O Sesimbrense - Edição 1187 - Junho 2014

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Fundador: Abel Gomes Pólvora

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Edição Online: www.osesimbrense.com.pt

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Diretor: Félix Rapaz

ANO LXXXVIII • N.º 1187 de 1 de Julho de 2014 • 1,00 € • Taxa Paga • Sesimbra - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. • DE00722014RCMS/RL)

Maria Helena Leite “ Uma pintora com Sesimbra no olhar e na ponta dos dedos”

Página 9

Quinta do Conde em retroespetiva

Summer Cup 2014 Página 14

Página 11

24º Aniversário da ACD COTOVIA Página 15


O SESIMBRENSE | 1 DE JULHO DE 2014

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Farmácias de Serviço

nBombeiros Voluntários de Sesimbra Piquete de Sesimbra: 21 228 84 50 Piquete da Quinta do Conde: 21 210 61 74 nGNR Sesimbra: 21 228 95 10 Alfarim: 21 268 88 10 Quinta do Conde: 21 210 07 18 nPolícia Marítima 21 228 07 78 nProtecção Civil (CMS) 21 228 05 21 nCentros de Saúde Sesimbra: 21 228 96 00 Santana: 21 268 92 80 Quinta do Conde: 21 211 09 40 nHospital Garcia d’Orta Almada 21 294 02 94 nComissão de Protecção de Crianças e Jovens do Concelho de Sesimbra 21 268 73 45 nPiquete de Águas (CMS) 21 223 23 21 / 93 998 06 24 nEDP (avarias) 800 50 65 06 nSegurança Social (VIA) 808 266 266 nServiço de Finanças de Sesimbra 212 289 300 nNúmero Europeu de Emergência 112 (Grátis) nLinha Nacional de Emergência Social 144 (Grátis) nSaúde 24 808 24 24 24 nIntoxicações - INEM 808 250 143 nAssembleia Municipal 21 228 85 51 nCâmara Municipal de Sesimbra 21 228 85 00 (geral) 800 22 88 50 (reclamações) nJunta de Freguesia do Castelo 21 268 92 10 nJunta de Freguesia de Santiago 21 228 84 10 nJunta de Freguesia da Quinta do Conde 21 210 83 70 nCTT Sesimbra: 21 223 21 69 Santana: 21 268 45 74 nAnulação de cartões SIBS (Sociedade Interbancária de Serviços) 808 201 251 Caixa Geral de Depósitos 707 24 24 24 Santander Totta 707 21 24 24 Millennium BCP 707 50 24 24 BPI 21 720 77 00 Montepio Geral 808 20 26 26 Banif 808 200 200 BES 707 24 73 65 Crédito Agrícola 808 20 60 60 Banco Popular 808 20 16 16 Barclays 707 30 30 30

EDITORIAL

Felix Rapaz

Contatos uteis

Que o arraste de fundo é muito mais prejudicial do que linhas e anzóis, já sabíamos há muitos anos, mas, que uma rede de arrasto pode ter um impacto equivalente a 1700 linhas de anzóis, os palangres, é um elemento que vem reforçar a recente proibição da pesca de arrasto de fundo, na maior parte das águas portuguesas. É verdade que a medida, que consta de uma portaria de novembro de 2013, tem efeitos delimitados: aplica-se apenas à frota nacional e exclui grandes áreas junto à costa. No entanto, é de

realçar a defesa de ecossistemas sensíveis, bem como a biodiversidade. Os pescadores de Sesimbra desde 1481/82 nas Cortes de Évora clamaram junto do poder real pela condenação do arrasto. Esta luta percorreu o tempo e chegou aos nossos dias como uma verdade absoluta: os homens do mar de Sesimbra são sábios. A vida e o trabalho deu-lhes o conhecimento de que a pesca só tem futuro se for garantida uma exploração sustentável dos fundos marinhos na plataforma continental.

Investir em tempo de crise

Mira Serra Supermercados na Cooperativa Zambujalense Com o apoio:

Farmácia da Cotovia Avenida João Paulo II, 52-C, Cotovia

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Edição publicada segundo o novo acordo ortográfico

Em Junho de 2014, com o fim do plano de resgate internacional, José Anazário Lopes Carvalho, resolveu abrir um novo negócio. Após algum cepticismo e muita ponderação, a opção acabou por recair num estabelecimento, no mesmo ramo de negócio de que sempre viveu, desde 2001, os supermercados. Mira Serra, localizado no Zambujal, é um complemento da sua loja localizada na Rua da Paz, em Sesimbra. Sob a insígnia AQUI É FRESCO, da central de compras Unimark à qual José Anazário está agregado como trabalhador independente, os estabelecimentos distinguem-se pela oferta diversificada e pela qualidade dos produtos. O empresário sesimbrense explica a razão da sua decisão: “De entre outras razões, pesou o facto de querer

e poder ajudar os meus filhos. Como residimos na zona, juntámos o útil ao agradável. É necessário ter espírito empreendedor, principalmente em tempos de crise. É evidente que é um risco. Exige um esforço muito maior da nossa parte, mas quem sabe se não compensará!” A intuição de José Anazário, vai de encontro aos cerca de 16000 empresários que, até Maio deste ano, constituíram empresas em Portugal. Com este investimento, consolidou o número de postos de trabalho, e pretende dinamizar, um pouco mais, a área envolvente do estabelecimento, com o objectivo de atrair novos clientes, tornando aquela localização num factor crítico de sucesso. Jovita Lopes


Delegado de Saúde interdita prática balnear

Lagoa de Albufeira de cartão vermelho

O Delegado de Saúde Regional de Lisboa e Vale do Tejo determinou no passado dia 23 de junho a interdição da prática balnear na Lagoa de Albufeira, em Sesimbra, na sequência do encerramento da ligação entre a lagoa e o mar. Segundo um comunicado da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, esta medida tem como objetivo “reduzir a exposição ao risco para a saúde da população”. “Esta decisão foi sequência do encerramento da comunicação entre a Lagoa de Albufeira e o oceano, facto que impede a renovação da água e torna suscetível a ocorrência de uma eventual deterioração da sua qualidade, que se traduzirá num aumento de risco para a saúde pública”, refere o documento. O Município exige desassoreamento da Lagoa e garantiu em comunicado ter procedido várias vezes à reabertura da Lagoa de Albufeira, que foi interdita à prática balnear, reforçando que o desassoreamento da lagoa é da responsabilidade da Agência Portuguesa

do Ambiente (APA). “A autarquia já informou por diversas ocasiões a APA da necessidade de se efetuar uma grande obra de desassoreamento da lagoa, uma medida vital para garantir a abertura prolongada da mesma”, refere o comunicado divulgado pela CMS. No mesmo comunicado a autarquia reforça ainda que: “importa esclarecer que a Câmara Municipal de Sesimbra não tem qualquer responsabilidade nesta situação, e que, por sua iniciativa, tem vindo a fazer há vários anos a abertura da Lagoa ao oceano no equinócio da primavera, com o objetivo de assegurar a qualidade das águas, o equilíbrio da flora e fauna, e a saúde pública, substituindo-se assim à Agência Portuguesa do Ambiente (APA), entidade que tem esta obrigação”. Fátima Rodrigues

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Explosão no Porto de Abrigo

Foto: Pedro Mendes

ATUALIDADE

O SESIMBRENSE | 1 DE JULHO DE 2014

No dia 5 de junho, ocorreu no porto de abrigo em Sesimbra uma explosão numa embarcação de Peniche, de nome “Joselito”, que ali se encontrava e que trabalha nas águas de Sesimbra. Segundo informações locais os dois tripulantes que aqui se encontravam estavam fora da embarcação. Ao que tudo indica foi uma explosão

de gás. Os dois tripulantes tinham ido jantar quando o acidente ocorreu. A explosão fez tremer muitos dos vidros das janelas dos edifícios das docas, tendo a ponte do leme ficado praticamente destruída. Fátima Rodrigues


O SESIMBRENSE | 1 DE JULHO DE 2014

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LOCAIS

Observatório Local para o Desenvolvimento Sustentável

“Turismo e Sesimbra em debate” Decorreu no passado dia 31 de Maio, o 4º Debate do Observatório Local para o Desenvolvimento Sustentável, da Liga dos Amigos de Sesimbra (LAS). Cujo tema foi “Turismo em Sesimbra. Viver, Investir e Visitar”. No decorrer do debate muitas foram as manifestações sobre as preocupações dos empresários no desenvolvimento turístico do concelho. Pedro Caetano no seu discurso referiu que: “Sesimbra pode ser a capital do mergulho”, motivo pelo qual é fundamental os investimentos no “desenvolvimento sustentável do turismo em Sesimbra aproveitando o que a nossa costa e o nosso mar tem para oferecer a quem

nos visita”, salientou. Jori da Silva afirmou que, “ antes de promover o meu produto, preciso promover o meu destino. Cada vez mais sofremos com a descriminação da vila, Há pessoas que não sabem o que Sesimbra tem para oferecer” deixando no ar uma questão: “as pessoas quando pensam em Sesimbra o que lhes vem á cabeça? Peixe e praia. Mas as pessoas já não procuram só isso.” Rachide proprietário da – “Gosto de viver em Sesimbra, isto é um paraíso e sempre que posso promovo a nossa imagem lá fora.” José Oliveira, proprietário do Onda Selvagem falou da sua

experiencia enquanto empresário e salientou o facto de terem de “apostar nas pessoas, porque as pessoas são o mais importante no turismo. Sesimbra é um todo”. Já, Joffre Justino na sua intervenção considerou que, são os empresários que “têm de resolver o problema, se tivermos 500 000€ organizados podemos fazer melhor”. Carlos Sargedas encerrou o debate, apresentando a sua novo filme promocional sobre Sesimbra e o Turismo direcionando ao cinema e referiu que, “há anos que aposto neste mote para Sesimbra, promover os cineastas e os filmes que já foram filmados nas nossas paisagens, mas o meu empenho não tem tido os resultados desejáveis. O poder político continua com falta de visão nas apostas que nos dão destaque no mundo”.

