O Sesimbrense - Edição 1182 - Janeiro 2014

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ANO LXXXVIII • N.º 1182 de 1 de Fevereiro de 2014 • 1,00 € • Taxa Paga • Sesimbra - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. • DE00722014RCMS/RL)

Assembleia Municipal O Orçamento e as Grandes Opções do Plano para 2014 foram aprovados pela Assembleia sem votos contra, ou seja: com os votos favoráveis da CDU e PSD, e a abstenção dos restantes grupos. Página 13

ArtesanalPesca

Inaugura unidade congeladora

Frota do espadarte ameaçada

Página 15

Piscina do GDS pode passar para a Câmara Página 3

Página 9 Manuel José Pólvora e a ministra Assunção Cristas na inauguração da nova unidade congeladora da ArtesanalPesca.

DAGOL: investir no património Página 12 PSD elegeu nova Comissão Política

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1949: o ano em que Sesimbra sonhou com a Democracia O MUD – Movimento de Unidade Democrática de Sesimbra, ousou fazer um comício de apoio ao candidato democrático, Norton de Matos, em Janeiro de 1949. Alexandre Castanheira, que

falou nessa sessão, conta-nos o que se passou nessa noite emocionante, que começou com uma sala vazia, e acabou num abiente de grande entusiasmo. Página 4

Liga dos Amigos de Sesimbra Tomaram posse, no passado dia 11 de Janeiro, os novos corpos sociais da Liga dos Amigos de Sesimbra, eleitos por unanimidade na Assembleia-Geral do dia

Direcção: g Assembleia Geral: Pedro Caetano, Presidente Pedro Filipe, Presidente Mário Chagas, Vice-presidente Albano Campos, Vice-presidente Manuel Henriques, Vice-presi- Argentina Marques, Secretária dente Florinda Afonso, Membro Guilherme Cabral, Secretário g Conselho Fiscal: José Embaixador, Tesoureiro Paulo Tomaz, Presidente Sofia Batista, Vogal Cláudia Silva, Vice-presidente Pedro Mesquita, Vogal Dorindo Gaboleiro, Vogal Fernando Rocha, Vogal g Conselho Editorial: Fernando Correia, Vogal David Sequerra, Coordenador José Ramalho, Vogal Fátima Camilo, Membro José Quintal, Vogal Heitor Fox, Membro. g

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anterior, para o mandato de 2014-2015, com um programa intitulado: “Um Farol para assinalar o Paraíso esquecido”.


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Contactos uteis nBombeiros Voluntários de Sesimbra Piquete de Sesimbra: 21 228 84 50 Piquete da Quinta do Conde: 21 210 61 74 nGNR Sesimbra: 21 228 95 10 Alfarim: 21 268 88 10 Quinta do Conde: 21 210 07 18 nPolícia Marítima 21 228 07 78 nProtecção Civil (CMS) 21 228 05 21 nCentros de Saúde Sesimbra: 21 228 96 00 Santana: 21 268 92 80 Quinta do Conde: 21 211 09 40 nHospital Garcia d’Orta Almada 21 294 02 94 nComissão de Protecção de Crianças e Jovens do Concelho de Sesimbra 21 268 73 45 nPiquete de Águas (CMS) 21 223 23 21 / 93 998 06 24 nEDP (avarias) 800 50 65 06 nSegurança Social (VIA) 808 266 266

nServiço de Finanças de Sesimbra 212 289 300 nNúmero Europeu de Emergência 112 (Grátis) nLinha Nacional de Emergência Social 144 (Grátis) nSaúde 24 808 24 24 24 nIntoxicações - INEM 808 250 143 nAssembleia Municipal 21 228 85 51 nCâmara Municipal de Sesimbra 21 228 85 00 (geral) 800 22 88 50 (reclamações) nJunta de Freguesia do Castelo 21 268 92 10 nJunta de Freguesia de Santiago 21 228 84 10 nJunta de Freguesia da Quinta do Conde 21 210 83 70 nCTT Sesimbra: 21 223 21 69 Santana: 21 268 45 74

Editorial

nAnulação de cartões SIBS (Sociedade Interbancária de Serviços) 808 201 251 217 813 080 Caixa Geral de Depósitos 21 842 24 24 707 24 24 24 Santander Totta 707 21 24 24 21 780 73 64 Millennium BCP 707 50 24 24 91 827 24 24 BPI 21 720 77 00 22 607 22 66 Montepio Geral 808 20 26 26 Banif 808 200 200 BES 707 24 73 65 Crédito Agrícola 808 20 60 60 Banco Popular 808 20 16 16 Barclays 707 30 30 30

Farmácias de Serviço

Mudança Esta é a última edição d’O Sesimbrense em que assumo as funções de Director. A recém-eleita Direcção da Liga dos Amigos de Sesimbra, logo após a sua primeira reunião, comunicou-me um conjunto de sugestões para alteração da linha editorial do jornal, que dificilmente poderia realizar. Depois de aturada ponderação acerca destas novas circunstâncias, concluí que é preferível que os novos responsáveis da Liga encontrem para o jornal uma Direcção que melhor possa concretizar os seus objectivos. Assim, logo que estejam concluídos os trabalhos da presente edição, apresentarei a demissão do cargo de Director que ocupo desde Julho de 2008. * * * Em 1973, quando comecei a escrever para O Sesimbrense, participando ao mesmo tempo na campanha para a criação do Parque Marítimo de Sesimbra, tive a felicidade de ter tido Rafael Monteiro como mestre de jornalismo e de cidadania. Genuíno fundador da Liga dos Amigos de Sesimbra, antes ainda de haver Liga, membro do pequeno grupo que funcionou como comissão instaladora, que redigiu os estatutos e angariou os primeiros sócios, Rafael Monteiro dedicaria depois longos anos da sua vida ao Sesimbrense, ocupando-se de todo o tipo de tarefas, desde as mais modestas, até à redacção de artigos fundamentais para a história de Sesimbra: foi por isso um privilégio o ter beneficiado da sua companhia e amizade. Quando assumi as funções de director deste mesmo jornal, fi-lo também em homenagem à memória de Rafael Monteiro e como sinal de gratidão para com esse insuperável Amigo de Sesimbra. Durante os anos em que dirigi o jornal, tive a felicidade de contar com a amizade e a ajuda de um dos outros genuínos fundadores da “Liga antes da Liga”, e também seu devotado e humilde colaborador durante décadas: António Reis Marques – que também muito me ajudou, quer com o fornecimento de documentação para numerosas matérias, quer com o esclarecimento de aspectos fundamentais da

Com o apoio:

Farmácia da Cotovia

212 681 685

Avenida João Paulo II, 52-C, Cotovia

Farmácia de Santana

212 688 370

Estrada Nacional 378, Santana

Farmácia Leão

212 288 078

Avenida da Liberdade, 13, Sesimbra

Farmácia Lopes Rua Cândido dos Reis, 21, Sesimbra

212 233 028

história de Sesimbra, absolutamente necessários para uma exacta compreensão do presente. Esta é pois a altura de reconhecer e agradecer a sua generosa contribuição para o desempenho destas minhas funções jornalísticas. Nesta edição incluimos um texto inédito de António Telmo sobre António Cagica Rapaz, texto que foi descoberto e “oferecido” a’O Sesimbrense por Pedro Martins, a quem agradeço mais esse contributo, agradecimento que também lhe é devido por ter sido o primeiro a publicar a palestra de António Reis Marques sobre a passagem de Raul Brandão em Sesimbra, texto que constitui um contributo notável para a cultura marítima de Sesimbra, e que também incluímos na presente edição Quero igualmente agradecer às Direcções da Liga que me confiaram a Direcção do jornal, o que faço na pessoa dos seus presidentes: Teresa Mayer e Joaquim Diogo, eles próprios devotados trabalhadores que conseguiram dinamizar a Liga e o seu jornal, feito de não pouco mérito, na actual situação de críse que as famílias e as empresas atravessam. Agradeço às jornalistas que estiveram na Redacção durante estes anos: Ana Cardoso, Maria José Vaz, Andreia Coutinho e Micaela Costa, bem como à designer Raquel Gomes e às funcionárias da Liga, Ana Luisa e Jovita Lopes, por toda a dedicação à causa d’O Sesimbrense. Agradeço também aos jovens estagiários da Escola Secundária de Sampaio, bem como a todos os que colaboraram com artigos e opinião nas edições da minha responsabilidade. Agradeço finalmente àqueles que constituem o fundamento da existência do jornal: os nossos anunciantes e os nossos leitores, pedindo-lhes desculpa por não ter sabido fazer mais e melhor, e também por qualquer eventual falha ou incorrecção, seguramente involuntária. Despeço-me com votos de felicidades para os novos responsáveis pela Liga dos Amigos de Sesimbra, no desempenho das suas funções. João Augusto Aldeia

Padaria do Gá colabora com ATL José Macedo, dono e gerente da Padaria do Gá, bem como da Pastelaria Riviera (em Setúbal) foi, colaborou no passado dia 10 de Janeiro com o ATL Palmo e Meio (também de Setúbal, propriedade de Ana Chagas, duma família sesimbrense), a propósito da comemoração o Dia de Reis.

A actividade foi simples: José Macedo forneceu os ingredientes para a confecção do Bolo-Rei, e depois os meninos do ATL fizeram o bolo, cozeram-no – e comeram-no! Foi uma iniciativa interessante e uma colaboração proveitosa para as crianças, que aqui registamos.


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Desportivo de Sesimbra poderá alugar piscina à Câmara O Grupo Desportivo e a Câmara de Sesimbra estão a negociar a possibilidade de aluguer pela Autaquia da piscina daquele clube. Esta hipótese surge como possível solução para a incapacidade do GDS de arcar com os encargos do seu edifício polivalente, em cujos custos a piscina tem um grande peso. Uma das principais despesas é o do aquecimeto da água. O GDS chegou a realizar um investimento em paineis solares, com o objectivo de fazer baixar a

factura energética da piscina, mas uma decisão do Governo de reduzir a comparticipação que tinha inicialmente garantido, acabou por agravar a factura, pelo menos até que esse equipamento esteja pago. A solução que está a ser negociada com o GDS, tem semelhanças com o que ococrreu com a associação Raio de Luz, que também teve de alugar o seu edifício de Sampaio, devido à sua incapacidade para suportar os custos financeiros do mesmo.

Desemprego continua a descer

Os dados mais recentes sobre o desemprego, fornecidos pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional, revelam que o número de desempregados de Sesimbra, inscritos naquele Instituto, desceu para 2.689, no final do passado mês de Novembro. Mantém-se assim a tendência de descida, desde o máximo verificado em Janeiro de 2013, no qual o IEFP registou 3.000 desempregados de Sesimbra.

Parceria na imprensa regional

O jornal digital “Setúbal na Rede” (que foi o primeiro jornal digital do País) e o Diário da Região (único jornal diário impresso do distrito de Setúbal) decidiram unir esforços através de um acordo de parceria, formalizada no passado dia 17 de Janeiro, em Setúbal, numa cerimónia que contou com a presença de Pedro Lomba, Secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional.

Aumento das quotas de pesca para 2014

Portugal obteve um aumento global de 7,8% nas quotas de pesca para 2014. Os aumentos mais significativos verificaram-se na pescada (mais 15%), sarda (mais 13%) e carapau (mais 10%), tamboril (mais 6%). Por outro lado, houve redução nas quotas do lagostim (menos 10%) e nas raias (também menos 10%). Esta evolução das quotas, negociadas no âmbito dos Conselhos de Ministros das Pescas, da União Europeia, está relacionada com a evolução dos stocks das espécies, avaliada pela comunidade científica.

Águas do estuário do sado monitorizadas pela APSS

A Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, vai pelo terceiro triénio consecutivo, monitorizar a qualidade da água do estuário do Sado e zona costeira adjacente, incluindo a zona de Setúbal, até à Termitrena, e Sesimbra. Estas campanhas têm como objectivo, acompanhar a evolução das condições ambientais da água nas zonas susceptíveis de serem afectadas pelas actividades portuárias.

Pescas - Dezembro

O Inverno nunca foi bom para as pescas. A irregularidade do tempo e a época natalícia são factos que contribuem para dificuldades na captura de mais e melhor pescado. Tivemos uma acentuada descida em relação a Novembro, em todas as artes, excepção da Artesanal que habitualmente é sempre a melhor, nas pescarias.

