Raízes de uma luta política sempre acirrada PÁGINA 6
Ano XIII • nº 158• 1 a 31 de maio de 2013 • Saquarema • Rio de Janeiro
www.osaqua.com.br • Diretora: Dulce Tupy
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Parabéns, Saquarema, pelos 172 anos! GILDÉSIO
Vista aérea do Centro da cidade
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cidade comemora seus 172 anos de emancipação político-administrativa e o jornal O SAQUÁ traz uma edição histórica em homenagem a esta data significativa, que deu ao município autonomia política, porém sem esquecer suas origens, seus grandes nomes, sua cultura.
Livro descreve Círio de Nazareth
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ma edição muito antiga, publicada em Portugal no século 18, foi reeditada em 2007 pela Secretaria Estadual da Cultura do Rio de Janeiro, onde é descrito o Círio de Nazareth de Saquarema, o mais antigo do Brasil. Além da descrição da igreja e da imagem da santa, o livro registra usos e costumes locais. Escrito por Frei Agostinho, é uma verdadeira obra-prima, só agora revelada ao público. Página 3
Folia do Divino mantém tradição milenar em Saquarema
HISTÓRIA
Casamento selou a paz entre famílias
EDIMILSON SOARES
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O mastro do Divino percorre as ruas da cidade
Festa do Divino é um festejo religioso português que chegou ao Brasil com os colonizadores. O costume se mantém até hoje em vários municípios no Rio
Janeiro e, nos últimos anos, foi resgatado em Saquarema o levantamento do mastro que fica junto à igreja de N. Sra. de Nazareth, nos dias que antecedem o folguedo. Página 7
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s tradicionais famílias Nunes e Mendonça fazem parte da história política e econômica do município. Em 1959, o casamento de Elzira e Simeão selou a paz entre as duas famílias que, até então, eram adversárias políticas. O ex-vereador Simeão Nunes abriu mão de uma carreira na Câmara, para se dedicar ao primeiro posto de gasolina da cidade, o Posto Bacaxá, hoje na Rodovia Amaral Peixoto. Páginas 8 e 9 O casamento de Elzira Mendonça e Simeão Nunes foi notícia em Saquarema e repercutiu até em Niterói
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O SAQUÁ
Por que fazer uma edição histórica?
Casimiro Vignoli, Darcy Bravo e o 8 de maio
Dulce Tupy
Silênio Vignoli
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O SAQUÁ O jornal de Saquarema
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município que, através das épocas, delinearam o perfil atual de Saquarema. Nossa intenção é contribuir para que a população de Saquarema possa alongar o alcance de sua ligação com as raízes, consolidar sua identidade com a terra onde vive e, sobretudo, sentir-se orgulhosamente inserida no contexto histórico da evolução de um pequeno povoado que se tornou vila e, hoje, é um município em franco desenvolvimento. De acordo com uma tese antropológica reconhecida mundialmente, o homem é produto do meio. Mas como sabêlo se desconhecemos as origens? Quem somos, só desvendando de onde viemos e por onde passamos, sem o que torna-se aventura para onde vamos... O ontem, o hoje e o amanhã constroem a história, narração cronológica dos fatos ocorridos na vida das populações, em particular, e da humanidade, em geral. Ninguém poderá construir um bem sucedido presente, visando um futuro promissor, se incorrer na ignorância do passado. Assim, estamos publicando esta edição histórica para comemorar os 172 anos da emancipação política e administrativa de Saquarema. É o nosso presente para a cidade e seus cidadãos.
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a segunda metade da década (arte e ciência dos brazões e bandeiras), de 50, não me recordo precichamado Ayrton Sá Rego, para fazer um samente do dia, mês e ano, novo original para o brazão que estava acompanhado por meu pai, sumido, além de uma proposta para a entrei na Padaria Natal, no centro da Vila, bandeira do município, que acabou sendo mais conhecida como a padaria de Darcy, aprovada pela Câmara de Vereadores, o Bravo, dono da padaria e pesquisador através da Resolução nº 5/62, em 11 de da história de Saquarema, e antes de maio de 1962, e sancionada pelo então dizer que queríamos uma dúzia daquela prefeito Hélio Bernardino de Mattos. deliciosa broa de milho, com o leve sabor Como bom músico instrumental, tocador de erva-doce, Darcy recebeu meu pai com de piston e flauta, conhecedor de teoria uma pilha de papel sobre o balcão e uma musical, filho do maestro Francisco Vignocobrança desafiadora: “Casimiro, Saquali, Casimiro resolveu escrever as partituras rema não comemora a data de sua emancom a melodia do hino que se tornou cipação com festa, solenidade, missa e oficial pela Resolução nº 13/65, sanciodesfile cívico-escolar. Olha só, já temos nada em 27 de julho de 1965, pelo então o brazão do muniprefeito Gentil Macípio regulamennoel Mendonça. tado em detalhes Paralelamente, por lei específica, Casimiro Vignoli e mas ninguém sua incansável essabe onde está posa, Nair Vignoli, o desenho com agilizavam a conssua representação trução da sede gráfica. Ainda é própria do então preciso uma lei Ginásio Professor criando a bandeiAlfredo Coutinho ra do município e por eles fundado, outra oficializando que acabara de o hino municipal formar, em 1962, de Saquarema, a primeira turma que já tem letra e de ginasianos e música, de autoria Saquarema. Até Os saudosos Seu Casimiro e Dona Nair de José Bandeira, o clima era favona porta de sua casa faltando registrar rável para quem, a melodia em partituras para a banda de como o casal Casimiro e Nair, envolvia-se música tocar. Eu estou falando com você, animadamente com a ideia de um desfile Casimiro, porque você e Dona Nair são cívico-escolar pelas ruas de Saquarema, muito bons para articular essas coisas”. no 8 de maio. Dito e feito! Casimiro empolgou-se, Foi tudo muito rápido até a realização topou a ideia, arregaçou as mangas e viade um grande sonho de dois ilustres sabilizou tudo rapidamente. Com uma cópia quaremenses, Casimiro Vignoli e Darcy da lei que detalhava o conteúdo do brazão Bravo: comemorar com festa, foguetório, do município, Casimiro acionou um amigo solenidades, missa e desfile cívico-escolar desenhista, artefinalista e conhecedor dos a data da emancipação político-adminisprincípios básicos que regem a heráldica trativa da terra natal.
Editora: Dulce Tupy – dulcetupy@osaqua.com.br Editor adjunto: Silênio Vignoli Diretor comercial: Edimilson Soares Diretora de arte: Lia Caldas / Subito Creative - www.subito.cr Colaboradores autônomos: Alessandra Calazans (redação e revisão), Michele Maria (redação e revisão), Agnelo Quintela, Paulo Lulo e Pedro Stabile (fotografia), Rossini Maraca (publicidade)
Jornalista Responsável: Dulce Tupy (registro:18940/87/62)
EDIMILSON SOARES
ão faz muito tempo, um prefeito, em pleno exercício do mandato, perguntou-nos: quem foi esse tal de Oscar de Macedo Soares? Pois é! Poucos sabem. Outros tantos se indagam: quem foi Alberto de Oliveira, Oliveira Viana, Alfredo Coutinho, Francisco Fonseca, Beatriz Amaral, Sampaio Corrêa, Francisco Vignoli, Darcy Bravo? E por aí vai... Ou melhor, por aí fica! Não há resposta pela total ausência de política cultural nacional, estadual e municipal. Por isso esta edição histórica, como se fosse a repercussão do grito de um município em busca de sua memória. O Ex-vereador É vital para Darcy Bravo, autor a cidadania pre- do livro Minha Terra Saquarema, pode servar nossa ser considerado o memória, por pioneiro no resgate flagrar os moda memória do mentos em que município ocorreram ao longo do tempo, as grandes e pequenas mudanças, tenham sido políticas, econômicas, sociais ou morais. Prestes a contemplar 13 anos, em julho próximo, o jornal O Saquá tem publicado amplas e detalhadas matérias reunindo precioso material histórico, além dos aspectos geográficos, naturais e culturais, todos, direta ou indiretamente, comprometidos com as circunstâncias históricas e antropológicas do
Gráfica: Editora Esquema Tiragem: 5.000 exemplares Circulação: Saquarema e Região dos Lagos
As matérias assinadas não refletem necessariamente a opinião do jornal.
