ANO LXXXVII • N.º 1179 de 1 de Novembro de 2013 • 1,00 € • Taxa Paga • Sesimbra - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. DE00142013RL)
Eduardo Marques, “Ginja” Uma vida dedicada ao hóquei
Eleições Autárquicas:
Votações, tomada de posse, pelouros Páginas 5 e 9
Foto de Rui João Rodrigues
Congresso Internacional de Cultura Fluvial e Maritíma
REPORTAGENS
As redes de cerco no mar foram inventadas em Sesimbra
Ricardo Leandro de olhos postos no futuro O jovem sesimbrense, Ricardo Leandro, de 25 anos, venceu recentemente a iniciativa Futuro + Sustentável, que lhe deu uma oportunidade de frequentar a pós graduação em gestão de sustentabilidade, no ISEG. No entanto, esta não é a primeira iniciativa em que participa e que traz credibilidade ao seu percurso. Embora já Mestre em engenha-
ria da energia e do ambiente, pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Ricardo Leandro “agarra” mais uma oportunidade de valorização pessoal, ao mesmo tempo que continua a lutar por ver concretizado o arranque do seu projecto, uma tecnologia que evita o sobreaquecimento de módulos fotovoltaicos. Página 4
Vicentinos: de coração aberto A Conferência Vicentina de Santiago prossegue o objectivo de ajudar todos aqueles que passam por necessidades financeiras. A crise económica e o desemprego dos nossos dias, fazem com que sejam muitas as famílias a precisar de auxílio da instituição. Os vicentinos ajudam com alimentos, fraldas, roupas, e muitas das vezes são eles que pagam despesas das famílias. São também eles os responsáveis pelos cestos deixados à porta da igreja, onde as pessoas povão colocando alimentos, e outros produtos. “Ao longo da semana, as pessoas
“Ginja” começou a aprender a jogar hóquei em patins com apenas 5 anos, arrastado pela euforia que a modalidade provocava na comunidade sesimbrense. Jogou no Grupo Desportivo de Sesimbra, no Sporting, no Benfica, no Barcelinhos e no Física Torres Vedras, regressando depois ao GDS. No final de uma carreira repleta de sucessos, decidiu afastar-se por completo, embora não exclua o regresso. Página 12
vão deixando aquilo que podem, como um quilo de arroz ou massa, fraldas, tudo aquilo que deixarem, faz falta a outros”. Neste sentido, tudo o que é deixado na igreja guarda-se na sede dos vicentinos, que actualmente se localiza no edifício da igreja, onde era antigamente uma papelaria. O presidente da Conferência Vicentina garante que a sede “mais parece um supermercado”, recheado de produtos, que vão sendo retirados à medida que são distribuídos consoante as necessidades das famílias. Página 11
A mais surpreendente revelação do Congresso de Cultura Fluvial e Marítima, que se realizou há uma semana em Sesimbra, foi a de que as redes de cercar peixe no mar, do tipo que usam hoje as traineiras, têm origem nos acedares, inventados em Sesimbra no século XV. O Congresso, organizado pela Câmara Municipal de Sesimbra e duas universidades – a de Lisboa (Faculdade de Belas Artes) e da o Piauí (Brasil), versou sobretudo o património imaterial, o seu
estudo e a sua conservação. Técnicas de pesca e de construção naval, comunidades piscatórias e áreas protegidas, foram temas abordados em numerosas comunicações, que enriqueceram todos os participantes. Página 8
Auto Sesimbra amplia actividade
Tertúlia literária Grupo Coral festejou os no Clube 25 anos Sesimbrense
A empresa Auto Sesimbra, localizada na Aldeia dos Gatos (Almoinha), atravessa um bom momento: depois de ter sido distinguida como a melhor empresa pela Top Car, uma rede de assistência internacional da Auto Sueco, inaugurou, no passado dia 12 de Outubro, uma nova oficina vocacionada para reparações em autocaravanas, com uma área de 500 m2. Os proprietários, José Miguel Patrício e Elisabeta, estão optimistas quanto ao futuro da nova oficina.
Promovido pelo Clube Sesimbrense realizou-se no passado dia 12 de Outubro o primeiro encontro de Escriturices e outras conversas - Tertúlia literária, sendo abordado o tema da “Liberdade”. O encontro começou com uma evocação de Urbano Tavares Rodrigues. Os livros Felizmente há Luar de Luís de Sttau Monteiro, e O Estrangeiro de Albert Camus, foram comentados a seguir, oscilando o debate entre as dimensões da liberdade política e da liberdade individual
Decorreu com grande espírito de alegria e boa qualidade artística, a comemoração dos 25 anos de vida do Grupo Coral de Sesimbra. Gente de Sesimbra, ou com ligações familiares a Sesimbra, compuseram o elenco: Júlio Panão, Eduardo Silva (“Cote”), Zé do Mar, Vozes do Alentejo e Lara Afonso. Maria José Ruivo e Álvaro Bizarro declamaram poemas. Sempre muito aplaudido pelo público que enchia a sala do cineteatro, actuou também o Grupo Coral.
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O SESIMBRENSE | 1 DE NOVEMBRO DE 2013
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Contactos uteis nBombeiros Voluntários de Sesimbra Piquete de Sesimbra: 21 228 84 50 Piquete da Quinta do Conde: 21 210 61 74 nGNR Sesimbra: 21 228 95 10 Alfarim: 21 268 88 10 Quinta do Conde: 21 210 07 18 nPolícia Marítima 21 228 07 78 nProtecção Civil (CMS) 21 228 05 21 nCentros de Saúde Sesimbra: 21 228 96 00 Santana: 21 268 92 80 Quinta do Conde: 21 211 09 40 nHospital Garcia d’Orta Almada 21 294 02 94 nComissão de Protecção de Crianças e Jovens do Concelho de Sesimbra 21 268 73 45 nPiquete de Águas (CMS) 21 223 23 21 / 93 998 06 24 nEDP (avarias) 800 50 65 06 nSegurança Social (VIA) 808 266 266
nServiço de Finanças de Sesimbra 212 289 300 nNúmero Europeu de Emergência 112 (Grátis) nLinha Nacional de Emergência Social 144 (Grátis) nSaúde 24 808 24 24 24 nIntoxicações - INEM 808 250 143 nAssembleia Municipal 21 228 85 51 nCâmara Municipal de Sesimbra 21 228 85 00 (geral) 800 22 88 50 (reclamações) nJunta de Freguesia do Castelo 21 268 92 10 nJunta de Freguesia de Santiago 21 228 84 10 nJunta de Freguesia da Quinta do Conde 21 210 83 70 nCTT Sesimbra: 21 223 21 69 Santana: 21 268 45 74
Editorial
nAnulação de cartões SIBS (Sociedade Interbancária de Serviços) 808 201 251 217 813 080 Caixa Geral de Depósitos 21 842 24 24 707 24 24 24 Santander Totta 707 21 24 24 21 780 73 64 Millennium BCP 707 50 24 24 91 827 24 24 BPI 21 720 77 00 22 607 22 66 Montepio Geral 808 20 26 26 Banif 808 200 200 BES 707 24 73 65 Crédito Agrícola 808 20 60 60 Banco Popular 808 20 16 16 Barclays 707 30 30 30
Farmácias de Serviço
Com o apoio:
Farmácia da Cotovia
212 681 685
Avenida João Paulo II, 52-C, Cotovia
Farmácia de Santana
212 688 370
Estrada Nacional 378, Santana
Farmácia Leão
212 288 078
Avenida da Liberdade, 13, Sesimbra
Farmácia Lopes Rua Cândido dos Reis, 21, Sesimbra
212 233 028
Teoria da Abstenção A elevada abstenção nas últimas eleições autárquicas, e a circunstância de Sesimbra ter sido o concelho onde ela atingiu maior percentagem, despertaram o interesse de vários jornalistas, que aqui vieram à busca de razões para o “fenómeno”. Neste afã, merece referência o jornalista Paulo Moura, que ocupou duas páginas da edição do jornal Público de 7 de Outubro passado. Num texto recheado da vox populi (voz do povo), Paulo Moura resolveu dar destaque aos verbalismos anedóticos que foi ouvindo; com isso, conseguiu um artigo divertido, mas de duvidosa colagem à realidade. O jornalista inicia a matéria com a opinião do Fedor, uma alcunha que é explicada pelo facto do visado “estar sempre metido no lodo, sempre a mexer em redes e peixe, sem tempo para se lavar”. Vejamos a opinião do Fedor sobre o candidato do PS: “Quem é? Um gajo careca, não é? Não tenho contacto. Nunca aqui veio falar connosco” [quer dizer: nunca foi ao porto de abrigo, onde estão os pescadores]. Um outro entrevistado vai mais longe: “Aqui não veio ninguém”. [ora, a verdade é que várias candidaturas fizeram campanha no Porto de Abrigo]. De novo o Fedor, referindo-se ao candidato Carlos Sargedas: “não fala com as pessoas nem cumprimenta. Então mas esse gajo está a pedir o meu voto e nem fala comigo?” Estas citações servem para mostrar aquilo a que o jornalista esteve atento: aos ditos anedóticos, sarcásticos, bombásticos. Carlos Macedo, apresentado como “administrador da ArtesanalPesca” [omitindo-se a sua condição de candidato do BE] terá afirmado que “nesta freguesia [Santiago] vivem três mil pessoas, e só na Câmara trabalham mil.” – na realidade, em Santiago residem 4.800 pessoas (censos de 2011) e dos quase mil trabalhadores da Câmara, muitos trabalham na Quinta do Conde, e dos que trabalham na vila, muitos não são de lá. Mas o artigo abunda noutras fantasias. Por exemplo: que foi Ezequiel Lino quem demoliu os bairros de lata dos pescadores, construindo “habitação social decente”. Na realidade, os marítimos das barracas foram sendo realojados, na sua maioria, durante o Estado Novo, nos bairros: dos Pescadores, Infante D. Henrique, da fundação Calouste Gulbenkian e da Caixa de Previdência (ainda que algumas casas tenham sido acabadas já depois de 1974). Não é que eu seja um admirador do Estado Novo, mas não gosto de ser enganado. Este jornalismo de fraca qualidade,
acoberta-se sob o disfarce de serem “declarações do povo”: se é mentira, a culpa é de quem abriu a boca. Mas e o jornalista não tem de estar atento a esses processos de mistificação, nomeadamente num contexto eleitoral? Especialmente visada é a Câmara “comunista”, acusada de acções “discriminatórias e nepotistas”: por exemplo “na selecção de candidatos ao novo bairro de habitação social”, ou na atribuição de emprego, onde “é favorecido quem é próximo do PCP”. Mas o presidente da Câmara, Augusto Pólvora, também parece ter caído na tentação das afirmações hiperbólicas, pois terá dito que uma das causas da abstenção foi o facto de “ter chovido torrencialmente no dia da votação”. Alguém terá ainda acusado o PCP de ter denegrido a candidatura de Carlos Sargedas, com insultos, dos quais, sarjeta foi o “mais suave”. E Carlos Sargedas confirma que “a sua actividade como fotógrafo e empresário está a ser altamente prejudicada desde que ousou desafiar o poder instituído.” Também terá dito que “o único projecto cultural que [na Câmara] desenvolveram com êxito é um grupo de teatro ligado ao PCP”, referindo-se ao grupo De Vez em Quando que, manifestamente, não tem qualquer cor partidária – e que, posteriormente, escreveu uma carta ao jornal esclarecendo que os seus membros se juntaram “independentemente das suas ideologias políticas, religiosas, ou culturais”. E assim se faz uma peça de mau jornalismo, onde o PCP faz de bombo da festa, onde candidatos derrotados dão o tom ao texto, onde os que votaram na CDU parece que o fizeram sem convicção (“Se não votarmos na CDU, vamos votar em quem?”). Ou seja: uma caolugação partidária ganhou as eleições em Sesimbra com maioria absoluta, mas um jornalista passeando pela rua consegue fazer um “retrato” que transforma uma clara vitória eleitoral numa quase-anedota. Há muitas maneiras de denegrir a Democracia – e esta é uma das possíveis. Curiosamente, parece que ninguém se lembrou de analisar as votações das mesas de voto, que mostram claramente ser os jovens quem mais se absteve. Isto num Concelho que tem, desde há 10 anos, a iniciativa pioneira da Assembleia Municipal de Jovens, para os motivar para a participação democrática. João Augusto Aldeia
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António Reis Marques doa documentação à Biblioteca O sesimbrense António Reis Marques vai doar o seu fundo documental à Biblioteca Municipal de Sesimbra, onde passará a estar disponível para consulta pública. António Reis Marques desempenhou, ao longo da sua vida, funções profissionais na Câmara Municipal e em empresas de pesca, tendo sido também vereador da Câmara. Participou em numerosas iniciativas de índole cultural e associativa, onde se destaca o seu trabalho voluntário na Liga dos Amigos de Sesimbra e no jornal O Sesimbrense. Juntamente com o padre José de Freitas e Rafael Monteiro, fez parte do núcleo que trabalhou para a fundação daquela Liga, e para o reerguer do jornal O Sesimbrense, que sofreu uma autêntica “refundação” a partir de 1952, passando a assumir-se como um jornal moderno, actualizado e interventivo na vida política e social de Sesimbra, sucedendo assim ao velho “Cezimbrense” que tinha perdido muita qualidade nos últimos anos da direcção de Abel Gomes Pólvora e do seu fiel secretário, João da Luz. António Reis Marques tem prestado igualmente um forte contributo para a história e identidade de Sesimbra, com a publicação de livros sobre a pesca em Sesimbra e sobre colectividades locais, caso dos Bombeiros Voluntários, do Clube Naval, e do Clube Sesimbrense. Mas, para além destas obras, são inumeráveis os artigos sobre Sesimbra que publicou, quer no nosso jornal, quer no Diário de Notícias (de que foi correspondente) quer, mais recentemente, na revista Sesimbra’Acontece. Juntamente com Rafael Monteiro, António Reis Marques é o autor da narrativa histórica de
Sesimbra que todos conhecem, e até mesmo a geógrafa Maria Alfreda Cruz, autora do notável livro “Pesca e Pescadores em Sesimbra”, reconheceu a influência de ambos na “narrativa” que nos legou e que ajuda a compreender a piscosa vila. No decurso desta intensa actividade em prol de Sesimbra, colecionou um importante acervo de livros e outros documentos sobre a vida e as instituições locais – colecção que em breve poderá estar à disposição de todos os sesimbrenses, na Biblioteca Municipal de Sesimbra. No entanto, até aqui, e mesmo sem o apoio de qualquer instituição pública, António Reis Marques sempre disponibilizou qualquer informação ou documentação que lhe fosse solicitada, facto de que o nosso jornal pode testemunhar, pois com muita frequência o seu arquivo pessoal tem servido de apoio a artigos e notícias que aqui temos publicado – o que justifica o nosso reconhecimento e agradecimento ao notável sesimbrense que é António Reis Marques.
