O Sesimbrense - Edição 1150 - Maio 2011

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ANO LXXXV • N.º 1150 de 31 de Maio de 2011 • 1,00 € • Taxa Paga • Monte Belo • Setúbal - Portugal (Autorizado a circular em invólucro de plástico Aut. DE00212011GSCLS/SNC)

Sesimbra:

A!

CI N Ê L A F

o “segredo mais bem guardado...” Durante anos os irlandeses foram investindo euforicamente no imobiliário, incentivados por um sistema financeiro irresponsável. Uma pequena empresa, a Prunty’s, beneficiou dessa euforia, vendendo apartamentos em Sesimbra, terra apregoada como sendo o “segredo mais bem guardado guardado” para um bom investimento. Até mesmo o Financial Times conseguiu disponibilizar uma página inteira para revelar este “segredo”. Quando a Câmara de Sesimbra colocou à venda o terreno da marginal, a pequena imobiliária de Sean e Michelle Prunty - pai e filha - resolveu contruir ali um empreendimento turístico de luxo, o Sesimbra Shell. As vendas começaram quando a crise já se tinha instalado, e Sesimbra acabou por cair, ainda que indirectamente, na armadilha da especulação imobiliária irlandesa. Agora, a Prunty’s fechou as portas e abandonou a obra. Página 8

Conservas de Peixe-espada Preto

Economia local Teodoro Gomes Alho:

acordo de credores devolve a empresa à gestão familiar, mas não se prevê um futuro fácil.

No dia 31 de Maio será feito o lançamento oficial das conservas de peixe-espada preto, uma iniciativa de José Nero, descendente do conhecido industrial de conservas. O Sesimbrense já teve oportunidade de provar esta nova conserva, e pode garantir que se trata de uma iguaria especialmente deliciosa. Página 13

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Quinta dos Cactos Uma extensa plantação de cactos pode parecer algo insólito, mas a “Quinta dos Cactos” já marca a paisagem do Zambujal. Trata-se de uma iniciativa de Mário João Gonçalves e Francisco Texugo, genro e sogro, que apostaram nas potencialidades do “figo-da-índia”, com aplicações alimentícias e medicinais. A ideia surgiu em 2008 quando,

em tempos de crise, decidiram arriscar num projecto pioneiro em Portugal. A marca “Cactacea” já está registada e, no futuro, os proprietários esperam vê-la comercializada como produto 100% regional. Mário João Gonçalves espera ver os seus figos nos supermercados como imagem da nossa região, a região de Sesimbra. Página 4

Política local - Menos receitas e mais dívidas em 2010 - Reorganização dos serviços municipais

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Maio de 1981: Sesimbra vence a Taça CERS Página 16

“A Camponesa”

Bombeiros

Pescas

Desporto

Ana Maria é o rosto de “A Camponesa”, uma casa centenária que os sesimbrenses conhecem melhor pelo nome de “Joaquim do Moinho”, alcunha familiar que denuncia as origens rurais do negócio. Actualmente, funciona como padaria e pastelaria, mantendo a qualidade caseira.

Foi aprovada, em reunião de Câmara de dia 18 de Maio, a instituição do Dia Municipal do Bombeiro, em Sesimbra. Tratou-se de uma iniciativa do vereador do PS, Américo Gegaloto, que obteve a unanimidade dos votos. Ainda não está definido o dia, mas deverá recair no mês de Maio.

Com 10 mil toneladas de peixe capturado em 2010, no valor de 20 milhões de euros, Sesimbra desceu para o 4º lugar em quantidade, e 3º lugar em valor, no conjunto dos portos nacionais, segundo dados da Docapesca. A pesca artesanal representa agora quase 80% do total.

O professor Pedro Pessoa, da Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa, é o responsável técnico da natação de competição no Grupo Desportivo de Sesimbra. Em entrevista ao nosso jornal, descreve como está a nascer uma nova equipa sesimbrense.

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Editorial

Crise? Qual crise? Para título deste editorial recuperei a designação de um álbum musical de um conhecido grupo de rock, os Supertramp. A ironia da pergunta parece aplicar-se ao momento que vivemos: mergulhados numa grave crise financeira e com o País à beira da interrupção de pagamentos internacionais (situação mais vulgarmente designada como bancarrota) poucas pessoas parecem estar preocupadas em tomar medidas para sair desta situação. Em plena campanha eleitoral, discute-se tudo menos as medidas a tomar. Discutem-se futilidades, como a presença de figurantes contratados em comícios eleitorais, à mistura com acusações mútuas entre candidatos sobre quem pretende acabar com o Estado previdência, discutem-se diferenças de pormenor entre duas versões do documento que compromete o País perante os seus financiadores, mas as medidas concretas e as suas consequências, nada disso parece verdadeiramente interessar. Ora, se a própria campanha eleitoral, que é o espaço de debate e reflexão por excelência para avaliar as tarefas e as escolhas de política para os próximos , revela um autêntico autismo face aos problemas que nos cercam e nos ameaçam asfixiar, haverá esperaça de que as pessoas se juntem para encontrar soluções de consenso? Também a nível local se detecta esta aparente recusa psicológica de aceitar o inevitável agravamento das condições de vida dos portugueses. Dois mais importantes sectores da economia sesimbrense, em termos de emprego – a Construção e o Turismo – são particularmente sensíveis à crise instalada e à sua previsível evolução. Mas também a Pesca, que, em príncípio, não estaria especialmente exposta ao terramoto financeiro, apresenta evidentes sinais de deterioração, com os conhecidos casos de abate de barcos da frota local, problema confirmado

também pela descida das quantidades e valores de peixe capturado. É necessário tomar consciência da crise, estudando e caracterizando o momento presente, para elaborar uma previsão razoável das consequências das políticas depressívas com que o País se comprometeu perante os seus financiadores de emergência. Há certamente muito a fazer, da parte das entidades públicas e privadas locais, para enfrentar, combater e vencer esta crise. Convém também realçar e apoiar o exemplo dos empresários que, mesmo em tempos de dificuldades, continuam a apostar e a investir, exemplos a que o nosso jornal tem dado destaque em várias edições, tal como acontece na presente edição, com os casos da Quinta dos Cactos e das conservas de peixe-espada preto. O debate público sobre estes problemas, e nomeadamente a nível local, poderá ser essencial para o encontrar de soluções, já que as filosofias e políticas de desenvolvimento, sempre definidas a nível nacional, não se revelaram capazes de manter o País no caminho do desenvolvimento, apesar de todos os milhões de euros aplicados em milhares de investimentos com esse mesmo fim. Para além das políticas governativas, talvez seja também necessário equacionar diversas opções que os cidadãos e as famílias fizeram, em relação a domínios como a habitação, o ensino e o trabalho. São decisões que dizem a cada indivíduo e a cada família, mas que poderão beneficiar de uma reflexão colectiva, ultrapassando a solução fácil, mas ilusória, que é a de atribuir sempre a culpa a terceiros – normalmente, aos “políticos”, esquecendo que a actividade desses mesmos “políticos” tem sido consistentemente legitimada em eleições. João Augusto Aldeia

Manifestação de Pescadores Realizou-se na manhã de 10 de Maio mais uma acção de luta levada a cabo por pescadores de várias regiões do país, frente à residência do Primeiro Ministro em São Bento. Os pescadores de Sesimbra não faltaram à manifestação, tendo sido o porto de Sesimbra ponto de encontro para os pescadores que seriam transportados por um autocarro cedido pela Câmara Municipal. A Associação dos Armadores da Pesca do Centro Sul organizou a participação dos pescadores de Sesimbra nesta manifestação. Em Lisboa os manifestantes foram ouvidos por um assessor do Primeiro Ministro, a quem foi entregue um abaixo-assinado com 2 mil assinaturas. O documento reflecte as reivindicações dos pescadores quanto às novas regras de contribuição para a Segurança Social. Em declarações ao jornal O Sesimbrense Arsénio Caetano, presidente da Associação dos Armadores da Pesca do Centro Sul, referiu que “se não obtivermos resposta por parte do governo, vamos realizar outro movimento de luta”. Arsénio explicou-nos ainda que “o número reduzido de pescadores na manifestação deveu-se às favoráveis condições meteorológicas para a actividade pesqueira.”

Pescas - Abril

Esta primavera não nos trouxe a melhoria que desejávamos para as pescas. Houve uma clara diminuição nos valores totais pescados e reflexão nas vendas na lota. Cerca de 400.000 quilos não pescados e 120.000 euros menos. O arrasto e, mais acentuado, o cerco tiveram uma enorme baixa. Oxalá que este mês de Maio nos traga a melhoria que todos ansiamos. O nosso Santo Padroeiro já saiu em

procissão e em anos anteriores quando se registava a crise de pescas, solicitávamos que Ele abençoasse o nosso mar para que os nossos pescadores tivessem a compensação do seu difícil trabalho. Hoje que a crise é geral a todo o país, certamente que, o Senhor das Chagas, atenderá as nossas preces, iluminando os nossos dirigentes nacionais para o grave problema das Pescas e Agricultura. Pedro Filipe


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ONDULAÇÕES

Estas Ondulações, que vos estou apresentando, são o meu último “contacto” com os leitores de O Sesimbrense, antes da próxima chamada dos eleitores às urnas que, como foi estabelecido, terá lugar no próximo dia 5 de Junho. Não pretendo, neste meu contacto com os nossos leitores, exercer qualquer “contra-influência” nos seus propósitos, procurando que sigam caminhos distintos dos que se haviam proposto. Um acto eleitoral desta responsabilidade requer, sempre, muita ponderação na escolha. A grave situação que o país atravessa, obriga a que todos os portugueses se disponham a uma maior reflexão. Eu próprio decidi que devia passar em revista o “ambiente político” que estava criado em 1983, e compará-lo com o que veio a ser criado em 2010. Reavaliei, com orgulho, o sentido de responsabilidade evidenciado pelo primeiro-ministro Mário Soares e pelo vice-primeiro ministro Mota Pinto e a influência destes dois grandes políticos na acção desse governo socialista, a que eu pertencia, como ministro da Administração Interna. Comparei-a com a do actual governo de José Sócrates, pesando bem a influência das acções, técnica, social e política de Hernâni Lopes com as acções de Teixeira dos Santos. Pretendo, apenas, pôr à consideração dos meus leitores razões que os possam levar a uma maior ponderação. Remexi nas velhas gavetas e encontrei, várias e sólidas notas e razões. Resolvi recuar no tempo. Analisei a influência da ditadura, vivida em Portugal de 1926 a 1974, na vida política dos primeiros anos de democracia. Debrucei-me sobre as razões que nos levaram, após quase meio século de ditadura, à revolução dos cravos - levantamento popular e militar que não só nos restituiu a liberdade como empossou os governos provisórios que puseram em funcionamento os órgãos democráticos que vieram a preparar a realização de eleições democráticas e livres. Recordei o facto de terem sido empossados, sucessivamente, seis governos provisórios, de Maio de 1974 a Julho de 1976; que governaram, num total de vinte e seis meses, com uma média de pouco mais de quatro meses, por governo. Governos que nem tinham tempo para ler as pastas que recebiam dos governos anteriores. Recordei que, posteriormente, realizadas as eleições legislativas, foram empossados, sucessivamente, os primeiros governos constitucionais, todos eles sem maioria parlamentar absoluta e, cada um, com uma média de vida inferior a dez meses. Este tempo médio de governação foi, insuficiente para a normal marcha dos “negócios políticos”. Só em Junho de 1983, com a tomada de posse do nono governo constitucional, foi possível conseguir um governo de coligação partidária socialista/socialdemocrata, que veio a dispor de maioria absoluta, e que poude governar vinte e nove meses. A coligação garantiu a democracia no derradeiro momento, antes que fossem abalados os magros alicerces democráticos conseguidos. Estes resultados só puderam ser alcançados porque as direcções dos dois maiores partidos, PS e PSD, fortemente amparadas pelos seus militantes, aceitaram a formação de uma coligação, empenharam-se em conseguir uma maioria absoluta parlamentar e apresentaram um governo sólido e unido. Formado o governo, este foi célere a “solicitar” a intervenção do FMI que, para além de nos ajudar a resolver as dificuldades financeiras herdadas,