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PORTUGAL, 1723
O primeiro registro histórico da igreja e imagem de N. Sra. de Nazareth de Saquarema
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Santuário Mariano é uma série de 10 livros, escritos por um padre franciscano em Portugal no século 18, entre 1707 e 1723. Com o título de Santuário Mariano, e história das imagens milagrosas de Nossa Senhora a série é na verdade um inventário das igrejas e imagens dedicadas à Virgem Maria no Reino Português, começando por Portugal mas incluindo também as colônias situadas na Índia Ocidental, Ásia Insular, África, Filipinas e Brasil. Obra considerada raríssima, o Santuário Mariano teve parte do volume 10 publicada pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, através da Secretaria Estadual de Cultura e INEPAC (Instituto Estadual do Patrimônio Artístico e Cultural). É um dos mais antigos registros históricos da igreja e imagem de Nossa Senhora de Nazareth de Saquarema. Impressos numa oficina em Lisboa, os 7 primeiros volumes da série descrevem as igrejas e imagens de Portugal. O 8º volume é sobre as igrejas e imagens da África e Ásia. O 9º volume descreve 194 igrejas e imagens no Norte e Nordeste do Brasil (Bahia, Pernambuco, Maranhão e Pará). E o 10º volume é dedicado às 146 igrejas e imagens encontrados no Sul e Sudeste do Brasil, sendo
AGNELO QUINTELA
REPRODUÇÃO
Estandarte do Círio de Nazareth de Saquarema, o mais antigo do Brasil
Capa do livro Santuário Mariano, publicado no Século XVIII, em Portugal
O ano de 1630 marcou o início da devoção do povo saquaremense à sua padroeira Nossa Senhora de Nazareth, celebrada anualmente em 8 de setembro pelo Círio mais antigo do Brasil. Parabéns Saquarema pelos 172 anos de sua emancipação político-administrativa.
Venerável Irmandade de Nossa Senhora de Nazareth
83 na então Capitania do Rio de Janeiro, 40 em São Paulo, 13 em Minas Gerais, 5 no Espírito Santo, 4 no Paraná e Santa Catarina e 1 na então Colônia do Sacramento (Rio Grande do Sul). Compunha ainda este último volume, as igrejas e imagens nas Ilhas do Oceano, mas esta parte não foi reeditada pela Secretaria Estadual de Cultura. A reedição, feita em 2007, limitou-se ao Rio de Janeiro. Com 336 páginas, é ricamente ilustrada, com textos em caracteres antigos, do tipo de Claude Garamond (1490-1561), e contém algumas iluminuras (ilustrações) provavelmente da publicação original. Entre os sítios religiosos documentados PAULO LULO
Pintura à óleo de Antenor de Oliveira (acervo Casimiro Vignoli)
Imagem original de Nossa Senhora de Nazareth, esculpida em madeira na Capitania do Rio de Janeiro encontra-se a igreja e imagem de Nossa Senhora de Nazareth de Saquarema. No entanto, o autor do Santuário Mariano, Frei Agostinho de Santa Maria, nunca esteve aqui. As informações de campo, no Brasil, foram coletadas por Frei Miguel de São Francisco, membro da Província Franciscana da Imaculada Conceição. Em 1711, as primeiras informações coletadas por Frei Miguel foram destruídas pelos franceses que invadiram o Rio de Janeiro. Mas o frei conseguiu refazer a pesquisa nos anos seguintes e enviá-la para Frei Agostinho, em Portugal. Dos 83 santuários no Rio de Janeiro, 34 eram na capital; 1 em Nova Iguaçu; 5 em Duque de Caxias; 5 em Magé; 4 em Guapimirim; 1 em Cachoeiras de Macacu; 1 em Mangaratiba; 3 em Angra dos Reis; 1 em Paraty; 5 em Niterói; 6 em São Gonçalo; 6 em Itaboraí; 3 em Maricá; 1 em Saquarema; 1 em Araruama; 2 em Cabo Frio; 1 em Quissamã; e 3 em Campos. Além da descrição das igrejas e imagens, o Santuário Mariano descreve também aspectos da fauna, flora, referências geográficas e linguísticas, usos, costumes e rituais religiosos nativos de índios e negros. É verdadeira obra-prima.
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A pré-história de Saquarema preservada na Praça do Sambaqui da Beirada FOTOS: WILLIAN BORBA
Filomena Crancio
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Município de Saquarema não se destaca apenas por sua beleza e história, mas também por sua pré-história, contada pelos seus sambaquis, objetos de estudos da Arqueologia Pré-Histórica Brasileira, que estuda o período anterior a 1500 anos. O primeiro grupo humano que chegou à região onde hoje se localiza o município de Saquarema se instalou onde atualmente está erguida a Praça do Sambaqui da Beirada, em Barra Nova, numa faixa litorânea entre a lagoa e o mar, com paisagem de restinga. Sítio arqueológico é um local onde são encontradas evidências de culturas passadas. O sítio arqueológico de ocupação litorânea, característico da região de Saquarema, é o sambaqui. Os sambaquis são bens nacionais, protegidos pela Lei Federal 3924 (26 de julho de 1961). Sambaquis são antigos locais de moradia temporária de comunidades pré-históricas, cuja subsistência era baseada na coleta animal e vegetal, pesca, caça e onde exerciam as atividades domésticas, artesanais e cerimoniais. Seus habitantes viviam organizados em pequenos grupos familiares.
Patrimônio local, estadual e nacional
Os sambaquis têm a forma de colinas que foram formadas pela ação humana e não por forças da natureza e é formado por camadas arqueológicas superpostas que representam sucessivas ocupações humanas. As camadas depositadas primeiro são as mais antigas; as camadas superiores são as mais recentes. Os habitantes dos sambaquis sepultavam seus mortos segundo rituais peculiares, no próprio local de moradia. Porém, sambaqui não é um cemitério e muito menos de índios, que chegaram aqui muito depois dos sambaquianos. A arqueóloga e professora Lina Kneip, que foi a grande especialista do Museu Nacional/
Etapa das escavações no Sambaqui da Beirada, em 1987 UFRJ no estudo dos sambaquis, apresentou no período de 1975 a 1978 às autoridades municipais de Saquarema projeto sugerindo a criação de uma “Reserva Arqueológica e Ecológica de Barra Nova”. Na época, foi aprovado apenas a criação de uma praça municipal, que hoje é a Praça do Sambaqui da Beirada. Datado de 4520 anos AP (Antes do Presente), o sambaqui da Beirada foi pesquisado no decorrer de 1987 por uma equipe, sob a coordenação da professora Lina. Protegido pela Praça do Sambaqui da Beirada, inaugurada em 31 de maio de 1997, o mais antigo sambaqui de Saquarema ganhou a primeira exposição arqueológica ao ar livre de um sambaqui no Brasil. Na Praça do Sambaqui da Beirada encontra-se também preservada densa vegetação de restinga, representada pela disposição em mosaico, pela composição florística e espécies de valor medicinal e alimentar. Aberta à visitação pública, localiza-se na confluência da rua do Sambaqui da Beirada com a rua Arqueológa Lina Kneip, próximo à Avenida Litorânea. Ao lado do Sambaqui da Beirada, existe também um outro sambaqui, o da Pontinha,
localizado no loteamento Jardim Barra Nova. Datado de 1790 anos AP, é o único sambaqui do Brasil que apresenta hábitos funerários de cremação por toda sequência arqueológica. Seus artesãos eram hábeis na arte de lascar o quartzo, produzindo artefatos lascados bem elaborados e em grande quantidade. Apesar de estarem próximos geograficamente, eles não são um mesmo sambaqui. Além das variações culturais significativas, existem as cronológicas, pois o samba-
Vistoria no Sambaqui de Manitiba
A praça do Sambaqui da Beirada mantém uma exposição a céu aberto, única no Brasil
qui da Beirada é o mais antigo e o sambaqui da Pontinha o mais recente em Saquarema. O sambaqui de Manitiba I, o maior sambaqui já pesquisado em Saquarema, apresentou 7 camadas de ocupação, datando a camada mais antiga em 4270 anos AP e a mais recente 3810 anos AP. Há ainda o sambaqui de Jaconé, apresentando-se coberto por densa vegetação de restinga, no interior de um parque. Ele foi datado em 3760 anos AP, em sua base, e em 3350 anos AP, em sua superfície. É importante citar também o sambaqui de Saquarema, já destruído, que localizava-se no centro urbano da cidade, na Vila. Pesquisado em 1993, revelou a ocorrência de ossos humanos trabalhados em sepultamentos secundários, caracterizando um cerimonial funerário não identificado em sambaquis brasileiros. A principal razão para a proteção dos sambaquis de Saquarema é em virtude de seu valor intrínseco como fonte de conhecimento sobre a cultura do homem pré-histórico brasileiro. Os graves danos causados aos sambaquis pela retirada de terra do solo arqueológico são irreversíveis. Os sambaquis ajudam a construir a identidade de Saquarema, fazendo parte do patrimônio local e devem ser protegidos por órgãos municipais e pela população deste aconchegante município.