“Coesão Territorial, na Lógica da sustentabilidade” Decorreu no passado dia 28 de junho, na Junta de Freguesia da Quinta do Conde, o 5º Debate cujo tema foi Coesão Territorial, na Lógica da sustentabilidade. O debate pretendeu colocar em conferência as diversas perspetivas da multiplicidade de burocracias que condicionam o quotidiano da população. Conduzido por José Fidalgo a iniciativa concentrou em si o interesse de dirigentes associativos, autarcas e cidadãos, revelando-se um momento de partilha de opiniões sobre conceitos de coesão e as implicações que as mesmas assumem nas nossas vidas. Lançado o repto, do urbanismo e falou de “habitação uma oportunidade perdida ou ganha na coesão do território? Ao qual

Os Million Dollar Lips atuam, no dia 17 de julho, no 20º Festival Super Bock Super Rock, na herdade do cabeço da Flauta, no Meco.

Joaquim Sabino presidente da comissão de moradores da AUGI 43 e Fernando Serpa da AUGI 18, responderam prontamente sobre os problemas e burocratizações existentes no processo de legalização. O nascimento das áreas urbanas de génese ilegal, a par da sua complexidade bem como o processo de reconversão das referidas áreas, constituíram o mote das intervenções. Joaquim Sabino na sua intervenção recordou que, “existem muitas burocracias e muitas pessoas estão a passar dificuldades financeiras e não conseguem corresponder às suas responsabilidades no processo”. O cidadão referiu ainda que dada a não legalidade das suas casas, muitas vezes “ficamos

com o lixo semanas por recolher, tornando-se uma questão de higiene urbana grave e de cariz ambiental, lamentável”. Américo Gegaloto, residente na quinta do conde e vereador do PS, referiu na sua intervenção o planeamento do território da Quinta do Conde e a falta de acompanhamento nos processos de reconversão urbanística referiu ainda a questão dos transportes e da segurança naquela que é a maior freguesia do concelho de Sesimbra. “A segurança nas vias é fundamental e nesta freguesia não nos sentimos tranquilos, pelo que muitas vezes em momentos de lazer desloco-me a outros concelhos para usufruir de condições melhores e mais tranquilas”. Fátima Rodrigues

A banda sesimbrense está, atualmente, a promover o o seu novo single do 2º álbum, o qual foi apresentado no dia 21 de junho no Gliese Bar

em Sesimbra. Dia em que o álbum foi colocado à venda, sendo expectável que, um mês mais tarde, a 17 de julho, os festivaleiros do Meco já possam ouvir alguns temas inéditos dos Million Dollar Lips. O álbum foi produzido pelos próprios músicos, e masterizado por Tiago Sousa, e estará em evidência, igualmente, no Festival do Rock no Rio Sado, a 15 de Agosto, e no Sabotage Rock Club de Lisboa, em setembro. Fátima Rodrigues

Países unidos pelo calor da música

Samba volta a animar Sesimbra

Vai realizar-se nos dias 25, 26 e 27 de julho o MegaSamba 2014 que conta com cerca de três centenas de inscrições. Ricardo Alves (chora), presidente do GRES Bota no Rego /COMITÉ co-organizador da iniciativa, explica ao Sesimbrense como tudo vai acontecer. Quantas pessoas vão participar? O ano transato contamos com cerca de 300 inscrições de ritmistas, diretores de bateria e músicos para em conjunto formar a MEGA-BATERIA, a maior alguma vez existente em solo português, e cerca de 25 passistas, indiretamente participaram muito mais, desde familiares, amigos, acompanhantes e público em geral pois parte dos nossos eventos são de música ao vivo, são de assistência gratuita e que sempre fica lotado de curiosos e sambistas. O Bota no Rego é o único organizador? O Bota no Rego é o coorganizador conjuntamente com a sua congenere Suíça, o G.R.E.S. Unidos de Geneve (Genebra - Suíça), mas somos o principal organizador pois praticamente toda a logística, patrocinadores, apoios, locais, enfim, grande parte do trabalho de organização, muito embora seja em conjunto, tem de ser efetuada impreterivelmente aqui por nós pois o evento é em Sesimbra. O que vamos ter no Mega Samba 2014? Para alem de bandas ao vivo de música brasileira irá acontecer como sempre e é apanágio, ensaios por naipes de instrumentos e ensaios gerais/ técnicos e de passistas com coreografia para acompanhar o trabalhar que a MEGA-BATERIA irá efetuar na sua apresen-

tação de domingo á tarde no Largo da Marinha. Este ano as novidades são muitas. Teremos workshop´s de Samba no Pé, Frevo e Maracatu, de Timbal e de Percussão Geral, e os mesmo serão ministrados por passistas e músicos de escolas de samba oriundas do Rio de Janeiro/Brasil (GRES Unidos da Tijuca, Ana Filipa Alves, atual campeã do carnaval do Rio de Janeiro), e de S.Paulo/Brasil (GRES Mancha Verde, Mestre Cajú, Rosas de Ouro, a Flávia e Mocidade Alegre a Lili Nascimento, atual campeã do carnaval de S Paulo) e a maior novidade será que a MEGA-BATERIA será dirigida por um mestre de Bateria de uma escola de samba de São Paulo, um profissional da área, o mestre Cajú, fato nunca visto em Portugal e que nos enche de orgulho nesta caminhada pelo associativismo voluntário, pela troca de experiência e pelo dinamismo que traz á nossa vila, para as associações carnavalesca existentes e pelos valores que isso representa em termos de aprendizagem futura. Os workshop´s têm um valor simbólico de € 5,00, e será de aproveitar esta oportunidade unica,pois estes intervenientes tão cedo não se deslocaram a Sesimbra. Contamos com a presença e a ajuda de todos, fazemo-lo pelo gosto, pela vila, pela música, e pelo convívio saudável que estes eventos sambistas sempre trazem. Fátima Rodrigues


PESCAS

O SESIMBRENSE | 1 DE JULHO DE 2014

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Opinião Tanto Mar

em projeto que estuda a costa

pescarias em cinco pontos da costa portuguesa, de forma a encontrar, formas de melhorar a sustentabilidade ambiental,

Carina Reis

A Docapesca em parceria com as associações Sciaena e SPEA, vai desenvolver um projeto para caracterizar as

As nossas embarcações estão constantemente a serem multadas por as artes não estarem sinalizadas de acordo com a legislação em vigor. Se tal acontece é porque esta legislação é incomportável para a pequena pesca. Todos os armadores cumprem, desde há muito, com o requisito de terem as bóias marcadas com o nome e matrícula da embarcação. Mas esta legislação pedelhes também um mastro de dois metros, com uma bandeira, com um refletor de radar e um pisca. É inquestionável que os armadores não têm condições financeiras para colocarem em cada bóia um refletor de radar e um pisca, não só porque o investimen-

to inicial seria altíssimo, como pelo fato de o mar com as suas intempéries rapidamente danificar estes equipamentos, exigindo uma frequente substituição. Relativamente aos mastros, numa tentativa de evitar multas, alguns armadores, acrescentam à bóia um mastro de meio metro com uma bandeira, uma vez que é impossível trabalhar com mastros de dois metros. Ao contrário do que a fiscalização afirma, todas estas regras podem constituir um perigo para a segurança das embarcações e tripulantes, e não o inverso. Esta enorme preocupação já foi discutida com as autoridades competentes, que nos garantem que o assunto está a ser estudado.

social e económica da atividade. O Projeto designado Val+, pretende valorizar o produto da pesca local, transacionado em lota, sendo financiado pelo programa PROMAR. Esta iniciativa vai decorrer nos portos de Santa Luzia (Tavira), Sagres (Vila do Bispo), Sesimbra, Peniche e Póvoa de Varzim. A edição piloto, que se iniciou em Santa Luzia, vai incidir sobre artes de pesca mais seletivas, como covos ou alcatruzes, pesca à linha e palangre. Fátima Rodrigues

Enquanto o tempo passa as multas surgem. Hoje multam uma embarcação, mas na verdade a fiscalização desde que saiu do porto passou por várias artes e todas estão sem cumprir com todos os requisitos. E todas estão sem cumprir todos os dias. Claro que se os multassem a todos ao mesmo tempo, o que se esperaria não seria mais do que uma contestação conjunta, e rapidamente cairia por terra o argumento de que esta legislação é pensada para benefício dos pescadores. É mais fácil ir multando hoje uma embarcação, amanhã outra, hoje são 150€, e daqui a uns dias outros 150€, e assim com uma frequência regular, vão-se arrecando receitas à custa de quem trabalha. O que mais nos revolta é que a própria regulamentação europeia permite a Portugal regular a legislação para dentro das 12 milhas, e por isso é o próprio governo português que impõe todas estas medidas restritivas, prejudicando os seus próprios armadores. Resta-nos esperar que acabem de uma vez por todas de estudar o assunto e dêem (em vez de tirarem) condições de trabalho a quem quer trabalhar.

O mar está na moda. Para alguns esta é uma moda recente, para outros, é moda mais antiga. Há dias deparei-me com uma crónica no DN assinada por Jorge Silva Paulo, Capitão-demar-e-guerra na reserva, que utilizou esse seu espaço de opinião para denunciar a forma abusiva como as forças armadas, no caso a marinha de guerra, fiscalizam a pesca sem base legal. «As Forças Armadas (FA) não têm base legal para fiscalizar a pesca, e não podem ter porque a Constituição, em 1982, retirou competências próprias às FA na segurança interna.» No entanto, a armada não se reconhece nesta alteração de 82 e invoca bases legais dispersas para manter uma actuação activa no sector das pesca. Contudo, segundo o Capitão Jorge Silva Paulo «há que estudar vários diplomas para concluir a quem compete o quê, no caso do Ministério da Defesa Nacional, dado o pressuposto constitucional e as disposições dos diplomas que prevalecem ante o DL 383/98, tem de se concluir que à Armada compete vigiar e à Autoridade Marítima Nacional, e em especial à Polícia Marítima, vigiar e fiscalizar.» Sem me querer alongar em mais explicações jurídicas, que não são a minha especialidade, serve este texto para corroborar algo que os pescadores têm reclamado ao longo dos anos. Que subscrevo na integra e que tenho tentado denunciar. Existe uma sobreposição/confusão com as competências de quem fiscaliza as pescas. Não existe “cão nem gato” que exiba uma farda ou um distintivo de autoridade que não actue sobre este sector, que apenas parece ser frágil e irrelevante para o PIB, mas de uma importância vital quando toca à cobrança de coimas, multas e taxas. Termino deixando as mesmas perguntas que o capitão-demar-e-guerra, Jorge Silva Paulo, deixou no seu texto: «O que explica que os órgãos de soberania tolerem as violações da legalidade e da boa-fé por elementos da administração directa do Estado? Poucas pessoas aceitarão ser mandadas parar em terra por militares em serviço nas FA para serem fiscalizadas. Que torna isso aceitável no mar?» Carlos Alexandre Macedo varamessaiola.blogspot.com (Nota: Por opção do autor, o texto não obedece ao novo acordo ortográfico) 01 Julho de 2014

