O Sesimbrense - Edição 1189 - Agosto 2014

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Fundador: Abel Gomes Pólvora

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Edição Online: www.osesimbrense.com.pt

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Diretor: Félix Rapaz

ANO LXXXVIII • N.º 1189 de 1 de Setembro de 2014 • 1,00 € • Taxa Paga • Sesimbra - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. • DE00722014RCMS/RL)

Um paraíso sem igual...

Página 89 Página

ANIVERSÁRIOS Movimento Sesimbra Unida Página 11

R.A.H. Bombeiros V. de Sesimbra Página 9

Grupo Desportivo de Sesimbra Página 10


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Farmácias de Serviço

nBombeiros Voluntários de Sesimbra Piquete de Sesimbra: 21 228 84 50 Piquete da Quinta do Conde: 21 210 61 74 nGNR Sesimbra: 21 228 95 10 Alfarim: 21 268 88 10 Quinta do Conde: 21 210 07 18 nPolícia Marítima 21 228 07 78 nProtecção Civil (CMS) 21 228 05 21 nCentros de Saúde Sesimbra: 21 228 96 00 Santana: 21 268 92 80 Quinta do Conde: 21 211 09 40 nHospital Garcia d’Orta Almada 21 294 02 94 nComissão de Protecção de Crianças e Jovens do Concelho de Sesimbra 21 268 73 45 nPiquete de Águas (CMS) 21 223 23 21 / 93 998 06 24 nEDP (avarias) 800 50 65 06 nSegurança Social (VIA) 808 266 266 nServiço de Finanças de Sesimbra 212 289 300 nNúmero Europeu de Emergência 112 (Grátis) nLinha Nacional de Emergência Social 144 (Grátis) nSaúde 24 808 24 24 24 nIntoxicações - INEM 808 250 143 nAssembleia Municipal 21 228 85 51 nCâmara Municipal de Sesimbra 21 228 85 00 (geral) 800 22 88 50 (reclamações) nJunta de Freguesia do Castelo 21 268 92 10 nJunta de Freguesia de Santiago 21 228 84 10 nJunta de Freguesia da Quinta do Conde 21 210 83 70 nCTT Sesimbra: 21 223 21 69 Santana: 21 268 45 74 nAnulação de cartões SIBS (Sociedade Interbancária de Serviços) 808 201 251 Caixa Geral de Depósitos 707 24 24 24 Santander Totta 707 21 24 24 Millennium BCP 707 50 24 24 BPI 21 720 77 00 Montepio Geral 808 20 26 26 Banif 808 200 200 BES 707 24 73 65 Crédito Agrícola 808 20 60 60 Banco Popular 808 20 16 16 Barclays 707 30 30 30

EDITORIAL

Felix Rapaz

Contatos uteis

Adoro música, mas, o que se passa hoje em muitas estâncias balneares é que a música invadiu todo o espaço público e privado. Não há café, centro comercial, loja, elevador, parque de estacionamento e ruas inteiras que não nos massacrem com a música que não pedimos e, muitas vezes, nos incómoda. Neste ambiente de insuportável violência sonora já quase não se ouve nada. Em Sesimbra pode-se estar numa esplanada e sentir o som do mar e no espaço publico a ouvir o agitar das aves. Sesimbra (tirando casos pontuais) não aderiu a esta moda, ainda bem! Mostra o bom senso dos nossos empresários em reforçar o concelho como referência no turismo

Com o apoio:

de qualidade. Mas, para atingir esse padrão elevado é necessário muito mais; O concelho de Sesimbra possui condições fantásticas em termos geográficos para a prática do turismo de natureza e turismo criativo. É uma região banhada pelo atlântico, rodeada de serras e verdes pinhais, que (ainda) preserva um património natural e cultural importante. O conceito de turismo criativo resume-se a oferecer ao turista (quer nacional, quer internacional) uma vivência a nível local, uma interacção com as gentes a colectividades e o comércio local, em toda a sua dimensão nomeadamente natural, patrimonial, ecológica e paisagística. O concelho de Sesimbra é peixe e muito mais!

Farmácia da Cotovia Avenida João Paulo II, 52-C, Cotovia

212 681 685

Farmácia de Santana Estrada Nacional 378, Santana

212 688 370

Farmácia Leão Avenida da Liberdade, 13, Sesimbra

212 288 078

Farmácia Lopes

Rua Cândido dos Reis, 21, Sesimbra

212 233 028

Edição publicada segundo o novo acordo ortográfico

Retificação à edição anterior - Onde se lê Jantar Torneio Solidário do Clube Ténis de Sesimbra, deveria ler-se Jantar Convívio e Entrega de Prémios do Torneio Social; - Onde se lê Luis Esteves, deveria ler-se Pedro Aleixo Dias; - Onde se lê campos de ténis de Almoinha, deveria ler-se Centro Municipal de Ténis de Sesimbra (Maçã);


ATUALIDADE

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Incêndio na Azoia

Serviços administrativos GDS

O Grupo Desportivo de Sesimbra tem novas instalações para os serviços administrativos. Contrariando a prática habitual de ser o aniversariante a receber uma prenda, o clube decidiu presentear com novas e melhoradas infra-estruturas. A secretaria agora é no pavilhão Gimnodesportivo, que recebeu obras de remodelação e agora apresenta um espaço mais moderno. A inauguração das obras será durante o mês de Setembro. Esta medida vem decorrente do protocolo assinado entre o Desportivo e a Câmara Municipal de Sesimbra.

Governo aumenta rendas sociais

O executivo aumentou o preço do metro quadrado nas habitações sociais. A portaria já saiu em diário da república e começou a ser aplicada a 12 de Agosto. O preço para o concelho de Sesimbra aumenta 17 euros e poderá variar consoante os preços tabulados.

Moagem de Sampaio sabores de Sesimbra

Foto cedida por Mário MG

O incêndio deflagrou entre a estalagem dos Zimbros e os Pinheirinhos, por volta das 14h27 do dia 4 de Agosto. No combate estiveram presentes 169 operacionais,51 viaturas e dois aviões bombardeiros médios anfíbios que estiveram durante toda a tarde a sobrevoar a região. As chamas chegaram mesmo a obrigar ao corte da es-

Surf em Sesimbra Em dia de feriado o Instituto de Socorros a náufragos levou a cabo uma acção de formação com o intuito de capacitar os surfistas com conhecimentos de suporte básico de vida. Com uma comunidade de 180 mil praticantes espalhados pelo país, o INS sentiu a necessidade de os capacitar com conhecimentos que podem ser determinantes na altura de salvar uma vida. Em Portugal é o primeiro ano em que tal iniciativa é levada a cabo, tendo sido pedida a colaboração da Federação Portuguesa de Surf com vista a assinalar as praias onde esta prática é mais frequente. A parceria entre a comunidade de surfistas e os nadadores-salvadores já existe no Brasil desde 1982. Estes são trabalhadores sazonais, mas as condições climatéricas existentes nos dois países torna possível passear pelos areais durante todo o ano. Os surfistas estão sempre no mar desde que este não esteja flat “este é um projecto dedicado a eles”, nas palavras do representante do Instituto,

trada nacional 379 por dois dias para as operações de rescaldo. A protecção civil deu o incêndio como extinto, na sua página na internet, às 19h44. Com uma frente activa, o combate fez um ferido ligeiro, um dos bombeiros da corporação de Sesimbra teve que ser assistido por inalação de fumo e posteriormente

transportado para o hospital Garcia de Orta. “O Bombeiro assistido teve alta no dia seguinte ao do Incêndio e encontra-se bem, tendo regressado ao serviço no dia 6 de Agosto”, revelou ao nosso jornal o Comandante da Corporação, Ricardo Cruz. Já a causa do incêndio está a ser investigada pela Polícia Judiciária.

“Surf Salva” na Califórnia

implementadores da ideia no país. A formação consistiu numa parte teórica e outra prática. Mas para os coordenadores do projecto não dispensa a existência de banhistas ou o recurso

às linhas de emergência médica. É preferível fazer-se pouco do que não se fazer nada, este é um dos pontos de vista defendidos pela comunidade médica. Rui Crispim, membro da or-

Todos os sábados e domingos estão no pátio bancas com o melhor que há em Sesimbra. Os produtos disponíveis para venda vão desde pão, queijos, frutas, legumes e produtos apícolas. Todos os produtos têm como característica unificadora serem da região.

Futebol de praia

O Grupo Desportivo de Sesimbra foi eliminado da segunda fase do campeonato nacional. Num grupo onde ainda estavam presentes o Charneca de Caparica, Belenenses e Nacional da Madeira. Apesar da excelente prestação, ainda não vai ser este ano que o Sesimbra, de Durval Pinto, vai conseguir discutir o título nacional federativo.

ganização que se deslocou a Sesimbra, falou que “aquilo que se pretende é que os surfistas tenham formação em técnicas de suporte básico de vida para saberem aquilo que devem fazer quando encontram uma pessoa que levou com uma prancha e não tem ninguém que a ajude. Quem não sabe nada, se vir uma pessoa dentro de água a afogar-se, ainda fica mais nervosa, sem saber o que fazer. Grita por ajuda mas não socorre a pessoa”. As acções de formação, que estão a acontecer nos areais durante este mês, servem como medida de prevenção. A aceitação tem sido bastante boa. As tendas amarelas foram montadas na praia da Califórnia. A comunidade surfista em Sesimbra encontrase junto ao molhe e na praia do Meco. Andreia Rodrigues (Estagiária)


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Opinião

PESCAS

Lembra-me Por: Carlos Alexandre Macedo

varamessaiola.blogspot.com

Visitas guiadas à lota

Carina Reis

Iniciativa “Sesimbra é peixe” já chegou aos mercados e à lota A Câmara de Sesimbra promoveu durante o mês de Agosto visitas guiada à lota de Sesimbra e à zona de descarga de peixe, uma ação que faz parte do projeto Sesimbra é Peixe. Participaram nas visitas

várias dezenas de turistas, maioritariamente oriundos de Espanha. Paralelamente, a Câmara Municipal de Sesimbra ofereceu um conjunto de aventais com o logotipo da campanha aos vendedores dos mercados de Sesimbra e da Quinta do Conde. Esta é uma forma mais directa de promover o pescado

da região numa altura em que o concelho está cheio de turistas. A campanha foi lançada em 2013 e a marca já foi registada pela Câmara Municipal. O objectivo principal é a promoção das tradições ligadas à pesca e marcar a posição de Sesimbra no país.