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A grande batalha da Confederação dos Tamoios foi em Saquarema
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m abril comemora-se o Dia do Índio, mas poucos sabem que o maior episódio da resistência indígena no Brasil foi em Saquarema. A Confederação dos Tamoios ocorrida no início do processo de colonização do país, no século 16, foi um momento heroico da história dos nativos brasileiros, especialmente da nação Tupinambá, que ocupava grande parte do litoral, quando os portugueses aqui chegaram. O escritor e pesquisador Paulo Luiz Oliveira lançou o livro Tamoios, Senhores do Litoral, editado pela Tupy Comunicações, que revela aspectos até então encobertos, entre eles o fato de que possivelmente a batalha decisiva da Guerra dos Tamoios teria sido em Sampaio Corrêa, antigo Campo de Maranguá. A Confederação dos Tamoios reuniu além dos Tupinambás, que eram a maioria, membros das tribos Goitacás, Camacuans, Carajás, Aimorés, Carijós e Guainás, contra os colonos portugueses. Nesta luta de morte, destacaram-se os caciques Cunhambebe, Pindobuçu, Coaquira, Jagoanharó, Arari, Parabuçu e Aimberê que era filho de Cairuçu, chefe da aldeia de Uruçumirim (Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro). Segundo Paulo Luiz, Cairuçu morreu devido aos maus tratos decorrentes do trabalho escravo e Aimberê conseguiu autorização dos portugueses para realizar o ato fúnebre de seu pai. Assim começou a rebelião indígena, que resultou na morte de muitos portugueses e a fuga de vários índios. A Confederação dos Tamoios foi então a grande revolta dos primeiros habitantes da terra brasilis, sendo que Tamoios significa em tupi o que chegou primeiro, o mais antigo, o nativo.
O Último Tamoyo, óleo sobre tela, de Rodolpho Amoêdo, retratando a morte do cacique Aimberê, atendido por um padre jesuíta. A obra faz parte do acervo do Museu Nacional de Belas Artes Dezenas de aldeias indígenas foram visitadas pelo guerreiro Aimberê, com seu grito de guerra, que passou o comando militar para o cacique mais velho e mais temido pelos ”pêros”, como os índios chamavam os colonizadores portugueses: o cacique Cunhambebe, de Angra dos Reis, que tornou-se o chefe supremo. Em 1555, chegou à Bahia da Guanabara o francês Nicolas Villegagnon, que se instalou numa ilha onde estabeleceu uma feitoria: a França Antártica. A aliança entre os Tamoios e os franceses durou até 1567, quando os portugueses conseguem finalmente expulsar os franceses numa batalha sangrenta, onde matam Aimberê e sua espo-
Sempre acreditamos que com nosso trabalho estaríamos, mesmo modestamente, contribuindo para o progresso do nosso município. Por isso, sentimo-nos honrados em fazer parte deste coral, cantando “parabéns para você Saquarema” pelos seus 172 anos de emancipação político-administrativa.
sa Iguaçu, que morrem juntos, lutando pela liberdade. Os corpos na Bahia de Guanabara foram resgatados pelo padre jesuíta José de Anchieta. Em 1574 chega ao Rio de Janeiro o comandante militar Antônio Salema que forma um exército de mais de 1.000 homens, portugueses e índios catequizados. Decidido a exterminar todos os indígenas que habitavam o outro lado da Bahia da Guanabara até a Região dos Lagos, em setembro de 1575 Salema chega ao Campo de Maranguá, entre Sampaio Corrêa e Jaconé. Fortemente armados com espadas, lanças, arcabuzes e canhões, os portugueses massacram a aldeia indígena e levam como prisioneiros cerca de 500 guerreiros Tamoios amarrados e posteriormente decapitados nas areias da praia de Jaconé. Depois, o cruel Salema segue neste rastro de sangue até Arraial
do Cabo, onde também dizima todos os indígenas, transformando a região, de Maricá a Macaé, num verdadeiro deserto humano. Somente em 1594, os padres da Ordem do Carmo se interessam por Ipitangas, onde constroem um convento dedicado a Santo Alberto. Os Tamoios foram destruídos, mas até hoje permanecem os traços da cultura indígena na toponímia local, em nomes como Saquarema, que vem de “socó-rema”, que quer dizer bandos de socós, ave pernalta muito comum na lagoa. Também ficaram impregnados em nossa gente usos e costumes nativos e uma tradição alimentar como é o caso do beiju, feito de tapioca, que se chamava em tupi “ibeiju” e moqueca que vem de “moquém”, onde se assava o peixe em folha de bananeira, chamada “pokeka”. A tradicional sola, com coco ou amendoim, e as esteiras de tabua ainda são vendidas nas feiras. E os olhos castanhos, ligeiramente puxados como os asiáticos, os cabelos negros, lisos, e a pele morena demonstram que apesar de tudo resistem os traços desta cultura milenar dos povos tradicionais do Brasil.
O cacique Cunhambebe foi o chefe supremo da Confederação dos Tamoios contra os portugueses
Cidade que tudo me diz: das belas paisagens, ao povo feliz! Parabéns Saquarema, por seus 172 anos de emancipação político-administrativa. Vereador Guilherme Pitiquinho Primeiro Secretário da Câmara de Vereadores de Saquarema
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Raízes do Tempo Saquarema dão frutos até hoje Silênio Vignoli
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assinatura da Lei 238, em 8 de maio de 1841, pelo Visconde de Baependy, então vice-presidente da Província do Rio de Janeiro, concedendo a emancipação político-administrativa de Saquarema, já prenunciava que um forte governo conservador estava prestes a instalar-se no poder imperial. No decorrer do processo de assunção deste grupo ao poder, ocorreram sérias perturbações da ordem pública na primeira eleição na Vila Nossa Senhora de Nazareth de Saquarema, 3 anos após a emancipação. Dois candidatos digladiavam ferozmente na luta pelo poder: de um lado, o coronel conservador Francisco Álvares de Azevedo Macedo, fazendeiro e senhor de engenho, e de outro, o padre Ceia (José da Ceia de Almeida) representante do Partido Liberal. Foi no âmbito deste episódio que o Partido Conservador, presidido pelo Visconde de Itaboraí, abastado fazendeiro no município, passou a ser nacionalmente chamado de Saquarema, numa alusão ao aguerrido clima das disputas políticas em Saquarema. Durante várias décadas, um influente grupo de conservadores da política fluminense, ligados à cafeicultura, entre os quais o Barão de Saquarema, instalou o mais forte governo conservador do Império, dando início ao período que a historiografia denomina de “O Tempo Sa-
quarema”, título do livro do professor Ilmar Rohloff de Mattos. Os “saquaremas”, conservadores, constituíram assim a oposição aos chamados “luzias”, os liberais. Estruturados num governo coeso com sólida sustentação, passaram a usar o rolo compressor de uma Câmara conservadora hegemônica, onde só havia um deputado liberal, e a contar com um Conselho de Estado subservientemente ao Império, sintonizado com as propostas do governo. Com tais atributos, os saquaremas tiveram força suficiente, não só para reprimir o Movimento Praieiro, derradeiro ato dos liberais, como também para promover uma série de reformas polêmicas, viabilizadas pelas medidas centralizadoras implantadas em 1840 e 1841, como ressalta Marcello Basile, mestre em História do Brasil pela UFRJ, no capítulo “A Hegemonia Saquarema”, do livro História Geral do Brasil, da professora catedrática Maria Yeda Linhares. Quando o Visconde de Monte Alegre substituiu Araújo Lima na presidência do Conselho de Ministros, em 1849, reuniu nas pastas da Justiça, da Fazenda e dos Estrangeiros, respectivamente, Eusébio Queiroz Matoso Câmara, o Visconde de Itaboraí e o Visconde de Uruguai, compondo a famosa “Trindade Saquarema”, com força total para executar as reformas requeridas pelo regime. A perturbação da ordem pública, logo na primeira eleição de Saquarema emancipada, refletiu nos níveis superiores de poder e trouxe consequências. Uma foi a
Qualquer semelhança não é mera coincidência
Nossa reverência ao município de Saquarema pelo dia 8 de Maio, que este seja sempre uma data de reconhecimento aos ideais, convicções e lutas que movem o destino rumo ao progresso.
