O Sesimbrense - Edição 1191- Outubro 2014

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Fundador: Abel Gomes Pólvora

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Edição Online: www.osesimbrense.com.pt

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Diretor: Félix Rapaz

ANO LXXXVIII • N.º 1191 de 1 de Novembro de 2014 • 1,00 € • Taxa Paga • Sesimbra - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. • DE00722014RCMS/RL)

Pobreza aumenta em Sesimbra

A pobreza aumenta e com ela a perda de fé. Pais desesperados, filhos carenciados, idosos com olhar vazio de esperança, na última linha da vida. É a sombra das vidas, o limiar da pobreza, a fome… não em Sesimbra, no país, no mundo. Páginas 8 e 9

Trabalhadores e pais unidos pelo Externato Santa Joana

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Farmácias de Serviço

nBombeiros Voluntários de Sesimbra Piquete de Sesimbra: 21 228 84 50 Piquete da Quinta do Conde: 21 210 61 74 nGNR Sesimbra: 21 228 95 10 Alfarim: 21 268 88 10 Quinta do Conde: 21 210 07 18 nPolícia Marítima 21 228 07 78 nProtecção Civil (CMS) 21 228 05 21 nCentros de Saúde Sesimbra: 21 228 96 00 Santana: 21 268 92 80 Quinta do Conde: 21 211 09 40 nHospital Garcia d’Orta Almada 21 294 02 94 nComissão de Protecção de Crianças e Jovens do Concelho de Sesimbra 21 268 73 45 nPiquete de Águas (CMS) 21 223 23 21 / 93 998 06 24 nEDP (avarias) 800 50 65 06 nSegurança Social (VIA) 808 266 266 nServiço de Finanças de Sesimbra 212 289 300 nNúmero Europeu de Emergência 112 (Grátis) nLinha Nacional de Emergência Social 144 (Grátis) nSaúde 24 808 24 24 24 nIntoxicações - INEM 808 250 143 nAssembleia Municipal 21 228 85 51 nCâmara Municipal de Sesimbra 21 228 85 00 (geral) 800 22 88 50 (reclamações) nJunta de Freguesia do Castelo 21 268 92 10 nJunta de Freguesia de Santiago 21 228 84 10 nJunta de Freguesia da Quinta do Conde 21 210 83 70 nCTT Sesimbra: 21 223 21 69 Santana: 21 268 45 74 nAnulação de cartões SIBS (Sociedade Interbancária de Serviços) 808 201 251 Caixa Geral de Depósitos 707 24 24 24 Santander Totta 707 21 24 24 Millennium BCP 707 50 24 24 BPI 21 720 77 00 Montepio Geral 808 20 26 26 Banif 808 200 200 BES 707 24 73 65 Crédito Agrícola 808 20 60 60 Banco Popular 808 20 16 16 Barclays 707 30 30 30

EDITORIAL

Felix Rapaz

Contatos uteis

Ao estudar a rubrica mensal “Sesimbrense pelo Mundo” verifiquei que a maioria dos jovens que deixaram o nosso concelho são indivíduos com conhecimentos académicos e referencias profissionais. Um concelho ou país que perde mais-valias sociais, que perde capacidade empreendedora de trabalho e criatividade está a hipotecar o seu futuro. O mal destas políticas actuais é ignorar que o trabalho é um espaço de desenvolvimento da personalidade e de realização de direitos fundamentais. Neste contexto os jovens perderam

o entusiasmo e a curiosidade de um futuro independente e próspero. Os mais velhos deixaram de acreditar na tranquilidade de uma existência relativamente segura. Na herança humanista do século XX, está incluída a dignificação do trabalho, em que convergiram a ideologia do estado social, o movimento social e a doutrina social da igreja. Seria gravíssimo que alienássemos este património porque o nosso sistema politico não capaz de reagir a tempo e recuperar a confiança e o prestigio que carece junto da população.

Cuidados com o Outono Com o apoio:

Farmácia da Cotovia Avenida João Paulo II, 52-C, Cotovia

212 681 685

Farmácia de Santana Estrada Nacional 378, Santana

212 688 370

Iniciou-se à pouco tempo o Outono e com ele as primeiras chuvas e os dia mais frios. Nesta altura do ano, um dos problemas mais comuns são as gripes e constipações, sem esquecer a sinusite, rinite, otite e doenças alérgicas. Com os cuidados certos, pode proteger-se e evitar o pior. Para tal ficam alguns conselhos: - Beba bastante água, chás ou sumos;

- Evite variações de temperatura e use roupa adequada ao frio; - Para prevenir o contágio evite locais com um grande número de pessoas; - Salientar ainda que, a DGS recomenda a vacina da gripe aos cidadãos com mais de 60 anos, aos doentes crónicos, crianças, grávidas e a quem tenha as defesas debilitadas. Maria João Inocêncio

Farmácia Leão Avenida da Liberdade, 13, Sesimbra

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Farmácia Lopes

Rua Cândido dos Reis, 21, Sesimbra

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Sesimbra recusa pagar alojamento a médicos

Edição publicada segundo o novo acordo ortográfico

Para além de Sesimbra, Também Palmela e Setúbal tem a mesma posição. O ministério da Saúde propôs que fossem as autarquias a arcar com as despesas para que dois médicos cubanos fossem colocados no Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) da Arrábida. Só que para o presidente da Câmara Municipal de Sesimbra “ os encargos com os médicos” são da “responsabilidade da tutela”. Ainda é defendido que apenas dois médicos é pouco para suprimir a necessidade que a população sente nesta área. Os médicos em questão e dado o braço de ferro já foram colocados noutra zona, ficando mais uma vez a situação por resolver.


ATUALIDADE

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Santa Joana em crise

Pais e funcionários unidos pelo futuro

Trabalhadores e utentes do Externato Santa Joana (IPSS), em Sesimbra, levaram a cabo no dia 30 de outubro, um protesto contra salários em atraso e aumento das mensalidades. Os trabalhadores e os pais e encarregados de educação dos utentes do Externato Santa Joana, em Sesimbra, realizaram um protesto contra a direção do estabelecimento dado os atrasos dos vencimentos e subsídios, bem como, o aumento das mensalidades. Também o aumento do horário de trabalho estão na mesa. Os pais e encarregados de educação manifestam-se contra um segundo aumento este ano das mensalidades, tornando incomportável a frequência dos seus filhos, dadas as dificuldades do orçamento familiar . Pais, educadoras e restante pessoal, presentes, pedem seriedade e competência na gestão desta instituição. Esta ià imagem da maioria das IPSS, recebe fundos do Estado para garantir o apoio social e educativo às crianças que lhe são confiadas. O facto da existência de uma derrapagem orçamental desta instituição levar á situação atual preocupa os pais que de futuro e com a hipótese de um encerramento não têm onde deixar os seus filhos. Fernanda Chaves funcionária/educadora do Externato há 26 anos é uma das que tem o ordenado em atraso, subsidio de natal de 2013 e de férias 2014, e lamenta esta a situação, referindo, “esta é uma dificuldade que não é atual e para a qual desde 2011 andamos em negociações, no sentido de não existir uma redução salarial incomportável”. As dificuldades são muitas e a sua vida pessoal, tal como as colegas na mesma situação levam-na a viver dificuldades financeiras, “não tenho deixado de cumprir as minhas obrigações enquanto funcionária mas sinto-me frustrada, porque neste momento pago para ir trabalhar, existindo aqui uma inversão dos papéis. Há vários meses que sou sempre uma das últimas a receber o vencimento, sendo o mesmo regularizado na primeira semana do mês seguinte. Sempre me mostrei compreensiva e recetiva dada a situação financeira da empresa, porém a minha vida pessoal tem vindo a ser prejudicada a cada mês e ano que passa”. A instituição tem tomado como certo o atraso regular dos ordenados, porém no último mês a situação tornou-se catastrófica e a revolta dominante entre as funcionárias, tomando a gerência, a decisão de pagar a algumas colaboradoras e as restantes serem apenas comtempladas no mês seguinte. Fernanda Chaves, referiu que: “a decisão da vigília/protesto foi tomada em consciência e de acordo com a vontade de todas e é o culminar de todas as situações inerentes aos nossos postos de trabalho”. Muitas das funcionárias lamentam as pressões psicológicas por parte do presidente, “o ambiente interno é

de insegurança e nervosismo”. O Ministério da Educação, comparticipa a instituição por ano letivo, estando neste momento o ano 2012/2013 em atraso no valor de 40.000 euros. A candidatura para o ano letivo 2014/2015 ainda não se encontra aberta. Uma das soluções apresentadas pela direção ao sindicato e às trabalhadoras foi um donativo por parte das mesmas, não diminuindo o vencimento, mas aplicando uma taxa entre 10 a 22,5 por cento consoante a tabela salarial. Porém em informação posteriori enviada ao sindicato propõe uma taxa de 15 por cento em todos os ordenados. Ricardo pólvora em representação dos pais e encarregados de educação refere que estão nesta luta pelo não aumento das mensalidades, “porque consideramos que o valor atual é já considerável no orçamento familiar e não entendemos de que forma é que vai colmatar as dívidas da instituição”. Na vigília mostram o seu descontentamento, referem: “estamos neste momento a criar uma associação de pais de forma sermos ouvidos e auxiliar na resolução dos problemas existentes, bem como criar mais iniciativas no sentido de apoiar e divulgar o externato”. Os pais estão preocupados com o futuro, “pois a crise económica que atravessam leva a que muitos pais possam retirar os seus filhos. Por outro lado consideram ser urgente uma cobrança coerciva aos encarregados de educação com mensalidades em atraso, dada a injustiça de todos virem a ser prejudicados por esta situação”. Ricardo Pólvora ainda no decorrer do protesto disse estranhar, “o facto de nenhum elemento do executivo camarário estar presente neste movimento reivindicativo por parte dos pais e funcionários”. Florindo Paliotes presidente da instituição abordado no decorrer da vigília e sobre a motivo do protesto referiu que: “ a direção nada tem a alegar, porque tomamos medidas de acordo com o mandato que tem para gerir a instituição. Se neste momento a instituição, os utentes e a segurança social, não consegue produzir receitas suficientes para pagar os seus compromissos naturalmente o défice vai aumentando e em determinado momento tem de se arranjar uma solução. Alertei várias vezes as funcionárias que por este caminho a situação iria recair sobre elas”. Quanto à divida e abordado sobre qual a consequência, o responsável referiu que “estas se devem aos baixos rendimentos familiares, à redução do numero de trabalhadoras e pelo facto destas receberem um salário acima das tabelas das IPSS”. Sobre a obra de requalificação efetuada no externato

