Fundador: Abel Gomes Pólvora
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Edição Online: www.osesimbrense.com.pt
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Diretor: Félix Rapaz
ANO LXXXVIII • N.º 1190 de 1 de Outubro de 2014 • 1,00 € • Taxa Paga • Sesimbra - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. • DE00722014RCMS/RL)
Américo Gegaloto “Um Homem de desafios”
Próxima edição:
Clube Naval festejou 84 anos Página 11
Naútica discutida em Setúbal Página 9
Especial pobreza Sesimbra que recursos? Página 10
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nAnulação de cartões SIBS (Sociedade Interbancária de Serviços) 808 201 251 Caixa Geral de Depósitos 707 24 24 24 Santander Totta 707 21 24 24 Millennium BCP 707 50 24 24 BPI 21 720 77 00 Montepio Geral 808 20 26 26 Banif 808 200 200 BES 707 24 73 65 Crédito Agrícola 808 20 60 60 Banco Popular 808 20 16 16 Barclays 707 30 30 30
Felix Rapaz
nBombeiros Voluntários de Sesimbra Piquete de Sesimbra: 21 228 84 50 Piquete da Quinta do Conde: 21 210 61 74 nGNR Sesimbra: 21 228 95 10 Alfarim: 21 268 88 10 Quinta do Conde: 21 210 07 18 nPolícia Marítima 21 228 07 78 nProtecção Civil (CMS) 21 228 05 21 nCentros de Saúde Sesimbra: 21 228 96 00 Santana: 21 268 92 80 Quinta do Conde: 21 211 09 40 nHospital Garcia d’Orta Almada 21 294 02 94 nComissão de Protecção de Crianças e Jovens do Concelho de Sesimbra 21 268 73 45 nPiquete de Águas (CMS) 21 223 23 21 / 93 998 06 24 nEDP (avarias) 800 50 65 06 nSegurança Social (VIA) 808 266 266 nServiço de Finanças de Sesimbra 212 289 300 nNúmero Europeu de Emergência 112 (Grátis) nLinha Nacional de Emergência Social 144 (Grátis) nSaúde 24 808 24 24 24 nIntoxicações - INEM 808 250 143 nAssembleia Municipal 21 228 85 51 nCâmara Municipal de Sesimbra 21 228 85 00 (geral) 800 22 88 50 (reclamações) nJunta de Freguesia do Castelo 21 268 92 10 nJunta de Freguesia de Santiago 21 228 84 10 nJunta de Freguesia da Quinta do Conde 21 210 83 70 nCTT Sesimbra: 21 223 21 69 Santana: 21 268 45 74
EDITORIAL
Farmácias de Serviço
Contatos uteis
A brutalidade dos números da fome em Portugal vem comprovar a ineficácia das políticas neoliberais. As experiências que estes governantes e outros consideráveis têm feito na sociedade portuguesa, liquidando tudo o que vêem pela frente, em nome de uma “renovação” que mais não é senão a obediência dura às regras do capital, conduziram Portugal a um vazio, e os portugueses à mais atroz das misérias. Numa sociedade tecnologicamente avançada na qual se consegue ter produção agrícola em pleno deserto, onde as máquinas realizam o trabalho de um número infindável de pessoas, o desperdício alimentar é de uma violência
chocante. No concelho de Sesimbra “A cara da pobreza mudou” os nossos conterrâneos que necessitam de ajuda alimentar têm um rosto, são muitas vezes os nossos amigos e poderia ser um de nós ou os nossos filhos. Temos de lutar contra este desamparo e contra a desumanidade que a economia financeira criou para melhor dominar. É louvável qualquer iniciativa para ajudar as pessoas em dificuldade, no entanto, não devemos ficar com soluções deste tipo, mas sim discutir as causas e encontrar soluções estruturais para resolver o problema das famílias com carências alimentares.
“A Fome e a Pobreza” um trabalho a não perder!
Com o apoio:
Farmácia da Cotovia Avenida João Paulo II, 52-C, Cotovia
212 681 685
Farmácia de Santana Estrada Nacional 378, Santana
212 688 370
Farmácia Leão Avenida da Liberdade, 13, Sesimbra
212 288 078
As profundas desigualdades na distribuição da riqueza no mundo atingiram atualmente proporções verdadeiramente chocantes, diria mesmo assustadoras. O número de pessoas que são atingidas pela fome em nível mundial ronda cerca de 842 milhões, isto é, um de cada nove habitantes do planeta não tem alimentos suficientes. A fome e o isolamento das pessoas é uma das preocupações prementes da sociedade, em Sesimbra chegam até nós diariamente sombras de preocupação e vozes que se levantam contando na proximidade casos reais de pobreza envergonhada e pessoas no limite da pobreza. O Jornal no seu sentido de informa-
ção e papel social está a realizar um trabalho de profundidade com entrevistas na primeira pessoa, vozes preocupadas e que trabalham no terreno e a quem chegam pedidos de ajuda diariamente. Na próxima edição do Sesimbrense, no final de outubro, não perca um trabalho feito por pessoas, sesimbrenses, que vivem a fome e o isolamento no dia-a-dia e que dão muito do seu tempo por estas pessoas que vivem grandes dificuldades. O dia internacional para a erradicação da pobreza celebra-se a 17 de outubro, pelo que este especial será uma homenagem a todos aqueles que trabalham em prol dessa erradicação.
Farmácia Lopes
Rua Cândido dos Reis, 21, Sesimbra
212 233 028
Em Outubro: Dia 1 | quarta | às 21h30 Aniversário do Bota Big Band Local: Cineteatro João Mota Dia 3 | sexta-feira | às 21h30 Ciclo de conversas sobre os grandes artistas Local: Capela do Espirito Santo dos Mareantes de Sesimbra Dias 3 e 4 |sábado e domingo Maçã Camoesa Local: Moagem de Sampaio Dia 4 | Sábado XV Torneio de Pesca Desportiva ao Espadarte “José Pinto Braz” Local: Porto de Sesimbra Org.: Clube Naval de Sesimbra
Edição publicada segundo o novo acordo ortográfico
Dia 4 | sábado | às 21h30 Concerto da banda da força aérea org: Sociedade Musical Sesimbrense Local: Cineteatro João Mota
Dia 11 | Sábado | às 11h00 Travessia da baia Dia 11 | Sábado | 15h00 Conferencia sobre a primeira guerra mundial Local: Sala polivalente da fortaleza de santiago Dia 18 | Sábado | 11h00 Descerramento da placa comemorativa do início da primeira guerra mundial Local: Monumento aos combatentes do concelho de Sesimbra Dia 19 | Domigo | 16h00 Festa solidária a favor dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra Local: Cineteatro João Mota Org.: Grupo Coral de Sesimbra Dia 19 e 26 | Domingo | 18h00 Primeira feira de antiguidades Local: Parque da Vila (Quinta do Conde)
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A festa da Luz ganha um novo folego
Dois dias de festa!
As comemorações de nossa Senhora da Luz realizam-se, sempre na segunda semana do mês de Setembro. Um grupo de jovens uniu-se para não deixar morrer a tradição e criaram uma associação. Esta vai ter na sua alçada os próximos dois anos de festas no recinto da Quinta de São Payo. Como se costuma dizer “os jovens são o futuro”, e estes com garra e espírito de equipa reuniram-se para levar esta tradição avante, para que as gerações futuras sigam as nossas pegadas e prolonguem as conquistas de um concelho orgulhoso das suas festas.
Já o ditado o diz “cerimónia molhada, cerimonia abençoada”, tendo sido a chuva uma das convidadas do evento. Mas não em doses excessivas que dessem cabo da animação. Os nomes do cartaz foram vários e para determinados gostos. Os sesimbrenses Tripa Cagueira deram o toque de Samba e Júlio Panão fez as delícias dos amantes dos bailaricos de Verão. A banda de David Antunes e Paulo de Carvalho encheram o recinto, deixando quem ouvia o intérprete da senha da revolução maravilhado. O último dia, onde decorreram as cerimónias religiosas, teve como banda-sonora a voz de Vanessa Silva. Já o mote da festa avisava, era mesmo para não faltar!
O Santuário do Cabo Espichel acolheu de 26 a 29 de Setembro, as festas em Honra da Nossa Senhora do Cabo Espichel. O culto medieval a Nossa Senhora do Cabo está datado de 1366 e constitui uma das mais antigas manifestações religiosas do concelho. Esta não é uma festa apenas de Sesimbra ou da margem sul mas de toda a região saloia que se estende até Sintra e atrai centenas de romeiros, que aproveitam esta altura do ano para um tempo de reflexão espiritual, num lugar singular bem próximo do mar. Antigamente quem se deslocava a esta festa poderia ficar alojado nas casas dos cirios que ficam ao lado
da igreja mas os romeiros do século XXI preferem utilizar o carro como dormitório nestes dias. Muitas actividades estavam programadas, como: bailaricos com diversas bandas populares (inclusive os da casa Tripa Cagueira); jogos populares (no último dia e os jogos matinais foram realizados na mãe de água) e missas na igreja que está decorada com pinturas barrocas e frescos. Estas festas realizam-se sempre no último fim-de-semana do mês de Setembro.
A. R.
Foto de Ana Cabaça
ATUALIDADE
Cada vez mais luminosa Festa do Cabo Espichel
A. R.
Cidadania em “massa” Nas primárias que decorreram no concelho de Sesimbra no passado dia 28 de setembro a afluência às urnas foi de uma demonstração de cidadania como há muito não se via. A sede do PS na Rua 2 de Abril tornou-se pequena para o número de pessoas que ali se deslocou a fim de decidir quem seria o rosto do PS a primeiro-ministro no próximo ano. As primárias foram uma novidade para o nosso país e o facto de ser um ato voluntário fez deste um momento atípico no dever de cidadania. Muitos foram ainda aqueles que se deslocaram à sede para votarem sem que primeiramente se tivessem inscrito, como estava estipulado e informado através de todos os meios de comunicação. Sesimbra ganhou, não sendo de todo importante o vencedor, mas o facto de ser um ato voluntário que demonstrou que as pessoas continuam atentas aos desenvolvimentos políticos do seu país.
Novo padre no Castelo
A paróquia da Corredoura tem um novo padre. O pároco Eduardo Nobre tomou posse a 7 de Setembro. Este foi ordenado a 8 de Dezembro de 2002 e atualmente está a tomar conta Igreja Paroquial de N. Sra. da Assunção e do Santuário da Nossa
Senhora do Cabo Espichel. Esta é a paróquia mais antiga de toda a diocese de Setubal. Em 2010, o Santuário de Nossa Senhora do Cabo Espichel, também conhecido por Santuário de Nossa Senhora da Pedra Mua festejou os 600 anos. Sendo a igreja mais importante de todas no concelho. O culto de Nossa Senhora do Cabo perde-se na bruma dos tempos e é crível que anteriormente à sua veneração - a partir do Séc. XV - o Cabo Espichel fosse centro de peregrinações. O atual culto remonta a cerca de 1410, ano em que teria sido descoberta na extremidade de Cabo Espichel a venerada imagem de Nossa Senhora do Cabo Quem esteve presente considerou a cerimónia bastante bonita. Espera-se que tenha sido a primeira missa de muitas. No fim da Eucaristia, o novo Prior recebeu os cumprimentos dos presentes, seguindose um convívio do Centro Paroquial. AR
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ASSOCIATIVISMO
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A volta dos debates
Em busca de respostas
Dando continuidade ao trabalho realizado pela Liga dos Amigos de Sesimbra, a 27 de Setembro realizou-se o sétimo debate do ano. Com o tema: “Respostas identitárias para o desenvolvimento Regional”. O local de encontro foi o Auditório Conde Ferreira.