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transferência da sede da Vila de Saquarema para Mataruna, na freguesia de São Sebastião de Araruama, através de decreto do presidente da Província do Rio de Janeiro, deputado João de Almeida Pereira Filho. Outra foi a inclusão do item Segurança no rol das reformas. A pretexto de acabar com a desorganização em nível local, o Gabinete Saquarema colocou a Guarda Nacional sob rígido controle do governo central, transferindo ao ministro da Justiça – que anteriormente já nomeava os coronéis-chefes – o poder de nomear todos os oficiais da corporação. Por sua vez, a penalidade por indisciplina eleitoral, que levou a sede da Vila de Saquarema para Mataruna, em Arauama, só terminou em 1860, quando o presidente da Província do Rio de Janeiro, Ignácio Francisco Silveira da Motta, em
Saquarema se fez há 172 anos, quando ocorreu sua emancipação políticoadministrativa. Comemorar o 8 de Maio é reconhecer o valor desta história escrita com a força pulsante daqueles que idealizaram este município.
24 de julho, assinou decreto trazendo de volta o status de município para a Vila de Saquarema, após intensa mobilização liderada pelo Barão de Saquarema. Poderia-se então dizer: a primeira eleição ninguém esquece, sobretudo se for traumática, como aconteceu com Saquarema. Sociólogos e antropólogos garantem que o homem é produto do meio. Então, dá para entender porque, da emancipação até os dias de hoje, nunca faltou ao processo político do município, aquele calor exacerbado, nem sempre saudável, dos saquaremas que enfrentaram os liberais e, graças à hegemonia estabelecida, transformaram 1850 num ano decisivo para a consolidação do Estado Imperial. Neste caso, historicamente, caberia aqui uma pequena correção na clássica ressalva: qualquer semelhança não é mera coincidência.
GRUPO
BELA BEL
Em 8 de Maio, Saquarema se enche de grande alegria, afeto e amor. Parabéns à Cidade por sua história de bravura pela emancipação políticoadministrativa!
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Festa do Divino:
uma herança portuguesa nas terras do Brasil
Que este dia 8 de Maio seja mais que especial, seja inesquecível para todos os saquaremenses que escreveram a história deste valoroso município. Minhas sinceras felicitações pela data. Vereador Kilinho
Vice-presidente da Câmara de Vereadores de Saquarema
A certeza e confiança no futuro levaram Saquarema até os seus 172 anos. Parabéns cidade querida por seu aniversário
Emancipação significa liberdade e independência, Saquarema conhece a grandeza dessa palavra e vive sua glória em 8 de Maio com toda sua gente. Parabéns! São os votos da Rio Lagos.
FOTOS: LIA CALDAS / SUBITO CREATIVE
Com grata satisfação parabenizamos Saquarema pelo seu aniversário. Que todos os melhores sonhos deste grande povo sejam semeados e colhidos em frutífero amanhecer.
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oucos municípios na Região dos Lagos preservaram uma das grandes heranças da cultura religiosa portuguesa, a tradicional Festa do Divino, comemorada no período de Pentecostes, desde a Idade Média, nos países europeus católicos, especialmente em Portugal. Chegou ao Brasil junto com os colonizadores e se consolidou em várias localidades, entre elas Paraty, no Rio de Janeiro, no distrito de São Vicente, em Araruama, e em Saquarema, onde permanece até hoje. Cultuada pelos fiéis, que fazem promessas para o Espírito Santo, a Festa do Divino ou Folia do Divino, manteve o costume do levantamento do mastro em frente à igreja de N. Sra. de Nazareth, que
fica hasteado nos dias que antecedem as festividades. No dia da folia, o ponto alto é a missa seguida da procissão, com banda e grupo de foliões e o quadro com a representação do coroamento do imperador. Sempre uma criança é coroada e seu séquito é formado por princesas e outras figuras típicas. A bandeira do Divino e a coroa de prata ficam expostas no centenário coreto do Império, para adoração dos fiéis, em frente à Praça Oscar de Macedo Soares, onde também se faz a benção da mesa com pão, frutas e vinho, e se oferece um banquete. Tradição milenar, o Divino é uma manifestação da religiosidade popular, que se caracteriza a identidade do povo saquaremense, calcado em profundas raízes católicas.
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Posto Bacaxá, uma tradição ACERVO LÚCIO NUNES
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Dulce Tupy
esde que foi inaugurado, há cerca de 80 anos, o Posto de Bacaxá, no Km 70 da Rodovia Amaral Peixoto, é uma referência no município. Inaugurado com apenas uma bomba de gasolina, que funcionava à manivela, o posto de Lúcio Nunes, ex-prefeito de Saquarema, foi um empreendimento da família que já era dona do Bazar Nunes, primeiro bazar da Rua Professor Francisco Fonseca. Em frente à casa do também ex-prefeito e farmacêutico Gentil Mendonça, um dos mais influentes chefes políticos da região, o Bazar Nunes ainda resiste ali, quase na esquina da atual Praça Santo Antônio, onde começou o namoro entre dois herdeiros de famílias rivais na política local: os Nunes, da UDN, e os Mendonça, do PSD. Os Nunes eram donos do lado direito da rua que era um verdadeiro capinzal que dava na antiga estação do trem; e os Mendonça, donos do lado esquerdo. O namoro entre Simeão Nunes e Elzira Mendonça começou com ele, no balcão do Bazar Nunes, e ela em casa. O casamento dos dois jovens de famílias adversárias politicamente se realizou na igreja de Nossa Senhora de Nazareth, em 1957, selando uma sólida união que resultou em 58 anos de casamento. A festa foi um evento notável que atraiu convidados e políticos da época, entre eles o deputado
O ex-vereador e empresário Simeão Nunes segurando um dos muitos prêmios que o Posto Bacaxá ganhou, ao longo de sua história
POSTO BACAXÁ
Posto Nunes e Costa Ltda
Saquarema ergueu seu pendão em 8 de Maio de 1841. Esta data inspira respeito e admiração pela Cidade em festa e nós saudamos cada cidadão saquaremense nesta data tão especial.
Parabéns, Saquarema!