Precisam-se de Pescadores

Quem conhece o setor da pesca sabe as dificuldades que existem em todo o país em conseguir pessoal qualificado para trabalhar. Por qualificado entende-se que tenha no mínimo a cédula marítima visto que só os trabalhadores com cédula é que contam para a lotação mínima de segurança que permite à embarcação exercer a atividade. Cada vez que os funcionários trocam de embarcações, quem perde o funcionário fica numa situação muito complicada, porque fica sem a lotação mínima para puder trabalhar e não basta recrutar alguém de “fora” da pesca, que esteja desempregado. Apesar do país ter um elevado nível de desemprego, se não tiver a cédula não conta para a lotação, e a embarcação mantém o problema. Se quiser ter a

cédula, esta também não é uma solução que se resolva. O acesso à profissão é obtido unicamente através da Formar, e são cerca de 2 meses de curso. A embarcação não pode ficar parada 2 meses à espera de alguém que ainda vai saber se se adapta à pesca. E bem sabemos o quão difícil é a adaptação física para quem sempre viveu com os pés em terra. A formação atual não está ao serviço da pesca. A Formar continua a fazer vários cursos de cédula marítima e no entanto, quantos efetivamente ingressaram na vida profissional? O curso de pescador está pensado apenas como todos os outros cursos, ou seja, para que o curso aconteça tem de existir um número mínimo de formandos (15), tem de existir um número mínimo de horas, e um conteúdo programático aprovado. Ao cumprir-se estes requisitos, a For-mar assegura que os seus cursos são financiados pela união europeia. Mas não assegura o que a pesca mais precisa. A pesca precisa que um homem possa tirar primeiro uma pequena formação básica em segurança e sobrevivência a

bordo, para que a partir daí possa embarcar como marítimo, e depois, já a trabalhar, já a saber se se adapta, terminar em pós-laboral as restantes horas do curso completo da cédula. Afinal quantas horas são necessárias para que alguém possa ter esta formação de segurança? 2, 3 dias completos de formação? A embarcação pode esperar 3 dias mas não 2 meses. Mas a embarcação que precisa de um homem amanhã para trabalhar também não pode esperar que se reúnam 15 homens e só aí ser dada a formação. A formação, tem como objetivo ser útil, se não for útil, é apenas um lóbi. E a formação na pesca se quer ser útil tem de se ajustar à realidade e não deixar as embarcações paradas à espera. O setor da pesca está unido nestas propostas de alterações da formação, a própria For-mar reconhece e concorda com a necessidade de rever a formação, as propostas já foram discutidas em cima da mesa por todos os intervenientes e por quem tem a capacidade de decidir. Porque é que continuam na mesa?

Verão, apesar da fogosidade do calor, é, por norma, a estação dos temas amenos, como diria o poeta e cantor do cão engarrafado. A saudade e a memória entrecruzamse bastas vezes com essas amenidades que no fim de contas não são mais do que aquilo que temos de mais significativo enquanto por aqui andamos. Foi neste clima que durante as férias aproveitei para reler e sobretudo rever a primeira edição do livro de Mª. Alfreda Cruz dedicada à “Pesca e aos pescadores de Sesimbra”, datado de 1966. Para além da descrição feita ao longo do livro, o que mais me cativou foram as imagens fotográficas presentes no livro. Apesar de pertencerem a uma memória que não é minha, tive o prazer de fazer uma leitura partilhada com os meus pais numa destas frias noites de Agosto. A busca dos locais e sua catalogação foi um exercício divertido. Tão divertido como difícil foi sobrepor o mapa emocional de uma Sesimbra que já não existe, com a Sesimbra actual. O livro e a conversa permitiram que me transportasse para as minhas memórias, que embora mais recentes, também me levam a uma Sesimbra muito diferente da de hoje.

Mais do que avaliar o que está melhor ou pior, interessou-me perceber as diferenças e lembrar-me. Gosto muito mais de me lembrar do que de recordar. As memórias, sobretudo as boas e felizes, são um exercício que nos faz sentir tão bem. É necessário ter o cuidado de não entrarmos em excessos de nostalgia que acabam por nos deixar sempre um pouco tristes. Perceber a importância das coisas passadas, a que no momento em que ocorreram não demos qualquer relevo, é encantador. As imagens dos tectos das “lojas de companha” decoradas com cabaças fazem-me lembrar os jogos de futebol que fazia com a malta do bairro da cooperativa, no meio da estrada, tão pouco frequentada, que segue para o tribunal. As imagens do casario e dos bairros da época lembram-me os grupos de jovens, que pontificavam em cada um dos aglomerados, do “largo da Guarda” da “Calviteira”, da “Fonte Nova”, do “Bairro de Pescadores” e do “Bairro da Cooperativa” que alegravam uma vila cheia de vida e juventude. Lembro-me tanto, que me esqueço das lembranças que terão meus filhos duma Sesimbra com gente dentro. Esta texto não obedece ao novo acordo ortográfico por opção do autor

Estudo de pescarias na costa de Sesimbra Com o objetivo de melhorar a sustentabilidade ambiental, social e económica da atividade pesqueira, as associações Sciaena e SPEA, em parceria com a Docapesca, vão desenvolver um projeto para caracterizar cinco pontos da costa portuguesa. Financiado pelo programa PROMAR, o projecto Val+, pretende valorizar o produto da pesca local, transacionado em lota. A edição piloto, que está a começar em Santa Luzia (Tavira), vai incidir sobre artes de pesca mais seletivas, como covos ou alcatruzes, pesca à linha e palangre. Mais tarde estarão sob pesquisa os porto de Sagres (Vila do Bispo), Sesimbra, Peniche e Póvoa de Varzim.


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LOCAIS

Turismo Desenvolvimento das Comunidades

A Organização Mundial do Turismo (OMT) escolheu para este ano o tema: Turismo & desenvolvimento das comunidades, que se comemora no próximo dia 27 de Setembro. A mensagem do secretáriogeral Tabeb Rifai jordano de nacionalidade é de que “cada vez que viajamos e utilizamos os transportes locais ou compramos produtos num mercado local estamos a contribuir para uma larga cadeia de valor; geradora de empregos e meios de subsistência (...) que proporcionam novas oportunidades com vista a um futuro melhor”. Nesse mesmo dia a Câmara Municipal de Sesimbra (CMS) irá anunciar os vencedores da campanha de promoção Sesimbra é peixe, em que as portas e janelas são transformadas em obras de Arte, com temas alusivos a Sesimbra. É de salientar a importância do turismo interno para Portugal: os portugueses gastaram 3,14 mil milhões de euros a fazer turismo, cerca de 4 milhões de lusitanos fizeram viagens turísticas em 2013 e de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE) os cidadãos lusos realizaram 17,9 milhões de viagens turísticas, das quais 16,4 milhões dentro do país e que gastaram 3,14 mil milhões de euros, em termos percentuais 90% dos portugueses optam por fazer férias “cá dentro”. Relativamente a este ano os indicadores fornecidos pelo Banco de Portugal (BdP) indicam 19.477 milhões de dormidas, das quais 14.036 são de hospedes estrangeiros e 5.440 são de cidadãos nacionais tornando o turismo interno numa fonte de receitas muito importante para o país e segundo o Presidente do Turismo de Portugal, “poderemos estar perante um ano histórico para o sector do turismo”. Recorrer ao turismo como actividade económica que alavanque demais actividades económicas regionais, pro-

12 anos a receber animais abandonados

Bianca apela ao voluntariado A associação Bianca acolhe animais abandonados no concelho de Sesimbra. Um trabalho gratificante para quem gosta de animais, mas que vive diariamente inúmeras barreiras económicas de falta de pessoal voluntário. O Sesimbrense quis saber de que forma desenvolve a sua atividade em prol dos animais indefesos e abandonados ao seu destino.

poderemos estar perante um ano histórico para o sector do turismo Presidente do Turismo e Portugal

movendo a criação de empresas e de postos de trabalho que permitam que jovens desempregados e desempregados de longa duração possam contribuir com o seu labor para o progresso da região e do país. Uma preciosa ajuda foi a de Kirill Neiezhmakov, ucraniano que fez uma compilação de imagens de Lisboa e Sesimbra, colocando no youtube o documentário Portugal Timelapse/Hyperlapse (Lisbon & Sesimbra) e presente no último Festival Finisterra, originando uma procura exponencial por parte dos internautas na ordem das milhares visualizações em poucos dias e com honras de encerramento de serviços noticiosos nacionais. Um marco histórico foi também a passagem da fortaleza de Sesimbra para as mãos da Câmara Municipal, uma aspiração tão desejada pelos sesimbrenses e forasteiros que admiravam da rua a monumental obra que enche de orgulho Sesimbra. Há séculos atrás serviu para defender os habitantes dos invasores e dos corsários, mas chegou o momento dos sesimbrenses tomarem conta deste emblemático monumento, preservando-o, promovendo e divulgando actividades de âmbito cultural e turístico que dignifiquem Sesimbra em Portugal e no mundo. Findo este capítulo, talvez seja a altura propícia de arregaçar as mangas e iniciar a recuperação do ex-líbris Santuário do Cabo Espichel e sua envolvente? João Silva

