeitura Municipal. Tudo começou há cerca de 8 anos, quando uma antiga ponte da ferrovia quebrou e os carros pararam de passar por lá, deixando o mato crescer no leito da estrada cada vez mais estreita e quase desaparecida. Aproveitando o aparente fechamento da estrada, um morador quis então fechar a estrada de verdade, na marra, construindo um muro bem alto e colocando um poste no meio do

FOTOS: EDIMILSON SOARES

muro. Só não fechou de fato a estrada, devido à gritaria geral da comunidade que fez um abaixo-assinado com cerca de 700 assinaturas, protocolado e encaminhado aos órgãos públicos municipais. Agora, depois de muita briga, a velha estrada de barro acaba de ser reaberta pela equipe da Secretaria Municipal de Serviços Públicos, que atendeu o pedido da comunidade, que vinha sofrendo com a volta enorme de 8 a 13 quilômetros que era obrigada a fazer para alcançar o asfalto.

Também foi manilhado o rio que alagava o terreno

Com a reabertura da estrada, os moradores economizam tempo para chegar no asfalto. Mas para reabrir a estrada foi preciso retirar um muro que impedia a circulação de carros e pedestres

Segundo o secretário municipal de Segurança e Ordem Pública, João Carlos Araújo, a estrada não só foi aberta como também foi manilhado o riacho que alagava toda a área. Agora o acesso para a rodovia ficou mais curto, com cerca de 2,5 km que separam o bairro Morro dos Pregos até a ponte sobre o Rio Seco, numa curva da rodovia, próximo ao bairro Alvorada. Portanto, ganharam os moradores do Morro dos Pregos. É lá que se situa a igreja de São Jorge, onde se realiza todos os anos a grande festa do santo padroeiro do bairro. Além de comemorar, os moradores podem também fazer planos para o futuro, como melhoria da iluminação e – quem sabe? – até a chegada do asfalto.


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José Bandeira será homenageado na Casa da Cultura e vai virar nome de escola no Boqueirão

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aquarema tem filhos ilustres que honram e elevam o nome desta cidade. Dentre estes, destaca-se o saquaremense José Bandeira, conhecido poeta e compositor, sendo inclusive autor do hino do município e de vários hinos sacros. Exímio pescador, funcionário da Prefeitura e da Câmara Municipal, José Bandeira foi também juiz de paz. Como poeta tinha o sonho de publicar um livro, mas em vida não realizou esse sonho. Só em 1996, a família, com apoio de amigos, publicou o livro “O Poeta e as Musas”, com poesias de José Bandeira e ilustrações do artista plástico Nelsinho, com prefácio da também poeta, advogada, cantora e compositora Messody Benoliel. Hoje, o livro é uma raridade. “José Bandeira nasceu no município de Saquarema, Estado do Rio de Janeiro, no dia 28 de maio de 1990 e morreu no dia 23 de outubro de 1989. Teve seus primeiros estudos em casa, administrados por sua irmã Elvira, sua grande orientadora e amiga.

Prosseguiu seus estudos na Escola da Colônia de Pescadores e na Escola Estadual de Saquarema, possuindo apenas a 2ª série primária. Sua profissão era a de pescador; tanto pescava na lagoa como no mar, e com o produto da pesca mantinha a si próprio e a sua mãe”, escreveu à amiga Messody Ramiro Benoliel, no prefácio do livro. “Seu pai, Sr. Tomé Joaquim Bandeira, era o médico da cidade, mesmo não sendo formado; faleceu quando o poeta tinha apenas 4 anos de idade. Em 1935, foi contratado pela Prefeitura Municipal de Saquarema com a função de diarista, tendo trabalhado na gestão de 4 prefeitos, sem contudo abandonar a profissão de pescador. Em 1950, foi nomeado pelo Presidente da Câmara de Vereadores de Saquarema, Sr. Gentil Manoel Mendonça para o cargo de Oficial de Atas até o ano de 1977, quando foi aposentado pela Compulsória. Porém, o presidente da Câmara na ocasião, Sr. Juarez Diogo de Oliveira, juntamente com os demais vereadores, não concordaram com seu afastamento e o nomearam Oficial de Gabinete da Câmara de Vereadores, função que exerceu até sua morte”, continua Messody, até hoje amiga da família.

Uma escola para José Bandeira DIVULGAÇÃO/CASA DA CULTURA-PMS

O poeta José Bandeira

No dia 28 de maio, haverá um evento comemorativo do aniversário de José Bandeira na Casa de Cultura Walmir Ayala. No dia seguinte, sexta-feira, dia 29, haverá o lançamento do livro “De olho na poesia”, o 12° da poeta e amiga de José Bandeira, Messody Benoliel. Coincidência? Sim. Como também outra

EDIMLSON SOARES

A filha de José Bandeira, Maria José, com um quadro com a foto do poeta que será homenageado pela escola que pretende substituir o nome do ditador Castelo Branco pelo do ilustre saquaremense homenagem ao poeta, que será o pedido de alteração do nome da Escola Municipal Castelo Branco, no Boqueirão, para Escola Municipal José Bandeira, seguindo uma tendência nacional de valorização de nomes locais, em detrimento de nomes cultuados pela ditadura civil e militar que assolou o país de 1964 a 1985. O nome José Bandeira foi escolhido pela comunidade escolar, envolvendo alunos, professores e pais de alunos. Mas antes, o assunto foi debatido nas aulas de história, do professor Geovânio Amaro, ano passado, quando se descomemorou os 50 anos da ditadura militar e civil. Na Feira Cultural de Saquarema, alunos da escola apresentaram um esquete teatral, levando à praça pública a discussão so-

bre a ditadura e as torturas utilizadas contra os presos políticos. Em dezembro, a proposta de mudança do nome da escola foi apresentada ao Conselho Municipal de Educação e, a partir daí começou uma consulta à comunidade escolar e à sociedade civil para a escolha de um novo nome para a escola. Atualmente, corre um abaixo-assinado com centenas de assinaturas para mudar o nome da escola para José Bandeira. E desde então, foi formada uma comissão, com o coordenador pedagógico Ivo Marins, a professora Cláudia Machado, os pais de alunos Sandra dos Santos, Eduardo dos Santos Júnior e Vania Costa, além dos alunos da EJA Luís Henrique, Cristina, Celma, Karolayne Izabel. O próximo passo é encaminhar todo o processo para a prefeita Francia-

ne Motta que vai analisar o pleito da escola. Mais do que justo o reconhecimento deste grande saquaremense.

O pescador, do livro O poeta e as Musas, ilustração do artista plástico Nelsinho


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