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de qualidade em Saquarema ACERVO HERIVELTO BRAVO PINHEIRO
primeiro supermercado de Bacaxá, onde hoje fica o Esperança. Também o prédio do supermercado Só Ofertas foi construído em lote vendido pela família Nunes, assim como a loja de material elétrico de Zequinha Martins. Formado em administração de empresas, Lúcio Nunes é um vencedor. Há 30 anos à frente do Posto Bacaxá, reconhecido por sua excelência, tem sido contemplado com vários prêmios, entre eles os que recebeu no Texas, em Dubai e na Inglaterra, es-
tando agora de viagem marcada para receber mais um prêmio em Madrid, Espanha. Casado com Carla e pai de Ana Paula, diz que o segredo da empresa - que hoje tem 25 funcionários - é a busca pela qualidade, tanto dos produtos como dos serviços prestados. “Procuro fazer sempre o melhor”, diz Lúcio, ao lado do sócio Edilson Costa, parceiro de todos os dias, neste que é o maior posto de combustível da cidade, cuja marca é o atendimento personalizado, com muito profissionalismo. FOTOS: EDIMILSON SOARES
ACERVO LÚCIO NUNES
Casamento de Simeão e Elzira, tendo ao lado esquerdo os pais, Lucio Nunes e Polidoria e do lado direito Laura e Gentil Mendonça
O primeiro posto da cidade ficava localizado na altura da atual Casas Bahia e tinha apenas uma bomba à manivela
federal Agenor Barcelos Feio e esposa, que foram padrinhos do casamento, que repercutiu até em jornais de Niterói, então capital do Estado do Rio de Janeiro. Do casamento de Simeão Nunes, na época vereador, e Elzira, hoje viúva, resultaram três filhos: duas mulheres, Luciane e Eliane, e o caçula Lúcio, empresário e atual administrador do Posto Bacaxá. Sócio de Edilson e Ézio Costa, filho do também ex-prefeito de Saquarema
Joaquim Costa, de outra família tradicional da cidade, Lúcio tornou-se o herdeiro natural de uma tradição que permeia toda a vida política e comercial de Bacaxá, desde o início do século passado. A maior veia comercial de Bacaxá, por exemplo, a Rua Professor Francisco Fonseca, foi ocupada pioneiramente por sua família, que por sua vez vendeu os lotes para outros comerciantes locais como os Oliveira, que estabeleceram o
Lucio Nunes e Edilson Costa, gerações de sucesso
Calçada do Bazar Nunes, primeiro bazar da Rua Prof. Francisco Fonseca ACERVO HERIVELTO BRAVO PINHEIRO
SAQUAREMA E SEUS 172 ANOS DE PROGRESSO, DE DESENVOLVIMENTO, CONTANDO A SUA HISTÓRIA O Instituto de Benefício e Assistência dos Servidores Municipais de Saquarema – IBASS, através do seu Presidente e da sua equipe, apresenta os parabéns a todos os saquaremenses; e ao mesmo tempo deseja parabenizar a todos que aqui residem, desfrutando da grande beleza que essa terra possui. Esse gesto traduz um motivo todo especial, as comemorações de mais um aniversário na sua longa caminhada, de 1841 a 2013. Parabéns terra querida, que tem oferecido orgulho para todos os seus filhos. Que Deus continue estendendo as suas graças para todos os seus dirigentes, para que continuem prestando os seus serviços pela grandeza do município e o bem estar da nossa gente. Viva Saquarema terra querida.
IBASS
Instituto de Benefício e Assistência dos Servidores Municipais de Saquarema
A foto da Rua Professor Francisco Fonseca, publicada no livro Raízes de Minha Terra, de Herivelto Bravo Pinheiro, ainda sem calçamento e praticamente desocupada, tendo ao fundo apenas o Bazar Nunes, à direita, e a casa de Gentil Mendonça, no fundo, à esquerda
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Bibliografia básica de Saquarema Poucos livros retratam o município de Saquarema, mas eles são fundamentais
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ouco tem sido escrito sobre Saquarema. Muito pouco, se considerarmos a necessidade de se produzir cultura local, uma história contada a partir de seus próprios membros, crônicas sobre a cidade, poesia, etc. Mas algumas iniciativas devem ser resgatadas e, se possível, estes livros pioneiros que constituem uma espécie de bibliografia básica do município, deveriam ser reeditados, pela importância que têm. O primeiro deles, sem dúvida, é o livro Minha Terra, Saquarema, do ex-vereador Darcy Bravo, obra póstuma, publica em 1979, edição feita pela família que recebeu apenas 50 exemplares da editora, hoje considerados raríssimos. Outra raridade, hoje só encontrada em sebos especializados no Rio de Janeiro, são os dois volumes do livro Saquarema, Sua gente, sua história, do jornalista Alexandre Dias, cujo primeiro volume foi publicado em 1974 e o segundo em 1991, com prefácio do então prefeito Carlos Campos. Estes dois volumes editados pelo próprio autor chegaram a ser vendidos em algumas bancas de jornais da cidade. Dois outros livros essenciais são os da Coleção Memória da Cidade, editada em 2008 pela Tupy Comunicações, no segundo governo do prefeito Antônio Peres. O primeiro volume, Alberto de Oliveira – O
Poeta de Saquarema, de Antônio Francisco Alves Neto, o popular vereador Chico Peres, e Lina Malheiros Barcellos, se esgotou rapidamente. Publicado em homenagem ao sesquicentenário (150 anos) do ilustre poeta saquaremense, que foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, contemporâneo de Olavo Bilac e Machado de Assis, o livro é uma referência não só no município, tendo levado os autores a assumirem a condição de acadêmicos correspondentes da Academia de Letras Rio-Cidade Maravilhosa, em reconhecimento pela obra. O segundo volume da Coleção Memória da Cidade é o Raízes de Minha Terra, de Herivelto Bravo Pinheiro, filho de Darcy Bravo, que herdou do pai o gosto pela pesquisa e a paixão de colecionador de fatos e objetos históricos. Com uma série de fotografias inéditas que retratam diversas fases da evolução de Saquarema, o livro é também uma raridade, cujos 1.000 exemplares da primeira edição se esgotaram rapidamente, merecendo hoje uma segunda edição, assim como os demais que compõem um roteiro básico de pesquisa sobre o município, mas que infelizmente não se encontra ao alcance dos estudantes, professores e do público em geral. É uma pena, um oco no vazio cultural.
Homenagear a Cidade de Saquarema é homenagear toda gente. Gente que aqui nasceu e gente que aqui escolheu para viver, trabalhar e fortalecer o município mais bonito e acolhedor da região. Parabéns a toda gente de Saquarema! Vereador Chico Peres
Costa do sol?