Nos totais gerais pescaram-se menos 1.300.000 quilos com reflexão na lota com 600.000 euros! Ainda o Inverno chegou e já estamos sentindo os efeitos negativos nas pescas. Esperamos que breve tudo se componha para que os pescadores possam usufruir o seu sustento. Pedro Filipe


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1949: O ano em que Sesimbra sonhou com a Democracia No dia 19 de Janeiro de 1949 realizou-se em Sesimbra um comício do Movimento de Unidade Democrática, para apoiar Norton de Matos, o candidato a Presidente da República que se opunha a Salazar e ao Estado Novo. O comício estava marcado para o Salão Recreio Popular: a sala de cinema de João Baptista Mota, mesmo ao lado da escola Conde Ferreira, com as grandes portas abertas para a rua Aníbal Esmeriz. No entanto, à hora marcada para o início, para além dos organizadores, o Salão estava surpreendentemente vazio. Em todos os comícios que a oposição tinha realizado nesta região (Almada, Cova da Piedade, Setúbal, Alcácer do Sal...) tinha havido imensa participação e grande entusiasmo. Mas também é verdade que Sesimbra parecia estar fora desse fervilhar de entusiasmo contra o regime e de esperança na Democracia. Mas, ninguém? Era um pouco estranho... A delegação do MUD que vinha de fora, para falar no comício, talvez não fosse muito conhecida da maioria dos sesimbrenses: de Almada, vinham o estudante Alexandre Castanheira e o escritor Romeu Correia, acompanhados pelo dr. Henrique Barbeitos no seu infatigável Citroen. Chegaram ainda de dia – Alexandre Castanheira ainda guarda uma foto que tirou no muro da praia. Sesimbra tinha um pequeno núcleo de democratas, que se organizara logo desde a formação inicial do MUD, em 1945. Dele faziam parte conhecidos sesimbrenses: João da Luz (jornalista), Manuel José Pereira (industrial conserveiro), João Ramada Crespo (industrial de tipografia), Manuel José da Costa Júnior (médico), Jorge de Campos (futuro médico, nessa altura ainda estudante), António e Alfredo Batista (barbeiros), Augusto Martelo e Romeu Embaixador, entre outros. A certa altura, alguém, um pequeno grupo aparece ao fundo da sala, espreita, e desaparece de novo. Passam mais alguns minutos. O grupo reaparece, entra na sala, senta-se. Depois entram mais algumas pessoas, e outras ainda. A sala acabará por encher e, do frio da sala vazia, passará a um ambiente bastante acalorado – quem o recorda é Alexandre Castanheira, que entrevistámos recentemente, e que nessa mesma noite de 1949 haveria de empolgar os sesimbrenses com o seu discurso sobre as dificuldades por que passavam os jovens.

ou daquele público, tinha a mesma estrutura: era os planos dos jovens. Eles quereriam estudar, queriam casar, ter casa, ter filhos, e tudo isso o que implicava? Um regime diferente! O discurso era este, o apelo a que as pessoas tivessem consciência disso, e tentassem resolver a situação, mesmo com pequenas coisas, e irmos lá. E, neste caso, tinhamos que apoiar o candidato que representava precisamente esses objectivos. Era isto! Mas era um discurso interessante pela descrição que fazia dos problemas dos jovens.

Uma coisa formidável!

g Nesse tempo, um jovem, mesmo trabalhando, tinha dificuldade em arranjar casa? Eu não me lembro, em toda a minha juventude, de ter ouvido falar em casas vendidas, compradas. Casas compradas?! Como?! Todo o tempo era para ver se se ganhava dinheiro, porque os salários eram uma coisa miserável. As férias não existiam, a assistência médica não existia! Havia a Assistência aos Tuberculosos, era a única grande faceta de assistência que existia nessa altura. Portanto, casar, era uma coisa que seria para “depois”! E quando um jovem casava com uma jovem, ficavam em casa dos pais dele ou em casa dos pais dela. Mesmo o aluguer de casas, era muito difícil. Como não havia planos de construção de bairros sociais, etc, quando construíam algum era para os agentes da Pide ou da GNR… Era muito difícil. E ter depois filhos… logo a seguir… Não havia as protecções que hoje existem! Temos que nos situar sempre nessa altura.

g Ainda hoje se recorda do discurso que fez nessa noite em Sesimbra? O discurso que eu fazia, com pequenas variantes de acordo com as especificidade desta ou daquela terra, deste

g Tem ideia se foi uma sessão emotiva, com muitas palmas? Muito emotiva! Foi uma sessão que me ficou sempre na ideia. Quando se fala desses períodos, é uma das

cosas que me vem sempre à memória. Foi um coque terrível. No início, à hora de começar, uma casa completamente vazia, havia apenas os organizadores, mais ninguém. E depois vêm aqueles indivíduos espreitar, não vieram ali para ficar, vieram para ver. E depois foram chegando, chegando… E aquela gente que vive do mar e que luta com o mar, que luta por condições de seguros, de salário certo – nessa altura ninguém tinha salário certo – e de repente verem as pessoas ali diante deles, a dizerem isso, e mais do que isso, a dizerem que isso se pode resolver… Foi um entusiasmo! Não só o salão estava vazio e se encheu, como estava morno, depois foi aquecendo, e no fim foi uma coisa formidável! g Nessa campanha, fez muitos comícios ? Muitos, muitos! g E sempre muita gente a assistir? Sempre, sempre, sempre. As casas sempre completamente esgotadas, mas eram sítios com uma tradição de luta: a luta dos corticeiros, a luta da construção naval, era fundamental para que aquela gente destas terras, mesmo que não tivessem ideias políticas concretas, teóricas e tal, mas o exemplo de luta, pelo processo dessa luta, foram criando uma estabilidade política de oposição g Romeu Correia também falou nessa noite. Lembrase do que ele disse? O discurso do Romeu Correia era muito baseado na sua própria experiência. Já começava a ser conhecido como escritor. Era a experiência dele. Não estou recordado, mas conhecendo o Romeu como eu conhecia, deve ter sido posto em destaque a sua experiência de Sesimbra através da esposa. A Almerin-

Henrique Barbeitos e Alexandre Castanheira em Sesimbra, no dia do comício do Movimento de Oposição Democrática, em Janeiro de 1949. da foi os ouvidos do Romeu. Mesmo se ele não conhecia, ela conhecia: o ambiente das costureiras – que já tinham lutas! g No ano anterior ele tinha publicado o romance Trapo Azul, que em parte se se passsa em Sesimbra, e é a história da mulher, Almerinda Rosa Correia, que era sesimbrense! É, é, é! Aquilo é a Almerinda. Ela não escrevia, mas era a Almerinda que lhe dizia como é que as coisas se passaram, e depois a imaginação criadora do autor ia transformar. E uma vez que ele tinha sentido, como nós todos, aquela frieza do vazio, e do morno depois, quando começam as coisas com a casa cheia, ele pegou de certeza nessa sua experiência da pobreza de Sesimbra, e do papel da GNR, que aparece também nesses livros, e os dramas da pesca. g No seu caso, pensava que as eleições poderiam ser livres e que o General Norton de Matos poderia ganhar? Não, não tinha essa ideia. Era um objectivo. Mas entre nós, o mais elucidados, digamos, havia a sensação, de que o peso da Pide, o peso do

O MUD em Sesimbra

“Trapo Azul”: o livro de Romeu Correia com aspectos da vida de Sesimbra.

O MUD foi criado em 1945, quando o regime salazarista, fragilizado pela vitória dos países democráticos na 2ª Grande Guerra, prometeu realizar em Portugal eleições “tão livres como na livre Inglaterra”. Pouco tempo depois constituíram-se em Sesimbra várias comissões do MUD para realizar a campanha eleitoral para as legislativas do final desse ano: eram os velhos republicanos que tinam sido afastados do poder em 1926, tais como ou Manuel José Pereira, ou Abel Gomes Pólvora, proprietário do jornal O Sesimbrense: na realidade, este jornal era onde se acolhiam

para fazer a política de oposição que era possível. Em 1949, nas eleições presidenciais, o MUD voltou a fazer campanha, agora por Norton de Matos. Depois do sucesso do comício aqui realizado em 1949, o regime reagiu à bruta. O Diário da Manhã, jornal salazarista, publicou no dia 22 uma notícia falsa, afirmando que durante uma missa na igreja de Santiago, pela alma de Sidónio Pais, os oposicionistas João da Luz e Manuel José Pereira, tinham entrarado na igreja de pistola em punho para impedir a missa. O Sesimbrense reagiu de imediato

com vários artigos, nomeadamente: “Repudiando uma calúnia”, de João da Luz, e “Em legítima defesa”, de Manuel José Pereira. Mas era uma mentira de “perna curta”, pelo menos em Sesimbra, onde ninguém acreditaria em semelhante patranha. Então os membros da União Nacional tentaram outra manobra: publicaram um novo jornal, com o título “Voz de Sesimbra”, acusando os democratas do MUD de serem “comunistas”. O “Voz de Sesimbra” não durou mais do que esse número, mas os “velhos republicanos” de Sesimbra acaba-

Exército, da Legião Portuguesa, da Mocidade Portuguesa, através da religião, através do medo, através disto e daquilo, criavam a impossibilidade de haver uma revolução – nada disso! g A seguir houve perseguição dessas pessoas? Claro. Claro! E é nessa altura que nós criamos o movimento dos jovens, o MUD Juvenil, que deu uma força enorme g Com as comissões locais do MUD, o regime ficou a saber quem eram os oposicionistas… Eram as célebres “listas da oposição”, que foram entregues ao Salazar! g E aas acabaram por não ir às urnas. Porquê? O que Salazar queria nessa altura era legitimar o regime, por isso é que permitiu certos comícios, embora vigiados e com algumas prisões. A seguir veio a entrada para o pacto do Atlântico, e os países democráticos aceitaram o Salazar. Eles já andavam a tratar disso, e o Salazar queria apresentar esta coisa extraordinária: “ao fim de tantos anos, o povo está connosco”. Mas foram derrotados!

João Augusto Aldeia

riam por sucumbir ao peso da repressão. É desse período a prisão de seis destes democratas: João Ramada Crespo, João da Luz, Manuel José Pereira, José Cagica, António Batista e João Miguel: “fomos os seis atirados para uma enxovia, onde estivemos prestes a ser devorados por um enxame de percevejos. E que crime cometemos? – apenas o de tentarmos que Sesimbra deixasse de ser feudo de meia dúzia de Vampiros sem consciência”, escreverá João Ramada Crespo n’O Sesimbrense, mas apenas em 1976, já em plena Democracia.


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Tragédia do Meco ainda por esclarecer Na madrugada do dia 15 de Dezembro, um domingo, um grupo de jovens estudantes que se encontrava na praia do Meco, foi arrastado pelas ondas, com o trágico resultado de 6 mortes: 4 raparigas e 2 rapazes. Na versão inicial da ocorrência, haveria mais um rapaz no grupo, também ele arrastado pelas ondas, mas que teria conseguido regressar à praia: foi este estudante quem telefonou a dar o alerta, tendo as operações de resgate começado às 2h:25m da madrugada. Numa versão inicial do acontecimento, os sete jovens estariam à beira-mar, tendo sido surpreendidos pelas ondas enquanto passeavam na praia.. O corpo de uma das vítimas foi recuperado pouco depois, mas os restantes demoraram vários dias a ser descobertos, tendo decorrido entretanto operações de busca pelas autoridades marítimas com recurso a vários meios: diversas embarcações e helicóptero. No entanto, à medida que foram sendo conhecidos mais pormenores, esta versão inicial da história começou a ser posta em dúvida. Uma primeira discrepância foi notada por um elemento da autoridade marítima, que disse estranhar que um dos jovens tivesse conseguido libertar-se depois de ter sido apanhado pela ondulação, situação que considerou pouco provável, dado estar vestido; colocou-se então a hipótese de ter sido uma outra onda que o “devolveu” à praia. Mas não pararam de surgir novas incongruências: como

conseguira o sobrevivente usar o telemóvel para pedir socorros, quando estivera dentro de água? E porque é que as vítimas não tinham levado telemóveis? (foram depois encontrados na casa que tinham alugado na Aiana). A pouco e pouco começou a colocar-se a hipótese do grupo estar a praticar um ritual das praxes académicas, que por norma envolvem a exigência, aos estudantes mais novos, da prática de exercícios físicos difíceis, umas vezes humilhantes, noutras vezes dolorosos e perigosos: vários casos têm chegado aos tribunais, devido aos danos físicos e psicológicos provocados. As vítimas pertenciam às comissões de praxes da Universidade Lusófona, e o sobrevivente tinha mesmo o cargo de “Dux”, ou seja, a autoridade máxima na hierar-

quia das praxes, e que por isso tinha autoridade para mandar executar exercícios rituais aos restantes. Num dos telemóveis de uma das jovens vítima, foi encontrada uma mensagem enviada a um amigo, algumas horas antes da tragédia, com o texto: “Estou para ver se sobrevivo”, indiciando que se preparava para fazer algo perigoso. Outros estudantes da Universidade Lusófona têm revelado à imprensa que praxes anteriores já teriam envolvido “saltar ondinhas”, motivo pelo qual teriam deixado os telemóveis em casa. No entanto, a imprensa também tem detectado que existe um “pacto de silêncio” entre os estudantes daquele universidade, que se recusam a prestar declarações. Outra revelação feita, mas ainda por confirmar, é a de que teria estado ainda mais um estudante no grupo, na altura do acidente. O sobrevivente também ainda não prestou qualquer declaração sobre o que aconteceu, o que tem contribuído para adensar o mistério em torno desta tragédia. Alegadamente, encontra-se psicologicamente afectado e a receber apoio médico. As famílias dos desaparecidos admitem constituir-se como assistentes no processo de inquérito sobre esta trágica ocorrência.