José Ramalho, do observatório local para o desenvolvimento sustentável (e da liga dos Amigos de Sesimbra) foi quem inicio mais um ciclo de debates após as férias. Este centrou-se no papel das ligas (principalmente daquelas que estiveram presentes) e o que o futuro lhes
reserva. O moderador foi José Fidalgo, como ven sendo habitual. O primeiro orador da mesa foi o presidente da Liga dos Amigos de Sesimbra, Pedro Caetano. Este congratulou-se com o início dos debates promovidos pelos Rotários locais,
“Impulsionámos a sociedade civil a debates”. As ligas trabalham para promover os locais onde estão inseridas mas este trabalho só pode ser realizado em conjunto com os poderes locais. O vereador da Câmara municipal de Sesimbra, Francisco Luis, referiu que: “Os modelos de participação pública devem ser alterados”, foi desta forma que o vereador e um dos membros do observatório da área metropolitana (que contam com a celebre agenda 21. Este é o número de pontos apresentados para monitorizar o estado do município) falou do sentimento que ainda existe que deve ser o estado a resolver todos os problemas. Uma das críticas/perguntas deixadas pelo moderador foi como é possível a criação de uma estratégia nacional, que é o que esta agenda 21 pretende criar, se a grande maioria da população não a conhece ou não sabe para o que serve. O distrito de Setúbal está cheio de ligas e dos mais diversos tipos desde: Liga dos Amigos de Escolas, sítios arqueológicos ou hospitais. Uma das ligas dos hospitais que esteve presente foi a Liga dos Amigos
do Hospital do Barreiro, fundada em 1992. “O voluntariado aqui realizado é o de ajuda e preservação do bem-estar do doente. Só que com o agudizar da crise muitas pessoas deslocam-se ao hospital para terem direito a um copo de leite ou um pacote de bolachas dada pelas “senhoras da bata amarela”, referiu Vitor Munhão. Desde 2008 que ajudam mulheres com cancro de mama, disponibilizando serviços que já os tornaram numa instituição de referência a nível mundial. Pela Liga dos Amigos da Quinta do Conde esteve José Anselmo. Esta existe desde 2001, “quando quatro amigos resolveram juntar-se em defesa do meio ambiente” disse o presidente. Em 2008 entraram na área do social, “tendo aberto uma creche e pré-escolar, prestando neste momento um serviço social a toda a comunidade”, afirmou. Uma das propostas deixadas foi a de alargar o fórum realizado neste dia a outras áreas geográficas. Pois é com a partilha de opiniões e projectos que se pode melhorar. A.R.
Rotary inicia ciclo de conferências
Dois concelhos, um só olhar
A favor dos animais
No passado dia 20 de setembro, realizou-se a 1.ª Conferência do Rotary Club de Sesimbra na biblioteca municipal, cujo principal objetivo foi proporcionar a análise e o debate sobre a situação atual e futura do concelho de Sesimbra em termos de Alojamento.
O Hotel do Mar, recebeu a apresentação do Projecto “Um Só Olhar” que contou com as associações BIANCA e o Grupo de Voluntários no Canil/Gatil Municipal do Seixal. Estas instituições trabalham há mais de dez anos com o objetivo de promover o bem-estar animal e a saúde pública. Esta troca de experiencias fez com que a Doutora Eunice Marcelino criasse este projeto, que pretende ser um modelo de referência no país. Os concelhos participantes são referências pois tem uma boa articulação entre os executivos camarários, autoridades e associações. Ter um animal é algo de muita responsabilidade e muitos dos problemas causados são pelos donos. E por isso o trabalho do projeto está assente em pilares como a Educação Cívica ou a Participação Técnica. A conferência realizada no dia 20 de Setembro, teve dois painéis de discussão. Contou com um vasto auditório onde se destacava a presença da Bastonária da ordem dos médicos veterinários e de profissionais na área, Laurentina Pedroso, que alertou para a legalização da atividade dos criadores de cães de raça, que pode levar ao abate de centenas de animais mais velhos. Quem também discursou foi o deputado do PSD, Cristóvão Norte. ” A aprovação desta lei foi das coisas que mais prazer me deu fazer”, este falou sobre a introdução da lei que considera crime os maus-tratos a animais, do qual foi um dos impulsionadores. A passagem a lei no hemiciclo não contou com qualquer voto contra. Anteriormente os animais de companhia eram vistos como propriedade. Só que o direito animal é ainda um ramo algo desvalorizado. 30 mil animais foram recolhidos em centros por todo o país. Em Sesimbra, a vacinação contra a raiva é realizada durante todo o ano. Dos 6 mil animais existentes nas três freguesias do concelho (que conta com cinquenta mil habitantes), 230 receberam este tipo de tratamento e 27 animais foram capturados e colocados no canil municipal. 70% dos animais são animais de companhia.
A.R.
O Debate contou com a presença de Jonas Cardoso, em representação da autarquia, e do arquiteto Rui Passos, que abordaram as temáticas Plano Estratégico Turismo do Concelho Sesimbra/Revisão PDM e Modelos para a Reabilitação Sustentável Alargada. A conferência contou ainda com a participação de pessoas e empresas bem conhecidas na comunidade Sesimbrense. A intervenção dos assistentes foi bastante participada tendo o debate de ideias ficado com algumas sugestões no ar. Dos temas abordados, as principais conclusões foram relacionadas com o Plano Estratégico Turismo do Concelho Sesimbra/Revisão PDM, em que se confirmou que o concelho disponibiliza cerca de 929 camas em alojamento turístico, estando contabilizados neste número apenas alojamentos com mais de 10 camas. Foi de notar ainda que tem existido um aumento significativo do alojamento local e da qualidade do mesmo, bem como a referência de que a médio, longo prazo prevê-se um aumento do número de camas, estando a ser desenvolvidos esforços na captação de investidores, no-
meadamente para pequenas unidades hoteleiras na freguesia rural (Freguesia do Castelo) e para reabilitação de espaços já existentes. Relativamente à revisão em curso do PDM, estabeleceuse que não vão estar definidas zonas específicas para a atividade turística, continuando, contudo, a ser uma ferramenta alinhada para o desenvolvimento turístico. Nas intervenções do público ficaram ideias como a necessidade de envolver a sociedade na reabilitação urbana sustentável; a desertificação da vila se
Sesimbra e a ausência de serviços essenciais, como um posto de saúde, o caos do trânsito e a falta de estacionamento; o caso dos empreendimentos turísticos devolutos por falência dos gestores ou construtores e entregues a entidades bancárias e a necessidade de existir uma oferta de atividades consertada, uma vez que o turismo não quer apenas praia, entre outras. O Rotary Realiza a próxima conferência no dia 18 de outubro, cujo tema será a: “Terceira Idade em Sesimbra”.
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5 quais (16 milhões) são a com-
Opinião
PESCAS
pensação dada a Marrocos Barcos portugueses pelo acesso aos seus recursos os restantes 14 milhões desem águas marroquinas etinam-se a apoiar o sector das
Carina Reis
A Comissão Europeia saudou no passado dia 7 de Setembro o anúncio de Rabat de que os pesqueiros europeus, nomeadamente navios portugueses, podem voltar a operar em águas de Marrocos, após a emissão das respetivas licenças. As águas marroquinas passam assim a estar abertas a
A atividade da pesca sofre de excesso de burocracia. E é tal forma indignante, para quem quer trabalhar e vê-se completamente impotente quanto ao tempo que cada coisa leva e ao preço que cada coisa custa, que hoje decidi partilhar uma dessas situações. Existem muitas, mas nada ultrapassa o ridículo de burocracia na mudança de proprietário. Tivemos a infelicidade de perder por falecimento um dos nossos sócios, a embarcação que já era governada pelo filho, teve de passar para nome do mesmo. Nas outras atividades o herdeiro vai às finanças, é aberto um número de contribuinte para a herança indivisa e podem continuar a trabalhar até ter tudo resolvido. Mas na pesca quanto tempo fica essa tripulação parada, sem trabalhar, sem ganhar dinheiro, à espera dos documentos? Primeiro, tivemos de conseguir autorização pela DGRM para a aquisição da embarcação, e mesmo com muitos telefonemas de urgência, a explicar que esta “aquisição” na verdade foi uma transferência de propriedade por motivo de
navios de pesca oriundos deEspanha, Portugal, Holanda, Letónia e Lituânia, num total de 63 licenças. O protocolo ao abrigo do qual são emitidas as licenças em causa, com uma validade de quatro anos, foi rubricado a 24 de julho de 2013 e entrou em vigor a 15 de Julho último. A UE vai gastar 30 milhões de euros por ano, 60% dos
pescas no país. Os donos dos navios irão ter de suportar um custo estimado em dez milhões de euros. Recorde-se de que o primeiro Acordo de pesca com Marrocos data de 1995. Na altura as partes não chegaram a acordo para renovação do Protocolo em 1999 e as relações de pesca ficaram interrompidas até ao início de vigência do atual acordo de parceria. O atual Acordo de parceria, abrangeu, para o primeiro Protocolo, o período de 28 de fevereiro de 2007 a 27 de fevereiro de 2011. Posteriormente, foi rubricado um novo Protocolo, por um período de 1 ano, com aplicação a partir de 28 de fevereiro de 2011, com as mesmas condições do anterior. A 14 de dezembro de 2011, o Parlamento Europeu rejeitou este novo Protocolo de 1 ano com efeitos imediatos.
A Pesca presa na rede da burocracia
falecimento (e não adianta salientar que o falecimento é um acontecimento inesperado que não permite “organizar” a vida antes, para compensar todos os atrasos burocráticos), demoraram 2 semanas. E só a partir daqui, é possível continuar (à espera) e pedir todos os outros documentos que se enredam uns nos outros. Temos de ter a vistoria (Capitania) para pedir a licença de pesca (DGRM). Só depois de vir a licença de pesca (DGRM), e ter o título de propriedade (Capitania), podemos pedir a licença de estação, o certificado de lotação e o cartão de gasóleo (DGRM), e só com todos estes documentos originais é que conseguimos o rol de tripulação (Capitania). Não só nos sentimos num ping-pong de entidades, como só podem embarcar depois da Capitania de ter em mão todos os documentos solicitados. Não adianta mostrar o comprovativo de que foi solicitado, e que é a DGRM que está a demorar muito tempo, nem a DGRM passa uma declaração em como está a ser tratado, nem a Capitania aceita nada senão os originais. Não temos solução senão pagar o que tivermos de pagar, e esperar o tempo que tivermos que esperar. Mas atenção, quando pedimos o certificado de lotação e a licença de estação à DGRM (ex-IPTM), na verdade estamos a solicitar os mesmos documentos, não houve qualquer alteração à embarcação, e não lhes é exigido nenhum serviço de vistoria, apenas e somente
a emissão do documento com o nome do novo proprietário. Este certificado de lotação, obrigatório para as costeiras, demorou 2 meses, e esta folha A4 que é exatamente o mesmo que era, custou 198,90€! E com a licença de estação temos uma situação ainda mais interessante, esta outra folha A4, que diz que a embarcação tem o rádio VHF e um radar, normalmente demora pelo menos 1 mês meio, mas se pagarmos com taxa de urgência, ou seja, o dobro, conseguimos em 24 horas e passamos à frente dos que continuam à espera. Sendo a situação urgente, pagou-se 160€ por outra folha A4, igualzinha à que se tinha, mas com o nome do proprietário diferente. E assim ficamos com as embarcações paradas, sem ganhar mas sempre a gastar, à espera que nos seus escritórios em Lisboa o técnico dê seguimento ao nosso pedido, para que o seu chefe de serviços assine, para que depois o diretor geral assine, para finalmente o armador (se não tiver já perdido a tripulação que não pode ficar 2 meses sem ordenado à espera), ir a correr à capitania dizer: “eu já estava com tudo legalizado e agora, dois meses depois, com todos os documentos (iguais) em meu nome contínuo legalizado, podem dar-me o rol de tripulação para puder ir trabalhar?” É um favor que nos fazem deixarem-nos trabalhar?