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Aprovado financiamento comunitário para o Cabo Espichel A Câmara Municipal de Sesimbra conseguiu a aprovação de uma candidatura para recuperação do Cabo Espichel. Embora com um valor relativamente baixo – 114 mil euros – o investimento permitirá a recuperação da Casa da Água e do recinto em seu redor, a Horta dos Peregrinos, bem como a colocação de uma protecção na zona sobranceira às arribas. Também está incluído no projecto uma zona de estaciona-
mento. O financiamento comunitário, a cargo do programa PRODER, pagará 60 % do investimento a título de fundo não reembolsável. A candidatura foi conduzida através da ADREPES - Associação de Desenvolvimento Rural da Península de Setúbal, que tem apoiado os programas PRODER e PROMAR na análise das candidaturas aprovadas.
Mini-tornado leva peregrinos a procurar abrigo nas hospedarias do Cabo Espichel Um mini-tornado, na manhã do dia 27 de Setembro, derrubou os abrigos improvisados com tendas, que os peregrinos de Nossa Senhora do Cabo Espichel tinham construído no recinto da casa da água. Perante os fortíssimos ventos, que se prolongaram por todo o dia, os peregrinos tomaram a iniciativa de se abrigar em algumas das casas que se encontravam emparedadas, na ala norte. Perante este facto, umas senhoras que estão à guarda da porta da igreja, telefonaram para a GNR, que se deslocou ao local mas não terá considerado necessário tomar qualquer iniciativa. As hospedarias do Cabo datam do século XVIII e foram construídas pelos Círios, para abrigar os seus peregrinos durante os dias de festa. O insólito facto de se encontrarem emparedadas, leva a que muitos dos crentes de Sesimbra se abriguem em condições muito precárias, quer sob as arcadas, quer nas proximidades da Casa da Água, cumprindo a tradição de passar uma semana no santuário, até ao dia da procissão, que teve lugar dia 29 de Setembro. Durante muitos anos, ao longo do século XX, as chaves eram cedidas temporariamente, pela Confraria do Castelo, aos crentes que para esse fim se inscreviam. No entanto, após o 25 de Abril de 1974, algumas das hospedarias foram utilizadas para habitação permanente, e mesmo quando eram usadas apenas nos dias de festa, os detentores das
chaves deixaram de as devolver - até que um dia a Confraria mandou emparedar as casas: uma estranha solução que se mantém até hoje, apesar de ser um obstáculo às tradições dos peregrinos de Sesimbra, e um péssimo bilhete-postal para o turismo. Entretanto, a Confraria e a Câmara fizeram um acordo com o Estado para ali ser construída uma pousada da Enatur, e com base nessa promessa foi transferida para o Estado a propriedade da ala norte. Logo a seguir a Enatur foi privatizada, e a pousada nunca chegou a ser construída. Assistimos assim ao insólito de haver preregrinos que continuam a perpetuar o culto popular que esteve na origem do Santuário, estando impedidos de usar as hospedarias, enquanto a Igreja e o Estado se encontram sem soluções para uso dessas hospedarias, o que tem vindo a contribuir para a sua degração.
Pescas - Setembro
Na vinda do Outono é habitual um decréscimo na produção piscatória. Houve uma ligeira descida em quase todas as artes em exercício. Os totais gerais reflectem essa diminuição que não foi muito acentuada. Todas as oportunidades nunca serão demais para se solicitar a quem de direito providencie a valorização das pescas, cuidando deste nosso imenso e rico mar. Mas, tão mal aprovei-
tado. Cujo mérito deveria merecer da governação uma intensa e particular atenção. Melhorando a falta de emprego e motivação comercial que, outrora, tinha um grande relevo, nacional e internacional. Quem espera desespera…E, com tanta crise já estamos cansados de tanto esperar! Pedro Filipe
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REPORTAGEM
De olhos postos no futuro
O jovem sesimbrense, Ricardo Leandro, de 25 anos, venceu recentemente a iniciativa Futuro + Sustentável, que lhe deu a oportunidade de frequentar a pós graduação em gestão de sustentabilidade, no ISEG. No entanto, não é a primeira iniciativa que participa e que lhe traz credibilidade ao seu percurso. Embora já Mestre em engenharia da energia e do ambiente, pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Ricardo Leandro “agarra” mais uma oportunidade de valorização pessoal. Já no ano passado, conforme O Sesimbrense então noticiou, Ricardo Leandro venceu a competição europeia Energy2b, que teve como objetivo o desenvolvimento de planos de negócios sólidos baseados em ideias de sustentabilidade energética. Numa 2ª edição da competição, em que participaram 1.565 estudantes e foram submetidas 1034 ideias, foi Ricardo Leandro que conseguiu o 1º lugar, com o seu projecto. Com os contactos que tem desenvolvido após a competição, a sua ideia tem sofrido alterações. Trata-se de uma pelicula, em vidro, que é acoplada à superfície frontal do módulo fotovoltaico e que permite filtrar a radiação solar, que deve incidir no módulo que produz energia elétrica. Deste modo, evita-se que o equipamento sobreaqueça no Verão, e que produza menos energia. Os módulos fotovoltaicos têm temperaturas a 70 graus, no verão, e essas temperaturas fazem com que se perca rendimento, sendo a produção menor e o lucro. “O objectivo é que as
pessoas tenham um equipamento que funcione muito bem, durante todo o ano”, defende. Um projecto que poderá revolucionar toda uma vida. Ricardo Leandro vive hoje o sonho de colocar o equipamento no mercado, e acredita profundamente no seu sucesso. Não foram poucos os amigos que deixaram o País, mas o jovem sesimbrense ainda acredita que será possível criar o seu próprio negócio em Portugal. Hoje, já conta com a ajuda de algumas parcerias, e igualmente com uma equipa de doutorados do Instituto Superior Técnico, estando à espera de um orçamento de uma empresa alemã.
“A pós graduação é uma forma de evoluir tanto como pessoa, como profissionalmente”
Auto Sesimbra amplia actividade
A empresa Auto Sesimbra inaugurou, no passado dia 12 de Outubro, uma nova oficina vocacionada para reparações em autocaravanas. Com uma área de 500 m2, a nova unidade localiza-se muito próximo das instalações da Auto Sesimbra, na Aldeia dos Gatos (Almoinha), junto ao centro distribuidor dos CTT. José Miguel Patrício e Elisabeta Patrício adquiriram a Auto Sesimbra há quatro anos, e já no presente ano foram distinguidos como a melhor empresa pela Top Car, uma rede de assistência internacional do grupo Auto Sueco. Segundo Elisabeta Patrício, a participação na rede Top Car proporciona vantagens na formação de pessoal, mas também no recurso a centros de assistência e “know how”, através de pareceres técnicos que dão algum suporte à actividade da Auto Sesimbra. Sendo eles próprios auto-caravanistas, José Miguel e Elisabeta aperce-
beram-se da necessidade que existia, nesta zona, de uma unidade vocacionada para a assistência e reparação de auto-caravanas, para as quais as oficinas tradicionais se encontram por vezes insuficientemente equipadas, quer devido às maiores dimensões e peso das auto-caravanas, quer pela diversidade de equipamentos que existe nas células destas unidades. Um dos investimentos feitos na nova unidade foi precisamente em maquinaria, com elevadores de 5 toneladas, e zona de lavagem. Segundo José Miguel Patrício, esta aposta “visa preencher uma lacuna na manutenção e reparação destes veículos específicos, já que no distrito a oferta é nula ou sem grande significado” A Auto Sesimbra tem actualmente 5 funcionários, e o novo investimento irá proporcionar a criação de mais dois postos de trabalho. Na inauguração compareceram diversos amigos e clientes da empresa.
É com entusiasmo que o jovem encara o desafio da pós-graduação em gestão de sustentabilidade. O ar descontraído e juvenil de Ricardo Leandro parece não combinar com a sabedoria que transmitem as suas palavras. Na verdade, foi através de uma carta de apresentação, que demonstrava o quanto era importante o curso para o seu percurso profissional, que Ricardo Leandro alcançou a bolsa: “Nessa carta abordei a minha situação atual, ou seja, o projecto que estou a aprofundar ligado à energia elétrica, e demostrei de que forma o curso iria melhorar as minhas capacidades na área da gestão”. E acrescenta “ a pós-graduação é uma forma de evoluir tanto como pessoa, como profissionalmente”. Segundo as informações do site do Green Savers, esta pós graduação é a única do mercado, que tem o intuito de oferecer aos alunos uma perspectiva integrada, para que estes possam estar aptos para desenvolver uma estratégia de sustentabilidade eficaz. Persistente e esforçado é assim que se define Ricardo Leandro, que acredita que foi selecionado não só pelo seu percurso académico, como também pelos concursos que tem participado. Na sua opinião, toda a sua experiência na área através de iniciativas ou concursos que fez parte, deram-lhe uma maior credibilidade, e
colocaram-no num patamar superior aos restantes concorrentes. Ao falar sobre o curso, e ao classificar a sua nova turma como uma “excelente equipa”, o jovem não esconde as suas intenções em adquirir competências na área da gestão e na área estratégica, de modo a conseguir uma diferente visão mais virada para a parte económica. Para ele, o importante será adquirir conhecimento, “não no seu total mas o suficiente para se conseguir pensar e discutir o assunto”. Com um percurso de sucesso, ninguém diria que Ricardo Leandro sonhou, em tempos, ser fisioterapeuta. Mas, a vida alterou-lhe os planos, e foi a área da energia e do ambiente que acabou por seguir. Uma escolha de toda uma vida, que rapidamente se transformou numa paixão. Foi através do ambiente vivido na faculdade, e com as matérias dadas em aula, que o jovem “descobriu” o seu futuro, principalmente numa altura em que as energias renováveis ganhavam relevo, em Portugal. São estas pequenas conquistas que o fazem contar a sua história, com um “sorriso” nos olhos. Uma ideia surgida durante o mestrado, é hoje a sua esperança de vida. Desistir nunca fez parte dos seus planos, e encara cada fase da sua vida como “mais uma experiência”. Micaela Costa (estagiária)
Professor Timorense na escola de Sampaio Florindo Amaral, professor Timorense, está actualmente a acompanhar o funcionamento da Escola Secundária de Sampaio, numa acção de intercâmbio e de formação para apreender o modo de funcionamento da escola de Sampaio. O professor Florindo Amaral trabalha da Escola Secundária Pública de Ainaro, uma cidade timorense, localizada no sudoeste daquele país, e capital do distrito com o mesmo nome, o qual abrange 54 mil habitantes. A escola secundária de Ainaro tem cerca de 840 alunos. Entre os principais problemas desta escola, o professor Florindo destacou o facto das turmas chegarem a ter 45 alunos cada uma.