Foto de Alexandra Caetano Felício

Centenário da Sociedade Musical Sesimbrense

Tiveram início no passado dia 4 de Janeiro as comemorações do centenário da Sociedade Musical Sesimbra, que se prolongarão durante todo o ano, mas com um ponto alto no dia 19 de Abril, em que se celebra o nascimento da Sociedade e da sua Banda de Música, pois foi nesse dia que pela primeira vez tocou em público, dando uma volta pelas ruas da vila, em saudação á comunidade local. No dia 4 a Banda deu também uma volta pela vila, seguindo-se o hastear de bandeiras à porta da sua sede, numa acção apoiada pelos Bombeiros Voluntários de Sesimbra.

Seguiu-se uma pequena sessão solene, onde intervieram o presidente da Assembleia-Geral, Joaquim Carapinha, e o Vice-Presidente da Direcção, João Martelo. Em nome das Autarquias Locais falaram a presidente da Assembleia Municipal, Odete Graça, e o presidente da Câmara, Augusto Pólvora. Todos os discursos foram unânimes em destacar o relevante papel da SMS no associativismo local, mas também reflectiram as dificuldades que a crise financeira do país faz recair sobre as famílias e, consequentemente, também sobre a Sociedade Musical Sesimbrense.

Sesimbra Cultural: novo projecto na Internet O “Sesimbra Cultural” começou por ser uma página na rede social “Facebook”, apoiado sobretudo na divulgação de fotografias de Sesimbra: actuais e do passado. Recentemente o “Sesimbra Cultural” abriu uma página autónoma, no endereço www.sesimbracultural.pt/, apresentando-se com o sub-título de “Viagens, Cultura e Lazer”, numa óptica de promoção turística de Sesimbra. O conceito desta página é muito semelhante ao da que a Câmara Municipal

de Sesimbra mantém, desde Setembro de 2008, no endereço visit.sesimbra. pt, incluindo também informações sobre Património, Gastronomia, Praias, etc., embora seja visível que ainda se encontra numa fase inicial, com muita informação ainda por completar. O Sesimbrense contactou o gestor da página “Sesimbra Cultural”, Alexandre Ribeiro, para lhe fazer uma entrevista sobre esta iniciativa, mas recebemos como resposta que não dá entrevistas.


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Carta Aberta a José Filipe Meu Caro “Zé” Com a feliz condescendência do nosso “O Sesimbrense” surpreendo-te com esta pública missiva que redijo em nome de uma quase septuagenária amizade que não tem parado de crescer. Os teus amigos (que são muitos!) têm andado preocupados com a tua saúde. Sem querer, assustaste-nos e não foi pouco. Mas agora, em plena recuperação, é altura de te dizermos o que sentimos por ti, caríssimo Zé. És uma legenda viva dos bons velhos anos de Sesimbra, um cidadão exemplar, de notável percurso em diversas frentes. Estiveste na base da fusão futebolística de 1947, fizeste parte da primeira equipa do Grupo Desportivo, distinguiste-te na natação, com os teus devotados irmãos, rendidos à personalidade forte do primogénitos, criaste um estabelecimento de gastronomia “pêxita” de indiscutível sucesso, podes (e deves!) orgulhar-te dos teus sucessores, filhos e netos de qualidade, és um “milionário” de amizades como a que eu próprio te dedico, com crescente intensidade. A saúde quis passar-te uma “rasteira” mas tu, Zé, bem lembrado dos tempos de extremo direito, no Vitória e no Desportivo, saíste em “dribling” jeitoso e seguiste em frente, rumo ao “golo” dos teus 91 anos. A tua recuperação tem proporcionado um lógico regozijo aos teus amigos aos quais não tem passado despercebida a devoção muito atenta dos teus filhos e netos. Que bonito! Já não serás capaz de fazer a travessia nem vencer os teus rivais de natação, Eduardo Pereira e Roque Braz de Oliveira, como antigamente. Também não exibirás os teus dotes de bom dançarino nos bailes do “Grémio”. Mas, a pouco e pouco, com muito juizinho de conduta, vais dando-nos a alegria da tua recuperação. É o que mais te desejo meu caro e estimado “Zé” e sei que há muitos “pêxitos” (e não só) a acompanharme. Força Zé! Estamos contigo. David Sequerra (Amigo Fixe há quase 70 anos)

Direito de Resposta

Exmo. Sr. Director de “O Sesimbrense”, Vinha por este meio, em nome dos proprietários do terreno objecto do artigo publicado no “O Sesimbrense” de 1 de Dezembro de 2013, na página 7, com o título “Conflito na Lagoa de Albufeira devido a obras de saneamento”, solicitar que se dignasse publicar o seguinte esclarecimento. A propósito deste processo foi enviado a “O Sesimbrense” cópia de correspondência trocada com a Câmara (CMS) em que os proprietários dizem, e passo a citar: “…foram contactados pelo Sr. Alexandrino da C.M.S. e por elemento da Asministração da AUGI 14 no sentido de autorizarmos a passagem da canalização de saneamento na referida propriedade. Somos concordantes e colaborantes para que o que pretendem fazer se desenvolva, mas não podemos dar uma aceitação imediata sem o conhecimento de alguns dados…” Estranhamente a CMS não parece ter sido confrontada com esse facto quando alega que considerara o terreno do domínio público, nem “O Sesimbrense” achou relevante mencioná-lo. Assim e face à evidente boa vontade e boa-fé negocial desde sem-

Nota do Director

Reproduzimos integralmente acima a carta que nos foi enviada por António Marques, para que os nossos leitores ajuizem por si. No entanto, não podemos deixar de chamar a atenção para o seguinte: a) Este mesmo assunto foi divulgado inicialmente na nossa edição de 25 de Junho de 2013, acompanhado de fotografia e com boa visibilidade. Se quizessemos “protelar” o assunto para depois das eleições, não o teríamos publicado três meses antes delas ocorrerem. b) Perante a insistência destes nossos leitores, voltámos a recolher informação sobre a ocorrência, e isso demorou mais tempo porque, por mais de uma vez, os queixosos nos forneceram informações erradas e incompletas, omitindo, por exemplo, que

pre manifestada pelos proprietários, verificou-se que a CMS optou deliberadamente por invadir o terreno sem qualquer comunicação prévia. “O Sesimbrense” com a forma como apresentou o assunto parece querer transformar uma atitude ética e moralmente inqualificável da CMS, numa questão legal de discussão entre o interesse privado e o interesse público, tema aliás que para os proprietários nunca esteve em causa, e em que a sentença do Tribunal Administrativo de Almada, mandando prosseguir as obras, funciona como que uma “absolvição” para os actos praticados pela CMS. Adicionalmente gostaríamos de informar os leitores de “O Sesimbrense” que a Tomada de Posse Administrativa não foi sentenciada por nenhum Tribunal como é referido no artigo, mas decretada pela CMS. Achamos também curioso que na nota final se queira deixar no ar a insinuação de que a denúncia desta situação se prendia com jogos político-partidários em função das Eleições Autárquicas. Talvez isso explique porque é que “O Sesimbrense” protelou durante tantos meses a publicação desta notícia, e só o fez depois das Eleições. Atenciosamente, António Marques

o assunto tinha sido colocado em Tribunal por eles próprios. A Câmara também demorou algum tempo a responder às questões que lhe colocámos. c) Foram frequentes as pressões dos queixosos para que apresentássemos o assunto de forma exagerada e distorcida, insistindo, por exemplo, para que dissessemos que o terreno tinha sido “destruído” e que já não servia para plantar nada. d) Na notícia que finalmente publicámos na edição de 1 de Dezembro, reproduzimos fielmente, quer a posição dos queixosos, quer da Câmara Municipal, para que os leitores pudessem, por si, fazer o seu próprio juízo. Estamos certos, pois, que não houve qualquer incorrecção no tratamento jornalístico desta matéria.


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Orquestra Geração no Cine-Teatro

A Orquestra Geração da escola da Boa Água (Quinta do Conde) deu um concerto no cine-teatro de Sesimbra, no passado dia 24 de Janeiro, um espectáculo em que foram apresentadas as diversas formações que a compõem: a orquestra Iniciação, a Orquestra de Sopros e a denominada Orquestra B – que, apesar da designação, é constituída pelos jovens músicos com mais formação. Formada em 2009, a partir de uma candidatura da Câmara Municipal de Sesimbra a fundos comunitários, a Orquestra Geração apresenta já uma notável evolução face ao nível, já de si muito bom, que testemunhámos na reportagem que publicámos na nossa edição de Dezembro de 2009. Actualmente composta por 62 alunos do 1º e 2º ciclos (22 instrumentistas de sopro, e 40 de cordas), a orquestra apresenta agrupamentos com diferentes níveis de desempenho, mas

neste concerto já participaram alunos que integraram a orquestra no início no presente ano lectivo, portanto ainda com poucos meses de prática, mas já capazes de “dar conta do recado”. Este concerto integrou-se também numa iniciativa para a angariação de patrocínios. A Orquestra tem sido suportada financeiramente pelo Ministério da Educação, pela Câmara e pelo agrupamento de escolas da Boa Água, mas pende sempre a ameaça de uma possível interrupção dos financiamentos governamentais, uma característica dos tempos actuais. Para além das interpretações musicais – que terminaram com o Hino à Alegria, por todos os instrumentistas - fizeram intervenções Nuno Mantas, director do agrupamento de escolas da Boa Água, o professor Wagner, do Conservatório Nacional, e Felícia Costa, vice Presidente da Câmara Municipal de Sesimbra.

Bota no rego com nova sede

Alfarim acolheu Campeonato Distrital de Ginástica Acrobática

Vai ser notícia! Segundo Aniversário do “Espaço Interpretativo da Lagoa Pequena” 1 de Fevereiro | Sábado | das 9h30 às 12h30 e das 14h às 18h Local: Espaço Interpretativo da Lagoa Pequena (EILP), na Lagoa de Albufeira Entrada gratuita no dia do aniversário. Contactos: 93 998 22 92 info.lagoapequena@gmail.com www.cm-sesimbra.pt/lagoapequena g

Festa dos 161 anos do Clube Sesimbrense g

2 de Fevereiro | Domingo | 14h30 Entrada Gratuita g

“Há conversas no Grémio”

Tertúlia Literária 8 de Fevereiro | Sábado | 22h00 Entrada Gratuita O Grupo Recreativo Escola de Samba Bota no Rego inaugurou no passado dia 19 de Janeiro a sua nova sede, na aldeia da Maça, nas antigas instalações da Escola Básica, e cujos alunos transitaram para a nova escola de Sampaio. Em declarações do seu presidente, Ricardo Alves, esta mudança devese, por um lado, aos condicionamentos financeiros, já que o aluguer de qualquer espaço na vila de Sesimbra é muito oneroso, mas também porque as extensas e diversificadas actividades do Bota no Rego colocam a necessidade de várias salas e até de espaços exteriores, o que é proporcionado pelas novas instalações, cedidas

pela Câmara mediante um protocolo estabelecido entre as duas entidades. Actualmente, o Bota no rego, para além das diversas secções directamente ligadas ao samba e ao Carnaval, possui uma filarmónica – a Bota Big Band -, uma escola de música, um grupo de teatro, para além de levar a cabo diversas actividades culturais ao longo do ano. Ricardo Alves admite que a distância das novas instalações à vila de Sesimbra poderá colocar algumas limitações de participação dos associados, mas lembra que são também muitos os “pexitos” que já não moram na vila e que residem nos arredores próximos.

O Grupo Desportivo de Alfarim acolheu durante todo o dia 18 de Janeiro o Campeonato Distrital de Ginástica Acrobática. As competições gímnicas iniciam-se a partir das 8h30 no seu Pavilhão. O Alfarim tem a ginástica uma das suas mais fortes modalidades, com classes Formativa, Pré e Competição de ginástica acrobática, com participação habitual em competições por todo o País. A realização deste Campeonato em Alfarim constitui uma das mais importantes provas desportivas do ano a ter lugar no concelho de Sesimbra.