“Vejo sangue no ar... E há poetas míopes que pensam que é o arrebol”
Jorge de Lima
Ivan C. Proença*
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m fundamento básico da estrutura democrática de um país deveria abranger o indispensável respeito ao direito das minorias. No caso, refiro-me às populações indígenas e afrodescendentes. Exato respeito que nunca existiu do ponto de vista de quem exerceu Poder ao longo de nossa história. Inclusive na, hoje, decantada Costa do sol ou Região dos Lagos do nosso Estado, litoral do “sol e amor”. O massacre (por emboscada) dos Tamoios, por exemplo, foi página constrangedora e a ser sempre repudiada por todos que pretendem uma sociedade justa e equilibrada. Ainda hoje, resquícios do autoritarismo quando nos anos 1970 se transferiu o Museu do Índio para a rua das Palmeiras para dissimular o banimento e as arbitrariedades cometidas pela Ditadura contra o ISEB que ali funcionava, em Botafogo. E agora, ao invés da devida restauração e retomada, a ameaça de demolição do histórico prédio ao lado do Maracanã. Aqui em Saquarema, e municípios vizinhos, resta a memória do escravismo impiedoso praticado contra os escravos que trabalhavam nas plantações de café, cana de açúcar ou como serviçais nas grandes Fazendas. A propósito, registrem-se dois Quilombos como focos de resistência (Bacaxá, e, outro em Bonsucesso). Datas precisas e locais exatos, nossa escassa bibliografia a respeito não define. Ao que tudo indica a Serra do Quilombo de Bacaxá (século XVIII) se situa nos arredores, e a oeste, da estrada Bacaxá-Latino Melo, alto e fundos de uma
vertente da Serra conhecida como Castelhana, conquanto esta seja apenas um contraforte de região montanhosa, possível nascente do rio que nomeia o Distrito. No ano de 1730, dois bacaxaenses, com suas espingardas, caçavam (o que era e é comum) na região, quando os negros-vigias do Quilombo os avistaram e, supondo um ataque, se anteciparam e mataram os caçadores. Foi o que bastou para as autoridades locais solicitarem ao governador tropas do Comando Militar do Rio de Janeiro que, comandados pelo capitão João de Abreu Pereira, ocuparam a região e promoveram mais um massacre exterminando os negros ali refugiados no Quilombo. Por aí se começa a entender a reação de sinhazinhas e sinhozinhos de hoje em relação à Lei das domésticas. A História não acabou. Por outro lado, Quilombo quer dizer em quimbundo “pouso no mato“. Bacaxá, no tupi é “terra de frutas (ácidas)“. Cabe a perplexidade: o dito progresso no sistema em que vivemos, implica necessariamente em “extermínio“ do pouso-repouso-paz, e da natureza com suas árvores e frutos? * Ivan Cavalcanti Proença é professor e escritor EDIMILSON SOARES
O mestre e doutor em literatura brasileira, Ivan acaba de relançar 3 livros de sua extensa obra
Que nossa querida Saquarema continue a brilhar, que eu possa continuar contribuindo para o seu crescimento e de nossa gente. Parabéns Saquarema pelos seus 172 anos !! São os votos do seu vereador Abraão da Mel Gil
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Colégio Cenecista, uma grande contribuição
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arte da história contemporânea de Saquarema passa pelos bancos escolares do Colégio Cenecista Professor Alfredo Coutinho, que há praticamente 56 anos assumiu o compromisso de trabalhar pela formação dos pequenos cidadãos saquaremenses. Com uma metodologia construtivista, o colégio tornou-se uma referência no município, preparando seus alunos para o futuro, incentivando o olhar crítico e atuante nas transformações sociais, que vão muito além dos muros do ambiente escolar. O processo de fundação da escola vem do desejo da sociedade da época de ofertar ensino de qualidade com o diferencial da metodologia participativa para construção do aprendizado. Com a participação de muitos colaboradores, o Colégio Cenecista se estabeleceu na cidade em 10 de julho de 1957, quando o casal Nair e Casimiro Vignoli esteve à frente de todo processo, tornando realidade aquele ideal. Após a instalação, outras demandas surgiram; a mobilização social se fortaleceu e, nesta busca contínua, não faltou apoio dos benfeitores, entre eles o Dr. José Cláudio Bulcão, que doou terreno de 3 mil m² para a construção da sede. Enquanto a obra era realizada, 2 salões foram cedidos, para viabilizar a rotina da escola, por Emídio Azevedo, que foi além e, junto à esposa Reginalda Pereira (Dona Nadinha), abriu sua casa para receber os professores de fora da cidade. Muitos vinham de Niterói e tinham refeições e pernoite gratuitos. Essas pessoas foram o alicerce para que o projeto conseguisse se estruturar, ressaltando a professora Luzia
EDIMILSON SOARES
Pereira Rodrigues, responsável pedagógica nos primeiros anos da instituição de ensino, bem como do padre Manoel, que além de incentivar, manteve-se atuante como professor licenciado de latim, francês, inglês e ciências. Atualmente, o colégio busca permanente atualização e acompanha às modernas ferramentas educacionais, tornando-se capacitado e competitivo, com foco no educando e na união de forças com as famílias locais, para que o sucesso seja alcançado, tanto na orientação profissional quanto na formação crítica do indivíduo como cidadão. É com essa visão que o Colégio Cenecista Professor Alfredo Coutinho orgulha-se de integrar a história de um município que tem em sua gente a força e a coragem para transformar o próprio destino, confiando sempre que isto se dá através da educação.
Em 10 de julho de 1957 aceitamos o desafio pioneiro de oferecer complemento educacional a quem concluía o então ensino primário em Saquarema e ficava sem o acesso às faculdades. Às vésperas de completarmos 56 anos, orgulhamo-nos pelo tanto que pudemos fazer em prol da formação profissional da juventude saquaremense. Parabéns Saquarema pelos 172 anos de sua emancipação políticoadministrativa.
Colégio Cenecista Professor Alfredo Coutinho
Fachada do Colégio Cenecista Professor Alfredo Coutinho
O patrono que deu nome à escola, Alfredo Coutinho
O gramático Alfredo Coutinho
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ascido no Palmital, Saquarema, em 1861, o professor Alfredo Coutinho foi um dos grandes gramáticos da língua portuguesa. Órfão de pai, aos 13 anos, foi criado por um tio fazendeiro, tendo se matriculado no Colégio São Bento, no Rio, onde morou na casa de seu primo, o Dr. Antonio Joaquim de Macedo Soares, ministro do Supremo Tribunal Federal, pai do grande Oscar de Macedo Soares, também filho de Saquarema. Aluno do segundo ano da Faculdade de Medicina, contraiu febre amarela que, junto com a varíola, assolava a então Capital da República. Retornando para Saquarema, começou a trabalhar
numa venda em Jacarepiá. Em 1887, casou-se com uma jovem professora, Virginia de Vasconcelos, filha de um comerciante local, com quem teve 6 filhos, todos saquaremenses. Alfredo Coutinho e a esposa exerceram o magistério durante 13 anos em Bacaxá, depois em Valença, Niterói e, finalmente, em Mendes, na época município de Barra do Piraí. Estudioso e voltado ao ensino, escreveu uma aritmética que não chegou a ser publicada e uma Gramática da Língua Portuguesa que teve várias edições e cujos exemplares, hoje raríssimos, ainda são preservados na biblioteca do Colégio Cenecista de Saquarema. Faleceu em 1912, em Mendes.
Na biblioteca do colégio ainda são encontradas as raríssimas edições da gramática do autor
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Instituto Madre Maria das Neves, uma homenagem à pioneira social FOTO EXTRAÍDA DO LIVRO RAÍZES DA MINHA TERRA ACERVO HERIVELTO BRAVO PINHEIRO
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Michele Maria
naugurado em 2 de dezembro de 1899, por iniciativa do Dr. Oscar de Macedo Soares, o atual Instituto Madre Maria das Neves se chamava Casa de Caridade Nossa Senhora de Nazaré e, por influência de seu benfeitor, era administrada pela viúva paulista Rita de Cássia Aguiar, que se mudara para o Rio de Janeiro. Para chegar a Saquarema, Rita partiu de Niterói em 1898, numa calhoça - carruagem de tração animal montada sobre 4 rodas - percorrendo 80 km, pela antiga estrada de rodagem, alongada por muitas curvas. Viajava junto com duas assistentes para trabalhar na primeira Casa de Caridade do município, além do próprio Dr. Oscar e dois cavalheiros. Precisaram pernoitar em Itaboraí, pois o caminho era muito longo para ser percorrido em um só dia. Quando chegou, a comitiva teve uma recepção calorosa, que parou a cidadezinha, com o povo grato por receber ajuda espiritual e física em um mesmo lugar. Rita passou 3 anos em Saquarema, cidade natal do Dr. Oscar, nascido no bairro de Bonsucesso. Filha de Antônio Rodrigues Severino e Maria Antônia das Neves, mais tarde se tornaria a Madre Maria das Neves, opção de nome feita em homenagem à mãe. Entregando sua vida a Deus e servindo aos pobres, Rita fez votos de pobreza, castidade, obediência e humildade. Além da ajuda física, a caridosa levava a palavra de
Instituto Madre Maria das Neves, em frente à atual Praça Oscar de Macedo Soares Deus às casas dos menos favorecidos. Logo começaram a surgir problemas, intrigas que a colocaram em rota de colisão com o vigário, obrigando-a a pedir conselhos ao Dr. Oscar, que a levou à capital para falar com pessoas prudentes e sacerdotes esclarecidos, como D. Francisco, que mais tarde seria colaborador direto para a criação do Instituto Madre Maria das Neves. Antes de deixar Saquarema, em 1901, Rita cuidou para que os doentes continuassem a ter assistência médica, levando a Casa de Caridade a se tornar referência hospitalar na região. Mudando-se para Campos dos Goytacazes, Rita funda a
Com orgulho de pertencer a essa terra e fazer parte de sua história, estamos todos unidos nesta data pela alegria de comemorar o aniversário desta Cidade, que a cada ano se torna melhor! Vereador Matheus Alves
Congregação das Irmãs Carmelitas da Divina Providência, assume o nome de Madre Maria das Neves e intensifica o trabalho social e religioso que já exercera em Saquarema. Com uma vida piedosa, faleceu em 8 de março de 1906. A Congregação se expandiu, então, para Minas Gerais a partir de 1912, quando um pequeno grupo saiu de Campos para Cataguases, formando presença missionária em 8 Estados do Brasil. Desde 1996, a congregação se instalou em Puyo, na região amazônica do Equador e também na periferia de Buenos Aires, na Argentina, com atividades voltadas aos meios populares, procurando servir aos empobrecidos, cuidando dos doentes e idosos, educando crianças, adolescentes e jovens, levando a fé cristã à população. Segundo o jornalista Silênio Vignoli, quando a madre deixou Saquarema, a Casa de Caridade Nossa Senhora de Nazaré foi perdendo forças, até fechar.