IPJ promove acções de Sustentabilidade Florestal

avalisou, perante os países europeus, a nossa entrada na sonhada Comunidade. O FMI não sabe fazer milagres mas, sem o seu apoio, as dificuldades para que a Comunidade Europeia nos aceitasse poderiam ter-se tornado intransponíveis. Eram conhecidos os problemas que tínhamos com a exagerada dimensão da nossa administração pública. Eram conhecidas as nossas dificuldades de poupança interna, familiar e pública. Era conhecida a nossa propensão para gastos muito acima das nossas possibilidades. Era conhecida a baixa produtividade dos nossos meios de produção. Enfim, o costume. Todas as dificuldades que são do conhecimento de todos os portugueses e que nos acompanham há muitas dezenas de anos, eram conhecidas. Passados mais de vinte e cinco anos, aqui estamos de novo à procura de uma nova bengala. Como é possível que o Governo, que os partidos políticos, que todas as nossas forças democráticas não se empenhem numa solução política conjunta, na linha da que PS e PSD aplicaram em Junho de 1983? A minha explicação é que em 1983, a dimensão humana, social e partidária dos políticos portugueses era muito elevada. O suporte que os militantes ofereciam a esses políticos e aos directórios dos seus partidos era considerável. A necessidade desse suporte tinha despontado no período de luta contra a ditadura e tinha sido ancorado na familiaridade e na amizade que ia “abraçando” dirigentes, militantes e simpatizantes e que acabou por se consolidar com o 25 de Abril. Há que reconhecer que, nos últimos anos, muita coisa mudou. Hoje, nem os partidos são como que eram antes. Como o afirmei nas minhas últimas Ondulações de fim de Março, tenho sentido muitas dificuldades em compreender as linhas de rumo que Sócrates traçou ao seu governo e as formas de que se têm revestido algumas das posições e decisões por si assumidas, com destaque para as económicas, financeiras e políticas. A sua política tornou inevitável a presença da “troika”. O tempo perdido antes do pedido de intervenção e a “mendigagem” junto das bancas ainda hoje me parecem inaceitáveis e erradas. Como já o afirmei, nos últimos meses, o Governo passou do erro para a cambalhota. Sócrates que durante demasiados anos não “necessitou”, nem desejou qualquer tipo de ajuda externa e, muito menos do FMI, demite-se e, de seguida, solicita a sua intervenção. Sem quaisquer explicações. Vá lá entendê-lo. O actual estado do país recomenda, em minha opinião, uma leitura diferente das várias forças da política - partidos, universidades, sindicatos, associações patronais, grupos de independentes, comunicação social. Para vencer esta crise, todos iremos fazer falta. O Primeiro - Ministro indigitado, socialista ou social - democrata, se não conseguir uma maioria absoluta, deverá abrir-se a uma coligação com os partidos do arco governamental e deverá abrir o leque de ministeriáveis a políticos independentes de outras sensibilidades, convidados a participar no Governo e na apresentação do seu Programa, alargando, assim, o número dos seus apoiantes, envolvidos numa grande frente de combate à crise instalada, de saneamento financeiro, de recuperação económica, de criação de emprego e de recuperação nacional. Eduardo Pereira

No âmbito do Ano Europeu do Voluntariado de 2011, decorrerão entre o mês de Maio e o mês de Outubro várias acções para a Sustentabilidade Florestal. As inscrições já estão abertas para jovens entre os18 e 30 anos de idade, que queiram participar como voluntários em acções de sensibilização, preservação e educação florestal e ambiental. Este projecto e todas as iniciativas decorrentes contam com o patrocínio de entidades da sociedade civil, como é o caso do IPJ, Instituto português da Juventude. A iniciativa tem como objectivo a sensibilização dos jovens quanto à responsabilidade ambiental, a sua consciencialização do ambiente como um bem essencial. Tem como objectivo

promover e incentivar a participação e organização de actividades que contribuem para o bem comum, motivar os jovens para o conhecimento do ecossistema florestal e, ainda, dar a conhecer à comunidade local a importância ambiental e económica da Floresta. Aos jovens que participem, será garantida uma Bolsa diária no montante de 10€ (até ao limite máximo de 15 bolsas), seguro de acidentes pessoais, assim como, o certificado de participação. Os projectos serão realizados na cidade de Lisboa, Setúbal e Santarém. Para mais informações os interessados em participar deverão consultar o sitio do portal da juventude www.juventude. gov.pt.

CNO tem novo horário O Centro de Novas Oportunidades de Sampaio tem novo horário, em virtude da disponibilidade de pessoal para atendimento ao público. Desta forma o CNO de Sampaio, nas instalações do Centro Cultural do Raio de Luz, está aberto ao público entre as 13:00 e as

20:00 horas. O CNO da Quinta do Conde, instalado na Junta de Freguesia, abre às Segundas e Quartas-Feiras das 9:30 às 13:00 horas e das 14:00 às 17:00horas, às Sextas-Feiras o horário é das 9:30 às 13:00 horas.

Dia Municipal do Bombeiro

Foi aprovada, em reunião de Câmara de dia 18 de Maio, a instituição do Dia Municipal do Bombeiro, em Sesimbra. Tratou-se de uma iniciativa do vereador do PS, Américo Gegaloto, que foi aprovada por unanimidade. A proposta teve como base a importância do papel relevante e essencial que os Soldados da Paz, conferem à sociedade. As comemorações anuais servirão de homenagem e reconhecimento público desta instituição e destes Homens que, diariamente, prestam os seus serviços à comunidade. O dia em que se realizará esta homenagem ainda não está definido, devendo ser acordado com a Real Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra, prevendo-se que seja escolhido um dia do mês de Maio Andreia Coutinho


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Quinta dos Cactos

“Quinta dos Cactos” ou “Cactus Farm”, assim se chama a plantação de Opuntia ficus-indica, mais conhecido por cacto figo-da-india, propriedade de Mário João Gonçalves e Francisco Texugo genro e sogro. A ideia surgiu em 2008 quando, em tempos de crise, Mário decidiu arriscar num projecto pioneiro em Portugal. A marca “Cactacea” já está registada e, no futuro, os proprietários esperam vê-la comercializada como produto 100% regional. Mário, de 46, anos foi pescador. Mais tarde, decidiu emigrar, acabando por retornar às suas origens e aventurarse na construção civil. Mas queria ir mais além: “sentia necessidade de fazer algo não só por mim como também pelo meu País e pela minha região, Sesimbra. Por outro lado a área da construção civil estagnou e eu tinha que arranjar soluções”. A marca “Cactacea” já é conhecida por algum público, através de uma divulgação que aconteceu no verão de 2010 no mercado da Lagoa, com o apoio da Câmara Municipal

de Sesimbra. Esta divulgação traduziu-se numa prova dos produtos por parte do público, no sentido de ser avaliada uma possível integração no mercado de consumo. Mário explica que ainda não detém licença para poder comercializar os seus produtos e seus derivados, por falta de verbas, “o que tínhamos investimos na aquisição de terreno, que hoje tem cerca de 1 hectare, na compra das plantas vindas de Itália, mais precisamente de Sicília”. Mário e Francisco adquiriram primeiramente uma parcela do terreno, cerca de meio hectare, depois alargaram a plantação,

resultando num aumento de quantidade de fruta significativa, “o ano passado tivemos apenas 300 quilos e este ano contamos ter já 2 toneladas de fruta, sendo que, o projecto da apanha da fruta seria de 10 toneladas ao fim de 5 anos e de 25 toneladas no 6ºou 7º ano de plantação”. Originário do México, o cacto atrai pela beleza das suas flores e pelo sabor dos seus frutos. A flor brota a partir de Maio até Agosto. Produz praticamente durante o ano todo mas o pico ocorre no final do ano, no Inverno. A planta pode medir cerca de 5 metros de

Principais utilizações: Folha / Palma

Fruta

Flor

- Xarope para tosse convulsa; Regenerador Bronquio-Pulmunar

- Diabetes Tipo II Infantil (Europa)

- Infusão para tratamento de pele

- Etanol e Biogás (Espanha)

-Infusão para diminuir valores de ácido úrico

- Grelhado com carne (América) - Guisado como feijão verde (América do Sul e países Árabes) - Picles em conserva de azeite - Creme de sopa

- Tingir roupas (Incas e Maias) - Dores de estômago - Cosméticos, perfumes (Marrocos para França)

altura, tanto as folhas como o fruto têm espinhos, “sendo o único senão desta planta, contudo não é em vão que os espinhos estão lá: este tipo de cactos, desenvolveram espinhos para se protegerem do sol e conservando a água, ou melhor, não deixa que esta evapore tão facilmente”, explica Mário. As flores brotam no topo das folhas e permanecem abertas por um curto período. Os frutos amadurecem ao fim de 3 meses após o florescimento, com um formato oval adquirindo uma cor em tons de verde, laranja ou vermelho. As condições favoráveis ao seu bom desenvolvimento são o clima ameno a quente e solos bem drenados, pois não tolera solos encharcados, férteis e ricos em matéria orgânica. Mário, encantado com as propriedades deste fruto e da sua planta, está decidido a inovar e dar a conhecer a região através dos seus produtos, “tenho esperanças de criar uma infra-estrutura para levar o meu projecto até ao mercado, não só da região, como também a nível nacional. Neste momento a marca Cactacea está registada no licor, na geleia e no chá”. Maravilhado com os contributos do cacto a nível medicinal e terapêutico, Mário ainda tem tempo de nos informar acerca de uma pesquisa efectuada por uma Universidade do Chile que comprova o alto teor nutritivo desta planta: é rica em cálcio e fósforo, representando três quartos dos minerais do corpo essenciais

para os ossos. “É igualmente rica em vitamina C e há quem diga que equivale a 10 laranjas com a quantidade de vitamina que ela nos oferece.” O estudo reflecte ainda o factor de criação de postos de emprego, especialmente quando se considera que, em geral, o cultivo de Opuntias é realizado nas periferias e em zonas habitadas por uma população com baixos rendimentos. Em termos medicinais, Mário Gonçalves referiu que “várias pessoas me procuram para aproveitarem as folhas para uma espécie de xarope para a tosse, infusão das flores secas para a diminuição do valor de ácido úrico, entre outros tantos aproveitamentos da Opuntia para fins alimentícios como medicinais e que as pessoas desconhecem, sendo esta planta 100% biológica e natural, pois não requer pesticidas ou outros químicos.” Depois de ficarmos a conhecer a “Quinta dos Cactos” resta-nos esperar pela comercialização destes produtos que, quem sabe, através de souvenirs levados pelos turistas, a marca “Cactacea” percorra terras e ultrapasse fronteiras. E como “o sonho comanda a vida, espero ver não só os meus figos numa prateleira de um supermercado, mas sim que estes produtos se tornem numa imagem da nossa região”, palavras de Mário espelhando nitidamente o seu orgulho na “Quinta dos Cactos”. Andreia Coutinho


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Dia do Pescador

No dia 31 de Maio volta a assinalar-se o Dia do Pescador, tendo como ponto alto a entrega de distinções da Câmara Municipal à comunidade piscatória local (ver caixa nesta página). O programa,

integrado na Quinzena do Peixe-espada Preto, inclui a habitual colocação de flores junto ao Monumento ao Pescador, às 17 horas, e a missa de homenagem, na Capela da Misericórdia, a partir das 18 horas. Inserida no projecto Sesimbra: Memória e Identidade, terão também lugar visitas guiadas à doca, às 10:00 horas e às 14.30 horas. Uma novidade deste ano é o lançamento das conservas em azeite de peixe-espada preto, às 17.30 horas, na loja SSB, no Largo da Marinha.