Campeonato Nacional de Canoagem Oceânica - 1ª Prova 15 de Fevereiro |Sábado Local: Baía de Sesimbra Organização: Clube Naval de Sesimbra Tel: 212281039 - 212233451 secnaval.sesimbra@mail.telepac.pt g

Workshop de Cartonagem II Caixa de Costura 18 e 20 de Fevereiro | Terça e Quinta | 15h00 Formadora: Raquel Gomes Organização: Liga dos Amigos de Sesimbra Informações: 212233133 g


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Liga dos Amigos de Sesimbra Novos Corpos Sociais No passado dia 10 de Janeiro teve lugar a Assembleia-Geral para eleição dos Corpos Sociais para a Liga dos Amigos de Sesimbra, a que concorreu uma única lista, já referida na nossa anterior edição, a propósito da sessão de apresentação que realizou em Dezembro, na Biblioteca Municipal, e que tem à cabeça dos diferentes órgão: Pedro Filipe (Assembleia-Geral), Pedro Caetano (Direcção) e Paulo Tomaz (Conselho Fiscal). A Assembleia foi das mais participadas da Liga, com 23 sócios, destacando-se a presença de Eduardo Pereira, um dos sócios fundadores. Os novos Corpos Sociais foram eleitos por unanimidade, tal como o Orçamento apresentado para 2014. Nesta mesma sessão foi apresentado um balanço do seu mandato pelo Presidente da Direcção cessante, Joaquim Diogo, e um relatório sobre a linha editorial dos jornal, pelo seu director. Pedro Caetano fez depois uma breve apresentação do programa, com o título “Um Farol para Assinalar o Paraíso Esquecido” (reproduzido nesta página), destacando em primeiro lugar a convicção dos candidatos, de que Sesimbra é verdadeiramente um Paraíso, embora isso possa parecer mais evidente para aqueles que, conhecendo Sesimbra há mais tempo, estiveram afastados dela, do que para aqueles que sempre aqui estiveram: “Pessoas que viveram pelo mundo inteiro, acham que Sesimbra é um paraíso, que está ao nível de Cape Cod, que é onde os Kenedys viviam”, acrescentando que ele próprio “Pensava que em Portugal já não existia o que encontramos aqui: as pessoas têm os barbeiros, têm as padarias abertas às 3 da manhã, para não falar nas tradições, como o Senhor das Chagas, o Cabo Espichel, a Festa de Alfarim”. “Infelizmente, disse Pedro Caetano, este Paraíso está esquecido, mas pode ser revitalizado. É uma responsabilidade enorme, nós estamos a caminhar nos ombros de gigantes, como é o caso do eng. Eduardo Pereira, que é um exemplo de alguém que fez muito pelo País.” Enfatizando o “trabalho excelente” feito por Joaquim Diogo no mandato cessante, acrescentou que isso “nos vai permitir focar nos eventos da Liga. Se as contas não tivessem sido equilibradas nestes dois anos, provavelmente já não haveria Liga: equilibrar as contas neste período de crise é algo notável.” Considerando como primeira preocupação dos no-

vos responsáveis o garantir a sustentabilidade do jornal O Sesimbrense, Pedro Caetano, considerou que “o jornal está bem encaminhado, portanto vamo-nos focar na promoção da região”, que será a segunda linha de orientação da Liga: “Sesimbra era das melhores, a mais considerada do país nos anos 60, e actualmente tem tantas casas abandonadas, que estamos abaixo de Cascais, da Figueira da Foz, e até de cidades que não têm o mesmo potenciall que nós, como S. Martinho do Porto ou Santa Cruz. Temos que promover a qualidade de vida e a cultura marítima.”. “Para a cultura marítima temos na nossa lista um verdadeiro pescador, o José

Fernando Guerreiro, temos o Mário Chagas e temos o Pedro Felipe.” Destacou também o facto de Sesimbra ter conseguido “Manter tradições e inventar novas no associativismo, como é o caso o Carnaval, o qual não fica atrás do Brasil, por isso, o primeiro evento a realizar será sobre o Carnaval. Vamos também procurar trazer benefícios para os associados, já que pagam o dobro do que o jornal custa a quem não for associado – nas outras associações é o contrário, as pessoas têm benefícios”. Paulo Tomaz apresentou o Orçamento para 2014, prevendo 48.100 euros de receitas e 47.100 euros de despesas.

Tomada de Posse Nesta mesma Assembleia tomou posse o novo presidente deste órgão, Pedro Filipe, que destacou a sua confiança em que os novos eleitos façam um bom trabalho, tendo sido apenas por isso que aceitou o convite para concorrer

àquele órgão: “Foi o Professor Doutor Pedro Caetano que me fez voltar às lides associativas”, acrescentando que o novo Presidente da Liga é “Um bom arrais para dirigir esta companha”. No dia seguinte os eleitos realizaram um almoço de confraternização num restaurante do Largo da Marinha, e efectuaram a tomada de posse em pleno Largo, como é documentado nas fotografias que publicamos.

Despedida de Joaquim Diogo Como referimos, o presidente cessante apresentou um pequeno relatório do seu mandato, onde destacou que “O legado que vos deixamos é que a LAS e O Sesimbrense são totalmente independentes, uma vez que não estão sujeitos às indisposições ou favores de qualquer político local, de interesses particulares, partidários ou religiosos”. Reconhecendo que os novos corpos sociais se apresentam com “vontade e dinamismo para dirigir os destinos da Liga”, acrescentou que “é com grata satisfação que lhe deixamos o nosso pequeno pecúlio”, disse Joaquim Diogo, numa referência às contas da Liga, que evoluíram de um saldo negativo de -3.141 euros no final de 2011, para um saldo positivo de 1.643 euros no final de 2012, acrescentando que os resultados do exercício de 2013 (ainda não apurados) “deverão manter esta tendência”.

Iniciativas Entre as primeiras iniciativas tomadas pela Liga, contam-se a criação de uma nova estrutura, o Observatório Desenvolvimento Local (ODL), que é parceria entre a LAS e o ISEC/UNIVERSITAS - Instituto Superior de Educação e Ciência e a APREDIN - Rede Dinâmica XXI. para fomentar o debate com a comunidade local, com vista ao Desenvolvimento Sustentável no concelho de Sesimbra. O tema do 1.º debate será “Os Desafios do Carnaval de Sesimbra” e está agendado para dia 22 de Fevereiro pelas 16h00 nas instalações do Clube Sesimbrense (Grémio), e inclui uma exposição da pintora Odete Gabriel. Um segundo debate abordará o tema da “importância das pessoas na dinâmica dos territórios”, e terá lugar a 29 de Março.

UM FAROL PARA ASSINALAR O PARAÍSO ESQUECIDO PROGRAMA PARA 2014/2015 - LIGA DOS AMIGOS DE SESIMBRA “Esta princesa do mar !” - Manuel Chochinha, Sesimbra. “Piscosa Sesimbra (...) estrela (...) vila (...) serra” Camões, Os Lusíadas. “O paraíso não se perderá se houver vontade” Milton, O Paraíso Perdido. Prólogo: Sesimbra é o paraíso esquecido de Portugal. Queremos ser um farol que ajude a assinalar este paraíso. Este programa é baseado no Amor pela região de todos os membros da lista da Liga dos Amigos de Sesimbra, e na consciência que temos das potencialidades de todo o concelho que devem ser dinamizadas e valorizadas. Desde a vila histórica às zonas residenciais da Quinta do Conde e Castelo, passando pela cultura marítima, praia, clima afável todo o ano, serra, segurança, gastronomia, tradições e monumentos. É o paraíso apenas a 30 Km de aeroporto e porto internacionais de uma das capitais mais vibrantes e visitadas do mundo. Sesimbra participou até na epopeia dos descobrimentos com carpinteiros, marinheiros e navegadores. O hospital da confraria dos mareantes é uma prova viva dessa contribuição! I- Sustentabilidade do Jornal “O Sesimbrense” A Liga iniciará ações que assegurem a sua sustentabilidade e a de um jornal com 87 anos de edições regulares, que já é um património de todos os sesimbrenses. Inovaremos para conquistar leitores e anunciantes. Consideraremos tornar o formato mais apelativo e reduzir despesas, sem comprometer a tradição. A Liga procurará congregar os comerciantes e as diversas associações do concelho, desde a Lagoa de Albufeira à Quinta do Conde, continuando a assegurar a cobertura jornalística das suas atividades, sendo uma mais valia para eventos económicos, comerciais, culturais, sociais, religiosos e desportivos. Além disso, deverá ser sempre um excelente investimento com grande retorno anunciar no “O Sesimbrense”! II – Apoio à Promoção da Região A Liga dos Amigos de Sesimbra acredita que a vila e o concelho podem ser tão ou mais atrativos que outras regiões marítimas como Cascais, Figueira da Foz, ou Peniche e que deve competir com a mesma dinâmica. Contribuiremos, dentro dos nossos limitados meios e regime de voluntariado, para trazer pessoas, eventos e empresas, sensibilizando-as, prioritariamente, para a cultura marítima e qualidade de vida da região. Sesimbra deve promover a sua cultura marítima, afirmando-se como um destino náutico de excelência, com mar à disposição, navegável e mergulhável todo o ano, capaz de atrair turismo de grande qualidade. Sesimbra deve promover a qualidade de vida em Santiago, Quinta do Conde e Castelo. Na vila, queremos assinalar as várias componentes da pesca bem como as nossas tradições antigas e recentes sem menosprezar nenhuma: desde a Procissão do Senhor das Chagas ao Samba, passando pela regata das Aiolas e travessia da baia. Celebraremos a praia 8 meses por ano, peixe fresco, restauração e o comércio típico/local. Promoveremos o património natural, edificado (que inclui um castelo milenar e fortaleza seiscentista) e imaterial (muito dele já perdido), envolvendo os mais idosos na primeira pessoa e todos aqueles que de alguma forma o tem recuperado. Fora de vila divulgaremos a qualidade de vida de vivendas amigas das famílias, parque natural da arrábida, paisagens divinas da lagoa/meco/espichel, monumentos (do santuário místico ao palácio ducal e até uma casa de campo real), queijos, produtos agrícolas do “campo” como o mel, a maçã da Azoia, a romã ou produtos locais como a farinha torrada. Não esqueceremos a riqueza geológica e de formas de vida desde o jurássico, com a presença de vestígios fosseis, incluindo dinossauros. Todos somos poucos para elevar Sesimbra como um destino de excelência. Os Sesimbrenses (Pexitos e Camponeses) da vila, Castelo e Quinta do Conde bem como as respetivas coletividades, comerciantes, empresários, autarquias, diversas forças políticas e independentes, terão na Liga e no jornal uma porta aberta de cooperação para os seus problemas e ambições. Com poucos meios, a Liga compromete-se a dar o exemplo e liderar pelo menos duas ações de divulgação em Lisboa: Cultura Marítima de Sesimbra e Qualidade de Vida na Quinta do Conde/Castelo. III – Conferências Sobre Problemas e Soluções para Sesimbra Para a Liga há problemas a resolver para reencontrar o paraíso. Procuraremos o apoio de outras coletividades, poderes locais e nacionais para eventos onde se debatam pelo menos alguns dos seguintes tópicos: renascimento da cultura marítima, alternativas ao turismo de sol e praia, parque marinho, pedreiras, competição de outras regiões costeiras, ascensão e queda de Sesimbra, separação sociológica e geográfica entre a vila e a Quinta do Conde, A riqueza geológica da Arrábida-Espichel, alternativas jovens, acessibilidades, infraestrutura hoteleira abandonada, empresas para Sesimbra, como capitalizar a população do leste da europa na Quinta do Conde e outros tópicos que os associados da Liga sugerirem. IV –Benefícios para os Associados Os sócios são a pedra basilar da Liga e de todas as suas atividades; a sua dedicação a Sesimbra deve ser retribuída. Nesse sentido lançaremos atividades que aumentem a confraternização entre sócios e lhes sejam úteis, como por exemplo uma equipa de sócios num evento local, ligação com os agrupamentos escolares, aconselhamento jurídico e aulas de informática. Com humildade mas com vontade são estes os compromissos que assumimos perante os associados da Liga e com todos os sesimbrenses. a) Professor Doutor Pedro A. Caetano


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ArtesanalPesca inaugura unidade congeladora

Com a presença da ministra do Mar e Agricultura, e do secretário de Estado do Mar, foi inaugurada no dia 29 de Janeiro a nova unidade de congelação e embalagem da ArtesanalPesca, localizada no porto de Sesimbra. Também marcaram presença o presidente da Câmara e a presidente da Assembleia Municipal de Sesimbra, o presidente da APSS, o delegado do Comandante de Porto, para além de outras individualidades da comunidade local, bem como de diversas outras entidades oficiais. A nova unidade destina-se sobretudo à congelação, armazenamento, processamento e embalagem de espécies como a cavala, carapau, sardinha e sarda, mas também outras, como era visível nas operações em curso neste dia, em que também se processava uma espécie de pequeno tubarão, conhecido como “perna de moça”. Tratase de um investimento superior a 3 milhões de euros, em parte financiado pelos fundos comunitários.