Os efeitos colaterais e o erro repetido Por: Carlos Alexandre Macedo
varamessaiola.blogspot.com
A notícia chegou que nem uma bomba na noite de 18 de setembro. A partir das 24h do dia 19 estava proibida a pesca da sardinha, pelo menos até ao final do ano de 2014. Como se de uma doença em estado terminal se tratasse, a notícia espalhou-se como uma gangrena, destruindo tudo em seu redor. Depois de acordarmos para a triste realidade havia que perceber o que era possível fazer. Do lado do governo a intransigência era absoluta, do lado do sector parecia existir uma certa dormência. Ninguém se disponibilizou para reunir nesse fim-de-semana. Se a impossibilidade de pescar o principal recurso pesqueiro capturado em Portugal não motiva uma reacção, é legítimo perguntar o que a motivará. Para alguns, porém, este desastre adivinhava certezas num ano que para uma parte significativa dos armadores foi incerto e pouco compensador. Provavelmente, e fazendo também fé nesse facto, na segunda-feira já a tutela prometia apoios, que embora escassos, terão sido encarados por alguns como uma forma de adiar o problema. Uma espécie de bóia entregue a um náufrago que está prestes a afogar-se. Mesmo que esses apoios fossem suficientes para a frota dedicada à sardinha, existe uma pergunta que ninguém parece ter feito. Então e o resto? Esta paragem não afecta mais ninguém? Começando por Sesimbra, e uma vez que para receberem esse apoio as traineiras ficam inibidas de pescar, como consequência, todas as embarcações do tão afamado e sustentável palangre (aparelhos de anzóis) vão ser afectadas porque ficam sem um dos seus principais iscos (o mais significativo é a cavala). Existe, por outro lado, um sector que terá grandes dificuldades de subsistência porque só usa isco fresco: os barcos dedicados à pesca do peixe-espada preto. Sendo uma pesca exercida a profundidades que rondam os 1000 metros, o isco congelado representa uma acentuada perda de rentabilidade. Em termos económicos, esta medida é um absoluto desastre. Para a Docapesca (empresa de capitais públicos responsável pela primeira ven-
da de pescado em Portugal), e comparando com o período homólogo, a proibição da captura da sardinha até ao final do ano representará uma perda directa de cerca de 500 mil euros em taxas. Se considerarmos também as outras espécies mais descarregadas pelas embarcações afectadas pela paragem, como a cavala, o carapau e o biqueirão, o prejuízo será ainda maior. Se a isso juntarmos as perdas dos palangreiros, o desastre está consumado. Sesimbra tem sido, recorrentemente, um dos principais portos de pesca do país, tendo a arte de cerco um peso determinante nesse facto, pelo que é fácil perceber o impacto que esta medida terá. Os comerciantes, empresas de transporte e restantes elos da cadeia de comercialização não foram tidos nem achados para a tomada da decisão e terão apenas de aguentar com as consequências, ou morrer. À proposta de apoiar financeiramente as embarcações pela proibição de pescar a valiosa sardinha permitindo, em alternativa, a pesca das restantes espécies alvo, o governo responde que os regulamentos comunitários que sustentam estes apoios obrigam à imobilização das embarcações. Questiono-me, e isto sem fazer as contas, se não seria mais barato não recorrer aos fundos comunitários, financiando, em alternativa, essa paragem à sardinha com fundos nacionais mas permitindo que toda a cadeia de valor se mantivesse em funcionamento, gerando receitas e captando impostos para os cofres do estado… Na semana seguinte à paragem, o mercado nacional já está a ser abastecido por sardinha de Marrocos e até de Espanha, que apesar de estar proibida de pescar em quase todo o seu mar, descobriu que toda a sua sardinha se foi concentrar numa nesga de oceano no país basco, junto a França. Ainda dizem que não há coincidências! Já no final dos anos noventa com o fim do acordo UE/Marrocos se adoptou uma política deste tipo, pagar para parar. Os efeitos para o sector foram devastadores e ainda hoje não foram anulados no país e muito menos em Sesimbra. Para problemas idênticos, voltam a tomar-se as mesmas más decisões. E para 2015, as perspectivas de pesca à sardinha são ainda inferiores às deste ano. Assim não vamos lá.
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A naútica de recreio e o turismo náutico
Realizou-se no passado dia 26, um seminário internacional no Forum Luisa Todi subordinado ao tema em título, organizado pela Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra e Camara Municipal de Setúbal, para celebrar o dia mundial do mar. O polo central deste seminário visava o balanceamento de um projeto de investimento para a construção de uma marina na imediação das instalações do Clube Naval de Setúbal que se desenrolou subordinado aos seguintes painéis: “A Náutica de recreio como estratégia de valorização territorial”, que contou com a presença de Augusto Mateus, antigo ministro da Economia, centrando-se nas dificuldades da administração pública para alimentar projetos desta natureza, obrigando a parcerias com investidores interessados numa lógica de rentabilidade; Vicente Chapapria da Universidade politécnica de Valencia que evidenciou todo o trabalho desenvolvido no planeamento e instalação de uma rede de marinas no sul de Espanha, numa lógica de procura e oferta de serviços e do arquiteto Bruno Soares sobre a Revitalização das frentes ribeirinhas estuarinas. “Experiências de promoção de infra-estruturas de apoio a náutica de recreio”, no qual a Oeiras Viva
evidenciou o Porto de Recreio enquadrado na lógica de uma iniciativa municipal de promoção da referida infraestrutura; O professor Joan Alemany da universidade de Barcelona aprofundou a adequação da oferta à procura da Náutica de Recreio na bacia mediterrânica e naquela região de Espanha em particular e o Engº Martinho Fortunato, Administrador da Sopromar (marina de Lagos e Centro Náutico de Algés) que se referiu aos fatores críticos de sucesso na promoção de uma marina. Seguiu-se uma mesa redonda subordinada ao tema “A náutica de recreio e o turismo náutico de Setubal: Perspetivas de desenvolvimento” que envolveu as diferentes partes interessadas num projeto daquela natureza. A sessão foi encerrada pelo Diretor-Geral de Política do Mar, Cmdt. João Fonseca Ribeiro, que acompanhou todos os trabalhos e referiu nomeadamente a importância da criação de núcleos fortes a volta das cidades portuárias, numa lógica de adaptação e sustentabilidade na visão do mar, envolvendo as gerações mais novas. Relativamente ao Regulamento da Náutica de Recreio, referiu que está em curso um processo de simplificação administrativa, reconhecendo atrasos no seu desenvolvimento. Sobre o desporto escolar náutico, evidenciou a necessidade das ações nascerem de baixo para cima, “emergir das bases e chegar a compromissos” partindo do nível local. Referiu ainda a necessidade de orientação dos Politécnicos para os objetivos locais, numa abordagem de integração territorial e numa lógica do conhecimento inteligente e inclusivo, situando o mar nas vertentes de inovação.