A Bianca completou 12 anos, que balanço faz do trabalho desenvolvido? Nos últimos doze anos a Bianca salvou centenas de animais abandonados. Foram quase 5000 animais resgatados e entregues para adoção responsável. O número de animaIs esterilizados ultrapassa os 3000 e tem vindo a crescer de ano para ano. Só em 2013 foram esterilizados 753 animais. O nosso projeto de esterilização de felinos de rua, evitou o nascimento de milhões de animais. Começaram com um pequeno espaço, hoje tem centenas de boxes de abrigo, de que forma foram crescendo? O projeto do abrigo da Bianca começou em 2003 com 7 animais num terreno privado. Hoje temos, 300 animais e infelizmente não param de chegar. Sob pretexto da crise, os animais são descartados, largados nas estradas, nos canis municipais, sem sentimentos nem remorsos. Esta é a dura realidade, de quem se preocupa com o bem-estar animal. Que desafios vivem diariamente, quais as maiores dificuldades? A grande preocupação da Direção da Bianca é a falta de espaço para abrigar todos os animais. Diariamente recebemos dezenas de telefonemas e email a pedir ajuda para animais. Se pudéssemos receber todos seriam cerca de 2 dezenas por dia. É humanamente impossível. Os animais não se amontoam, existem regras para o seu alojamento, legais e naturais. Onde está um macho, por exemplo, não se pode colocar outro macho. Em ambiente familiar até

poderá ser possível, mas num abrigo com centenas de animais onde a tensão é permanente, qualquer mal-entendido poderá ser fatal. Muitas vezes as pessoas não percebem porque não vamos recolher o animal que está à sua porta. A nossa resposta é simples: não temos onde colocar o animal. Outra grande necessidade é ração e medicamentos. No nosso site, www.bianca.pt podem encontrar a lista de medicamentos que precisamos diariamente. Os nossos animais comem cerca de 500kg de ração por semana, ou seja, cerca de 2000kg por mês! A sustentabilidade da Bianca é uma preocupação diária? É um esforço gigantesco conseguir tudo o que necessitamos para manter estes animais que foram indesejados. Sempre que um animal doente dá entrada no nosso abrigo e precisa de uma cirurgia, a Bianca utiliza as redes sociais para solicitar apoio. A rede de apoio põe-se em movimento. Só desta forma podemos tentar ajudar e recuperar mensalmente animais que foram atropelados e requerem intervenção médico veterinária. O voluntariado é a vossa maior carência? Com 3 centenas de animais todos os voluntários são poucos. Os cães gostam e precisam de ser passeados, e o espaço onde a Bianca se situa é propício a passeios agradáveis. Precisamos sempre de voluntários, contudo, o voluntariado não pode ser encarado como algo que se faz quando apetece. Ser voluntário é assumir responsabilidade por determinada tarefa,

sem qualquer tipo de remuneração. Que mensagem gostaria de deixar assinalada após 12 anos ao serviço dos animais? A Bianca irá continuar o seu trabalho, lutando todos os dias, como tem feito até hoje, para minimizar o problema do abandono e por fim aos maus tratos de que os animais são vítimas. Esperamos que a nova lei que penaliza os maus tratos aos animais seja rapidamente “reconhecida” pelas entidades competentes pela sua aplicação. Para nós não basta estar em vigor é necessário que quem tem o poder de decidir, reconheça a validada deste diploma. Fátima Rodrigues


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De Igual Modo

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O amplo espaço de convívio da Califórnia enriqueceu-se com as noites literárias da bastante concorrida Feira do Livro. Merecidos parabéns, é para continuar!

David Sequerra

Da Feira do livro à “Feira” do lixo ...

Ao longo deste inconstante mês de Agosto que agora se finda, no local do costume, a Câmara Municipal patrocinou e apoiou convenientemente mais uma elogiável edição da Feira do Livro, com objectivos culturais que muito se apreciam. Cada vez mais obras, maior interesse e oportunas intervenções de autores consagrados tais como:Francisco Moita Flores, Mário Zambujal, Helena Sacadura Cabral e João Tordo, de aplaudidas presenças de convidados da feliz organização. Sesimbra projecta-se e valoriza-se com a sua Feira do Livro e dai esta referência de “sinal mais” para a iniciativa, uma justa actuação de mérito para a zelosa funcionária da CMS, Conceição Loureiro sempre presente, afável e cooperante com os sucessivos autores convidados.

Com idêntica veemência, mas de sinal contrário, do elogio ao lamento, passamos da Feira do Livro para uma autêntica e desagradabilíssima “feira” do lixo, na doca, em terrenos da APSS mas onde o Município, por óbvias razões, tem sempre uma palavra a dizer. Queremos referir-nos ao péssimo aspecto de algumas embarcações abandonadas, bem à vista de quem passe por ali, em jeito de “cemitério” de traineiras, barcas e aiolas, de bons e velhos tempos. Que estranhas burocracias (ou censuráveis inercias…) estão a impedir uma resolução deste problema “pexito”? Admitimos que se trate de obtenção de um salutar consenso entre a APSS e a Câmara Municipal e daqui fazemos o apelo para que tal aconteça no mais curto espaço de tempo, ainda nos meandros desta época estival. Com o mesmo empenho com que louvámos a Feira do Livro, de igual modo desejamos ter boas notícias sobre o panorama visual da doca. Já é tempo de pôr fim à triste exibição de velharias! David Sequerra

Carta aberta A Roque Braz de Oliveira

Conheço-o e admiro-o há quase 70 anos! Primeiro como nadador sénior do “nosso” Clube Naval, rival directo dos irmãos Filipe, do Eduardo Pereira e do Carlos Magalhães, depois como consagrado piloto das lustrosas aeronaves da TAP e como exemplar chefe de família, numerosa e muito unida. Agora presto sincera e sentida homenagem à sua condição de nonagenário lúcido e bem conservado, um dos líderes do extenso “clã” familiar dos Braz de Oliveira, a par do primogénito da geração mais antiga, o “nosso” General da F.A; Rui Braz de Oliveira, uma heróica caminhada rumo aos 100 anos. A oportunidade desta “Carta Aberta” nas colunas do “Sesimbrense”, “que é quase da sua idade, prende-se, porem, pelo conhecimento de que disfruto quanto à magnifica festa da “família B.O” que já passou a extraordinária barreira dos 100 componentes, tendo por núcleo habitacional a tão típica Quintinha, às portas da progressiva Cotovia. O Roque, a quem me dirijo, é o feliz “patriarca” de nada menos do que 40 descendentes (8 filhos, 22 netos e 10 bisnetos). Até ver… Muitas vezes tratado por “Senhor Comandante”, dada a sua longa e meritosa carreira na TAP, Roque Braz de Oliveira é de uma simplicidade de convívio que me tocou desde uma mais recente proximidade, a dando razão de ser a esta missiva epistolar. Caríssimo Roque -é bom tê-lo conhecido com maior amplitude de contactos na Cotovia/Quintinha, uma espécie de “reino” dos Braz de Oliveira. Sei que lê regularmente este nosso jornal. Espero assim surpreendê-lo, pela positiva, com esta “carta aberta”. E tenho a certeza de que não se zangará comigo… David Sequerra


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Rua Capitão Leitão (Vulgo- a Galé!)

Vista da Rua Capitão Leitão Antes de mais é bom saber quem foi o Capitão Leitão, que tem o seu nome na toponímia de várias terras do país, em repetidas homenagens à sua condição de heróico participante na primeira tentativa de derrubar a monarquia, em Janeiro de 1891. Se perguntarmos a um bom número de “pexitos”, por nascimento ou adopção, onde se

situa a Rua Capitão Leitão, poucos serão aqueles a dar uma resposta certa. Mas se for referida a Galé, quase todos responderão correctamente… A rua a que nos referimos terá uns escassos 40 metros de extensão; paralela à orla marítima, bastante próxima da antiga lota e das fábricas de gelo, típica vizinha do clás-

sico largo da Marinha, desde a residência dos Paseco até à espécie de bico que se segue ao antigo café Martelo, de Dona Maria e de seu filho “Márinho”, o Engenheiro Mário Polido Martelo por quem nutro uma velha e sólida amizade. O beco tem acesso directo ao Largo da Marinha, paredes meias com o “FAROL” de boa

memória, lídimo orgulho do Sr. Heitor. Do lado poente, a rua enceta-se com uma boa casa da família Mesquita Lopes (Dona Libânia, Mário, Virgílio e demais irmãos) que muito se lamenta ver em constante deterioração, sabe-se lá porque…Na já muito distante década de 40 a casa figurava entre as mais modernas da “Piscosa”, com dois pisos e apreciáveis acabamentos. Tinha fronteiras com o reduto dos Pásecas (Herondira, Manuel e Vitor, gente da minha geração) e do primeiro andar via-se o mar e toda a azáfama da lota. Defronte morava a “Ti” Maria e o seu filho Xavier, pescador de boa cepa. No trajecto de poente para ocidente, em escassos metros, situavamse duas lojas de “campanha” com ligação às traineiras de “Ti” Domingos (Martelo) que não escondia a sua predilecção pela “PEPE”, simbólica homenagem á figura mítica do seu clube – O Belenenses. Nessas lojas o labor era tí-

Quem foi o Capitão Leitão? Figura em destaque na Revolução de 31 de Janeiro de 1891, numa primeira tentativa de estabelecimento da república, só conseguida mais de 19 anos decorridos. O Capitão Amaral Leitão, ao comando de um contingente importante de revolucionários, não foi esquecido quando do solene evento de 1910. O seu nome foi atribuído a várias artérias de cidades e vilas portuguesas e Sesimbra foi incluída nessa homenagem ao Capitão Leitão. Mas a Galé continua sendo a designação mais popular.