e sobre os três orçamentos da mesma, disse: “A obra podia até ter 10 orçamentos, não foi pensada por esta direção e foi aprovada em assembleia geral, e apenas executada pela atual direção. Se inicialmente pensaram esta obra e depois das tomadas de decisões, nós só tínhamos que a executar ou demitir-nos. Mas a situação não se deve nem pode ser atribuída à obra”. Questionado sobre a divida ao banco Florindo Paliotes, afirmou que a mesma, “é muito elevada”. Quanto às dividas a fornecedores afirmou que: “esses é que deveriam estar aqui a reclamar, porque são eles o suporte de nós até ao mês de setembro termos conseguido pagar todos os salários e a segurança social e as finanças”. Sobre as mensalidades em atraso, reclamadas pelos pais lamentou a falta de apoio jurídico que possa dar encaminhamento ao processo, “porque ainda não conseguimos de maneira nenhuma arranjar um advogado que se disponha a receber os honorários quando a vida financeira melhorar”. Mas acabou por referir que existem pais que “retiraram os seus filhos e que ficaram a dever três e quatro meses e são funcionários da câmara, logo têm os seus salários”. Questionado sobre o direito ao vencimento, disse “primeiro que tudo quem defende os trabalhadores sou eu, mais ninguém os defende, mas só os defendo até ter capacidade para pagar. Se não temos essa possibilidade e não concordam com as medidas, a bola fica do outro lado”. Quanto à solução para os ordenados em atraso e subsídios afirmou perentoriamente que, não existem ainda soluções e que irá pagar o subsídio de natal de 2013 e 2014, “quanto ao de férias deste ano não temos condições para pagar. Agora em vez de estarem contra nós estas pessoas deveriam era dizer como é que a instituição consegue ter verbas para fazer face às despesas”. A criação da Associação de Pais é para o presidente uma mais-valia, “porém deveria ter sido criada em 2010 quando começaram a surgiram os problemas e espero que tenham uma ação direta nas soluções”. Sobre a demissão desta direção o atual presidente, referiu que esta vai cumprir o mandato até 16 de dezembro, “na verdade não tenho nenhuma solicitação nesse sentido, não tenho de me demitir. Nessa data levarei a Assembleia Geral e depois se verá”, afirmou. Hoje foram pagos quatro vencimentos em atraso que diz não ter sido uma forma de anuviar o protesto, “pagamos porque chegaram verbas da segurança social”. Quanto ao mês de outubro e sobre os vencimentos Florindo Paliotes apenas disse “não sei”. Fátima Rodrigues


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ASSOCIATIVISMO

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Universidade Sénior da Quinta do Conde Aulas práticas Começa ano lectivo

O pólo da Universidade sénior da Quinta do Conde, da Associação Movimento Social Utopia Global, iniciou o ano lectivo de 2014/15. Esta iniciativa teve um período experimental que decorreu de Abril a Maio superando as mais optimistas expectativas. O número de inscritos ultrapassa as duas centenas e as disciplinas leccionadas vão desde as línguas, sendo o Criolo uma novidade que vai

entrar no plano curricular; a informática ou ao Reiki. As aulas são dadas maioritariamente no período da manhã. Ainda são oferecidas aulas práticas sobre turismo e património onde, uma vez por mês, os alunos saem em visita de estudo para descobrir o melhor que o país tem para lhes oferecer. Algumas das viagens já realizadas foram ao convento da Arrábida, uma das maravilhas

da região; Cabo Espichel e ao moinho do Outeiro. Este tipo de iniciativa tem como objectivo a promoção regular de iniciativas culturais; de aprendizagem; recreativas e de convívio. As aulas são complementadas com actividades recreativas como teatro, coros ou grupos de dança. A Tuna académica é uma realidade no CIPA. Andreia Rodrigues

Têm como objetivo melhorar a qualidade de vida

Liga dos Amigos da Lagoa celebra 42 anos A Liga dos amigos da Lagoa de Albufeira foi fundada a 22 de Dezembro de 1972 e celebrou,entre 20 de Setembro a 18 de Outubro, o seu 42 aniversário, com um leque de animações e atividades. A LIALA nasce da união natural dos primeiros habitantes da lagoa, um pouco antes do 25 abril, “não havia expressão humana para se desenvolver o projeto de legalização dos terrenos e habitações, pelo que surgiu a necessidade de criar uma liga de amigos”, explicou o presidente Joaquim Mestre. A LIALA em colaboração com a C.M.S. desenvolve inúmeras atividades tais como as aulas de danças de salão, sevilhanas, ginástica, ioga,artes e ofícios, estética e convívios. Para além destas atividades “pensa ainda dar início aos cursos de informática, já no próximo mês de Outubro”. “A partir de 1 de janeiro de 2014, LIALA assegura a ma-

nutenção de mais espaços verdes na Lagoa de Albufeira, ao abrigo de um acordo de cooperação com a CMS, que disponibilizou uma verba de cerca de 101 mil euros por ano para este fim” referiu o presidente. A novidade deste ano foi a inauguração do pavilhão de atividades de artes e ofícios, bem como o posto de saúde em que irão ter vários serviços de “enfermagem e cuidados médicos, bem como serviços de massagem, osteopatia entre outros”. Requalificaram o edifício recentemente, “quisemos dar uma nova imagem à liga e aumentar a qualidade dos nossos serviços, pois, contamos neste

A Universidade Sénior da Quinta do Conde organizou mais um passeio turístico, desta vez ao Convento de Nossa Senhora da Arrábida, vulgarmente conhecido por Convento da Arrábida. Fundado em 1542 por Frei Martinho de Santa Maria. Como vem sendo habito, aos primeiros sábados de cada mês, a cadeira de Património e Turismo, promove uma aula em contexto prático pelo valioso património existente no distrito de Setúbal. No 3º passeio cerca de 30 participantes (entre alunos e famílias) tiveram a oportunidade em conhecer de perto o famoso convento, propriedade da Fundação Oriente, desde há 21 anos, é de salientar que anteriormente pertencia à Casa de Palmela. À chegada do grupo, estava o “Guardião residente do convento”; o Sr. Quirino Almeida, que fez as honras da casa, de seguida iniciou-se a visita com a primeira paragem na capela mandada erguer pelo 1º Duque de Aveiro, D. João de Lencastre. O guardião deste património fez o relato desde os primórdios da fundação deste espaço de recolhimento e de meditação espiritual e no qual os religiosos da Ordem de São Francisco isolavam-se do mundo em que viviam. No convento Novo é constituído por pequenas celas, igreja e capelas, bem como uma cozinha e um refeitório, patamares e pátios, um relógio e respectivo sino e um jardim chamado de São Pedro de Alcântara, curiosamente todas estas mordomias não eram utilizadas pelos monges franciscanos arrábidos, apenas precisavam para a sua subsistência de pão e água. O Convento da Arrábida, monumento classificado de interesse público em 1977, sofreu profundas obras de recuperação pelo actual proprietário; Fundação Oriente, que criou um auditório que acolhe seminários, colóquios e conferências e dispõe de serviços de alojamento e de refeições. Dada a grandeza deste ex-libris, ficou acordado um novo passeio perante os participantes, desta vez à Via Sacra, local onde os franciscanos arrábidos viviam em profundo recolhimento e introspecção espiritual. João Silva

Rotary discute sobre a terceira idade momento com cerca de 700 sócios ativos” A nível financeiro a LIALA, “tem uma vida económica estável e saudável, desempenhamos vários serviços, e temos correspondido às suas espetativas”. Esta colaboração vem no seguimento de um protocolo semelhante, celebrado em 2008 entre estas duas entidades, que permitiu manter em bom estado diversos espaços de fruição pública, o que contribuiu para melhorar a qualidade de vida na Lagoa de Albufeira.

No dia 18 de Outubro a sala polivalente da biblioteca municipal de Sesimbra recebeu a segunda conferência do Rotary. Desta vez o tema em debate foi a Terceira Idade em Sesimbra. O programa começou eram as 15.15 com a sessão de abertura onde falaram a presidente Argentina Marques e José Embaixador, o rotário com mais idade do clube de Sesimbra. “Os idosos de Sesimbra tem muitas carências”, esta frase foi utilizada para o início do debate. A criação das universidades seniores serviu para combater este sentimento e estimular a “sede” de conhecimento. Mas para a Santa casa da Misericórdia de Lisboa que também esteve presente, fazendo-se representar pelo Dr. Paulo Mateus Calado, o contacto com mais jovens pode ser uma forma de amenizar este problema. O Dia Internacional do Idoso celebrou-se no dia 1 de Outubro. Para falar nas respostas e no apoio social prestado às pessoas idosas a técnica do CASCUZ, Doutora Paula Franco. “Sesimbra não está muito desprotegida”; pois existem vários equipamentos e para todas as valências. “Já a quinta do conde não tem qualquer capacidade de resposta em termos sociais”. A falta de tempo dos familiares, que é um dos motivos que acaba por leva-los para os lares.


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Sesimbra discute o POPNA

Carina Reis

PESCAS

Investigadores, autarcas e representantes de entidades ligadas ao mar, ordenamento do território e ambiente reuniram-se, a 14 de Outubro, no auditório Conde Ferreira para discutirem o Plano de Ordenamento do Parque Natural da Arrábida. Este debate aconteceu nove anos após a criação do plano. É sabido que a comunidade local sempre se apresentou algo céptica em relação ao tema, pois restringe a pesca de alguns peixes na zona do parque marinho. A revisão do projecto conta com o apoio da comunidade científica. Durante o encon-

No passado dia 14 de Outubro realizou-se um evento onde foram apresentados alguns dos trabalhos científicos sobre o parque natural da Arrábida, na área terrestre e na área marinha. Um dos objetivos deste seminário era (e passo a transcrever): “contribuir para que toda a informação existente possa ser ponderada por todos os intervenientes na revisão do POPNA” Mas para quem é que foi feito este evento? A sala esteve cheia, a ponto de haver pessoas em pé a assistir, um excelente indicador de interesse da comunidade? Essa será uma conclusão precipitada. A sala estava cheia de quem? Contei apenas 10 pessoas ligadas à pesca, então e os restantes 80? Quase todos biólogos ou universitários, ou ligados ao próprio ICNF, ou envolvidos nos projetos apresentados, ou envolvidos em outros projetos similares ou ainda os que estão a tirar o mestrado. Tínhamos depois uma meia dúzia de pessoas ligadas a funções de governância, e os próprios funcionários da câmara responsáveis pela organização do evento. Ou seja, para além do imenso peso da comunidade científica, e das 10 pessoas ligadas à pesca,

A Revisão do Parque Marinho que “intervenientes da revisão do POPNA” estiveram para apreciar a informação? Nenhuns? Poucos? A prova disso é que terminadas as apresentações, os pescadores foram os únicos a intervir, a questionar, e a levantar uma “sombra” sobre todos os resultados “brilhantes” do parque. Fala-se muito, em outros fóruns mas não neste, que deve existir um equilíbrio entre a vertente ambiental, social e económica. Mas todos estes estudos recaíram sobre a vertente ambiental. A sessão da tarde foi inteiramente dedicada à área marinha, mas nessas 3 horas de apresentações científicas não deram espaço para que a associação representante dos pescadores tivesse 10 ou 15 minutos para falar sobre o impacto que o parque marinho teve e tem tido nas vidas dos pescadores nestes últimos anos. A única referência sobre os pescadores foi a apresentação dos resultados de um inquérito aos pescadores e a outros utentes, sobre o estado do parque marinho. Um inquérito não mostra os problemas resultantes da imposição à força deste parque. Quem é que fez um estudo sobre o impacto no rendimento das famílias que dependem da pesca e que viram as suas vidas transformadas? Dos que foram simplesmente expulsos de trabalhar na área, ou dos que têm licença mas estão condicionados a utilizar as artes. Quando se faz um evento destes vive-se de aparências.