Pescas - Maio ARTES QUANTIDADES (kg) VALORES (€) Arrasto

149.158,20

223.270,67

Artesanal

696.230,80

2.079.927,64

Cerco

702.434,90

389.003,25

Totais

1.547.823,90

2.692.201,56

Com o aumento das temperaturas e com os mares mais calmos, a permitir mais saídas das embarcações, os valores da pesca aumentam sensivelmente de mês para mês. “No S. João, a sardinha pinga no pão”, diz o povo na sua sabedoria empírica. É por esta altura que a sardinha é mais gorda, devendo-se tal facto a circunstâncias de ordem climática e geofísica únicas na nossa costa que fazem desta espécie

um exemplar único na Península Ibérica. O mês de Junho, em que outrora se celebrava o solstício de Verão, é agora época dos festejos dos “Santos Populares”, Santo António, São João e São Pedro, altura em que a sardinha é mais apreciada e faz as delícias do povo. Esperemos que a tranquilidade das águas, aumente os cardumes de sardinha e outras espécies levando a um maior número de capturas.


O SESIMBRENSE | 1 DE MAIO DE 2014

De Igual Modo

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David Sequerra

Das Praias às Tabuletas

Sob animadoras expectativas chegou a época balnear, de bastante importância para Sesimbra e suas gentes. O atractivo das praias constitui, de há muito tempo, o que de mais relevante acontece de Junho a Setembro de cada ciclo anual. E é sobre as praias da “Piscosa” , da Califórnia às vizinhanças da Doca, que incido hoje este apontamento que pretende tornar habitual, entre o justificado elogio e o bem intencionado remo que critico. Responsável pelo bom estado do tão atraente areal, o Município de Sesimbra pode e deve orgulhar-se do labor levado a cabo para garantir que as suas praias apresentem elevado grau de qualidade, em limpeza, acessibilidades e frequentes cuidados de manutenção com a natural e tão necessária ajuda dos banheiros – concessionários, orgulhosos do seu papel e das suas relembradas antiguidades, de há bastantes décadas. Quem chegue mais cedo aos apetecíveis areais da Califórnia, como tem sido o meu caso, repetidas vezes,

testemunhava com pleno agrado o labor de alguns trabalhadores camarários zelando pelo bom aspecto da praia, ainda bastante deserta de beneficiários/visitantes. Admitimos que ainda falta um maior e melhor apoio quanto a instalações sanitárias e um mais intenso rigor de quem de direito quanto a episódicos prevaricadores (cães e pesca à linha, na borda de água). Mas tais reticências não nos impedem, longe disso, de tecer elogios aos cuidados mantidos pela Câmara Municipal, com os votos de boa continuidade ao longo da época balnear.

***

A sinalização de acessos a locais em todo o Concelho de Sesimbra, com a Quinta do Conde em indesejável destaque, não está isenta de reticências. Assim, de igual modo como elogiamos as praias, mas agora de sinal contrário, chamamos a atenção de quem de direito para a necessidade de uma maior riqueza informativa quanto a tabuletas sinaléticas que ajudem os visitantes, em especial nos “puzzles” nada fáceis da Vila e da cada vez mais distendida Quinta do Conde. Não há que poupar nessas despesas, seja qual for a escolha do material utilizado. Mais tabuletas, melhor informação – precisam-se! E dispenso-me de falar no desleixo que acontece no cruzamento da E.N vinda de Setúbal para a 379 de acesso a Sesimbra. O local, bem sabemos, não se integra no Concelho mas é um importante ponto de passagem para quem vem do Sul, via Setúbal, rumo à “Piscosa”. Nesse local houve, em tempos, uma cuidada tabuleta a dizer SESIMBRA. Há anos que está partida ao meio, de difícil leitura e não há quem tome providências.

Carta aberta a Félix Rapaz Caro Amigo, meu colega de ideais, condigno Director do “nosso” O Sesimbrense. Como já lhe pude transmitir, fiquei bastante satisfeito em tê-lo por meu compenetrado sucessor na direcção do “Sesimbrense” de meu constante apreço. Foi uma boa escolha e uma feliz como lógica aceitação. Ou não tivesse o “FELIZ” no seu nome… O nosso conhecimento, reconheço, não é profundo mas não duvido da estima mútua que nos tem aproximado. Embora não aprecie as expressões tocadas de um certo estrangeirismo, acho que o meu caro Amigo constitui um flagrante exemplo de “self made man” – alguém que se fez por si próprio, em esforço e persistência, atingindo a ampla bitola de um Curso Superior. A ascendência de pura raiz “pexita” proporciona uma sólida garantia de proficiente respeito pelo Estatuto Editorial do Jornal, a atravessar uma boa fase da vida. Creio poder garantir que sabe perfeitamente que pode contar comigo, como componente da “companha” e convicto colaborador, além de Amigo, assim, com direito a letra maiúscula. O seu conhecimento, amplo e direto das boas gentes da camoniana “Piscosa” e a sua apreciada comunicabilidade são garantes de uma bem conseguida missão. Conto com isso, regozijo-me e aqui lhe deixo um muito fraternal abraço. David Sequerra

Passaporte Europeu de Competências no sector da hotelaria e turismo Lançado pela Comissão Europeia, no passado dia 17 de Junho, o Passaporte Europeu de Competências permite facilitar o contacto entre candidatos a emprego e empregadores, no sector da hotelaria e turismo na Europa, bem como simplificar a comparação das qualificações dos trabalhadores e agilizar o recrutamento. Disponível em todas as línguas oficiais da União Europeia, o Passaporte Europeu de Competências encontra-se alojado no portal europeu da mobilidade profissional EURES, em https://ec.europa.eu/eures. Um dos objectivos deste projecto, é apoiar os sectores de actividades, como o turismo e a hotelaria, que mais têm provido os jovens de oportunidades. Recorde-se que em abril de 2014, mais de 5 milhões de jovens com menos de 25 anos estavam desempregados na EU, o que corresponde a uma taxa de desemprego dos jovens de 22,5% Este será apenas o primeiro de vários passaportes, destinados a alguns sectores de actividade com elevada mobilidade na economia europeia. Jovita Lopes


O SESIMBRENSE | 1 DE JULHO DE 2014

CULTURA

Casa do Bispo

enche-se de música

Foi de casa cheia que se realizou no passado dia 21 de Junho na Casa do Bispo, uma tertúlia organizada pelo Grupo Coral de Sesimbra, cujo mote foi uma canção, um poema. Uma forma de promover a cultura e em simultâneo, divulgar e valorizar a emblemática casa que é certamente um marco histórico no património de Sesimbra. Fernando Alagoa leu no decorrer da iniciativa, um excerto do seu novo trabalho, “Uma crónica de costumes”, cuja publicação está prevista para breve, mas sem data definida. O evento contou com atuações do grupo Coral pela mão do Maestro Pedro Casanova e contou ainda com a leitura de poesia da autoria da coralista Maria José Ruivo. Uma Tarde diferente e um momento cultural que promoveu o convívio entre as pessoas da vila. Recorde-se que a Casa do Bispo é um edifício quinhen-

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Retiro artístico MAE Um espaço dedicado às artes O retiro artístico MAE em Sesimbra é uma iniciativa cujo objetivo é estimular a criatividade de artistas e escritores portugueses e internacionais num ambiente produtivo e relaxado. Os residentes são convidados a participar com propostas nas mais variadas áreas artísticas tendo como ponto de partida a vila de Sesimbra. Ana Brotas criadora do projeto falou ao Sesimbrense deste desafio.

tista situado no Núcleo Urbano Antigo de Sesimbra, abriu ao público no dia 23 de março de 2013 e que tem acolhido diversas iniciativas de cariz cultural. A casa esteve vários anos abandonada, tendo sido recuperada no âmbito do Plano Integrado de Revitalização da Frente Marítima, apoiada por fundos do QREN, da Câmara Municipal. Um espaço que dada a sua dinamização e cariz místico promete muitas mais atividades culturais e felizes convívios, com o sucesso deste. O Grupo Coral de Sesimbra dando continuidade às suas atividades vai realizar já no próximo dia 29 de julho o seu Concerto de Verão, na Capela da Misericordia às 16H. Com a participação do Grupo Coral de Queluz, Ensemble Voct, Quinteto de Clarinetes do Botabigband e o Grupo Coral de Sesimbra. Fátima Rodrigues