Na década de 50, por iniciativa de seus pais, Casimiro e Nair Vignoli, a casa foi reformada e reaberta, com apoio da sociedade local para a reforma da infraestrutura e verba para a sua manutenção, permanecendo como um referencial na cidade.
A vida de Madre Maria das Neves retratada no livro escrito pela Irmã Maria de Santa Joana D’Arc
O município festeja 8 de Maio e todas as conquistas e vitórias alcançadas em 172 anos de emancipação político-administrativo.
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Barra Franca, um dilema histórico em busca de uma solução definitiva GILDESIO
Alessandra Calazans
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m dos grandes atrativos em Saquarema, o canal de ligação entre a lagoa e o mar, conhecido como Barra Franca, é um local singular, não só por sua beleza natural, mas também por sua função de equilíbrio do ecossistema, que promove a renovação das águas, proporcionando vitalidade às espécies do ambiente e consequente reestruturação da atividade pesqueira. Encantador ponto turístico, frequentado por banhistas, demanda um frequente desassoreamento da lagoa, um problema mais antigo do que se possa imaginar. O local, também chamado de Barrinha, tem como característica o acúmulo de areia trazida pela maré, porém outros fatores, dentre eles a urbanização da região e o consequente processo de degradação das margens e poluição, contribuíram para o agravamento do problema. Antigamente, antes da Barra Franca, quando a barra fechava devido ao excesso de areia que as ondas jogavam no
Barra Franca com o assoreamento que demanda mais uma dragagem
A Barra era aberta manualmente ou com máquinas, antes da obra da Barra Franca fundo da lagoa, os próprios pescadores se reuniam e, com enxadas, carrinhos de mão, panelas e outros utensílios, tiravam a areia que impedia a entrada da água do mar e dos peixes, abrindo um canal. Esta atividade foi registrada no livro Viagem pelo Distrito dos Diamantes e Litoral do Brasil, de Auguste de Saint-Hilaire, cientista e expedicionário francês que percorreu e
documentou a região, em 1822. “Nesse lugar os habitantes de Saquarema rasgam de tempos em tempos um canal que estabelece comunicação entre o lago e o mar, trabalho que exige poucas forças, pois que o solo é constituído somente de areia. Os peixes entram no lago com as águas do mar, e estas, transportando mais areia, logo fecham o canal. Quando se tem pescado todo o peixe que
havia entrado no lago, rasga-se novo canal e o lago de novo se enche. A parte da restinga onde se rasga o canal, ou melhor, se se quiser, a extremidade da restinga, tem o nome de Barra, porque é nesse lugar que se faz comunicação do lago com o mar. Dizem que outrora se podia entrar com embarcações do oceano no lago, mas que trabalhos mal orientados entupiram a entrada. Restabelecer essa comunicação, se não é impossível, seria dar vida a esta zona e enriquecê-la”. Mais tarde, usavam-se máquinas para a retirada da areia. Tudo para abrir a barra, porque quando fechada, gerava graves consequências, como mortandade de peixes, agravamento da poluição e alagamento em época de chuvas. Hoje, a vista aérea ou de cima do morro da igreja dá a real proporção da beleza e também do grau de assoreamento do local. Sucessivas obras para a construção da Barra Franca foram feitas, para garantir o fluxo das águas de forma permanente. Iniciado em 2001, o Projeto Barra Franca requereu muitos estudos e, finalmente, foi construído um molhe de pedras, uma nova passarela de pedestres ao lado da Ponte Darcy Bravo, foi feita também a contenção da margem da lagoa, reforma e ampliação da Ponte do Girau, no Jardim, e várias drenagens. A Barra Franca deu vida nova à lagoa,
mas não resolveu a demanda por novas dragagens, talvez pela dispersão das pedras do molhe, devido à força das ondas. Ninguém duvida que a Barra Franca é vital para a economia, turismo, pesca, meio ambiente e lazer da cidade, sem falar na energia telúrica que emana do encontro do mar com a lagoa. ILUSTRAÇÃO DO LIVRO DE AUGUSTE DE SAINT-HILAIRE
SILÊNIO VIGNOLI
Professor de botânica e autor do livro Viagem pelo Distrito dos Diamantes e Litoral do Brasil, Auguste de Saint Hilaire foi um naturalista francês que visitou a Região dos Lagos em 1822
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Itaúna, a praia tradicional do surfe
Sede da Associação de Surfe de Saquarema, point badalado na Praia de Itaúna
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Praia de Itaúna tem, segundo os grandes surfistas nacionais e internacionais, algumas das mais perfeitas ondas do planeta. Pérola do turismo esportivo de Saquarema, Itaúna está registrada na história como pioneira do surfe e hoje é um celeiro de atletas como Raoni Monteiro, atualmente em posição de liderança no circuito mundial, após sua vitória em Bells Beach, na Austrália, vencendo o campeão mundial Joel Parkinson, numa bateria emocionante. É o caso também da adolescente Kayane Reis, que tam-
bém está indo para a Austrália, Alessandra Vieira que ganhou vários títulos, entre eles o de campeã mundial e Taís de Oliveira, todas brilhantes em suas categorias. E pensar que tudo começou com o mergulhador Armando Serra , surfista do Arpoador, do Rio, que veio fazer caça submarina em meados dos anos 60 e se encantou com as ondas de Itaúna! Rossini Maraca e Tito Rosemberg vieram em seguida, em 1964, num jeep, tração 4 rodas; constataram a qualidade das ondas, que quebravam perfeitas nas areias desertas de Itaúna. Ficaram acampados na
Maraca e o companheiro Tito desbravando a recém descoberta Praia de Itaúna, ainda totalmente deserta, porém com o melhor dos atrativos para surfe: as ondas perfeitas
À afortunada Saquarema, todas as honras e homenagens daqueles que se orgulham de contribuir com o desenvolvimento e edificação desta Cidade. Parabéns por tão esperada data
Point do Sorvete Caseiro
praia, na restinga, tendo ao alcance das mãos pitangueiras, pés de mamão, fruta do conde, tangerina, laranjas e uma plantação maravilhosa de aipim. Os pescadores nativos receberam muito bem estes e outros surfistas que foram chegando. Nos anos 70, surgiu a fábrica de parafina Waxmate, de Otávio Pacheco e Paulo Proença, em Itaúna, e a fábrica de pranchas, de Ricardo Bocão e Betão, na Barrinha. Vieram então os campeonatos e os patrocinadores – o jornal O Globo, a loja Ala Moana, primeira loja de surf no Rio, o Mineirinho, o Limão Brhama, a Copa CCE, a Copa Rádio Fluminense, os dois campeonatos Town & Country, o Reef e outros, a maioria com articulação do surfista e publicitário Maraca que também teve papel decisivo na realização do Mundial de Longboard, que marcou o retorno dos grandes campeonatos em Saquarema, como o WCT, o SuperSurf e o WQS. “O surfe é a maior mídia positiva de Saquarema”, diz Maraca. “Só no mundial de Longboard, em 2001, o especial do campeonato foi repetido 7 vezes no Sport TV”, relembra ele. “A Da Hui, marca havaiana, patrocinou o Longboard, exibido na Bandeirantes em horário nobre e em cadeia nacional, com uma audiência de 20 milhões de telespectadores”, continua. “Agora, os campeonatos são transmitidos ao vivo, pela internet, com uma qualidade excepcional, tendo em média 70 mil internautas no mundo inteiro”, finaliza. Desde os primeiros tempos, em que Saquarema atraía a juventude dourada do Rio, como os consagrados surfistas Pepê e o Petit, mais conhecido como Menino do Rio, Itaúna sempre foi um mito que se espalhou pelo país e o mundo. O surfe em Saquarema também valorizou os terrenos em Itaúna. Hoje, o surfe é considerado uma grande fonte de renda em Bali, no Havaí, no Taiti, no Peru e em outros grandes points. Surfe é tão bom negócio que a Índia criou um fundo artificial numa praia que hoje é visitada pelos surfistas que vão para Bali e fazem escala em Nova Deli. Itaúna não precisa de fundo artificial. Com sua laje perfeita, é um paraíso tropical com seus tubos infinitamente belos.