Ao ouvirmos as apresentações parece que estamos envolvidos, que temos voz, que temos um espaço de debate para falarmos, mas na verdade “nós” somos apenas opinião pública. E tivemos um excelente programa que sugere à opinião pública de quem assistiu de que está tudo cada vez melhor e de que vale a pena todos os sacrifícios feitos. Claro que sim, os sacrifícios são dos outros, e esses outros nem sequer têm direito a ter apresentação. Têm na programação 15 minutos de debate, para ninguém dizer que não vivemos numa sociedade democrática. Será que as pessoas têm noção de que os pescadores, que são quem faz sacrifícios, que são obrigados a viver com regras que lhes restringem o rendimento familiar, que são os mais diretamente afetados, afinal não são intervenientes da revisão do parque? Para os distraídos volto a frisar: os pescadores, que são diretamente afetados, não são intervenientes na revisão do parque. Se não são intervenientes quer dizer que não podem intervir. Apenas fazer o que têm feito desde sempre, contestar, escrever posições, expor as dificuldades, e esperar convencer… quem pode intervir. A associação que os representa está apenas como convidada nesse processo de revisão, e por mais que como convidada seja ouvida, um convidado nunca tem voto na matéria.

tro foram apresentados diversos trabalhos realizados pelo meio académico, como, por exemplo, a evolução dos recursos pesqueiros nas dife-

rentes áreas de zoneamento do parque, percepção dos utentes do parque, agricultura e floresta.

Opinião Sem medos Por: Carlos Alexandre Macedo

varamessaiola.blogspot.com

Volto aos temas da crónica do mês passado, a sardinha e a estupidez. À sardinha porque a proibição de captura continua a estar na ordem do dia e é um assunto incontornável para o sector nos dias que correm. À estupidez porque a tomada de posição do governo, pela forma e pela desadequação (uma vez que o acesso ao subsidio implica a paragem da embarcação - impossibilidade de pescar a outras espécies), teve efeitos ainda mais devastadores do que o esperado. Um pouco por todo o país, as embarcações do cerco estão paradas, algumas das frotas de palangre e covos estão com dificuldades na obtenção de isco, postos de combustível estão fechados (exemplo Matosinhos), a Docapesca perde receitas e o mercado está a ser abastecido de Sardinha da Bretanha (França), País basco (Espanha) e Marrocos. No entanto e no meio de toda esta desgraça, existem (felizmente) excepções. Para além dos ‘Rapas’ (nome vulgarmente atribuído às pequenas embarcações de cerco - dada a pequena dimensão das embarcações, o valor de subsidio era tão baixo que não era uma opção a considerar) quase a totalidade das embarcações do cerco pararam. Em Sesimbra, não foi assim. Algumas das traineiras da nossa vila optaram por continuar a trabalhar e procurar a sua sorte. Não quero com isto criticar os que optaram

por parar, porque certamente foi uma decisão que lhes custou tomar. Nenhum barco de pesca foi feito para estar em terra. Os homens do mar são caçadores e como tal precisam de caçar/pescar para se sentirem vivos. Dependendo do contexto de cada empresa, parar pode mesmo ter sido a melhor opção e ninguém pode ser condenado por escolher o que é melhor para si. Sobretudo depois da extensão do apoio para 30 dias e para um financiamento a 100% (de acordo com as normas europeias para as cessações temporárias), que não foi mais do que o derradeiro incentivo do governo à paragem. Mas em meu entender, merecem ser elogiados aqueles que preferiram a incerteza de continuar a procurar a sua sorte dia após dia e se mantiveram em actividade. Pode correrlhes bem, mas também lhes pode correr muito mal. Mas ficar-lhes-á sempre o mérito de terem tentado. Esta tomada de posição, permitiu à comunidade piscatória sesimbrense e a todos os sectores adjacentes manter uma actividade relevante, que muito provavelmente farão do nosso porto o primeiro do país em termos de volume descarregado e valor transaccionado. Por tudo isto, mas sobretudo pelo sinal dado aos governantes, obrigado. Este texto não obedece ao novo acordo ortográfico por opção do autor


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Educação

Alunos de Sesimbra distinguidos

Foi no final de Outubro no Cineteatro João Mota que os alunos que concluíram com mérito os seus estudos na escola secundária de Sampaio receberam o tão dese-

jado diploma. Estes foram divididos em duas categorias: mérito e excelência. Pais, alunos e professores encheram a o cineteatro para assistir orgulhosamente a este momento destes jovens.

Os apresentadores da noite subiram ao palco para anunciarem os finalistas. Os primeiros diplomas a serem entregues foram os do curso cientifico-humanístico. Esta era uma noite bastante importante para os alunos que encerraram um capítulo de três anos entre os verdejantes jardins de Sampaio, por isso o figurino não podia destoar, vestidos a rigor subiram ao palco e com enorme felicidade receberam o diploma. Comemoração foi o mote da noite, onde colegas e familiares festejaram mais um momento académico. O aviso sonoro marcou a entrada da audiência na sala, já que as “estrelas” da noite estavam nos bastidores. Na cerimónia, foi apresentada ainda a dramatização da peça de Cervantes,

“D. Quixote – De la Mancha” e momentos musicais com os atuais e antigos alunos. A peça de teatro foi levada a palco pelos alunos dos três anos e contou com uma forte interação com o público. Quanto ao Dia do Diploma decorreu em duas fases, 10 de outubro, Básico, e 17 de outubro, Secundário. No ensino básico não foi distinguido o melhor aluno, mas houve apenas um diploma de excelência (que é equiparado ao do melhor aluno), atribuído à aluna Raquel Lobo Correia (5º ano - 2º ciclo), que recebeu também um Diploma de Valor como campeã distrital de Infantis B, na modalidade de Xadrez (que é um dos núcleos do Desporto Escolar). No Secundário, receberam a distinção de Melhor Aluno, a Catarina Paulino Alves, dos Cursos Científico-Humanísticos, e o André Martins Vaz, dos Cursos Profissionais. Um momento da vida de escolar de Sesimbra que distingue o empenho de professores alunos e famílias.

LOCAIS

Largo do Movimento das Forças Armadas (Vulgo Largo das Camionetas)

Em tempos idos de salutar rivalidade das empresas de camionagem dos Covas e dos “Carretas”, nos vai- vem constantes de Cacilhas a Sesimbra com alguns prolongamentos até Setubal, o largo que hoje se denomina do Movimento das Forças Armadas; de intencional significado homenageante, era tão simplesmente referido por “Largo das Camionetas”, terminal das carreiras que muitos ainda se recordarão. Enquanto se esperava por viajantes havia algumas hipóteses de ocupação de tempos no estabelecimento do “XICO” da Cooperativa ou na loja de várias valências do “Tio” Jonas Cardoso, onde é hoje uma concorrida agência da Caixa Geral de Depósitos. Havia, também, uma pequena ourivesaria que passava despercebida e o Largo completava-se com casas de habitação e com o paredão da Igreja Matriz com data de referência e o sonante rótulo do patrono Santiago. As carreiras chegavam, ruidosas e pachorrentas, da zona norte, após Alfarrobeira e, com alguma prolongada frequência. Tinham o que se designava por “desdobramento”, certos clientes. As camionetas eram brancas (do “Caretas”) ou de tons avermelhados (da “dinastia” dos Covas) e pouco se caracterizavam pela

modernidade… Estávamos na segunda metade da década de 40 (1946/1949) e os efeitos nocivos da guerra ainda se faziam sentir no que tocava á rede3 de transportes. O exercício de memória que viabiliza esta “viagem no tempo” tem, portanto, quase 70 anos! Será por isso, certamente, que não consigo evitar uma bem-sentida emoção quando revejo, hoje em dia, o ex. largo das camionetas que, curiosamente, até nem parece menos do que era nos tempos tão distantes da minha adolescência. Todavia, sem espécie de dúvida, o largo tem a mesma área funcional, servindo de estacionamento de sete veículos automóveis (com parquímetros, está bem de ver…) e a simbólica referência do ex. “Xico” da Cooperativa, agora um prédio de bom aspeto, no topo nascente á esquina da Rua Almirante Sande Vasconcelos. Em frente, na outra esquina, perfila-se a já cotada agência da C.G.D, com uma bastante concorrida caixa de multibanco. Do lado oposto ao paredão da Matriz há uma pequena agência funerária, de frequente consulta por quem passa e, a poucos metros, a muito antiga joalharia/ourivesaria, quase que esquecida.

Resta dizer que o largo se valorizou, recentemente, com o colorido prédio novo erguido sobre o velho reduto do “XICO” da Cooperativa. E que não melhorou quanto a grande simpatia evocativa por causa da muito pouco simpática geringonça de “caça moedas”, leia-se parquímetros que nem aos domingos estão de folga, para mal das algibeiras como uma espécie de “hall” de entrada em Sesimbra, o largo é uma referência inultrapassável. E soube-me bem recorda-lo. David Sequerra


De Igual Modo

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Do Cabo Espichel Às caixas de correio David Sequerra

Mais uma vez o contraste de sempre, entre o bom e o mau, o elogiável e o nem por isso… Digno de apreciação muito positiva, a magnifica apresentação do filme da “equipa” de Carlos Sargedas sobre o Cabo Espichel – a sua história de milénios e beleza natural insuperável. Um trabalho de grande qualidade, a projetar Sesimbra e suas cercanias para o mundo inteiro. As sessões de projeção do filme decorreram na sala de cinema, com assinalável assistência e foi bem

isso que se viu no sorriso feliz do Carlos Sargedas ao escutar os aplausos ao cabo de cada uma das projeções. Sesimbra marcou pontos. E muitos! E o Cabo Espichel tornou-se numa referência mundial.

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De igual modo, mas de sinal adverso, registamos o facto insólito de o largo espaço habitacional da Cotovia, ao longo da EN.378, continuar incomodamente pobre de caixas de correio (ou marcos!). Limitando-se esse ainda corrente expediente a um pequeno depósito, meio escondido, várias vezes tapado por mau estacionamento de carros, á esquina da Estrada Nacional com a Rua da Cotovia, na parede do talho Gisiva. Há meia dúzia de anos, no

quarteirão do ex. Açúcar Pilé (hoje Sabores da Terra) e da loja de aluguer de discos, CDS e Cª, havia á porta da livraria/papelaria Lápis que deixou de existir, um posto bem acessível dos CTT, com caixas vermelha e azul, lado a lado, como é da praxe. Selvaticamente as duas caixas foram assaltadas e vandalizadas e nunca mais foram repostas, sob o signo da utilidade pública que hoje se reclama, apelando para quem de direito enriqueça a Cotovia com a reposição das caixas desaparecidas. Não deve ser difícil…E esperamos por boas novas, por correio vermelho ou azul, tanto faz. Os que ainda resistem ao correio eletrónico, de complexas tecnologias, agradecem.