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Eleitos para a Câmara Municipal
5 Eleitos para a Assembleia Municipal
Augusto Pólvora | Presidente Pelouros: Ordenamento do Território e Urbanismo, Economia Local, Turismo, Informação Geográfica, Recursos Humanos, Ambiente e Sustentabilidade. Felícia Costa | Vice-Presidente Pelouros: Educação, Cultura e Bibliotecas, Acção Social, Habitação, Comunicação e Informação, Desporto e Juventude
José Polido | Vereador Pelouros: Administração e Finanças, Gabinete Médico-veterinário e Ambiente (Saneamento Básico, Água, Higiene Urbana, Cemitérios e Espaços Verdes) Sérgio Marcelino | Vereador Pelouros: Obras Municipais, Logística e Informática
Odete Graça
Francisco Cordeiro
Nuno Nabais
Helena Cordeiro
Rui João Rodrigues
Alain Monteiro
Carmen Cruz
Tiago Aragão
João Narciso
Maria José Borges
Manuel José Pereira
Pedro Mesquita
Ana Paula Gato
Nelson Pólvora
Joana Bastos
Manuel Barros
Joaquim Dias
José Lobo da Silva
Nuno Miguel Ribeiro
João Rodrigues
José Guerra
Ana Cruz
CDU
CDU
CDU
CDU
CDU
CDU
CDU
CDU
PS
CDU
CDU
PS
Américo Gegaloto | Vereador Pelouro: Toponímia PS
PS
PS
PS
Cláudia Mata | Vereadora Pelouro: Saúde
PSD
MSU
PSD
MSU
Francisco Luís | Vereador Pelouros: Protecção Civil, Segurança e Ambiente, exclusivamente na área da Agenda 21 Local BE
Câmara cria Centro Municipal de Actividades Náuticas
CDU | JF Santiago
Francisco Jesus CDU | JF Castelo
A Câmara Municipal de Sesimbra anunciou a criação de um Centro Municipal de Actividades Náuticas, destinado a promover o ensino e a prática da vela e canoagem, proporcionando experiências náuticas a jovens e adolescentes no concelho. O Centro funciona na Lagoa de Albufeira, sendo as actividades de vela e canoagem direcionadas para crianças entre os 6 e os 15 anos, com um custo mensal de 10 euros (mas apenas 2,5 a 5 euros para os beneficiários da Ação Social Escolar). O Centro Municipal de Atividades Náuticas é uma iniciativa da Câmara Municipal em parceria com o Clube Português de Caravanismo. Lino Correia, presidente do Clube Naval de Sesimbra, considerou positiva esta iniciativa da Câmara Municipal “porque representa a promoção de «experiências náuticas», designadamente na vela e canoagem do nosso concelho. Mesmo que fosse a criação de um clube concorrente, seria mais
Victor Antunes
CDU | JF Quinta Conde
um estímulo para os nossos atletas e treinadores. Por outro lado podem ser encontrados e motivados para a vela e canoagem jovens com potencialidade que no futuro poderão integrar as equipas de competição de vela das classes optimist e laser e também da canoagem do Clube Naval”. Lino Correia, contudo, acrescentou que, “sendo uma boa ideia, que não é inédita, poderia e deveria ser replicada em Sesimbra, em colaboração com o Clube Naval de Sesimbra e com as escolas do concelho, pois é óbvio que seria mais económico e certamente seriam obtidos melhores resultados na dinamização dos velejadores e canoístas do concelho. Em Sesimbra, poderiam utilizar-se as instalações, as embarcações e os equipamentos existentes, além de todo o conhecimento adquirido pelo Clube e pelos seus treinadores de vela e canoagem. Vamos continuar expectantes e estamos disponíveis, como sempre estivemos”.
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De igual modo
Custou mas foi – eis o que apetece dizer das obras levadas a cabo no simbólico Largo da Marinha, um dos mais cotados ex-libris de Sesimbra. Frente ao mar, na zona das muitas saudades da lota de peixe, o Largo está agora embelezado, de um equilibrado modernismo, valorizado por esplanadas de aprazível frequência, com justo destaque para a do clássico “FILIPE”, sob a direcção do dinâmico Pedro, um restaurante de assinaláveis melhorias pela aposição de fotos antigas em oportuno estilo decorativo. Quase nos apetece dizer que valeu a pena o tempo de espera para conclusão das obras do Largo. Um minimiradouro sobre a baía, repousantes bancos que se aliam bem à gente boa da 3ª idade, arranjo geral digno de apreço, o largo da Marinha dá-nos o desejável mote para esta referência elogiosa que nem sempre se nos torna possível enunciar.
É pena que o “FAROL” tenha fechado e que os antigos domínios de Jorge Amaro não estejam exemplarmente aproveitados. Mas lá que o largo da Marinha justifica polegar alto, ninguém duvida. E o registo de aprazimento aqui fica nesta espécie readaptada do “Sesimbra Acontece”. * * * Não muito distante, a seguir a outro Largo histórico (o de Bombaldes) ressurgiu agora um estabelecimento da típica restauração “pexita” – a Casa Mateus, em esperançada sucessão ao Ala Arriba, de boa memória. Somos do tempo da Casa Mateus junto à Fortaleza, há bem mais de meio século, quando o neto Carlos ainda andava ao colo da senhora sua avó, cozinheira tradicional ao modelo das então denominadas “Casas de Pasto”. O “sôr” Mateus, trabalhador incansável, pai exigente, anfitrião de
boa extirpe, fez-se bem ao novo contingente de estrangeiros que foi afluindo a Sesimbra nas décadas de 50 e 60, com repetido aconselhamento de que se coma bem e barato na Casa Mateus, em pleno “coração” da Piscosa. Do mesmo modo que elogiamos as melhorias bem evidentes no Largo da Marinha, saudamos o reaparecimento da Casa Mateus, uma bonita homenagem do jovem “Carlos” à memória do seu avô. Os tempos são outros, os turistas visitantes não são os mesmos mas há polvos, lulas, chaputas e peixes-espadas para natural agrado de “comilões”. E se está na moda o “slogan” de que “SESIMBRA É PEIXE”, que ninguém esqueça as delícias dos moluscos de velha tradição na nova Casa Mateus. David Sequerra
O Castelo de Sesimbra Sentinela vigilante Vigia o mar e a terra Como um velho Comandante És soberbo e altaneiro Uma relíquia de Sesimbra Com um belo miradouro E um povo que te estima Tens uma bela Igreja Que o povo reza com devoção À sua padroeira Senhora da Consolação Cada dia mais estás mais lindo E de noite és mais belo Minha jóia de Sesimbra Meu nobre velho Castelo Não se vê tanta beleza Nem no quadro mais belo Que o nascer e pôr do sol Visto do nosso Castelo. Delfim Carvalho (Pescador)
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Fotógrafos de Sesimbra (XV)
David Mendes (1916 - 1974) David Mendes nasceu na zona de Castelo Branco, mas veio para Sesimbra com cerca de 14 anos. Autodidata na arte da fotografia, iniciou a sua carreira como retratista profissional aos vinte anos na angariação de fotografias porta-a-porta, abrindo o seu primeiro estúdio no ano de 1940: a Foto Mendes, na rua Coronel Barreto. Para a aquisição de equipamento fotográfico contou com a preciosa ajuda de uma tia – Maria Delfina da Silveira, conhecida como “Maria da Praça”, proprietária da gelataria de Sesimbra e de uma loja de fazendas na vila. Também foi à procura de clientes pelas ruas e praias de Sesimbra, utilizando para o efeito retratos “a la minuta”. Para além de Sesimbra, David Mendes abriu casas fotográficas em: Arrentela, Correr de Água, Amora, Seixal, Paio Pires e Fogueteiro, votando 38 anos ao serviço desta Arte. A actividade fotográfica de David Mendes foi continuada pelos seus filhos: Mário Mendes (estúdio Foto Torreense, em Torres Vedras, de 1967 a 2010) e José João Mendes (estúdio Fotografia Mendes – em Torres Vedras, inaugurado em 1977, actualmente gerido pela sua filha Sandra Mendes). Também o seu neto Mário Mendes se dedica à fotografia como Arte, podendo os seus trabalhos ser consultados em: http://www.mendesfoto.com/
Mário Mendes prestou-nos uma preciosa ajuda na preparação desta notícia, nomeadamente através da cedência das fotografias que aqui publicamos, facto que penhoradamente agradecemos.
David Mendes
Estúdio “Foto Mendes” em Sesimbra
Sesimbra em 1960
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Congresso Internacional de Cultura Fluvial e Maritíma
As redes de cerco no mar foram inventadas em Sesimbra, no século XV O momento mais extraordinário do 1º Congresso Internacional de Cultura Fluvial e Marítima, ocorreu quando o comandante Fernando Gomes Pedrosa, especialista em história marítima, revelou que as redes de cercar peixe no mar, como as que são utilizadas pelas traineiras, tiveram a sua origem em Sesimbra, onde aparecem documentadas em 1481. Só depois é que foram utilizadas na Galiza, conforme foi recentemente provado em estudos realizados naquele país – concluindo-se assim ser errada a ideia de que essas redes de cerco seriam originárias da Galiza.