Loja de Campanha de “Carocho”,”Choco”

pico e muito intenso, integrando figuras de muito especial popularidade – o “choco”, o “carocho”, o Manel e alguns mais. Trabalhava-se dia e noite, às vezes á luz de archotes de estilo medieval, com períodos de animação de cavaquinho e gaita-de-beiços; com uma ou outra saltada ao café Martelo para o bagacinho da praxe ou uma rápida partida de gamão ou do “não te irrites”. Falava-se de futebol, da acesa rivalidade do Vitória e do União e da eficiência das armações da época, da “Remexida” ao “Burgau”. Passados tantos anos a “GALÉ” continua a ser um recanto típico de Sesimbra, com café esplanada sobre o areal da antiga lota e, de vez em quando, com apreciadas actuações do Reinaldo e da sua “troupe” de amigos, com o “Ribolè” a ser pedido e aplaudido por todos os que continuam a animar a Rua Capitão Leitão, a Galé! David Sequerra


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AMBIENTE

Cordilheira da Arrábida um paraíso sem igual

A riqueza que a natureza nos ofereceu A cordilheira da Arrábida é um dos lugares naturais de influência mediterrânica mais belos e significativos do nosso país. Ao longo das suas montanhas ou através das sombras dos seus vales e picos, o horizonte e a vista sobre o mar apresenta-se como uma das mais belas paisagens, onde a serra se constitui como barreira orográfica entre o litoral e o interior, possuindo também vegetação exuberante, de cariz mediterrânico. A costa de um mar verdejante alimenta a alma e a visão de quem comtempla esta magnifica obra da natureza. A Cordilheira deitada sobre o mar oferece uma das paisagens mais deslumbrantes da costa tão próxima de Lisboa. O ponto mais alto encontra-se na Serra do Risco, uma magnífica arriba com 380 m de altura. Como uma muralha verde a pique sobre o Atlântico, a serra abriga pequenas enseadas de areia branca e, apesar de estar à porta do oceano, o mar aqui reflete a acalmia da serra e da natureza que ali se pode observar. Segundo Orlando Pinto, espeleólogo, a Cordilheira da Arrábida, desenvolveu-se através de processos geológicos entre o Mesozóico e o Cenozóico, tem orientação alpina, com cerca de 35Km de comprimento e uma largura média de 6Km. A sua altitude máxima, verifica-se no anticlinal do Formosinho 501 metros. Sendo constituída por três eixos distintos: o primeiro formado pelas serras de São Francisco e do Louro; o segundo composto pelas Serras dos Gaiteiros e de S. Luís; o terceiro formado pelas Serras da Arrábida e do Risco, às quais se juntam as elevações da Achada, Pinheirinhos, Azóia e terminando no Promontório do Cabo Espichel. Sendo um testemunho inequívoco das 4 fases de rifting que levaram á separação Laurásia e á formação do Atlântico Norte. A riqueza desta cordilheira é inexplicável segundo o estudo desenvolvido por Orlando Pinto, a serra na sua geologia, é constituída principalmente por rochas sedimentares calcárias, dolomíticas e margosas. É nesta paisagem cársica da Bacia Lusitaniana, que graças à drenagem subterrânea de águas gaso-carbónicas, a movimentos tectónicos e a situações de abrasão marinho, que ao longo de milénios o seu endocarso evoluiu e formou mais de uma centenas de cavidades, conhe-

cidas atualmente, grande parte graças ao esforço e dedicação dos espeleólogos do NECA do CEAE-LPN e outros. Desde o Cabo Espichel ao Outão, são 63 as grutas e lapas, agrupadas pela região onde se encontram, umas com inegável beleza espeleológica e outras com extraordinária importância arqueológica. As Algares e Sumidouros são mais duas das riquezas fundamentais para o desenvolvimento do endocarso, é graças á sua existência que se efetua em grande parte a entrada das águas superficiais que vão modelar e proporcionar o desenvolvimento de grutas. Das variadíssimas grutas e lapas destacamos a Gruta da Grande Falha ou Furna dos Segredos como lhe chamam as pessoas da terra. Esta corresponde ao processo mais clássico de formação de grutas marinhas, mas a sua beleza é algo inexplicável. Revelou-se uma gruta tectonizada, sem as formações características a que nos habituámos a ver mas de uma diferente e profunda beleza, já que a sua morfologia foi altamente regulada pela inclinação dos estratos onde se formou. Constituída por mais de 500 metros de galerias, que embora a proximidade do mar, contêm um reservatório de água doce, como que um pequeno rio subterrâneo, estimado em cerca de 200 metros de comprimento. Imagine-se a passear num pequeno barco insuflável, bem no interior do cabo Espichel (espeleólogo Orlando Pinto). A gruta da Garganta do Cabo situa-se no promontório do Cabo Espichel, nas falésias alcantiladas do Jurássico J-3, no sentido Este do “Focinho do Cabo”. Possuiu duas entradas, ambas conhecidas desde sempre pelos pescadores e população local. A entrada inferior situa-se junto ao mar sendo denominada por “Furna”, enquanto a entrada superior é con-

hecida por “Lapa ou Fojo das Pombas”. Para visitarmos a gruta é necessário contornarmos a falésia a cerca de 50 metros acima do nível do mar, para atingirmos a entrada superior a “Lapa das Pombas”, uma cavidade fóssil com 4 metros de largura implantada numa plataforma a 30 metros da base da escarpa. Dentro do “Fojo das Pombas” deparamos com um buraco na vertical que nos permite ver bem ao fundo o mar, que por efeito da ondulação penetra pela entrada inferior da gruta, rugindo e lambendo as rochas laterais de uma imensa galeria. Uma visão de elevado risco radical mas de uma beleza única para quem ama a natureza e a aventura. A Gruta do Frade é a considerada por Orlando Pinto a maior descoberta dos espeleólogos Sesimbrenses, “se a Gruta do Zambujal era a Pérola da Espeleologia a Sul do Tejo, então a recente é um autêntico Tesouro Subterrâneo e quem sabe, talvez a mais bela gruta do país. A gruta só foi visitada, até hoje, por poucas pessoas e cada incursão exige cuidados especiais, a conservação da Gruta do Frade é primordial para proteger a riqueza impar dessa cavidade no tocante à variedade e raridade das concreções. Tudo deve ser feito para preservar este património impar e evitar erros do passado”. Situa-se na Serra dos Pinheirinhos, desenvolvendo-se debaixo da Rechã D’Arcos, inserida na unidade tectónica denominada doma da Cova da Mijona, que apresenta geometria radial, afectada por várias falhas com direcções entre NW-SE e NE-SW, de origem diapírica (Kullberg e Rocha, 1991) e magmática (Kullberg, 1996). A entrada situada ao nível do mar, tem origem na actividade de abrasão marinho, a génese da continuação da gruta, formada em calcários tipo J2 Pe do Jurássico Médio (entre 180 e 160 milhões de anos), é resultante da geometria das camadas litológicas e da fracturação. As descontinuidades existentes na estratificação, possibilitaram o seu alargamento por via mecânica e química das águas subterrâneas de circulação, resultando no colapso gravítico dos materiais dos tectos das cavidades criadas devido á insustentabilidade das mesmas. Como podem perceber a beleza por este canto da terra não se perdeu, não se transformou pela mão do homem, porém a natureza permitiu aos mais aventureiros a contemplação de recantos do interior da terra de uma incalculável riqueza e fascínio. São inúmeros os locais que a natureza criou mas destacamos 3 dos 63 e três que existem. Sem dúvida que podemos afirmar que a Cordilheira da Arrábida é um dos locais onde o mar e a natureza se beijam para formar um dos patrimónios mais ricos do nosso país, atrevendome a dizer o nosso património mundial que teimam em deixar esquecido. Fátima Rodrigues

O Parque Natural da Arrábida, ocupa uma superfície de aproximadamente 17 mil ha, dos quais mais de 5 mil são de superfície marinha, abrangendo território pertencente aos concelhos de Palmela, Sesimbra e Setúbal. O Parque tem como principal unidade a cordilheira da Arrábida, à qual deve o seu nome. Esta cordilheira é constituída por três eixos distintos: o primeiro constituído pelas serras de São Francisco e do Louro; o segundo composto pelas Serras dos Gaiteiros e de S. Luís; o terceiro formado pelas Serras da Arrábida e do Risco, bem como pelas pequenas elevações que existem nos arredores de Sesimbra, e ainda pelas colinas situadas entre o Outão e Setúbal.


ASSOCIATIVISMO

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111 anos em defesa de Sesimbra

O Comandante Ricardo Cruz e a sua corporação abriram as portas do quartel, no dia 12 de Agosto, para festejar com a população e restantes autoridades convidadas mais um aniversário. As cerimónias oficiais decorreram no salão Mário Mesquita Lopes. Com um auditório composto pelos bombeiros e os seus familiares, o comandante, que se encontra na segunda comissão neste corpo de bombeiros, iniciou o seu discurso fazendo contas ao efectivo que dispõem e que todos os dias presta auxílio aqueles que mais precisam. No ano de 2013, a corporação de Sesimbra enfrentou 40 incêndios urbanos tendo disponíveis 67 viaturas de combate aos mesmos e de auxílio médico. Estes números provam que Sesimbra é um concelho seguro. Os tripulantes destas viaturas lutam, todos os

Os bombeiros festejam data histórica

dias, por vezes sem as mínimas condições, para dar uma segunda oportunidade aqueles que lhes pedem socorro mas são só enaltecidos em certas datas. O último grande fogo na região foi na Azoia, no início do mês. A corporação participa em actividades em todo o país. Ao longo do ato solene foram prestadas homenagens a bombeiros da corporação que se distinguiram. Estas condecorações foram dadas pela Liga dos Bombeiros Portugueses e entregues pelas mãos do Presidente da Câmara, o Arquitecto Augusto Pólvora. Ainda houve a promoção de jovens cadetes. Todos os discursos realizados pelas entidades presentes destacaram a ajuda que os “soldados da paz” fornecem. Estes bombeiros são profissionais mas não tem qualquer tipo de regalias, como a isenção nas taxas moderadoras, facto destacado pela

representante da protecção civil. Uma das mensagens finais deixada aos presentes foi que os homens e mulheres daquele quartel devem, todos os dias, dar o seu melhor para deixar os fundadores orgulhosos das suas atitudes. Os bombeiros são o maior exército da sociedade civil. Aqueles que mais perto estão da população mas que menos equipamentos têm. Andreia Rodrigues (Estagiária)

Apontamentos com história As origens dos Bombeiros voluntários de Sesimbra A 11 de Junho de 1902 Sesimbra acordou em chamas. A Fábrica Nacional de conservas estava a arder e não havia ninguém para apagar as chamas. Para suprimir a bomba da Câmara e os aguadeiros, centenas de pessoas passaram o dia a carregar baldes para conseguirem extinguir o fogo. Sesimbra necessitava de um corpo de bombeiros! José Henrique Machado iniciou assim uma campanha para dotar o concelho de um regimento de bombeiros. Algo que veio a acontecer quase um ano depois. A Real Associação dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra nasceu com o mote “Vida por vida”. Joaquim Marques Pólvora fez parte da primeira direcção do corpo de bombeiros e o Rei D. Carlos I e o PríncipeHerdeiro, Luís Filipe eram os seus comandantes honorários. Devido a um esforço colectivo da população Sesimbrense e ao aval dado pela casa Real de Bragança, Sesimbra finalmente tinha a protecção dos bombeiros; só que lhes faltava um quartel. O espaço foi doado pela senhora Amélia Caldeira Monteiro. Esse terreno foi o quartel-general da corporação até meados do século passado.