Como surgiu o projeto? Este projeto nasceu em 2013 sendo, portanto, bastante recente. O meu objetivo era criar uma plataforma que permitisse acolher artistas e escritores que precisassem de tempo e espaço para uma pausa criativa e, desta forma, encontrarem-se artisticamente. Vivemos numa sociedade de ritmo acelerado e grande competitividade. Esta realidade pode por vezes tornar-se prejudicial para a criatividade e o projeto surge como uma resposta a este problema. Quem são os participantes que já tiveram? Este ano contámos com diversos artistas e escritores de várias partes do mundo. Os residentes anteriores foram a joalheira contemporânea portuguesa Clara Segurado, a artista multimédia portuguesa Inês Marques, a escritora e ilustradora escocesa Alison Sidgwick, a artista plástica holandesa Liesje van den Berk, e dois irmãos italianos, o realizador Vincenzo Pandolfi e o jornalista Stefano Pandolfi. A nossa próxima convidada será Pat Loucks, artista têxtil canadiana. O que podem os participantes fazer uma vez em Sesimbra? Os candidatos são convidados a participar no retiro consoante a qualidade e a viabilidade

do projeto proposto. O objetivo principal é desenvolverem os seus trabalhos de uma forma independente e para isso oferecemos o livre acesso a um atelier multifuncional com diversas ferramentas e materiais de escultura, desenho, pintura, fotografia, entre outros. São organizados passeios na vila de Sesimbra e nos arredores como a Praia do Ribeiro do Cavalo, o Cabo Espichel, a Lagoa de Albufeira, etc. Pontualmente são também organizados piqueniques, sessões coletivas de desenho e fotografia, visitas a exposições, espaços culturais e eventos musicais. Que mais-valias trazem a Sesimbra? Todos os participantes têm como ponto de partida Sesimbra e posteriormente organizamos a possibilidade de mostrarem os trabalhos numa exposição anual. Isto permite não só a divulgação e promoção de Sesimbra como pólo artístico mas também uma relação direta entre os artistas e os habitantes. Em termos concretos, o melhor exemplo disso é a participação de Inês Marques com o projeto «Pescadores» no qual criou uma ligação entre o trabalho tradicional da vila de Sesimbra, a pesca, e o seu trabalho digital

com ilustrações feitas em iPad. Para tal desenvolveu um contacto direto com os pescadores, em diferentes gerações. Um outro exemplo bastante interessante é o de Vincenzo e Stefano Pandolfi que propuseram escrever e dirigir uma peça multimédia sobre as tensões políticas vividas tanto na Itália como em Portugal, tendo como cenários a sua vila natal Terracina e a vila de Sesimbra. Os resultados dos projetos permitem aproximar Sesimbra à arte contemporânea e os artistas à realidade vivida. Que tipo de apoios tem, desafios e dificuldades? Qualquer projeto de cariz cultural e artístico em Portugal tem dificuldades iniciais de apoios especialmente a nível financeiro. Estamos a começar a desenvolver parcerias com diversas entidades e associações para futuras exposições e eventos culturais mas por agora, tentamos focar-nos no desenvolvimento interno do projeto de forma a criar uma plataforma cada vez mais consistente. Existe um desejo crescente de adquirir um espaço de atelier maior que permita albergar mais artistas criando novas oportunidades até para artistas locais. Fátima Rodrigues


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LIVRO DO MÊS

Novo Livro de David Sequerra Lançamento em 4 de Julho em Sesimbra De bom aspeto gráfico, capa muito sugestiva e dedicada às crianças do Mundo inteiro, vai ser lançado um novo livro do nosso colaborador habitual, David Sequerra, com o título desde logo bem indicativo de “DITOS E FEITOS da MIUDAGEM” . A sessão de apresentação decorrerá na sala Polivalente da Biblioteca da CMS, pelas 16:30h de 4 de Julho p.f, 6ª feira, com entrada livre e concessão de autógrafos. Estão previstas participações de declamadores sesimbrenses, lendo histórias e poemas que o livro contem.

‘’Escrever’’

Poesia

Todos os animais da Floresta Jasmim conheciam a pequena minhoca Poli, era muito refilona e infeliz. Mas um certo dia, um casulo com fita-cola transparente alterou a vida da pequena Poli para sempre. Fez-lhe despertar sentimen-

tos que nunca pensara vir a ter durante a sua vida, felicidade, tristeza, saudade e solidão. Viveu grandes aventuras e aprendeu uma grande lição. Não queiras ser aquilo que não és. Ir contra a tua Natureza fará de ti infeliz.

Obra esgotou no dia de lançamento

Noite de S. João Andam gaivotas no ar Chiando sobre as traineiras Pretendem anunciar Bom peixe pr’ás assadeiras Não há beco nem ruela Sem intensa animação Com manjerico à janela Sardinha a pingar no pão A caldeirada na mesa Alcachofra numa mão E sem a menor surpresa Na outra um garrafão As marchas saiem à rua Foliões ao desafio Na noite cheia de lua Cantam o fado vadio Faltou calor das fogueiras E perdeu-se o polvo assado Mas há sempre mil maneiras De recordar o passado

A palavra assustava-me. Antigamente trocava de boa vontade as letras pelos números. Mas isso mudou tal como a minha vida. Sem me aperceber, as letras já estavam enraizadas no meu dia a dia. Escrevia todos os dias. Maioritariamente à noite e gostava muito desses minutos que dedicava à escrita. Era o tempo em que fugia deste mundo e dedicava-me a outro: ao mundo que agora me faz feliz. Durante três anos escrevi só para mim mas depois comecei a mostrar o que escrevia a um restrito grupo de amigos. Se eles gostavam do que liam, já

eu não gostava do que escrevia (ainda hoje sou assim). Ainda gosto de escrever sobre a minha realidade. Sobre o que sinto, sobre o que vivo, o que enfrento, os meus momentos felizes e outros mais cruéis, pelos quais ninguém deveria passar. Foi assim que em 2011 publiquei o meu livro - “O voo da Borboleta”. Escrevo para me sentir viva e feliz. Escrevo para recordar memórias que deixam tantas saudades. Em suma, escrevo porque gosto. Tão simples quanto a escrita. Maria João Inocêncio

Os barcos voltam ao mar Cumprindo-se a tradição Nesta Sesimbra sem par Festejou-se o São João Pexito

A escritora sesimbrense, Sara Gomes, apresentou no passado dia 7 de junho, o seu primeiro livro infantil O Sonho de uma Minhoca. A Biblioteca Municipal foi o local escolhido para a exibição da obra, lançada pela Chiado Editora, que conta com a ilustração de Rita Alexandre, designer gráfica. Formada em engenharia mecânica, Sara Gomes vê nesta obra, um sonho tornado realidade. Quando questionada sobre o porquê deste género literário, é perentória “Os meus filhos Guilherme e Maria, foram a minha fonte de inspiração. Apenas decidi passar para o papel uma das muitas histórias que criámos em conjunto.” No futuro, espera poder continuar a alimentar a imaginação através de pequenas histórias para crianças. Até lá, esta primeira obra, O Sonho de uma Minhoca, poderá ser adquirida em diferentes papelarias de renome nacional e internacional. Jovita Lopes


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Maria Helena Leite

“Sesimbra no Olhar” Maria Helena Leite, nasceu em Lisboa à 89 anos, mas seu pai era um Sesimbrense de alma e coração. Manuel dos Santos Leite foi diretor do Jornal o Sesimbrense a convite do engenheiro Roquete, de 14 junho de 1953 a 18 junho de 1975. A Pintora tem no seu reportório um conjunto de obras dedicadas a Sesimbra e ao mar. O Jornal o Sesimbrense esteve à conversa com esta mulher que tem nos quatro cantos do mundo, obras de sua autoria. Em Sesimbra deixou o seu legado no famoso quadro “Tio Aldeia” e o tríptico pintado nos anos 60 e que se encontra exposto na sala Polivalente da Biblioteca Municipal.

Desde muito cedo, eu tinha imenso jeito para pintar e desenhar e fui para a António Arroios. E mais tarde para a Sociedade de Belas Artes de Lisboa. O primeiro dinheiro que ganhei foi pelas mãos do Lino António, pintor, que me deu trabalho através de uma colega e pagava dez tostões por cada um. Comecei a vender as minhas pinturas, a ter alunas. Foi assim a minha vida.

O que recorda da sua infância e juventude em Sesimbra? Sesimbra é um local que está marcado nas minhas memórias, tempos de enorme felicidade e de grandes amizades que ficaram ao longo dos tempos. Eu ia muitas vezes a Sesimbra com os meus pais e tinha imensos amigos, a Mimi Roquete, o Rafael, o Vergílio Brás, e tantos outros. Apanhava peixinhos que eu trazia num balde para casa, adorava percorrer o Macorrilho, íamos à Prainha e passávamos as tardes a passear. Uma coisa que detestava eram as moscas, derivadas da seca do peixe (diz sorrindo). Era uma vida ao ar livre, adorava estar no pontão em frente ao Hotel do Mar, nós adorávamos ir a nado até lá e ficar ali a ver a imensidão do mar. Passava muitas tardes no Hotel do Mar, com os meus pais e amigos, onde merendávamos. Passávamos

muito tempo com a família Brás e com o Vergílio Preto, a Fernanda Preto. Um Grupo de forte amizade. Aprendi a nadar em Sesimbra sozinha, porque tinha muito medo e o Vergílio um dia que estávamos a nadar mandou-me tirar as braçadeiras e eu instintivamente tirei-as e comecei a nadar na serenidade que é o mar ali. Adorava estar na praia as 15:00 horas, sei que dizem que faz mal, mas a água estava quente e eu tinha tanto prazer em nadar a essa hora. Também passava muito tempo com o conhecido pintor Artur Portela e a sua família, que tinha casa na Maçã e vinha para a praia em Sesimbra. Uma época muito boa, ia para casa do Roquete, do Cachão onde passava muitas épocas a pintar as pessoas de Sesimbra e o mar. O Tio Aldeia e a Mimi foram feitos mesmo na vila, na presença deles, na casa da minha tiaavó.

Visitava as armações, as lojas de campanha e daí fazia apontamentos e esboços partindo depois para a criação dos quadros. Ao final da tarde arranjávamo-nos e íamos ao cinema ao ar livre, e assim passávamos as férias em Sesimbra, a vida vai passando e tudo se vai modificando, mas tenho imensa pena de não ter uma casa na vila. Adoro ouvir o mar e se o destino me tivesse permitido passaria muitas épocas junto ao mar que adoro. Recordo-me que no silêncio da noite ouvíamos os moços chamadores a gritar pelos pescadores, momentos sublimes e que ficam guardados nas nossas memórias. Fiz parte dos júris das marchas, mas havia sempre zaragata (sorri). Eu, o Artur Portela e o Diniz Rebelo, outro grande pintor, mas quando não concordavam com as pontuações havia zaragata. Com que idade sentiu o gosto pela pintura?