Rua Dr. Aníbal Esmoriz
LOCAIS
(entre o jardim e o largo do “Grémio”)
Em pleno “coração” de Sesimbra, pequena mas de ricas tradições, homenageando pela toponímia uma notável figura de médico e filantropo, a Rua Dr. Aníbal Esmoriz, após prolongadas obras, está propícia a um agradável percurso, entre o Jardim e o Largo António J. Pereira, onde
pontificam dois “clássicos” da Vila – O “Grémio” (Clube Sesimbrense) e o “Central” (de ricas tradições). Em dimensão (talvez uns 20 metros) é mais uma travessa do que uma rua. Mas justifica-se a “promoção” pela toponímia atribuída, perpetuando a memória de quem tanto fez em
prol da comunidade a que prestava serviço, com competência e paixão, dando a sua vida pelos seus semelhantes a quando do terrível surto epidémico de 1918. Justíssima (mas de certo insuficiente) a homenagem da localização do seu busto á
Os desafios da Educação e do Ensino
Portugal parece ter despertado, há umas décadas a esta parte, para o desafio da educação e o ensino, a vários níveis, desde a infância ao universitário, passando pelo aumento da escolaridade obrigatória, para todos os jovens. Contudo, apesar dos grandes avanços nesta área, muito há por fazer para que se atinja um desejado patamar de qualificações e de competências assimiladas, pela maior parte da população juvenil em idade escolar, pelos pais e pelos adultos em geral. E tal como na construção de um edifício se começa pelas fundações, estamos persuadidos que para se dar o salto qualitativo global da sociedade, é urgente investir na educação das crianças, a partir da idade zero, para se conseguir formar os cidadãos do futuro, conscientes, responsáveis, empenhados nas causas nobres da sociedade. Seria uma utopia pensar-se que basta abanar uma varinha mágica e que já saiam homens formados, com outra mentalidade, com outras práticas sociais, com outros comportamentos. Porém, nem tudo é linear na evolução da educação e do ensino das crianças, pois há os valores que os familiares mais próximos vão transmitindo, as ideias e as mensagens que os mass médias vão canalizando que, modelam as maneiras de ser e de pensar de todas as pessoas, que estruturam o pensamento. Assim a aposta na educação tem de envolver primeiramente os pais e os alunos, depois ou simultaneamente os educadores, os professores, os governantes e toda a comunidade educativa. Todos somos poucos para trabalhar em uníssono para a mesma causa colectiva. Impõe-se assim uma alteração profunda das mentalidades, uma disposição para a mudança, e sobretudo uma vontade e um querer para que as situações se modifiquem. Mas, como em tudo na vida, para se obter esse fim, serão necessários grandes sacrifícios, dedicação, disciplina, organização, muito trabalho e muita motivação. Para além de nos colocarmos numa atitude de formação permanente, temos todos de aprender uns com os outros ao longo da vida, pois na sociedade do conhecimento já não bastam os saber, saber fazer mas sobretudo o saber estar, para termos capacidade de “ler o mundo com outros olhos”. José Manuel Vieira
entrada do centro de saúde de Sesimbra em significativa dedicatória de um grupo de amigos e admiradores datada de Outubro de 1924 – já lá vão 90 anos! Um notável não Sesimbrense que salvou muitas dezenas de “pexitos” autênticos. Há uns largos 60 anos, a rua podia orgulharse da localização do cinema João Mota, sala de Inverno, pequena mas acolhedora, onde hoje é a clinica de análises “Doutora F. Lopes” e já foi, entretanto, a sapataria de Albano “Russo”. A toda a dimensão da rua, do lado contrário ao da clínica, há o bem conhecido prédio de azulejos acastanhados que tem estado em desejável recuperação com vista a ou-
tros destinos de boas intenções. Nesse prédio localizou-se durante alguns anos a repartição de finanças e aí morou, também, a família do Faroleiro, integrando o consagrado ator João Vasco, de convicta afeição Sesimbrense. Os mais antigos relembram que ali funcionou um arcaico animatógrafo, percursor do cinema do João Mota, nos primeiros decénios do século XX. Na esquina para o Largo do Grémio, num pequeno prédio de recente remodelação, habita um simpático casal de raízes “pexitas”, tendo por “Xefe” o filho do “Zé” da Inês, um bom futebolista, valoroso componente das primeiras equipas do G.D. Sesimbra; de Marcos, Carlos Santos, Isidro, “Zé” Filipe e companhia. Em 1947, vindo do Vitória, fez parte da primeira equipa do “Desportivo” (após fusão) e notabilizou-se pela sua conduta em campo, de personalidade bem vincada tal como hoje podemos assinalar ao senhor seu filho. DS
De Igual Modo
O SESIMBRENSE | 1 DE OUTUBRO DE 2014
David Sequerra
De Obra Limpa ao WC do Cabo Espichel
Um velho ditado popular sentencia que ”depressa e bem há pouco quem”. Evocamo-lo a propósito da feliz recuperação do histórico imóvel do “Largo das Camionetas”, popularizado como “Chico da Cooperativa”, baluarte da bem lembrada família Coelho. A obra levada a cabo foi rápida e apresenta um bastante agradável aspecto. De estabelecimento térreo passou a edifício de dois pisos, airoso e colorido, tudo se conjugando para que possamos dizer: obra limpa! Ao mirá-la, com calculável saudade de tempos idos, o bom “pexito” que é Amílcar Coelho deve sentir-se feliz. E ainda há um bom número de Sesimbrenses de nascimento ou adopção, que não esquecem o quanto de típico havia no “Chico da Cooperativa”. Não conhecemos o “miolo” do novo edifício nem quem foi o elogiável dono da obra. Mas sabemos, isso sim, que aquele recanto do histórico largo onde che-
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gavam as “carreiras”, há mais de meio século, ficou valorizado com o novo prédio que não faz esquecer, por completo, os bons velhos tempos do “Négus”, do “ping-pong” e dos “eduardinhos” ao balcão do sempre atento senhor “Xico”. Do elogio ao remoque de sinal contrário, constitui a razão de ser desta rubrica. Por isso, de igual modo, prestamos atenção e criticamos o que se sucede no centro turístico do Cabo Espichel. Apesar das “proezas” da ventania e da insuficiente recuperação da Igreja. O Santuário continua a ser um atractivo de milhares de visitantes. Anulando uma grave lacuna, várias vezes contada, existe agora um pequeno restaurante/pastelaria junto ao parque de estacionamento de automóveis, permitindo um certo apoio gastronómico às gentes que visitam o Santuário. Todavia, no que respeita a instalações sanitárias é inacreditável o que por lá se vê. Não sabemos bem a quem devem ser pedidas providencias adequadas, não esquecendo as limitações de ordem burocrática/administrativa da própria Câmara Municipal. Mas não se afigura de excessiva complexidade chegar-se a um consenso e, mesmo que provisoriamente, instalar-se um wc amovível, bem sinalizado, correndo embora riscos de um vandalismo que, infelizmente tem acontecido no Cabo Espichel. A situação actual é que se afigura insustentável. E por isso remoque na expectativa de entendimento de quem queira e possa. David Sequerra
Carta aberta ao Padre Manuel
Agora que o Verão termina e as mudanças são frequentes e significativas em vários sentidos, considerei oportuno endereçar-lhe esta missiva com o apreço que lhe devoto, desde que o conheço. Após mutações habituais, de âmbito paroquial, que afectaram a Corredora, com novos rumos de vida para o Padre David e o Diácono Jonas Cardoso, vem a propósito sublinhar, uma vez mais, o que de muito meritório se lhe aprecia no seu ministério na Paroquia de Santiago. Em boa hora debandou de Setúbal rumo a Sesimbra onde tão bem acolhido tem sido, ampliando lógicos desígnios de continuidade por que todos esperamos. É bom poder dizer-lhe, Padre Manuel, que tem obtido a simpatia e estima de todos os seus paroquianos em consequência de que há de excepcional no seu modo de ser e estar, uma simplicidade que nos toca de perto e que lhe está, de há muito, na “massa do sangue”. Quero que saiba que gostamos do seu constante sorriso, da sua invulgar comunicabilidade, do modo como tão cedo e tão bem se adaptou às gentes e modos da “Piscosa”. Em boa hora o nosso Bispo Gilberto o designou para tomar conta da tão tradicional Paroquia de Santiago e bem sabemos do seu júbilo, decorrente o seu tão apreciado desempenho. Tenho a certeza de que serão bastantes os leitores de “ O Sesimbrense”, que vão gostar desta minha carta aberta ao Senhor Padre Manuel. E fico feliz com isso e também com o envio de um muito fraternal abraço. Bem-haja! David Sequerra
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ECONOMIA
Cidade Europeia do Vinho
Ao entrar na adega sentimos os cheiros do mosto e da tradição, a vindima começa pelas uvas brancas, fruta preciosa. As carrinhas, camiões e tratores carregados com as uvas produzidas pelos associados desta Cooperativa, chegam à Adega para descarregar. Segundo José Carlos Caleiro, presidente da adega “ ao chegarem, o primeiro passo é a análise da acidez das uvas bem como outros elementos determinantes a perceber a qualidade do produto. A seguir as uvas são despejadas dos atrelados, para uma máquina que faz o Desengace e Esmagamento. O Desengace é o processo de eliminação das partes lenhosas dos cachos das uvas, fundamentalmente da rama que une os frutos”. Segue-se a prensagem das uvas de forma a obter o mosto. Ao serem prensadas as uvas libertam o sumo e as peles são eliminadas. É um processo frágil, uma vez que uma prensagem demasiado forte poderia libertar a acidez das grainhas e da pele das uvas no sumo resultante. Um suco, que se quer o mais puro possível, pois essência de qualquer vinho de qualidade. O responsável pela adega refere que, “o Desengace é um passo fundamental no processo com vista à pureza do sumo”. A seguir é a Decantação, durante alguns dias o sumo Transformámos é mantido em depósitos de mil hectares do inox, de maneira a que concelho de qualquer rePalmela numa das síduo, ou borra, ainda em zonas vitivinícolas suspensão, vá descendo até mais ricas do País ao fundo. Só o mosto é fermentado. José Caleiro explica que a separação do sumo dos resíduos é feita através de um processo que tem o nome de Transfega, e que consiste na passagem do sumo da uva para uma cuba limpa. Todos os resíduos, ou borras, ficaram acumulados no fundo do anterior depósito, e, assim, a pureza do produto é cada vez maior. Antes do engarrafamen-
“Adega de Palmela essência da qualidade” Fundada em 1955 com a designação de Adega Cooperativa da Região do Moscatel de Setúbal, iniciou a sua atividade em 1958. A Adega Cooperativa de Palmela é um dos principais polos de desenvolvimento do concelho que é marcadamente agrícola, com um microclima de excelência e onde a vinha e o vinho têm por razões históricas um peso bastante grande. Iniciou a sua atividade com 50 associados e com uma produção que não excedia os 1,5 milhões de litros. Atualmente a produção ultrapassa os 8 milhões de litros, e a Adega dispõe de capacidade para atingir os 10 milhões, sendo 75% Vinho Tinto, 15% Vinho Branco e 10% Moscatel de Setúbal. Tem atualmente 300 associados que possuem uma área combinada de 1000 hectares.
to há ainda a Clarificação. Um processo de filtragem que elimina as mais minúsculas impurezas que resistiram às ações anteriores, tornando o vinho límpido e garantindo a “máxima qualidade a que já nos habituaram”. Seguindo a sabedoria vinícola das uvas brancas é a vez das uvas tintas invadirem a Adega de Palmela. Ao chegar avisto inúmeros tratores com reboque e carrinhas que fazem longas filas junto ao portão e também no interior do pátio da Adega onde, após um sofisticado processo de controlo de qualidade,
moscatel, importante símbolo da região”. A Adega Cooperativa conquistou 32 medalhas em 2013, 28 das quais importantes galardões internacionais, ultrapassando os 60 prémios em apenas dois anos. Cinco Medalhas de Ouro, duas no Concurso Les Citadelles du Vin, em Bruxelas, e três no XIV Concurso de Vinhos da Península de Setúbal, entre as quais a de “O Melhor Vinho Rosado”, são alguns dos mais recentes prémios conquistados pela Adega Cooperativa que, desde Janeiro, já arrecadou cerca de duas dezenas de galardões.
despejam finalmente as suas cargas. Toneladas de uvas que darão origem a uma nova geração de vinhos de referência nacional e internacional, distribuídos em cerca de 20 países por todo o mundo, como o Vale dos Barris Syrah, Vale dos Barris Castelão ou Palmela Tinto, só para dar alguns exemplos, bem como, quem sabe, a novos rótulos. Uma parte substancial da sua produção é engarrafada através de 5 linhas automáticas com capacidade para 10.000 garrafas/hora. A Adega Cooperativa de Palmela tem vindo ao longo dos anos a atualizar a sua tecnologia, quer de fabrico quer de engarrafamento e hoje é uma unidade certificada. “A grande dedicação dos associados da nossa cooperativa transformou mil hectares do Concelho de Palmela numa das zonas vitivinícolas mais ricas do País. Aqui são produzidos tintos, brancos e bagaceiras de qualidade excecional, sem esquecer o
Recentemente foi lançado o vinho, “Ana by herself, em parceria com a famosa estilista, Ana Salazar, bem como o já anunciado vinho Bonga, cantor africano”, que mostram a modernidade e “abrem as portas da Adega de Palmela a uma nova realidade, a dos vinhos de assinatura”, refere o responsável. Também o novíssimo Espumante Moscatel, é um dos bons exemplos do espírito inovador de uma casa de néctares com mais de meio-século de história. Uma responsabilidade do enólogo Luís Silva, que referiu que a criatividade e a qualidade das colheitas é que promovem a criação de seleções especiais que dão origem a “vinhos de excelência. Não tem a ver com a quantidade nem com os anos tem a ver com a qualidade de determinada casta”. A Adega Cooperativa está a preparar para muito breve o lançamento de um novo vinho com o nome do artista: “Bonga, considerado o Embaixador da adega. A apresentação oficial da nova joia da casa será feita em Portugal e Angola dentro em breve”. O enoturismo é um projeto de sucesso que tem trazido a Palmela muitas pessoas de fora para conhecer esta região demarcada: “Com o enotorismo queremos atrair à região cada vez mais visitantes e turistas ao mesmo tempo que criamos novos públicos e consumidores informados, fiéis e conscientes sobre o consumo moderado do vinho”, diz o presidente. José Caleiro também produtor, deixa em remate final um convite dizendo que a adega está de portas abertas, “Venha provar, saborear e conhecer os nossos vinhos e não se irá arrepender”.