Carta aberta a José Cardoso Toda Sesimbra o conhece, estima-o e envolve-o em avolumada simpatia, correspondendo ao seu modo de ser e estar na sua “Piscosa” de há largas décadas. Na verdade, senhor José Cardoso, a sua longevidade e a importante ascendência familiar. Tocam-nos de tal maneira que me senti inevitavelmente estimulado para lhe endereçar esta carta aberta que o surpreenderá – calculo… - mas que muito lhe agradará – tenho a certeza! Com a sua inseparável bengalinha, em percursos por Sesimbra ou no recolhimento repousante da Igreja Matriz, afável e comunicativo, o senhor é bem o lídimo representante de uma geração que muito fez de bom por Sesimbra e que continua, em igual escala, através dos seus filhos e netos, descendentes orgulhosos da personalidade que todos lhe apreciamos. Acaba de chegar aos seus bens preenchidos 90 anos e sempre que vimos e cumprimentamos experimentamos uma sensação de regozijo pelo apreço do atual “clã” Cardoso e pelo seu precioso exemplo de cidadania. Em pleno século XXI o senhor é uma importante referencia do quotidiano de Sesimbra. Dai a ousadia, bem-intencionada, desta carta aberta. Com a ajuda da família, da igreja, de todos nós (e da sua preciosa bengalinha…) que continue connosco a dar-nos o belo exemplo da vida que tem sabido viver. Forte abraço do, David Sequerra


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ESPECIAL

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A fome mata os sonhos e

A Associação de Beneficência, Amizade e Solidariedade (ABAS), é uma IPSS de apoio a idosos e sem-abrigo, que distribui alimentos desde 2008. Contam com a ajuda dos supermercados e a orientação de Teresa Mayer, para realizar as duas distribuições semanais. A ABAS para além de apoiar os idosos, desde há sete anos que distribui alimentos pelos mais carenciados duas vezes por semana. Falámos com a presidente, Maria João Viegas, num dos dois dias, em que os voluntários cerca de oito saem à rua para auxiliar quem mais precisa. Os alimentos encontram-se em vários cestos verdes, etiquetados com os nomes dos destinatários, prontos a serem entregues às mãos das famílias que deles necessitam para o seu dia á dia. Na porta de entrada encontramos uma grelha com as famílias apoiadas naquele dia. Pois mudam consoante as necessidades e dias. “Estamos muito satisfeitos com o trabalho que realizamos. Não podemos dar muito mas aquilo que damos, mas já dá para as pessoas se orientarem”, refere Maria João Viegas. Para recorrerem a esta ajuda as famílias deverão entregar uma declaração com os rendimentos e os familiares que vivem na habitação. Segundo a responsável da casa, os pedidos são cada vez mais, existindo mesmo listas de espera. Em Santiago, ajudam 28 famílias. “Antes de começarmos ninguém fazia este trabalho e a Teresa Mayer pensou em entregar os bens à Câmara. Pois habitualmente é ali que as famílias recorrem quando têm dificuldades. Porém a organização foi alterada e os alimentos são distribuídos em dias instituições do concelho a ABAS e a PES (Ponto de encontro social) ”. “Damos prioridade a quem tem crianças em casa”. Temos situações em que o agregado familiar chega às sete pessoas.”. A pobreza é um dos males do mundo e leva a que as pessoas se escondam sob a capa da vergonha. Mais um dia se passa e mais uma distribuição é feita, alegram-se caras e enchem-se estômagos. Dias complicados que se tornam mais leves… A Santa casa da Misericórdia de Sesimbra conta com cinco séculos de história no apoio aos mais carenciados. Uma casa que tem mantido ainda a porta aberta de forma a dar um prato de comida a quem se diz ter “fome”. Uma situação que segundo Manuel Adelino tem vindo a aumentar no concelho. “Em Sesimbra só tem fome quem quer!”, foi desta forma que o presidente da Santa Casa da Misericórdia de Sesimbra, Manuel Adelino, começou a entrevista que nos concedeu. “ Pois

805 milhões de pessoas muitos dias só conseguem fazer uma refeição quente. O Concelho de Sesimbra, como reflexo do país, não foge à regra, só que muita da pobreza ainda está encoberta pelo véu da vergonha. Durante todo o ano, várias associações trabalham e partilham o seu tempo, para amenizar o dia-a-dia destas famílias. Fomos ouvir estas pessoas e sentir de perto as suas experiências e dores, querendo levar mais longe as suas vozes e os seus sentimentos. Falamos de fome sem rosto, neste especial, mas falamos essencialmente de pessoas, de vidas…

estamos disponíveis para dar almoço e jantar a quem venha pedir comida e nem precisa de dizer o motivo. Só quando a situação se começa a eternizar é que preenchemos uma pequena ficha com os dados da pessoa”. Apoiam entre 200 a 300 pessoas com cabazes mensais. Têm ainda uma cantina onde serevm almoços e um conjunto de equipas moveis que se deslocam, maioritariamente, na Vila e na freguesia do Castelo para levar alimentos a quem mais precisa. Segundo o responsável, as famílias mais carenciadas, com a crise, têm vindo a aumentar de forma assustadora, sendo indicadas e encaminhadas pela segurança social. Outro apoio que têm é o Banco Alimentar, onde vão buscar bens de primeira necessidade todas as semanas. O presidente explicou que, “no início quem recorria a nós eram toxicodependentes mas atualmente essa situação alterouse e são as pessoas entre os 45-65 anos que nos procuram maioritariamente. Pessoas, essas, que são novas para a reforma e consideradas, por alguns, velhas para o trabalho”. A Conferência Vicentina de Santiago faz um trabalho social meritório e apoia quem mais precisa no seu dia-a-dia. A pobreza é algo que se espelha de porta em porta e se dissemina na alma dos sesimbrenses. Foi fundada pelas mãos do padre Sílvio. O único apoio de que dispõem é da Igreja e dos paroquianos, que depositam alimentos nas caixas que estão na entrada ou dão esmolas durante a homilia. O Ice Bucket Challenge (em português, “desafio do balde de agua fria”), também chegou a Sesimbra e a conferência conseguiu assim alguns donativos. Também o Clube de Motares costuma ajudar com as festas que realizam, em que as entradas revertem para esta organização. Os vicentinos têm dois espaços, uma loja solidária onde vendem frigoríficos e peças de vestuário a baixo custo (coisas dadas) e um pequeno espaço, junto a Igreja Matriz, onde fazem a distribuição às famílias que lhes vão bater á porta. Foi ai onde encontramos Álvaro Bizarro, presidente, à qual as pessoas recorrem para encontrar conforto para as suas famílias. Agregados onde também existem crianças, para as quais os Vicentinos ajudam inclusive com fraldas. Muitas das pessoas que ali se deslocaram são na sua maioria mulheres, pelo menos elas conseguem realizar este ato em plena luz do dia. O presidente recorda o caso de uma vez terem de abrir o espaço às 23 horas por causa de um pai que queria alimentos para os seus filhos.

Já Ana (nome fictício) contou que: “estou desempregada e o marido reformado mas com o dinheiro da pensão não consigo pagar as contas e alimentar os filhos, por isso já me cortaram a luz inúmeras vezes”. Recorre ao banco alimentar para as crianças poderem comer. Para além dos alimentos, vales ainda realizam os “sonhos” daqueles que já pouco pedem. Recentemente ofereceram uma cadeira de rodas e o próximo é arranjarem uma casa para uma pessoa que sofreu um AVC e ficou paralisada. “Uma casa mais próxima do centro da Vila para poder fazer a sua vida com alguma dignidade.”, salientou o responsável. Quem precisar de ajuda pode utilizar uma caixa de correio que se encontra na rua e não expõem a sua identidade, apenas tem que anexar ao pedido um número de telefone ou morada. Atualmente são trinta as famílias que são ajudadas por esta instituição. Saem todos os dias para fazer a distribuição, Tempo dado em forma de voluntariado e no combate ao flagelo da pobreza, levam sorrisos e alimentos. O Grupo “Apoio Fraterno da Paróquia do Castelo de Sesimbra” é uma IPSS ligada à Paróquia do Castelo, que depende diretamente da Diocese de Setúbal e indiretamente do Centro Regional de Segurança Social. No Castelo, o grupo “Apoio Fraterno da Paróquia do Castelo de Sesimbra” apoia 114 famílias num total de 295 pessoas. Estas famílias para receberem o apoio são sinalizadas pela assistente social. Para além do apoio alimentar ainda oferecem: roupa, brinquedos, móveis, electrodomésticos e por vezes alguns medicamentos. “Aceitamos todo o tipo de doações, desde que estejam em condições de serem utilizadas por outras famílias”, é desta forma que André Brazinha fala sobre os apoios que têm para levarem a bom termo a sua missão. Com o aumento dos casos as instituições muitas vezes não tem capacidade para responder prontamente. “O perfil das pessoas que nos procuram, também esse mudou nestes últimos anos: antigamente procuravam-nos sobretudo os idosos com pensões muito baixas e com problemas de saúde crónicos ou os desempregados de longa duração, hoje temos famílias em que ambos estão desempregados, com filhos. Pessoas que outrora teriam uma vida equilibrada e que de repente se vêm no desemprego”, este é o perfil dos “novos-pobres” que recorrem ao apoio do centro paroquial do Castelo. As pessoas são sinalizadas entregando uma declaração da segurança social em como a assistente social conhece a

carência económica na família em causa. O grupo Amor fraterno tem pessoas voluntárias que doam o seu tempo, atrevendo-me a dizer, “hoje eles amanhã nós nunca sabemos o futuro”… O Centro comunitário da Quinta do Conde foi oficialmente constituído a 17 de novembro de 1987. A mais jovem e maior freguesia do concelho conta com apoio desta instituição para alimentar quem tem fome. Na freguesia da Quinta do Conde, a maior do concelho, o Centro Comunitário da Quinta do Conde tem uma cantina social para quem precisa. Esta fornece cerca de 65 refeições, diariamente, para consumo no domicílio. Todos estes casos são sinalizados pela segurança social. A instituição conta ainda com o apoio do FEAC (Fundo Europeu de Auxilio a Carenciados), um programa comunitário de apoio alimentarão qual se candidatou, tendo usufruído deste apoio em 2014 para cerca de 202 pessoas. “Este é um projecto que conta com o apoio da autarqia para aquisição de produtos frescos através da disponibilização de vales mensais no valor de 5,00 euros. Sendo o valor atribuído calculado de acordo com o número de elementos do agregado”, como explicou Sónia Silva responsável pelo projeto. Contabilizando a cantina e os vales mensais, o centro apoia cerca de 110 pessoas, que por inerências, a vida arrastou para um estado de pobreza, muitas vezes de forma envergonhada e dorida, mas a fome fala mais alto e recorrem aos apoios, pedindo em silêncio e na sombra da vida. O Grupo Sócio Caritativo “Encontra a Esperança” tem em mãos a missão de fazer chegar alimentos dados pelo Banco Alimentar e confeciona refeições junto da igreja da Boa Água. Este grupo não tem apoios de qualquer género, apenas um único recurso, mas que os ajuda a ajudar. O grupo Sócio Caritativo “Encontra a Esperança” distribui cabazes à 4ª feira, na Igreja Nª Srª da Esperança, com alimentos que vão buscar ao Banco Alimentar. São apoiadas por esta modalidade 103 famílias. Também entregam, todas as noites, comida (confeccionada na Igreja da Nª Srª da Boa Água a 17 famílias. Mas estas pessoas não podem usufruir dos dois apoios prestados. No decorrer da existência da instituição que já conta com cinco anos já passaram pelo auxilio desta casa 514 pessoas. Falámos com a voluntária Genoveva Purificação sobre o aumento do número de pedidos desde que em 2008 estourou a crise económica a nível mundial. “Não podemos afirmar que o número tem vindo a aumentar, pois entram uns e saem outros, sempre que as condições das famílias melhoram saem do apoio e desta forma outros vêm e integram o apoio”. Os principais patrocinadores são o Pingo Doce, bem como algumas churrasqueiras, mas com a crise essas já não confeccionam tanta comida e numa das entregas só tinham um balde de sopa e uma caixa de bolos. “Infelizmente, temos assistido aqui na Quinta do Conde a pessoas que procuraram comida nos contentores do lixo, sempre que temos conhecimento desses casos vamos ao encontro delas e caso queiram ajuda fazemos o devido encaminhamento”. Esta é uma das muitas respostas que o concelho de Sesimbra tem para as famílias empobrecidas, uma entre muitas mas que no fundo se transformam em poucas, dado as dificuldades e o aumento da pobreza. Andreia Rodrigues e Fátima Rodrigues