Distinções Municipais: “Luís Adrião”

(pesca do cerco)

“Parma”

(pesca longínqua)

“Monte Santiago”

(pesca do peixe-espada preto)

“Estrela Divina” (pesca costeira)

“Dulcemar” (pesca local)

“Liberdade”

(pesca com aiolas)

Pescador há mais tempo em actividade: Manuel Gomes Farinha

Biodiversidade Marinha Mar, História e Recursos dá nome ao tema escolhido para assinalar os 25 anos da Bandeira Azul da Europa. Como tal, Sesimbra assinalou a data com o II Workshop sobre Biodiversidade Marinha, que incluiu, no dia 20 de Maio, observação da pesca da traineira, dos botes e do peixe-

oradores, Flávia Silva do Margov, João Pólvora Santos da Docapesca e Miguel Neves dos Santos do IPIMAR. Pelas 21:30 horas, no Cineteatro Municipal João Mota, assistiu-se à projecção do filme documental sobre o navio inglês Hildebrand, que naufragou, em 1957, ao largo

espada preto. Na manhã de dia 21, foi feito um mergulho no River Gurara destinado a amadores e mergulhadores. Durante a tarde do mesmo dia, na Sala Polivalente da Biblioteca Municipal de Sesimbra, deu-se início ao workshop que contou, com

de Cascais “A Última Viagem do RMS Hildebrand”, de Pedro Carvalho. Realizaram-se, ainda, várias iniciativas de limpeza de praias, inseridas nos Dias Verdes do Parque Natural da Arrábida. Andreia Coutinho

Porto de Sesimbra em perda nas pescas nacionais Em 2010, a quantidade de peixe descarregado no porto de Sesimbra representou 10,1% do total nacional, segundo dados divulgados pela Docapesca. Em valor de pescado, o peso de Sesimbra foi ligeiramente superior: 10,9% do total. Estes resultados representam uma diminuição relativamente a anos anteriores, nomeadamente em relação ao ano de 2008, em que Sesimbra ficou na primeira posição em valor de peixe capturado, com 14% do total. Nesse ano de 2008, o peixe capturado em Sesimbra atingiu os 28 milhões

de euros, enquanto que o valor de 2010 – pouco mais de 20 milhões – representa uma quebra de 28,3 % relativamente aquele ano. Sesimbra passa assim para a terceira posição no conjunto de portos do País. Em toneladas de peixe capturado, Sesimbra passa para a 4ª posição, contrastando com o 2º lugar obtido em 2010. Estes valores indicam uma clara perda de importância de Sesimbra no contexto nacional, à qual não será estranho o abate de grande número de barcos da frota sesimbrense durante estes dois últimos anos, facto a que o nosso jornal se tem referido. O grande baluarte do sector das pescas em Sesimbra continua a ser a pesca artesanal, responsável por 79,4% do total do valor do peixe descarregado em lota, reforçando a sua posição, pois no ano anterior representara 69,7%. O cerco representou apenas 13,8%, enquanto no ano anterior tinha atingido os 22,1 %. O arrasto representou 6,8%. Em 2010, um pouco menos que os 7,1% de 2009.


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Demissão nos Bombeiros

Quinta do Conde

Petição para instalação de Fibra Óptica

Está a decorrer uma petição online dos residentes da Quinta do Conde ,direccionada não só aos que esperam e desesperam pela instalação da rede de fibra óptica, como também aqueles que estão descontentes com o serviço de Internet actualmente disponibilizado pela Portugal Telecom, pois sendo uma zona essencialmente de moradias, o Meo Adsl limita muito o número de televisões em casa. A rede de fibra óptica está a ser instalada actualmente em vários pontos do País. Esta permite o acesso à televisão, internet e serviços interactivos de maior qualidade e velocidade. Tal não está a acontecer na Quinta do Conde, sendo esta zona uma das freguesias da Grande Lisboa com maior crescimento nos últimos anos e que apresenta uma população muito jovem. Aqui, dizem os moradores, o acesso à rede de alta velocidade e serviços digitais e interactivos é ainda muito limitado e sujeito a falhas. Várias são as queixas dos cibernautas residentes na freguesia quanto à utilização ineficaz do serviço da Internet. Há cibernautas que não conseguem atingir a velocidade contratada, ou que, se vêem obrigados a diminuir a velocidade de acesso à Internet para conseguir a estabilidade da mesma. E há quem ainda não tenha acesso à Internet, devido à inexistência de infraestruturas. Aos interessados em subscrever, a petição encontra-se em: http://www.petitiononline.com/fibraqdc/

Portal do Cidadão Desde o dia 11 de Maio que a APSS, Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, passou a disponiblizar um pacote de serviços electrónicos no portal do Cidadão, sendo esta a primeira administração portuária a fazê-lo. A integração da APSS no Portal do Cidadão decorre da estratégia seguida por Portugal em termos de eGovernment e cumpre a Lei Orgânica do XVIII Governo Constitucional, no nº 1 do artigo 28º, a qual estabelece a disponibilização, por parte das empresas da esfera pública, de serviços acessíveis através da Internet, no Portal do cidadão ou no Portal da Empresa. A Junta de Freguesia do Castelo, durante os dias 31 de Maio e 9 de Junho, vai promover mais uma edição da Quinzena da criança. Várias são as iniciativas que preenchem este evento, algumas delas, este ano, são novidade, como a produção de uma peça pelas técnicas do Espaço Zambujal, e que irá visitar os vários estabelecimentos de ensino da freguesia, numa adaptação baseada no livro “Um Tubarão na Banheira”, de autoria de David Machado e de Paulo Galindro. Irá ser realizada, igualmente, a peça de teatro que tem como título “Capuchino Vermelho - A Nova Geração”, no dia 4 de Junho, no Espaço Zambujal, pelas 16:00 horas, peça esta produzida pela companhia de teatro Reflexo. Durante este período são várias as actividades a decorrerem sempre no Espaço Zambujal. O programa da quinzena está disponível on-line no sítio da Junta de Freguesia do Castelo em www.jf-castelo.pt

Relativamente à notícia com este mesmo título que publicámos na nossa edição de 31 de Março passado, recebemos um comunicado da Direcção dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra, desmentindo as afirmações feitas por Carlos Santos, como justificação da referida demissão. Segundo a Direcção dos BVS, “não foi apenas com o Presidente da Direcção, mas sim com todos os elementos que a compõem,” que Carlos Santos entrou em conflito, e o pedido de demissão “visa apenas evitar a sua demissão por via disciplinar” e, dessa forma, manter a possibilidade de voltar a candidatar-se a sócio, pois se for expulso na sequência do processo disciplinar “apenas poderá ser readmitido em recurso para a Assembleia-Geral, o que ele teme”. Afirma também a Direcção dos BVS que o documento de Carlos Santos que deu origem ao processo disciplinar, não foi enviado apenas a três pessoas, nem era particular, como o próprio alega, tendo sido enviado a “todos os elementos que compunham a lista B e simpatizantes”. Reagindo à afirmação de Carlos Santos de que esse documento teria sido colocado “traiçoeiramente nas mãos” da actual Direcção, esta afirma que chamar “traidor” a um sócio que não quis ser comparticipante num gesto criminalmente punível, “dá bem conta da natureza da honestidade intelectual (ou da falta dela) daqueles quem recebendo o referido e-mail, se calaram e foram coniventes com o gesto digno da maior censura, perpetrado pelo sr. Carlos Manuel Santos”.

Comissão de Acompanhamento

Arrábida a Património Mundial

Decorreu, dia 9 de Maio, reunião da Comissão de Acompanhamento da Arrábida a Património Mundial, na Casa da Baía – Centro de Promoção Turística, em Setúbal, para ouvir e debater os aspectos técnicocientíficos da candidatura da Arrábida a Património Mundial. A reunião contou com representantes de diversas instituições e entidades, e marcou mais uma etapa da candidatura à Unesco em 2012. A Comissão Executiva da candidatura esteve representada pelos presidentes dos municípios de Palmela e Sesimbra, Ana Teresa Vicente e Augusto Pólvora, respectivamente, pelo vice-presidente do Município de Setúbal, André Martins, pela secretáriageral da AMRS, Fátima Mourinho e pela Directora do Instituto da Conservação e Biodiversidade, Sofia Castel-Branco. Fátima Mourinho, secretária-geral da AMRS salientou que no passado dia 18 de Fevereiro, a candidatura deu um grande passo nacional, conseguiu “a unanimidade parlamentar em sede da Assembleia da República, com todos os partidos a votarem no apoio à mesma”. Após uma reavaliação, a candidatura passou a abranger não só o ponto de vista natural como também cultural.


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Sesimbra: “o Segredo Mais Bem Guardado” que, afinal, era a armadilha irlandesa A empresa Prunty’s, que estava a construir o edifício Sesimbra Shell na marginal poente de Sesimbra, próximo do Hotel do Mar, entrou num processo de falência,

Michelle Prunty em Maio do ano passado, quando se iniciaram as vendas do edifício Sesimbra Shell, que anunciava como “o primeiro empreendimento de apartamentos turísticos de 5 estrelas na zona da Grande lisboa”.

encontrando-se o gabinete de vendas e a empresa incontactável – uma consequência, ainda que indirecta, da crise irlandesa.