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Fátima Rodrigues
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Maxiloja faz entregas ao domicílio
“Um comércio familiar de proximidade” Armindo Diogo é um empresário de Sesimbra que iniciou o seu negócio no ramo alimentar há várias décadas. Começou por ter uma mercearia e hoje o seu negócio conta já com quatro superfícies fora e dentro do concelho. Sob o lema “Familiar, moderna, barata”, a empresa segue uma política de compras que privilegia a relação com os produtores locais, visando promover a produção nacional e o consequente crescimento das economias onde atua.
Atualmente, a empresa MaxiLoja integra cerca de 24 colaboradores que asseguram a operação das 4 lojas existentes em Sesimbra, Santana, Almoinha e Costa da Caparica. Armindo Diogo referiu ao Sesimbrense, que conta no desenvolvimento do seu negócio com os seus dois filhos, “ aceitaram o desafio de trabalha r e desenvolver o negócio iniciado pelo meu pai e estou muito orgulhoso de os ter a trabalhar comigo”. A MaxiLoja disponibiliza aos seus clientes frutas e legumes, lacticínios, bebidas, mercearia, produtos de higiene e limpeza, com garantia de qualidade e controlo de higiene e segurança. Uma das novidades da modernidade do seu negócio
e sinal de inovação é segundo o responsável, “entregar as suas compras num raio de 15km, a partir da loja. O valor mínimo de compras para entrega ao domicílio é de 50€. As pessoas podem comprar nas nossas lojas, por email ou por telefone”. Uma forma que o empresário pensa ser de extrema importância para ampliação do seu negócio num maior raio de ação. Recentemente esteve presente na Feira do Empreendorismo de Setúbal com o intuito de divulgar os seus produtos e o seu negócio e mostrar que Sesimbra continua apesar das dificuldades que o país atravessa a “apostar na modernidade de imagem e evolução dos tempos, acompanhando assim as tendências de mercado e o desenvolvimento dos concorrentes das
“Restaurante Padaria recebe prémio”
Mais uma vez, um agente económico de Sesimbra destacou-se num concurso nacional de vinhos e de gastronomia (que contou com mais de 70 de participantes, do Minho ao Algarve), levando longe, assim, a qualidade e o bom nome das potencialidades do concelho, e que se prende também com o que de melhor esta terra oferece no âmbito das suas atividades turísticas. Foi no passado dia 18 de setembro que a Casa da Música, no Porto, recebeu os vencedores da sétima edição do Concurso “Vinhos Verdes & Gastronomia”. Foram atribuídos cinco galardões em quatro categorias – Ouro, Prata, Bronze e Finalista -, destacando 20 restaurantes, num total de 60 harmoniza-
grandes superfícies”. A MaxiLoja vê como fundamental o exercício de uma gestão sustentável, orientando a sua atividade para o desenvolvimento e proteção das economias e comunidades locais com que interage, permitindo assim um comércio local e de proximidade. Indo ainda mais longe a empresa dispõe em algumas lojas de “instalamos uma nova secção, o sistema de comida a peso (na loja da Costa da Caparica). Disponibilizamos embalagens que conservam os alimentos para proporcionar aos seus clientes o prazer de saborearem estes requintes num ambiente familiar”. Em Sesimbra este serviço ainda não chegou pois neste momento a família pretende desenvolver “as entregas ao domicílio, porque com o envelhecimento da população e a correria do dia-a-dia das famílias é cada vez mais cómodo encomendar e receber as compras em suas casas”. O Cartão cliente é outro dos desenvolvimentos assinalados que permite: “A todos os clientes e descontos imediatos e prémios fenomenais”, disse Armindo Diogo. Para o futuro o Empresário espera que o país e a sua economia cresçam, “porque a nossa sustentabilidade e das famílias gera uma economia local forte. Gostaria de desenvolver mais o meu negócio, mas para isso é importante uma estabilidade financeira que aumente o poder de compra dos que aqui vivem e dos que nos visitam”. F.R.
A Economia e a solidariedade
ções em prova. O Restaurante Padaria, no nome do seu proprietário, José Rasteiro foi um dos vencedores do concurso, tendo recebido a medalha de ouro. Mas o seu trabalho e o reconhecimento foram mais longe e num jantar de cerca de 170 pessoas o restaurante ganhou ainda o prémio da Melhor Harmonização a concurso votada por todos os presentes. No próximo dia 3 de outubro o Restaurante Padaria vai realizar um jantar pelas 20.30, com degustação de Vinhos das prestigiadas marcas da Ideal drinks, pelos que convidamos os interessados a participar. F.R.
O período estival normalmente está associado a um abrandamento do número de desempregados em virtude da criação de postos de trabalho associados à actividade económica do turismo, à industria da restauração e às empresas de animação turística, quer ao nível nacional, quer ao nível regional neste caso Sesimbra. Porém algumas profissões e actividades económicas só têm razão de ser nesta época; por exemplo os nadadores-salvadores; os concessionários etc. Alguns postos de trabalho são preenchidos por estudantes que assim conseguem um rendimento extra para os seus gastos, por desempregados e por empregados que procuram reequilibrar as suas contas pessoais. O escritor Raul Brandão em “Os pescadores” escreveu que o pescador de Sesimbra “era de instinto comunista”, quando soube que: “se um adoecesse os outros ganhavam-lhe o pão; recebia o seu quinhão por inteiro; se morresse sustentavam-lhe a viúva e os filhos, entregando-lhe o ganho que tinha em vida”. Certamente que os tempos são outros e existem novas formas de solidariedade, executadas por instituições sociais no terreno e que dentro das suas possibilidades procuram mitigar as dificuldades que muitas famílias presentemente são atingidas, sejam elas alimentares, de vestuário, calçado e afectivas. A própria CMS distribuiu 181 cabazes alimentares no Verão a crianças pertencentes a agregados familiares carenciados, este apoio é de louvar. Recentemente foi inaugurado um espaço no bairro municipal de Almoinha, no qual são recebidos, seleccionados, tratados e armazenados, bens cedidos pelos munícipes. Na Quinta do Conde, mais precisamente no Mercado Municipal, existe um local idêntico para os mesmos fins. A grandeza de um povo vê-se na solidariedade, na partilha perante os mais necessitados, ninguém deve ficar indiferente às dificuldades que estamos atravessar. João Silva
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Preocupo-me muito com as
“Tenho total com
POLÍTICA
terra, das suas raízes e das pessoas que muito dizem ao concelho de Sesimbra e às suas gentes. Este é um dos contributos que gostaria de deixar.
Américo Gegaloto que vive na quinta do Conde desde os oito anos é vereador pelo Partido Socialista (PS) na Câmara Municipal de Sesimbra, com o pelouro da toponímia. O Sesimbrense quis saber de que forma desenvolve o seu trabalho, e quais os desafios de trabalhar com a oposição.
Como vereador do PS e governando com a oposição sente alguma dificuldade em dar visibilidade ao seu trabalho? Ser vereador da oposição implica assumir responsabilidades e embora tenhamos discutido um orçamento e grandes opções do plano, onde as propostas feitas por mim em relação ao meu pelouro, quer em termos de verba ou de cabimentação foram todas acolhidas, diria não fazer sentido que nos pelouros propostos pelo presidente e atribuídos aos vereadores, houvesse corte de verbas, seria um contrassenso delegar competências e não disponibilizar verbas. Na primeira reunião de câmara após as autárquicas manifestámos que, face ao resultado obtido 22% dos votos implicaria ter mais competências, tempos e outro tipo de pelouros, considerando que sem tempos apenas dispomos de 32 horas mensais para desenvolver o nosso trabalho, as quais são repartidas entre reuniões de câmara e o trabalho nos nossos pelouros, o que é manifestamente pouco tempo. Mas ainda assim, aceitámos os pelouros, contestando desde o princípio o facto de não termos tempos, discordando desde o início da CDU em não atribuir tempos aos vereadores do PS, embora até ao momento penso que temos feito dado o contributo válido e com resultados, mas poderíamos desenvolver mais trabalho caso o cenário fosse outro. Nós respeitamos a vontade popular e trabalhamos em prol dos munícipes e do concelho, não baixando os braços, continuamos empenhados no cumprimento das nossas responsabilidades. Considera que essa atribuição de pelouros sem tempos inibe a vossa visibilidade junto da população? As pessoas conhecem-vos? Atualmente, temos um projeto de divulgação das iniciativas e vamos procurar chegar junto das pessoas, dos órgãos de comunicação social divulgando um conjunto de trabalhos que temos em mãos e em simultâneo as posições que vamos assumindo na discussão das diversas matérias, embora admita que o pelouro da toponímia não é dos que tem mais visibilidade. Efetivamente já fiz proposta para que o boletim municipal tivesse espaço para divulgar as nossas atividades, permitisse dar visibilidade a todos os vereadores, ainda
que da oposição, mostrando na prática à população qual é o nosso entendimento sobre documentos estratégicos e presentes à reunião de câmara, entendimento por vezes divergente da CDU e do PSD. Na verdade temos alguma dificuldade em fazer passar a mensagem, os pelouros não têm a visibilidade de outros, em que a atribuição dos pelouros ao Partido Socialista é de facto uma estratégia política e em que apenas temos acesso ao Sesimbra Município para publicidade institucional, onde são publicadas algumas informações, mas é evidente que não espelha de todo o trabalho realizado ou a realizar. Dentro do pelouro da toponímia quais são as suas funções? Muitas pessoas associam a designação toponímia apenas à atribuição de nomes a ruas, mas é mais do isso, hoje em dia para se fazer uma escritura, tirar o cartão de cidadão, para fazer um destaque, para definir se o caminho é público ou privado, há um número muito significativo de atos administrativos que os funcionários do meu pelouro realizam no sentido de resolver essas situações, realidade nem sempre percetível ao cidadão comum. Para fazer uma escritura, por exemplo é necessário que a rua tenha um nome ou exista um número de porta, portanto não atribuímos apenas nomes, auxiliamos a população nos diversos processos burocráticos, em suma, há uma importante função de organização do território. Mesmo seguindo o raciocínio das pessoas de que é apenas dar nome a uma rua, isso implica um conjunto de procedimentos de escolha dos nomes, que passa pela auscultação pública, para depois a comissão municipal da toponímia decidir a atribuição do topónimo em definitivo. Um pelouro com um importante trabalho de retaguarda, ao qual por vezes não foi dada a devida importância. A meu ver os nomes das ruas contam a história das gentes e das terras, no caso de Sesimbra considero que a história não está bem contada, existem nomes de ruas que nada tem a ver com as gentes de Sesimbra, a meu ver os nomes ou topónimos deveriam ser atribuídos para que as pessoas se identifiquem com eles. Gostaria que se olhasse para a toponímia com uma forma de preservar a identidade e a história desta