Património Imaterial em destaque
No Congresso foram apresentados trabalhos dos museus marítimos de Esposende, da Póvoa do Varzim, da Nazaré, de Ílhavo, do Seixal, da pesca do Atum (em Tavira), do museu Michel Giacometti (de Setúbal), bem como do Fluviário de Mora, e ainda só em 1894 é que ali chegou. Fernando Gomes Pedrosa estudos sobre a A revelação de Fernando explicou a criação em SesCultura Avieira e Pedrosa ajuda a explicar um imbra destas redes de cerco da praia de Mira. outro facto histórico: nas cor– nessa altura designadas O Museu do Mar tes de Évora, de 1481-82, como “acedares” – como uma de Sesimbra, a insfoi feita uma queixa ao Rei, adaptação e transferência tectalar na Fortaleza dizendo que os acedares nológica a partir das almadrade Santiago, foi de Sesimbra e da Atouguia, bas do atum, que aqui existitema da interveneram muito prejudiciais, pois am, exploradas por sicilianos. ção inaugural do afastavam a sardinha dos rios Estas almadrabas cercavam Congresso, a cargo e eram a causa da sua escasos atuns a partir da praia, e de Luis Jorge Gonsez, nessa época, também uma das redes que utilizavam çalves, e a comudevido ao “mau cheiro e fedor também era conhecida como nidade piscatória que exalavam”. cedal, ou acedal. Foi esta rede sesimbrense foi Mas a verdadeira causa que foi transformada em acecaracterizada numa Aurea da Paz Pinheiro, Felícia Costa e Luís Jorge Gonçalves, da queixa é que os acedares dar, para o cerco da sardinha, intervenção de An- em representação das entidades organizadoras: Universidade do eram uma arte nova, que pesem zonas afastadas das pradreia Conceição. Piauí, Câmara Municipal de Sesimbra e Universidade de Lisboa cava mais que as outras artes ias. Este acedar desenvolveuTambém foi (Faculdade de Belas Artes). – os que se queixavam sense em duas variantes, ambas apresentado um intiam-se ameaçados e, logiutilizadas para a pesca da teressante projecto camente, prejudicados, pela sardinha: a variante fixa, que sobre a Arte Xávega da da a “boa colaboração entre a Paulo Ferreira da Costa, da nova arte. viria depois a ser a “armação praia do Moinho de Baixo, Câmara Municipal de SesimDirecção Geral do Património Outra novidade revelada redonda”, e a variante móvel, uma iniciativa de Rui Francisbra e a Universidade de LisCultural. Uma outra “mesa” foi pelo historiador é da origem que se espalhou pelo mundo co, que desenvolveremos na boa, neste caso a Faculdade dedicada à Arrábida e à canda aiola, que deriva de uma e viria a dar origem ao “cerco nossa próxima edição. de Belas Artes”, bem como didatura a Património da Huembarcação de nome semelamericano” (com a invenção A importância do paa participação “preciosa de manidade. hante existente no golfo da da retenida) e, finalmente, à trimónio imaterial e a sua investigadores vindos do BraOutro ponto forte do ConBiscaia, trazida possivelmente rede da traineira. preservação – temas que sil”, considerando o Congresgresso foi a representação pelos conserveiros franceses Até recentemente julgoudominaram todo o Congresso como um “bom contributo brasileira, constituída por no final do século XIX ou no se que o cerco moderno teria so – mereceram um debate para o museu que se quer diversos investigadores, que início do seguinte. origens remotas na Galiza, específico, onde participou construir em Sesimbra.” apresentaram trabalhos soJ. A. Aldeia mas provou-se que o acedar A delegação brasileira tambre projectos musebém manifestou a sua satisológicos, estudos fação. Silmara Erthal, a trade diversas comunibalhar no Delta do Paraíba, dades piscatórias e em conservação ambiental, embarcações tradidestacou as “muitas dificuldacionais do Brasil, des por conta dos interesses”, e sobre património acrescentando que “os polítiambiental. cos que gerenciam a região Na vertente da não têm um olhar para o fuhistória houve coturo.” municações soPatrícia dos Passos Claro, bre a Fortaleza de que veio também apresentar Sagres, sobre as a experiência do Delta do PaArmações de Pesca raíba e de protecção do Peide Sesimbra, sobre xe-Boi, disse que o Congreso espólio fotográso foi “uma experiência muito fico de Sesimbra rica, porque a gente não tem e as técnicas de no Brasil essa situação das construção naval, Câmaras estarem incentivanalém da intervenção do a valorização do patrimójá referida de FerDurante o Congresso foi feita a apresenta- bém sobre o Parque Marinho Luiz Saldanha, nio, e a valorização da cultura nando Pedrosa, que ção do livro “Mares de Sesimbra – História, tendo como fio condutor a realidade dos dilocal”. E terminou afirmando também apresentou Memória e Gestão de Uma Frente Marítima”, versos conflitos: entre assalariados e patrões, que “Em Sesimbra tivemos uma comunicação obra colectiva realizada em torno dum relatório entre Pesca e Turismo, entre Economia e Amum aprendizado riquíssimo, sobre as três confrabiente. A sessão de apresentação contou com escrito em 1897, por Baldaque da Silva. e vamos regressar cheias de rias medievais que Os diversos autores (alguns dos quais na foto a participação do antropólogo Luís Martins (coideias. Sesimbra é uma graça existiam em Sesimde cima) escreveram sobre uma diversidade de ordenador do livro), do presidente da Câmara de cidade.” bra em 1563. áreas do conhecimento, tais como história, eco- de Sesimbra, Augusto Pólvora, e, em represenAs comunicações enconNo final do Connomia, crescimento urbano e desenvolvimento tação da ArtesanalPesca, Carlos Macedo – entram-se publicadas numa edigresso, Luis Jorge da zona portuária de Sesimbra, turismo, e tam- tidades que apoiaram a publicação desta obra. ção da revista Vox Musei. Gonçalves destacou
Mares de Sesimbra
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Autárquicas de 2013:
A vitória da abstenção
Nas eleições autárquicas do passado dia 29 de Setembro, no concelho de Sesimbra, estavam inscritos 41.355 eleitores: mais 3.827 do que nas autárquicas de 2009. Apesar deste aumento, votaram no conjunto das forças políticas (partidos, coligações e independentes) apenas 14.144 eleitores: menos 4.026 do que em 2009. As forças políticas, no seu conjunto, foram as grandes perdedoras destas eleições. Abstiveram-se de votar 25.320 eleitores: mais 6.582 do que em 2009. A abstenção em Sesimbra atingiu a percentagem recorde de 61,2 %. Votos brancos e nulos foram em número de 1.476: mais 864 do que nas anteriores autárquicas. A CDU foi a clara vencedora destas eleições, com 41,8 % dos votos directamente expressos (ou seja: votos nos partidos, brancos e nulos). O
PS, em 2º lugar, ficou apenas com 21,9%. Na entanto, todos os partidos perderam votos, relativamente a 2009. A CDU foi até quem perdeu mais eleitores: 3.201, ou seja, quase um terço dos que tinham votado CDU em 2009. Em percentagem de votos perdidos, foi a coligação PSD-CDS quem mais sofreu: 42,2 % dos votos de 2009 (onde concorreram separados), sairam destes partidos. O Bloco de Esquerda perdeu 303 votos: quase 26% dos que tinham votado BE em 2009. Grande parte dos votos perdidos foram para a abstenção, mas foram também para a candidatura independente do Movimento Sesimbra Unida, que reuniu 1.349 votos: mais 39% do que a candidatura independente do movimento AMCS tinha conseguido em 2009. Por este
motivo o MSU, com uma percentagem de 8,6%, pode ser também considerado um dos vencedores das autárquicas de 2013 em Sesimbra, embora seja uma vitória ensombrada pelo facto de não ter eleito qualquer vereador, ainda que tenha ficado próximo desse objectivo. Outro dos objectivos do MSU, que era o de baixar a abstenção, foi igualmente falhado. O aumento da abstenção e a perda generalizada de votos pelos partidos foram, assim, aspectos muito relevantes das eleições, mas nenhum dos concorrentes, nas análises imediatamente posteriores, deu grande ênfase a esses aspectos, preferindo destacar as vitórias (CDU e MSU), o ganho de mais um vereador (PS) e até o BE conseguiu destacar como o facto mais importante das eleições, “o fim do ciclo ascensional da CDU”.
Santiago
g A freguesia de Santiago contava com 5.237 eleitores, menos 920 do que em 2009. A absten-
ção foi inferior à média concelhia: 59,4 %. O PS obtiverve aqui menor percentagem de votos que na média concelhia,ao contrário da CDU, PSD-CDS e BE. O MSU atingiu na vila a sua maior votação: 12,8%.
Castelo
g Também no Castelo a abstenção foi menor que na média do Concelho. Em termos percen-
tuais, o PS aumentou face a 2009, mas todos os outros desceram. O MSU obteve aqui 11,5 % dos votos, enquanto que o BE obteve o seu pior resultado (4,9%).
Quinta do Conde g Foi na Quinta do Conde que a abstenção atingiu maior percentagem: 65,4%. Desceram em
percentagem a CDU, PSD-CDS e BE. O PS viu a sua percentagem eleitoral aumentar, obtendo o seu melhor resultado: 25%. O MSU obteve aqui a sua menor votação: 4,9%.
Tomada de posse da Assembleia e da Câmara A cerimónia de tomada de posse da Assembleia Municipal e da Câmara decorreu no dia 17 de Outubro. Como é habitual, os partidos aproveitaram esta ocasião para fazer os seus balanços das eleições e tomar posição face ao mandato que agora se inicia. A CDU, pela voz do presidente da Câmara, Augusto Pólvora, referiu que “Não estamos satisfeitos com a perda de votos verificada, embora tenha sido comum a todas as forças políticas que concorreram em 2009, e não estamos satisfeitos com os elevados níveis de abstenção e votos brancos e nulos, embora sejam uma realidade comum à região onde estamos inseridos e ao país”, acrescentando que “não aceitamos que possa ser usada para por em causa a legitimidade politica de quem ganhou a eleições”. Este “aviso” de Augusto
Pólvora parecia adivinhar a posição do PS, que, pela voz de Manuel José Pereira, destacou que “a maioria camarária que nos governa representa menos de 20% da população”, uma percentagem obtida calculando a proporção dos votos na CDU em relação a todos os eleitores, incluindo os que se abstiveram – o que dá 18%; porém, pelo mesmo método, a votação do PS seria de ape-nas 8,5 %. Ainda sobre a abstenção, o PS considerou-se “co-
responsável por este fenómeno e assegura desde já que tudo fará para analisar o problema, inventariar as causas, tomar as medidas que se revelem adequadas para o debelar.” Augusto Pólvora adiantou explicações para a perda de votos do seu partido: “A penalização que nos foi aplicada pelos eleitores, concentrada essencialmente nas freguesias do Castelo e Santiago, resultou no essencial dos impactos negativos de obras e opções tomadas que
CONCELHO DE SESIMBRA: votação global
Eleitores Abstenção CDU PS PSD-CDS BE AMCS MSU PAN Brancos Nulos
2009
2013 Diferença
37.528 18.738 9.737 3.663 2.636 1.163 971 339 273
41.355 25.320 6.536 3.422 1.523 860 1.349 454 767 709
+ 3.827 + 6.582 - 3.201 - 341 - 1.113 - 303 + 428 + 436
SANTIAGO: votação para a Câmara 2013 Diferença 2009 Eleitores Abstenção CDU PS PSD-CDS BE AMCS MSU PAN Brancos Nulos
6.157 2.952 1.897 632 293 248 29 51 47
5.237 3.109 765 349 220 131 220 35 61 51
- 920 + 157 - 1.132 - 283 - 73 - 117 + 10 +4
CASTELO: votação para a Câmara 2013 Diferença 2009 Eleitores Abstenção CDU PS PSD-CDS BE AMCS MSU PAN Brancos Nulos
13.793 6.323 4.479 1.246 1.021 435 53 132 104
15.723 8.866 2.987 1.312 652 335 785 176 310 300
+ 1.930 + 2.543 - 1.492 + 66,0 - 369 - 100 + 178 + 196
2009
2013
49,9 % 51,8 % 19,5 % 14,1 % 6,2 % 5,2 % 1,8 % 1,5 %
61,2 % 41,8 % 21,9 % 9,8 % 5,5 % 8,6 % 2,9 % 4,9 % 4,5 %
2009
2013
47,9 % 59,2 % 19,7 % 9,4 % 7,7 % 0,9 % 1,6 % 1,5 %
59,4 % 44,5 % 20,3 % 12,8 % 7,6 % 12,8 % 2,0 % 3,6 % 3,0 %
2009
2013
45,8 % 60,0 % 16,7 % 13,7 % 5,8 % 0,7 % 1,8 % 1,4 %
56,4 % 43,6 % 19,1 % 9,5 % 4,9 % 11,5 % 2,6 % 4,5 % 4,4 %
QUINTA DO CONDE: votação para a Câmara 2009 2013 Diferença 2009 Eleitores Abstenção CDU PS PSD-CDS BE AMCS MSU PAN Brancos Nulos
17.578 9.463 3.361 1.785 1.322 480 889 156 122
20.395 13.345 2.784 1.761 765 394 344 243 396 358
não foram entendidas pelos eleitores, e não do incumprimento dos compromissos assumidos” - disse, referindose às obras de saneamento no Castelo e ao estacionamento tarifado em Santiago e no Castelo. “A História nos julgará”, concluiu. Mais nenhum dos outros partidos se pronunciou sobre a abstenção. O BE, pela voz
+ 2.817 + 3.882 - 577 - 24 - 555 - 86 + 240 + 236
53,8 % 41,4 % 22,0 % 16,3 % 5,9 % 11,0 % 1,9 % 1,5 %
2013 65,4 % 39,5 % 25,0 % 10,9 % 5,6 % 4,9 % 3,4 % 5,6 % 5,1 %
de José Guerra, disse lamentar “que esta sala hoje esteja cheia e que na Assembleia Municipal ela esteja completamente vazia”, não tendo os munícipes conhecimento do que lá é discutido. José Guerra adiantou ainda que espera corresponder à confiança dos cidadãos e (Continua na página seguinte)
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Tomada de posse da Assembleia e da Câmara (continuação) continuar o trabalho e o empenhamento dos que o antecederam, “em luta e em defesa de uma Sesimbra melhor”. Nuno Ribeiro, eleito para a Assembleia Municipal pelo MSU, disse que aquele Movimento “deixou de ser uma eventualidade para ser uma inevitabilidade, uma certeza”. Depois de agradecer a quem votou MSU, garantiu que os eleitos “trabalharão para todos – a Assembleia Municipal deve ser a casa da Democracia”, acrescentando que o MSU ”quer ter um papel activo ao nível da protecção da economia local.” Mendes Dias, da coligação Abraçar Sesimbra (PSDCDS), manifestou igualmente votos de que haja maior participação dos cidadãos na Assembleia Municipal. Referiu a sua preocupação com a situação económica do país (“sofremos os custos das opções que os governos tomaram”), acrescentando que também “no nosso município foram tomadas opções que nem sempre resultaram no que se pretendia; também em Sesimbra se fez investimento que poderia ter sido mais bem pensado e adiado”. Garantiu que na Assembleia terão em conta “o alcance e o mérito das propostas e não a
quem as apresenta”. Manifestou-se a favor da revisão do Parque Marinho Luiz Saldanha, contra encerramento do SAP, e colocou um desafio: ”lancemos o repto ao Governo no sentido de que o Cabo Espichel venha para a posse do Município.”