Conforme O Sesimbrense noticiou, em Maio do ano passado, a empresa irlandesa era uma pequena imobiliária, de que eram proprietários pai e filha – Sean e Michelle Prunty –, que tinham tido grande sucesso na venda de apartamentos de Sesimbra e arredores no mercado Irlandês durante o período de especulação imobiliária apoiado pelo sistema bancário da Irlanda. Ou seja: a Prunty’s não tinha qualquer experiência, nem no sector da construção, nem no sector da hotelaria, e os apartamentos luxuosos do edifício Sesimbra Shell destinavam-se essencialmente ao especulativo mercado irlandês, que

investia no imobiliário mais numa perspectiva de ganhos financeiros do que turística. Os apartamentos de Sesimbra eram vendidos de acordo com um novo conceito de investimento, com possibilidade de aluguer ao dia, modelo que Michelle Prunty considerava semelhante ao “condo hotel, muito popular em zonas como Miami e Las vegas”. Conhece-se hoje melhor o que se passou na Irlanda: a especulação financeira apoiada em financiamentos de alto risco levou ao colapso do sistema bancário daquele País, arrastando consigo o endividamento do Estado, pondo fim ao crédito fácil

O Financial Times e os preços que iriam levantar voo ... Em Outubro de 2008 o Financial Times (FT) publicou um artigo a propalar promessas magníficas para quem investisse em Sesimbra, principalmente depois da decisão da construção do novo aeroporto de Lisboa na Margem Sul. Citando uma funcionária da imobiliária OKASA, o FT escrevia que Sesimbra “tinha tido uma Câmara comunista que não permitira muito desenvolvimento, e por isso manteve muitas características. Nas ruas de calçada há ainda muitas casas cobertas

com telhas de barro vermelho, muitas ainda com as tradicionais janelas de portadas de madeira verde escura”. Por outro lado, prometia-se também que o futuro crescimento seria também restringido pela localização “no sopé da Serra da Arrábida, integrada num parque nacional”. Em síntese, afirma-se no conhecido jornal finaceiro: “Há muito pouco espaço para novas construções.” Isto foi escrito quando já se conhecia o projecto da Mata de Sesimbra, portanto

estava-se a iludir os leitores. Mas o objectivo aqui era captar o interesse dos investidores, convencendo-os de que Sesimbra era uma zona magnífica para comprar imobiliário, que não desvalorizaria no futuro com novas construções, antes pelo contrário. No mesmo artigo do FT já se cita Michelle Prunty, que na altura estava a comercializar os Terraços do Castelo e o condomínio Bay Beach Resort: “As pessoas apreciam o facto de ser um local pouco conhecido e que não foi destruído

Imobiliário, mentiras e vídeos Ainda há pouco tempo, num debate televisivo sobre a crise financeira, um professor universitário português que trabalhou estes últimos anos na Irlanda, se revelava surpreendido com a propaganda que era feita na Irlanda a Sesimbra, onde era apresentada como “The Best Kept Secret” (O Segredo Mais Bem Guardado). Que segredo seria este? Era o seguinte: valia a pena inves-

tir aqui em imobiliário, porque ainda “ninguém” se tinha apercebido do que Sesimbra valia. Porém, quando as pessoas se apercebessem, os preços das casas iriam subir muito, e por isso os irlandeses deveriam, quanto antes, colocar aqui a o seu dinheiro - segundo a eficiente estratégia publicitária. Ainda hoje circula pela Internet, e sobretudo no Facebook, um pequeno videoclip que

transmite esta mesma ideia acerca de Sesimbra. Trata-se de um vídeo promocional de uma das construtoras na zona de Palames. O objectivo era sempre o mesmo: transmitir a ideia de uma zona, onde os investimentos teriam garantido elevadas taxas de retorno, chegando algumas empresas a prometer taxas mínimas de rendimento.

Estudo de Impacto Ambiental chumba IC21 O Ministro do Ambiente decidiu aceitar as conclusões do Estudo de Impacte Ambiental, que consideravam muito negativos os impactos sobre a zona verde da Mata de Sesimbra, de qualquer dos traçados alternativos para o IC21, a via que ligaria Sesimbra ao Barreiro, com passagem junto à Quinta do Conde. Esta via passaria também a constituir uma ligação privilegiada de Sesimbra com o Novo Aeroporto de Lisboa, e seria um investimento precioso para a orientação delineada no Plano Estratégico de Turismo. O principal problema dos traçados alternativos propostos para o IC21 é que consumiam extensas áreas da zona verde da Mata de Sesimbra, em vez de aproveitarem o corredor já aberto pela estrada 378 (entre o Fogueteiro e Sesimbra). Os motivos do Governo para

ter optado por esta solução – que também seria mais dispendiosa em termos de expropriações – prende-se com a necessidade de financiar a nova via com uma Parceria Público-Privada, ou seja: seriam os privados a obter financiamento para a construção, o qual depois seria pago através do pagamento de portagens. Ora, para que a via pudesse ser portajada, teria de se manter a actual estrada 378 como via alternativa. Ou então, como referimos na nossa edição de Fevereiro, a nova via teria de ser livre portagem, que seria o mais interessante para Sesimbra. Sobre este chumbo do Estudo do Impacto Ambiental, o presidente da Câmara de Sesimbra, Augusto Pólvora, disse não o estranhar, tanto mais que a própria Câmara tinha apresentado também críticas aos traçados alternativos que

o Governo pretendia. Falando na Assembleia Municipal, Augusto Pólvora disse, no entanto, estar preocupado com o facto deste chumbo representar um atraso significativo na resolução do problema dos acessos de Sesimbra a Lisboa e ao novo aeroporto. Também se manifestou preocupado com as críticas ao traçado que criaria um novo acesso a Sesimbra, atravessando o Zambujal e entrando na vila pelo Porto de Abrigo, críticas que usaram o argumento de que essa via iria colocar ainda mais trânsito na marginal de Sesimbra. Augusto Pólvora desmentiu esta hipótese: embora entrando pelo Porto de Abrigo, o trânsito seria desviado antes da marginal. Parece assim ter-se dado dado um passo atrás na resolução dos problemas de acessibilidade a Sesimbra.

pelo excesso de construção. Elas apreciam viver entre os habitantes locais, numa atmosfera portuguesa. É uma localização de qualidade que atrai pessoas que querem investir fora do Algarve. “ Todo o artigo do FT se desenvolve em torno desta ideia: vale a pena investir aqui, porque os preços “vão levantar voo”. O trocadilho com a construção do aeroporto não podia ter tido pior concretização: nem o aeroporto levanta voo, nem os preços das casas subiram como prometido.

e irresponsável. Quando a Prunty’s iniciou as vendas do Sesimbra Shell, já a crise se tinha declarado, mas não havia maneira de voltar atrás. As obras foram-se fazendo a ritmo muito lento, até que pararam. A zona destinada a estacionamento público – uma das condições impostas pela Câmara aquando da venda do terreno – nem sequer foi iniciada, prevendo-se agora que a situação se arraste por largos meses ou anos. Sesimbra acabou, assim, por ser também vítima da armadilha irlandesa, apoiada em campanhas publicitárias com promessas que não se concretizaram.


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Fotógrafos de Sesimbra (II)

Américo Augusto Ribeiro (1906 - 1992)

Américo Ribeiro, natural de Setúbal, expôs as suas primeiras fotografias na montra do estúdio fotográfico de Alberto Sartoris, naquela cidade, em 1922. O bom acolhimento desta iniciativa impulsionou a sua carreira de registo fotográfico da cidade e região envolvente. Desenvolveu também actividade comercial, com um estúdio em Setúbal (Foto Cetóbriga: 1936-1984) e outro em Sesimbra, a Foto Améri, na rua Cândido dos Reis – estabelecimento que ainda existe,com a designação de Foto Manouche, gerido pela fotógrafa sesimbrense Rosa Marques. Como repórter fotográfico, publicou a primeira fotografia no jornal O Setubalense, em 1927, e em 1929 tornou-se correspondente fotográfico em Setúbal do jornal Diário de Notícias. Colaborou como fotógrafo em diversos outros jornais e revistas como A Bola, Correio da Manhã, Diário de Lisboa, Flama, A Indústria, Mundo Desportivo, Norte Desportivo, Notícias Ilustrado, O Século, Record, Stadium e A Ribalta. De entre todos os fotógrafos de Sesimbra, Américo Ribeiro merece o título do “repórter fotográfico de Sesimbra”, pois foi aquele que durante mais anos e de forma sistemática fotografou acontecimentos e cerimónias oficiais, enquanto outros se focaram mais em aspectos paisagísticos e culturais. O essencial do espólio de Américo Ribeiro relativo a Sesimbra, encontra-se actualmente entregue ao Arquivo Municipal.

Fotos gentilmente cedidas por Câmara Municipal de Setúbal (Divisão de Museus - Casa do Bocage) e Fotógrafo Valdemar Capítulo

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Contas Municipais de 2010 O relatório e as contas da Câmara Municipal, relativas a 2010 foram aprovadas no passado dia 29 de Abril, com votos favoráveis de todos os partidos, excepto o Bloco de Esquerda, que votou contra. As receitas arrecadadas, no montante de 40 milhões de euros, ficam cerca de 10% abaixo dos valores de 2009. Os números da execução orçamental revelam bem o agravamento da situação económica do concelho, sobretudo devido à grande quebra das receitas de taxas de loteamentos e obras. Na apresentação das contas, a Câmara destacou o “arrefecimento brutal da actividade económica”, que se manifestou em Sesimbra no “congelamento do desenvolvim-

PS

Reconhecendo embora o papel da crise internacional no agravamento da situação financeira, o Partido Socialista criticou o exagero das previsões orçamentais, do que resultou ter “ficado por entrar uma parcela das receitas superior a 1/3 da previsão – mais de 20 milhões de Euros – enquanto o Investimento realizado não atingiu os 13 milhões de euros, tendo sido pagos apenas menos de 30% do total proposto.” Quanto à dívida de curto prazo, “não só não diminuiu, como aumentou 2,2 milhões de Euros, cerca de 14%, atingindo já o valor preocupante de 18,4 milhões de Euros.”

ento de novos empreendimentos imobiliários e turísticos”, bem como na “falência de várias empresas ligadas a tais sectores de actividade, no aumento do desemprego, etc.” Não obstante esta caracterização dramática, a Câmara considera que o seu trabalho se revelou “positivo, traduzindose entre outras acções na promoção turística do Concelho (…) no reforço generalizado das infra-estruturas, na aposta na melhoria do parque escolar,

PSD

O PSD manifestou-se preocupado com o “constante aumento da dívida”, mas destacou “a redução nas horas extraordinárias de quase 100 mil euros, o que representa um esforço não só do executivo camarário para conter a despesa, mas sobretudo de muitos trabalhadores desta Câmara”. O PSD frisou igualmente ser necessário que “sejam dados sinais à comunidade de que a Autarquia está a ser afectada pela grave crise e que por tal razão não é possível continuar a manter o nível de comparticipação camarária numa série de iniciativas que eram usualmente alvo daquele apoio.”

na requalificação e valorização do património, no apoio social às famílias, etc.” Reconhecendo que as despesas com pessoal representaram já 47% das verbas pagas, a Câmara justifica o aumento de 3,5% face ao ano anterior, como “novos reposicionamentos remuneratórios e acréscimo de encargos com a saúde”. As despesas de capital realizadas atingiram o montante de 16,9 milhões de euros, dos quais apenas foram pagos 10,5 milhões: qualquer destes valores inferior aos de 2009. As dívidas de curto prazo cresceram 14%, atingindo os 18,4 milhões de euros no final de 2010.