A situação financeira da câmara preocupa-o? Preocupa-me e muito, penso que deveria preocupar todos os munícipes, porque devemos ter a perceção que a câmara de Sesimbra como tantas outras vive tempos difíceis, devido a fatores externo ou por consequências de opções de gestão que a levou a aderir ao PAEL (Plano de Apoio à Economia Local), devido a possuir uma situação de desequilíbrio conjuntural das suas contas. Preocupa-me pela necessidade garantir um volume constante de receitas para o seu pagamento, quando sabemos a instabilidade dos dias em que vivemos em que a carência de verbas compromete por vezes a resposta às necessidades das populações. Porém sempre tive essa preocupação no passado, designadamente ao nível da dívida de curto prazo extremamente penalizadora da atividade económica concelhia, quando atingiu níveis record de cerca de 23 milhões, sem comparação com a dívida de curto prazo dos mandatos do PS, a qual se situou em 2005 nos 7 milhões. Não deixa de ser verdade que existe um conjunto de constrangimentos à atividade económica os quais não são geradores de receita, o que é visível nas reuniões de câmara pela ausência de novos projetos, licenciamentos ou loteamentos, embora as opções de gestão também comprometam a de alguma forma a atividade municipal e económica local. Aquilo que está a dizer é que a câmara não pode fazer novos investimentos, nem ter novos projetos? Sim, não há novos projetos, sintoma das dificuldades do tecido empresarial que está estagnado e na área da construção, obras públicas que existiam no concelho que atravessam grandes dificuldades. Nas reuniões de câmara são pouco ou quase nulos os projetos, os alvarás de licenciamento, servindo neste momento as reuniões para discutir a aprovar regulamentos, instrumentos internos, entre outros. A câmara não tem culpa de toda esta estagnação, mas o facto de ela existir reflete-se na situação financeira da autarquia. É necessário ter uma postura diferente porque as receitas assentam basicamente, no IMI, na DERRAMA (de um tecido empresarial diminuto), no IMT, nas receitas da água, bem como das AUGI (áreas urbanas de génese ilegal), com indiscutível peso no orçamento, além das transferências do Orçamento do Estado. As famílias têm sido sacrificadas pela questão do IMI? O IMI é algo que muito me preocupa, porque já deveria ter sido repensado de forma a aliviar o orça
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Perfil
questões sociais
promisso com o futuro” mento familiar, considerando que grande parte dos empréstimos teve em vista a aquisição de casa própria, confrontando-se entretanto as pessoas com flagelo do desemprego ou com cortes nas pensões. O Governo agravou-o e algumas gestões autárquicas acabaram por compactuar, pelo que deveríamos ter uma postura diferente, ainda que tendo em atenção que neste momento seja uma importante fonte de receita municipal. Nesta perspetiva há que reduzir os custos com as infraestruturas camarárias e de forma significativa, para que por exemplo todos os serviços funcionassem num só edifício, pois a logística atual é incomportável, embora não se visualize de momento a sua construção, penso que é algo que tem de ser equacionado agora, para num futuro próximo economizar recursos. Por vezes as pessoas criticam os funcionários municipais que andam na rua, mas não há outra alternativa de funcionamento devido ao serviços encontrarem espalhados pela vila. Com uma verdadeira racionalização dos recursos, a médio prazo haverá certamente uma redução de custos e um maior equilíbrio orçamental. A população da Quinta do Conde identifica-se com o concelho? A Quinta do Conde é uma freguesia recente e é verdade que houve em tempos alguma conflitualidade e falta de identidade com a sede de concelho. Hoje penso que essa problemática está ultrapassada, mas lembro-me bem dos movimentos independentistas que acabaram por se dissipar. A questão atualmente não passa por aí, até porque no decorrer da governação PS muita obra foi feita na Quinta do Conde, recordo-me até então que se contavam pela mão as ruas alcatroadas e com esgotos,
uma ETAR construída com fundos comunitários que não tinha um único esgoto ligado. No período de 1997 até 2005 houve um enorme investimento de forma a dotar a Quinta do Conde de um conjunto de infraestruturas que não existiam. À época as outras freguesias sentiam-se injustiçadas, mas era urgente resolver os problemas do maior agregado urbano do concelho, sendo hoje visível a mudança. Atualmente, fruto da resolução dos problemas de infraestruturas na Quinta do Conde, o executivo nestes últimos dois mandatos optou a meu ver bem por realizar esse trabalho na freguesia do Castelo, queixandose agora as demais freguesias, é um fenómeno cíclico. Atualmente não há uma crise de identidade, embora exista um défice de mobilidade entre as freguesias, pois para chegarmos ao Castelo ou Santiago vindo da Quinta do Conde temos de sair do concelho e fazer 40 quilómetros para tratar de questões burocráticas, é o caso das finanças. Por outro lado, é urgente a construção da Escola Secundária do Perú, com muitos dos jovens verem-se obrigados a sair do concelho, para longe das suas famílias e com rede de transportes públicos desadequados, dado não possuímos essa resposta no nosso concelho, cuja construção é da responsabilidade do Ministério da Educação. Outra questão prende-se com a saúde, a Quinta do Conde tem atualmente cerca de 4000 pessoas sem médico de família, realidade muito preocupante, embora conte com novo edifício do centro de saúde e de uma USF, por outro lado, há carência de outros equipamentos, não existe um fórum ou auditório e muito do que se faz deve-se às autarquias e ao movimento associativo existente. A fome e a pobreza e o isolamento no concelho preocupa-o? Sim, essas questões preocupam-me, a fome e a pobreza em geral e o isolamento da população sénior, muito embora exista um CLAS, deveríamos melhorar o trabalho em rede numa lógica de rentabilizar os recursos e abranger mais pessoas, aumentar a taxa de cobertura. Entretanto tive conhecimento que há alguns meses, as entidades no terreno sentiram a necessidade de reunir sem a participação de uma entidade oficial,
O que são eleições primárias? Nos últimos tempos, consequência da abertura do PS a esta “nova” realidade na vida política em Portugal, muito se tem falado em “eleições primárias”. Contudo, perguntarão alguns, o que é isto das “eleições primárias”? De uma forma muito resumida, uma eleição primária é um acto interno no seio de um partido ou de uma qualquer organização que reúne em si, um conjunto de candidatos com vista a uma eleição futura, sob a base de programas eleitorais ou projectos elaborados por cada um dos candidatos. Esta forma de eleição (primária) pode ser um dos meios encontrados para “escolher” e/ou seleccionar um candidato para uma eleição de âmbito nacional. É um facto, que na história da democracia portuguesa, esta prática não é comum no interior dos partidos quando comparado a outros países e a outras realidades, onde a
existência deste “tipo” de eleição é comum, como acontece nos EUA, onde estamos habituados a ver “acesas” disputas internas entre opositores/candidatos de um mesmo partido, o que acontece, como sabemos no seio do Partido Democrata e do Partido Republicano. Mas, estas disputas internas de uma forma geral e dependendo da organização, sempre existiram. Diria, que neste caso, para além da abertura de um partido aos seus simpatizantes, (o que se regista pela sua importância e abrangência colectiva do número de participantes na vida activa), a única diferença, é que não tinha a cobertura mediática da forma como nos foi apresentada e da qual não estaríamos habituados a ver nomeadamente, a televisiva com recurso aos debates, tal como assistimos agora, com a realização destas eleições primárias no interior do Partido So-
Nome: Américo Gegaloto, Casado e com três filhos Formação: Licenciatura em Direito Maior defeito: Humilde demais Maior qualidade: Amizade e frontalidade Livro Preferido: Cosmos, Carl Sagan Filme: Cinema Paraíso A sua infância: Felicidade Trabalho autárquico: Determinação O futuro: Que venham dias melhores As Pessoas: Humanismo e confiança
no caso a câmara, e eu questiono-me porquê? O número de famílias com carências aumentou nos últimos tempos? Tenho noção e conhecimento dessa situação, daí enquanto vereador sempre procurei que fossem divulgadas as respostas sociais em cada freguesia, devido a existir muita pobreza envergonhada, sendo indispensável que as pessoas possam contactar anonimamente as instituições e solicitar auxílio. Entendo que devíamos criar um plano de emergência social, defendi-o no programa eleitoral autárquico e continuo a defende-lo, como forma de apoio estruturado que a meu ver não existe, seja em situação de emergência ou de necessidade de apoio continuado, sem prejuízo dos atuais projetos de apoio às famílias. Já mostrou ao seu partido a sua disponibilidade para ser candidato à camara? Sim, já demonstrei em diversas ocasiões a minha disponibilidade para ser candidato à câmara. Quando aceitámos os pelouros da toponímia no meu caso e da saúde no caso da Vereadora Cláudia Mata, fizemo-lo de acordo com orientações, numa lógica de trabalhar e assumir as nossas responsabilidades perante os munícipes que nos elegeram, para que em 2017 nos apresentemos às próximas eleições, no meu caso particular enquanto candidato a presidente da câmara.
F.R.
cialista (PS). Assistimos, no último domingo (28/09), àquilo que no futuro será considerado como um marco histórico da democracia e da vida política da nossa sociedade. Foi um momento de viragem na vida dos partidos e assistimos, talvez consequência dessa viragem, a uma vitória esmagadora de António Costa com cerca de 70%
dos votos, cabendo a António José Seguro cerca de 30% da votação. A Abstenção a rondou os 30%. Nada será como dantes, neste tipo de eleição, o PS tomou a dianteira, veremos, para futuro, quem o acompanhará nesta forma de escolha interna dos partidos. Pedro Mesquita
1º Congresso MSU Realizou-se no Sesimbra Hotel e SPA, a 13 de Setembro, o primeiro congresso do Movimento. O primeiro discurso foi o do líder e fundador, Carlos Sargedas. Todos os participantes tiveram a oportunidade de trocar ideias e debate-las. A iniciativa serviu para se fazer um balanço do primeiro ano de trabalho, que se concluiu positivo. Um dos próximos objectivos é a criação de um grupo de comunicação para melhorar a forma de comunicar com a população e as iniciativas “de encontro aos munícipes”, para ouvir os os seus problemas. A requalificação do Cabo Espichel é outra das bandeiras do movimento. O concelho encontra-se com diversos problemas como: a falta de condições do SAP ou o envelhecimento da população residente na Vila de Sesimbra, devido a uma “fuga” dos jovens que saem para estudar/trabalhar fora e o preço das habitações que fazem com que as famílias adquiram casas fora da vila onde são mais baratas.