Criatividade, imaginação e muito risco Depois de uma visita às instalações – que já se encontram em funcionamento efectivo há algum tempo – teve lugar uma sessão solene, onde começou por tomar a palavra Manuel José Pinto

Alves, presidente da ArtesanalPesca, que destacou o crescimento daquela Organização de produtores, feita com “criatividade, imaginação e muito risco”, com o objectivo de valorizar os produtos do mar, isto perante “a expectativa dos mais incrédulos e a confiança de armadores e pescadores”. Destacou as excelentes reparações com a APSS, com quem existe um contrato de ocupação do terreno – uma área de 8.500 m2 - por 30 anos, com cláusula de renovação, e fez a história dos investimentos da empresa, que começou por tratar o peixe-espada (primeiro o branco, depois o preto), actualmente processado na ordem das 3 mil toneladas por ano, com garantia de preço certo aos barcos produtores, “contrato inédito do nosso país”. A Artesanal já exporta para Espanha Turquia, Malta, entre outros países. “Queremos continuar a ser vencedores, pois não se justifica que o nosso país tenha de importar tanto peixe, algum de qualidade duvidosa: temos de convencer as pessoas a consumir o nosso peixe. São mais saudáveis e saborosas as cavalas capturadas pelos barcos portugueses do que todas as percas do Nilo ou pangas do Vietname, disse Manuel Alves. Referiu também alguns problemas, com a desadequada legislação das pescas, dando como exemplo o modo de concessão das cédulas marítimas.

Contestação

Junto à portaria do porto de Sesimbra, um pequeno grupo de activistas esperava a ministra do Mar para contestar as suas políticas. Numa das faixas lia-se: “Sesimbra tem razão! Sem pescas não há pão!”, e noutra: “Pela revogação das novas regras de fiscalidade, contabilidade agrícola e guias de transporte”. Um pequeno contingente policial enquadrava o grupo, que gritava palavras de ordem, mas não se verificou qualquer anomalia – para além da forte chuvada que fustigou, por igual, polícias e manifestantes.

“O Pai da Criança” Manuel José Pólvora, tesoureiro da Artesanal (como é popularmente conhecida), assumiu-se como o “pai da criança” – no sentido de que foi a força motora por trás deste grande investimento – e foi pródigo nos agradecimentos, nomeadamente a Manuel Pinto Alves, que muitas vezes insistiu com ele para a necessidade de investir no sector da pesca de cerco. Agradeceu igualmente às empresas de conceção e construção da nova unidade, com tecnologia avançada, bem como aos trabalhadores da Artesanal. Como “pai da criança”, propôs dar ao primeiro edifício da Artesanal, o nome de Manuel Cunha (Manuel “Caminhão”), um “grande dirigente desta casa, que sempre me apoiou e acompanhou, transmitindo-me sempre muita confiança”. Quanto ao novo edifício, propôs dar o nome de Manuel Pinto Alves: “foi ele que me incutiu o espirito para realizar esta obra. Um grande companheiro e amigo, um homem sério e digno.” “Quem se mete na vida associativa tem sempre dissabores – acrescentou – somos criticados porque sim e porque não. Mas também nos cruzamos com gente de grande qualidade”, e prestou então homenagem ao sócio vivo mais idoso, o sr. Francisco Faleiro. Manuel José Pólvora referiu ainda a necessidade de alguns melhoramentos no porto de Sesimbra, como a “construção da quarta ponte cais, para um adequado ordenamento do porto, nomeadamente a área reservada à pesca, que é “permanentemente invadida por outros operadores”.

Forte identidade piscatória Augusto Pólvora, presidente da câmara de Sesimbra, manifestou um enorme orgulho “enquanto presidente

da Câmara, enquanto sesimbrense e enquanto neto e filho de pescadores, em estar hoje aqui na inauguração desta nova fase da vida da ArtesanalPesca”. Destacou ainda o facto da empresa já assegurar 60 postos de trabalho. Referiu o facto de Sesimbra “possuir uma forte identidade piscatória ligada ao mar, que importa manter e reafirmar, daí a escolha do lema ‘Sesimbra é peixe’. Aproveitando a presença da ministra, Augusto Pólvora reconheceu terem sido feitos pelo Estado investimentos importantes no porto de Sesimbra, mas destacou a necessidade de continuar esses investimentos, nomeadamente para articular as outras actividades portuárias com a pesca, dando como exemplo a estrada rasgada na serra, para acesso ao porto, e que nunca foi concluída. Pediu também ao Governo que olhe para a legislação da pesca, e para a própria fiscalização, “para que seja eficaz mas não bloqueadora do bom funcionamento do sector” – e deu como exemplo os barcos da pesca do espadarte, alguns dos quais estão a optar pelo abate: “Sabemos que não é fácil, mas era preferível que se criassem condições para que continuassem viáveis e a pescar”.

Assunção Cristas: vontade de desembaraçar problemas A ministra referiu que no próximo ciclo de funcionamento comunitário vai continuar a ser apoiada a pesca: “No PROMAR continuamos a ter dinheiro”. Sobre as questões das quotas de pesca, referiu ser importante garantir a sustentabilidade das pescas, “porque podemos ser hoje um país de pescadores, e deixar de ser daqui a 20 ou 30 anos, por isso temos que cuidar as coisas”, e acrescentou que sentia nos pescadores a preocupação de abraçar este desafio da sustentabilidade. Destacou também que a Estratégia Nacional para o Mar dá importância à pesca, e garantiu que o sector tem grande importância, pois tem acrescentado o seu valor, e tem contribuído para as exportações nacionais e para diminuir o nosso défice alimentar: “vai haver apoios, vai haver dinheiro, e sobretudo vontade de ajudar a desembaraçar todos estes problemas que aqui foram assinalados”. João Augusto Aldeia


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Raul Brandão e os Pescadores de Raul Brandão, o celebrado autor de Húmus, que nasceu e cresceu frente ao mar, tinha ascendentes pescadores e, como deixou escrito, a voz do mar marcou de tal modo a sua infância que ficou para sempre gravada no âmago do seu ser. Certamente por isso e pela profunda simpatia que dedicava às classes mais humildes, aliás manifesta em toda a sua obra, decidiu auscultar a vida dos pescadores, através do conhecimento directo do seu modo de viver, das suas tradições, usos e costumes. Para tanto, percorreu a costa portuguesa desde o Minho ao Algarve, detendo-se em quase todas as terras piscatórias, que foi descrevendo como se fizesse uma grande reportagem, registando as características de cada uma, em notas impressivas de grande qualidade literária que integram o seu livro Os Pescadores. Na sua chegada a Sesimbra, em Fevereiro de 1923, o escritor foi recebido pelo Presidente da Câmara, o sesimbrense Abel Gomes Pólvora, que não só lhe dispensou alojamento mas também o levou a visitar

os monumentos da vila e a sede das agremiações mais representativas, incluindo as da classe piscatória. Depois, e para o acompanhar na sua permanência nesta terra, pôs à sua disposição dois conterrâneos de grande prestígio, que eram o pescador Julião Baeta e o armador João Inácio de Oliveira. O primeiro era um dos mais notáveis arrais da pesca, que o fez analisar de perto o exercício das suas várias artes, que então constituíam o fulcro da vida económica da vila. O segundo, para além de armador era uma figura distinta da cultura local que tinha a missão de complementar as informações do profissional da pesca, combinando-as com os factores históricos, culturais e sociais da vida da comunidade piscatória, ou seja de tudo quanto participava da raiz identitária desta secular póvoa marítima, onde já se pescava ainda antes da nacionalidade. Assim, o visitante começou por percorrer a nossa praia, então mais ampla que hoje e cheia de embarcações, surpreendendo-se pela sua quantidade que escreveu serem mais de quinhentas, e também pela sua variedade que traduzia uma velha prática da arte da construção naval, de boas tradições locais pois Sesimbra foi um importante porro construtor e armador de caravelas na época dos Descobrimentos. E nessa profusão de embarcações foi conhecendo a desig-

nação dos seus vários tipos, pois cada arte de pesca tinha o seu modelo próprio, concebido de acordo com as suas funções específicas.

Por isso deteve-se na observação de duas, em particular, porque tipicamente sesimbrenses. Uma era a “aiola”, palavra desconhecida em qualquer outro porto, que é uma pequena embarcação com pouco mais de três metros de comprimento e, antigamente, armava vela latina e era tripulada por um ou dois pescadores. É uma embarcação leve e, por isso, de fácil manobra e varação, com características perfeitamente adequadas à natureza das águas da nossa costa, habitualmente calmas e seguras, e portanto ainda hoje muito utilizada. A outra, a antiquíssima barca de pesca com aparelhos de anzol, o chamado “espinhel”, que é um curioso sistema de linhas e anzóis, engenhado pelos nossos pescadores, e destinado a pescar aquelas tão apreciadas espécies como as pescadas, gorazes, chernes, peixesespada e tantas outras cuja qualidade está na origem da excelente imagem e marca do peixe de Sesimbra. Trata-se da “barca tipo Sesimbra”,

como ficou conhecida por não ter similar em toda a costa portuguesa, e sucedânea da velha caravela de pesca ou pescareza, já conhecida nos séculos XIII e XIV e que foi considerada por alguns estudiosos como arquétipo da célebre caravela dos Descobrimentos. Ao mesmo tempo foi reparando no nome próprio de cada embarcação, que estava pintado em ambos os lados da proa, e numa diversidade onomástica que incluía, para além de nomes mitológicos ou de santos devotos, os do próprio dono e até expressões poéticas, afectivas ou votivas. Entretanto ia admirando a decoração dos barcos, as pinturas que os embelezavam, particularmente na proa e que, na sua origem e tradição comum a outros povos marítimos, mais do que um motivo estético representariam sinais mágicos, propiciatórios, imagens de invocação como cruzes, estrelas, rosáceas, o sol ou a lua. Mas a “barca tipo Sesimbra” tinha uma outra particularidade que era a pintura do olho estilizado em cada lado da cara, assim se dizia antigamente como que humanizando a proa e atribuindo-se-lhe uma origem fenícia com o carácter de protecção mágica dos barcos. Alguns dos pescadores mais velhos chamavam-lhe o “olho de Deus” que guiaria a embarcação no rumo certo, protegendo-a dos perigos do mar, esconjurando os maus espíritos. Para outros teriam, primordialmente, o poder de olhar para além do visível, no sentido de descobrimento, da desocultação. Também lhe foi chamada a atenção para os sinais convencionais ou siglas, que o pescador usava para marcar os


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de Sesimbra, por António Reis Marques seus instrumentos de trabalho, como remos, velas, bóias, fateixas, baldes e vertedouros, identificando assim o dono da barca a que pertenciam. Era como que uma escrita ideográfica, onde predominavam figuras geométricas, traços verticais ou horizontais, estrelas de ângulos abertos ou fechados, círculos e triângulos, mas também se viam estilizações de utensílios de bordo como um arpão ou mastro com verga, numa diversidade de marcas que ainda chegaram aos nossos dias. Embora mais raramente também usavam números ou as letras iniciais dos nomes ou das alcunhas do seu proprietário. Em tempos mais recentes eram apenas usadas para transmitir um sinal de posse mas, na sua génese, algumas dessas siglas tinham conotação com a simbólica, mágica ou religiosa, de que ainda hoje podemos encontrar reminiscências em pedras tumulares existentes nos adros das nossas igrejas. Na sua deambulação ia contactando com pescadores de várias idades, demorando-se porém com os mais novos, designados por moços não apenas em razão da idade juvenil mas, principalmente, do primeiro grau de aprendizagem, quando a pesca mais do que uma indústria era uma arte, à qual se acedia por uma iniciação a cargo do arrais ou mestre de pesca. Arrais ficou-nos como herança do árabe, com o significado de cabeça, chefe, mestre do barco, lugar de topo da hierarquia clássica compreendendo os graus de moço ou aprendiz, camarada ou companheiro, e arrais ou mestre. O arrais era depositário de um saber tradicional que se transmitia, oralmente, de geração em geração, e só possível de alcançar através de uma longa preparação e comprovado mérito. Mérito que, para além da demonstração do saber incluía a revelação de actos de coragem, de companheirismo e abnegação. O moço começava, desde tenra idade, a tomar conhecimento dos múltiplos apetrechos de pesca e seu manuseamento, a empatar anzóis e arrumá-los, com as respectivas linhas, em selhas que seriam depois embarcadas para as operações de pesca no mar alto. Ao mesmo tempo que aprendia a usar os remos e as velas nas manobras das pequenas embarcações, recebia noções elementares de meteorologia e orientação pelas estrelas, bem como a distinguir as múltiplas espécies piscícolas e os demais elementos da fauna e da flora marítimas. Cabia-lhes ainda uma outra tarefa, de todas a mais árdua, que representava como que um rito de passagem, que era a de “moço chamador”. Tarefa que consistia na obrigação de, alta madrugada, percorrer sozinho as ruas da vila, então mal iluminada, chamando os pescadores para o embarque, junto à praia, de onde rumavam aos respectivos pesqueiros ao largo da costa. Essa função que até inspirou a mais bela composição da poesia sesimbrense, que tem o título de “Balada do moço chamador”, representava o primeiro