Quantas exposições fez ao longo da sua vida? Mais de 30 por todo o país, mas tenho muitos quadros pelo mundo, principalmente na europa. Em determinada altura tive uma encomenda de cerca de 20 quadros para a América. Fui agraciada com diversos diplomas e medalhas, Sociedade Nacional de Belas Artes, bem como de outras entidades. A Câmara Municipal de Sesimbra também já me Homenageou pelo trabalho desenvolvido em prol: A vereadora Guilhermina Ruivo organizoume uma Homenagem no dia do pescador de que muito me orgulho. Um dia muito especial em que as minhas memórias se avivaram sobre os belos tempos em Sesimbra. A homenagem foi feita pela minha obra do tríptico. Como criou a obra do tríptico, tão emblemática para as “gentes” de Sesimbra? Usei os pescadores de Sesimbra como modelos, à excepção do que se apresenta de tronco nu, pois nesse caso recorri a um modelo

profissional, já que naquela época não seria muito bem visto que uma mulher pedisse a um desconhecido para tirar a camisa. Pintei um outro quadro, o retrato dum pescador conhecido como “Ti’ Aldeia”, que penso tratar-se de alguém da zona rural de Sesimbra. Pintei muitos pescadores e muitas pessoas ligadas ao mar, pintei as praias e a vida de Sesimbra. Pintei muitos familiares e amigos que guardo na memória. Pintei centenas de quadros e amo o que faço, as mãos e a motivação por vezes faltam-me porque me sinto sozinha, mas a vida vai passando e com ela vão ficando as memórias e a agilidade de outrora. Mas continuo a trabalhar com o mesmo amor e dedicação de sempre. De que mais tem saudades em Sesimbra? Tenho saudades de ir a Sesimbra, de ver o mar, de sentir os aromas. Tenho uma imensa saudade e gostaria muito de ir visitar a vila que tantos sentimentos, me deixou. Adoro o peixe de Sesimbra, fresco e tão saboroso, gostava de ir a Sesimbra saborear a sua gastronomia. Gostava de pousar o olhar sobre a baía e recordar as gargalhadas e os momentos tão bons que ali vivi. Gostava de adormecer a ouvir o mar e a sentir a brisa da minha infância. Sonho em ver o mar e passear pela beira da praia, um dia quero mesmo voltar lá. Fátima Rodrigues


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POLÍTICA

Quinta do Conde em retrospectiva “Freguesia de maior densidade populacional não tem um equipamento cultural”

“O desenvolvimento é um desafio constante” A Quinta do Conde é para Américo Gegaloto uma freguesia do concelho de Sesimbra que necessita fomentar a atividade económica, criando condições diferenciadoras das capacidades instaladas, na área da restauração e dos serviços. O Sesimbrense desafiou o vereador a responder a duas perguntas sobre este território.

De que forma qualifica o desenvolvimento da Quinta do Conde e a sua ligação à sede de concelho? O desenvolvimento da Quinta do Conde encontra-se diretamente relacionado com a génese ilegal da área, o seu inerente desordenamento urbanístico a par do pulsar daqueles que viram nesse território a possibilidade de dispor de habitação própria, em parte com recurso à autoconstrução e que, de forma persistente, foram reclamando perante o poder local e demais instituições, soluções para as suas necessidades, fosse na área da educação, da saúde, das infraestruturas (eletricidade, abastecimento de água e saneamento) entre outras. Nesse contexto, impõe-se delimitar dois grandes períodos, antes e depois de 1997, pois com a vitória do Partido Socialista em Sesimbra nas eleições autárquicas de dezembro desse ano, estabeleceu-se um novo modelo de planeamento, num olhar diferente para o desenvolvimento global do concelho e em particular da Quinta do Conde (saneamento, abastecimento de água, pavimentações, escolas, pavilhão municipal, mercado municipal, instalação dos serviços camarários, cemitério e lançamento do processo de construção do centro de saúde). O desenvolvimento da Quinta do Conde constituiu e constitui um processo complexo, pleno de desafios, que julgo ter sido ganho, desde logo por ser o maior agregado urbano contínuo do concelho, considerando os grandes constrangimentos urbanísticos em presença, sendo hoje uma área que goza de grande atratividade e centralidade única na península de Setúbal. No presente, entendo existir maior coesão territorial e institucional entre a Quinta do Conde e a sede de concelho, certo que nem sempre assim foi e de que isso não é inibidor de continuar a reclamar a descentralização de diversos serviços públicos e a sua fixação na freguesia, designadamente uma repartição de finanças entre outros, pondo fim ao dualismo existente. A ligação física à sede do concelho, ao nível das acessibilidades desde sempre foi e é, seja pela distância a percorrer e percursos, um dos grandes constrangimentos a uma maior coesão territorial, considerando que para chegar a Sesimbra vindos da freguesia da Quinta do Conde há que sair do nosso concelho. A solução encontra-se identificada ao nível do plano de acessibilidades ao concelho de Sesimbra, no que respeita aos acessos internos, designadamente com a criação de ligação direta através da estrada dos

almocreves, mas cuja concretização por opção política da CDU, é uma contrapartida à possibilidade de construir na área da zona sul da mata de Sesimbra, quando deveria ser indiscutivelmente uma prioridade autonomizada daquela realidade. O que mudaria na freguesia? A questão no essencial não se prende tanto com o que mudaria, considerando que muitas das opções se encontram consolidadas, limitadas em termos orçamentais, com as necessidades identificadas; antes uma mudança de opções políticas no sentido de promover novos padrões de desenvolvimento virados para a qualificação da freguesia da Quinta do Conde e para o uso racional dos recursos financeiros que gera e existentes, considerando por exemplo que, distando em 20 km da sede do concelho, a freguesia de maior densidade populacional não tem um verdadeiro equipamento cultural digno desse nome, falo-vos de um fórum/auditório cultural, de uma biblioteca, de um pavilhão multiusos ou mesmo de uma piscina pública, contrariamente a outras freguesias. Os espaços de lazer públicos são escassos e não respondem à multiplicidade das necessidades, pois continua a não existir um equipamento para exercício e manutenção ou um simples parque onde crianças e adultos simplesmente possam andar de bicicleta em segurança. Noutro nível, importa continuar a exigir a construção da escola secundária do Peru, do quartel da GNR, da ampliação do atual centro de saúde e do reforço dos seus recursos humanos. Noutro capítulo, fomentar a atividade económica, criando condições diferenciadoras das capacidades instaladas, na área da restauração e dos serviços. O desenvolvimento da Quinta do Conde é um desafio constante, muito para lá das operações de cosmética, haja vontade política em o promover. Fátima Rodrigues


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“O Trabalho autarquico nunca termina” Vítor Antunes é o autarca à frente da Quinta do Conde, a freguesia com maior número de habitantes do concelho, foi constituída em 1985. Para além da sede tem ainda os núcleos do Casal do Sapo, Fontainhas, Courelas da Brava, Ribeira do Marchante e o condomínio Quinta do Peru. O Autarca falou ao Jornal o Sesimbrense dos desafios e dificuldades que o trabalho autárquico exige. Qual o Balanço que faz deste mantado que está a decorrer? O balanço que faço é positivo mas considero que a obra está sempre em desenvolvimento. Inauguramos o Skate parque, uma resposta para a camada jovem, pois esta facha etária é muitas vezes esquecida. O parque tem sido um sucesso. Concluímos um mural associado ao nascimento de Álvaro Cunhal, com a requalificação do espaço circundante. Uma obra da responsabilidade da junta. Fizemos um concerto de Natal no Casal do Sapo, uma forma de mostrar a nossa solidariedade pelo empenhamento e esforço que as comissões de moradores fazem e as obras de saneamento e requalificação que estão a desenvolver. Obras com uma dimensão económica dificilmente suportável. Celebramos o carnaval dos infantários e creches que não tiveram lugar no desfile das escolas públicas em Sesimbra. Entre tantas outras iniciativas. Este é um mandato de consolidação e implementação de projetos. Quais os projetos em destaque? As hortas solidárias são um projeto, resultante de uma parceria entre a Câmara Municipal de Sesimbra, proprietária dos terrenos onde o mesmo está a ser realizado e a Anime, agremiação que assume a liderança do processo, conta com o financiamento da Fundação EDP e o apoio da Junta de Freguesia. Os Santos Populares, com dezasseis pavilhões decorados com a melhor boa vontade dos dirigentes das associações locais. O Anfiteatro da Boa Água vai receber durante os serões das sextas-feiras e sábados dos meses de julho e agosto, as “Hot Crazy Nights”, um conjun-

to de eventos para os jovens locais. O que sente quando a população fala consigo? Naturalmente as pessoas reconhecem o esforço que é feito pela junta de freguesia, a generalidade das pessoas não conhece as dificuldades que a junta tem e as limitações orçamentais, incluindo também as de recursos humanos, na qual estamos muito condicionados. São exigentes e nós estimulamos para que assim seja, dentro das nossas limitações vamos gerindo as disponibilidades de acordo com as necessidades mais emergentes. Quais são as suas preocupações na freguesia? Quando trabalhamos tentamos fazê-lo de forma assertiva e com a máxima dignidade. Quando existem matérias como a saúde, as escolas e a segurança, o mapa judiciário que entra em vigor em setembro próximo, tentamos de alguma forma tomar algumas posições. A Junta de Freguesia associou-se à exigência das autarquias da região de Setúbal tendo estado no passado dia 27 de junho presente na marcha “Pelo Direito à Saúde”, à porta do Ministério da Saúde, em Lisboa, exigindo ao Ministro da Saúde a concessão de uma audiência para explicar e justificar os graves inconvenientes decorrentes da aplicação da Portaria. A abstenção da qualidade do serviço de saúde. Também no dia 24 de junho estivemos com o Centro Comunitário da Quinta do Conde que levou à Assembleia da República as assinaturas que pedem a construção do Lar de Idosos da rede solidária, para o qual a Instituição tem projetos e terreno cedido pela Câmara Municipal de Sesimbra. O Vice-Presidente da Assembleia

da República António Filipe recebeu das mãos de Helena Cordeiro, as quase cinco mil assinaturas de outros tantos quintacondenses que reivindicam para a nossa terra este equipamento. A segurança e a construção de um equipamento condigno para a instalação do contingente efetivo é outra das preocupações existentes. Estando a junta sempre atenta ao número de efetivos existentes no terreno e solicitando que este seja formado de acordo com os rácios existentes. Em relação ao orçamento não estamos de acordo com as fórmulas existentes, porque aquilo que o poder local faz com um euro o Governo central faz com quatro euros, pelo que consideramos ser um desperdício: Não concordamos com a restruturação e a Quinta do Conde é uma das freguesias do país com o menor valor por habitante, com um orçamento de 99 mil euros para dois anos. É esta discrepância que não faz o mínimo sentido e que não tem solução à vista. Gostaríamos de ver construído em parceria com a Câmara Municipal de Sesimbra um pavilhão multiusos que em muito iria engrandecer as forças vivas da freguesia e que é uma obra que se justifica. Uma solicitação e um desejo que já demonstrei junto do executivo camarário. Gostaríamos de construir uma pista de BMX para os jovens. Como presidente de freguesia penso todos os dias que o trabalho é feito com algum rigor e não tenho problemas de consciência e gosto quando as pessoas exigem para que o poder não adormeça. Nas educação a freguesia corresponde à necessidade da população?