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SOCIEDADE
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Irmãos: Cátia Martins e Hugo Miguel Martins, ou bakayoko para alguns sesimbrenses Idades: 23 e 32 anos
Sesimbrenses pelo Mundo
Qual o principal motivo que vos levou a partir? Cátia: A falta de emprego em Portugal e querer ser independente. Hugo: Falta de trabalho, principalmente, e vontade de conhecer um país que sempre gostei. Exceptuando a família, claro, de que sentem mais saudades? Cátia: Sinto mais saudades dos meus amigos e de falar português e da comida da minha avó. Hugo: Um pouco de tudo em geral, mas visto que tenho família aqui comigo, sempre ajuda um pouco. Mas no geral, a família e os amigos mais próximos, ou as vezes o simples facto de ir ao café ler o jornal. De que forma se mantêm atentos ao que se passa em Sesimbra? Cátia: Vou vendo algumas notícias pela internet e quando a minha mãe me liga também me dá sempre as novidades todas. Hugo: Hoje em dia com a internet é bastante fácil, leio o sesimbrense, por exemplo, e a minha mãe de vez em quando até me manda pelo correio. No resto redes sociais, e imprensa electrónica no geral. De que forma olham agora para a vossa terra a partir daí? Cátia: De uma forma carinhosa e com saudade, porque foi onde cresci e onde me formei. Hugo: Com alguma nostalgia dos tempos antigos, mas para a frente é o caminho, por isso temos que ser optimistas. Como matam as saudades? Cátia: Só mesmo quando
Local: Escócia, Edimburgo A fazer o quê? Cátia: Pizza Chef Hugo: A trabalhar numa pizzaria, e tradutor em part time Há quanto tempo? Cátia: 1 ano e 5 meses Hugo: 6 anos
volto a Sesimbra de férias! Mas claro com a ocasional conversa no facebook ou no skype. Hugo: Falando com família e amigos, algumas viagens, são apenas cerca de 3 horas de avião, á sesimbrenses que estão na China, por exemplo. O projecto é voltar? Cátia: Por enquanto voltar não é uma opção! Ainda há muito por estes lados para ver! Hugo: A médio prazo sim, se a vida assim o permitir. O que vos fará voltar? Cátia: Só mesmo se houver algum problema com a família ou amigos chegados. Hugo: Sinceramente não sei, por enquanto estou bem aqui, com algum trabalho, coisa que aí está difícil.
O que custa mais? Cátia: A falta da presença daqueles que mais confiamos, porque por mais pessoas novas, culturas novas que tenhamos aqui, nunca vai ser igual como aqueles que cresceram connosco. Hugo: As saudades principalmente, da família e amigos, do meu cão que ficou em casa. O resto pode-se reconstruir.
O que vos atrai mais e menos nesse país? Cátia: O menos atraente é o frio, definitivamente. Mas também é um espaço muito bonito, com jardins por toda a cidade, com bastante cultura, eventos… Hugo: A diversidade de culturas, e particularmente na cidade onde eu estou, o facto de ser uma cidade pequena, mas mesmo assim com muito para ver e com pessoas de todo o mundo. O que custou mais no processo de adaptação? Cátia: Conhecer a cidade, porque o meu sentido de orientação não é o melhor, conseguir entender (alguma parte) do sotaque escocês e a comida não chega nem perto à da nossa vila!
Hugo: Ao início ate me adaptei bem, com o tempo as saudades apertam, e começamos a pensar duas, três, e quarto vezes. Mas ainda cá estou, e por enquanto é para continuar. Onde levas quem te vai visitar aí? Cátia: Aos museus (muitos deles grátis), aos jardins onde se pode fazer barbecues, jogar golf; às montanhas (Calton Hill, Arthur’s Seat), de onde dá para ver a cidade inteira; À Cramond Island, que tem um caminho pedestre até lá, quando está maré baixa; e, claro, a restaurantes para provarem os típicos pratos escoceses. Hugo: Por enquanto ainda não vieram cá muitas pessoas visitar-me (risos), mas a cidade tem muito para ver, castelos, monumentos antigos, museus, até praia, com água quase tão fria como em Sesimbra. Para quem conhece minimamente a Escócia sabe que no que toca a paisagens e sítios para visitar, há muito por onde escolher, tal como em Portugal. Quando regressas a Sesimbra, o que te apetece logo fazer? Cátia: Visitar a minha família e logo a seguir dar um passeio pela marginal para matar saudades da vila! Hugo: Ir passear com o meu cão à serra do Zambujal, surpreender os meus amigos, que na maioria dos casos nem sabem que estou de visita aí, e comer camarões e sapateira, com uma bela sangria, que aqui o vinho é caro (risos).
Jovem “pexito” bem classificado num concurso em França
Uma das melhores baguetes é de Sesimbra
O que diriam ou que conselho dariam a quem hoje está de partida? Cátia: Vai custar muito mas vai valer a pena para o futuro! Hugo: Para encarar a experiencia com optimismo, porque ate as más experiencias, no fim, acabam por ser experiencias validas. Mas da maneira que as coisas estão em Portugal penso que quem poder devia tentar algo de novo. E a quem fica e vê alguém próximo partir? Cátia: Também é difícil porque é sempre um bocadinho de cada pessoa a ir embora. Hugo: É sempre difícil, principalmente para a família mais próxima, mas acabam por entender, e no caso da minha mãe, ela própria me diz que se fosse mais nova faria o mesmo que eu fiz, porque a crise atingiu todos, à excepção dos ricos, que ficaram ainda mais ricos.
Padeiro desde os 14 anos, o sesimbrense foi reconhecido no dia 14 de Setembro, em França com o 6° lugar no concurso da melhor baguete de tradição francesa. Este concurso decorre uma vez por ano e o vencedor tem a honra de servir o presidente, François Hollande. O concurso decorreu no departamento yvelines, na região oeste de Paris e contou com 53 padarias a concurso. António Manuel mata rodrigues barbosa, de 31 anos, começou a sua carreira na Camponesa, de Ana Maria Sousa. O nosso jornal entrou em contacto com António que admite
que esta classificação foi bastante benéfica para o negócio e pretende concorrer para melhor pasteleiro de França. Este típico Sesimbrense, dos pexigas, emigrou aos 22 anos para a terra das baguetes e dos macarrons. Lá continuou a profissão de padeiro, como vários emigrantes portugueses. Com um diploma nas mãos conseguiu abrir a sua própria padaria, conhecida por Boulangerie Barbosa. Aqui podem ser degustados alguns dos mais típicos bolos portugueses, como é o caso do pastel de nata. AR
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Um Marco e registo histórico
CULTURA
“Em terra de lendas e Cultos”
Quais as maiores dificuldades? Claro que as financeiras. Apesar de ter sido comparticipado pelo PRODER, o elevado aumento do imposto do IVA num processo cujos orçamentos tinham sido aprovados com taxas bem mais reduzidas e em alguns dos casos até isento, sofremos um corte real de quase 20% do valor que tínhamos para este trabalho. Houve ainda algumas dificuldades ao encontrar algumas pessoas pela frente que dificultaram o trabalho. Há pessoas que se julgam donos do espaço, por isso mesmo não conseguimos mostrar tudo o que desejávamos. O tempo por vezes incerto. É difícil filmar a vida animal e também a flora endémica quando não está mesmo ali á mão. Estas mudanças climatéricas também alteraram alguns comportamentos na flora que baralha quem está á espera do florir de uma espécie. A maior dificuldade foi gerir esta produção onde participa muita gente. Na sua grande maioria, fui bus-
De que forma se sentem apoiados pelas pessoas da terra? As pessoas da Terra, quais pessoas da terra? Alguns amigos, (muitos) e principalmente os Conferencistas e claro o Dr. Luís Ferreira e o Dr. Paulo Caetano que comigo estiveram neste projeto. Tem sido com
deram ao trabalho de ir ver. Pensam que já conhecem tudo, sabem tudo e por isso não vão. O que acontece um pouco por quase todos os programas que também a Câmara Municipal de Sesimbra proporciona, Incomoda-me mais não ver alguma das pessoas que supostamente teriam até a obrigação de estar e não estiveram. Até para se dizer mal é preciso lá ter estado. Já se chegou ao cúmulo de saber que até numa sessão de assembleia de freguesia um presidente de junta afirmou publicamente que nem tinha sido eu que fiz o filme. Há 4 anos quando comecei, contratei um realizador conhecido. Pouco tempo depois percebi que não resultava porque apesar de profissional não conseguia transpor a minha visão e por isso ainda numa fase inicial do projeto, saiu. Daí para cá mais de 90% do filme foi filmado por mim, dirigido por mim, e com a colaboração GRATUITA de alguns dos meus amigos, os tais que mergulham aqui, passeiam por aqui e vivem por aqui, eles sim, porque conhecem como eu este lugar, conseguiram fazêlo. Mesmo assim eu filmei em todos os lugares, mesmo os mais difíceis como o caso das grutas e da geologia às vezes com risco da própria vida. Fiz
alguma admiração (ou talvez não) que tenho visto no cineteatro pessoas que vieram de várias partes do País fazendo algumas centenas de Km para ver este filme e a maioria das pessoas de Sesimbra nem se
cursos vários de mergulho e alguma formação em espelogia para estar mais à vontade. Cheguei a ficar entalado pelo externo dentro de uma gruta a 70 mts de profundidade, e a ser arrastado por uma onda
car os amigos profissionais da zona, aqueles que o Cabo Espichel já conhece, aqueles que conseguem como eu, transmitir todas as emoções que este cabo tem para nos dar. Este foi o filme possível nas condições que tínhamos. De realçar ainda que isto não é a ikipédia do cabo, é apenas referente às comemorações dos 600 anos.
para filmar as lages onde estão as verdadeiras pegadas na encosta dos Lagosteiros. Foi mais fácil chegar à BBC e a uma empresa dos Estados Unidos para adquirir imagens dos Dinossauros que normalmente não cedem sem saber qual o grau de qualidade do trabalho onde vão ser inferidas, que obter registos, fotos e informações locais. A maioria diz que não sabe, não tem ou quando diz ir ver e depois enviar apenas o meu amigo António Reis Marques que disponibilizou algumas fotos. Grande parte do material foi mesmo a grande ajuda dos oradores que conhecem o cabo muito bem e alguns deles com livros, fotos e muita informação que ajudou. O que mais lhe deu prazer em todo este trabalho e com
toda esta equipa? Poderei destacar o facto de ter feito novos amigos através da mesma paixão pelo Cabo. E finalmente ter conseguido contra “ventos e marés” e algumas pessoas, fazer este documento único, como mais um marco para esta forma de protesto que irá continuar até ver este lugar ser aquilo que merece. Trabalhar com toda esta equipa foi um processo incrível da junção dos conhecimentos. Quando temos pessoas ao mais alto nível de conhecimento sobre uma área e que quase desconhece as outras e de repente graças a este trabalho todos eles ficam com um conhecimento generalizado e ficam mesmo surpreendidos pelas “novas descobertas” é realmente um sentimento incrível. Fátima Rodrigues
VIDEO DO MÊS
Como avalia este final de um longo percurso de 4 anos? Faço uma avaliação muito positiva, Não só como experiência pessoal do aprofundamento do conhecimento sobre o cabo Espichel, mas principalmente porque consegui trazer ao grande publico o Cabo como eu o vejo. A sua grandiosidade, mas também a sua simplicidade. A sua espiritualidade mas também a sua força abrupta. Um lugar único!
“Cabo Espichel, Em Terras de um Mundo Perdido” é o documentário da autoria do fotografo sesimbrense Carlos Sargedas. Apresentado no cineteatro João Mota, no dia 24 de setembro, conta com intervenções de especialistas nacionais e internacionais que participaram nas conferências no âmbito das comemorações dos 600 anos do Cabo.