Primeiro Corpo Activo

Estatutos iniciais

Publicado em O Sesimbrense, 1929


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O Grupo Desportivo de Sesimbra fez anos a 10 de Agosto

Composição da mesa, na sessão solene

Homenagens ao clube

67 anos de história Sessão solene, realizada na sala de festas “Coronel Joaquim Pinto Braz”, marca aniversário do clube. Este ato ficou assinalado pela entrega de diplomas que serviram para prestar homenagem aos fundadores da seção de voleibol, atletas, funcionários e demais sócios que se destacaram. Um dos homenageados do clube foi o atleta de sub-13, Rodrigo Ribeiro, que se sagrou campeão da região de Lisboa em Badmínton pares. Dois dos fundadores de um dos núcleos com mais prémios do clube, e que estiveram presentes para serem homenageados, foram António Piedade e Ricardo Santos. O núcleo de voleibol já deu duas atletas para a selecção nacional sénior. Várias entidades mandaram mensagens de parabéns mesmo não podendo estar presentes na hora de cortar o bolo de anos. As personalidades Sesimbrenses que estiveram não deixaram de marcar a necessidade do desporto ser inclusivo. E que uma das fórmulas para atingir o sucesso é recriar o melhor que

há nos outros clubes tendo em conta o meio pequeno onde está inserido. O Grupo Desportivo de Sesimbra apareceu da fusão de três outros clubes da terra (União Futebol Sesimbra, Vitória Futebol Club e Ases Futebol Clube). A União Futebol Sesimbra se ainda estivesse no activo faria 100 anos de existência em 2015. O presidente do clube, Sebastião Patrício foi eleito a primeira vez em 1994, no discurso que realizou-se declara estar algo desiludido pela piscina e a sala de desporto irem passar para a alçada da Câmara Municipal de Sesimbra já no próximo dia 1 de Setembro e por um período inicial de dois anos. Um dos eventos realizados pelo clube, em parceria com a Junta de Freguesia do Castelo e o Grupo Desportivo de Alfarim, é a Sesimbra Summer Cup que contou nesta edição com 2000 atletas. Em 2015 faz cinco anos de existência, sendo já um dos marcos do conselho na época estival. O Futebol, o Hóquei, a Natação, O Voleibol ou o Badmínton são as bandeiras do maior clube do conselho. Andreia Rodrigues (Estagiária)

O clube foi distinguido por várias pessoas e associações que estiveram presentes na sessão solene. A mais simbólica foi ofertada pelos netos de José Vieira (mais conhecido por “Zé Bolacha”). A quando da entrega de um quadro com fotos ao presidente, os restantes presentes na sala fizeram questão de se levantar para recordar a vida do tão carismático e devoto associado do clube na seção desportiva de futebol. Zé Bolacha morreu a 17 de Julho de 2014, menos de um mês antes do clube do seu coração fazer tão distinto aniversário.

Sebastião Patrício fala sobre a história do clube A caminho dos 70 anos de existência, muitas são as histórias a contar sobre o maior clube do concelho. Ligado ao clube desde 1994, o presidente Sebastião Patrício faz uma breve retrospectiva sobre o passado do Grupo Desportivo de Sesimbra; fala sobre a nova temporada que tem arranque em Setembro e formula desejos para o futuro. 67 Anos do Grupo Desportivo de Sesimbra dedicados ao desporto é um orgulho? “Sim para nós dirigentes e associados é um grande orgulho os 67 anos de vida dedicados ao desporto por parte do Grupo Desportivo de Sesimbra, uma longa e prestigiante história, onde muita gente tem sabido honrar o clube,

o concelho de Sesimbra e o desporto Nacional. Quando estamos a três anos das comemorações dos 70 anos, o trabalho que diariamente é efectuado por todos quantos integram a nossa família será sempre valorizado na promoção de um melhor e mais saudável desporto, por isso, temos a obrigação de hon-

rar todos os que desde 10 de Agosto de 1947 fundaram e prestigiaram este grande clube.” Quais as novidades no plantel para a próxima época e qual a composição do mesmo? “As novidades dos nossos plantéis Seniores serão divulgados durante o

mês de Setembro, no entanto podemos informar todos os nossos associados que as respectivas estruturas estão praticamente definidas, uma vez que as apresentações oficiais internas decorreram no passado dia 25 de Agosto, iniciando-se os treinos no dia 26, sessões de trabalho repartidas entre o Estádio da Vila Amália, Pavilhão do G. D. Sesimbra e Complexo Desportivo Municipal da Maçã.” Onde vê o Desportivo daqui a 67 anos? “Vejo o Grupo Desportivo de Sesimbra daqui a 67 anos, como um clube ainda maior daquele que hoje tenho o privilégio e a honra de presidir.” Andreia Rodrigues (Estagiária)


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POLÍTICA

Movimento quer Sesimbra mais próxima da população colocando reservas à gestão municipal da Piscina do GDS, sem a constituição de garantias que protejam os encargos financeiros da Câmara; j) Na defesa dos Munícipes: Apresentação de uma recomendação à Câmara para redução da taxa do IMI; Trabalhando em prol da reativação da figura do Provedor do Munícipe, enquanto entidade independente; k) Na defesa da cultura, desporto e do bem-estar social: Dando um contributo na elaboração dos regulamentos da Fortaleza de Santiago e da Piscina do GDS; l) Na defesa da autonomia local: Co-autoria da Moção contra a comparticipação dos municípios em igualdade de circunstâncias com o Estado, para o “Fundo de Apoio Municipal”, intolerável face à crescente redução da transferência das receitas fiscais para os municípios; Na Assembleia de Freguesia de Santiago, os eleitos MSU apresentaram várias moções: Uma relativa ao

gócios têm para a nossa freguesia. Na Assembleia de Freguesia da Quinta do Conde a participação do MSU na assembleia de Freguesia da Quinta do Conde se tem pautado pela participação ativa na discussão de todos os assuntos que influenciam a vivência dos residentes da Freguesia da Quinta do Conde, bem como daqueles que lá trabalham. O nosso discurso tem-se pautado acima de tudo pela coerência e pelo respeito do contraditório, mas marcando uma posição construtiva. Fazendo uma cronologia breve de factos e de propostas que demonstram a nossa posição construtiva convém relembrar que o MSU apresentou sete propostas a concretizar, mesmo na reunião de direito à oposição que por serem pontos bastante fortes da nossa candidatura foram em boa hora aceites. Essas propostas foram: Abertura da Loja do Cidadão na Quinta do Conde; Melhor gestão e planeamento de serviços de limpeza, reparação e manutenção de exteriores; Melhorias das vias de acesso, condições de circulação das vias públicas e iluminação; Criação de um Espaço Cultural; Reivindicação do projeto de Escola Secundária e escola profissional bem como a captação de polos universitários; Ao longo deste ano, nas assembleias de freguesia, votámos em moções de todos os quadrantes políticos tentando ser coerente quer no discurso quer nas motivações que nos trazem para este

Carnaval de Sesimbra que visa apurar o que ocorreu no último desfile de Domingo que foi cancelado e estabelecer melhorias na coordenação dos futuros desfiles, bem como a criação de alternativas quando não se possam realizar por motivos meteorológicos. Esta moção foi aprovada apenas com a abstenção de um membro da CDU. Também apresentou uma moção relativa ao problema do cheiro a lixo que se sente junto do muro da praia e da própria praia, causado pelos caixotes do lixo em profundidade aí existentes. A moção foi aprovada com os votos favoráveis do MSU, PS, BE e PSD (6 votos) e a abstenção da CDU (5 votos). Reiteram ainda a necessidade de todos os executivos adotarem uns políticos de maior proximidade e cooperação com a população, levando os fregueses e todos os munícipes no geral a serem mais participativos e a sentirem que a sua voz é de facto ouvida. Na Assembleia de Freguesia do Castelo, Ao longo deste ano, os membros da MSU na assembleia de freguesia do castelo, aprovaram algumas moções, bem como planos de atividades que tão bem executados foram. Agora, preparamo-nos, para a próxima Assembleia de Freguesia, apresentar um pequeno projeto que visará favorecer o pequeno comércio local e restauração, dandolhes a importância que todos estes ne-

trabalho de grande responsabilidade cívica.