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a esperança A Autarquia está preocupada com o aumento da pobreza e das carências das famílias do concelho. Felícia Costa falou ao Sesimbrense das medidas que estão a ser desenvolvidas tais como os apoios e o trabalho em rede. Qual o índice de pobreza do concelho de Sesimbra? Não existe indicador que quantifique diretamente os índices de pobreza de um município, mas há um conjunto de informação que nos permite posicionar o concelho de Sesimbra a nível nacional e regional. Refiro-me, essencialmente, a dados disponibilizados regularmente pelo Instituto Nacional de Estatística e aos Censos. Estes números tocam várias áreas, desde o poder de compra ao ganho médio mensal, passando pelas taxas de desemprego, contudo, a sua leitura só pode ser feita em conjunto e devidamente enquadrada. Não pondo em causa o rigor destes números, a avaliação da realidade do município, no que respeita à pobreza, é baseada, sobretudo, na experiência direta. Refiro-me a atendimentos, casos sinalizados ou contactos de uma rede de parceiros de que fazem parte várias instituições de solidariedade social, por exemplo. Desta forma temos uma perceção muito próxima da realidade e, a partir daí, conseguimos fomentar um conjunto de programas e ações que respondem às reais necessidades dos munícipes. Em termos concretos, é notório que o concelho de Sesimbra tem registado um aumento de famílias onde se verificam casos de desemprego, que até aqui tinham uma vida normal e de repente se veem obrigadas a recorrer aos apoios existentes, o que confirma um aumento claro de casos de pobreza. Quais os apoios que são concedidos às famílias atualmente? O aumento do número de munícipes em dificuldade tem, nos últimos anos, obrigado a Câmara Municipal a reforçar muitos dos programas e ações existentes e a dinamizar novos projetos de apoio, para dar resposta a casos de emergência social que se multiplicam, substituindo muitas vezes a administração central. Alimentação, educação, habitação e saúde constituem a nossas principais áreas de intervenção. Os apoios alimentares, p o r serem o s mais u r gentes e dirigid o s

às famílias em maiores dificuldades, em grande parte das vezes com crianças a seu cargo, são aqueles que assumem a maior importância. Neste caso a Autarquia implementou um sistema de Vales Alimentares, entregues mensalmente a instituições do concelho que, por sua vez, os distribuem a famílias identificadas tendo em conta o número de elementos de cada uma. Estes vales podem ser trocados por alimentos no comércio local que se associou ao projeto. Atualmente é disponibilizada uma verba de cerca de 5 mil euros por mês para assegurar este programa. Para além disso, nos períodos de pausas letivas, a Câmara procede à distribuição de cabazes alimentares a agregados que possuem crianças a frequentar o 1º ciclo e que, simultaneamente, já sejam nossos utentes do projeto de apoio alimentar. No plano educativo, destacam-se os apoios ao nível de transportes, alimentação, frequência de ATL e recolha de manuais escolares usados, através do projeto Roda Livros que todos os anos permite a distribuição de livros escolares a famílias que de outra forma não os poderiam adquirir. Estas ações são decisivas para a permanência de muitas crianças e jovens na escola. Em termos de habitação, salienta-se a construção de habitação social nas três freguesias do concelho que permite alojar atualmente cerca de 300 famílias com maiores dificuldades financeiras. No que respeita aos tarifários de água, águas residuais e resíduos sólidos urbanos, continuamos a manter a componente social para famílias com menos recursos, que podem solicitar a aplicação da tarifa social. Também na saúde, temos um projeto designado Farmácia Solidária, em parceria com o Centro de Saúde e algumas farmácias, em que os doentes são identificados pelo Serviço Social do centro e são canalizados para a nossa ação social, que assume o pagamento dos medicamentos, havendo, no entanto, um teto máximo de comparticipação anual por munícipe. Na área do emprego, a Câmara tem em funcionamento dois Gabinetes de Inserção Profissional (GIP) em parceria com o IEFP: um em Sesimbra e outro na Quinta do Conde. Presta assim apoio aos desempregados do concelho. Ainda no Âmbito do apoio à população carenciada, a Câmara dinamizou a implementação de dois Espaços Solidários, um a funcionar junto do Mercado Municipal da Quinta do Conde e outro no empreendimento de habitação social na Almoinha. Nestes locais são recebidos bens doados, que vão do vestuário, calçado e roupa de casa, até ao mobiliário e eletrodomésticos. Depois de devidamente triados, estes artigos são distribuídos pelas cerca de 610 famílias que, atualmente, são nossas utentes regulares. Por último, mas não menos importante, temos o atendimento de Ação Social aos munícipes, que não sendo uma competência da autarquia, tem vindo a aumentar exponencialmente nos últimos dois anos. Nestes aten-

Espaço Solidário da Quinta do Conde

dimentos, para além da realização de um diagnóstico social de caso é garantido o encaminhamento e acompanhamento do percurso do utente a partir desse momento.

sidade de se agir de imediato, a autarquia acaba por substituir a administração central tendo, naturalmente, que recorrer a orçamento próprio para o efeito.

De que forma trabalha a autarquia com as associações que prestam apoio as famílias sinalizadas? A maioria do trabalho que desenvolvemos, em termos de apoio social, é feito em parceria com instituições de solidariedade social, mas também com voluntários e juntas de freguesia. O projeto de vales alimentares, que já referi, é um exemplo. São entidades e particulares que estão diariamente em contacto com a população e conhecem como ninguém o contexto social do concelho. Por esse motivo faz todo o sentido que tenhamos projetos em comum. Os apoios prestados às IPSS, passam pela comparticipação dos seus projetos, na cedência de terrenos para construção de equipamentos destinados à infância e terceira idade, apoio logístico e mesmo financeiro, como no caso da Santa Casa da Misericórdia, a quem a Câmara Municipal cede mensalmente 1500 euros destinados a apoio alimentar. Para além do trabalho das organizações, há um conjunto de projetos em curso, garantidos por voluntários que assumem um papel fundamental. Dou o exemplo de Teresa Mayer, munícipe desde sempre ligada ao associativismo local e às causas sociais, que atualmente garante a distribuição de alimentos a centenas de famílias. Em algumas situações verifica-se a cedência de instalações a entidades que trabalham na área do apoio às famílias, como é o caso do ABAS ou dos Vicentinos. Mas não podemos falar de parcerias no município sem falar da Rede Social, uma estrutura presidida pela Câmara Municipal que congrega todas as entidades locais, públicas ou privadas, relacionadas com estas temáticas, e cujo objetivo primordial é permitir que haja sempre uma resposta, seja pública, privada ou em parceria, para os muitos casos dramáticos com que diariamente nos deparamos.

As famílias estão informadas dos apoios existentes? A autarquia divulga, regularmente, na revista Sesimbra Município, informação sobre os projetos de apoio na área social. Para além disso, o site oficial do município disponibiliza essa mesma informação complementada por legislação e documentação de apoio sobre vários assuntos relacionados. Muitas das ações têm materiais de divulgação próprios distribuídos por todo o concelho, com particular incidência nas instalações de entidades que desenvolvem trabalho nesta área. A informação essencial sobre apoios sociais é também transmitida nos atendimentos do Serviço de Ação Social da Câmara Municipal. Com uma divulgação generalizada na revista e site, divulgação específica junto do público-alvo e informação nos serviços.

Em caso de situação de emergência qual o plano existente no terreno? Quando é detetada uma situação de emergência social, a Câmara Municipal ativa de imediato a rede de parceiros locais, nomeadamente a Segurança Social. Paralelamente desenvolve todos os esforços para minimizar a situação, dentro das suas competências e dos meios que tem à disposição. Muitas vezes, dada a gravidade dos casos, e a neces-

Como sente a autarquia os problemas sociais do concelho? Sente-os como problemas seus. Partimos do princípio de que a função principal do Poder Local Democrático é estar ao serviço da população, criando condições para o seu bem-estar. Quando nos deparamos com famílias que, há dois ou três anos tinham uma vida normal e de um momento para outro são obrigadas a procurar apoio para poder sobreviver com alguma dignidade percebemos que é necessário redefinir prioridades e apostar forte no apoio social. Nos últimos anos estas situações têm-se multiplicado, fruto de um conjunto de medidas que foram sendo tomadas pelo Governo sem qualquer consideração pelo indivíduo. As autarquias locais, pela proximidade que têm dos cidadãos, apercebem-se dos resultados práticos dessas medidas, e mesmo com restrições financeiras duríssimas, encontram formas de dar resposta aos casos dramáticos que lhe vão surgindo. Na Câmara Municipal de Sesimbra temos convivido regularmente com os verdadeiros efeitos da crise, e temos tentado, por todos os meios apoiar todos os que nos procuram. No entanto, este trabalho só tem sido possível com a colaboração incansável de vários parceiros, públicos e privados, individuais e coletivos, que não procuram qualquer tipo de visibilidade ou recompensa. Têm apenas como objetivo: ajudar o próximo. A todos eles o município de Sesimbra deve um grande agradecimento. Fátima Rodrigues