passo do grau de moço, ou “moço de terra”, por respeitar apenas a trabalhos na praia ou na loja de companha, passando depois a “moço de mar”, como auxiliar dos trabalhos dos companheiros a bordo das embarcações, ou seja, já no pleno exercício das pescas. Depois, e se fosse demonstrando aptidão, seria considerado “moço a merecer”, isto é, a ser merecedor de ascender à categoria seguinte de companheiro. E mercê de sucessivas provas de valor e saber, também poderia vir a alcançar o grau superior de arrais ou mestre, ao qual todavia só chegariam aqueles que fossem realmente dotados de excepcionais méritos. Com o rigor destas regras, que eram tacitamente aceites, gerou-se uma verdadeira estirpe de pescadores que tornou Sesimbra num dos mais importantes e prestigiados centros piscatórios do país. E no decurso das conversas com os pescadores foi-se apercebendo que, na sua maioria, eram nomeados por alcunhas. À época seria rara a pessoa que não tivesse uma, que substituía o seu nome verdadeiro e pelo qual era geralmente conhecida. Havia portanto uma grande quantidade e variedade de alcunhas que, na sua maioria, tinham um carácter brincalhão ou brejeiro, entre outras de cunho irónico ou depreciativo mas raramente ofensivas e, por isso mesmo, quase todas usadas e sancionadas socialmente. Nas alcunhas mais correntes, muitas delas eram com nomes de peixes ou outros animais marinhos. Havia por exemplo um pescador que, por ser muito mais baixo que a maioria, recebeu a alcunha de Joaquim Pelim, dado que pelim é a denominação de um carapau pequenino. Um outro, que era demasiado alto e magro, passou a ser conhecido por “Chico Faim”, pois faim designa um peixe-espada juvenil. E aquele que, por possuir uma pele bastante clara para o normal, ficou com o cognome de “Faneca” que, como sa-

bemos, é um peixe esbranquiçado. Estando ainda previsto que viesse a conhecer mais algumas das muitas facetas da vida marítima, os acompanhantes foram surpreendidos pelo seu anúncio de não poder permanecer em Sesimbra, por razões da sua vida particular. Todavia, e depois de ter confessado o seu agrado por tudo quanto aqui vira e ouvira, manifestou-lhes o propósito de cá voltar, para então poder ampliar e pormenorizar a informação que recolhera. A promessa de outra visita foi igualmente feita ao Presidente da Câmara, de quem se despediu agradecendo todo o apoio que lhe fora dispensado. Pelo que, muitos anos depois, tivemos ocasião de ouvir ao próprio Abel Gomes Pólvora, Raul Brandão não só lhe prometeu regressar mas também aceitar a sua oferta para custear a edição, em opúsculo, das suas impressões sobre os pescadores sesimbrenses. Porém, e com pesar de todos, a promessa da sua vinda não se concretizou. Mas, mais decepcionante do que essa falta, foi a leitura do texto publicado que, pela sua surpreendente exiguidade, teor fragmentário e pouco rigoroso, ficou muito aquém das expectativas. Desse pouco que deixou escrito, aquilo que até hoje tem merecido mais citações é a sua afirmação de que o nosso pescador “era um homem de instinto comunista”, após ter sabido que: “se um adoecesse os outros ganhavam-lhe o pão; recebia o seu quinhão por inteiro; se morresse sustentavamlhe a viúva e os filhos, entregando-lhe o ganho que tinha em vida”. Rafael Monteiro, o maior estudioso da história local, num comentário que fez sobre o sentimento de igualdade que caracterizava os pescadores seus conterrâneos, afirma ter o mesmo filiação no espírito comunitário que foi aqui tradição e paradigma nas velhas irmandades ou confrarias instituídas sob a égide de um santo patrono. Aquela que em Sesimbra atingiu

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maior relevância foi a Confraria ou Corporação Marítima do Espírito Santo que congregava todos os homens ligados aos misteres do mar, armadores, mareantes, pescadores, construtores navais, os quais, através da estrita observância dos preceitos cristãos que a inspiravam, se vinculavam para toda a vida. Algumas das disposições do seu Compromisso ou Estatuto revelavam uma admirável compreensão dos deveres de solidariedade social, como aquela que determina: “se a doença ou velhice invalidar um confrade, ou se ele vier a cair na pobreza, os irmãos obrigam-se a mantê-lo de modo a não o deixar descer da sua condição”. Ou seja, impedir a degradação da vida do irmão, preservando-o na sua dignidade, garantindo-lhe total assistência na doença, na invalidez e na morte. Também competia à irmandade a concessão de empréstimos pecuniários, em casos de reconhecida necessidade, os quais, ao contrário de hoje, não estavam sujeitos a juros, dado que os princípios por que se regia consideravam não ser justo que se pagasse mais do que aquilo que se recebia emprestado. Peço desculpa se me alonguei mas, acontece que me apraz fazer evocações das velharias da minha terra, mormente daquelas que mais fundo calaram no meu espírito. E também porque gosto muito do que é velho: dos velhos tempos, dos velhos amigos, dos velhos livros, das velhas instituições. António Reis Marques 29.09.2012

Palestra feita na Biblioteca Municipal de Sesimbra em 29 de Setembro de 2012. Publicada originalmente nos “Cadernos de Filosofia Extravagante”, lª Edição - Novembro de 2012, Zéfiro - Edições e ActividadeCu1turais,Lda. –Sintra.

In memoriam António Cagica Rapaz No Café Central, em Sesimbra, havia dois bilhares, um ao lado do outro. O Café era do Sr. Arménio, velho tuberculoso, mas cheio de vitalidade que me deixava jogar de borla, desde que o fizesse ao perde-paga. Quando estava a jogar, costumava aparecer um rapazinho, muito aprumado, muito sério que se encostava ao outro bilhar, seguindo inteligentemente com os olhos o movimento geométrico das bolas, que eu impelia com o meu taco. Depois, convidei-o a jogar, conforme vem contado por ele no livro que escreveu, alguns meses antes de abalar para onde todos, excepto um, tiveram, terão e têm forçosamente de ir. Ele diz, no mesmo livro, que, se o seu destino não o tivesse futebolizado com passagem pela Académica, pela

CUF e pelo Belenenses, teria talvez podido ser mais atento ao que eu lhe teria de certo ensinado. Conta que apostei, com ele, num dia de muita chuva, que o povo tem razão quando afirma que “não há sábado sem sol”. Mostra-se convencido porque lá pela tarde abriram-se por instantes as nuvens para deixarem passar um raio de luz. Apesar do futebol, era muito inteligente, não tinha embrutecido. Não vivia encegueirado por ele. Foi um notável jornalista, que nos encantou com as suas crónicas no Sesimbrense; escreveu livros que se lêem com o encanto das coisas sonhadas e só ali vistas. O seu estilo é simples, claro, tirando todos os efeitos dessa mesma simplicidade e clareza. Mas o último dos seus livros subjuga-

nos também. É uma autobiografia em que se confronta com o próprio pai e sai desse confronto admirando quem depois de Deus lhe deu com a mãe a vida. Mostra-se ali que foi um lutador. Conheceu a ameaça da miséria material, defrontou a maldade e a intriga que se urdem no mundo do futebol, mas viu em Matateu um herói. Na verdade, essa luta decorreu das situações difíceis que a vida foi criando, mas que se foram resolvendo com num sonho. Quando se julgava perdido, uma nova solução inspirada vinha abrir o caminho que parecia fechado. A morte foi o último obstáculo, donde ele terá saído vencedor. Assim Deus o queira! queira! António Telmo


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Dagol:

O dinheiro que ganhamos, investimos no Património A Dagol é uma empresa de importação, transformação de exportação de chapas de acrílico e outros materiais plásticos e compósitos. Com propriedade e gestão familiar, localiza-se na Aiana, mas já se expandiu para outras zonas do país e para Espanha (Madrid e Barcelona). O proprietário e gestor da Dagol, José Manuel Vacas, é conhecido dos sesimbrenses. Uma das suas primeiras acções de maior visibilidade foi a participação na luta contra a Câmara Municipal de Sesimbra, que pretendeu erradicar da toponímia da vila a homenagem feita aos Combatentes do Ultramar. Era então presidente da Câmara Ezequiel Lino, e não foi essa a sua única alteração toponímica que levantou grande oposição no seio da população: também mandou retirar o nome dos Duques de Palmela. No caso dos Combatentes, acabou por se encontrar uma solução de compromisso: a antiga rua dos Combatentes passou a ter o nome de Humberto Delgado, e o nome dos Combatentes foi dada à avenida que parte daquela rua na direcção de Vale Paraíso. g

A crise económica dos muitos anos tem levado muitas empresas à insolvência, nomeadamente no concelho de Sesimbra. Como explica essa fragilidade do nosso tecido empresarial? É que nem sempre existe uma atitude empresarial em modos europeus ou qualquer coisa do género. É tudo muito fora de moda, muito “à merceeiro”. Uma firma qualquer – por exemplo, se falarmos na Construção – mete-se num projecto e vai fazer esse projecto da seguinte maneira: vai pedir dinheiro ao banco, para financiar o investimento. Se há lucros, ou mais ou menos, ou se consegue ganhar umas massas, esse dinheiro sai imediatamente da firma, em proveito de alguma coisa. Portanto, o património da firma nunca é enriquecido, porque vão sempre consecutivamente pedindo empréstimos para tudo. Depois é o ciclo vicioso, de tal maneira que quando há alguma crise, como houve agora, está tudo “pendurado”. E então o que fazem: não há dinheiro para pagarem aquilo que vão pedindo e têm de acabar. Acabam, mandam os funcionários para o desemprego, vem a insolvência e estraga-se tudo. g Acha que é uma questão de maus hábitos, ou de falta de conhecimentos? A mentalidade, para mim, é uma questão de educação, de saber preservar o património. Ganha-se dinheiro – investe-se no património! Nós, na Dagol, sem nos gabarmos, e que tem 55 anos, nunca houve distribuição de lucros. Nunca houve até agora: o dinheiro é sempre investido em coisas novas, por isso é que temos agora a Dagol Norte, a Dagol Internacional, participamos em Madrid na Dagol Ibérica, em Barcelona na Dagol Plas, e por aí fora. Eu acho que a base disto g

é a Educação. Se as pessoas não estão preparadas, começam a ter umas massas, a investir em carros de nãosei-quê, vivendas de não-sei-quantos não-sei-que-mais… E depois os bancos aliciam as pessoas para gastar mais, para pedir mais empréstimos. Aqui há uns anos, se o sr. pedia dinheiro para o empréstimo da casa, perguntavam se não queria também para o carro e para comprar os móveis! Os bancos emprestavam tudo! No nosso caso pessoal, a gente gosta de ser mais ou menos, não gostamos de ser bons nem maus, gostamos de estar no meio – as outras pessoas é que definem o que é que nós somos –mas procurámos sempre ter uma conduta de gastar menos do que se ganha e o património está sempre em primeiro lugar. E assim conseguimos: chegou a crise, conseguimos estar dentro da linha, continuamos com os nossos fornecedores a dar-nos o crédito normal, continuamos sem pedir dinheiro emprestado, com a “prata da casa” vamos resolvendo as coisas, e o dinheiro que os bancos iam ganhar, é o dinheiro que nós temos para investir e para trabalhar – é tão fácil como isto! g Estar a investir nesta altura não é muito normal para uma empresa… O nosso stock estava superesgotado, e então tivemos de aumentar as nossas instalações, porque já não conseguíamos – se tivermos 4, ou 5, ou 6 rimas de paletes, para ir buscar o que está junto à parede, gastamos uma data de tempo … E assim descentralizando as paletes pelos armazéns, rapidamente, com o empilhador vamos buscar o que o cliente precisa, e assim resolvemos o problema. g A vossa produção também se destina ao sector da construção. Isso não sofreu quebra de encomendas? Na construção, na questão das autoestradas e nas barreiras acústicas, nesse aspecto diminuiu um bocado. Mas há outros mercados que vamos reconstruindo. Por exemplo, segundafeira passada entregámos uma série de material para a nova televisão do Qatar, em que facturámos mais ou menos 90 mil euros, em chapas transformadas, e duas mesas para porem nos estúdios, tudo em acrílico de 20 mm e uma série de resguardos para escadas. Para o Qatar, há seis meses, também tivemos uma obra de uns 100 mil euros, só de chapas, com um visual especial – vamos tendo assim umas coisas. g Isso foi feito aqui na empresa de Sesimbra? Para o Qatar? Foi feito parte aqui, e parte em dois clientes nossos, a quem pedimos para nos ajudarem, porque havia um prazo curto para fazer a coisa. Mas a maioria foi feita aqui na Aiana. g Quer dizem que fornecem para qualquer sector da economia? Exactamente. Publicidade, reclamos luminosos, decoradores, tipos que fazem certames e exposições.