A Quinta do Conde e a Pluriculturalidade

Pedro Mesquita Falar da jovem Vila da Quinta do Conde, é falar de pluriculturalidade, ou seja, de uma variedade de culturas presentes numa comunidade que se une

e convive de forma harmoniosa com diversos costumes e tradições culturais. É falar de uma população diversificada, que deixou a história e as suas raízes naturais para trás, procurando construir por via da sua fixação nesta faixa de território uma nova história, com base em novas raízes. Contudo, para que esta harmonia possa prevalecer, deve existir respeito, aceitação e compreensão intercultural, garantindo uma convivência pacífica como elo fundamental para a existência da pluriculturalidade em todo o território do municipio de Sesimbra, em que a

tónica deve assentar nas relações culturais entre Freguesias, sendo que, nos territórios onde se verifica uma acentuada diversificação de culturas, mas a harmonia entre elas é uma dúvida suspensa, tornando-se num cenário complexo, levando habitualmente a que cada cultura procure subjugar a outra, ocupando o seu lugar. Quando tentamos assumir uma comparação ou uma aproximação cultural entre as três freguesias do Concelho de Sesimbra, verificamos facilmente que cada uma das populações possui fortes traços que as caracterizam em cada um destes

Essa é uma das nossas preocupações mais emergentes, pois diariamente saem daqui mais de 1000 alunos para estudarem em escolas fora da freguesia e do concelho e passam o dia inteiro distantes das suas casas. Esta é uma questão que nos preocupa a ponto de termos levado este assunto, ao plenário da Assembleia da República a qual infelizmente, foi insensível e reprovou os projetos que foram apresentados e considerou não ser necessária a construção da escola secundária. Algo que nos preocupa porque se torna muito dispendioso para as famílias e autarquia. A câmara assegura o pagamento de uma percentagem do transporte, mas a outra parte é comportada pelas famílias que atualmente passam algumas delas por grandes dificuldades. A nível de apoio social existem respostas na freguesia? A Quinta do Conde no que respeita a rede solidária tem acordos com a segurança social para o apoio domiciliário, com capacidade para atender 40 a 45 idosos. Mas não posso garantir que não hajam idosos isolados que não possam passar dificuldades, porém temos várias respostas desde as que estão integradas a respostas particulares. Há duas IPSS na freguesia cenários, sendo que, na Vila de Sesimbra e em concreto na freguesia de Santiago, predomina a cultura pelo mar e pela pesca, reflexo da proximidade a esse elemento e fruto de intensa actividade com centenas de anos de história. Por seu lado, a freguesia do Castelo, embora com fortes ligações ao mar, tem na sua base, uma cultura de alguma forma diferente, na qual prevalece uma acentuada ligação à terra, onde naturalmente, predomina a actividade agricola, com os seus hábitos, os seus costumes, as suas tradições. Perante esta tri-relação, importa salientar que a pluriculturalidade só é válida quando as diversas culturas conseguem

que tem resposta de cantina social e que prestam este serviço às famílias sinalizadas. Mas não posso garantir que não existam dificuldades, porque por vezes deparo-me aqui na junta com situações graves para as quais não temos resposta. A Higiene urbana é marco na imagem da freguesia? Obviamente que não estou satisfeito e a população também tem alguma responsabilidade, mas entendo que não posso exigir mais dado as limitações das contratações. Pelo que entendo que a câmara tenha algumas dificuldades. Não estou contente, compreendo as razões mas estamos a tentar melhorar por uma freguesia mais limpa. As zonas verdes são suficientes para a freguesia? O ser humano nunca está satisfeito, criamos o Parque da Vila e que responde às exigências para o qual foi projetado. Temos outros espaços mas, a ação, em curso na Várzea da Ribeira de Coina, dinamizada pela associação, que ali desenvolve a sua atividade nos domínios da promoção da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos é uma obra de grande importância para a freguesia. Fátima Rodrigues ter a capacidade de se aceitar mutuamemente, do respeito e da saudável convivência entre si, dando lugar a um cenário de pluriculturalidade em que cada uma desfruta dos seus direitos e do que provém de cada cultura. A matéria da inter-relação cultural entre freguesias, surge-nos indubitavelmente, como um dos grandes desafios de futuro, onde eliminar barreiras e estabelecer uma maior proximidade cultural, é primordial, respeitando as diferenças, mas fazendo surgir, de alguma forma, uma cultura com denominadores comuns e de maior coesão no território do concelho de Sesimbra.


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SOCIEDADE

Barman´s reúnem-se em Sesimbra

Sesimbrenses pelo Mundo Nome: José Carlos Martins Farinha Ferraria Idade: 47 anos

IV Festival de Cocktails Decorreu no passado dia 8 de Junho, o IV Festival de Cocktails de Sesimbra, onde se reunirão os melhores criativos e barman´s da região. Um momento em que a bebida se aliou ao melhor da profissão e motivou os convidados a participarem na iniciativa. Rui Raimundo explicou ao Sesimbrense como tudo aconteceu.

Local: Gabès (cidade na zona sul da Tunísia) A fazer o quê? Profissão? Técnico Superior de Segurança Há quanto tempo? Desde Agosto de 2013 Qual o principal motivo que te levou a partir? Quem me conhece sabe que sempre fui uma pessoa que gosto de desafios. Em todo o grupo SECIL esta era a fábrica onde tínhamos o número de acidentes de trabalho mais elevado, por isso quando os responsáveis da SECIL em Portugal me propuseram, o desafio de reduzir o número de acidentes, nesta fábrica, não hesitei. Exceptuando a família, claro, de que sentes mais saudades? Do convívio com os amigos, da nossa gastronomia, e obviamente da nossa Sesimbra. De que forma te manténs atento ao que se passa em Sesimbra? Vou acompanhando as notícias através de O Sesimbrense, e vou falando com os amigos pelas redes sociais. De que forma olhas agora para a tua terra a partir daí? Vejo-a como um lugar muito especial, com enormes potencialidades e onde ainda é possível ter uma qualidade de vida muito agradável. Como matas as saudades? Tenho a possibilidade de ir a Portugal quatro vezes por ano, sendo que, sou eu quem escolho a data e o tempo que aí vou permanecer. Por este motivo as saudades nunca apertam muito, mas vou sempre falando com a família e os amigos, o que é uma maneira de me sentir como se não estivesse muito longe. O projecto é voltar? De momento é uma incóg-

nita. Tudo pode acontecer. Ou voltar à fábrica SECIL do Outão, ou se tudo aqui correr bem, (e eu espero que sim), ir para outra cimenteira da SECIL noutro País. O que te fará voltar? Que condições aqui te fariam voltar? De momento estou preparado para passar alguns anos fora, até porque gosto de viajar e adoro o trabalho que faço, mas a vontade de estar com a família e acompanhar o crescimento dos filhos, serão sem dúvida o que me poderá fazer voltar mais rápido. O que dirias ou que conselho darias a quem hoje está de partida? Antes de mais desejar muita sorte a quem parte, e depois dizer-lhes que aproveitem ao máximo essa oportunidade. Sair nem sempre é mau, e muitas vezes abre-nos horizontes e dá-nos a possibilidade de conhecer outras gentes e outras culturas o que pode ser muito interessante. E a quem fica e vê alguém próximo partir? As despedidas são sempre difíceis, mas não são necessariamente uma coisa má. O que te atrai mais e menos nesse país? A história. Sendo a Tunísia um País relativamente novo, tem um passado histórico muito interessante, o qual está bem patente, quer nas suas cidades quer nos seus monumentos. Mais a sul ainda podemos vivenciar o modo de vida do povo Berbere que habita nesta região do norte do deserto Sahara.

O modo como os Tunísinos vivem a religião (o islamismo é a religião oficial) e o seu espírito de entre ajuda também é algo que me fascina. O que menos me atrai, é que, sendo a Tunísia um País que sofreu recentemente uma revolução, o conceito de liberdade ainda não está bem presente nas pessoas. O que custou mais no processo de adaptação? Felizmente a empresa proporcionou-me boas condições, pelo que à excepção da língua não tive qualquer dificuldade de adaptação. Onde levas quem te vai visitar aí? Ainda não conheço a zona montanhosa a Norte da Tunísia, mas a Medina de Sousse, o Anfiteatro Romano em El Jem (o terceiro maior do mundo e o mais bem conservado), a vila de Matmata, a cidade de Chenini, e os Ksour (antigos celeiros fortificados que serviram de cenário à saga “A Guerra das Estrelas”) na região de Tataouine são locais a visitar certamente. Os oásis de montanha e o “Lezard Rouge”, é também algo magnífico a não perder. Quando regressas a Sesimbra, o que te apetece logo fazer? Embora habite numa rua em frente à praia, a primeira coisa que faço quando chego a Sesimbra é ir passear na nossa marginal e ver o mar. Parafraseando uma velha melodia: Aí tudo é diferente, aí há outra gente, aí é que eu estou bem. Jovita Lopes