CDU

A CDU justificou o seu voto favorável pelo facto da Câmara ter respondido às necessidades de redução da despesa “com a maximização dos recursos materiais e humanos disponíveis, atitude responsável e geradora de confiança nos agentes económicos, com investimento e com a continuidade das obras estruturantes para o Concelho.” No que respeita aos trabalhadores municipais, a CDU destaca que a Câmara teve de ”implementar as medidas de contenção salarial impostas pelo Governo, mas correspondeu às expectativas de muitos trabalhadores que se encontravam em situação precária.”

Nova estrutura de serviços municipais A Câmara Municipal viu aprovada pela Assembleia Municipal a nova estrutura de serviços municipais, criada na sequência de legislação do Governo que apontava, como filosofia para esta reorganização,��������������������������� “a diminuição das estruturas e níveis decisórios, evitando a dispersão de funções ou competências por pequenas unidades orgânicas, e o recurso a modelos flexíveis de funcionamento, em função dos objectivos, do pessoal e das tecnologias disponíveis, na simplificação, racionalização e reengenharia de procedimentos administrativos, conferindo eficiência, eficácia, qualidade e agilidade ao desempenho das suas funções e, numa lógica de racionalização dos serviços e de estabelecimento de metodologias de trabalho transversal”. A nova legislação separa os serviços em dois níveis: uma “estrutura nuclear”, e “unidades orgânicas flexíveis”. No primeiro caso, cabe à Assembleia Municipal aprovar os serviços que compõem essa estrutura nuclear, ou seja, os Departamentos Municipais: na

imagem anexa pode ver-se a nova estrutura, com mais um departamento do que a anterior (Departamento Jurídico). Quantos às “unidades orgânicas flexíveis” (Divisões, Gabinetes, Equipas de Projecto, etc.) a Assembleia Municipal apenas aprova o número máximo de unidades em cada uma destas categorias, competindo à Câmara Municipal, sob proposta do presidente, criar essas unidades e definir as respectivas atribuições e competências. Neste caso a Assembleia aprovou por maioria, com abstenção do PS, a criação de 35 unidades orgânicas flexíveis, 22 subunidades orgânicas e 3 equipas de projecto: também em maior número do que existem actualmente. Globalmente, e relativamente à situação existente, a nova estrutura significa mais 1 Departamento, mais 5 Divisões, mais 2 Gabinetes de Projecto, e menos 1 subuni-

dade orgânica. Para já, no entanto, não haverá acréscimo de despesa, segundo o Presidente da Câmara, pois as novas unidades e respectivos cargos de direcção e chefia apenas serão criados à “medida das necessidades” que a prestação de serviços à população o venha a justificar. E mesmo no caso da nova estrutura vir a ser completamente preenchida – o que, segundo Augusto Pólvora, não é a sua intenção – ela representaria um acréscimo de despesa anual de 40 mil euros, valor que considerou pouco significativo, tendo em conta , por exemplo, a criação da nova Divisão de Gestão e Fiscalização de Obras, “onde temos a legitima expectativa de conseguir controlar muito melhor obras de grande dimensão”. Augusto Pólvora admitiu ainda que a nova estrutura nem sequer venha a ser implementada, dados os compromissos assumidos por Portugal nas negociações com a troika do FMI-EU, e que se poderão traduzir, em breve, em legislação mais restritiva neste domínio.

8ª Assembleia Municipal de Jovens

Dia 21 de Maio, pelas 15:00 horas, na Escola Básica do 1.º Ciclo n.º 3 da Quinta do Conde, alunos de um grupo de escolas, passaram pela experiência de serem deputados municipais. Durante algumas horas, entre os risos dos ainda jovens, e a seriedade como se de adultos se tratassem, os “deputados municipais” apresentaram projectos, defenderam os seus pontos de vista, debateram soluções e ideias ligadas ao Turismo, sector essencial para a economia local. O trabalho de investigação e pesquisa por parte dos alunos em colaboração com os professores foram um culminar de uma verdadeira assembleia municipal com gente jovem, que deu a conhecer de perto as questões que afectam o dia-a-dia do município. “Este projecto que teve inicio em 2003 tem como objectivo sensibilizar os jovens para uma maior consciencialização, para aprenderem a respeitar as ideias do próximo e defender as suas, para a importância de terem um papel activo na sociedade, de estarem atentos aos problemas do município, da sua escola, da sua casa, …”, foi assim que a presidente da Assembleia Municipal de Sesimbra, Odete Graça, passou a palavra aos jovens que iriam ser os membros da Assembleia por um dia. Fábio Rodrigues, aluno da EB Integrada da Quinta do Conde é o Presidente de mesa da Assembleia, sendo a Ana Gaboleiro da EB do Castelo a Primeira secretária e Catarina Alves, aluna da Escola Secundária de Sampaio como Segunda secretária. Na Assembleia Municipal de Jovens, estavam representadas seis escolas do concelho, entre elas, a EB Integrada da Quinta do conde; EB 2,3/Secundária Michel Giacometti; Escola Secundária de Sampaio; EB 2,3 Navegador Rodrigues Soromenho; EB integrada da Boa Água e EB do Castelo. Cada escola elegeu 10 alunos do 3.º Ciclo do Ensino Básico, segundo critérios definidos por cada estabelecimento de ensino, e entre eles é eleito o respectivo líder do grupo escolar, bem como o elemento “público”. A sessão da Assembleia Municipal de Jovens foi dividida em dois períodos. O primeiro foi o período de Intervenção Aberta aos Cidadãos, feito por um aluno. Cada escola colocou uma questão que, a posteriori, foi respondida e esclarecida pelo Presidente da Câmara

Municipal, Augusto Pólvora. De seguida passou-se para o segundo período da Assembleia, o período da Ordem de Trabalhos, em que se procedeu a apresentação e votação das propostas das escolas pelos jovens eleitos. Todas as seis propostas foram aprovadas por unanimidade. No início da Assembleia Municipal, foi ainda inaugurada a placa alusiva ao acontecimento deste mesmo dia, que marca a 8ª Assembleia Municipal de Jovens realizada na Escola Básica do 1º Ciclo/JI n.º3 da Quinta do Conde.

Propostas aprovadas “Sesimbra 365” – Reforço e criação de novas actividades de entretenimento/lazer/cultura (actividades nocturnas, náuticas, desportivas e radicais, gastronómicas, artísticas e históricas); Aproveitamento/ Construção e Melhoramento de Infra-estruturas, Reforço da Promoção/Dinamização do Concelho. – EBI da Quinta do Conde. “Quinta do Conde – Turismo Alternativo” – Colónia de Férias Infanto-Juvenil (dos 6 aos 18 anos); Espaço Radical (Jovens/Adultos) e Centro Sénior – “Soma , Divide e Multiplica o Saber das Gentes da Nossa Terra” - EB2.3 Michel Giacometti. “Castelo – Fortaleza – Vila de Sesimbra” – proposta de diversas iniciativas nos domínios da Gastronomia e Vinhos, Turismo Náutico, Sole Mar, Turismo Cultural bem como para melhoria das infra-estruturas (incluindo a alteração da localização da ETAR do porto de Sesimbra) - Escola Secundária de Sampaio. “Sesimbra, um concelho para a Juventude” – Promoção de Festivais de Verão, criação de um Parque de Diversões Aquático, abertura de uma Escola Profissional, construção de um porto para barcos de cruzeiro e abertura de uma Pousada de Juventude – EB2,3 Navegador Rodrigues Soromenho. “Sesimbra, um pólo de Turismo Religioso” – criação de uma rota religiosa e de um programa de passeio de 3 dias, com visitas a Igrejas, com apoio de autocarro turístico com guia ou animador cultural – EBI da Boa Água. “Defesa, Divulgação e Dinamização do Turismo de Sesimbra e Arrábida” – abrangendo Agro-turismo em quintas ou herdades com produção agro-pecuária e fundação de um pólo universitário ou Instituto Politécnico - EB do Castelo.

O 4º concurso “As cores da Cidadania”, este ano dedicado aos alunos do 3.º e 4.º anos do 1.º Ciclo do Ensino Básico, no âmbito da 8.ª Edição do Projecto Assembleia Municipal de Jovens, premiou alunos nas áreas de desenho, pintura e poesia. Os trabalhos, assim como os painéis ilustrativos de projectos desenvolvidos por alunos do 2.º e 3.º Ciclo do Ensino Básico e Secundário, estiveram expostos no Auditório Conde Ferreira. A abertura da exposição deu-se no dia 7 de Maio onde os trabalhos estiveram expostos até ao final do mês de Maio. Andreia Coutinho


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Guerra Colonial: 50 Anos Joaquim Paulo Santos

Comissão: Moçambique 1966 a 1968 Companhia: Cavalaria 1601 Idade: 65 anos

Joaquim Santos fez recruta em Elvas em 1966 e no mesmo ano rumou a Moçambique em missão em nome da sua Pátria. Desembarcou em Porto Amélia e daí seguiu viagem para a província de Niassa, viagem que “durou um dia e tal de comboio”, refere Joaquim fazendo-nos imaginar como seriam desconfortáveis estas viagens... O acampamento chamava-se Meponda e situava-se ao lado do lago de Niassa, onde permaneceu durante 21 meses. Ao fim destes 21 meses o ex-combatente foi destacado para Vila Cabral durante cerca de um mês e por fim foi para a cidade Lourenço Marques, hoje cidade de Maputo A sua especialidade era de atirador e como tal “andei sempre no mato a fazer patrulhas, dormia nas piores zonas. Cheguei a estar 10 dias com rações de combate às costas, era o único alimento que comia e tinha que dar para os dias todos, aconteceu-me a chegar

ao último dia e ter uma única bolacha para alimentar-me”. Para além da alimentação que era diminuta a água também era um problema. Joaquim chegava a sonhar com água, “à noite tínhamos muita necessidade de beber água e sonhávamos com ela. Andávamos quilómetros e não se via água, quando a encontrávamos, colocávamos uma espécie de comprimidos para matar os micróbios que ela continha.”

José Esteves assentou praça no dia 31 de Maio de 1967, embarcando a dia 4 de Abril de 1968 para a Guiné, para a base aérea nº 12, situada na zona de Bissau. A José Esteves, como Polícia Aérea, competia-lhe fazer as rondas não só dentro da base como também na cidade, “guardávamos também o local onde as armas estavam armazenadas”. José conta-nos que ele e os seus companheiros, nos tempos livres, aproveitavam para fazer obras na base e tratavam da sua manutenção, “trabalhávamos um dia e descansávamos no outro dia a seguir e assim consecutivamente, e nestes dias de descanso, tratávamos do jardim e de diversas coisas dentro da base, andávamos sempre ocupados”.

doença tropical”. “Eu fui um privilegiado por estar na base aérea, pois os meus colegas portugueses que faziam serviço no mato com aquele calor quase que infernal é uma coisa inimaginável”. José refere ainda aspectos do lado negativo de qualquer guerra em que a morte e os ferimentos estão sempre ali bem perto de si e dos seus companheiros, “todos os soldados que estavam no mato e que precisassem de transporte devido a ferimentos, vinham para a base para serem levados de helicóptero, por isso, eu via-os a chegarem mortos, feridos, queimados, cegos, sem pernas, sem braços, uma coisa terrível…” José fica sem palavras para descrever o que lá viu, guarda na memória todas as suas piores e melhores recordações, mas por vezes a boca nem sempre consegue traduzir aquilo que os olhos um dia viram. Não consegue ou não quer…

Negativo Ao perguntarmos pelo aspecto mais negativo durante a sua missão na Guerra Colonial, Joaquim responde com prontidão “tive muitos”. Contudo salienta um: “quando íamos na estrada rebentaram duas minas que provocaram vários feridos e ficávamos com um tipo de apito nos ouvidos de tão forte que era o som do rebentamento das bombas”.