O filme documentário sobre os principais campeonatos do esporte em ascensão na década de 70, que teve a fundamental participação de Maraca em todo processo de criação e produção
Em um dos grandes campeonatos da época, Maraca na companhia do filho
Vamos comemorar em 8 de Maio a data histórica de emancipação político-administrativa da Cidade de Saquarema. Parabéns por esta e por todas as conquistas dos seus 172 anos! Vereador Bruno Pinheiro
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Agenda 21: primeiro passo para o desenvolvimento sustentável A AGNELO QUINTELA
Vários vereadores participaram do seminário sobre Desenvolvimento Sustentável, na foto, com a prefeita Franciane e a coordenadora da Agenda 21 do INEA/SEA, Karla Matos o futuro que queremos para Saquarema e que vamos deixar para nossos filhos e netos se intensificou, culminando com a apresentação da Agenda 21 este ano na Câmara Municipal, em comemoração ao Dia da Água, e posteriormente no Seminário Sobre Desenvolvimento Sustentável, realizado na FAETEC de Bacaxá, voltado para os membros do poder público. Participaram do evento em Bacaxá, coordenado pela pedagoga Layla Garrido do Fórum da Agenda 21 Local, a prefeita Franciane Mota, o presidente da Câmara Paulo Renato, o presidente da Comissão Parlamentar de Meio Ambiente, vereador Rodrigo Borges, o representante da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, biólogo Carlinhos, e as convidadas Patrícia Kranz, consultora da Petrobras, e Karla Matos, coordenadora da Agenda 21 do INEA, da Secretaria Estadual do Ambiente.
AGNELO QUINTELA
A bailarina e coreógrafa Rita Daumas promoveu uma bela apresentação da Daumas Academia
DIVULGAÇÃO/FÓRUM DA AGENDA 21 SAQUAREMA
Agenda 21 é um documento surgido na Rio-92, quando mais de 170 países se reuniram no Rio de Janeiro, numa Conferência sobre Meio Ambiente promovida pela ONU. A Agenda 21 apontava então a necessidade de planejamento para se alcançar o desenvolvimento sustentável, baseado num tripé: desenvolvimento econômico, social e ambiental. Assim, vários países começaram a construir suas Agendas 21, entre eles o Brasil. Concluída este etapa nos anos seguintes, os estados também iniciaram suas agendas, com base nas Agendas 21 Locais, elaboradas de forma participativa nos municípios, ou seja, com apoio não só do poder público mas também da sociedade civil organizada, empresários, etc. Foi o caso de Saquarema, que iniciou o debate sobre a Agenda 21 em reunião promovida pela Federação das Associações de Moradores e Amigos, na época presidida pelo repórter fotográfico Edimilson Soares e coordenada pela jornalista Dulce Tupy. A reunião lotou o plenário da Câmara Municipal, que teve a participação de vários vereadores, do presidente da Câmara Zezinho Amorim e também do então prefeito Carlos Campos. Uma comissão parlamentar especial foi criada na ocasião com os vereadores Paulo Renato, Carlos Chagas e Serginho da Pipa, para elaborar uma lei que acabou não sendo promulgada pelo prefeito que veio a falecer. Mais tarde, Paulo Renato faria a primeira Lei da Agenda 21, promulgada pelo prefeito Peres e depois reformada pela prefeita Franciane, a pedido do próprio Fórum da Agenda 21 Local. Hoje, a Agenda 21 já apresentou vários resultados, ente eles uma publicação com um diagnóstico local e vários projetos para o município, sendo que algumas obras apontadas como necessárias já foram concluídas, como a estrada que liga Jaconé a Ponta Negra, totalmente asfaltada. A partir daí, um intenso debate sobre
Reunião preliminar com a prefeita Franciane, a consultora Patrícia Kranz e os coordenadores do Fórum da Agenda 21 Saquarema, preparando o seminário realizado na FAETEC
Eu e minha família saudamos o município de Saquarema por sua data maior. Só temos a celebrar a dádiva de conviver neste lugar e reconhecer sua magnífica trajetória. Vereadora Adriana de Jaconé
Que o bom Deus abençoe o seu futuro, que seus filhos sempre honrem seu passado e zelem pelo presente deste rincão abençoado. Uma sincera homenagem pelos 172 anos de Saquarema.
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Alberto de Oliveira, o poeta de Saquarema Chico Peres
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o realçarmos a história numa edição comemorativa dos 172 anos de emancipação político-administrativa de Saquarema, não podemos deixar de lembrar de um dos seus filhos mais ilustres: Alberto de Oliveira. Em 2008, no sesquicentenário de nascimento do Poeta, lançamos o primeiro volume
da Coleção Memória da Cidade, para homenagear Alberto de Oliveira, que nasceu no bairro de Palmital, em Saquarema, dia 28 de abril de 1857, e faleceu em Niterói, em 19 de janeiro de 1937, pouco antes de completar 80 anos. Do movimento literário denominado Parnasianismo, o poeta saquaremense foi o seu maior cultor, formando uma tríade com os poetas Olavo Bilac e Raimundo Correia. Com Machado de Assis e outros ex-
poentes da literatura nacional, fundou a Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, tendo ocupado a cadeira nº 8, cadeira que outro ilustre saquaremense assumiu mais tarde, o sociólogo Francisco José de Oliveira Vianna, considerado um dos mais importantes do Brasil. Alberto de Oliveira publicou mais de 18 livros, tendo ocupado importantes cargos públicos no Estado do Rio de Janeiro, inclusive o de Diretor Geral da Instrução Pública, o que equi-
vale ao cargo de Secretário de Estado de Educação. Sobre o nosso poeta, Olavo Bilac pronunciou-se em certa ocasião: “Alberto de Oliveira não é somente o maior dos nossos poetas vivos: é também o mais brasileiro de todos os poetas do Brasil”. O escritor Silvo Romero, no livro “História da Literatura Brasileira”, fez a seguinte observação sobre o poeta saquaremense: “É o mais abundante e talvez o mais imaginoso poeta brasileiro”. O poeta
Carlos Drummond de Andrade referiu-se a Alberto de Oliveira, em um artigo no Jornal do Brasil, em 1979, dizendo: “Alberto foi expoente de uma escola e de um tempo intelectual brasileiro. Não pode ser eliminado da cronologia, nem do quadro de valores permanentes. Existe com luz própria”. * Chico Peres é vereador, advogado e poeta, autor do livro Alberto de Oliveira, Poeta de Saquarema
Custo de um capacete novo: 200 reais.
Custo para sua vida: incalculável.
São os votos do jornal O SAQUÁ
A imprudência cobra um preço alto. Dê valor à vida. Moto. É preciso saber usar. É preciso respeitar.