Como surgiu a ideia desta iniciativa em Sesimbra? Esta ideia surgiu quando em conversa com o Sr. José Júlio que foi o Presidente da Associação de Barman´s de Portugal no Ano 1986 a 1988 e Presidente da Associação de Barman´s de Setúbal de 1990 a 1992 de organizarmos novamente um festival de cocktails, uma vez que o último organizado por nós já se tinha realizado em 2004. Esta ideia tem o propósito de tentar trazer sangue novo para a profissão de Barman, tanto mais que dos 15 concorrentes participantes, 10 deles são jovens que se estão a iniciar nesta profissão e que estão a estudar na Escola Profissional Agostinho Roseta, aqui em Sesimbra, na Escola Profissional do Montijo e na Escola Profissional da Casa Pia. O nosso grande objetivo é o de dignificar e valorizar esta linda profissão dando um maior ênfase aos jovens pois são eles o futuro e temos de ser nós a ensiná-los e encaminhá-los. Quantos participantes tiveram na iniciativa? Esta iniciativa teve 15 participantes, vindos de várias partes do país. Este é o Quarto ano que a iniciativa se realiza em Sesimbra, quais são os vossos parceiros e qual a adesão à iniciativa? Este é o quarto ano em que se teve este tipo de iniciativa em Sesimbra , à que salientar que não só organizamos

festivais de Long Drinks como estivemos nas Escolas Secundárias de Sesimbra e da Quinta do Conde no ano de 2003 onde estivemos a fazer demonstrações da profissão (parte técnica) mas também palestras onde alertávamos para o cuidado que devemos ter no consumo excessivo de álcool , porque queiramos ou não somos nós que temos a responsabilidade de a quem e como o vendemos e esse tipo de informação ou alertas é muito importante que chegue aos jovens. Ao longo destes anos há que salientar que o nosso principal parceiro foi a Câmara Municipal de Sesimbra. Mas, em relação a este Festival de Long Drinks que aconteceu no Bar Onda Selvagem no dia 8 de Junho os principais nomes de empresas, instituições e pessoas foram os seguintes: o Bar Onda Selvagem, a Associação de Barmans de Lisboa ABL, o Sesimbra Hotel Spa, o Rent a Car Budger, a Pernod Ricard, a Minut Maid, Besul, a Câmara Municipal de Sesimbra, a rádio Sesimbra FM, o Jornal o Sesimbrense, o Sr. Dário das Frutas e fotógrafo Carlos Sargedas. Queria agradecer ao Sr. Oliveira (Bar Onda Selvagem) pela abertura e pela iniciativa de nos apoiar, um muito obrigado. Também quero agradecer ao Sr. José Júlio, porque sem ele nada disto era possível, para nós ele é uma pessoa muito especial, senão o “pai” dos Barmen aqui da região, um grande obrigado. Fátima Rodrigues


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“Faça o Rotary Brilhar” Como o mote “Faça o Rotary Brilhar” tomou posse no passado dia 29 de junho como presidente 2014 – 2015, Argentina Marques do Rotary Club de Sesimbra o qual comemorou este ano o seu 23º aniversário. Oliveira Martins, o presidente cessante, referiu na sua intervenção, o trabalho que este clube tem vindo a desenvolver na comunidade e o fortalecimento da Universidade Sénior do Clube que tem vindo a demonstrar-se ser um grande projeto dos úl-

timos anos. O encontro realizou-se em plena baia de Sesimbra, no Restaurante Capitulo no edifício do Clube Naval de Sesimbra. Na cerimónia estiveram presentes amigos e companheiros e deu lugar ainda à emblemagem de um novo companheiro, Pedro Caetano. De destacar a presença do vereador da Câmara Municipal de Setúbal, Luís Rodrigues, antigo deputado por Setúbal do PSD, amigo de Argentina Marques que bem conhece Sesimbra e acompa-

Universidade Sénior do Rotary

nha regularmente o trabalho do Rotary Club de Sesimbra, tendo sido a par com Carlos Sargedas um dos grandes defensores e impulsionadores da recuperação do Cabo Espichel. Por curiosidade, Miguel Ribeiro cunhado de Argentina Marques, cabeça de lista pelo Movimento Sesimbra Unida na Assembleia Municipal de Sesimbra, também tomou posse como presidente nos Lions Club do Seixal. Fátima Rodrigues

Opinião Por Victor Sousa Lopes

Ao “Senhor Isaías”: Um tributo A primeira vez que ouvi falar da “Casa do Isaías”, foi pela boca do meu irmão, que vem a Sesimbra há mais de 40 anos e que escolhe com minúcia a mesa onde se senta. E foi assim que dei por mim um dia, já lá vão mais de três décadas, no meio da casa de pasto rodeado por gente onde se mistura o português com várias línguas estrangeiras, a deliciar-me com o belo peixe primoro-samente assado.

É uma casa típica, tipo tasca, com ambiente familiar, onde nos sentimos bem quando aqui entramos. É tudo tão simples quanto saboroso (até o vinho da casa servido a jarro não desmerece). Um peixe assado num grelhador esquisito localizado na parede junto à porta principal. Depois é só pedir a quem anda acelerado – o Carlos – pelas minúsculas duas salas, meia escuras e paredes cheias de tralhas qual é o peixe que se segue. Espadarte, peixe-espada, sardinhas ou qualquer outra iguaria do mar. É tudo fresquinho. É a gosto. Oriundo de uma família de Palmela, Isaías com sete anos vem para Sesimbra, onde se faz pescador. Aprendeu os mistérios do mar, as redes, os utensílios, as diferentes espécies de peixe. Após algumas décadas de

trabalho no mar, abalança-se a tomar conta de uma antiga taberna que transforma num espaço conhecido e frequentado. Durante 48 anos, o ex-libris da casa, que todos tratavam por “Senhor Isaías”, foi a face visível da casa. O dia-a-dia do “Senhor Isaías”, começava de manhã cedo, mal os ponteiros marcavam as sete horas, juntamente com os membros da família, que fazem parte do pessoal da casa, era hora de começar a preparar o trabalho para servir os almoços. O peixe ainda vem do mar, o grelhador ainda está frio, mas o sorriso é uma constante da cara. Sentado à porta vestido com avental, sempre de camisa escura, com o cabelo mais ou menos abandonado, começava a tarefa de amanhar o peixe que pescadores amigos lhe traziam da “chincha”, e outro vindo da Lota. Daí até terminar a tarefa, repetia os movimentos automaticamente, dezenas de vezes. Sabia tudo sobre pei-

xe fresco, que vem do mar, que depois de amanhado, vai para a montra de onde só sai para ser cozinhado na hora, garantindo assim a melhor qualidade. Ao calor que se faz sentir nas praias junto ao paredão da frente marítima na época balnear, junta-se a grande afluência de veraneantes. Não é de estranhar que em certas ocasiões façam filas à porta à espera de um lugar para comerem peixe sempre fresco com sabor a mar cozinhados no carvão. É a vida evocada pela ausência de “Isaías”, que estou a fazer aqui. Contava-me coisas maravilhosas da pesca de que muita gente duvida. Era agora um velho de setenta e seis anos, doente, armado com vitaminas e remédios para a doença que padecia, quando se despediu da vida. Era casado e pai de um único filho. Tinha dois netos e um bisneto que ainda viu nascer.

Inaugurada exposição dos trabalhos dos alunos No passado dia 20, foi inaugurada a exposição dos alunos da Universidade Sénior, do Rotary Club, no Auditório Conde Ferreira, resultante das actividades letivas, estando patentes trabalhos utilizando vários materiais. Oliveira Martins falou ao Sesimbrense sobre a iniciativa. Como surgiu a exposição? A exposição tem-se feito todos os anos no final do ano lectivo, normalmente há uma exposição ligada as aulas das artes plásticas. Este ano resolveram complementar com situações também curiosas que foram aparecendo ao longo do ano, com outras aulas e que também quiseram aproveitar a oportunidade, obras de pintura, desenhos, arraiolos essencialmente. Quantos alunos é que participaram na exposição? Estão a participar 30 alunos, muitíssimo empenhados e muitos satisfeitos. Também não podemos deixar de referir os professores, sendo todos eles voluntários, os alunos pagam para frequentar, mas os professores que são voluntários. Há um grande empenhamento também da parte deles, não podemos deixar de ressalvar a importância que eles têm para este projecto. Como está a correr o projecto da Universidade Sénior? O projecto é para continuar alargando no próximo ano aos

alunos do 10º ano. Vamos comemorar 10 anos e tem sido um continuar no crescimento e se não crescemos mais é porque as instalações também não nos proporcionam esse desenvolvimento, são exíguas. Não é fácil arranjarmos locais

para podermos de alguma forma alargar a nossa resposta as pessoas. Temos um protocolo com a Câmara que neste momento nos cedeu uma parte do espaço que têm no Raio de Luz, mas de qualquer modo impede-nos o alargamento, quer nas aulas que eventualmente poderíamos dar (de outro tipo) quer também no número de alunos, o que nos coloca por vezes, alguns problemas. O facto de ser um espaço pequeno, impede-vos de poderem trabalhar? Sim, impede-nos esse crescer, mas nós tomamos logo à partida isso em consideração e não pomos mais alunos se não tivermos espaço. Era contra producente, as pessoas pagarem e depois não usufruírem daquilo que estavam a pagar, isso não, o faremos. Micaela Silva

Saudade em Exposição Decorreu no dia 10 de junho a inauguração da exposição de barcos em miniatura de Alexandre Leandro, “saudade”. O certame esteve patente no Cineteatro João Mota, um sesimbrense que dada a sua experiência pessoal criou as embarcações em miniatura em material reciclado. Segundo o Alexandre Leandro, “no princípio tudo começou numa tentativa de ocupar os tempos livres. Depois depressa se tornou um desafio. A seguir à réplica do barco do meu irmão pensei que que era engraçado construir uma réplica do barco

da pesca dos polvos… e assim foi, mas nunca mais parei”. Alexandre cresceu neste meio e o chamado do mar faz parte da sua alma artistica, mantendo nas suas memórias a pesca como um gosto, uma aptidão, e ainda mais do que isso, “uma arte em vias do esquecimento, uma arte que enfrenta épocas muito difíceis… Por esta razão a exposição acontece na terra natal do artista que pretende guardar o que de melhor o povo Sesimbrense tem”. Fátima Rodrigues


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DESPORTO

HORÓSCOPO

Mais de dois mil atletas em Sesimbra

Summer Cup 2014 encerra em grande

Francisco Jesus, presidente da Freguesia do Castelo deu as boas-vindas aos convidados e agradeceu às entidades autárquicas, aos representantes das entidades oficiais, aos clubes participantes, patrocinadores evolvidos e demais convidados. Relembrou que esta 4ª edição foi organizada pela autarquia local e sem fins lucrativos, desejando que o evento se torne sustentável no futuro. O Sesimbra Summer Cup contribui para a promoção da Marca Sesimbra e o respectivo concelho, sendo a CMS um parceiro muito importante num evento desta dimensão. Salientou o alto apoio da Federação Portuguesa de Futebol, da Associação Futebol de Setúbal, o patrocínio duma instituição bancária do distrito de Setúbal, uma empresa de equipamentos desportivos, uma empresa representante das principais marcas de acrílicos do mundo e aos apoios do Instituto Português da Juventude e do Plano Ética para o desporto entre outros sponsors. Um dos objetivos da autarquia é a promoção do concelho de Sesimbra alavancada pelo desporto. José Manuel Vacas, gerente da empresa Dagol deu as boas-vindas aos presentes e referiu que as actividades desportivas fazem parte da Dagol e que colabora nestas iniciativas, recordou que sempre esteve ligado ao desporto. Referiu ainda que este ano houve um empenho mais significativo no torneio. O presidente do Grupo Desportivo de Sesimbra Sebastião Patrício fez os agradecimentos aos evol-