Positivo “As festas foram o melhor desta experiência, comemorávamos todos juntos e as amizades que criámos uns com os outros, e quando a

comissão chegava ao fim a camaradagem era ainda melhor.” Refere ainda que o tempo em que esteve na cidade de Lourenço Marques se traduziu “em tempos melhores para recuperar dos 21 meses que penámos no mato”.

José Esteves

Comissão: Guiné 1968 a 1969 Força: Força Aérea - Polícia Aérea Idade: 65 anos

Negativo “Um episódio que me marcou foi a morte de um camarada por ter contraído uma

Positivo O ex-combatente salienta a camaradagem como o mais positivo nesta sua experiência em África, em clima de guerra colonial, a servir as cores da

sua bandeira. “Conheci muitas pessoas boas e honestas. Verdadeiros amigos, que nas horas mais difíceis colmatavam as saudades da família. Ainda hoje nos encontramos nos almoços que organizamos anualmente”.

Mário Jorge

Comissão: Angola 1965 a 1967 Companhia: 1475 Idade: 66 anos

Mário Jorge, soldado com especialidade de atirador, assentou praça em Beja, em Fevereiro de 1965 passando depois por vários quartéis. Ao fim de 10 meses de tropa recebeu a notícia que iria embarcar a 5 de Outubro do mesmo ano, no barco Vera Cruz com destino a Luanda, em Angola. A notícia não foi recebida com entusiasmo, como tantos outros companheiros que foram enviados para a guerra colonial, mas no caso de Mário Jorge os motivos eram mais fortes. “Durante o período em que eu estive na tropa antes de embarcar, passei por Lisboa, na Rua Artilharia 1, onde chegavam os tropas portugueses mutilados e feridos vindos da guerra colonial…” Ora, as imagens que via dos soldados seus colegas, eram suficientes para adivinhar o pior para onde iria, para a guerra. Guerra esta “a que tinha de ir, não havia nada a fazer…” Desembarcou em Luanda

onde permaneceu durante 15 dias, “cidade linda, uma baía maravilhosa onde dei muitos mergulhos”, relembra o excombatente com uma espécie de saudades daquela cidade. Depois seguiu para Sul, para Vila General Machado, com a missão de “guardar a ponte onde o comboio fazia a travessia de Angola para a Zâmbia. Daqui o pelotão do ex-combatente seguiu para o Norte do País, mais precisamente para Sanza Pombo, a Norte de Carmona, tendo Mário prosseguido caminho até Massau, “fui patrulhar outra fronteira entre Angola e Congo-Brazzaville onde passava o rio Kwanza. Aqui fiquei até ao final da missão”.

Negativo “Uma das coisas piores eram os castigos, tínhamos que ir para os rios onde os mosquitos eram muitos e para dormir era complicado”.

Positivo Enquanto relembra algumas experiências, Mário conta-nos alguns dos episódios que mais o marcaram. “Éramos nós que dávamos comida aos angolanos que lá viviam, assim como

roupa, vi nascer um bebé de raça negra, que ao contrário do que nós pensamos eles nascem de pele clara, e claro as amizades que lá fiz para toda a vida foi das melhores coisas que trago de lá”. Andreia Coutinho


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A Camponesa Quatro gerações de história

A pastelaria e padaria “A Camponesa”, casa centenária da vila de Sesimbra conta já com 4 gerações à frente do negócio. A proprietária é Ana Maria, mais conhecida por Anita, filha do conhecido “Joaquim do Moinho”, o fundador deste espaço. “A Camponesa” comercializa algumas variedades de pão, bolos e, claro, a tradicional farinha torrada. Como surgiu o negócio do pão e da farinha na sua família? O meu avô paterno já era moleiro nos Moinhos que hoje são da Marconi, em tempos conhecidos pelos “Moinhos dos Sete Caminhos”, mais tarde comprou o “Moinho da Forca” perto do Castelo, e construiu uma casa onde o meu pai e alguns dos seus irmão nasceram. Foi então que nasceu o interesse no seu pai e seus tios em seguirem o mesmo caminho? Sim, todos os filhos dos meus avós paternos continuaram nesta área, e depois os netos, a minha geração. Em criança lembro-me de ir para o Moinho ver o trigo a ser moído enquanto a farinha caía e eu tirava um pouco para comer. E que bem me sabia… Como surgiu “A Camponesa”? Os meus avós morreram e o “Moinho da Forca” foi vendido. Entretanto meu pai teve alguns moinhos, um deles no Zambujal, “Moinho da Cabreira”, onde está hoje o meu irmão e os meus sobrinhos. Por volta de 1945, o meu pai construiu “A Camponesa” e sempre fizemos o pão com a farinha proveniente do moinho onde está o meu irmão.

Portanto, desde a farinha à confecção do pão e dos bolos, o processo é inteiramente da sua família? Sim, fazemos questão que seja assim, como no nosso negócio, até hoje sempre esteve nas nossas mãos, e por isso faz de nós a família mais tradicional na indústria de panificação e moagem de cereais, aqui em Sesimbra. O espaço sempre foi denominado por “A Camponesa”? O nome “A Camponesa” foi criado pelo meu pai por sermos do campo, apesar da pastelaria ser conhecida como “Joaquim do Moinho”, como é conhecido também o meu irmão. Como surgiu a ideia de comercializar a famosa farinha de trigo torrada? Antigamente, muitas senhoras aqui da vila vinham cá ao nosso estabelecimento para fazerem os seus bolos e doces, pois não tinham forno em suas casas, era uma espécie de “forno comunitário”. Nos dias anteriores à festa do Sr. das Chagas eram 20 a 30 senhoras que se juntavam aqui a assar carne, a fazer os seus bolos, … isto tudo acabou e um dia cheia de saudades daqueles aromas, daquele movimento, das conversas, lembrei-me de fazer farinha torrada, que já no tempo da minha avó fazia e experimentei colocar na montra. Já lá vão quase 40 anos. E deu resultado? A farinha de trigo funcionou

bastante bem e tenho que agradecer também à Câmara Municipal de Sesimbra que divulgou este doce tradicional de Sesimbra. Hoje em dia já é habitual vermos farinha torrada em vários estabelecimentos… Eu considero-me a “casamãe” da farinha torrada, mas hoje em dia muitos seguiram esta ideia, até as escolas também aderiram, pois a procura dos estudantes era muita. Assim que saíam das aulas vinham comprar um quadradinho de farinha torrada. O negócio de panificação também se ressentiu com a crise? Para ser sincera nós sentimos um decréscimo nas vendas mas não agora, sentimos sim na época em que os pescadores começaram a sair menos para o mar, quando abateram alguns barcos pois eram eles os nossos grandes clientes. Abasteciam sempre os seus barcos com bolinhos secos, com cerca de 180 pães de cada vez que iam para o mar… E tem-se verificado diferenças nas vendas ao longo dos tempos? Lembro-me, em tempos, que a fila de pessoas para comprarem os nossos produtos chegava à rua… Os tempos eram outros. Mas quando se gosta daquilo que se faz não há problema, e talvez seja esse o nosso “segredo”, nós (proprietários) e empregados, somos todos uma família,

Ingredientes: Farinha de trigo Ovos Chocolate Açúcar amarelo Raspa de limão Canela fazemos almoços, confraternizamos, estamos todos à vontade uns com os outros e, assim sendo, os clientes também se sentem bem em vir e voltar. Andreia Coutinho

Mergulho e Desfile de moda para todos Direito à Inclusão Carlos Sargedas, fotógrafo de Sesimbra, apresentou no dia 26 de Maio, no Gliese, o novo cartaz e o programa do 1º aniversário da DDI, Disable Diving International, um grupo

internacional, em anúncios publicitários que rodaram o mundo, nomeadamente no lançamento da gama de perfumes da D&G. Hoje, paraplégico, é campeão do mundo de

de mergulhadores especiais que têm em comum serem pessoas portadoras de alguma deficiência. Este projecto pioneiro tem vindo a conseguir a adesão de vários indivíduos com deficiência. As comemorações do 1º aniversário da DDI irão ter lugar em Sesimbra, no dia 10 de Junho. Para marcar este dia está previsto após o baptismo de mergulho, para portadores de deficiência, um desfile de moda adaptada, também com outros modelos mas incluíndo oito modelos em cadeiras de rodas. Fernando Fernandes, modelo brasileiro e ex-BBB que sofreu recentemente um acidente de automóvel e ficou paraplégico, é convidado. O modelo participou, ao lado de grandes nomes da moda

paracanoagem, ou canoagem adaptada, graças ao exemplo de uma atleta portuguesa, de nome Carla Ferreira que sofre de paralisia cerebral.

Andreia Coutinho

Surfar a Vida com Saúde Sob o lema “Surfar a Vida com Saúde”, decorreu no passado dia 25 de Maio o X Congresso do Grupo de Intervenção em Saúde Comunitária, com a apresentação de diversas comunicações, a cargo de alunos e professores das escolas do Concelho, abrangendo temas

como os primeiros socorros, os afectos, a sexualidade, a adolescência, a investigação criminal, a segurança na Internet, a prática desportiva, o perigo de extinção de espécies animais, etc. As sessões decorreram durante a parte da manhã no Cine-Tetaro João Mota,

, e prolongaram-se durante a tarde em actividades na praia. A fotografia que publicamos é da reportagem realizada por Márcia Santos e Ruben Ramos, do curso CEF de operador de fotografia do Agrupamento de Escolas da Quinta do Conde.