MSU celebra um ano de existência

O Movimento Sesimbra Unida completou no passado mês de agosto fez um ano de existência. O Sesimbrense esteve presente no jantar de comemoração e quis saber quais os projetos futuros. Carlos Sargedas falou sobre a iniciativa e sobre o futuro do movimento. Como correu o jantar comemorativo do vosso aniversário? O jantar decorreu em ambiente familiar e muito agradável, também com a presença de alguns amigos. Convívio, animação e reencontro de amizades entre os apoiantes de um Movimento Cívico composto por pessoas vindas das mais diversas origens que se continuam a rever e orgulhar da sua participação. O momento alto deste encontro foi além do bolo de aniversário, a intervenção onde fiz uma breve resenha do que o movimento tem desenvolvido neste ano e cada um dos eleitos, manifestou também o trabalho realizado. Quantas pessoas do movimento participaram? Cerca de 40 pessoas presentes, ou seja 50%. Pensando que estarmos em Agosto, alguns a trabalhar e a grande maioria de férias com a família foi uma boa média. Qual é o balanço que faz deste ano de existência? O Movimento Sesimbra Unida é um movimento de cidadãos, de índole política e não partidária, que nasceu do encontro feliz de um conjunto de pessoas provenientes de diversos campos políticos, após um convite feito nos jornais do Distrito. O trabalho árduo de reunião das assinaturas necessárias à formalização da candidatura a todos os órgãos autárquicos, teve com ponto mais alto a entrega do respetivo processo no Tribunal de Sesimbra, em 05 de Agosto de 2013. Razão pelo qual escolhi esta a data Oficial da “fundação” deste movimento. Nas eleições autárquicas de 2013, obtivemos um resultado positivo (8.9% dos votos), conseguindo eleger dois representantes na Assembleia Municipal, dois representantes em cada uma das Assembleias de Freguesia de Santiago e do Castelo, e um representante na Assembleia de Freguesia da Quinta do Conde, ficando a uma escassa margem para a minha eleição como vereador para a Câmara Municipal, mas surpreendentemente à frente do Bloco de Esquerda. Enquanto Movimento de Cidadãos o MSU realizou no passado 26 de Abril um Almoço Debate, onde para além de um momento de reencontro e convívio, o movimento refletiu sobre os 40 anos do 25 de Abril, a Liberdade, a Democracia e o espaço de participação política dos cidadãos independentes. Na Assembleia Municipal, os eleitos apostam numa oposição construtiva, cimentando uma postura de bom relacionamento com todas as forças políticas aí representadas, e de cooperação institucional com o executivo

camarário, na procura de consensos em matérias essenciais para a defesa dos Sesimbrenses. Nesse sentido, têm tido um papel decisivo: a) Na representatividade do Movimento garantindo a participação ativa em todas as Comissões Temáticas da Assembleia Municipal, e nos eventos mais importantes na vida do município; 2 b) Na defesa de uma melhor educação: Contributo para a elaboração de um diagnóstico da situação das escolas do concelho, e para a busca de soluções adequadas aos problemas detetados; Contributo decisivo na elaboração do programa do concurso para o fornecimento das refeições escolares, através de uma proposta de alteração (aprovada) da fórmula de cálculo das propostas concorrentes, e do texto final dos documentos de suporte. c) Na defesa da Justiça: Co-autoria da Moção “Novo Mapa Judiciário: uma solução inaceitável para Sesimbra” e participação em reuniões com os Grupos Parlamentares representados na Assembleia da República; d) Na defesa do Ambiente: Aprovação de uma moção para resolução definitiva do problema da qualidade da água na Lagoa de Albufeira; e) Na defesa da democracia e da cidadania: Coautoria de uma Recomendação para um estudo sério e independente sobre o fenómeno da abstenção nas eleições autárquicas em Sesimbra; Participação no projeto “Ida às Escolas”, que aposta na formação dos alunos em questões de cidadania; f) Na defesa do Turismo: Aprovação de uma saudação ao Festival FINISTERRA, enquanto evento que dá a Sesimbra uma projeção nacional e internacional; g) Na defesa da Pesca: Co-autoria da Moção “Revisão do Plano de Ordenamento do Parque Natural da Arrábida”, com especial incidência na sua vertente marítima (Parque Marinho Luiz Saldanha); h) Na defesa do trabalho e da igualdade: Co-autoria de uma Recomendação à Câmara para defesa dos comerciantes do Mercado Municipal da Quinta do Conde, tendo em vista a sua abertura em dias de greve; Voto contra a moção de apelo ao Governo para a revogação do aumento do horário de trabalho na função pública; i) Na defesa dos interesses financeiros da autarquia: Criticando de forma construtiva o Orçamento da CMS e as Grandes Opções do Plano, e

Qual a análise e perspetivas para o futuro? Os principais pontos a favor do MSU são a ausência de passado político, a postura de neutralidade partidária e a filosofia de proximidade aos cidadãos como forma privilegiada de defesa dos seus interesses e direitos. As principais adversidades do MSU, que são ao mesmo tempo pontos a melhorar, residem no distanciamento dos cidadãos e na dificuldade de mobilização dos apoiantes. É nosso entendimento que a ação do MSU deve-se centrar na criação de um jornal bimensal (uma versão em papel e outra online) como forma de difundir a mensagem do Movimento e o trabalho desenvolvido pelos eleitos locais. Este mecanismo permitirá uma maior informação e aproximação aos munícipes, servindo também para o MSU disponibilizar um serviço de atendimento ao munícipe. Por seu turno, a maior proximidade aos munícipes contribuirá para uma maior mobilização dos apoiantes. Iremos já no dia 13 de Setembro ter o nosso I Congresso para que possamos debater internamente quais os objetivos, planos e estratégia de ação futura para os próximos meses Fátima Rodrigues


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SOCIEDADE

Um olhar Por Victor Sousa Lopes

De regresso à praia

Sesimbrenses pelo Mundo Nome: Paulo Campos Idade: 34 anos Local: Reino Unido A fazer o quê? Profissão? Assistente de Loja no Lidl Continuação de negócio empresa própria Há quanto tempo? 1 mês

Qual o principal motivo que te levou a partir? A situação deplorável do país, a procura de um futuro melhor para o meu filho e dignidade no trabalho / dia-a-dia. Factores que dificilmente são possíveis de alcançar em Portugal. Não gosto de esbanjar o meu esforço e tempo a “engordar corruptos”. Exceptuando a família, claro, de que sentes mais saudades? Sem dúvida do peixe . De que forma te manténs atento ao que se passa em Sesimbra? Através de Facebook, amigos, jornais, etc. De que forma olhas agora para a tua terra a partir daí? Uma joia em bruto terrivelmente esbanjada, nas mãos das pessoas erradas. Como “matas” as saudades? De momento não “mato”, mas irei em breve visitar. Planeio fazê-lo regularmente, pois continuo a ter casa em Sesimbra. O projecto é voltar? Quem sabe, mas no futuro próximo não.

ta quantos “nãos” lhes digam. Confiança plena nas suas habilidades e naquilo que sabe fazer. Lembrar sempre que mesmo que não lhe dêem valor aí (Portugal), o mundo é muito grande e haverá onde, lhe achem fantástico. E a quem fica e vê alguém próximo partir? Não desesperem, a mudança é para melhor. Além disso nos dias de hoje e no mundo moderno as distâncias são muito curtas. Quer pela tecnologia, quer pelos meios de transporte, a saudade não é mais difícil de matar. O que custa mais? Adaptar à sociedade, há sempre diferenças culturais a ultrapassar. O que te atrai mais e menos nesse país? A possibilidade de valoriza-

ção pessoal, a organização social estruturada e com regras. As pessoas são simpáticas e educadas. As classes sociais não são tão ostracizadas. O que me atrai menos ? Condução ao contrário! haha!!!! O que custou mais no processo de adaptação? Não creio que tenha tido dificuldades significativas, apenas existe o sentimento de nostalgia, afinal de contas é levantar raízes. Onde levas quem te vai visitar aí? Londres, as coisas boas da vila onde moro. Há muito para ver e experimentar aqui, sobretudo em entretenimento e cultura, coisas que me agradam bastante. Quando regressas a Sesimbra, o que te apetece logo fazer? Comer um belo peixe assado !

D. Maria Eugénia Pólvora Braz

O que te fará voltar? Uma revolução no país? Alteração completa de como ele está estruturado? Dificilmente haverá razão para voltar sem um motivo muito forte (MESMO muito forte). O que dirias ou que conselho darias a quem hoje está de partida? Nunca desistir! Não impor-

Está uma manhã de Sol quente e céu limpo. Falta um quarto para as dez da manhã. Hoje vieram à praia com as expectativas altas de passarem um bom dia de sol e tomarem uns banhos de mar na baía de Sesimbra. Não dispensam a sua praia. Já tiveram casa em Sesimbra e, apesar de actualmente não virem cá tantas vezes, são umas pessoas muito presentes na tradição veraneante da vila. Sempre se renderam aos encantos desta praia. Formam um casal vulgar, na casa dos sessenta, daqueles que ninguém olha duas vezes quando passa por eles. Ele veste calção e t-shirt. Ela traz um dos seus vestidos leves de Verão, lisos. O areal estava cheio de famílias debaixo dos chapéus que as protegiam do Sol. Parados, ele com o guardasol numa mão e as cadeiras noutra; ela com as toalhas e uma sacola onde guarda alguma fruta, uma garrafa de água fresca e os protectores solares, “onde vamos nós caber com a nossa sombra e a nossa despensa”, terão questionado. Não demoraram muito a alcançar um espaço. Depois de percorrer alguns metros, numa parcela de areia espaçosa, ele ajoelhase, e cava um buraco para espetar o varão do guardasol. Posiciona as cadeiras de lona e cobre-as com as toalhas. Já sentados, começaram a observar o que os rodeava: vários casais e grupos de crianças ocupavam grande parte do espaço e havia quem se estivesse a divertir entre jogar com raquetes e piruetas dentro de água. Lêem atentamente as notícias de um jornal matu-

tino, aproveitando para comentarem um ou outro caso mediático. Em fundo ouve-se o som do “Há a bolinha, bolinha! Há com creme, sem creme e com chocolate”! O ar estava seco e o Sol queimava. Depois de algum tempo a apanhar Sol, resolvem experimentar a temperatura da água com os pés, e estariam para aí uns dez graus, nada que não estivessem já habituados. Trocam uma ou duas palavras sobre a temperatura e, estando os dois de acordo, decidem entrar. Não se pode dizer que estava fria, mas o mar estava um pouco revolto e para mergulhar não era boa ideia. Na água as pessoas que se banhavam neste dia causavam alguma agitação. Perceberam rapidamente que teriam de procurar outra zona para se refrescar. O areal que se estende por cerca de quilómetro e meio, entre as praias do Ouro e da Califórnia, é banhado por uma água limpa e cristalina. Não é raro, ver-se na sua transparência, alguns pequenos peixes que, não sendo convidados, fazem parte também de uma convivência. Apesar de muito concorrida durante o Verão, em especial onde se concentram a maioria das áreas concessionadas, a sua extensão permite que haja espaço para todos. A zona poente, quase sempre com pouca gente, é uma excelente alternativa para quem entende ser a praia sinónimo de paz e de isolamento. Na maré baixa, junto à linha de água, é perfeito para as crianças. Com um mar convidativo e um extenso areal, torna esta praia, na mais concorrida da zona durante a época balnear. Ao atingir o meio da tarde, o casal prepara o regresso ao quotidiano, se calhar, quando voltar à sua praia, vão continuar a percorrer o areal à beira-mar, dar uns mergulhos nas águas cristalinas e ouvir os gritos das crianças, e isso é o mais engraçado.