Dagol: 2ª maior empresa de Sesimbra A Dagol ficou classificada em 2012, a segunda maior empresa do Município de Sesimbra, com 11,2 milhões de euros de volume de vendas, segundo dados divulgados pelo semanário Sem Mais. Nesse ano, a maior empresa do Municipio foi a Roque & Sousa, com 12,5 milhões de euros, uma empresa do ramo do comércio de combustíveis. Do mesmo ramo foram as empresas classificadas em 3º e 4º lugar (Manuel Marinho, e José Polido & Raul Gaspar). Em 5º lugar ficou uma empresa de extracção e transformação de pedra (José Marques Gomes Galo) e em 6º uma empresa de congelados e pescado (a DocaMarinha). De que países é que vêm as chapas em bruto? De quase todo o mundo. Nós temos muitos materiais. Para ter uma ideia: é acrílicos, é policarbonatos, é PVCs, é PTGs, Dibond. Por exemplo: de duas fábricas da China importamos o material que é o Dibond. Quando começou a crise, não havia Turquia na Dagol, e agora já há 3 empresas turcas a trabalhar connosco. Estive em Instambul a visitar as fábricas, juntamente com o nosso amigo francês que trabalha como nosso parceiro de negócios, e já importamos chapas de três sítios da Turquia. Da Indonésia importamos chapas de acrílico. Eram tudo coisas impensáveis aqui há una anos. Isto obrigou-me a fazer visitas em todo o mundo. Estive em Israel, dormi nos Kibuts. Como temos muitos produtos, não podemos estar sujeitos a ter só um fornecedor, porque se há qualquer anomalia, não podemos ficar “descalços”, como se diz. g Quantos funcionários tem agora a Dagol? No total? 45, em todo o Portugal. Considerando Barcelona e Madrid, passa dos 50. Em Madrid temos 7, e em Barcelona temos 4. g Mas a transformação e corte é só em Portugal? É só aqui em Sesimbra, o resto são armazéns com material para distribuir. g E esta localização não levanta problemas? Deve envolver muita movimentação de cargas… Sim. A entrada para um dos armazéns é péssima. Para a Aiana, a estrada é como uma estrada de África. Se for agora à Aiana, vê que aquilo, a via para chegar ao armazém, é uma estrag

da de cabras. Já abriram aquilo 3 ou 4 vezes; voltam a abrir; voltam a fechar. Até a pedra que eu coloquei junto ao muro, está meia destruída, tenho que falar à Câmara para ver se repõem aquilo, na rua das Flores. Um destes dias a Câmara pediume para apoiar com duas bolsas de estudo. Ficou resolvido. Mas também acrescentei: não se esqueçam que estou a entrar com isto, mas a Câmara é que devia entrar, porque me levaram 30 mil euros, quando eu à conta deste último investimento já arranjei dois postos de trabalho. É verdade! Toda a gente despede, e eu arranjei dois postos de trabalho. g A Dagol tem de fazer muitas acções de promoção? Já temos 55 anos de idade, já nos conhecem. Já desapareceram uma data deles, e a gente vai continuando. g E como se explica que umas empresas tenham desaparecido e outras continuem? Deve-se ao produto, à localização, a gestão?... Eu acho que é o conjunto de tudo, de maneira que temos um bom relacionamento com os nossos fornecedores, tempos crédito aberto: por exemplo, duas firmas israelitas – quando falo nisto ninguém entende que é verdade – nós pagamos a 120 dias da factura. Se o barco demora 15 dias a chegar aqui, pagamos a 105 dias. Não há crédito aberto, não há nada: fazemos uma transferência bancária na altura do vencimento e mais nada, os Israelitas confiam em nós! Para um Judeu confiar noutra pessoa, é preciso que a pessoa tenha uma boa reputação e muitos anos de trabalho em conjunto.


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Orçamento aprovado sem votos contra

Momento Quente

Durante a Assembleia houve um momento de discussão mais acalorada entre deputados do PSD-CDS e PS: O deputado Mendes Dias (PSDCDS) deu início a esse despique quando comentou as declarações de Manuel José Pereira (PS): ”Quando se houve o deputado, dá a ideia que estamos noutro país, noutra galáxia, porque a borracha que usa para apagar aquilo que foi a gestão do PS, quer na Câmara de Sesimbra, quer neste Pais, é realmente uma borracha muito grande”, consideran-

A Assembleia Municipal de Sesimbra reuniu no passado dia 20 de Dezembro, na sede do Grupo Coral A Voz do Alentejo, na Quinta do Conde – uma iniciativa de descentralização que se deverá repetir no futuro noutras localidades do Concelho. Antes da reunião o Grupo Coral presenteou os políticos com uma curta actuação. Depois da aprovação de votos de pesar pela morte de seis jovens na praia do Meco, e de Nelson Mandela, um elemento do público falou sobre uma lomba existente perto da entrada da escola do Conde 2, que provoca acumulação de águas. O vereador Sérgio Marcelino informou que serão ali colocados 4 sumidouros. De seguida o presidente da Câmara apresentou as propostas das Grandes Opções do Plano e Orçamento para 2014, este no montante de 54,8 milhões de euros. Os documentos viriam a ser aprovados com os votos favoráveis da CDU e abstenções das restantes bancadas, portanto sem nenhum voto contra. Augusto Pólvora destacou serem aqueles documentos fortemente condicionados pela crise financeira nacional, e que afecta negativamente receitas como as do IMT e as provenientes de Loteamentos e Obras, “que eram significativas e têm vindo a reduzir cada vez mais”. A redução da actividade económica também tem feito cair outras receitas, como as de publicidade, ocupação da via pública, etc. Também as transferências do orçamento de Estado foram reduzidas em 200 mil euros Augusto Pólvora destacou ainda que este orçamento será ainda muito marcado por obras financiadas por fundos comunitários, que se prolongam para 2014. Entre as despesas mais significativas, foram destacadas as da Educação, de mais de 2 milhões de euros: “só para os transportes escolares vai mais de meio milhão de euros.” Na Cultura, destacou os investimentos de conclusão da Fortaleza Santiago, bem como uma candidatura recente a fundos comunitários para a Casa da Água do Cabo. No Desporto não haverá investimentos em equipamentos, apenas despesas de conservação, que ainda assim orçam mais de 600 mil euros Para a Juventude estão previstos 140 mil euros, com 3 projectos na Quinta do Conde: Orquestra Sinfónica Juvenil, CIPA e PIPA. Para a Acção Social, 485 mil euros, para vales alimentares (apoio a famílias carenciadas) e apoio social para construção de equipamentos. O Saneamento tem uma das maiores despesas: para os esgotos, 4,4 milhões de euros, e para os residuos sólidos: mais de 1 milhão de euros. No Abastecimento de Água serão gastos quase 2 milhões de euros, em captações de água, reservatórios, instalações e renovação de rede. No Turismo, está prevista uma verba de 360 mil euros: para o Carnaval, comemorações do 25 de Abril, Santos Populares, Temporada da Casa Ópera, Festa das Chagas, campanha “Sesimbra é Peixe” e criação do Museu Subaquático. Na Rede Viária serão gastos 1,7 milhões de euros, em obras já referidas na nossa anterior edição.

Dívida controlada Augusto Pólvora apresentou a situação da dívida municipal como estando a ter uma “evolução favorável”, depois de “alguns momentos difíceis ao longo dos últimos dois anos”. A dívida de curto prazo deverá rondar 10 milhões de euros no final de 2013, e a de médio e longo prazo dentre 20,2 a 21 milhões de euros, ou seja: apenas “oito milhões de euros a mais do que quando iniciamos os mandatos da CDU”. Em termos de pessoal, no final de 2013 a Câmara tinha 906 trabalhadores, dos quais 58 com ordenados pagos pelo Governo (pessoal dos Jardins de Infância), sendo apenas 848 os que oneram os cofres da Câmara, número não distante “do que quando assumimos a Câmara.”

Dúvidas das oposições Nas suas intervenções, alguns deputados da oposição levantaram dúvidas sobre a capacidade da Câmara para realização de algumas receitas. Foi o caso de João Carlos Rodrigues, do MSU: “receio que Câmara, com menos receitas, ou aumente o endividamento, ou atrase o pagamento aos fornecedores”. Também Manuel José Pereira (PS) referiu que “se não houver cuidados redobrados, podemos não assistir ao cenário idílico apresentado pelo Presidente”, acrescentando que “As famílias e as empresas estão mais pobres; as ruas estão esburacadas, estão tristes, o nosso concelho está de facto mais pobre.” O deputado Lobo da Silva (PSD) disse: “Esperamos não ter mais surpresas” e, sobre aquisição de bens e serviços, disse que a Câmara deveria rever a sua política: “estamos disponíveis para contribuir com sugestões”. Mas acrescentou a crítica de considerar como baixa a de 5 mil euros para a presença de Sesimbra na Bolsa de Turismo.” Alain Grenho (CDU), destacou que com os investimentos realizados pela CDU, “vive-se melhor em todo o concelho, vive-se melhor na Quinta do Conde, temos parques, zonas verdes, coisas que não tínhamos há 8 anos, temos mais escolas, Jardins de Infância que foram ampliados e saneamento chega a 90% das famílias.” Sandra Cunha (BE) reconheceu o esforço que foi feito pela Câmara na “contenção das previsões da arrecadação de receitas, relativamente ao que acontecia em anos anteriores”, mas lembrou que o BE já propôs a baixa das taxas do IMI: “havia margem de manobra para descer um bocadinho, porque as famílias estão desesperadas.” Sobre a Acção Social, apontou que “não há um plano concertado de segurança social, e a verba é muito baixa (comparando com verba para compra de viaturas…”

do haver uma grande hipocrisia da parte do PS, acrescentando que o deixou a Câmara, com dívida e sem obra: “Hoje há divida, mas há obra, e obra bem feita!” Em resposta, Manuel José Pereira disse: “O Mendes Dias está cá há pouco tempo, por isso não se lembra da obra do PS na Quinta do Conde: foi o saneamento, equipamentos, tem agora saneamento a 90%, mas tinha a 20%!”, e acusou “o PCP, aliado ao PSD, chumbando o PEC4, que fizeram com que se tivesse de pedir apoio externo.”

Assembleia Municipal de 10 de Janeiro A sessão da Assembleia Municipal de 10 de Janeiro de 2014 – que era a continuação da reunião do mês anterior – começou por servir para divulgar a eleição de Odete Graça foi eleita presidente da Assembleia Distrital de Setúbal. Também Augusto Pólvora fora eleito para o Conselho Estratégico do parque Natural da Arrábida, e também para a Assembleia Intermunicipal da Associação de Municípios da Região de Setúbal. Antes da ordem do dia foram aprovados dois votos de pesar, pelas mortes do futebolista Eusébio e do político Manuel Seabra. Seguiu-se o debate sobre diversas moções, que ocupou mais tempo do que as propostas da Ordem do Dia. g

BE: Revogação das 40 horas para os funcionários públicos José Guerra, do BE, fez a apresentação de uma moção para revogação da lei 40 h para os funcionários públicos, porque “não traz mais produtividade aos serviços nem torna mais eficaz o atendimento aos munícipes, e consubstancia uma perda de direitos”. José Guerra disse ainda que esta legislação integra-se num intenção do Governo para uma “vaga de despedimentos, agravando a recessão económica.” A moção foi aprovada com os votos a favor da CDU, PS e PSD, e votos contra do MSU, cuja posição foi a de que “está de acordo com o alargamento para as 40 horas, pois já era tempo de se equiparar aos privados, não concorda é com o modo como foi feito”, mas também “concorda que, em negociação, haja redução por negociação, justificada se não gerar aumento de trabalho suplementar e conduzir a uma maior eficiência dos mesmos.”

PSD: Isenções de derrama a empresas Lobo da Silva, do PSD, como forma de captar investimento para o concelho apresentou uma moção para isenção de derrama por 3 anos, às empresas que instalem a sede social em Sesimbra, assim como às empresas que aqui tenham sede e criem novos postos de trabalho (micro empresas: 1 posto de trabalho – pequenas: 3 – médias: 6 – grandes: 12. A moção foi aprovada por unanimidade.