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Jerónimo de Sousa em defesa dos pescadores “Aquilo a que estamos a assistir é uma situação aberrante: os pescadores são os mais maltratados.” Como já é habitual, em tempos eleitorais, os pescadores de Sesimbra são escolhidos, mais uma vez, pelos dirigentes dos partidos políticos, para fazerem parte das suas campanhas e para o apelo ao voto. Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, não foi excepção e visitou na manhã de dia 18 de Maio o porto de abrigo de Sesimbra. Numa manhã cinzenta, Jerónimo e sua comitiva, falaram com os pescadores que, descontentes, explicaram a sua luta diária e as injustiças que têm vindo a sofrer com as novas leis e regras impos-

Sem uma outra política de pescas para Portugal, nós continuamos a assistir a este definhamento do sector

tas pelo governo,”já tenho 12 mil euros de multas para pagar, estamos a ir para um caminho que os restaurantes vão deixar de ter peixe de qualidade e o turismo acabará em Sesimbra”, queixa-se o pescador sesimbrense Valdemar Pereira. “Aquilo a que estamos a assistir é uma situação aberrante: os pescadores são os mais maltratados. Nós continuamos a lutar designadamente em relação à questão do código contributivo”, disse Jerónimo de Sousa. Afirmou ainda que o aumento da taxa de desemprego para 12,4 por cento, no primeiro trimestre deste ano, é uma “consequência quase inevitável da actual política económica. Isto vem confirmar aquilo que é a nossa preocupação e a perspectiva que tínhamos da consequência quase inevitável desta política económica: o aumento do desemprego em Portugal, muitas vezes escondido, manipulado por estatísticas”, disse. Os pescadores sesimbrenses lamentaram-se ao dirigente comunista sobre a problemática das restrições ao exercício da actividade no Parque Marinho Luiz Saldanha e à degradação das condições

Cais de Embarque na Praia do Ouro

Encontra-se praticamente concluído o cais de embarque com acesso pelo pontão localizado frente ao Hotel do Mar, um investimento municipal com comparticipação da União Europeia. O cais destina-se a utilização por parte de embarcações de recreio, repondendo a uma

necessidade evidente de um acesso seguro e prático à praia, por parte de turistas. O cais estará colocado apenas durante uma parte do ano, sendo recolhido pelo Clube Naval durante a época baixa. Será também o Clube Naval de Sesimbra a fazer a manutenção do equipamento.

de vida de muitos deles. Ao que Jerónimo de Sousa respondeu que “o regulamento

assistir a este definhamento do sector e aos principais prejudicados são os obreiros

do Parque Marinho devia ser alterado tendo em conta as especificidades de alguns sectores de pesca”, acrescentando ainda que “desde a última visita ao porto de Sesimbra ocorrida em Setembro de 2009, a situação destes pescadores, a par da situação dos restantes pescadores a nível nacional, tem vindo a deteriorar-se e não a melhorar.” Salienta que “sem uma outra política de pescas para Portugal, nós continuamos a

da pesca, os pescadores, que trabalham sem um horário de trabalho, em condições muito duras e as únicas recompensas são estas...” O novo regime do Código

Contributivo continua na ordem do dia, sendo o assunto que tomou conta da maior parte de lamentos, naquela manhã, por parte da gente da pesca. Acerca deste ponto, o politico Jerónimo de Sousa, defendeu saiu em suas defesas afirmando que “é impensável que se desconte para a lota sem nenhuma compensação, pesque-se ou não se pesque continuam a ter que dar 10 % à lota, com um pagamento em duplicado porque continuam a pagar para a Segurança Social.” Foram várias as propostas apresentadas pelo partido comunista durante a visita a Sesimbra, entre elas “a luta por uma melhoria das condições de trabalho e de segurança, a exigência para a criação de um fundo de compensação Salarial, apoio á gasolina, luta contra a dupla tributação e a exigência da valorização do preço da 1ª venda em lota.” Andreia Coutinho

Louçã em Sesimbra Francisco Louçã, líder do Bloco de Esquerda, esteve no porto de abrigo, em Sesimbra, no dia 24 de Maio, em campanha eleitoral, tendo es-

tado na Artesanalpesca. O Sesimbrense não esteve presente por desconhecimento da visita, que não nos foi comunicada.

Condecorações Municipais No passado dia 4 de Maio a Câmara Municipal fez a entrega das condecorações municipais, a individualidades e empresas que se destacaram na comunidade sesimbrense. Na mesma cerimónia foram também entregues condecorações a funcionários municipais. Conforme já tinhamos referido na nossa anterior edição, as individualidades agraciadas com medalhas de mérito foram os “irmãos Filipe”, nome por que são conhecidos José, Pedro, Hermenegildo e Alfredo Filipe (os dois últimos já falecidos), pela sua actividade na natação, mas também pela sua participação no associativismo local e actividades profissionais, sendo de realçar a sua activa participação na fundação e nos corpos sociais de diversas colectividades desportivas e de cultura e recreio. Pedro Filipe, numa intervenção emotiva, agradeceu

a distinção recebida por todos os irmãos, e referiu: “se alguma coisa fizemos por Sesimbra, foi desveladamente, porque somos dilectos amigos da nossa terra, que nos viu nascer.” Referiu também o pai, José Lourenço Filipe, “que era um adepto ferveroso da natação, e cujo exemplo nos levou a dedicarmo-nos àquele desporto.” Terminou referindo que “Não fizemos nada com o objectivo de receber quaisquer menções: fazíamos porque gostávamos da natação e queríamos o desenvolvimento da nossa terra.” As entidades agraciadas foram as firmas Ramada Crespo & Irmãos, “uma das mais antigas empresas do Concelho”, fundada em 1926, pelos irmãos João Pereira e Manuel Ramada Crespo, mantendo até aos nossos dias o profissionalismo da gerência familiar. A ArtesanalPesca, uma

organização de pesca, nos termos da União Europeia, com a forma de sociedade cooperativa, foi destacada pela importância do seu valor comercial no país e na Europa, bem como pelo seu dinamismo económico e comercial. Outra cooperativa medalhada foi a Castelo-Zimbra, pelo seu trabalho de promoção das explorações agrícolas dos seus associados. A Dagol, outra empresa com sede em Sesimbra, actuando no ramo dos acrílicos e similares, foi agraciada pela sua capacidade empresarial, mas igualmente pelo seu apoio ao movimento associativo e causas solidárias. No domínio do associativismo cultural, foi o Grupo Coral Voz do Alentejo, da Quinta do Conde, a receber a distinção, pela sua actividade cultural e associativa, em defesa da identidade cultural da comunidade de origem alentejana.

José Nero, o descendente da família sesimbrense que se destacou na produção de conservas em Sesimbra, na primeira metade do século XX, acaba de criar um novo produto destinado ao mercado gourmet: a conserva de filetes de peixe-espada preto de Sesimbra. No dia 31 de Maio – dia do Pescador – será feito o lançamento deste novo produto, na loja SSB, no largo da Marinha, em Sesimbra.

A novidade das conservas de peixe-espada preto tem condições para ser um sucesso no circuito dos produtos gourmet, por se tratar de uma novidade absoluta e, sobretudo, pela elevada qualidade e excelente sabor, que O Sesimbrense já teve oportunidade de comprovar, opinião que é partilhada por outros sesimbrenses a quem José Nero teve a amabilidade de oferecer algumas amostras.

Teodoro Gomes Alho S.A.: aprovado o plano de recuperação

O Tribunal de Comércio de Lisboa notificou a Teodoro Gomes Alho S.A. da aprovação do plano de recuperação da empresa, elaborado pela administradora de insolvência. O referido plano obtivera a aprovação dos credores numa assembleia do passado dia 11 de Abril.

Nos últimos meses a TGA efectuou diversas alterações nas suas participações accionistas e despediu um grande número de trabalhadores – cerca de 150, embora o número de despedidos residentes em Sesimbra fosse bastante mais reduzido. A partir deste momento a família Alho retoma o controlo da empresa, excepto no que respeita à alienação de património, que continuará a depender de autorização dos credores e do Tribunal. Em declarações a’O Sesimbrense, o engº Teodoro Alho mostrou-se satisfeito por este passo, mas também algo apreensivo face à situação

de paralização do mercado da construção e obras públicas: “O complicado é que o mercado está praticamente insolvente e sem trabalho não há plano que resista”. O plano aprovado pelos credores e pelo Tribunal inclui o pagamento faseado das dívidas, mas para obter recursos para esses pagamentos a empresa necessita de encomendas, e as expectativas a nível nacional não são nada optimistas. A Teodoro Gomes Alho S.A. continua a colocar alguma esperança no mercado Angolano, onde esperam concorrer em breve a obras no valor de 40 milhões de euros.


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Escola de Condução Segurança Workshop Condense encerra Alimentar e Coração sem aviso prévio Rastreabilidade a Bom Ritmo O Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT) deu início ao cancelamento do alvará de escola de condução “Condense”, localizada na Estrada Nacional 10, Rua Ribeiro Sanches, frente ao hipermercado Feira Nova,. Os alunos foram surpreendidos com o encerramento sem aviso prévio e temem agora perder todo o dinheiro já pago para tirar a carta. Segundo os alunos, a única informação facultada, foi feita através de um papel afixado na porta, indicando que a gerente se encontrava internada no hospital. O Sesimbrense chegou à fala com o IMTT, segundo este, “o director da escola informou o IMTT que as instalações estariam encerradas desde o inicio do mês de Maio e não conseguia entrar em contacto com a proprietária.” Depois do IMTT ser informado desta situação, deslocou-se ao local no dia 9 de Maio, numa acção inspectiva, que confirmou o encerramento sem motivo aparente. O Instituto da Mobilidade emitiu uma notificação, pelo que a empresa terá três meses para voltar a funcionar sob pena do respectivo alvará ser cancelado. Sabemos que alguns dos alunos apresentaram queixa na GNR da Quinta do Conde e contactaram a Associação de Defesa do Consumidor (DECO). Está igualmente disponível uma petição on-line em www. peticaopublica.com. Os alunos foram informados de que devem solicitar a transferência para outra escola de condução, contudo, em relação aos valores já pagos, o IMTT não pode intervir para a sua devolução. A Escola Condense foi a primeira escola de condução na freguesia da Quinta do Conde, fundada em Fevereiro de 1987, pelo Engenheiro Rodrigo Jordão, entretanto falecido. Até ao momento foi impossível obter mais qualquer esclarecimento da escola de condução e da gerente.

Dia 14 de Maio, pelas 15:00 horas na Sala Polivalente da Biblioteca Municipal de Sesimbra, decorreu o Workshop “Coração a Bom Ritmo”, organizado pela Câmara Municipal de Sesimbra. O workshop contou com o apoio da Fundação Portuguesa de Cardiologia, do Centro de Saúde de Sesimbra, da Associação Portuguesa dos Nutricionistas e de diversos laboratórios farmacêuticos. Estiveram presentes nesta iniciativa alguns médicos, enfermeiros, técnicos de desporto e nutricionistas que explicaram à população presente a importância de um estilo de vida saudável com refeições equilibradas, actividade física regular, manutenção do peso corporal ideal e afastamento do tabagismo. As doenças cardiovasculares afectam o coração e A Segurança Alimentar e Rastreabilidade foram temas da sessão de esclarecimento que decorreu no dia 16 de Maio, no Auditório Conde de Ferreira. A entrada era gratuita e teve como destinatários profissionais de hotelaria, restauração, bebidas e comércio. A sessão contou com a explicação e conselhos de Maria de Lourdes Gonçalves, a representar a Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE). Marcaram presença alguns dos proprietários e/ou funcionários de estabelecimentos hoteleiros da região, tais como, o restaurante Golfinho, Canhão, Farol, Zé Camarão, Acácio, entre outros. Esta iniciativa teve como objectivo alertar para a importância da higiene como forma de proteger a saúde dos consumidores e para os comportamentos a adoptar durante a manipulação de alimentos. Foram avaliados, igualmente, os riscos da cadeia alimentar e a preservação independentemente dos diferentes produtos a tratar, seja alimentos ou bebidas. Iniciativas como esta têm como principal foco a importância de uma “rede” hoteleira capaz de responder às necessidades tanto dos turistas que visitam a região como da própria comunidade. Andreia Coutinho

Entrega Entrega de de bolsas bolsas pelo pelo Rotary Rotary Club Club de de Sesimbra Sesimbra