Escassos dias após as comemorações do 88º aniversário de “O Sesimbrense”; jornal fundado pelo senhor seu pai; faleceu

no Funchal a devotada amiga D. Maria Eugénia Pólvora Braz, aos 93 anos de idade. Um ano antes, em Sesimbra, Dona Maria Eugénia participava festivamente no aniversário do jornal, a par da sua filha, Jenny Braz, que tanto prezamos e tão perto tem estado dos destinos da liga e do jornal. As cerimónias fúnebres decorreram em Sesimbra, com corpo presente na igreja da Misericórdia onde acorreram muitos dos seus amigos. Viúva de José Pinto Braz, um Sesimbrense de eleição, Dona Maria Eugénia manteve-se em apreciável condição de convívio até muito perto do seu término de vida. A L.A.S e o jornal, que tanto lhe devem, fizeram-se representar na despedida de uma inesquecível amiga, compartilhando o desgosto da sua perda com a sua filha Jenny a quem, por este meio, renovamos as mais sentidas condolências.


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13 Mário Zambujal em Sesimbra

CULTURA

A Flow Art Connection traz jovens artistas a Sesimbra

Exposição “Zero” na Fortaleza ses e tem como marca distintiva a ligação a água, por isso a escolha do antigo baluarte manuelino. As obras em exposição podem ser licitadas. Segundo ,Débora Nabais, a sesimbrense promotora do evento, decidiram “criar a exposição e apresenta-la num espaço, que também está a começar”, tendo a organização da qual faz parte apenas um ano. Dai terem escolhido o nome Zero para o primeiro trabalho do grupo. “O certame levou entre três a quatro meses a ser idealizado. A fortaleza de Santiago, recentemente inaugurada, abraçou o projecto

LIVRO DO MÊS

A plataforma online FAC tem patente na Fortaleza de Santiago, a exposição “Zero”. De terça a domingo até 22 de Agosto, os sesimbrenses e demais turistas podem visita-la. Esta organização é em parceria com a Câmara Municipal de Sesimbra e a Bacalhôa. Os visitantes podem apreciar obras dos artistas Vieira Pereira, Rita Melo, David Rosado, Carlos Farinha, Ceci Lombardi ou de Ana Brotas, esta artista plástica é fundadora do retiro para artistas – MAE artistics, sedeado na Vila. As peças destes artistas são apresentadas em diversos paí-

Sinopse do livro “A Serra da Arrábida na Poesia Portuguesa” A Serra da Arrábida sempre foi uma musa inspiradora para os homens das letras. Naquele miradouro virado para o azul atlântico e da pena dos escritores brotaram nascentes pintadas com letras cromadas e apelativas. Em boa hora, o Centro de Estudos Bocageanos resolveu lançar a obra «A Serra da Arrábida na Poesia Portuguesa». Como refere o prefácio, doze anos após a primeira publicação da obra, os organizadores resolveram em-

Uma noite bem-disposta

preender uma segunda edição, revista e aumentada, e agora inserida na colecção «Clássicos de Setúbal». Da autoria de António Mateus Vilhena e Daniel Pires, este excelente livro reúne composições poéticas de escritores que colocaram a Serra da Arrábida nos anais das letras. A segunda edição desta colectânea acrescenta aos primeiros textos de vinte e seis poetas. De entre eles sobressai Camões, o expoente máximo da literatura portuguesa que, numa das mais depuradas éclogas, não esqueceu a «Serra Mãe», a forma como Sebastião da Gama a bapti-

pela sua inovação”, salientou. A promotora referiu ainda ,que “outros trabalhos estão pensados para um futuro próximo no mesmo local”, mas até 22 de Agosto é a exposição “Zero” que vai atrair os olhares dos mais curiosos. Espera-se o mesmo sucesso, tal como aconteceu no sunset de inauguração. Várias foram as pessoas que se dirigiram até a fortaleza e disfrutaram de uma noite serena, com boa música e as mais recentes obras de arte contemporânea. Andreia Rodrigues (estagiária)

zou. Igualmente a contemplaram nos seus poemas figuras como Francisco Joaquim Bingre, Maria Gabriela Llansol e José de Matos Rocha. Uma faceta enriquecedora desta obra com mais de quatrocentas páginas é a presença de textos inéditos de vários autores, entre os quais Inácio Monteiro, Manuel Maria Portela, Augusto Casimiro e Sebastião da Gama. O volume apresenta um escopo temporal lato. Com efeito, parafraseando Napoleão, extasiado com a beleza das Pirâmides do Egipto, «vários séculos nos contemplam», ao folheá-lo: o primeiro poema foi composto em meados do século XVI, estando o último datado do ano 2014. As composições seleccionadas são antecedidas por notícias biobibliográficas, que apresentam um carácter sucinto. Os coordenadores da obra privilegiaram não os autores, mas a temática versada. Os escritores coligidos encontram-se ordenados cronologicamente. A presente colectânea constitui, no domínio do património imaterial da Serra da Arrábida, um repositório de textos poéticos. Um excelente livro para saborear nestas férias.

Programada para as 21h30 no espaço da Feira do Livro na Praça da Califórnia, o jornalista e escritor Mário Zambujal compareceu para uma sessão de autógrafos com uma plateia cheia. A conversa começou com uma breve apresentação das suas obras. O seu último livro foi O Diário Oculto de Nora Rute, lançado em 2013. A sua incursão pela escrita começou em 1980 quando escreveu a Crónica dos Bons Malandros, que foi adaptada posteriormente para cinema e musical. “Quando escrevi a Crónica dos bons malandros era uma coisita qualquer”, assume o escritor. Mas desde a edição desse primeiro livro tem encantado sucessivas gerações com os seus romances. Para o autor, a vaga de novos escritores vai contra a ideia feita de que a juventude não consome livros. Mesmo com os incontestáveis êxitos considera-se mais jornalista do que escritor. Admite que tem que haver um equilíbrio entre as suas duas facetas, mesmo que o mundo se vá modificando.

Passou grande parte da sua juventude no Algarve e conviveu com pessoas, como o poeta popular António Aleixo, que lhe despertaram, em parte a paixão pela escrita. Desde essa altura que escreve obras de ficção, sendo também, editor no Clube de Jornalistas. Na Feira do Livro de Sesimbra, como bom homem da comunicação social que é, não dispensou uma ronda de perguntas com o seu público, mostrando-se bastante feliz por estar naquele local. “Escrevo sobre figuras populares, pessoas com as quais nos poderíamos cruzar na rua. Nunca me basei numa pessoa concreta para escrever”, admitiu o autor. “Os melhores contadores de histórias são os analfabetos”, afirmou o jornalista. Pois as palavras têm poder. O próximo livro sairá daqui a dois meses e chamar-se-á Serpentina.

Artesanato Prosa Vivo na Fortaleza

Perdi o sorriso, o facial, mas aprendi a sorrir com o coração. Perdi as lágrimas que tanta falta me fazem. Perdi a pouca audição que tinha mas passei a ouvir de outra maneira. Reaprendi a andar e passei a dar ainda mais valor à vida. Houve dor. Tanta! Todos os dias. Mas estou viva. Havia riscos. Demasiados! Havia medo mas nunca o disse em voz alta. Havia uma pessoa assustada porque aconteceu tudo muito rápido. Havia pessoas fabulosas a cuidar e a torcer por mim. Havia uma Maria João diferente após a cirurgia. Sobrevivi! Aliás, estou a fazer o que sempre quis: a viver! A ser (muito) feliz! Maria João Inocêncio

Cinco artesãs locais e as suas alunas mostram as suas artes, até 15 de Setembro, no posto de turismo de Sesimbra, na Fortaleza de Santiago. Esta iniciativa de artesanato ao vivo, pretende promover o artesanato local, e divulgar o que de melhor se faz no concelho, relativamente à temática. Programa

Renda de Bilros Alunas de Francisca Baptista e Lucília Martelo terças e quintas, das 16 às 20h Escamas de Peixe Lucinda Almeida sábados, das 16 às 23h Trabalhos em Croché Artes Decorativas Fernanda Lopes sábados, das 16 às 23h Trabalhos em Têxtil Artes Decorativas Paula Gatinho sextas, das 16 às 23h


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HORÓSCOPO

DESPORTO

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Miguel Gaboleiro sagra-se campeão nacional O piloto de Sesimbra venceu todas as etapas do campeonato nacional de Supercross, que teve início a 3 de Agosto. A pista de Poutena, onde as corridas da prova tiveram o seu início e fim, a 25 de Agosto, é a mais antiga do país e que ainda se encontra em utilização. Ganhar aqui é algo muito importante no

palmarés de um piloto. Esta primeira prova foi bastante concorrida, logo para se escolher os finalistas, foi necessário realizar três mangas. A final ficou marcada pela chuva, o que dificultou bastante o trabalho dos atletas. Mesmo com um percurso bastante traiçoeiro, a luta pelos primeiros lugares foi

bastante acesa. O piloto Sesimbrense rodou sempre nos lugares da frente, em conjunto com Sandro Peixe e Hugo Santos. A segunda etapa, em Leiria deu a Miguel Gaboleiro; Paulo Alberto e Hugo Bassula o ouro, prata e bronze respectivamente. Gaboleiro atacou a li-

derança desde a primeira etapa. Sandro Peixe, seu colega de na equipa BRC, capitaneada por Pedro Almei9ada, foi outra das figuras do campeonato de 2014. Os dois pilotos deram um grande espectáculo até a final. Mas a mota 172, do Sesimbrense, foi a primeira a cortar a meta. Esta foi a primeira vitória do piloto em campeonatos de Supercross, onde se estreou como sénior. O atleta concorreu na categoria SX2. O atleta já havia concorrido num campeonato nacional de MX-2013, onde não tinha qualquer tipo de apoios. O traçado da última corrida foi muito exigente contando ainda com pilotos internacionais. Esta foi uma corrida bastante complicada para o Sesimbrense, onde na 1ª final começou a prova fora do Top5 e a meio da corrida chegou a cair mas mesmo assim conseguiu sagrar-se campeão. Na última prova a assistência rondou os 3500 lugares sentados. Andreia Rodrigues (estagiária)