Polémica com os pelouros
Ao contrário do que aconteceu no mandato anterior, o PS decidiu, desta vez, aceitar pelouros. Conforme referimos nesta edição, Américo Gegaloto ficará com o pelouro da Toponimia, e Cláudia Mata com o pelouro da Saúde. Mas o PS pretendia mais. Na sua intervenção, Manuel José Pereira afirmou que “Por questões do mais baixo e sectário taticismo político e numa atitude de total ausência de ética democrática, aos dois vereadores do PS não vão ser dados pelouros relevantes nem atribuídos tempos na gestão, ao invés do PSD, que assim vê premiado talvez o seu pior resultado de sempre nas eleições locais.” Na avaliação do PS, este partido, “embora recolhendo menor número de votos, como aconteceu com todas as candidaturas face aos valores de 2009, foi a única força que
reforçou a sua representatividade em praticamente todos os órgãos municipais e das freguesias.” Pela mesma ordem de razões, o PS criticou a “intransigência da maioria” por terem saido goradas “as disponibilidades para participar na mesa da Assembleia e nos próprios executivos das Juntas de Freguesia. O PS está indignado pelo completo desrespeito face à expressão da vontade popular.”
Odete Graça
A Presidente da Assembleia Municipal também abordou o problema da abstenção, mas referiu a sua convicção de que a questão não se esgota nos grupos políticos: também devem entrar na apreciação “a família, a escola, as instituições sociais, as empresas, os sindicatos”. Citando Aristóteles - “A política é a ciência e a arte do bem comum - afirmou que “Nenhum cidadão sensato pode ignorar ou desprezar a prática política que se assume honestamente na freguesia ou no município. É importante dialogar com quem nos representa. Não são aceitáveis afirmações como: “não quero meter-me na política”, ou “os políticos são todos iguais”.
SANTIAGO: votação para a Assembleia de Freguesia 2013 2013 Diferença 2009 2009 Eleitores Abstenção CDU PS PSD-CDS BE MSU Brancos Nulos
6.159 2.954 1.413 876 433 340 88 55
5.237 3.109 864 507 157 133 305 90 72
- 922 + 155 - 549 - 369 - 276 - 207 +2 + 17
48,0 % 44,1 % 27,3 % 13,5 % 10,6 % 2,7 % 1,7 %
59,4 % 40,6 % 23,8 % 7,4 % 6,3 % 14,3 % 4,2 % 3,4 %
CASTELO: votação para a Assembleia de Freguesia 2013 2013 Diferença 2009 2009 Eleitores Abstenção CDU PS PSD-CDS BE MSU Brancos Nulos
13.793 6.323 4.280 1.385 1.009 490 203 103
15.723 + 1930 8.866 + 2543 2.925 - 1355 + 110 1.495 - 325 684 - 149 341 775 338 + 135 299 + 196
45,8 % 57,3 % 18,5 % 13,5 % 6,6 % 2,7 % 1,4 %
56,4 % 42,7 % 21,8 % 10,0 % 5,0 % 11,3 % 4,9 % 4,4 %
QUINTA DO CONDE: votação para a Ass. de Freguesia 2013 2013 Diferença 2009 2009 Eleitores Abstenção CDU PS PSD-CDS BE AMCS MSU Brancos Nulos
17.578 9.463 3.207 1.771 1.436 527 862 172 140
20.395 13.350 2.752 1.834 769 448 455 408 379
+ 2817 + 3887 - 455 + 63 - 667 - 79 + 236 + 239
53,8 % 39,5 % 21,8 % 17,7 % 6,5 % 10,6 % 2,1 % 1,7 %
65,5 % 39,1 % 26,0 % 10,9 % 6,4 % 6,5 % 5,8 % 5,4 %
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REPORTAGEM
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De coração aberto
Na vila de Sesimbra, há quem não conheça. Há quem não saiba da sua existência. Porém, não são poucos os sesimbrenses que não só os conhecem, como necessitam deles para “sobreviver”. Da Conferência Vicentina de Santiago, são os chamados “vicentinos” que ajudam todos aqueles que passam por necessidades financeiras. De coração aberto, os “vicentinos” ajudam muitas famílias desfavorecidas com a doação de alimentos, roupas, mobiliário e pagam até contas mensais. Deste modo, Ajudar e não julgar o outro é um dos lemas desta “família”, que apenas procura novos sorrisos. “Pedimos a uns para ajudar outros”, explica Álvaro Bizarro, enquanto ajeita os seus óculos, que escondem lágrimas de orgulho. Emocionado, o Presidente da Conferência Vicentina de Santiago, não esconde a emoção ao falar da instituição, que foi refundada há 5 anos atrás pelo antigo padre de Sesimbra. “O antigo Padre da nossa igreja, Sílvio Couto, veio ter comigo e com mais umas pessoas com a ideia de refundar a instituição, e assim foi”, afirma, com orgulho. A conferência vicentina de Santiago tem o objectivo de ajudar todos aqueles que passam por necessidades financeiras. A crise económica e o desemprego dos nossos dias, fazem com que sejam muitas as famílias a precisar de auxílio da instituição. Os vicentinos ajudam com alimentos, fraldas, roupas, e muitas das vezes são eles que pagam as despesas das famílias. Para ajudar os mais desfavorecidas, os vicentinos são os responsáveis pelos cestos deixados à porta da igreja, onde as pessoas poderão deixar alimentos, e outros produtos. “Ao longo da semana, as pessoas vão deixando aquilo que podem, como um quilo de arroz ou massa, fraldas, tudo aquilo que deixarem, faz falta a outros”. Neste sentido, tudo o que é deixado na igreja guarda-se na sede dos vicentinos, que actualmente se localiza no edifício da igreja, onde era antigamente uma papelaria. O presidente da Conferência vicentina garante que a sede “mais parece um supermercado”, recheado de produtos, que vão sendo retirados à medida que são distribuídos consoante as necessidades das famílias.
“São poucas as pessoas que sabem que nós existimos, existe pouca divulgação” Na verdade, esta “família” não espera que as pessoas venham até eles, são os vicentinos que vão a seu en-
contro. “Ouvimos falar que fulano tal está a passar mal, e lá vão os vicentinos verificar a situação”. E acrescenta, “as pessoas têm de nos provar que necessitam mesmo, através dos seus rendimentos, e também temos um vicentino na segurança social para verificar essa situação”. São nas reuniões vicentinas que se decide as ajudas a realizar. Nestas reuniões, realizadas de 2 em 2 semanas, na sede, que os vicentinos colocam “na mesa” casos que necessitam de ajuda, e a partir daí decide-se como se pode ajudar, e se existe possibilidade para tal. Álvaro Bizarro, que partilha a direcção com Luísa Ribeiro, recorda uma situação recente. “Na última reunião, um jovem falou-nos de uma menina que precisava de uns óculos e que os pais não tinham possibilidade de os pagar, nisto um vicentino foi até ao oculista saber do preço, e havendo possibilidade de os pagar a prestações, ficámos nós os responsáveis pelo seu pagamento”, recorda. Os vicentinos, já se responsabilizaram igualmente pelo pagamento de rendas de casa de famílias, que não tinham possibilidade de as pagar. O Presidente relembra “Pagámos durante uns meses uma renda de casa, de 350 euros, caso contrário as pessoas não tinham onde viver”. Deste modo, também os vicentinos já se responsabilizaram pelo pagamento da água ou da luz, para evitar “cortes”.
Loja vicentina em Sesimbra
O dinheiro conseguido para ajudar os mais desfavorecidos, vem de ajudas da Junta de Freguesia e da igreja, que os auxilia em tudo o que os vicentinos necessitam. Porém, a loja vicentina que vende e recebe roupa em segunda mão é mais uma fonte de rendimento para a instituição. Com a ajuda da Câmara Municipal de Sesimbra, os vicentinos conseguiram, há cerca de 1 ano, uma garagem que dá lugar a esta loja. Localizada na rua Dr. Manuel de Arriaga, em Sesimbra, a loja encontra-se repleta de roupa e
“Um vicentino terá de ser interessado, amigo do próximo e alguém responsável” utensílios em segunda mão, e encontra-se aberta todas as quintas e sábados, das 15h até às 18h. Uma loja que pretende apenas angariar apenas para ajudar quem precisa, vende de tudo um pouco. Neste sentido, Álvaro Bizarro, apela a todos o seu contributo, “tudo o que tiver em condições e que já não necessite, desde roupas, artigos de decoração e eletrodomésticos, pode deixar na nossa loja” E acrescenta “quem também quiser comprar coisas por um custo mais baixo, será bem recebido na nossa loja, e ajudará a nossa instituição”. Por outro lado, qualquer família que passe por situações difíceis, poderá igualmente levar o que necessita da loja, sem efectuar qualquer pagamento. Helena Martins, de 58 anos, e Maria da Conceição, de 74 anos (ver foto), passam horas na loja vicentina, em espera de novos clientes. Tanto uma como outra, adoram o que fazem pelos outros e não pensam em desistir. No entanto, ambas garantem que em média apenas 3 ou 4 pessoas vêm até à loja deixar utensílios e ajudar a instituição. Deste modo, Maria da conceição acredita que “são poucas as pessoas que sabem que nós existimos, existe pouca divulgação”. A vicentina Maria da Conceição
acredita que melhores tempos virão, e sonha que um dia deixará de existir tanto preconceito por coisas usadas. Na sua opinião “ainda existe alguma descriminação por este tipo de lojas, mas as pessoas deveriam ver primeiro, porque há coisas muito boas e baratas”, defende. De acordo, Helena Martins garante que “tudo está em boas condições, existem coisas praticamente novas”, apontando em direcção de uma máquina de lavar, na entrada da loja. Já Maria da Conceição, reformada, dedica esta fase da sua vida à instituição. Para ela, para se ser um verdadeiro vicentino existe uma regra, a que dá o nome de “coração aberto”. Na verdade “um vicentino terá de ser interessado, amigo do próximo e alguém responsável”, afirma enquanto arruma algumas camisolas nas prateleiras. Futuramente, acredita que a instituição poderá ganhar uma maior dimensão, e ajudar um maior número de famílias, mas apela a todos pelo seu contributo. De coração aberto, espera um novo “amanhã” para todas as famílias desfavorecidas, e acredita na sua ajuda a muitas vidas. Conseguir um novo sorriso é o seu único objectivo. Micaela Costa e Raquel Gomes (estagiárias)
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Eduardo Marques – “Ginja” Uma vida dedicada ao hóquei Eduardo Marques, mais conhecido como Eduardo “Ginja” – uma alcunha familiar – começou a aprender a jogar hóquei em patins com apenas 5 anos, arrastado pela euforia que a modalidade provocava na comunidade sesimbrense. Jogou no Grupo Desportivo de Sesimbra, no Sporting, no Benfica, no Barcelinhos e no Física Torres Vedras, regressando depois ao GDS. No final de uma carreira repleta de sucessos, decidiu afastar-se por completo – mas não coloca de lado a possibilidade de regressar. Como nasceu essa paixão pelo hóquei? Vivia-se a febre daquela equipa grande, a que ganhou a taça CERS, e os miúdos jogavam na rua, em todo o lado, onde calhava. Comecei com 5 anos, nos anos 80, comecei a patinar por essa altura – havia aquele entusiasmo. Depois fiz todo o processo de aprendizagem Nessa altura andava-se aí um ou dois anos a aprender a patinar – agora começa-se logo a jogar – e depois passávamos para a parte da competição, começávamos pelos escalões de escolas, infantis, depois iniciados, e por aí fora. Aqui em Sesimbra fiz os primeiros anos de Escolas, depois Infantis, Iniciados, e nessa altura fui para o Sporting.