CDU: Revisão do POPNA

Rui João, da CDU, apresentou uma moção no sentido de se realizar uma sessão temática sobre o Plano de Ordenamento do parque Natural da Arrábida, e solicitar ao Governo o início da revisão do referido . Foi aprovada por unanimidade.

CDU: A greve e o Mercado da Quinta do Conde

Manuel José Pereira, do PS, apresentou a moção que mais discussão gerou, e que acabou por ser chumbada com os votos contra da CDU e do BE, e a favor dos restantes. O assunto era o da confusão gerada, durante a última greve da função pública, no dia 8 de Novembro, sobre a abertura do Mercado da Quinta do Conde. Para o dia da greve, houve um trabalhador do Mercado que anunciou que não fazia greve, e que abriria as respectivas instalações. Neste caso, a Câmara avisou os comerciantes com banca no Mercado de que ele estaria aberto. Só que, no dia da greve, o referido trabalhador não apareceu, e o mercado ficou fechado, gerando grande descontentamento entre os comerciantes. Foi neste contexto que o PS apresentou a sua moção, contendo uma “recomendação à Câmara para que encontre uma solução que permita evitar equívocos desnecessário como os da última greve.” As posições dos deputados foram bastante diversificadas. Mendes Dias, do PSD, disse que não fariam oposição à moção, devendo apenas salvaguardar-se o direito dos trabalhadores à greve. Francisco Cordeiro (CDU) disse estranhar esta posição, pois “nós não podemos querer que a Câmara cometa ilegalidades, que é o que os proponentes da Moção propõem: substituição de trabalhadores em greve”. Alain Grenho (CDU) reforçou esta ideia: “O objectivo duma greve é criar impacto, pressão sobre a outra parte; ao retirarmos este impacto, a greve perde a sua força e o seu sentido.” Nuno Miguel Ribeiro (MSU) afirmou-se chocado com o que acabara de ouvir da CDU e do BE: “Está-se a confundir a relevância do direito (continuação na página seguinte)


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Assembleia Municipal de 10 de Janeiro (continuação) constitucional à greve, que é fundamental, mas não é um direito fundamentalista; não se pode passar por cima de qualquer outro direito, nomeadamente o direito ao trabalho”, acrescentando que os comerciantes “pagam rendas pelas bancas, devem ser tratados com a forma devida”. Depois, Rui João (CDU) confessou estar “abismado”: “o piquete de greve nunca proibiu nenhum funcionário de exercer as suas funções.” José Guerra (BE) considerou a proposta como “um atropelo grave à lei da greve”. O proponente da Moção afirmou que “o direito à greve é inalienável, mas ninguém deve pôr em causa o direito à não-greve, embora não seja isso que aqui se discute; o problema são os concessionários, e ao impossibilitar um concessionário, estamos a condicionar a possibilidade de fazer os seus negócios”. Como referimos, a Moção acabou por ser rejeitada.

Assembleia Municipal de Jovens

A Assembleia aprovou o programa da próxima Assembleia Municipal de Jovens, que decorrerá na Escola Básica da Quinta do Conde, que terá como

tema «Jovens sesimbrenses: que emprego no futuro». Foram destacadas três inovações: haverá a necessidade de criação dum orçamento, ou seja, um plafond orçamental para as despesas decorrentes das propostas elaboradas pelos jovens; embora se trate de uma questão simbólica, servirá para a consciencialização sobre as limitações orçamentais. Será criada uma plataforma Jovem, com acesso à documentação, desta Assembleia e das anteriores. E haverá ainda possibilidade de ser feito um convite a uma personalidade. A proposta foi aprovada.

Empréstimo e Transferências para as Freguesias

A Assembleia aprovou ainda a possibilidade de recurso a um empréstimo de curto prazo, como forma da Câmara fazer face a necessidades de tesouraria – proposta habitual no início de cada ano. Foram também aprovados, por unanimidade, os protocolos de descentralização de serviços para várias Juntas de Freguesia. João Augusto Aldeia


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Frota do Espadarte ameaçada A frota sesimbrense da pesca do espadarte encontra-se ameaçada devido às limitações quantitativas impostas às capturas, também conhecidas como quotas. Duas destas embarcações - António Anacleto e Zé Leste - poderão mesmo recorrer ao programa de abate financiado pela União Europeia. O problema não nasceu do estabelecimento de quotas mais restritivas, mas sim do aumento da eficácia da fiscalização, sobretudo pela aplicação das novas tecnologias de comunicação, com obrigação de comunicação diária de todas as capturas, sistema conhecido como diário de bordo electrónico”. O problema também não é exclusivo de Sesimbra: Peniche e outros portos mais a Norte enfrentam problemas semelhantes, também com percectiva de abate de embarcações. O presidente da Câmara de Sesimbra aproveitou a presença da ministra do Mar na inauguração da nova unidade de congelação da ArtesanalPesca, para a sensibilizar para este problema, chamando a atenção para a necessidade de procurar uma solução para que as embarcações continuem a produzir. Referiu também o facto do espadarte se ruma espécie emblemática para Sesimbra. A ministra Conceição Cristas disse estar atenta a este e outros problemas que lhe foram referidos naquela ocasião, mas nada garantiu. Ao que parece, o Governo abriu mesmo a possibilidade de financiar os abates de embarcações, que já se encontravam encerrados neste ciclo de financiamento comunitário. g

Partido Social Democrata elege novos responsáveis concelhios O PPD-PSD elegeu a sua nova Comissão Política da secção de Sesimbra (CPS) no passado sábado, 25 de Janeiro, à qual concorreu uma lista única, encabeçada por Lobo da Silva, que já era vice-presidente da CPS cessante, e que actualmente representa este Partido na Assembleia Municipal, tendo também já sido vereador da Câmara de Sesimbra. Dos 52 militantes que votaram na CPS, foram 48 a favor, 3 brancos e um nulo. Desta Comissão política faz igualmente parte Francisco Luis, actual vereador municipal. Simultaneamente decorreram outras eleições: para a mesa da Assembleia de Secção, para delegados à Distrital, para todos os órgãos da Distrital (Comissão permanente, Mesa da Assembleia, Comissão Distrital de Auditoria Financeira e Conselho de jurisdição), para os Trabalhadores Social-Democratas, Delegados ao Congresso e sobretudo para o Presidente da Comissão Política Nacional, neste caso com um único candidato: o actual dirigente máximo do Partido, Passos Coelho – o qual averbou 43 a favor, 8 brancos e um nulo: pior resultado do que a o da Comissão Política local. Embora o cabeça de lista da nova concelhia tenha tido o cuidado em não acentuar clivagens internas, alguns sinais indicavam algumas divergências. O presidente cessante, Joaquim Mendes Dias, na última newsletter do PSD Sesimbra, ao fazer o balanço do seu mandado, escrevia que “muito mais se poderia ter feito, se na génese desta Comissão Política não tivessem estado alguns equívocos e, digamos, g

alguma ingenuidade, quem vier que não cometa os mesmos erros.” Em declarações a’O Sesimbrense, Joaquim Mendes Dias, cujo mandato termina a 11 de Fevereiro, explicou o sentido destes “equívocos”: “o que quisemos dizer foi que, na feitura da Comissão Politica anterior, procurou-se consensos e um PSD unido, mas houve algumas pessoas que porventura vieram para esta CPS com outros fins que não os de unir, e nós, o que fizemos, foi desfazer esses equívocos”. Para Mendes Dias, o seu mandato foi marcado “com uma eleição autárquica pelo meio, o que levou a que tivesse sido muito trabalhoso. Foi um mandato com uma mudança de linha, em que procurámos dar informação e colocarmos no ar um site, uma página no FaceBook, com contactos mais diários com os nossos militantes. Descentralizámos as reuniões da Comissão Política também pela Quinta do Conde. Nas eleições autárquicas, foi aquilo que foi possível fazer. No contexto

nacional, em que Sesimbra teve 62% de abstenção, nós mantivemos o nosso vereador, mantivemos posição de relevância nas Assembleias Municipal e de Freguesias, mantivemos o barco acima da linha de água”, o que considerou importante “para que o O PSD seja mais forte e possa vincar as suas posições a nível ideológico, e no futuro possamos ter melhores resultados em termos autárquicos.” Lobo da Silva referiu que a sua lista inclui “alguns membros do mandato anterior, outros novos que nunca fizeram parte de qualquer comissão política concelhia, e outros que nunca estiveram connosco, estiveram sempre em outras listas, mas que desta vez estão connosco”. E acrescentou: “há um princípio que nos une a todos nós, que é ouvir a sociedade civil e continuar a ouvir os militantes e a querer que os militantes participem cada vez mais na vida política do Concelho.” À pergunta sobre se mais algo irá mudar na linha política do PSD, respondeu: “O que se vai passar é trabalho, diálogo com a sociedade civil, com os militantes, sempre na vertente de que os militantes têm que ter conhecimento daquilo que os autarcas fazem em prol do partido e da Sociedade, para que sejam eles a transmitir a mensagem à sociedade civil.” Quisemos também saber se os resultados das últimas eleições trouxeram algumas alterações ao funcionamento da Assembleia Municipal, onde Lobo da Silva é deputado, referiu: “A Assembleia tomou posse em Outubro, já houve 4 sessões, a diferença foi que temos o movimento dos ditos independentes, que ainda estão a ver como é que aquilo se faz, ainda não se vê assim grande trabalho, mas o importante é que todas as forças políticas percebam que não vale tudo:temos que nos deixar de politiquices, e votar favoravelmente o que é bom para o Concelho, e votar contra aquilo que não é bom para o Concelho” O novo responsável pelo PSD local resumiu assim a sua linha política: “Pautar-nos pelo dialogo assíduo com os militantes, reestruturar a informação da CPS para com os militantes, promover sessões temáticas com os militantes e sociedade civil, coordenar a actividade Autárquica por forma que os militantes participem nas decisões e apostar na formação dos quadros políticos da Secção. J. A. Aldeia


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MAR DE SESIMBRA

O SESIMBRENSE Que prazer sentir no ar Esse cheiro a Maresia Perfume vindo do mar Quando volta a invernia Mar da minha juventude De mar chão a mar zangado Tela de tanta virtude Trono de Rei coroado

O período tempestuoso que se verificou nas últimas semanas, justificando várias situações de alerta amarelo por parte das autoridades da Protecção Civil, não teve na costa Sesimbrense especiais consequências, ao contrário do que aconteceu noutras zonas do País. Apenas um pontão de acesso aos barcos de pesca, a sul do edifício da lota, ficou danificado, mas

Mar de vida e mar de morte É do pescador seu fado Traz-me Paz mostra-me o Norte Neste regresso ao passado Não me cansa ver o mar Gosto tanto de o ouvir Que peço a Deus prá’diar Minha hora de partir

Pexito

devido ao efeito da ondulação ampliado pela maré. Onde se verificaram consequências mais graves foi na mata da Vila Amália, da parte de cima do campo de jogos: várias árvores tombaram sob os efeitos de um mini-tornado, e outras tiveram de ser cortadas pelos serviços da Protecção Civil, devido à situação instável em que ficaram.

Está a decorrer, até ao dia 19 de Abril, uma grande exposição dedicada à obra do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen (1805-1875), extraordinário autor de literatura infantil. A exposição encontra-se dividida por três núcleos, na vila de Sesimbra: Biblioteca Municipal, Auditório Conde Ferreira e marginal nascente (Av. 25 de Abril), e é composta por quadros, livros ilustrados, esculturas, cerâmicas, joias, tapeçarias, etc. Uma das maiores singularidades

desta exposição são as imagens produzidas a partir de recortes de papel, em que o próprio Hans Christian Andersen era exímio. Desde 2005, esta exposição já percorreu 53 cidades e localidades, e recebeu mesmo a Medalha de Ouro da Cidade de Setúbal, a que tem uma especial ligação ao autor dinamarquês, que a visitou em 1866, tendo ali permanecido cerca de um mês. Desta visita resultou o livro “Uma Viagem a Portugal em 1866”.

Município promove a Agenda 21 Local

A Câmara Municipal de Sesimbra assinou um protocolo com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), como o objectivo de implementar a Agenda 21 Local nas suas vertentes ambiental, social e económica e tendo como linha orientadora o Manual de Apoio editado por aquela Agência. A cerimónia de assinatura do protocolo decorreu no passado dia 20 de Janeiro, assinando por cada uma das entidades, respectivamente, Augusto Pólvora e Nuno Sanchez Lacasta. Também participou na mesa o verea-

dor da Câmara de Sesimbra com o pelouro do Ambiente, Francisco Luís. No âmbito do Protocolo, a APA compromete-se a prestar apoio técnico e científico e a participar em acções que contribuam para o desenvolvimento da Agenda. A Câmara Municipal de Sesimbra, pelo seu lado, compromete-se a implementar a Agenda 21 Local no seu território, formando para o efeito uma equipa técnica necessária para a esse fim - equipa que já foi efectivamente constituída.


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