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POLÍTICA

29 anos ao serviço da população

Quinta de conde apagou as velas

A Quinta do Conde celebrou no dia 9 de outubro a sua elevação a freguesia.Foi de casa cheia que apagaram as velas aquela que é a maior freguesia do concelho de Sesimbra: Vítor Antunes falou ao sesimbrense sobre os 29 anos desta localidade. Como se sente ao celebrar o 29º aniversário da Quinta do Conde? Celebrar 29 anos de existência da freguesia constitui um bom pretexto para ponderação. Em menos de três décadas a Quinta do Conde cresceu exponencialmente. Em número de habitantes, facilmente medidos pelos

números do recenseamento eleitoral, mas também em infraestruturas e equipamentos. O crescimento demográfico aconteceu porque a localidade atraiu pessoas e para as atrair, teve de reunir condições, ou pelo menos, a expetativa de as ter. Consequentemente, o presidente da Junta tem motivos para sorrir porque esta terra tem dinâmica própria, iniciativa e futuro; mas também disponibilidade para lutar pelo reconhecimento da nossa terra junto das instâncias governamentais. Aponto o exemplo da participação da Quinta do Conde no Fundo de Financiamento das Freguesias em que, em média recebe cerca de vinte euros ano por eleitor e na prática recebe

menos de cinco! Se houvesse equidade, estaríamos em condições de colaborar na construção de um pavilhão multiusos, ou mesmo de um centro cultural com auditório, equipamentos necessários. De que forma vê a Quinta do Conde hoje? Uma Freguesia cuja sede tem cerca de 30 mil habitantes, localizada no centro da Península de Setúbal, adicionando à centralidade boas acessibilidades. É hoje o principal pólo da região. Uma terra que ultrapassou com êxito o estigma do “clandestino” e tem uma qualidade de vida relativamente agradável. Foram distinguidas inúmeras pessoas e forças vivas, esta é uma forma de reconhecer o seu trabalho? Após havermos criado o Regulamento de Condecorações e corporizadas as primeiras distinções em 2013, juntámos em 2014, entre pessoas e entidades, mais oito ao rol dos que por mérito próprio justificam o reconhecimento público. Por considerarmos insubstituível o papel do movimento associativo galardoámos três associações. O Grupo Desportivo e Cultural do Casal do Sapo, o Agrupamento 718 da Quinta do Conde, do Corpo Nacional de Escutas e a União Desportiva e Recreativa da Quinta do Conde. Personalizámos a perseverança em Manuel Alves, praticante desportivo de tiro aos pratos. Exaltámos a memória coletiva homenageando João Ferreira e, parcialmente António Narciso. Parcialmente porque este partilha com o restaurante Manjar do Norte a gratidão que devemos aos designados “pequenos empresários”. Através da condecoração de Isabel Neves pretendemos homenagear os funcionários públicos que na generalidade são trabalhadores empenhados. Aproveitámos a ocasião para saudar algumas dezenas de campeões desportivos. E também o percurso meteórico do escultor Hugo Maciel. O que deseja para o futuro da Freguesia? Pugnamos pela construção da Escola Secundária e lamentamos os ataques à escola pública. Apoiamos a construção do Lar de Idosos do Centro Comunitário e denunciamos o desvio de verbas da Segurança Social para financiar patrões. Defendemos o Serviço Nacional de Saúde. A propósito, não lembra ao diabo acenar com os mesmos dois médicos a vários municípios do distrito, para que entre estes se dispute quem oferece os melhores apoios logísticos, competências que são claramente do Governo. No que concerne à justiça, o colapso do Cítius, desviou as atenções e adiou a perceção da gravidade e dos inconvenientes que o novo mapa judicial nos acrescenta, particularmente a nós, sesimbrenses, como oportunamente denunciámos. Quanto às forças de segurança, estamos atentos ao número de efetivos na Quinta do Conde e consideramos que é objetivamente necessária a edificação de um quartel que albergue condignamente a respetiva força.


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“Somos uma freguesia atenta” Mulher, mãe e autarca

Ana Cruz, Presidente da Junta da Freguesia de Santiago falou ao Sesimbrense do seu dia-a-dia autárquico das suas preocupações e desafios. A freguesia foi oficialmente criada a 8 de Abril de 1536, Hoje tem um olhar sobre o futuro que passa pelo desenvolvimento e pela identidade da sua população.

Qual o balanço faz deste ano de mandato? É positivo atendendo a todas as condicionantes que temos atualmente, quer a nível das contratações públicas, da redução de pessoal e da redução do fundo de financiamento da nossa freguesia consequência da redução de residentes votantes. Os projetos e dada a conjuntura económica continuam a ser implementados? Existe uma enorme dificuldade de manter os projetos em funcionamento e dou-lhe um exemplo, no meu primeiro mandato fizemos as festas de Santiago com um orçamento de sete mil euros e este ano o roçamento foi de cerca de 2000 euros e isso reflete-se no que conseguimos fazer. Felizmente a proximidade com o movi-

mento associativo é grande e conseguimos desenvolver um conjunto de atividades para a população que de alguma forma vieram colmatar este decréscimo orçamental. A nível social que respostas existem na freguesia? Nós temos uma resposta que é o Centro de Convívio da Fonte Nova que é uma descentralização de competências por parte da câmara do qual fazemos a gestão e onde temos aproximadamente 60 idosos, aos quais se proporciona um conjunto de atividades e fornecemos o lanche, sem qualquer tipo de custos para o utente. O Ano passado para além da gerontomotricidade que mantemos duas vezes por semana, fizemos também uma aposta da terapia do riso. Estamos neste momento a avaliar o sucesso do projeto ou para dar continuidade ou optarmos por uma nova dinâmica e experiência. Tem sentido um aumento das carências nas famílias? Sim temos sentido uma maior procura, como nós não podemos apoiar esses agregados temos uma parceria com A Conferência Vicentina e tentamos auxiliar para que desenvolvam o seu trabalho. Emprestamos a carrinha e por vezes ajudamos na identificação dos casos ou para desbloquear situações. No caso da habitação social tentamos de alguma forma junto da autarquia aligeirar os processos e responder da forma mais célere possível. No centro também temos tido uma procura, por pessoas que não tem condições de ter os pais em espaços pagos. Também algumas pessoas viúvas que nos procuram para combaterem a solidão. E outros casos como uma senhora de 40 anos a quem garantiimos o lanche. Neste momento e em parceria com a câmara e o CLAS tentamos cruzar dados de forma a rentabilizar os apoios. Porque por vezes a ajuda era duplicada para umas pessoas, o que levava a que outras não conseguissem apoio apesar de carências graves. O envelhecimento da população aumentou, isso preocupa-a? A nível de residentes sim, a nível de frequentadores não. Isto é os nossos residentes são na sua maioria idosos porque a maioria dos jovens tiveram que se deslocar para fora da vila devido ao preço das habitações. Porém esses jovens são frequentadores diários ou porque trabalham aqui ou têm aqui as suas famílias. Exemplo disso é

a nossa escola, que é a única do concelho do primeiro ciclo com horários desdobrados, encontrando-se superlotada. Considera Santiago uma freguesia segura? Esta é uma freguesia que quando acontece qualquer coisa é capa de jornal e passa de boca em boca rapidamente. Não existem ocorrências graves, apenas pontuais em épocas típicas. Aqui as pessoas andam tranquilas nas ruas. A recolha de lixo é um problema no concelho e aqui na freguesia? Eu acredito que é um problema que está a afetar todos os concelhos dada a redução dos dois por cento impostos pelo Poder Central dos trabalhadores, todos os serviços são afetados, dada a dificuldade da contratação de pessoal. As contratações sazonais são impossíveis, as pessoas com contratos de três anos tiveram de ser dispensadas e isso reflete-se a todos os níveis de limpeza e não só. Os parquímetros continuam a ser uma queixa ? As queixas que têm chegado são de alguns residentes que lamentam a falta de civismo de não residentes que vem e que ocupam os seus espaços obrigando-os a estacionar longe de casa ou em zonas pagas. Porque durante a época balnear não me parece ser uma complicação a pessoa pagar 1,5 euros de estacionamento por um dia completo. Esta é uma freguesia que aposta nos jovens? Apostamos sempre nos jovens e estamos em permanente articulação com o movimento associativo, fomos até há bem pouco tempo a vila que albergava o maior número de escolas de samba, e clubes que envolvem os jovens a nível cultural e desportivo. São uma freguesia saudável a nível financeiro? Sim somos uma freguesia sem dívidas, nós só nos metemos no que conseguimos pagar. Respiramos um dia de cada vez porque em primeiro lugar estão os compromissos com o nosso pessoal. É fácil ser mãe, mulher e autarca? Sou mãe de três filhas. Não é fácil mas com vontade e gosto pelo que se faz e com as grandes irmãs e irmãos é mais simples, sou eu que dou a cara mas temos uma grande equipa por trás. F.R


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SOCIEDADE

Descobriu a sua vocação aos 15 anos de idade

Fábio Sousa foi o sesimbrense no The Voice Sesimbrenses pelo Mundo Nome: Ana da Cruz Lippens Idade: 38 anos Local: Barcelona, Espanha A fazer o quê? Editora de Livros de Leitura Fácil indicados para pessoas com dislexia, TDHA, deficiência intelectual, certos tipos de autismo, afasia, doentes com Alzheimer ou Parkinson, leitores reticentes e estrangeiros que estão a aprender português como segunda língua. Há quanto tempo? 14 anos

Qual o principal motivo que te levou a partir? Quando acabei a licenciatura vim para Barcelona para estudar um mestrado em Gestão de Museus e, por casualidades da vida, comecei a trabalhar para a editora Planeta. Como surgiu a oportunidade de criares a tua própria empresa? Em 2012, fiz outro mestrado em Edição e conheci os livros de Leitura Fácil através de uma colega. Investiguei e descobri que havia editoras especializadas neste tipo de livros, em quase todos os países europeus, mas que não havia nada parecido em Portugal. Pensei que podia pôr o meu grãozinho de areia para que a sociedade portuguesa seja mais inclusiva. Em que consiste o projeto? Publicar versões fáceis de ler, para que as pessoas com dificuldades de leitura ou níveis baixos de literacia possam aceder aos mesmos livros que o resto da sociedade. O nosso objetivo como editora é assegurar uma oportunidade real de leitura para todos e relembrar que a leitura também é um direito. Qual a recetividade do mer-

cado português? Acabamos de começar, mas as críticas de leitores e especialistas têm sido muito boas. Ouvir um jovem com deficiência moderada dizer que se sente orgulhoso por finalmente ter podido ler um livro, emociona e dá-nos força para continuar.

Fábio Fonseca é um Sesimbrense com carisma de vencedor, participou no The Voice Portugal e encantou o país com a sua voz. Gostaria de receber convites para cantar em Sesimbra, mas estes ainda não surgiram. Para o futuro quer a gravação dos seus trabalhos, mas por agora quer desenvolver calmamente a sua carreira. Como surgiu a ideia de participar num programa de televisão? Surgiu quando vi o anúncio na TV, pensei para comigo porque não participar vale pela experiência... E também porque acho que é uma montra ou rampa lançamento como queiram chamar, que poderia abrir algumas portas...como veio a acontecer... Fábio desde que idade começou a cantar? Comecei a cantar por brincadeira por volta dos 15 anos com amigos. Aos 17/18 anos fui animador de Karaoke mas não me satisfazia e tentei arranjar banda que só veio a acontecer muito mais tarde com 24anos. Desde quando sentiu em si a vontade de seguir duma carreira artística? Quando comecei a levar a música mais a sério por volta de 2001 quando entrei para uma banda de metal, que viria a sair da mesma e voltar a entrar em 2005 e gravar álbum… Depois passei por tocar em bares com um projeto de Blues e desde então que não mais parei...

http://www.lusoreads.com/

A LusoReads já “abriu as portas” a leitores do concelho? A nível particular sim, com a venda de alguns exemplares. A nível institucional ainda não tivemos a oportunidade de apresentar o projeto. Na tua opinião o que falta ao nosso país em termos de empreendedorismo? Quais as principais diferenças entre os dois países? O empreendedorismo é uma aventura em qualquer parte do mundo. Quais os teus objetivos para o futuro, tendo em consideração a continuidade, ou não, deste projeto? A LusoReads nasceu para ficar por muitos anos. Já estamos a preparar os próximos

títulos a serem publicados. Pensas em voltar? Em que circunstâncias? Neste momento, não. Em Barcelona construí uma família. Em termos afetivos. Excetuando a família, claro, de que sentes mais saudades? Sinto falta do mar a bater no muro da praia no Inverno. O Mediterrâneo é muito insosso. Onde levas quem te vai visitar aí? Barcelona é muito turística, mas ainda há alguns cantinhos desconhecidos onde levo os amigos. Por exemplo, a vista da cidade dos Jardins Joan Maragall em Montjüic. Quando regressas a Sesimbra, o que te apetece logo fazer? Rever a família e os amigos.