Joguei até aos 38 anos, aqui em Sesimbra, embora nesta fase, a partir dos 29 ou 30 anos, as coisas já não corressem tão bem como no início, pois apareceram algumas lesões. Os jogadores sonham sempre em sair em “alta”, mas sabemos que é praticamente impossível: começa a aparecer uma lesão daqui, uma lesão dali… e depois o grupo já não era o mesmo, ainda tivemos uma equipa boa, durante 2 ou 3 anos, em que só não subimos por um ponto ou 2, mas entretanto a equipa foi-se renovando constantemente e foi-se perdendo um bocado. No último aniversário do GDS, o presidente Sebastão Patricio anunciou o seu abandono, com alguma pena… Se calhar, porque eu sempre fui um daqueles jogadores que vestia a camisola, era a chamada mística: uma coisa que não é palpável, e que vem do amor que temos ao clube, do amor que temos à modalidade, da paixão que temos em jogar e que vem, acima de tudo, de vitórias. E eu quando saí do GDS para outros clubes, já fui com essa dinâmica de vitórias, tinha aquela sede de ganhar. Quando regressei, coincidiu com uma geração que cá estava e que estava habituada a ganhar e a ter bons resultados. Se calhar existe alguma nostalgia por eu sair, porque sou talvez dos últimos que entrou com ele, Sebastião Patrício.O ano em que ele entrou para a direcção, foi também o primeiro ano em que eu vim para cá. De qualquer maneira, é o acabar de uma geração, se calhar por isso sentiu alguma nostalgia, mas isso é normal. E porquê esse abandono da modalidade? Em relação a não continuar como jogador, eu próprio senti que precisava
de descansar, apesar de gostar muito do hóquei, e disto ter sido sempre a minha vida, já estou com 38 anos e a idade não perdoa! Os melhores momentos que passei na minha vida foi com o hóquei, foi onde ganhei os meus melhores amigos, onde passei as maiores alegrias, mas chega uma altura em que começamos a ver as coisas de outra maneira: temos filhos, temos a nossa profissão, e começamos a dar mais atenção a outras coisas. Senti necessidade de descansar, se calhar para voltar a sentir saudades daqui a um ano ou dois, e regressar.
E como é que o Sporting o descobriu? Aí por volta dos 15 anos, começa a haver a competição a nível da Selecção Nacional, e a Federação costuma fazer torneios inter-associações: cada federação distrital faz uma selecção com os melhores jogadores de cada distrito, depois faz-se um torneio entre elas. Eu tinha idade de Iniciado, mas já particiO apoio do público à modalidade pava. Num desses torneios, em Sines, tem variado muito, ao longo do temjogámos contra a selecção de Lisboa, po? cujo treinador era o mesmo do Sporting, O público vai atrás de quem ganha: eu sobressaí ali um bocadinho e conviisso é assim aqui, e em todo o lado. O daram-me para ir para lá. Sesimbra tem tradição no hóquei porForam 3 anos no Sporting, ali comecei que apareceu aquela equipa fantástica a treinar mais a sério, mas também foi no final dos anos 70, início dos 80, que um período de muito sacrifício. Alguns batia o pé às grandes equipas, que gapais até pensam, erradamente, quando nhou uma taça europeia, sempre nos metem os filhos no futebol ou no hóquei, melhores lugares – e o público foi atrás pensam primeiro em ganhar dinheiro, disso: a equipa puxava pelo público e mas não é isso: é sempre preciso algum o público puxava pela equipa. Quando espírito de sacrifício para conseguir alessa geração saiu, outras gerações guma coisa. ainda conseguiram manter a equipa Nessa altura, já com 15 anos, eu ia durante alguns anos. Mas se os resulde transportes públicos: saía da escola tados não aparecem, o público também às 18:30, apanhava a carreira para Canão aparece. cilhas, depois apanhava outro autocarro Nos anos que subimos e quando espara o campo do Sporting, ou tivemos na 1ª Divisão, o publico então ia no carro do Luis Sénicompareceu sempre. Se isso volca, que jogava nos Séniores, tar a acontecer não tenho dúvidas Eduardo José ia o Luís a conduzir, comigo e que vão voltar. Dionísio Marques (Ginja) com o Artur, que nesse ano foi para os Juniores do Sporting. Dada a situação financeira do Data Nascimento: 17-01-1975 Treinávamos todos lá, mas país, e do clube, também há me37 Anos ; 1,70m; 67Kg com horários diferentes. nos recursos financeiros para o Nos dias em que coincidia hóquei… com os treinos dos Séniores, Pelo que eu sei, acontece com nós íamos com ele, e quando o hóquei, como acontece com o Clubes que representou: o Artur tirou a carta, iamos os futebol: o pagamento é zero, não qSesimbra qSporting qBenfica dois. Se não, ia de transportes estão a pagar aos jogadores, só qBarcelinhos qFísica Torres Vedras públicos, isto duas a três vezes as inscrições, mas isso faz parte Pamarés por semana, mais o jogo no fimda conjuntura que estamos a atraqCampeão Nacional Iniciados (Sporting ) 89/90 de-semana, mas neste caso já vessar. Sabemos que nesta altura qVice Campeão Nacional Juvenis (Sporting ) 90/91 ia com o meu pai de carro. E não há disponibilidade financeira qVice Campeão Nacional Juvenis (Sporting ) 91/92 para regressar a Sesimbra o para conseguir ir buscar jogadoqCampeão Nacional Juniores (Benfica ) 92/93 meu pai ia-me lá buscar, todos res que possam dar o mesmo qCampeão Nacional 1ª Divisão os dias, durante três anos. rendimento que outras equipas Seniores ( Benfica) 93/94 Ao fim de três anos, passei em Sesimbra deram há alguns qVencedor da Supertaça Seniores (Benfica ) 93/94 para o Benfica. Nesse primeiro anos atrás. Há que aproveitar a q Vencedor da Taça de Portugal ano do Benfica ainda não tinha formação, não existe outra saída, Seniores (Benfica ) 93/94 carta. Tinha 17 anos, o sistema embora a qualidade não seja a qCampeão Nacional 2ª Divisão Zona Sul mantinha-se: autocarro, metro. mesma de anos anteriores, é preSeniores (Sesimbra) 96/97 No Benfica já era treino todos ferível isso a acabar com os escaqCampeão Nacional 2ª Divisão Zona Sul os dias, já era mais a doer, mas lões Seniores. Contratar fora, nos Seniores (Sesimbra) 99/00 o meu pai já não me ia buscar: clubes do distrito, implica sempre Seleções eu vinha de transportes públipagar qualquer coisa, pelo menos qVencedor Inter- Regiões- Juvenis - 92 (A.P.Lisboa) cos. os transportes. qVice Campeão Europeu Juvenis - 92 Isto foi a fase da formação. (Sel. Nacional) Ainda no Sporting comecei a Quais os melhores e os pioqCampeão Europeu Juniores - 93 (Sel. Nacional) fazer parte das selecções nares momentos da sua carreira ? qCampeão Europeu Juniores - 94 (Sel. Nacional) cionais, e destaquei-me, fui Os melhores momentos da miqVice Campeão Taça Latina Seniores - 95 então para o Benfica e nessa nha carreira desportiva estão di(Sel. Nacional) altura já tínhamos um ordenarectamente ligados às vitórias e Internacionalizações Selecção Nacional do razoável para o Hóquei em títulos conquistados. Os CampeoTotal 22 jovos / 27 golos Patins, eramos solteiros, não natos Nacionais, as convocatórias tínhamos tantas despesas. para a Selecção Nacional e as
conquistas dos títulos Europeus de Juniores, bem como as subidas de Divisão pelo Sesimbra, ocupam logicamente lugar de destaque. Depois há também uma série de jogos na 1ª Divisão em que, com o pavilhão completamente esgotado, fizemos jornadas memoráveis, e tivemos momentos inesquecíveis vividos em equipa. Realço também, o privilégio que tive de poder partilhar, quer o balneário, quer a pista com alguns dos melhores jogadores do mundo, em determinada fase da minha carreira. Relativamente aos piores momentos, foram indiscutivelmente as lesões... infelizmente tive muitas e algumas delas bem graves... são momentos em que nos vamos abaixo e é preciso ter uma força interior muito grande para recomeçar do zero. Quando te dedicas exclusivamente ao desporto e estás impedido de o fazer não é fácil.
“Todo o jogador sonha em sair em alta ... mas na maioria dos casos isso não é possível!” Em que medida é que o hóquei o preparou para a vida extra desporto? Combinado com os estudos, o desporto em geral e neste caso particular o Hóquei Patins, é um factor essencial para a nossa formação e crescimento. No desporto ganham-se hábitos de superação, de espírito de sacrifício e de saber viver e trabalhar em equipa. Ganha-se também alguma “bagagem” ao nível do conhecimento das pessoas... conheces muita gente, umas boas outras nem por isso, e isso permite-te filtrar aqueles que se preocupam realmente contigo, porque no desporto é muito normal acontecer o aproximar de muita gente quando ganhas, mas quando perdes acontece exatamente o contrário. Os melhores amigos que fiz foi no hóquei e isso é a melhor herança que levo. Pensa que foi a altura exacta para o fim de carreira? Todo o jogador sonha em sair em altas...mas na maioria dos casos isso não é possível. Para os jogadores que jogam com paixão, existem algumas coisas difíceis de aceitar. O facto de perdermos uma rotina de muitos anos, os treinos, o cheiro do balneário, a adrenalina dos jogos... Contudo , com o passar dos anos vamos tendo a noção de que o corpo já não responde da mesma forma, e tornase inevitável dar lugar aos mais novos... sem dramas! J. A. Aldeia
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Mário Polido Piló “Um Príncipe de pé descalço” Nos anos anteriores à revolução de 1974, enquanto Portugal se definia como um país cinzento, atolado em guerras que não conseguia ganhar e silenciado pela polícia política, Sesimbra vivia uma certa euforia e cosmopolitismo, alimentados pelos turistas oriundos do norte da Europa, que injectavam dinheiro na economia local e traziam modas e costumes a que os portugueses não estavam habituados. Uma dessas novidades foi o “amor livre”, que aqui se traduzia na facilidade dos engates de praia que alguns musculados rapazes sesimbrenses faziam às jovens turistas nórdicas. Curiosamente, quem mais “aproveitou” essa janela de liberdade sexual, não foram tanto os jovens estudantes da classe média (ou remediada), mas sim alguns jovens de famílias de pescadores, que passaram a fazer parte duma galeria local de “machos latinos”: o Joaquim Lameirão, o Preto, o Pardal, o Passarinho, e também o Mário Jorge Piló. Sem estudos, iam para casa do Preto, por trás da Capitania, com um gira-discos, ouvir músicas em francês e inglês, para aprender algumas palavras, “que era para, de Verão, andar aí às miúdas estrangeiras – era o hábito!” Alguns destes romances de Verão acabaram por ter consequências na vida familiar e profissional dos jovens engatatões sesimbrenses que, apoiados nesses contactos internacionais, acabaram por procurar lá fora melhores rendimentos e a oportunidade de fugir à mobilização para as guerras coloniais. Tal foi o caso do Valentim, ou Pardal – irmão da Quitéria, que entrevistámos há um ano – que vive actualmente na Alemanha, e também do Mário Polido Piló, que vive na Bélgica, e que entrevistámos este Verão.