No passado dia 14 de Junho realizou-se a apresentação da 4ª edição do Sesimbra Summer Cup no espaço Dagol, Zambujal de Baixo. Uma tarde de Sábado quente e solarenga que abrilhantou o evento num espaço muito bem cuidado e acolhedor da Empresa Dagol. Sesimbra Summer Cup encerra com balanço positivo, segundo os responsáveis pela organização. Um evento que trouxe até ao concelho mais de dois mil atletas, representando 63 equipas, em todas as modalidades participantes. Para além do desporto o programa contou ainda com um Seminário: “O desporto como factor de desenvolvimento económico e turístico de uma região - as potencialidades de Sesimbra”, bem como um Coloquio subordinado ao tema “Caminhos para o Desenvolvimento da Formação Desportivo”, integrado na Cerimónia Oficial de Abertura do 4º. Torneio Internacional de Futebol Infantil e Juvenil “ Sesimbra Summer Cup que contou com um conjunto de intervenientes de grande prestígio do desporto nacional. Sesimbra e as suas ruas encheram-se de equipamentos de todas as cores e viveu durante vários dias de 25 a 29 de junho, o desporto no seu expoente máximo, promovendo a qualidade de vida e as diversas modalidades existentes. vidos na organização do evento e salientou o papel preponderante do vereador José Polido na criação do Sesimbra Summer Cup e desejou que este torneio seja um sucesso desportivo. João Silva / Fátima Rodrigues

Optimist 2014

Realizou-se em Sesimbra entre 7 a 9 de Junho a Prova final de Seleção Optimist. Uma prova realizada em conjunto com o Campeonato de Portugal de Juvenis que definia os velejadores que irão representar Portugal no Campeonato do Mundo e da Europa a realizar na Argentina e na Irlanda. João Bolina e Manuel Ramos apuram-se em 1º e 2º para o Mundial. O Clube de Vela destacou-se conseguindo colocar nos 60 melhores velejadores (apurados no

Tiago Lopes

Campeonato de Portugal) 4 velejadores. João Bolina esteve ao rubro liderando a prova desde o inicio, somando a vitória neste Campeonato ao Titulo de Campeão Nacional, Manuel Ramos também esteve em grande performance, vencendo várias regatas e chegou mesmo a liderar em igualdade pontual com o seu colega. Fátima Rodrigues


O SESIMBRENSE | 1 DE JULHO DE 2014

Capoeira não tem idades

III Movimento Astralzinho Sesimbra

No passado dia 8 de Junho realizouse o III Movimento Astralzinho Sesimbra no Grupo Desportivo de Alfarim com a organização do Graduado Meia-Dúzia, que envolveu cerca de 80 praticantes. Este evento consistiu num dia dedicado às cerca de 50 crianças que praticam capoeira em Sesimbra. Uma iniciativa cheia de brincadeiras, treinos, muito convívio e onde os mais jovens foram baptizados, ou seja, receberam a sua primeira corda de capoeira e outros trocaram a sua graduação. Estiveram presentes, muitos membros do Grupo de Capoeira Alto Astral vindos de Lisboa, Évora, entre outros locais. Tendo ainda a actividade contado com a presença do mestre do grupo, Marco António, bem como, outros capoeiristas. Como surgiu a ideia? Meia-Dúzia - A ideia de realizar o evento do Alto Astral Sesimbra não surgiu, isto é uma ideia e uma forma de se trabalhar e um sistema e uma estrutura que já está criada através do nosso mestre. Anualmente tem que existir um evento para a troca de graduações das crianças ou adultos e para a troca de informações, para haver treinos e para haver rodas em que as pessoas entram em contacto e tem momentos de convívio umas com as outras.

Como surgiu o movimento? O movimento em Sesimbra foi um trabalho que começou acerca de 5 anos atrás, durante este período nós temos vindo a ganhar forma. No presente ano tivemos a adesão de alguns alunos e tivemos o crescimento do nosso trabalho infantil, tendo este sido mais desenvolvido no último ano e o dos adultos ter ficado estagnado. Sentimos a necessidade de criar um evento única e exclusivamente virado para as crianças e não envolver os adultos, tendo então dois eventos por ano, o dos adultos e o das crianças. Quem organizou este evento? Meia-Dúzia - Quem organizou este evento foi o Alto Astral Sesimbra, Graduado Meia-Dúzia e a sua equipa de adultos: Cambalhota, 51, Pumba, Lovadeus, Gralha, Colmeia… o grupo todo dos adultos. Está satisfeito com o trabalho realizado em Sesimbra? Mestre Marco António - Acho que o trabalho em Sesimbra está óptimo, está num bom caminho, até porque o início do trabalho infantil, com as crianças, é muito importante para criar justamente o futuro e a parte educacional, a capoeira como ferramenta educacional, com essa base toda, portanto, é importante criarmos a ligação. Então, estou “super” satisfeito em ver as crianças na roda, fazendo capoeira e ver os alunos adultos empenhados em desenvolver também este projeto. Estou muito satisfeito, pela realização do terceiro festival infantil e agora é para a frente. Sofia Polido

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TÉNIS - VI OPEN DO CASTELO

Fábio Rocha averba 2º título consecutivo Realizou-se nos dias 21 e 22 de Junho, a sexta edição do Open do Castelo, organizado pelo Clube Escola de Ténis de Sesimbra, que beneficia de útil parceria com a Junta de Freguesia do Castelo que patrocina esta prova desde o seu início. Este torneio é aberto e faz parte integrante do calendário oficial de provas da Federação Portuguesa de Ténis e teve lugar no Centro Municipal de Ténis de Sesimbra, situado na Maçã. Com a participação de 25 jogadores inscritos, o torneio decorreu num ambiente descontraído e saudável convívio, com três jogadores do CETSesimbra a alcançarem as meias finais, sendo de registar a surpreendente vitória de Leonardo Maricato, que a perder por 5/0, recuperou para 7/6 e 6/2, afastando da prova o finalista vencido do ano ante-

Alfarim vai ter bancadas O Grupo Desportivo de Alfarim tem em construção as bancadas do seu campo de futebol, uma obra à muito aguardada e que se prevê estar pronta já na próxima época. Segundo José Fernando presidente do clube “esta é uma obra de grande importância para os atletas e para os sócios do clube, porque para além das bancadas vais permitir a existência de instalações condignas para os atletas”. No espaço interior das bancadas vai existir os balneários femininos e masculinos apetrechados de todas as condições necessárias à prática de desporto, sala de tratamentos e um bar para todos aqueles que visitem o clube, “uma mais-valia para todos os simpatizantes e visitantes das nossas instalações”. Com as novas bancadas o complexo desportivo ganha assim uma nova vida e dinâmica necessária no desporto principalmente para os adeptos do futebol. Fátima Rodrigues

III Sarau do Associativismo

No passado dia 31 de Maio decorreu mais uma edição do Sarau do Associativismo, organizado pela Câmara Municipal de Sesimbra, que decorreu no Pavilhão Grupo Desportivo de Sesimbra, por onde desfilaram as cinco

centenas de atletas e cores dos diversos clubes desportivos do concelho. Cada associação levou para a iniciativa uma apresentação técnica prova do trabalho desportivo dos atletas nas diferentes modalidades e dos clu-

bes que representam. De casa cheia entre familiares, dirigentes, representantes autárquicos e convidados a opinião que circulava era uníssona, “vale a pena eventos destes e desta importância para o concelho e para os jovens”. A iniciativa que visa promover o desporto e aproximar as pessoas promete ser a prova de que no concelho o desporto é levado com seriedade e com o máximo profissionalismo, prometendo no próximo ano um maior número de participantes. Fátima Rodrigues

rior M. Bastos do C. N. Ginástica. Nas meias finais, Leonardo, após um fácil 6/1, deslumbrando-se não conseguiu manter o nível exibicional e foi afastado do jogo decisivo por Nuno Lopes(Portais da Arrábida) com os parciais de 6/1 - 2/6 - 4/6. Na outra meia-final defrontaram-se outros dois atletas sesimbrenses, André Aldeia e F. Rocha, tendo este último garantido o esperado lugar na final. No encontro decisivo, Fábio Rocha, fez valer o seu natural favoritismo e bateu N. Lopes por fáceis 6/1- 6/1, arrecadando o 2º título consecutivo neste evento. De registar ainda a participação de vários outros praticantes filiados no CETSesimbra, os quais contribuindo com o seu habitual fairplay, engrandeceram o VI Open do Castelo. João P. Aldeia

Associação Cultural e Desportiva da Cotovia

Foi no passado dia 10 de Junho, que a Associação Cultural e Desportiva da Cotovia festejou o seu 24º aniversário. Na sessão solene, perante os presentes, Fernando Almeida, Presidente da Associação, aproveitou para agradecer o empenho dos professores e técnicos, das diferentes modalidades existentes na Associação, que muito contribuíram para o desenvolvimento da atividade física, do desporto de formação e do lazer. Actualmente a ACDC possui atividades, como a ginástica, Yoga, karaté, Taekwondo, hip-hop, capoeira, escola de música, Ballet e Zumba, que são frequentadas por centenas de atletas, com idades compreendidas entre os 3 e os 84 anos. Outros projetos, como “Sempre a mexer para não envelhecer”, em parceria com a Câmara Municipal de Sesimbra, e “Saúde Sénior”, em parceria com a Junta de Freguesia do Castelo e a USF de Saúde do Castelo são, segundo a direção, uma mais-valia no serviço prestado à população. Para o presidente da direção: “para além dos novos projetos, tivemos por objetivo melhorar os existentes, dotando a Associação de recursos físicos e humanos necessários a essa melhoria. A Associação somos todos nós… e é com a participação de todos que a Associação continuará a crescer!” Jovita Lopes


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