Depois de participar no The Voice Portugal a sua carreira progrediu? Não diria que tivesse progredido substancialmente mas abriu algumas portas, poderá se dizer. Tive oportunidade de partilhar o palco com os Amor Electro que como fã do trabalho deles foi brutal, e de futuro poder trabalhar com a Marisa e o Tiago bem como o resto dos elementos de Amor Electro, achei fantástico. Só

o tempo dirá se irá abrir mais portas...l Quais os projetos futuros? A gravação do meu trabalho para o qual estou a trabalhar com muita calma. Há algumas propostas mas vou ver com quais me identifico... vamos ver... Para quando um espetáculo aqui em Sesimbra? Eu e meu “manolas” David (piçarra) Fonseca demos um espetáculo acústico num bar em Sesimbra há alguns meses... Adorava mas não depende de mim. Eu Adorava dar um espectáculo em Sesimbra porque não! Quando me convidarem estou disponível. Qual é o seu estilo musical? Apesar de ter um registo vocal rouco ou de Rock,claro que passa pelo Rock. Mas não deixo de gostar e identificar-me com o blues o soul;metal ... Acredito que o trabalho que gostaria de apresentar seria uma mescla de tudo o que me identifico musicalmente... Com quem gostarias um dia de subir ao palco? Já concretizei com algumas pessoas, mas a que eu gostaria era o Sr.Chris Cornell... Com quem não fazias questão de cantar? Não sei sinceramente acho que subiria com todas as pessoas que quisessem partilhar o palco. Se fosse para eu enriquecer musicalmente subiria. Acho que a musica aproxima todos os estilos sejam eles quais forem...


O SESIMBRENSE | 1 DE NOVEMBRO DE 2014

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Exposição de Fernando Rocha

CULTURA

Artes e ofícios

LEITURA DO MÊS

De 14 a 25 de Outubro quem entra-se na Biblioteca Municipal iria deparar-se com um conjunto de quadros da autoria do sesimbrense, Fernando Rocha. Esta não é a primeira exposição do autor. A pintura iniciou-se muito cedo na sua vida. Com treze anos já era aprendiz de desenhador na Escola Museu da Fundação Ricardo Espírito Santo, uma das mais importantes do país e onde muitas vezes fazia as pinturas para que os colegas mostrassem na

Sob o signo do oito, a Associação Cultural Círculo António Telmo promoveu, no passado Sábado 18 de Outubro, a apresentação conjunta do livro do filósofo Pedro Sinde, “Sete Sábios Portugueses”, recentemente publicado pela editora Tartaruga, e o décimo quarto número da revista de cultura para o século XXI: NOVA ÁGUIA. Proposta pelo jornal O Sesimbrense como leitura do mês, a revista NOVA ÁGUIA, fundada no ano de 2008, é um projecto editorial que tem como referência uma das mais importantes revistas portuguesas no início do século XX, “A Águia”,

televisão. Ao mesmo tempo fez o curso de desenho na escola António Arroio. Sesimbra e os seus marcos culturais são um dos principais motivos presentes nas suas obras como podemos ver no desenho da Fortaleza de Santiago ou da pintura da Mãe de Água. Nas suas obras podemos ver desenhos feitos a aguarela, biombos com motivos orientais (a pintura com tinta de ouro que se podia ver na andorinha é algo que desenvolveu na sua

carreira onde aprendeu restauro e douragem a ouro fino), escamas de peixe que passam quase despercebidas como pétalas de uma bela flor ou uma piroga india escavada na madeira. Nem os mais distraídos conseguiram deixar de reparar no quadro da piranha que brindava com um sorriso aqueles que desciam as escadas vindos da sala de leitura. Os artigos em exposição estavam espalhados ao longo do átrio e poderiam ser licitados posteriormente.

elevada em Dezembro de 1910 como órgão de apoio a um vasto movimento social e cultural, e na qual colaboraram algumas das mais relevantes figuras da nossa Cultura, como Teixeira de Pascoaes, Jaime Cortesão, Raul Proença, Leonardo Coimbra, António Sérgio, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva. No seu primeiro Editorial, a NOVA ÁGUIA afirma que “ pretende recriar no presente o espírito da revista A Águia, órgão do movimento da Renascença Portuguesa, enquanto aglutinador de algumas das mais notáveis figuras da nossa cultura e impulsionador de um fecundo debate de ideias de que resultaram, pela própria divergência, alguns dos mais importantes movimentos culturais do século XX em Portugal, como os que se expressaram nas revistas Orpheu e Seara Nova. A NOVA ÁGUIA pretende continuar e recriar, adaptado à contemporaneidade, o melhor desses e de outros movimentos, contribuindo para uma transformação profunda das mentalidades

e das vidas”. Tal como n’A Águia, figuras relevantes da nossa Cultura são chamadas a pensar, reflectir e a expor sobre determinados temas, sendo que, neste número 14, a par das intervenções no II Congresso da Cidadania Lusófona, realizado em Abril na Sociedade de Geografia de Lisboa e coordenado pelo MIL: Movimento Internacional Lusófono, se presta culto aos 8 séculos da Língua Portuguesa e aos 80 anos da publicação da Mensagem. Reunidos em torno daquele que foi o único livro publicado em vida por Fernando Pessoa e que, porventura, será o seu testamento espiritual, um vasto conjunto de pensadores trazem-nos as suas diferentes apreciações e registos em torno da literatura, da cultura e do pensamento. Discorrendo livremente e numa pluralidade de asserções que faz lembrar as cinco partes do Mundo, autores como Abel de Lacerda Botelho, António Cândido Franco e Carlos Aurélio, só para citar as três primeiras entradas, defendem com estilo e elegância as sua damas, quero dizer, os seus pontos de interesse e pesquisas, as suas interrogações e afeições. Abel Lacerda com Camões e o Sebastianismo, Cândido Franco com o Surrealismo e seu estimado poeta Cesariny, Carlos Aurélio com o escol dos

Arrábida Fotografia Foi inaugurada a 3 de Outubro, na Fortaleza de Santiago em Sesimbra, a exposição de José Carlos Trindade Arrábida Fotografia de Paisagem. Um certame onde o arquiteto expõe a sua paixão pela arte de captar através da lente da sua máquina, a beleza do património ambiental de Sesimbra. Percorrendo as salas onde está patente a exposição sentimos a mística junção entre a carga histórica da fortaleza e a forte e rude beleza da Arrábida. Em tons fortes em predomina o verde sentimos ao passar o olhar em cada fotografia a força da natureza captada por este homem que constrói sonhos e capta a essência de uma paisagem aguçada pela beleza do mar e

a robusta forma dos rochedos, bem como edifícios que outrora contavam estórias e lendas de missionários, mouros e cristãos peregrinos da fé. José Carlos Trindade é filho de fotógrafo tende na alma a capacidade de captar o belo através da sua lente. Nasceu em Lisboa em 1954 é Diplomado pela Escola Superior de Educação e pela Arte do Conservatório Nacional de Lisboa. Foi professor de expressão plástica na referida Escola Superior e é licenciado em Arquitetura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Arquiteto com obra realizada, considera-se desde sempre um artista plástico.

Lusitanos, Vasco da Gama e outros iniciados na ilha do amor, é a epopeia passada dos Lusíadas projetando-se no futuro. Mas não se fique com a ideia que o assunto se esgota nestas páginas. Estamos em presença de uma revista densamente paginada, a duas colunas e num formato que mais se parece com o de um livro. Muitas são as referências, as citações bibliográficas e as sugestões de novas leituras. A NOVA ÁGUIA apresenta ainda as Evocações e outros Voos, duas rubricas habituais da revista, sedo que na primeira traz-nos à memória os esforçados patriotas, os combatentes da língua, da cultura pátria e do Ocidente, como Vasco Graça Moura, evocado por Renato Epifânio. A segunda rubrica, em Extravoo, apresenta-nos as reflexões de colaboradores assíduos sobre temas da atualidade e dos desafios que se colocam à sociedade contemporânea. Aqui poderemos acompanhar Adriano Moreira a meditar sobre a relação entre a Nação e o Estado nos “Desafios de Portugal: A Identidade Nacional”, ou partilhar com Rodrigo Sobral Cunha em “Lusotropia”, uma dedicatória a António Telmo. Mas há mais colaboradores assíduos e com rubricas de cunho mais pessoal. Podemos encontrar, neste número, Pinharanda Gomes no seu “Entrecampos”, reflectindo sobre

Culto, Cultura e Liturgia, e da sua influência na construção do pensamento português, ou Manuel J. Gandra no “Do Espírito dos Lugares”, dando-nos conta de uma remota e enevoada relação entre Templários e Albigenses por terras de Niza. E porque no mundo da lusofonia se publicam mais livros do que se poderia supor à primeira vista de uma estante em livraria estrangeira, também esta NOVA ÁGUIA nos propõe um Bibliáguio, um olhar vertical, com recensões de obras escritas e pensadas em Português, como seja o trabalho de Pedro Baptista: “O Pensamento Português em Macau”. A abrir, tal como a fechar e como já nos havia habituado a velhinha A Águia, a arte poética é exaltada em todo este volume, um “Poemáguio” que dissemina novas canções de poetas vivos e sofredores, entre outras de anciães autores mais conhecidas e agora transcritas. São Miguel, arcanjo de Portugal, guarde os nossos poetas e pensadores. Tenham boas e proveitosas leituras Roque Oliveira Nota: Se é dado a leituras online não deixe de visitar o Blogue desta revista em: http://novaaguia.blogspot.pt/


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14 Da Califórnia ao Ouro

HORÓSCOPO

Sesimbra a nadar

ram ao fim é de destacar a presença de um deficiente motor que concorreu pelo Clube de Algés. Esta é uma prova onde o emocional joga muito, já que os atletas tiveram que fazer uma milha a nadar. Vasco Gaspar, da Sociedade Filarmónica União Artística Piedense, voltou a repetir o êxito

do ano anterior, ao nadar os 1500 metros entre as Praias da Califórnia e Ouro em 17 minutos e 8 segundos, superando o tempo do ano passado em 51 segundos. Sofia Coelho, do Clube Naval de Sesimbra ganhou o prémio para melhor atleta do concelho.