Mário Jorge Polido Piló pertencia a uma família numerosa – 10 irmãos, embora 4 tenham falecido muito novos – que vivia no largo da Torrinha, e que se mudou para o novo bairro Infante D. Henrique, onde o Mário acabaria por crescer. Já batidos nos “contactos internacionais”, um dia o Piló, Preto e o Joaquim Lameirão, tentaram “dar o salto” para o estrangeiro, passando por Elvas: “Chegámos lá, aquilo já era tarde, a malta adormeceu um bocado, depois já não deu para passar, estava muito perigoso, viemos para trás – eu fiquei danado com eles!”, desabafa. No seu caso, não era só para fugir à guerra: havia uma miúda à sua espera em Paris: “Naquela altura essa família veio para cá, esteve na minha casa, eram de Paris, eu então saí com a miúda, depois ela foi-se embora e deu-me o endereço para eu ir ter com ela”. Entretanto a mãe, “como conhecia muita malta do exército, por causa do marisco que o meu pai vendia”, conseguiu colocá-lo no Braço de Prata, para não fazer o serviço militar, e ali conheceu um rapaz de Castelo Branco, que o aconselhou a aproveitar a festa que havia na vizinha cidade espanhola de Alcântara: “Como é dia de festa, muita malta anda para cá e para lá, e aproveitas”. Foi em 1972, e assim conseguiu rumar até Paris. Porém, ao fim de algum tempo, a família da namorada francesa começou
a ter dúvidas: “Eles viram que as coisas estavam a ir muito longe”, e acabaram por encaminhá-lo para longe, para a cidade de Grenoble, onde havia muitas oportunidades de emprego na construção. Porém, sem papéis, nem tudo correu bem: “Passei um bocado mal. Trabalho havia, o problema eram os papéis. A minha mãe, coitadinha, já não tinha grande coisa para me oferecer, e eu: Ah, senhora, isto é a América! É uma beleza! Mas não era”. Nessa altura também se envolveu com o associativismo dos emigrantes: “Andei lá com aquela malta comunista, lá fazia-se teatro, para fazer compreender as pessoas como é que o país se encontrava naquela altura, para fazer compreender a malta que tinha de se revoltar”. Trabalhava como electricista, e foi vítima de patrões oportunistas: “Muitas vezes, chegava ao fim-de-semana, diziam: Ah e tal esta semana não pode ser, para a semana a gente paga. Depois trabalhava mais uma semana e não pagavam, e a partir daí um gajo procurava outra coisa. Fui roubado um bocado. Um bocadão! Mas não interessa: fazia parte”. Viveu num prédio onde a malta emigrante que tinha dificuldades ia para lá, mas aquilo não se conseguia dormir, era uma pouca-vergonha, era música, era argelinos, era jugoslavos, era portugueses, era tudo, tudo! Uma barulheira, não se conseguia dormir. A casa de banho, até no tecto, era uma sujidade incrível”. Depois conheceu dois rapazes franceses que o ajudaram: “E a partir daí comecei a trabalhar bem, depois consegui os papéis, tirei o diploma de electricista, andei na escola à noite para aprender o Francês, depois comecei a trabalhar bem. Ainda teve um “estúdio” onde viveu com outros portugueses de Castelo Branco, mas a experiência acabou mal, quando as drogas começaram a entrar em força: ”Eu sabia o que queria da vida, um charrozinho de vez em quando, ficava assim um bocado e tal,
mas aquela malta começava: – “Olha lá os elefantes no tecto…”.
Famílias…
Entretanto, a jovem francesa que o acolhera em Paris, apaixonada, foi várias vezes ter com ele a Grenoble. E o pai, ameaçava-o: “Olha, ou tu falas com ela e metes fim a isto, ou então vais para a prisão, que ela é menor”. Mário Piló diz que não quer entrar em pormenores, mas, ao longo da conversa, acaba por revelar muita coisa. A jovem “era uma rapariga muito bonita“, tinha feito filmes e publicidade, juntara “uma soma muito bonita”. Quando atingiu a maioridade, “com aquele dinheiro, aquilo foi uma festa durante quinze dias para festejar aquilo”. Casaram e tiveram um filho, mas o próprio Mário Piló tem mais que uma versão para o fim desta relação: “Ela foi habituada de uma maneira diferente da nossa, e então houve ali uma altura que… pronto, as coisas começaram a correr mal, e eu disse: “Vai para os teus pais, é melhor, tu foste habituada de outra maneira”, e assim foi”. Assim terá terminado a primeira de três relações familiares de quem teve filhos. No entanto, noutro ponto da entrevista, deixa adivinhar os motivos que levaram ao fim destas, como de outras relações: “O problema é que eu gostava tanto da vida, que eu ia para lá do limite. As mulheres perdoaram várias vezes, mas chegaram a um ponto, é lógico, que a pessoa chega um momento e diz: é pá. Piló, desculpa lá, eu vou-me embora …”
Regresso a Sesimbra, retorno à Europa
Regressou então a Sesimbra, trazendo consigo o filho: “Pus o meu filho a estudar no Liceu Charles Pierre, para não cortar as pernas ao miúdo, se um dia ele mais tarde quisesse ir para França. Mas depois tive de me ir embora outra vez, os estudos no Charles Lepierre, naquela altura, não eram para toda a gente, eu não podia continuar a pagar, a viver cá.”. Porém, mais uma vez, a praia de Sesimbra tinha-lhe proporcionado um conhecimento que lhe marcaria a vida: “Conheci aqui uma belga, que depois veio ter comigo a Grenoble”. Viveram naquela cidade, mudando depois para Bélgica, onde continuou a trabalhar como electricista: “O problema é que era muito mal pago, na Bélgica não pagavam a mesma coisa”. Ocorreu-lhe a ideia de montar um
snack em Bruxelas, e quando procurava um local, deparou-se com uma peixaria: “Tive sorte, num bairro que é um dos melhores bairros da Bélgica. Foi a minha sorte, ganhei muito dinheiro, trabalhei muito. Aquilo era só tudo malta chique.” Assim viveu vários anos, foi pai de dois gémeos. Até que lhe aconteceu um problema de saúde: “Parei, por causa dum problema no rim, já lá vão 21 anos”. Está agora reformado : “A maioria das pessoas não parava uma mina de ouro como eu parei. Eu sou uma pessoa que não fui muito agarrado ao dinheiro.” Entretanto, separado da segunda mulher, iniciou um novo relacionamento, de quem viria a ter duas filhas,: “É uma marroquina, filha de emigrantes, também. A minha sogra é argelina, ainda está viva, e o meu sogro, coitado, já morreu, era marroquino, vinha lá das montanhas. Tenho duas meninas, com 11 e 13 anos.” Mas também esta relação teria o seu fim, não chegando a casar oficialmente, “mesmo assim foram 16 anos.” Grande parte da vida actual de Mário Piló é dedicado às filhas: vivem com a mãe, mas Mário Jorge continua apoiá-las nas deslocações para a escola“.
Sempre Sesimbra
Mario Piló vem com regularidade a Sesimbra, onde reconhece e cultiva as recordações da infância e da juventude: as cores, os cheiros – que diz encontrar mais no campo do que na vila: “Ultimamente tenho vindo muito a pé, da Quintinha, subo a Quintola, venho às vezes pelo Castelo, às vezes pela Assenta, venho por ali baixo, a matar saudades, e os cheiros. A minha mãe, coitadinha, alugava muito a casa, e eu estive dois anos na Corredoura. Tenho saudades, o Castelo, a subir e a descer por ali abaixo, aquilo é tudo saudades, e adoro aquelas coisas, dá-me prazer e alegria”. Também mantém fidelidade às antigas amizades: “Eu sou uma pessoa que gosto de repartir, tenho muitas amizades. É como esta malta amiga, aqui em Sesimbra, mas isso também é uma coisa que se cria com simpatia, cria-se com o conviver das pessoas. Não é o ter a mania de estar no estrangeiro, ser melhor que os outros, como alguns fizeram, mas eu não: quando chegava cá, continuava a falar com a malta minha amiga, ia à doca, ia ter com eles”. Mário Piló recorda, da infância, “Uma vila que te dava tanto prazer. O turismo, a gente ia por vezes ao Hotel do Mar: money, money! No largo da polícia [largo Almirante Gago Coutinho] apareciam ali umas centenas de miúdos, dos 7 aos 18, aos 20 anos, na brincadeira. Aquilo era uma coisa! Vinha-se ver televisão no cafés. Os dias passavam-se na praia, havia sempre brincadeira, viviamos um bocadinho inconscientes. Ali no café do Júlio Alface, a pôr moedas na juke box” E Mário polido Piló resume a sua vida numa frase: “Fui um príncipe de pé descalço”.. João Augusto Aldeia
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Tertúlia Literária no Clube Sesimbrense Promovido pelo Clube Sesimbrense realizou-se no passado dia 12 de Outubro o primeiro encontro de “Escriturices e outras conversas - Tertúlia literária”. A ideia da tertúlia partiu de Ana Paula Costa, que a desenvolveu depois com João Augusto Aldeia, tendo sido escolhido como tema inaugural “A Liberdade”. Autores e livros cruzaramse com conversas sobre o nosso diaa-dia e o quase inevitável olhar sobre as últimas eleições autárquicas. O encontro começou com uma evocação de Urbano Tavares Rodrigues e alguns temas da sua obra, nas palavras de Ana Paula Costa, que teve o privilégio de conhecer pessoalmente o escritor. A obra “Felizmente há Luar” de Luís de Sttau Monteiro foi o tema seguinte. A narrativa passa-se em Outubro de 1817, Portugal vivia debaixo do protectorado inglês exercido pelo marechal Beresford. O general português Gomes Freire de Andrade é acusado de liderar uma revolta liberal e enforcado junto ao forte de S. Julião da Barra. Escrita em 1961, esta obra não escondia as referências a outro general, Humberto Delgado e às “eleições” de 1958, como que a querer provar as referências narrativas também o regime através da sua polícia politica viria a assassinar Humberto Delgado em 1965. Como peça de teatro teve a sua encenação proibida durante o antigo regime e foi preciso esperar pelo ano de 1978 para subir à cena num palco em Portugal. Mas rapidamente a tertúlia se centrou em aspectos directamente ligados às recentes eleições, excelente alibi para medirmos o grau da nossa actual liberdade política. Apesar de ter dominado o debate, a política não excluiu da conversa outras dimensões da Liberdade: a evocação de um outro autor, Albert Camus, e do seu livro “O Estrangeiro”, a história de um homem que foi condenado à morte, não tanto pelo crime que pra-
ticou – que não justificava uma pena tão radical – mas essencialmente por “não ter chorado no funeral da mãe”. A Liberdade (ou a sua ausência) medese aqui pela autonomia que temos (ou que não temos) para decidir da nossa vida, sem os condicionamentos morais da sociedade em volta. Já era tarde, e não foi fácil “arrancar” as pessoas da sala, mas o próximo encontro já está marcado para o dia 9 de Novembro pelas 22 horas, onde o mote será o livro de José Gil “Portugal, Hoje – O Medo de Existir”. Tenho a certeza que ainda mais pessoas vão querer passar uma noite de sábado em Tertúlia literária no Clube Sesimbrense. Numa época em que temos acesso a mais de 150 canais de televisão e milhares de páginas na Internet abordam temas de literatura, é bom sentirmonos sentados ao calor de uma fogueira-de-saberes-diversos, a contar e a ouvir contar histórias de outros tempos que afinal se revelam ser narrações do nosso quotidiano.