(A)gosto de vitórias

Sesimbrenses campeões de canoagem de mar O Clube Naval de Sesimbra (CNS) está mais uma vez de parabéns. Apesar do título de campeão nacional que conquistou em 2013 ter fugido para o Clube Mar Costa do Sol, tornou-se vice-campeão de canoagem de mar, com um total de 38 146 pontos, menos 518 pontos que os vencedores. Para este efeito contribuíram os 19 atletas do CNS da secção de canoagem. Foi em Esposende que se realizou a última das seis etapas que compunham o campeonato nacional deste ano. A título individual, destaque para os atletas: Guilherme Cabral, Sara Rafael e Mário Duarte

Tiago Lopes

que se sagraram campeões nacionais 2014, nas suas especialidade. Em Surf Ski 1, Guilherme Cabral subiu ao lugar mais alto do pódio após ter ultrapassado Nuno Brandão (CN Milfontes) e a Bruno Rafael (SL Benfica). Por sua vez, a atleta Sara Rafael ganhou quatro das seis provas realizadas, demonstrando um claro domínio, ficando à frente da sua colega de equipa Sofia Coelho. Já nos kayaks absolutos, Mário Duarte alcançou o primeiro lugar com uns incríveis 4012 pontos. Em veteranos e seniores a equipa ficou igualmente bem representada com as prestações de Délio Coutinho e Ana Du-

arte. Em SS1 masculino e SS1 feminino os dois atletas Sesimbrenses demonstraram ser os mais fortes. Em SS2 Masculino a dupla, Pedro Frazão e Miguel Caetano, sagraram-se Vice-campeões Nacionais.

Sara Rafael vice Campeã da Europa A 15 de Agosto a atleta Sara Rafael conquistou a segunda posição nos Campeonatos Europeus de Canoagem de Mar, que decorreram entre Apúlia e Vila do Conde, sagrando-se vice-campeã, na especialidade de SS1 Sénior Feminino. A grande vencedora foi Angie Mouden, de França, que bateu a sesimbrense apenas por uma diferença de 6 minutos. Do lote dos sete atletas que o CNS levou, destaque também para Ana Paula Duarte, na categoria de Master Feminino (45-49), Vice Campeã Europeia Guilherme Cabral, em Seniores Masculinos, décimo terceiro na geral e segundo na classificação portuguesa.


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Paulo Pulquério no

Foi no passado dia 6 de Julho, que o sesimbrense Paulo Pulquério, se estreou no Ironman (homem de ferro) internacional, na prova European Championship, em Frankfurt. Esta competição de triatlo, realizada na cidade alemã, contou a participação de cerca de 3000 atletas de 60 nacionalidades. Os atletas começaram, por volta das 7h00, o circuito de natação (3,9km) nas águas tranquilas do Langener Waldsee, seguiram de bicicleta (180,2 km) por uma área montanhosa e desafiante, onde milhares de espectadores e habitantes de aldeias típicas alemãs torceram pelos atletas. Terminaram a prova em corrida (42,2km) ao longo do rio Main, já noite dentro. Conhecida com uma das mais exigentes provas da modalidade, o Ironman distinguir-se pelos atributos físicos dos atletas participantes, bem como na multiculturalidade das cidades anfitriãs. Quisemos saber, junto de Paulo Pulquério, o porquê da sua participação nesta competição. “Tudo começou há

Artur Pereira, o titularíssimo do Sesimbra

“Nunca fui expulso!”

cerca de três anos quando li um artigo sobre a prova. Achei que aquele seria um bom desafio. Naquela altura apenas participava em maratonas, mal sabia nadar e nem sequer bicicleta tinha. Passado pouco tempo, pedi uma bicicleta emprestada e inscrevi-me no meu primeiro triatlo em Lisboa. A partir daí nunca mais parei, sempre com o objectivo da participação no Ironman. Quando questionado sobre a preparação para a competição, o atleta sesimbrense, refere que a sua maior dificuldade foi encontrar tempo para treinar “os treinos são muito longos, principalmente de bicicleta. Cheguei a ir passar um fim-de-semana ao Algarve, a Vila Real de Santo António. A minha esposa levou o carro e eu fui de bicicleta. Sai de casa de madrugada, percorri cerca de 300km e cheguei ao fim da tarde. Relativamente à prova Ironman, Paulo Pulquério refere que foi muito desgastante (com temperaturas a rondar os 35º), mas bastante compensadora. O seu objectivo era apenas terminar a prova e estar bem fisicamente, uma vez que foi a sua primeira experiência do género. “Não tinha qualquer pretensão a uma boa classificação. Cheguei bastante cansado, mas com a satisfação de dever cumprido”. Tempos da prova | Paulo Pulquério Natação: 01h:24m:42s Bicicleta: 07h:05m:16s Corrida:04h:49m:33s Geral: 13h39m32s Jovita Lopes

Dia Internacional da Juventude

Juventude em movimento

Sesimbra assinalou a data dinamizando diversas actividades desportivas e culturais. As comemorações decorreram ao longo do dia. Os jovens iniciaram-se em vários desportos, como: Surf, Bodyboard e Skimboard. Houve ainda baptismos de vela e Canoagem. Para os mais aventureiros, nas praias

do Meco, Bicas ou em Sesimbra, puderam disfrutar de um baptismo de parapente vislumbrando um extenso areal. 12 Participantes conseguiram realizar o seu baptismo de voo devido a uma ajudinha do tempo que estava favorável para a prática do desporto. Uma das actividades realizadas foi um percurso pedestre pelo Parque da Ribeira. Na Quinta do Conde, os jovens encontraram algumas espécies como o pato-real, a galinha-de-Água, o cágado do mediterrâneo ou a boga portuguesa, em vias de extinção. Esta visita serviu para destacar o valor ambiental dos vastos espaços verdes que o concelho dispõe. Andreia Rodrigues (estagiária)

Artur Pereira ao lado de Fragata e Alhinho fez parte do lote dos jogadores históricos do Grupo Desportivo de Sesimbra. Começou a jogar aos 17 anos, decorria a época de 1959/1960. Capitaneou homens bem mais velhos que ele mas sempre respeitaram. Após ter jogado mais de uma década, arrumou as chuteiras e abraçou o saxofone, outra das paixões do futebolista músico. Foi capitão do Sesimbra, como avalia o seu desempenho? O meu desempenho foi “cinco estrelas”. Com o meu comando ganhamos a taça da disciplina instituída pelo mundo desportivo, aos clubes mais bem comportados da primeira e da segunda divisão. O Farense ganhou na primeira divisão e nós na segunda. Falando em Farense, na época houve um jogo bastante conturbado com o Sesimbra. O que se passou? Esse jogo ocorreu numa disputa de subida de divisão. Quem ficasse apurado subia para a segunda divisão. O jogo era a duas mãos, a primeira foi aqui em casa e ganhamos 2-0, a segunda perdemos em Faro devido ao árbitro. O jogo do desempate foi em Beja onde tivemos um grande apoio dos sesimbrenses e conseguimos bater o Farense e subir para a segunda divisão. Acha que a sua equipa foi das melhores que o Sesimbra já teve? As equipas que mais singraram no clube foram aquelas das quais fiz parte. Tínhamos uma equipa fantástica! Eramos todos de Sesimbra, não ganhávamos nada e jogávamos com amor à camisola. Era muito raro, perdemos em casa. Houve até um ano em que disputamos a subida à primeira divisão e ficamos a apenas a um ponto. Fico muito feliz por ter pertencido ao melhor ano de sempre do Grupo Desportivo de Sesimbra. Eramos tratados como o “Benfica da outra banda”. Como é que se conseguiu nunca ser expulso e jogar sempre como titular? Acho que é devido ao meu feitio, pois sou uma pessoa bastante pacífica. Era um jogador calmo podiam-me dar algumas “cacetadas” e eu não dizia nada. Fui capitão de equipa na altura do Fragata, mas mesmo sendo mais novo que ele conseguia-lhe dar a volta. Como se sente fazendo parte da história do Sesimbrense? O Sesimbra fez 67 anos e eu fiz 69 há pouco tempo. Quando foi fundado tinha dois anos e nunca me passou pela cabeça que ia jogar no Sesimbra. Um dia disse para mim que iria jogar no Sesimbra. Na altura, era muito difícil entrar, pois era sempre a mesma equipa. Joguei até aos 32 anos sendo sempre titular e nunca tendo sido expulso. Como é que olha para o futebol no Sesimbra? Este é um futebol diferente, os jogadores parecem que não sentem a cami-

sola. Eu por vezes olho para as equipas e penso o que podia fazer com as coisas que eles têm agora. Eles têm sapatilhas das melhores e fatos de treino como nunca tive. Eu e os meus companheiros jogávamos debaixo de chuva; a roupa ia a secar e na terça-feira quando a vestíamos ainda estava molhada mas vestíamos a roupa. Os calções e a camisola de treino eram sempre as mesmas. Não havia fatos de treino. Calcei as minhas primeiras botas Adidas já jogava no Sesimbra há dez anos. Antigamente não havia pitons. Eram umas botas normais com umas traves de madeira e levavam quatro pitons pregados na parte da frente e dois atrás. Quando chegávamos ao intervalo já tinha desaparecido tudo. Ganhávamos os ressaltos na relva assim. Eram outros tempos, outras ideias. Costumam dizer que os jogadores antigos são melhores que os outros, mas é verdade. A diferença é que nós jogávamos com uma bola que pesava dez vezes mais que aquelas que tem agora mas mesmo assim conseguíamos jogar com elas. Vejam o esforço que fazíamos naquele tempo, com os campos todos enlameados tínhamos força para jogar futebol. Os moços de agora para jogarem naquelas condições tinham que ter mais força ou nós é que tínhamos muita força. Andreia Rodrigues (Estagiária)


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