Na crista da Onda A Travessia da Baía em natação, que se realizou a 5 de Outubro é uma das mais prestigiadas provas de mar que se realizam em Portugal. Este ano contou com 386 participantes. A história desta competição iniciou-se a 15 de agosto de 1926 quando dois nadadores da vila, por sua iniciativa pessoal, fizeram uma prova de natação de longa distância, que seria pioneira daquela que passou a designarse como a Travessia da Baía de Sesimbra. Antes de a competição começar os nadadores realizaram os exercícios de aquecimento da “praxe”. A organização forneceu as tocas e no fim tinham chá quente, fruta e camisolas para se aquecerem. O início deuse por escalões, tendo

começado primeiro os populares. A prova tem contado com uma média de 300 nadadores (100 deles inscritos na federação portuguesa da modalidade. Esta é a segunda competição mais antiga do país e conta com um percurso com uma beleza singular. Os atletas tinham duas boias, uma em cada ponto da corrida a marcarem o percurso mas mesmo assim alguns desorientaram-se. 274 Nadadores conseguiram chegar à meta. Os canoístas, para além de semirrígidos da organização e dos bombeiros, seguiram os competidores ao longo de toda a prova. A arbitragem e classificações da competição estiveram a cargo da Associação de Natação de Lisboa. Dos atletas que chega-

O Concelho de Sesimbra recebeu nos dias 4 e 5 de outubro a 2ª etapa do Circuito Regional de Surf da Grande Lisboa 2014. Emoções ao rubro, talento e a consagração dos vencedores foram os principais ingredientes do espectáculo que o primeiro fim-de-semana deste mês reservou ao meio milhar de espectadores que se deslocou até a praia, mesmo com um cenário de céu nebulado. Estavam em competição 3 modalidades distintas, Surf, Bodyboard e Skimboard que reuniram 82 participantes. As categorias foram desde open feminino até sub-16. As categorias Sub-18, Sub16 e Sub-14 de Surf e contaram para a classificação do Circuito Re-

gional de Surf da Grande Lisboa. O check-in dos atletas começou às 8.30 da manha na Lagoa de Albufeira, a praia escolhida por ter apresentado as melhores condições climatéricas para a prática do Surf. A temperatura da água estava convidativa e o vento de noroeste proporcionou ondas de meio metro intercaladas com sets maiores. Nas contas do Circuito Hurricane/SCS, foi Nuno Carvalho, surfista que representa as cores do Surf Club de Sesimbra, que assegurou o título. O surfista de Carcavelos, Manuel Sampaio que competiu na categoria sub-16 venceu a etapa e o circuito. Nas meninas a vencedora foi uma surfista da casa, Ana Almeida.

Clube Escola de Ténis de Sesimbra

Comemorações do 15º Aniversário Realizou-se no pretérito sábado, dia 25 de Outubro, no restaurante D. Ricardo, em Alfarim, o Jantar e Cerimónia comemorativa do 15º Aniversário do Clube Escola de Ténis de Sesimbra. Cerca de seis dezenas de convivas, entre sócios, atletas e familiares participaram no festivo evento, no qual a autarquia se fez representar pela vicepresidente, Felícia Costa que, numa breve alocução, felicitou o clube por mais um aniversário, pela dinâmica em prol do movimento associativo, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos munícipes, promovendo também um estilo de vida activo e saudável em

Tiago Lopes

benefício dos cidadãos, nomeadamente das camadas mais jovens, sem esquecer contudo a faixa etária mais avançada. Ricardo Dias e João Narciso representaram respectivamente a Junta de Freguesia do Castelo e a Assembleia Municipal. A imprensa local, esteve presente através do Sr. Manuel Henriques, em representação do jornal “O Sesimbrense”. Este encontro de praticantes e adeptos da modalidade decorreu em puro ambiente de alegria e confraternização, havendo a registar mais um momento significativo para a história do clube, com a atribuição pela Câmara Municipal, do Medalhão

Mês de Todos os Santos 25% desc. em todas as imagens

da Vila de Sesimbra ao jogador do CETS Fábio Rocha, que se sagrou campeão absoluto do distrito de Setúbal na época de 2014. Durante os meses de Setembro e Outubro o CETS levou a efeito a organização de vários torneios, com destaque para o Campeonato Absoluto do Con-

celho de Sesimbra, cujas classificações abaixo registamos. As festividades culminaram com o tradicional cântico de parabéns àquela colectividade e respectivo apagar de velas e degustação do bolo, gentilmente oferecido pela pastelaria “O Caseiro”. João Pedro Aldeia


O SESIMBRENSE | 1 DE NOVEMBRO DE 2014

Bootcamp em Sesimbra Sesimbra aproveitou o mar e aliou-o à vida saudável num programa baseado no treino militar, o Bootcamp. Este projeto apresenta-se como um tipo de preparação física e mental, adaptado à população civil, com o objectivo de criar e desenvolver novos estímulos, contribuindo para o desenvolvimento de todas as potencialidades humanas e promover ao mesmo tempo o convívio, a amizade. O conceito tem vindo a crescer em popularidade pela Europa e pelo mundo. Chegou a Portugal em 2009, e foi a através da iniciativa dos irmãos Jorge e Renato Lourenço, militares no ativo, que o Bootcamp chegou a Sesimbra.

Estávamos precisamente em Outubro de 2013, quando Jorge e Renato aliciaram outros dois jovens, a participar no seu treino, realizado habitualmente na praia do Ouro. Desde então o grupo não tem parado de aumentar. Atualmente conta com a participação de 80 pessoas (dos 13 aos 72 anos) que, três vezes por semana, realizam exercícios militares ao ar livre. “Na realidade, esta actividade baseia-se num encontro de amigos e conhecidos, que partilham o gosto pelo exercício físico, com uma abordagem diferente da desenvolvida pelos ginásios. O apoio que prestamos é gratuito, até porque conhecemos a realidade das famílias”. Como a nossa profissão assim exige, treinamos regularmente, apenas com o acréscimo de “levarmos” connosco algumas dezenas de pessoas”, reforça Jorge. Também Sara Brazinha, uma apaixonada pelo Bootcamp explicou que se sente cada vez mais saudável, “antigamente tinha dificuldades em subir escadas. Somos uma família, em que nos apoiamos uns aos outros e fazemos desporto” Renato explicou que o treino do Bootcamp “não é nada mais nada menos que um treino com características de condição física dada a civis por militares.” Os treinos são na praia e com o material próprio dos dois irmãos, a atividade que fazem só pode ser administrada por militares, logo “é algo muito diferente

daquilo que se faz em ginásio”, refere Renato. Jorge sorrindo refere que: “Os treinos que temos e a abordagem que fazemos, é muito diferente do que as pessoas estão habituadas. São dados na Almoinha (freguesia do Castelo) e na praia do Ouro. Inicialmente eram apenas ao sábado de manhã. “Mas com a enorme adesão passamos a fazer duas vezes por semana”, diz Renato. Salientando que, com o aumento de participantes, “já fazemos três vezes por semana (segunda-feira, quarta e sexta-feira).Um dia convidamos um grupo de miúdos que estava na praia para virem treinar connosco, salientou Jorge. Participamos numa prova que é uma espécie de “IRON MAN” mas em ponto pequeno. Foram 14 km (efetuados em equipa) com 28 obstáculos. São os próprios alunos que nos dão conhecimetno destas provas, fazendo questão de participar. Um dos objetivos do bootcamp é incutir nos outros o espirito de participação, “tínhamos aqui pessoas que eram completamente sedentárias, tomaram gosto pela atividade e agora participam em eventos. Os atletas são distribuídos em dois grupos: o primeiro tem um nível físico elevado, o segundo são os iniciados e por isso o treino é mais leve. “Não se pode pedir a uma senhora com 60 anos o mesmo que se pede a uma pessoa com trinta. As pessoas só fazem aquilo que podem. Uma das grandes características do bootcamp é o espirito e trabalho de grupo, não há pessoas que ficam para trás. Existe um grande espirito de camaradagem. “Se tu não conseguires eu estou lá para te ajudar”. Cada pessoa gere o seu plano individual. “Uma das pessoas que está connosco tem o curso de nutricionismo e faz esse controlo. Sentimo-nos satisfeitos e realizados com o nosso trabalho, com a adesão e o espirito de iniciativa”.

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Quinta do Conde marca presença no regional

Voleibol com garra feminina

A Quinta do Conde desde setembro de 2013 que tem uma equipa de voleibol feminino, uma aposta do CBQC. E são já 24 as atletas que vestem o equipamento e defendem a sua terra com garra e orgulho em ser mulher. Como surgiu a ideia do voleibol feminino? A ideia surgiu com base na possibilidade de alargamento a outras modalidades dentro da organização da casa Benfica da Quinta do Conde. Como sabemos, na generalidade das áreas ligadas ao desporto e ao associativismo, a prioridade normalmente é o futebol ou o futsal. Aqui, procurouse apostar na diversidade da oferta a uma outra escala, procurando alargar o leque de oportunidades com uma modalidade que até então não tinha sido, de alguma forma, grande aposta. O trabalho foi-se desenvolvendo ao longo do último ano e neste momento, temos duas equipas (Juvenis e Juniores Femininos) inscritas na Associação de Voleibol de Lisboa – AVL, a disputar o Campeonato Regional de Voleibol Feminino da Grande Lisboa. Quantas jovens praticam voleibol? Este projecto começou a ser desenvolvido em Setembro de 2013. Na altura, a equipa contava com cerca de 5 ou 6 atletas com idades diferenciadas. Este ano, no início da época desportiva, chegámos às 24 atletas, contudo, por via dos estudos ou da incompatibilidade no horário dos treinos, algumas das participantes acabariam por não conseguir dar continuidade ao seu desejo de participar e acabariam por ter que abandonar. Neste momento, contamos com cerca de 20 atletas, estando cerca de 16 inscritas nas competições regionais. Que apoios têm sentido por parte da comunidade? Talvez por ser uma actividade re-

cente e não termos de facto, até ao momento, a projecção necessária, confesso que ainda não sentimos o apoio que gostaríamos de ter por parte da comunidade. Contudo, estamos a trabalhar no sentido de tentarmos obter alguns apoios que possam de alguma forma garantir a subsistência da modalidade nas mais variadas necessidades. Como está a correr este início de época? Do ponto de vista da participação e do empenho das atletas, dos técnicos e equipa directiva, poderei dizer que a época teve uma fase inicial muito positiva, contudo, é um projecto recente e que carece ainda de muito trabalho a todos os níveis. Julgo que com o avançar do tempo os resultados tenderão a aparecer, naturalmente. Como diretor desportivo como vê a prática deste desporto no feminino? Qualquer desporto, por si só, corresponderá a uma prática ou a um hábito saudável. O Voleibol é um claro exemplo disso. Como disse anteriormente, normalmente dedica-se maior atenção ao futebol (do qual também sou um fervoroso adepto e ex-praticante), que como sabemos, está conotado como um desporto com maior ligação ao género masculino, e foi no sentido de conseguirmos abrir um espaço que se pudesse direccionar a um nicho de atletas, que de alguma forma não se identificasse com as ofertas até então existentes, que surgiu a aposta neste projecto do Voleibol Feminino desenvolvido pela CBQC. Vejo que esta prática desportiva tem uma enorme margem de progressão, assim todos aqueles que de uma forma ou de outra, possam trabalhar, no sentido de criar as condições necessárias à sua progressão, desenvolvimento e manutenção.


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