Grupo Coral: 25 anos
O Grupo Coral de Sesimbra comemorou os 25 anos de existência com um excelente espectáculo, no passado dia 20 de Outubro no cine-teatro João Mota. Começou com uma pequena cena teatral, em tom humorístico, recriando um ensaio de um... grupo coral, à espera do maestro. Seguiuse uma evocação da história do Grupo, e as comemorações continuaram com um conjunto de artistas de Sesimbra, ou com ligações familiares a Sesimbra: Júlio Panão, Eduardo Silva (“Coté”), Zé do Mar, Vozes do Alentejo e Lara Afonso. Maria José Ruivo e Álvaro Bizarro declamaram poemas, incluindo um de David Sequerra dedicado ao aniversariante, e que reproduzimos ao lado. A terminar, uma actuação notável do Grupo Coral de Sesimbra, sendo visível, no final, a satisfação do público, que encheu a sala, e que foi ainda agraciado com a oferta de um CD com interpretações do Grupo Coral.
Com toda a solenidade Vivem-se momentos bons De muita felicidade. Sesimbra, Vila Piscosa, Tem o seu Grupo Coral E pode estar orgulhosa Mesmo à escala nacional. Mais “meninas” que “meninos” Alegremente a cantar Baladas, trovas e hinos Com qualidade invulgar. Sem favor e sem desdouro De bajulice barata O Coro merece o Ouro Mesmo nas “Bodas de Prata”. Com simpáticas Avós Dispostas a agradar Aos netos e a todos nós Que nunca vos falte a voz Que é p’rá gente apreciar. Neste momento o que eu sinto E vos quero transmitir: Que venham mais vinte e cinco Com saúde e a sorrir! David Sequerra
Dia Mundial do Mar O livro de José Gil: “Portugal, Hoje – O Medo de Existir”, será o tema da próxima Tertúlia Literária, no dia 9 de Novembro.
A Administração dos Portos de Sesimbra e Setúbal (APSS) comemorou o Dia Mundial do Mar com uma palestra, no passado dia 25 de Setembro, tendo como orador convidado João Figueira de Sousa, que falou sobre “Cidades portuárias, Territórios inteligentes e competitivos”. As comemorações incluíram ainda um passeio de jovens
no “Hiate de Setúbal” e um exercício de Luta Anti-Poluição. Um dos temas abordados pelo orador foi o das relações entre as administrações portuárias e as autarquias locais, que referiu terem melhorado muito relativo ao passado, tendo dado como exemplo desse período menos bom, o caso em que o presidente da Câmara de Setúbal, contrariado pelo facto da APSS ter autorizado a instalação de uma bomba de gasolina, bloqueou o acesso dos automobilistas durante três dias. No entanto, a atitude da APSS – instalar uma bomba de gasolina no centro da cidade, sem antes consultar a Câmara, também não é exemplo que se recomende. No final da palestra, em declarações exclusivas para O Sesimbrense, o presidente da APSS, Vitor Caldeirinha caracterizou a relação entre aquela autoridade portuária e a Câmara de Sesimbra, classificando-a como “muito boa, excelente. O eng. Carlos Lopes manteve essa boa relação, e eu próprio, logo na primeira reunião que tive com o presidente da Câmara de Sesimbra, correu muito bem, foi uma reunião excelente. Obviamente que essa relação tem que continuar a ser trabalhada, há sempre coisas a melhorar, tal como acontece aqui em Setúbal”.
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14º Aniversário do Clube Escola de Ténis de Sesimbra
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Travessia da Baía A manhã soalheira, do passado dia 5 de Outubro, acolheu mais uma edição da tradicional Travessia da Baía de Sesimbra. Este ano foram cerca de 300, os atletas federados e populares, que percorreram 1500m, nesta competição de natação de águas abertas. Pela primeira vez, a Travessia da Baía contou com a participação de 18 atletas, nascidos no ano 2000, sendo-lhes conferido o escalão de Infantil A. Nas classificações finais absolutas, destaque para a equipa do Sporting Club de Portugal, que ocupou os três lugares no pódio, em masculinos.
Já em femininos, realce para a Soc. Fil.União Art. Piedense, que colocou duas das suas atletas nos lugares cimeiros. Destaque ainda, para os muitos participantes sesimbrenses, que uma vez mais marcaram presença nesta prova, vincando esta tradição de Sesimbra, que é transversal a várias gerações. Organizada pela Câmara Municipal de Sesimbra, a Travessia da Baía de Sesimbra contou com o apoio do Clube Naval, Delegação Marítima, Bombeiros Voluntários, Polícia Marítima, Associação de Natação de Lisboa, Continente e Águas São Silvestre.
Estádio Vila Amália com novo relvado Decorreram durante os meses de Setembro e Outubro as comemorações do 14º Aniversário do Clube Escola de Ténis de Sesimbra, as quais integraram o Campeonato Absoluto do Concelho de Sesimbra e vários torneios em diversos escalões etários. O jantar oficial que teve lugar no dia 19/10/2013 em Alfarim, num evento muito animado, encerrou as actividades, contando com a presença do presidente da autarquia Augusto Pólvora e de Francisco de Jesus presidente da Junta de Freguesia do Castelo, entre cerca de sessenta convidados, sócios e atletas onde pontuaram muitos jovens. Aproveitando a ocasião, a direcção do CETS decidiu homenagear três antigos directores, que por motivos de saúde se viram forçados a abandonar a prática do ténis e consequentemente um salutar convívio enquanto frequentadores das instalações do clube. Jorge Gouveia, Luis Saramago e Vítor Sevilhano, integraram o primeiro elenco directivo e colaboraram de forma dinâmica na promoção do ténis e do clube como principal representante da modalidade no concelho. Foram portanto, presenteados com uma placa evocativa, da sua reconhecida dedicação, em prol do movimento associativo e do ténis em particular. No final e antecedendo a cerimónia do “corte do bolo de aniversário”, foram entregues os troféus aos atletas vencedores dos torneios disputados.
Classificações: Camp. Absoluto Campeão –Fábio Rocha Vice Campeão – Marco Pires Semi finalistas – Rui Ribas e José Pina Vet+ 35 1º - J. Pina 2º - João P. Pereira Semi finalistas – P. Santos e N. Correia Vet. + 45 1º - P. Roque 2º - R. Ribas Semi finalistas - J. Barreira e Rui Gil Vet.+ 50 1º Patrick De wit 2º João P. Aldeia Semi finalistas - Pedro A. Dias e Guilherme Marques Pares Livres 1ºs – F. Rocha/M. Pires 2ºs – J.P. Aldeia/A. Aldeia Semi finalistas – J. Barreira/J. Ponte e J. Pina/R. Ribas Sub – 12 1º - Martim Covacich 2º- Duarte Costa 3º - Afonso Covacich 4º - António Vicente Sub – 14 1º - Pedro Duarte 2º - Diogo Luis 3º - João Peixito 4º - Martim Serrano 5º - Tiago Martins 6º - J. Carlos Pinto 7º - Diogo gato Sub – 14 (Fem.) 1º Andreia Leal Sub – 16 1º - Tiago Silva 2º - J. Nuno Pinto 3º- Leonardo Rodrigues 4º - Rui Filipe Gil
Ruas com novos degraus Um nosso leitor solicitou-nos que fizéssemos referência ao facto das recentes obras realizadas pela Câmara na via pública, terem colocado degraus na rua da Caridade, e na rua Marquês do Pombal, onde não existiam antes. A verdade é que aqueles degraus, embora de pequena dimensão, constituem um obstáculo para pessoas com mobilidade reduzida. Mas também tem havido queixas, subsequentes a quedas, sobre degraus de forma irregular, como acontece ao cimo da rua Serpa Pinto - que tendem a confundir os peões: os degraus devem, sempre que possível, ser paralelos e de dimensões idênticas. Contactada a Câmara sobre este assunto, respondeu-nos o seguinte: «A criação de degraus na rua da Caridade e rua Marquês de Pombal vem na sequência de intervenção
de requalificação destes arruamentos no âmbito da requalificação do núcleo antigo da vila e vem na linha de outras intervenções no passado como é o caso da rua da Paz e rua dos Pescadores em que se procura conciliar a circulação de peões com a viabilização de explanadas sem o recurso aos inestéticos estrados metálicos ou de madeira que eram usadas para nivelar as esplanadas e aumentavam a insegurança das ruas em caso de emergência por condicionarem a respectiva acessibilidade. «A existência de degraus mais largos ou desiguais não é assim uma novidade destas intervenções mais recentes mas sim uma solução já testada noutras ruas e presentes em ruas mais antigas como a D. Sancho I e Guerra Junqueiro.»
O verde já regressou ao Estádio Vila Amália, com o novo relvado a crescer a olhos vistos. De acordo com a firma responsável pela recuperação do relvado, o GDS prevê que até ao final do mês de Novembro a equipa de futebol sénior do clube possa regressar ao seu ambiente tradicional no Vila Amália, embora esta situação esteja também dependente da evolução das condições climatéricas. A par da recuperação do relvado, o Grupo Desportivo de Sesimbra e a Câmara de Sesimbra ��������������� –�������������� entidade proprietária do Estádio – vão efectuar um conjunto de diversos melhoramentos em todo o Estádio, melhorando assim as suas condições para todos os agentes desportivos e espectadores. Para financiar a recuperação do
relvado, o Grupo Deesportivo de Sesimbra levou a cabo diversas iniciativas no Verão, tais como um parque de diversões (Lunapark) e uma tourada, que tiveram lugar no próprio Estadio, já depois de retirada o relvado anterior, que se apresentava em más condições. A previsão de que o projecto urbanístico previsto para a avenida da Liberdade, financiasse a reconstrução do Estádio Vila Amália, levou a que a Câmara e o GDS não tivessem investido na recuperação daquelas instalações. No entanto, desfeita a ilusão de que esse projecto se poderia concretizar a curto prazo, volta-se a investir no velho estádio construído em terrenos cedidos por Amália Caldeira Monteiro.
Propriedade de terrenos junto ao mar Segundo o Diário de Notícias, os donos de terrenos situados nas margens costeiras e fluviais (numa faixa de 50 metros do mar e 30 dos rios) podem vir a perder o direito sobre as propriedades que têm, já no início de 2014, passando a propriedade para o domínio público hídrico se os proprietários não conseguirem provar, nos próximos três meses, que já eram privadas há 150 anos. Segundo a Lei 54/2005, se tal não for feito, o Estado pode vir a cobrar uma taxa pela ocupação, segundo o Diário de Notícias, ou mesmo mandar desocupar o espaço, sem direito a indemnização. O assunto deverá ser debatido na Assembleia da República.
O SESIMBRENSE | 1 DE NOVEMBRO DE 2013
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O SESIMBRENSE
Luis Taklim participou, em Outubro, numa edição do programa televisivo da SIC, “Factor X”, destinado a revelar talentos artísticos. Com um excelente desempenho, o nosso conterrâneo foi facilmente apurado para a fase seguinte do programa: uma merecida visibilidade para este talentoso cantor e compositor. Liga dos Amigos de Sesimbra
Assembleia-Geral Ordinária CONVOCATÓRIA
Nos termos do artigo 14.º n.º 2 dos Estatutos da Liga dos Amigos de Sesimbra, convoco os associados para a Reunião Ordinária da Assembleia Geral a realizar no dia 22 de Novembro de 2013, Sexta-feira, às 21h00 horas, no espaço da redacçao do jornal O Sesimbrense, sito no 6º piso - Loja BL9, do terraço do edifício Califórnia, com a seguinte ordem de trabalhos: 1 - Eleição dos Orgãos Associativos para o biénio 2014/2015 2 - Posse da mesa da Assembleia-Geral Se à hora marcada não estiverem presentes pelo menos metade dos associados efectivos, a assembleia reunirá meia hora depois (21h30) Chamamos a atenção dos respectivos associados que, nos termos dos Estatutos da LAS, se dará especial atenção aos artigos 6º, alínea b) n.º 2, artigo 7º, n.º 2 e n.º 4, alínea c).
Sesimbra, 21 de Outubro de 2013 O Presidente da Assembleia-Geral
(José Eduardo Martins)