É indissociável da leitura da cordilheira da Arrábida, a relação que o homem estabeleceu com a natureza, de que ele próprio é parte integrante, ao longo dos tempos. O filme “Al-Rábita – a Serra e o Homem”, descreve cronologicamente a ocupação humana neste território, focando-se nos testemunhos edificados na paisagem e na imaterialidade que lhes está subjacente. O Património Cultural que aqui se desvenda é resultado de séculos de coexistência e de múltiplas e complexas adaptações do homem à natureza. São marcas que definem a identidade desta região, tornando-a inigualável. Para além de ser um documento que retrata a Arrábida, hoje, este filme é também um apelo para a conservação e valorização deste importante Património, complementando o filme “Arrábida – da Serra ao Mar” (2013), que abordava exclusivamente o seu Património Natural. É indissociável da leitura da cordilheira da Arrábida, a relação que o homem estabeleceu com a natureza, de que ele próprio é parte integrante, ao longo dos tempos. O filme “Al-Rábita – a Serra e o Homem”, descreve cronologicamente a ocupação humana neste território, focando-se nos testemunhos edificados na paisagem e na imaterialidade que lhes está subjacente. O Património Cultural que aqui se desvenda é resultado de séculos de coexistência e de múltiplas e complexas adaptações do homem à natureza. São marcas que definem a identidade desta região, tornando-a inigualável. Para além de ser um documento que retrata a Arrábida, hoje, este filme é também um apelo para a conservação e valorização deste importante Património, complementando o filme “Arrábida – da Serra ao Mar” (2013), que abordava exclusivamente o seu Património Natural.
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Exposição de fotografia na Fortaleza
HORÓSCOPO
Sand Forest A água e a orla marítima é um motivo constantemente presente no seu trabalho. Evocando as suas memórias de juventude com as paisagens do concelho ou os rostos dos pescadores. Com esta é a décima
José Carlos Nero O fotógrafo Sesimbrense, José Carlos Nero, teve na Fortaleza de Santiago de 11 a 28 de Setembro uma exposição das suas fotografias. Com o tema de Sand forest ou floresta de areia, em português. “Desenhei-te num fio entre espuma e o vento na maré cheia”, são estas as palavras utilizadas para descrever as fotografias apresentadas. Os seus primeiros trabalhos remontam a 2003, ano que descobriu a sua paixão pelas imagens. Estas são realizadas maioritariamente a preto e branco. Não sendo muito apologista das fotografias digitais. As que se podiam adquirir foram tiradas a cores. Após ter estado na sala multiusos patente a exposição Zero, este é o segundo evento cultural que a renovada Fortaleza recebe. De quarta a
domingo, pela parte da tarde, os visitantes poderiam disfrutar de um conjunto de fotos com a praia como pano de fundo. Falando com o autor, este declara que “a inspiração surgiu quando um dia ao passear pela praia reparei em algumas formas desenhadas pelo mar na areia na maré vazia e olhando com mais atenção, nessas formas comecei a ver “Árvores”, foi a partir daí que a inspiração surgiu para fazer este trabalho fotográfico”. José Carlos Nero afirma que o fascinante no trabalho é que “estas formas estão literalmente debaixo dos nossos pés, basta olhar, olhar com outros olhos...”
terceira exposição realizada. A última foi já em 2013 no Clube Sesimbrense com o título “Doze fotografias”. Participou, a convite, no anuário LusoBrasileiro de artes; nas comemorações do galardão Palmela-Cidade do Vinho e foi responsável pela ilustração dos dois primeiros números da revista The Scope. Esta exposição fotográfica está inserida no festival Aqui há jazz! Que trouxe á Vila nomes como: Mário Laginha Trio ao André Carvalho Quinteto. Estas são algumas das bandas que regressam a Sesimbra para a quarta edição do festival. As jam sesions decorreram entre a Biblioteca de Sesimbra e o Velvet Café. Para a Vila não tem, de momento, mais nenhuma exposição programada. A.R.
Regata de Aiolas A Baía de Sesimbra recebeu a Regata de Aiolas, no dia 28 de Setembro com cerca de 30 embarcações de madeira, típicas de Sesimbra. Enquanto na terra os corredores percorriam a marginal, no mar os remadores faziam percurso semelhante. O percurso realizou-se entre as praias do Ouro e Califórnia. Muitos populares assistiram à passagem da regata. 24 Tripulações fizeram-se ao mar num dia típico de Verão no meio do Outono. Quem estava na praia podia apreciar a corrida, dar um mergulho no mar convidativo ou praticar alguns exercícios de relaxamento. Os prémios foram entregues pelo presidente Augusto Pólvora que também pousou para a foto de família . As vencedoras no sector feminino foram: Ana Cláudia e Sofia Polido e no masculino André Franco e António Mendonça, na aiola os meus netinhos. Os restantes agraciados foram os remadores das aiolas 4 e 16 (da família Palmeirim).
Tiago Lopes
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“84 anos ligados ao desporto e ao mar” Realizou-se no passado dia 5 de Setembro o jantar do 84º aniversário do Clube Naval de Sesimbra. De casa cheia Lino Correia falou dos desafio que é liderar o clube e dos novos desafios a que se propõem. O Presidente do Clube Naval de Sesimbra manifestou o seu descontentamento contra as limitações que tem vindo a ser impostas à pesca lúdica, na área do parque marinho. Também Felícia Costa presente na cerimónia congratulou o clube e salientou o facto de “queremos que os nossos jovens pratiquem mais desportos ligados ao mar, que aproveitem a mais-valia que é ter uma baia onde se pode praticar desporto todo o ano. Gostaríamos de alargar o desporto escolar às modalidades marítimas”.
Cantou-se os parabéns e apagou-se as velas em sinal de alegria e esperança. No âmbito do aniversário realizou-se ainda no dia 14 de Setembro a prova de pesca desportiva do alto mar, tendo este ano sido bastante participada, uma vez que estiveram presentes 64 pescadores desportivos de todo o país. O grande vencedor da prova foi o atleta Pedro Pereira da Pampilhosa, seguido pelo 2º classificado Carlos Murilhas do Pinhal Pesca e do 3º classificado Nelson Reis do Clube Naval de Sesimbra. Na classificação por equipas destaca-se a vitória da equipa A do CNSesimbra e do 2º Lugar que foi conquistado pela Equipa B do CNSesimbra. Em 3º Lugar ficou a equipa do Botafogo.
os representantes da sociedade civil, ou seja quem vive nas zonas abrangidas pelo parque marinho, representantes dos sectores do turismo e da pesca.
Um Clube de campeões. Como encaminham estes jovens? O clube naval tem vindo a criar condições para os jovens atletas e esses jovens tem conseguido bons resultados, quer na vela quer na canoagem, com 3 jovens no campeonato europeu de vela classe optimist e a Sara Rafael Vice Campeã da Europa em kayak mar, além de vários atletas representantes da secção nacional em provas federativas nacionais e internacionais. Por isso os jovens fazem a sua carreira desportiva no clube Naval e todos os jovens podem treinar e competir pelo CNS até ao mais alto nível, que está aberto a quem tenha gosto pelo mar e desportos náuticos.
Um clube repleto de desafios Ser presidente de um clube com 84 anos é uma responsabilidade, como vê este desafio? Vejo este desafio como continuar a missão de levar o clube naval a ser um clube náutico de classe europeia e uma mais-valia para o turismo sesimbrense. O clube naval tem tido duas décadas de crescimento e inovação, com o desenvolvimento das atividades desportivas, vela, canoagem e pesca desportiva, com a instalação do porto de recreio em 1999, reforçado em 2005 com a construção da nova sede e do posto náutico. Sesimbra é provavelmente, o local de pesca desportiva mais procurado em Portugal Continental, de que forma as proibições e regulamentos do parque marinho bloqueiam o desenvolvimento das várias modalidades do turismo e desporto náutico? A ideia de uma zona marinha protegida em Sesimbra vem desde 1973 e foi preconizada por ilustres sesimbrenses e visitantes, muitos dos quais eram pescadores lúdicos e outros profissionais, marítimos e amantes do mar. Quatro décadas depois o parque marinho Luís Saldanha (POPNA)
poderia ser uma mais-valia para Sesimbra em termos de alavancagem e inovação turística, mas não é. A forma precipitada e o desconhecimento dos responsáveis levaram a que fossem reguladas zonas de interdição, limitações absurdas à navegação das embarcações e ao fundear e que prejudicam fortemente o turismo náutico. Uma zona onde é proibida a presença humana é sinal do fundamentalismo do regulamento, não permitir fundear junto das praias e limitar a acessibilidade ao Portinho da Arrábida a embarcações até 8 metros, são exemplos de regras anti turismo e violadora dos direitos dos que gostam do mar. E assim, o parque marinho que podia ser uma vantagem competitiva no turismo de Sesimbra, passou a ser um encargo que gera prejuízos. O clube naval, como representante de 1.500 nautas de recreio, os seus associados, tem mantido uma atitude de colaboração com o ICNF e outras entidades e espera que brevemente se inicie a revisão do Regulamento do POPNA, conforme deliberações da Assembleia da República. Mas não se pode cair na tentação de apenas ouvir cientistas e técnicos que fazem projetos na área do ambiente, cuja opinião e pareceres são importantes, mas não se pode deixar de ouvir atentamente
Dada a vossa atividade marítima em que medida colaboram com as associações de pescadores de Sesimbra? O clube naval contou desde 1998 com o apoio das associações de pescadores, e também da APSS e da Câmara Municipal, para a localização do porto de recreio no local onde se encontra atualmente e que foi e continua a ser um projeto de sucesso para Sesimbra. Também temos colaborado com as associações representantes do sector da pesca, designadamente nos desfiles náuticos de protesto contra o POPNA e temos como associados várias empresas de pesca que usam os serviços da nossa grua. Há mais de 15 anos que temos um protocolo com a Mútua das Pescadores, para angariar seguros para a náutica de recreio junto dos nossos associados, que tem tido muito sucesso para ambas as partes. Estamos sempre disponíveis para dialogar e colaborar com toda a comunidade portuária no sentido de reunir as melhores condições no porto de Sesimbra.
Skate na Quinta A terceira das quatro provas do “Portugal Skate Series by LAKAI” realizou-se a 13 de Setembro no Skate Parque da Quinta do Conde. Esta prova foi organizada pela Associação Portuguesa de Skate. Este evento, para além de promover a prática da actividade pelos mais jovens, visa também dinamizar os diversos espaços que foram criados, um pouco por todo o país, para a prática da mesma.
Os escalões em competição começam no sub-14 e acabam nos opens femininos e masculinos. Depois das eliminatórias e finais realizadas os três melhores jovens skaters foram: Patrick Costa em terceiro, André Amaral em segundo e o grande vencedor foi Tomás Pinto. Após as provas realiza-se um “show” com as melhores manobras de skate. Para os skaters do escalão open mas-
culino há um prémio de 1500 euros. A primeira etapa deste circuito decorreu dia 14 de junho em Castelo Branco, a segunda teve lugar em Felgueiras, dia 12 de julho. A da Quinta do Conde foi a penúltima do campeonato nacional. A última pista é Massamá (Sintra), onde vai decorrer a grande final. Festa, animação, desporto e competição foram o “prato forte” deste dia.
Quais os desafios para o Clube Naval no ano que se avizinha? O clube naval tem vários projetos para o futuro: expansão do porto de recreio, desenvolvimento da vela adaptada e intercâmbio com o desporto escolar com a finalidade de desenvolver a vela e a canoagem junto dos jovens sesimbrenses. Outro objetivo será a participação na revisão do regulamento parque marinho para conciliar a náutica de recreio e a salvaguarda do meio ambiente.
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Noite de glamour na Fortaleza
V edição do Amarsul Eco fashion