O Rotary Club de Sesimbra, com o apoio de vários patrocinadores, atribuiu 29 bolsas de estudo, para o ensino secundário e técnico-profissional, como também para o ensino superior e politécnico. A cerimónia de entrega decorreu no dia 30 de Abril, no Auditório Municipal Conde de Ferreira. A Câmara Municipal de Sesimbra, a Junta de Freguesia de Santiago, a Junta de Freguesia do Castelo, a Junta de Freguesia da Quinta do Conde, a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, José Marques Gomes Galo S.A, Alfredo Pereira Pinhal Lda., Andaluga Lda, Gliese Bar & Bowling, SofÁrida Lda., Irene Gomes, Carolina Pereira e Rotary Club de Sesimbra, foram os patrocinadores que tornaram possível a atribuição destas bolsas. Na cerimónia estiveram presentes para além de representantes de várias juntas de freguesia, patrocinadores, bolseiros, esteve também o presidente da Câmara do Rotary Club de Sesimbra, o Presidente da Câmara Municipal, a Presidente da Assembleia Municipal, o Presidente da Fundação Rotária Portuguesa e o Team Leader do IGE - Distrito Rotário 9465. Andreia Coutinho

vasos sanguíneos e são cada vez mais comuns sendo responsáveis por cerca de 40 por cento dos óbitos em Portugal, As causas desta doença são várias, desde o sedentarismo, tabagismo, diabetes e obesidade, maus hábitos alimentares, hipercolesterolemia, Hipertensão Arterial, Stress excessivo. As vantagens da promoção da Saúde, processo que permite capacitar as pessoas a melhorar e a aumentar o controlo sobre a saúde da população, foram explanadas pelo médico Ramon Ruano e pelo enfermeiro Luís Seixo do Agrupamento de Centros de Saúde da Península de Setúbal II – Seixal e Sesimbra. A técnica de desporto Lina Marçalo, da Câmara Municipal de Sesimbra, falou da relevância da actividade física na vida de todos nós para uma melhor prevenção desta doença em específico. O médico Luís Negrão da Fundação Portuguesa de Cardiologia referiu o papel da Fundação na sociedade quanto ao apoio prestado aos doentes cardiovasculares, às famílias dos doentes, à população em geral com conselhos de prevenção, actividades e outros tipos de iniciativas dirigidas a toda a população. Tânia Correia nutricionista na Câmara Municipal de Sesimbra falou dos hábitos alimentares e dos riscos que uma alimentação desequilibrada causa na saúde de todos. Por fim, a enfermeira Catarina Teixeira, explica como avaliar a condição de saúde de cada um, estando atentos a cada sinal diário do corpo, pois pequenas medidas podem salvar uma vida. Ainda houve tempo para medições de indicadores cardiovasculares aos presentes interessados, tal como previsto no programa da iniciativa. Andreia Coutinho


O SESIMBRENSE | 31 DE MAIO DE 2011 g Natação de Competição

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Grupo Desportivo T o r n e i o T o r n e i o T o r n e i o Moita dos de Sesimbra Sopa Ases da Pedra Jovem

“Tem sido uma experiência óptima, e uma oportunidade única poder criar uma equipa de raiz,” refere o professor Pedro Pessoa, professor da Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa e professor de natação de competição no Grupo Desportivo de Sesimbra. Pedro é natural de Lisboa e em 2008 escolheu Sesimbra como o seu lar. Há cerca de três anos começou a leccionar aulas de natação no Grupo Desportivo, aquando sentiu a necessidade de dar continuidade a esta formação. Deu início ao projecto que entregara à direcção para possível aprovação. “Projecto este a médio/longo prazo para a criação de uma equipa de natação de competição”, conta-nos o professor. O projecto depois de aprovado foi colocado em prática, “passando-se de um primeiro ano como ano introdutório, o segundo ano com uma equipa de pré-competição com miúdos que fomos seleccionando, e finalmente este ano, com a equipa de competição”. Neste momento existem duas equipas, uma de cadetes e outra de infantis, com idades compreendidas entre os 8 e 11 anos. Já se iniciaram em provas de competição com outros atletas de outros clubes, nomeadamente, o Sporting, o Algés, entre muitos outros, “tendo corrido bem, temos

miúdos com muito talento, estão entusiasmados com esta nova aventura e são dedicados”, refere. Salienta que a principal dificuldade sentida é “o facto de serem todos pioneiros, não têm uma referência como em grandes clubes onde os mais novos aprendem com os mais velhos, vendo-os treinar arduamente e onde recebem o conceito de treinar de forma diferente”. Pedro Pessoa já foi treinador em Clubes de maior dimensão, como é o caso do Clube de Benfica e o Clube de Algés e quando questionado se é fácil treinar crianças para um desporto de competição, quando estão numa idade em que a brincadeira e o divertimento são uma constante, responde “ainda estamos a abordar o aspecto lúdico, os treinos são essencialmente técnicos, cerca de 70% do treino é técnico. Há muito espaço ainda para brincadeiras, jogos, pólo aquático e outras actividades de interesse para os mais novos”. Pedro explica que à medida que forem progredindo na carreira a componente lúdica vai desaparecendo e a componente orgânica de treino mais duro vai assumindo um papel mais importante. “A partir daqui o gosto por nadar tem que ser um gosto intrínseco e lutar sempre mais e mais para obter melhores resultados”, salienta o técnico. Andreia Coutinho

Fábio Rocha a representar o Clube Escola de Ténis de Sesimbra, foi vencedor do Torneio dos Ases. O Torneio realizou-se nos campos de terra batida do Barreiro, nos dias 30 de Abril e 01 de Maio. A competição integra o calendário oficial da Federação Portuguesa de Ténis e foi organizada pelo Fabril Clube de Ténis.

Em Almeirim, durante os dias 21 e 22 de Maio, o torneio de veteranos de nível “B” contou com a representação do CETS através de João Aldeia(+55), Rui Ribas(+45) e José Pina(+35). Rui Ribas alcançou as meias-finais e João Aldeia, após vencer encontro de acesso à final, foi obrigado a desistir após lesão causada por queda.

g Lutas

Torneio de Aniversário da ALADS

Realizou-se no dia 07 de Maio, no Pavilhão da Escola Secundária de Santo António no Barreiro, o Torneio de Aniversário da Associação de Lutas Amadoras do Distrito de Setúbal (ALADS). A cerimónia oficial de abertura contou com o desfile das equipas participantes. Para além dos troféus para todas as equipas presentes, foram entregues os troféus para as melhores equipas em cada escalão, tendo ficado o Clube de Lutas do Bastos em 1º lugar nos escalões jovens e a Casa do Benfica na Quinta do Conde em 1º lugar nos sectores femininos.

g Surf - Bodyboard - Skimboard

Circuito Vestal 2011 O circuito Vestal 2011 de Surf, Bodyboard e Skimboard com inicio a 28 de Maio irá preencher o verão de 2011, tendo três etapas: a primeira em maio, a segunda a 18 e 19 de Junho e a terceira e última nos dias 17 e 18 de Setembro. A entrega dos prémios será realizada no “Contraste Coffee Bar”. As datas serão alteradas se as condições meteorológicas assim o obrigarem. O Circuito Vestal 2011 marca ainda a realização do 15º circuito organizado consecutivamente pelo Surf Clube de Sesimbra, um feito único a nível nacional, tendo sido o 1º circuito no ano de 1997. Desde o ano de 2010 que esta marca participa com o Surf Clube de Sesimbra. O Circuito será disputado em 3 modalidades distintas, Surf, Bodyboard e Skimboard,

e vão ter em disputa as categorias Open, Feminino, Sub-18, Sub-16 e Sub-14. Cada etapa será realizada na praia do Concelho de Sesimbra que apresentar melho-

Realizou-se no fim de semana de 14 e 15 de Maio na Baixa da Banheira, o Torneio Moita Jovem no escalão de Sub-16. Leonardo Maricato, tenista do Clube Escola de Ténis de Sesimbra, alcançou o 2º lugar na final de que saíu vencedor o atleta Renato Santos do Aquafitness Ténis Clube, com os parciais de 6/2 e 6/3.

res condições nos dias respectivos, entre as quais se encontram por ordem de preferência a Praia de Sesimbra, a Praia da Lagoa de Albufeira, a Praia do Meco e a Praia das Bicas. Os interessados em participar só podem inscrever-se se estiverem federados e apresentarem o respectivo cartão para participar, uma vez que, O Circuito Vestal 2011 é homologado pela Federação Portuguesa de Surf. As inscrições são efectuadas na praia, no dia da prova até às 9:30 horas e têm um custo desde 20€ por categoria. O site do Surf Clube de Sesimbra, em www.scs.pt, terá ao longo do ano notícias e fotos do Circuito; tal como os vídeos que serão divulgados na Sesimbra TV em www. sesimbratv.com. Andreia Coutinho

Contratos-Programa de Desenvolvimento Desportivo No âmbito das Normas de Apoio ao Movimento Associativo, a Junta de freguesia do Castelo aprovou e assinou dois ContratosPrograma de Desenvolvimento Desportivos, para as candidaturas efectuadas ao 2º Trimestre de 2011. O contrato assinado entre a Junta de Freguesia e o Grupo Desportivo de Sesimbra, visa o apoio à realização do Torneio de Hóquei-Patins Praias de

Sesimbra, no valor de 350€. Por sua vez, o contrato com o Grupo Desportivo de Alfarim, tem como objectivo apoiar a realização do Torneio de Futebol Infantil “Páscoa 2011” e a 1ª Gala Gímnica 2011, no valor de 450€ (300€ + 150€), bem como os troféus para o Torneio de Futebol. As candidaturas para o 3º Trimestre de 2011 encontram-se abertas, até 30 de Junho.


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O SESIMBRENSE Efemérides

O sesimbrense Luís Sénica, como treinador da equipa de hóquei do Benfica, conquistou este ano a taça CERS, após uma final disputada no passado dia 8 de Maio com a equipa espanhola do Vilanova, que o Benfica derrotou por 6-4. Organizada pela Confederação Europeia de Hóquei em Patins, a Taça CERS é a segunda mais importante competição europeia, a seguir à Liga Europeia. Trata-se da segunda vez que o Benfica vence esta competição, mas o facto de ter como treinador um sesimbrense faz-nos evocar a equipa vencedora de 1891, o primeiro ano de existência deste troféu: o Grupo Desportivo de Sesimbra. Foi no dia 13 de Junho daquele ano, com uma vitória de 4-1 sobre a equipa holan-

desa do Lichstadt, que o Grupo Desportivo de Sesimbra ganhou aquela Taça. Alinharam no jogo: José Pedro (capitão), Fernando António, Garrancho, Adrião, Carlos Cunha e Carlos Pereira; suplentes Silveira e Vítor Afonso. Era presidente do GDS Júlio Pereira da Costa. A importância que Sesimbra teve nas competições de hóquei neste período gerou enorme entusiasmo na comunidade sesimbrense e atraiu para esta modalidade muitos jovens, como foi o caso de Luís Sénica, que acabaria por atingir no hóquei a brilhante carreira que este troféu assinala. O GDS continua a manter activa a modalidade de hóquei em patins.

Notícias de Maio de 1904

A Câmara Municipal de Sesimbra publicou o livro de Pedro Brito sobre a evolução geológica do Estuário do Sado e da Plataforma Continental entre Sesimbra e o Canhão de Setúbal nos últimos 50 mil anos. O estudo, com o título “Na Fronteira do Mar”, venceu o Prémio Científico Sesimbra em 2010.


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